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PSICOMOTRICIDADE E LUDOPEDAGOGIA Belo Horizonte/MG Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 INTRODUÇÃO Bem-vindo à Instituição de Ensino a Distância e a disciplina PSICOMOTRICIDADE E LUDOPEDAGOGIA. Ter conhecimento sobre a disciplina norteadora da carreira de graduação nos dias atuais é essencial para um bom currículo e visualizar boas oportunidades no mercado de trabalho, além da possibilidade de estudar sobre algo que gosta e trabalhar nisso. Com as novas portas que a tecnologia abre todos os dias, tornou-se possível estudar e ter uma faculdade sem precisar sair de casa com a educação a distância. Cada vez mais universidades estão adotando a graduação em EAD e, com isso, ampliam as possibilidades de aprendizado para quem quer estudar, mas antes não tinha meios para fazê-lo. O número de cursos EAD disponíveis cresce a cada ano no Brasil. O ensino a distância pode ser a melhor opção de graduação para quem precisa conciliar os estudos ao trabalho e não tem meios de se deslocar a um campus durante o dia. Torna possível ao aluno fazer seu próprio horário de estudos e encaixar as aulas nos períodos livres que tiver durante o dia, sem a necessidade de separar um espaço fixo e contínuo no dia para estudar, como acontece nas graduações convencionais e presenciais. Por conta das multiplataformas de acesso à web que estão disponíveis hoje, o estudo também pode ser feito em dispositivos móveis enquanto o aluno está se deslocando de um lugar para o outro. Com a possibilidade de estudar em casa, o ensino a distância também tem sido escolhido por muitos brasileiros que estão sem estudar há alguns anos e querem retomar a graduação. No EAD, o aluno tem acesso a fóruns com outros colegas de turma, professores e orientadores de prontidão para tirarem qualquer dúvida que possa surgir. Essa dinamicidade permite que alunos mais tímidos mantenham mais contato com professores e colegas, já que a interação virtual é mais fácil do que a presencial. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Um excelente estudo! SUMÁRIO 1. PSICOMOTRICIDADE 06 1.1.Introdução 06 1.2. Conceitos 07 1.3 Objetivos da Psicomotricidade 08 1.4 - Elementos Básicos da Psicomotricidade 09 2 EDUCAÇÃO PSICOMOTORA E LUDOPEDAGOGIA 11 2.1 Desenvolvimento Psicomotor e a Interação Escolar 13 2.2 Psicomotricidade e educação física 14 2.3 O papel do professor na psicomotricidade 15 2.4 O lúdico como sinalizador do desenvolvimento psicomotor 16 2.5 A relação criança x brinquedo x adulto 17 3. A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL 18 3.1 As Áreas da Psicomotricidade 24 4. ALGUMAS QUESTÕES TEÓRICAS 27 5. MOVIMENTO HUMANO EM UMA PERSPECTIVA PSICOSSOMÁTICA: estudos de Judith Kestenberg 29 5.1 Resumo 29 5.2. REFERENCIAL TEÓRICO 29 5.2.1 Ritmos de fluxo de tensão e fatores relacionados 33 5.2.2 Ritmos de Fluxo de Forma e Fatores Relacionados 36 5.2.3. Afinidades e Choques entre Padrões de Movimentos 39 5.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 44 4. PSICOMOTRICIDADE: HISTÓRIA, DESENVOLVIMENTO, CONCEITOS, DEFINIÇÕES E INTERVENÇÃO PROFISSIONAL 48 4.1. Resumo 48 4.2. Introdução ao estudo 49 4.3 Considerações sobre a metodologia 49 4.4 Psicomotricidade: histórico e desenvolvimento, conceitos e definições, intervenção profissional e outros aspectos 49 4.5 Resultados e conclusão 58 5. PSICOMOTRICIDADE COM BAKHTIN, VYGOTSKY E PAULO FREIRE: etapas do recorte na educação infantil EXCERTOS 60 5.1 Introdução 60 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 5.2. Princípios teóricos 61 5.3. As etapas do recorte 62 5.4. Fundamentação teórica 63 5.5 Considerações finais 65 ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 68 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Tópico I: Psicomotricidade AULA 1: Introdução ―Psicomotricidade é a ciência do Homem em movimento, das relações consigo e com o mundo, com o corpo, através do corpo e de sua corporeidade‖ – (Freinet). O estudo da psicomotricidade permite compreender a forma como a criança toma consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse corpo, é um dos aspectos que o trabalho psicomotor assumirá durante o período escolar será, precisamente, o de fazer com que a criança passe da etapa perspectiva à fase da representação mental de um espaço orientado tanto no espaço como no tempo. Ao estudarmos o comportamento de uma criança, percebemos como é o seu desenvolvimento. O comportamento e a conduta são termos adequados para todas as suas reações, sejam elas reflexas, voluntárias e espontâneas, ou aprendidas. Assim como o corpo cresce, o comportamento evolui. No processo de desenvolvimento a criança evolui tanto física, quanto intelectual e emocionalmente. As primeiras evidências de um desenvolvimento normal mental são as manifestações motoras. À medida que ocorre a maturação do sistema nervoso, o comportamento se diferencia e também se modifica. Inicialmente a criança apresenta uma coordenação global ampla, que são realizadas por grandes feixes de músculos. À medida que os feixes de músculos mais específicos são usados, a criança desenvolve sua coordenação fina. Para que ocorra um desenvolvimento motor adequado, é necessário um amadurecimento neural, ósseo, muscular, além de crescimento físico, juntamente com o aprendizado. O desenvolvimento motor percentual se completa ao redor de 07 anos, ocorrendo, posteriormente, um refinamento da integração perceptivo-motora com o desenvolvimento do processo intelectual propriamente dito. AULA 2: Conceitos O que é Psicomotricidade - É o controle mental sobre a expressão motora. Objetiva obter uma organização que pode atender, de forma consciente e constante, às Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 necessidades do desenvolvimento do corpo. Esse tipo de Educação é justificado quando qualquer defeito localiza o indivíduo à margem das normas mentais, fisiológicas, neurológicas ou afetivas. É a percepção de um estímulo, a interpretação da elaboração de uma resposta adequada. É uma harmonia de movimentos, um bom controle motor, uma boa adaptação temporal, espacial, boa coordenação visomotora, boa atenção e um esquema corporal bem estruturado. Psicomotricidade é a ciência da educação que educa o movimento ao mesmo tempo em que põem em jogo as funções da inteligência. Movimento é o deslocamento de qualquer objeto, mas a ação corporal em si, a mesma unidade biopsicomotora em ação. A psicomotricidade está associada à afetividade e à personalidade, porque o indivíduo utiliza o seu corpo para demonstrar o que sente, e uma pessoa com problemas motores passa a ter problemas de expressão. A reeducação psicomotora lida com a pessoa como um todo, porém, com um enfoque maior na motricidade. A reeducação psicomotora deverá ser efetuada por um psicólogo com especialização em psicomotricidade (psicomotrista), pois não será apenas uma mera aplicação de exercícios, mas será desenvolvida uma adaptação de toda a personalidade da criança. Como se estrutura? -No desenvolvimento do seu eu corporal; -Na sua localização e orientação no espaço; -Na sua orientação temporal. Como se fundamenta? Em Atividades: Motoras - São as atividades globais de todo o corpo. Sensório-motoras - É a percepção de diversas lições através da manipulação dos objetos. Percepto-motoras – É uma análise profunda das funções intelectuais, motoras, tais como a análise perceptiva,a precessão de representação mental, determinação de pontos de referência. Destaca-se: percepção visual. AULA 3: Objetivos da Psicomotricidade As atividades psicomotoras visam propiciar a ativação dos seguintes processos: Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Vivenciar estímulos sensoriais para discriminar as partes do próprio corpo e exercer um controle sobre elas; Vivenciar, através da percepção do próprio corpo em relação aos objetos, a organização espacial e temporal; Vivenciar situações que levem a aquisição dos pré-requisitos necessários para aprendizagem da leitura escrita. Para entender tais objetivos, é necessário considerar que durante a primeira infância, motricidade e psiquismo estão estreitamente ligados, da mesma forma como sabemos que o desenvolvimento motor, o afetivo e o intelectual encontram-se inseparáveis no homem. A educação psicomotora, antes utilizada somente como recurso reeducativo, atualmente é parte integrada de toda a atuação passiva do aluno, frente à atitude expositiva e controladora do professor. A psicomotricidade tem como ponto de partida o desenvolvimento psicobiológico da criança, na medida em que acompanha as leis do amadurecimento do sistema nervoso através da mielinização. A psicomotricidade não deve ser considerada como uma matéria entre outras. Isto é, não deve dispor apenas de um momento ou um ambiente específico na programação escolar. Qualquer que seja a atividade ou tema utilizado, a psicomotricidade vai estar presente. O pensamento se constrói a partir da atividade motora que permite à criança a exploração do ambiente externo, proporcionando-lhe experiências concretas indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual. A liberdade deve explorar e conhecer o espaço físico, pois o mundo é muito importante para o seu desenvolvimento afetivo. Como fazer para oferecer condições que permitiam esse desenvolvimento? Antes de tudo a criança precisa ter um conhecimento adequado de seu corpo, porque é o corpo o intermediário obrigatório entre a criança e o mundo. Esse conhecimento abrange três aspectos que são: a imagem do corpo, o conceito do corpo e a elaboração do esquema corporal. AULA 4: Elementos Básicos da Psicomotricidade A imagem do corpo é a própria experiência que a pessoa tem de seu corpo e se revela frequentemente através do desenho, da modelagem e que demonstra o nível de elaboração do esquema corporal; Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 O conceito do corpo desenvolve-se posteriormente à imagem do corpo, sendo mais o conhecimento intelectual dele e de cada função de seus órgãos. O esquema corporal, segundo Pierre Vayer, é definido como organização das sensações relativas aos dados do mundo exterior, notando-se aí dois sentidos na atividade motora cinética, dirigida para o mundo exterior. A construção do Esquema Corporal elabora-se progressivamente com o desenvolvimento e o amadurecimento do Sistema Nervoso e é, ao mesmo tempo, paralela à evolução sensório-motora. A educação do Esquema Corporal é, então, o ponto-chave de toda prática educativa. Dos 02 aos 05 anos, toda educação é uma E.P.M. baseada na estrutura do Esquema Corporal. Dos 05 aos 07 anos a psicomotricidade passa a ser a base sobre a qual se constroem as primeiras relações lógicas e a decorrente aprendizagem escolar. Toda aprendizagem deve ser feitas através de experiências concretas e vivenciadas com o corpo inteiro. Voltando ao primeiro objetivo, temos que trabalhar os seguintes aspectos: Percepção e controle: da Independência dos corpos; dos membros em relação ao tronco e entre do equilíbrio; de si; da lateralidade; do controle muscular; do controle de respiração. a) Percepção e controle do corpo A criança adquire primeiro a sensação, depois o uso, e finalmente, o controle de seu corpo. Ponto de partida o conhecimento do corpo, partes do corpo, através de estímulos sensoriais – superfície, temperatura, unidade, peso etc. – referenciará as partes do corpo e suas sensibilidades. Numa segunda etapa fará uso e controlará as partes independentemente uma das outras. Como? – Brincando com água, tinta, areia, barro, blocos, sucata; usando determinadas partes do corpo em jogos ou em movimentos propostos; dramatizando. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 b) O equilíbrio É condição indispensável para qualquer ação diferenciada. As ações serão tanto coordenadas quanto mais à criança conseguir em posição ereta, sem precisar esforçar-se ou ficar tensa. A sensibilidade da planta do pé é muito importante para desenvolver qualquer equilíbrio, por isso é essencial que as crianças se movimentem e brinquem, tanto na areia como na sala de aula, de pé no chão. O contato do corpo com o chão deve estender-se a todo o corpo, rolando, deitando, sentando, rastejando, ajoelhando. Em movimentos de repouso a criança deverá, sempre que possível, relaxar seu corpo em direto contato com o chão que oferece sensação de segurança. Como? – Andar sobre linhas de várias maneiras, sobre beiradas de canteiros, bancos de diferentes alturas, trilhos de madeira, tijolos. Imitar animais e posições estáticas. Lançar e receber a bola. c) Lateralidade O homem, por natureza, tem um lado do corpo dominante. Quer dizer que usa melhores olhos, ouvidos, pé e mão de um determinado lado. Normalmente, a lateralidade se define entre os 05 e os 07 anos. As crianças que, a partir dessa idade apresentam uma lateralidade não definida ou cruzada, facilmente encontrarão dificuldades na aprendizagem escolar. Como? – Atividade que exijam o uso de todo corpo com objetos grandes (pneus, bolas, caixas, blocos) e pequenos, desenvolvendo a coordenação funcional da mão e dos dedos (contas, sementes, pinos, clips, tampinhas, pregadores, cartas). Atividades em que ordena a mão a ser usada (com bolas, saquinhos de areia/feijão). d) Independência dos membros em relação ao tronco e entre si Para a criança é mais fácil fazer movimentos simétricos e simultâneos, pois só numa segunda etapa é que ela virá a movimentar os membros separadamente um do outro. Como? – Macaco mandou – de início pedindo movimentos simétricos, aumentando a dificuldade, na medida em que as crianças puderem realizar naturalmente, movimentos assimétricos e não simultâneos. e) Controle muscular É muito difícil para uma criança interromper um movimento, mas esse controle da inibição é indispensável para que ela venha a adquirir, mais tarde, não só uma caligrafia, mas também a concentração necessária para a aprendizagem escolar. Como? – Inibição dos movimentos globais que envolvem todo o corpo como o andar, o correr - Batatinha Frita. Recreação com o uso de música. Trabalhar os movimentos segmentários – jogos cantados ―O meu chapéu tem 03 pontas, A galinha e o seu Kara Kara, jogo de estátua. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 f) Controle da respiração O controle respiratório contribui na formação de hábitos de se concentrar, relaxar, se acalmar. Como? – Bolhas de sabão, bolas de encher, pintura com canudo de soprar, corridas de soprar. Dramatização de aspirar e soprar. Relaxamento sentido o próprio corpo ou do companheiro. Tópico II: Educação Psicomotora E Ludopedagogia Desenvolvimento Psicomotor A psicomotricidade caracteriza-se por uma intervenção educativa que se centra no movimento e auxilia a atingir outras aquisições mais elaboradas, como as intelectuais. O desenvolvimento psicomotor da criança, e as dificuldades de aprendizagem estão intimamente ligados. Há uma série de questões sobre as causas da dificuldadena aprendizagem de alguns alunos, sendo que muitas vezes, essas decorrem de dificuldades seriam decorrentes de problemas relacionados com o trabalho do professor em sala de aula? Como melhorar a qualidade do trabalho docente? Como eles são preparados pra isso? Le Boulch, enfatiza a necessidade da educação psicomotora baseada no movimento, pois acredita ser preventiva, assegurando que muitos dos problemas de alunos, detectados posteriormente e tratados pela reeducação, não ocorreriam se a escola prestasse mais atenção à educação psicomotora, juntamente com a leitura, a escrita e a aritmética. O autor considera a psicomotricidade um importante elemento educativo, como um instrumento indispensável para aguçar a percepção, desenvolver formas de estimular a atenção e estimular processos mentais. A educação psicomotora deve ser uma formação de base indispensável para toda criança, pois oferece uma melhor capacitação ao aluno para uma maior assimilação das aprendizagens escolares. Um bom desenvolvimento psicomotor proporciona ao aluno algumas capacidades básicas para um bom desempenho escolar. Funcionamento do Desenvolvimento Psicomotor: Para que possamos compreender melhor a importância da psicomotricidade no desempenho escolar das crianças, é preciso entender como esse processo acontece. ☻Sistema Nervoso Oliveira afirma que o movimento e a integração do homem às condições do meio ambiente, dependem do sistema nervoso. Esse sistema coordena e controla todas as atividades do organismo, integra sensações e ideias, interpreta os estímulos vindos da superfície do corpo, e de todas as funções é selecionar e procurar informações, Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 canalizando-as para as regiões motoras correspondentes do cérebro, para que depois sejam emitidas respostas adequadas, de acordo com cada indivíduo. As células que compõe o sistema nervoso são os neurônios, que possuem a função de condutibilidade e excitabilidade. A maturação nervosa é um dos fatores relevantes no desenvolvimento mental, sendo importante considerar fatores como interação do indivíduo com o meio. A psicomotricidade pode auxiliar o aluno a alcançar um desenvolvimento integral, que o preparará para uma aprendizagem mais satisfatória. Algumas habilidades são muito importantes no desenvolvimento psicomotor da criança. Essas habilidades permitem, por exemplo, que uma pessoa manipule objetos da cultura em que vive. Para que essa pessoa se movimente no espaço com desenvoltura, equilíbrio e coordenação é preciso ter o domínio do gesto e do instrumento. A coordenação e o equilíbrio são elementos de base para qualquer movimento. AULA 1: Desenvolvimento Psicomotor e a Interação Escolar Os argumentos geralmente invocados para justificar a educação psicomotora na escola primária colocam em evidência a superação de dificuldades escolares. Na tentativa de uma verdadeira preparação para a vida é que entra o papel da escola, e os métodos pedagógicos renovados tendem a ajudar as crianças a se desenvolverem da melhor maneira possível. O desenvolvimento psicomotor auxilia a criança para a vida, desde a fase escolar até a fase profissional. Como por exemplo, para as crianças com difusões da memória, o cavalgar auxilia porque exige planejar e criar estratégias, que são progressivamente, memorizadas. Isto não é fácil de ser executado e é necessário vincular pela repetição, memória, e pela cuidadosa explanação para completar tarefas cotidianas. Crianças com dificuldades viso-espaciais podem aprender com adornos e objetos dispostos no picadeiro, sobre outras relações e entre eles e o espaço. Cavalgar auxilia na aquisição e desenvolvimento de cognições de ordem superior, que se referem a sofisticadas habilidades: formação de conceitos, solução de problemas, pensamento crítico e= criatividade. Enquanto anda a cavalo, a criança necessita desenvolver Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 habilidades e atitudes conceituais diversas. Ajuda a manter um comportamento social adequado, enquanto em atividade de grupos na equitação. É com programa educacional, de ensino e de aprendizagem centrados na criança integrados com os princípios e fundamentos da psicomotricidade, podem ser tratadas crianças com dificuldades de aprendizagem por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, devendo estar sempre em parceria e coordenação com a família e com os outros professores da escola em que a criança estiver estudando. AULA 2: Psicomotricidade e educação física A finalidade da educação psicomotora não é a aquisição de habilidades gestuais. Entretanto, o trabalho psicomotor, resulta numa melhor aptidão para a aprendizagem, dentro do respeito ao desenvolvimento da criança. Sendo que, a Educação Física deve ser considerada uma disciplina educativa como outra qualquer, que se preocupa e procura ao mesmo tempo o desabrochar das aptidões da criança e a aquisição das capacidades extraídas do comportamento humano, utilizando uma pedagogia de desenvolvimento associada a uma pedagogia de formação, onde uma se preocupa com aquilo que a criança traz em si, e a outra em lhe proporcionar mais controle e conhecimento sobre si próprio e sobre o mundo. É necessário que se faça à utilização da Educação Física como instrumento para a prática do movimento. Desenvolvendo com a criança atividades como: jogos de expressão livre, exercícios rítmicos, exercícios perceptivos, coordenação global, sessões de jogos etc., chegando assim ao controle do próprio corpo, com movimentos controlados, coordenados, que influenciam no desenvolvimento satisfatório da leitura, e de todas as atividades escolares que são necessárias para a formação da criança. O professor deve dedicar uma atenção especial ao desenvolvimento psicomotor da criança da Educação Infantil, em suscitar todas as formas de expressão, em favorecer, no decorrer dos jogos, as experiências relacionadas à relação das crianças entre si para atraí-las progressivamente à cooperação. Assegurando o desenvolvimento harmonioso dos componentes corporais, afetivos, intelectuais da personalidade da criança. O trabalho com Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental é importante, pois possibilita aos alunos terem, desde cedo à oportunidade de desenvolver habilidades corporais e participar de atividades culturais, como jogos, Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 esportes, lutas, ginásticas e danças, com finalidade de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções. É preciso que o aluno se aproprie do processo de construção de conhecimentos relativos ao corpo e ao movimento e construa uma possibilidade autônoma de utilização de seu potencial gestual. O trabalho com as habilidades motoras e capacidade física devem estar contextualizado em situações significantes com o recurso para o professor poder olhar, analisar e criar intervenções que auxiliem de modo integral. Sabe-se que o desinteresse pela matéria escolar pode ser de origem efetiva e corresponder assim a problemas de organização da personalidade. Por outro lado o desinteresse pode estar ligado aos problemas de organização da imagem do corpo, daí a necessidade de um trabalho de psicomotricidade. A Educação Física é indispensável tanto no processo de alfabetização estruturando a criança como um ser total, quanto na complementação da educação geral, onde as atividades psicomotoras, recreativas e esportivo-educacionais têm papel relevante na formação integral d educando. A educação psicomotora ou psicomotricidade vem oferecer ao desenvolvimento de nossas crianças uma bagagem infinita de situações de atividades naturais, possibilitandoum melhor ajustamento aos ambientes e às situações novas; aperfeiçoando os mecanismos da leitura, escrita, cálculos, abstrações etc., bem como favorecendo o desenvolvimento da sua autoestima, autoconfiança e capacidade de sua socialização, evitando o surgimento de vários distúrbios de aprendizagem e contribuindo de maneira significativa na diminuição dos índices de repetência nas escolas. Criar condições para a criança: Sentir-se aceita; Expressar seus sentimentos, pensamentos e emoções; Ser curiosa, criativa e responsável; Ampliar seu vocabulário; Desenvolver e aprimorar os aspectos motores, cognitivos e afetivo-sociais; Desenvolver atividades que permitem a sua convivência com situações sociais Dentro da realidade cultural; Desenvolver hábitos saudáveis e higiênicos. AULA 3: papel do professor na psicomotricidade Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Deve-se ressaltar, no trabalho da psicomotricidade, o papel do professor, será de maior relevância se este, ao invés de ensinar, de transmitir conhecimentos já estabelecidos, assumir o papel de facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender, dando à criança tempo para as suas próprias descobertas, oferecendo situações e estímulos cada vez mais variados, proporcionando experiências concretas e plenamente vividas com o corpo inteiro; nunca transmitidas apenas verbalmente, para que ela própria possa construir seu desenvolvimento global. O professor não deverá esquecer que o material de seu trabalho é o seu aluno. Portanto, não deverão preocupar-se apenas em preparar o ambiente escolar com cartazes, painéis, faixas. Mas em preparar a si mesmo. É necessário que ele conheça seus alunos, torne-se seu amigo. Para que haja intercâmbio entre professor X aluno X aprendizagem, o trabalho da psicomotricidade é da mais valiosa função, tanto no maternal como na pré-escola e alfabetização, por haver um estreito paralelismo entre o desenvolvimento das funções psíquicas que são as principais responsáveis pelo bom comportamento social e acadêmico do homem. AULA 4: O lúdico como sinalizador do desenvolvimento psicomotor ―Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado, aquilo que permitimos que descubra por si mesma, permanecerá com ela‖ (Jean Piaget). O brinquedo é oportunidade de desenvolvimento. Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e atenção. Brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança. Irá contribuir, no futuro, para a eficiência e o equilíbrio do adulto. Brincar é um momento de auto expressão e auto realização. As atividades livres com blocos e peças de encaixe, as dramatizações, a música e as construções desenvolvem a criatividade, pois exige que a fantasia entra em jogo. Já o brinquedo organizado, que tem uma proposta e requer desempenho, como os jogos Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 (quebra-cabeça, dominó e outros) constituem um desafio que promove a motivação e facilita escolhas e decisões à criança. O brinquedo traduz o real para a realidade infantil. Suaviza o impacto provocado pelo tamanho e pela força dos adultos, diminuindo o sentimento de impotência da criança. Brincando, sua inteligência e sua sensibilidade estão sendo desenvolvidas. A qualidade de oportunidades que estão sendo oferecidas à criança através de brincadeiras e brinquedos garante que suas potencialidades e sua afetividade se harmonizem. A ludicidade, tão importante para a saúde mental do ser humano é um espaço que merece atenção dos pais e educadores, pois ―é o espaço para expressão mais genuína do ser‖, é o espaço e o direito de toda criança para o exercício da relação afetiva com o mundo, com as pessoas e com os objetos. Um bichinho de pelúcia pode ser um bom companheiro. Uma bola é um convite ao exercício motor, um quebra-cabeça desafia a inteligência e um colar faz a menina sentir-se bonita e importante como a mamãe. Enfim, todos são como amigos, servindo de intermediários para que a criança consiga integrar-se melhor. As situações problemas contidas na manipulação dos jogos e brincadeiras fazem a criança crescer através da procura de soluções e de alternativas. O desempenho psicomotor da criança enquanto brinca alcança níveis que só mesmo a motivação intrínseca consegue. Ao mesmo tempo favorece a concentração, a atenção, o engajamento e a imaginação. Como consequência a criança fica mais calma, relaxada e aprende a pensar, estimulando sua inteligência. Para que o brinquedo seja significativo para a criança é preciso que tenha pontos de contato com a sua realidade. Através da observação do desempenho das crianças com seus ―brinquedos podemos avaliar o nível de seu desenvolvimento motor e cognitivo. No lúdico, manifestam-se suas potencialidades e ao observá-las poderemos enriquecer sua aprendizagem, fornecendo através dos brinquedos os nutrientes só seu desenvolvimento. AULA 5: A relação criança x brinquedo x adulto A criança trata os brinquedos conforme os receberam. Ela sente quando está recebendo por razões subjetivas do adulto, que muitas vezes, compra o brinquedo que gostaria de ter tido, ou que lhe do status, ou ainda para comprar afeto e outras vezes para servir como recurso para livrar-se da criança por um bom espaço de tempo. É indispensável que a criança sinta-se atraída pelo brinquedo e cabe-nos mostrar a ela as Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 possibilidades de exploração que ele oferece, permitindo tempo para observar e motivar-se. A criança deve explorar livremente o brinquedo, mesmo que a exploração não seja a que esperávamos. Não nos cabe interromper o pensamento da criança ou atrapalhar a simbolização que está fazendo. Devemos nos limitar a sugerir, a estimular, a explicar, sem impor nossa forma de agir, para que a criança aprenda descobrindo e motivá-la a falar, pensar e inventar. Brincando, a criança desenvolve seu senso de companheirismo. Jogando com amigos, aprende a conviver, ganhando ou perdendo, procurando aprender regras e conseguir uma participação satisfatória. No jogo, ela aprende a aceitar regras, esperar sua vez, aceitar o resultado, lidar com frustrações e elevar o nível de motivação. Nas dramatizações, a criança vive personagens diferentes ampliando sua compreensão sobre os diferentes papéis e relacionamentos humanos. As relações cognitivas e afetivas da interação lúdica propiciam amadurecimento emocional e vão pouco a pouco construindo a sociabilidade infantil. O momento em que a criança está absorvida pelo brinquedo é um momento mágico e precioso, em que está sendo exercitada a capacidade de observar e manter a atenção concentrada e que irá inferir na sua eficiência e produtividade quando adulto. Tópico III: A Importância Da Psicomotricidade Na Educação Infantil Brincar junto reforça os laços afetivos. É uma manifestação do nosso amor à criança. Todas as crianças gostam de brincar com os pais, com a professora. Com os avós ou com os irmãos. A participação do adulto na brincadeira da criança eleva o nível de interesse, enriquece e contribui para o esclarecimento de dúvidas durante o jogo. Ao mesmo tempo, a criança sente-se prestigiada e desconfiada, descobrindo e vivendo experiências que tornam o brinquedo recurso mais estimulante e mais rico em aprendizado. Guardar os brinquedos com cuidado pode ser desenvolvido através da participação da criança na arrumaçãofeita pelo adulto. O hábito constante e natural dos pais e da professora ao guardar com zelo o que utilizou, faz com que a criança adquira Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 automaticamente o mesmo hábito, ocorrendo inclusive satisfação tanto no guardar como no brincar. Tentar definir o ser humano é frustrante, já que a complexidade humana, com seu constante apelo à transcendência, a sua incessante busca de sentido, forma um todo indizível. No entanto, se a pretensão é pesquisar a motricidade humana, é preciso ter presente uma noção de homem que favoreça a eclosão do conhecimento que se pretende analisar. Ora se o ser humano é um ser aberto à transcendência e, como tal, um ser práxico e essa sua praxidade é simultaneamente motricidade – motricidade humana é o tropismo imparável à transcendência, que tanto pode revelar-se no movimento como, por exemplo, na meditação transcendental. A psicologia busca compreender e solucionar o desenvolvimento da criança na medida em que a criança cresce e amadurece fisicamente, pois sua inteligência também se desenvolve e muda seu comportamento social e emocional, influenciando sua inteligência. O desenvolvimento inicial da criança depende da maneira pela qual o corpo da criança foi investido com qualidade e quantidade, com a intencionalidade que constitui a base do domínio afetivo. Ora a psicologia indica o estudo do comportamento do organismo e a motricidade corresponde a toda resposta motora composta de elementos, tais como perceber um estímulo, processar a informação que tal estímulo proporciona elaborar um padrão motor, estruturar uma ordem motora que será conduzida pelos nervos periféricos e que enervará músculos, articulações e ossos que configuram o aparelho locomotor. Sobre esse prisma, psicomotricidade corresponde à ciência ou área de estudo dos ritmos e movimentos do corpo humano. Nesse sentido, o objetivo central da educação pelo movimento é contribuir com o desenvolvimento psicomotor da criança, de quem depende a evolução de sua personalidade e o sucesso escolar, além de fazer do corpo um instrumento perfeito de adaptação do indivíduo ao meio físico e social. Considerar o movimento de um ponto de vista funcional é considerá-lo não como um processo tendo sua razão de ser nele mesmo, mas ao contrário, como tendo um significado em relação à conduta do ser na sua totalidade. O movimento nessa perspectiva é o fio condutor do desenvolvimento em torno do qual se cria unidade da pessoa corporal e mental. Não é, portanto, um elemento facultativo que se acrescenta à educação intelectual. O organismo, sistema autônomo, só pode ser desenvolvido de maneira equilibrada por meio de uma interação ativa com Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 o seu meio ambiente; a autonomia do pensamento passa pela autonomia motora e, separado de suas raízes corporais, o pensamento corre risco de ser tonalizado. A educação infantil tem por princípio básico o desenvolvimento de ações que venham suprir as necessidades das crianças e busca estabelecer uma atuação educacional qualitativa, que respeita o tempo da infância e promove a construção de novas práticas e concepções, através de propostas pedagógicas fundamentais, que promovam o seu desenvolvimento integral (físico, cognitivo, social e emocional). A psicomotricidade na educação infantil tem por objetivo a educação pelo movimento e contribui para a evolução da personalidade da criança como o seu sucesso escolar, pois a imagem do corpo não é uma função, mas um conceito útil no plano teórico, na medida em que serve de guia para compreender melhor o desenvolvimento psicomotor através de diversas etapas. Na primeira infância, a realidade interior e a exterior são confundidas e estabelecem o equilíbrio entre duas forças: o ímpeto pulsional (tradução das necessidades do indivíduo) e a pressão do mundo exterior, das quais dependerá a satisfação ou a frustração. É mais importante nessa fase à experiência subjetiva e a maneira pela qual o corpo é unido. A primeira infância é uma fase de grandes significas mudanças na vida do ser humano. O indivíduo deve alcançar razoável nível de ajustamento para que seu desenvolvimento ocorra satisfatoriamente. As principais tarefas evolutivas dessa idade são: aprender a andar, aprender a tomar alimentos sólidos, aprender a falar, aprender a controlar o processo de eliminação de produtos excretórios, aprender a diferença básica entre os sexos, alcançar certa estabilidade fisiológica, formar conceitos da realidade física e social, aprender a relacionar-se emocionalmente com pessoas próximas, aprender a distinguir entre o certo e o errado, formando assim a base de uma consciência moral. Durante a primeira infância o ser humano experimenta extraordinário desenvolvido motor, sendo de natureza sequencial. A idade em que uma criança desenvolve certa habilidade motora pode variar ligeiramente, em função das inevitáveis diferenças individuais, mas a ordem do desenvolvimento motor é constante para todos os indivíduos. Há duas habilidades motoras fundamentais que devem ser desenvolvidas durante a primeira infância. A primeira é a postura ereta e a locomoção. A segunda é a capacidade de preensão e manipulação de objetos. Em todo esse complexo processo do desenvolvimento sensório-motor o córtex cerebral desempenha papel grande Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 relevância. Em função do córtex, no processo de evolução sensório-motora, observam- se os padrões típicos de desenvolvimento céfalocaudal e próximo-distal. Percepção corresponde a um processo cognitivo através do qual os vários sentidos se tornam conscientes dos estímulos internos e externos a que são expostos, e pelo qual se transmite esses estímulos ao sistema nervoso central, onde eles recebem a devida interpretação. O desenvolvimento dos aspectos motores dos mecanismos da percepção constitui a base dos processos cognitivos. Sem o adequado desenvolvimento motor, o processo perceptivo e conceitual da criança pode ser prejudicado. Sendo assim, o desenvolvimento satisfatório de habilidades motoras e perceptivas depende do desenvolvimento simétrico do mecanismo de postura e de equilíbrio do indivíduo. Através do desenvolvimento dos órgãos sensoriais o indivíduo começa a perceber e a sentir o mundo que o cerca. Começa a conhecer as coisas e a si mesmo. O desenvolvimento do indivíduo, quer do ponto de vista físico, quer do ponto de vista cognitivo e emocional, ocorre dentro de um contexto psicossocial que lhe dá significação. O processo de socialização do indivíduo começa muito cedo na vida e é através desse processo que ele adquire as características que distinguem o ser humano de outros animais. Esse processo é extremamente complexo e é através dele que se desenvolvem os padrões típicos de comportamento do indivíduo que constituem aquilo a que se chama sua personalidade. Na primeira infância o ser humano adquire, através da aprendizagem social, os elementos básicos da linguagem articulada. Entre 9 e 10 meses de idade a criança começa a repetir os sons que ouve dos seres humanos que a cercam. Ordinariamente estes sons emitidos pela criança são repetidos por alguém com quem se relaciona. Essa repetição da parte das pessoas que constituem o mundo significativo da criança. É interessante ressaltar que a criança compreende a linguagem de outras pessoas mesmo antes de ser capaz de usar sua própria linguagem. A palavra emoção, no contexto da psicologia, significa algo de natureza afetiva e envolve um elemento consciente de sentimento. A emoção está relacionada com a motivação, como elemento energizante do comportamento; elatambém se sujeita à aprendizagem do seu processo evolutivo. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 No desenvolvimento emocional do ser humano a figura materna desempenha importante papel, bem como o contato físico, a excitação e a família. O senso moral de cada indivíduo não é algo geneticamente determinado, e sim, relativo ao meio que o produziu. A princípio o comportamento moral da criança é de caráter imitativo e mais ou menos guiado pelos impulsos. Nessa fase da vida, a criança age em função de suas necessidades e é basicamente orientada pelo princípio de prazer. O desenvolvimento da personalidade de um indivíduo não é um processo que se possa observar do mesmo modo como se observa seu desenvolvimento físico, cognitivo ou até mesmo seu desenvolvimento emocional. Mas, de alguma forma, todos esses aspectos do seu desenvolvimento constituem a base desse conceito maior que chamamos personalidade. O desenvolvimento da personalidade, portanto, é um processo de socialização através do qual interagem os fatores biológicos e os fatores culturais. Enfim, a primeira infância é a fase da vida em que as estruturas básicas da personalidade são lançadas. É possível dar expressão diferente e modificar elementos dessa estrutura básica, mas não há dúvida de que aqui se encontram os alicerces sobre os quais esse edifício é construído. A idade pré-escolar é considerada a fase áurea da vida, em termos da psicologia evolutiva, e por isso mesmo, tem sido objeto de extensas formulações teóricas. Segundo a teoria de Piaget, a fase pré-escolar corresponde ao período préoperacional do desenvolvimento cognitivo. As operações mentais da criança nessa idade se limitam aos significados imediatos do mundo infantil. A primeira fase desse estágio é caracterizada pelo pensamento egocêntrico. Na segunda fase a criança começa a ampliar o seu mundo cognitivo, o que constitui o chamado pensamento intuitivo. Na fase pré-escolar o mundo é representado para a criança de modo icônico, ou seja, de modo viso perceptivo. Do ponto de vista é o processo de descentralização que possibilita à criança a percepção de mais de um aspecto de lado objeto de uma só vez. Um dos aspectos mais importantes do processo evolutivo do ser humano é a aquisição da linguagem articulada. Não se sabe, porém, como o homem aprendeu a falar. Ao que tudo indica, a linguagem humana resulta de fatores biológicos combinados Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 com elementos do meio e um que o homem vive. Do ponto de vista histórico, as teorias místicas, imitativas e interjetivas procuram explicar a origem da linguagem articulada, mas nenhuma delas oferece explicação satisfatória. A psicologia evolutiva do desenvolvimento submeteu a infância a uma lógica adultizada onde a existência da vivência toma significado como preparação para a vida adulta. Ao ministrarmos uma atividade na educação infantil, precisamos saber como a criança é e se está madura para aquela atividade, como poderá ser motivada e quais os melhores meios de ensiná-la, para que a aprendizagem se torne duradoura. O jogo simbólico prossegue ao longo do período escolar e estabelece a realidade traduzida e a evolução da relação corpo espaço, resultando numa organização egocêntrica do universo. A educação pelo movimento na escola fundamental coloca em evidencia seu papel na prevenção de dificuldades escolares, pois possui virtudes que possibilitam o desenvolvimento total da criança. Portanto, prepara a criança para a vida escolar através de métodos pedagógicos renovados, ajudando a mesma a desenvolver-se da melhor maneira possível e tirando melhor partido de recursos que a preparem para a vida social. O compromisso político social com a inclusão social e com o processo educacional, orientado pelo paradigma da qualidade em educação, A construção histórica da infância é compreendida como um momento específico, distinto do adulto, não apenas biológica, mas cognitiva e socialização da criança nos diferentes espaços sociais: a família, a escola, a cidade, definindo o que é a criança, como esta deve ser tratada, através de que estratégias de socialização. Portanto, na educação infantil, é necessário se conhecer a psicologia da criança para compreender seu comportamento, prevê-lo e, em alguns casos, modificá- lo de forma significativa. Educar uma criança ensiná-la, evitando perturbações em seu comportamento, exige do educador, além de amor e dedicação, o conhecimento das características infantis em cada fase do desenvolvimento: seus interesses, necessidades, motivações e possibilidades. Daí a importância de trabalhar a psicomotricidade na educação infantil. AULA 1: As Áreas da Psicomotricidade Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Didaticamente a psicomotricidade está subdividida em áreas que facilitam a compreensão e o trabalho do dia-a-dia do professor em sala de aula contribuindo assim para a eficiência do processo ensino-aprendizagem. Todas as atividades de prática psicomotora visam estimular as várias áreas mencionadas a seguir: a) Comunicação e Expressão A linguagem é função de expressão e comunicação do pensamento e função de socialização. Permite ao indivíduo trocar experiências e atuar – verbal e gestualmente – no mundo. Por ser a linguagem verbal intimamente dependente da articulação e da respiração, incluem-se nesta área os exercícios fonoarticulatórios e respiratórios. b) Percepção Percepção é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos recebidos. A percepção está ligada à atenção, à consciência e a memória. Os estímulos que chegam até nós, provocam uma sensação que possibilita a percepção e a discriminação. Primeiramente sentimos, através dos sentidos: tato, visão, audição, olfato e paladar. Em seguida, percebemos, realizamos uma mediação entre o sentir e o pensar. E, por fim, discriminamos – reconhecemos as diferenças e semelhanças entre estímulos e percepções. A discriminação é que nos permite saber, por exemplo, o que é verde e o que é azul, e a diferença entre o 1 e o 7. As atividades propostas para esta área devem auxiliar o desenvolvimento da percepção e da discriminação. c) Coordenação A coordenação motora é mais ou menos instintiva e ligada ao desenvolvimento físico. Entendida com a união harmoniosa de movimentos, a coordenação supõe integridade e maturação do sistema nervoso. A coordenação motora pode ser subdividida em coordenação dinâmica global ou geral, viso manual ou fina e visual. A coordenação dinâmica global envolve movimentos amplos com todo o corpo (cabeça, ombros, braços, pés, tornozelos, quadris etc.) e desse modo ―coloca grupos musculares diferentes em ação simultânea, com vistas à execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos. A coordenação viso manual engloba movimentos dos pequenos músculos em harmonia, na execução de atividades utilizando dedos, mãos e pulsos. A coordenação visual refere-se a movimentos específicos com os olhos nas mais variadas direções. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 d) Orientação A orientação ou estruturação espacial/temporal é importante no processo de adaptação do indivíduo ao ambiente, já que todo corpo, animado ou inanimado, ocupa necessariamente um espaço em um dado momento. A orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual do meio e está ligada à consciência, à memória e às experiências vivenciadas pelo indivíduo. e) Conhecimento Corporal e Lateralidade A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens, recebesons, sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo é centro, o referencial. A noção do corpo está no centro do sentimento de mais menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está no centro de relação entre o vivido e o universo. É nosso espelho afetivo-somático ante uma imagem de nós mesmos, do outro e dos objetos. O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no decorrer da evolução da criança, não tem nada a ver com uma tomada de consciência sucessiva de elementos distintos, os quais, como num quebra-cabeça, iriam pouco a pouco se encaixar uns aos outros para compor um corpo completo a partir de um corpo desmembrado. O esquema corporal revela-se gradativamente à criança da mesma forma que uma fotografia revelada na câmara escura mostra-se pouco a pouco para o observador, tomando contorno, forma e colocação cada vez mais nítidos. A elaboração e o estabelecimento deste esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez que a evolução está praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco anos. Isto é, ao lado da construção de um corpo ―objetivo‖, estruturado e representado como um objeto físico, cujos limites podem ser traçados a qualquer momento, existe uma experiência precoce, global e inconsciente do esquema corporal, que vai pesar muito no desenvolvimento ulterior da imagem e da representação de si. g) Habilidades Psicomotoras e Processo de Alfabetização As habilidades psicomotoras são essenciais ao bom desempenho no processo de alfabetização. A aprendizagem da leitura e da escrita exige habilidades tais como: Dominância manual já estabelecida (área de lateralidade); Conhecimento numérico suficiente para saber, por exemplo, quantas voltas existem nas letras m e n, ou quantas sílabas formam uma palavra (área de habilidades conceituais); Movimentação dos olhos da esquerda para a direita, domínio de movimentos delicados adequados à escrita, acompanhamento das linhas de uma página com os olhos ou dedos, preensão adequada para segurar lápis e papel e para folhear (área de coordenação visual e manual); Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Discriminação de sons (área de percepção auditiva) Adequação da escrita às dimensões do papel, reconhecimento das diferenças dos pares. b/d, q/d, p/q etc., orientação da leitura e da escrita da esquerda para a direita, manutenção da proporção de altura e largura das letras, manutenção de espaço entre as palavras e escrita orientada pelas pautas (áreas de percepção visual, orientação espacial, lateralidade, habilidade conceituais); Pronúncia adequada de vogais, consoantes, sílabas, palavras (área de comunicação e expressão); Noção de linearidade da disposição sucessiva de letras, sílabas e palavras (área de orientação têmporo-espacial); Capacidade de decompor palavras em sílabas e letras (análise); Possibilidade de reunir letras e silabas para formar novas palavras (síntese). Atividades... Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 REFERÊNCIAS COSTE, J. C. A. Psicomotricidade. Tradução: A Cabral, Rio de Janeiro, Editora Guanabara, 1992. FONSECA, Vitor da – Psicomotricidade; 2ª Ed.: São Paulo: Martins Fontes, 1988 GUILHERME, Jean Jacques. Educação e Reeducação Psicomotora. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983. LE BOULCH, J. O Desenvolvimento Psicomotor: do Nascimento até os 6 anos. Tradução: A GBrizolara, Porto Alegre, Editora Artes Médicas, 1986. ______. Educação Psicomotora na Idade Escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. MOURÃO, Márcia Souto M. Sá. A Formação do Educador para a Pré-Escola Revista Criança. Ministério da Ed. E Desporto, p. 15-17, nº 27, 1994. NASCIMENTO, Lúcia S. e MACHADO, M. Therezinha C. Psicomotricidade a Aprendizagem, 2ª Ed. Rio de Janeiro: Ene Livros, 1986. ALGUMAS QUESTÕES TEÓRICAS Concepção Empirista: De acordo com a concepção empirista, o processo de aprendizagem é tido como uma transmissão de conhecimento de quem sabe para quem não sabe. A aprendizagem ocorre de fora para dentro. O aluno capta as informações de forma passiva, sendo considerado como um depósito de conhecimento, já que não sabe nada. O professor é o detentor do conhecimento e o único que pode transmitir as informações educativas que formarão o repertório do saber do aluno. Isto é claramente explicitado num exemplo simples em que o estudante memoriza um conjunto de instruções e então opera corretamente o instrumento para o qual são apropriados. Em um exemplo que ele considera muito mais complexo, o estudante adquire um repertório extenso e então lida eficientemente com uma situação concorrente quando algumas respostas naquele repertório instruem-no apropriadamente. Esta concepção considera o saber algo externo ao indivíduo, que por sua vez é o receptor passivo da instrução, a ação esperada dele é de armazenamento de informação. O aluno é repositório neutro e seu comportamento é determinado tão somente por fatores externos, acredita-se que ―o hábito de buscar dentro do organismo Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 uma explicação do comportamento tende a obscurecer as variáveis que estão ao alcance de uma análise cientifica. Estas variáveis estão fora do organismo, em seu ambiente imediato‖. (Skinner, 1978, p.42). Nesta concepção o aprendiz não é visto como ser desejante. Note-se o tom desdenhoso acerca deste tema: ―Necessidades e desejos são termos convenientes no discurso casual, e muitos estudiosos do comportamento têm mostrado interesse em estabelecer semelhantes estados intervenientes hipotéticos como conceitos científicos legítimos. Uma necessidade ou um desejo poderiam ser redefinidos simplesmente como uma condição resultante de privação e caracterizada por uma especial probabilidade de respostas.(Skinner, 1978, p.145). Concepção Racionalista: Na concepção racionalista, a aprendizagem é fruto da capacidade interna do aluno. Ele é, ou não, ―inteligente‖ porque já nasceu com a capacidade, ou não, de aprender. Sua aprendizagem também estará relacionada à maturação biológica, só podendo aprender determinados conteúdos quando tiver a prontidão necessária para isso. O aluno já traz uma capacidade inata para aprender. Quando não aprende, é considerado incapaz, se aprende diz-se que tem um bom grau de quociente intelectual (Q.I). Nesta concepção, o papel do professor é de organizador do conteúdo, levando em consideração a idade do indivíduo. Concepção Construtivista: A concepção construtivista, define a aprendizagem como um processo de troca mútua entre o meio e o indivíduo, tendo o outro como mediador. O aluno é um elemento ativo que age e constrói utilizando os erros de forma construtiva, garantindo assim uma reelaboração das hipóteses levantadas, favorecendo a construção do conhecimento. Nessa concepção o aluno não é apenas alguém que aprende, mas sim o que vivencia os dois processos sendo ao mesmo tempo ensinante e aprendente. A psicopedagogia defende que ―para que haja aprendizagem, intervêm o nível cognitivo e o desejante, além do organismo e do corpo‖ (Fernández. 1991. p. 74), por isso aproxima-se dos referenciais teóricos do construtivismo, pois foca a subjetivação, enfatizando o interacionismo; acredita no ato de aprender como interação, crença está fundamentada nas ideias de Pichon Rivière e de Vygotsky; defende a importância da simbolização no processo de aprendizagem baseada nos estudos psicanalíticos, além da contribuição de Jung. MOVIMENTO HUMANO EM UMA PERSPECTIVA PSICOSSOMÁTICA: estudos de Judith Kestenberg Larissa Sato Turtelli; Maria da Consolação Gomes Cunha Fernandes Tavares UniversidadeEstadual de Campinas. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 RESUMO Este artigo considera o movimento corporal humano contextualizado no mundo psíquico na visão de Judith Kestenberg, abordando: 1) as principais categorias de movimento identificadas por Kestenberg e os significados relacionados a elas; 2) as relações (afinidades e choques) desses padrões de movimento entre si; 3) as relações entre as preferências iniciais da criança por certos ritmos de movimento e seus padrões de movimento na vida adulta. O objetivo desta pesquisa foi apresentar os estudos de Kestenberg, os quais fornecem um conhecimento necessário para aqueles que buscam compreender o movimento corporal humano no contexto terapêutico. Palavras-chave: psicomotricidade; movimento; imagem corporal; psicanálise. REFERENCIAL TEÓRICO O movimento de cada ser humano é único nas suas pequenas variações e combinações. Essa individualidade provém de uma realidade na qual os fatores psicológicos e fisiológicos estão fundidos. Retornando às funções básicas do movimento humano, chega-se à sua relação com os instintos de sobrevivência: o movimento é a forma de relação do ser humano consigo mesmo e com o meio, é a forma pela qual o ser humano se expressa, se protege, busca alimento e desempenha suas funções vitais (DAMÁSIO, 1994/1996; SCHILDER, 1950/1999). Muitas vezes, nas pesquisas sobre o movimento corporal humano, é feita uma cisão entre os aspectos fisiológicos e psicológicos. Essa separação, embora seja necessária para determinadas investigações do movimento, em outros momentos precisa ser superada: no estudo do movimento do ser humano é preciso considerar também o "humano" que há ali. Penna (1989) fala sobre a função adaptativa do movimento e ressalta a importância de, no contexto terapêutico, ser abordado de forma integrada o "duplo aspecto do indivíduo perante o meio e perante si mesmo, sem separar as variáveis fisiológicas e psicológicas no estudo da adaptação a um determinado ambiente físico e cultural" (p. 4). Judith Kestenberg (1910-1999) foi uma estudiosa que se dedicou a ter uma compreensão profunda e pormenorizada do movimento, procurando considerar de forma integrada os vários aspectos envolvidos no ato do mover. O interesse de Kestenberg pelo estudo do movimento surgiu do seu trabalho com crianças e com as relações pais e filhos. A autora destaca a importância do estudo do movimento no contexto terapêutico e observa que, na maioria dos casos, as considerações sobre os movimentos nesse contexto são feitas de forma predominantemente intuitiva. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Direcionada por essas inquietações, Kestenberg desenvolveu um método de codificar os movimentos e de interpretar seus significados. Também desenvolveu um modo de notação dos movimentos. Esse método foi chamado de Kestenberg Movement Profile (KMP). Sua codificação foi derivada do método de Laban (1879- 1958), de sua noção de esforço. Laban (1971/1978) denominou esforço o "ponto de origem e aspecto interior" dos movimentos humanos (p. 51). Kestenberg subdividiu o esforço de Laban em fluxos de tensão, precursores de esforço e esforço. A pesquisadora utiliza também a categorização dos movimentos segundo atributos de forma, observando nos movimentos os fluxos de formas, modelagens do espaço em direções e modelagens do espaço em planos. No KMP é feita uma diferenciação minuciosa entre qualidades de movimento que em um primeiro momento poderiam parecer iguais. Amighi, Loman, Lewis e Sossin (1999) consideram que: [as] qualidades de movimento codificadas através do KMP refletem estilos individuais de aprendizagem e cognição, expressões de necessidades e sentimentos, modos de relacionamento, estilos de defesas e dinâmicas para lidar com o meio ambiente. Os analistas com orientação psicanalítica podem usar o KMP para acessar informações sobre as pulsões, as relações com os objetos, o desenvolvimento do ego, o superego e os mecanismos de defesa. Entretanto o KMP também é acessível para aqueles com outras orientações e pode ser usado para atingir uma variedade de objetivos (p. 2, tradução nossa). Amighi e cols. (1999) falam da importância dos pesquisadores que estudam o movimento moverem-se também. Relatam que, no grupo de pesquisas inicial criado por Kestenberg, os psiquiatras tiveram que ter aulas de movimento para aprenderem sobre as sensações de seus próprios corpos, pois essas sensações são importantes para processar as informações dos movimentos dos corpos dos outros. Esse processo é o que alguns autores chamam de "sentido cinestésico". Stinson (1995) considera que o sentido cinestésico refere-se à sensação interna dos movimentos e das tensões. Esse sentido, combinado com a visão, nos permite conectar com os outros, tanto em condições diretamente relacionadas ao movimento, como compartilhar emoções em um nível sensório-motor. Kestenberg enfatizava a observação do movimento por meio da identificação cinestésica, isto é, mediante traduzir as qualidades de movimento observadas em outra pessoa para o próprio corpo. Segundo Amighi e cols. (1999), esse é um processo necessário na pesquisa do movimento e deve ser usado quando um pesquisador atenta para os movimentos de uma pessoa. Eles observam que é mais fácil sintonizar com a tensão muscular de outra pessoa pelo uso do contato físico, porém uma pessoa também pode sentir em seu corpo a tensão muscular de outra pessoa apenas pela observação. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 O método de Kestenberg para codificar e interpretar o movimento provê uma abordagem coerente para o entendimento dos significados que podem ser atribuídos a padrões específicos de movimento. Ele aborda o movimento com um enfoque primeiramente intrapessoal e, apenas em segundo plano, dirige-se à comunicação não verbal. Centra-se no significado intrínseco dos padrões de movimento, ligando-os principalmente a processos do desenvolvimento e experiências psicológicas. Busca assim informar sobre as dinâmicas e estruturas internas de um indivíduo (Amighi & cols., 1999). A seguir serão apresentadas 1) as principais categorias de movimento identificadas por Kestenberg e os significados relacionados a elas; - 2) as relações (afinidades e choques) desses padrões de movimento entre si; 3) as relações entre as preferências iniciais da criança por certos ritmos de movimento e suas influências nos padrões de movimentos da vida adulta. A base para essas considerações foi o estudo dos livros: Children and Parents (Kestenberg, 1975), The Role of Movements Patterns in Development (Kestenberg & Sossin, 1979) e The Meaning of Movement (Amighi & cols., 1999). Ritmos do Movimento Para Kestenberg, as formas básicas e onipresentes de ritmicidade, que são parte do aparato motor congênito, consistem em repetições de mudanças na tensão (ritmos de fluxo de tensão) e mudanças na forma do corpo (ritmos de fluxo de forma). Essas mudanças podem ser alternâncias de qualidades simples de tensão e de forma ou repetições de sequências complexas. O fluxo de tensão é usado para expressar necessidades, impulsos e sentimentos, está relacionado às pulsões. O fluxo de forma é usado para a entrada ou expulsão de substâncias do ambiente, assim como para a busca ou evitação de estímulos, é usado para expressar conforto ou desconforto e atração ou repulsão, está ligado aos modos de relação com o ambiente. Estes são, segundo Kestenberg, os núcleos motores da incorporação ou expulsão de objetos. Os ritmos de fluxos de tensão e de forma são considerados por Kestenberg como relacionados ao controle do id. Com a maturação, esses ritmos se tornam subordinadosa fatores motores que vêm sob o controle do ego: os esforços e modelagens no espaço. Os esforços estão relacionados ao fluxo de tensão e são usados para lidar com o espaço, peso e tempo. Lidam com forças relativamente uniformes, com Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 representações constantes do self e dos objetos, assim eles tendem a estabilizar a motilidade e reduzir a repetição rítmica que é ditada pelas necessidades e disparada pelas mudanças hormonais-metabólicas no organismo. As modelagens, ligadas ao fluxo de forma, transmitem os tipos de relações com o meio por meio do movimento em planos no espaço. O esforço e a modelagem aparecem no primeiro ano de vida de forma transitória e rudimentar. Com o desenvolvimento progressivo do ego, eles se tornam mais claros, mais completos e são usados mais frequentemente. São estabelecidos firmemente no repertório de movimento da criança na fase de latência. A combinação de padrões complexos de esforço e modelagem é interrelacionada com o desenvolvimento de uma consciência social pela criança, derivada das identificações, do passado e do presente, com as ações e aspirações dos objetos de desejo. Segundo Kestenberg, a habilidade de colocar o corpo todo a serviço do fluxo de tensão e esforço, ou do fluxo de forma e modelagem em posturas, está correlacionada com a capacidade de usar todos os agentes psíquicos a serviço das exigências combinadas do id-ego e do superego. Ritmos de fluxo de tensão e fatores relacionados Ritmos de fluxo de tensão Kestenberg esclarece que, por tensão, quer dizer nível de tensão muscular. Assim, um fluxo de tensão livre ocorre quando os agonistas não encontram a contração dos antagonistas. Quando os antagonistas contraem junto com os agonistas, ocorre a detenção do movimento e o fluxo de tensão preso. A autora acredita que os ritmos de fluxo de tensão fazem parte do aparelho fisiológico congênito que é, no início, independente da psique. Centros hipotalâmicos regulam a ritmicidade dos órgãos e sistemas. Existe uma correlação entre os ritmos secretores e motores. A psique é influenciada e exerce influência nesses processos rítmicos somáticos. Tanto os sistemas musculares involuntários quanto os voluntários estão sujeitos às influências mútuas da soma e da psique. A autora exemplifica uma correspondência básica entre os ritmos motores dos músculos estriados e lisos, citando a interação entre comer e as contrações gástricas. Os ritmos de fluxo de tensão consistem em certas sequências de qualidades de tensão que estão bem adaptadas para as necessidades biológicas, como sugar, Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 defecar, urinar e outras. No entanto, o uso desses ritmos não se restringe a essas atividades. O tipo oral de ritmo, por exemplo, está relacionado ao movimento de sugar e à fase oral do nenê, contudo é usado pelo recém-nascido não apenas na zona oral, mas em todo o sistema alimentar. Segundo a autora, os ritmos orais geralmente continuam sendo os mais frequentes no decorrer da vida, inclusive na vida adulta. Esses ritmos, além de servirem para a alimentação, estão presentes na fala e influenciam outras partes do corpo. Os ritmos orais tendem à repetição e são usados em ações repetitivas, especialmente nas regiões periféricas do corpo, como rosto e dedos dos pés e das mãos. Dessa forma, deve-se levar em conta o quanto o ritmo oral geralmente excede os outros, antes de se postular que existe uma fixação de determinada pessoa na fase oral. A diferenciação dos ritmos no nenê se dá com o contato com o ambiente, mediado pela mãe. A pessoa que cuida do nenê irá ajudá-lo a escolher o ritmo apropriado para as diferentes atividades. Dessa forma, ele começa a associar os ritmos motores com as atividades, ele aprende a sugar para obter o leite, a pressionar para defecar e assim por diante. O aparato do fluxo de tensão é usado para a liberação das pulsões. O nenê começa a representar as necessidades em desejos e assim vai sendo construída uma ponte entre soma e psique. Por meio do fluxo de tensão, as pulsões oral, anal, uretral e genital são expressas em padrões motores. Em vista das relações entre os ritmos de fluxo de tensão e a expressão das necessidades, Amighi e cols. (1999) consideram que preferências de determinada pessoa por ritmos particulares revelam preocupações da pessoa com necessidades particulares. No entanto, ressaltam que em todos os adultos e crianças típicos, todos os ritmos estão presentes, de forma que as interpretações só podem ser feitas baseadas na frequência relativa do uso de padrões específicos de movimento e no exame das configurações totais das preferências encontradas, de preferência observando-se a pessoa em ambientes distintos. Atributos de fluxo de tensão Além dos elementos básicos de fluxo de tensão preso e fluxo de tensão livre, Kestenberg observa outras variações nos atributos de fluxo de tensão. São elas: segurar a tensão em um nível uniforme ou ajustes de níveis; alta ou baixa intensidade de tensão; mudança de tensão abrupta ou gradual. A autora relaciona a regulação dos atributos de fluxo de tensão com o controle dos afetos desenvolvido posteriormente. Considera que os atributos de fluxo de tensão Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 podem ser divididos naqueles que ocorrem mais frequentemente na frustração e aqueles que indicam alívio e conquista de satisfação. Dessa forma, o fluxo de tensão preso teria maior relação com sentimentos de cautela e o fluxo de tensão livre com sentimentos de despreocupação. No entanto, Kestenberg ressalta que as nuanças do afeto variam de acordo com a combinação de atributos de fluxo de tensão e outros padrões motores, sendo assim, um atributo de fluxo de tensão pode ser relacionado com uma variedade de sentimentos. Os atributos do fluxo de tensão provêm componentes importantes na experiência, expressão e comunicação das emoções. Uma vez que o fluxo de tensão está relacionado à expressão das necessidades e à liberação das pulsões, a regulação desse fluxo proporcionada pelos atributos de fluxo de tensão contribui para a formação de defesas contra os próprios afetos. Amighi e cols. (1999) colocam que os atributos do fluxo de tensão introduzem uma medida de controle ou regulação na expressão das necessidades/desejos. Precursores de esforço Kestenberg observa a existência de precursores de esforço como aparatos motores que fazem a mediação entre fluxo de tensão e esforço. São geneticamente e funcionalmente relacionados ao fluxo de tensão e são os suportes motores principais para o aprendizado e os mecanismos de defesa. São orientados tanto para o corpo quanto para o ambiente e estão ligados aos fatores espaço, peso e tempo. A autora classifica os precursores de esforço em: precursores de abordagem do espaço são usados para manter a tensão uniforme, o que ajuda a canalizar trajetos do corpo, ou partes dele, no espaço e ajusta os níveis de tensão para conseguir uma mobilidade flexível no espaço; precursores para lidar com o peso aumentam a intensidade da tensão para produzir ações veementes e diminuem a tensão para expressar gentileza; precursores para lidar com o tempo mudam de tensão abruptamente para produzir ações repentinas e mudam a tensão gradualmente para expressar hesitação. Ainda de acordo com Kestenberg ressalta-se que esta observa que os precursores de esforço são usados tanto no aprendizado quanto em mecanismos de defesa. Desenvolvendo essa observação, a autora considera que aprender novas funções envolve o uso de mecanismos de defesa. Nas situações de aprendizado, a pessoa fica receosa quanto à sua integridadefísica e quanto a ser aprovada pelo professor. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Esforços Os esforços são elementos motores da adaptação do ego à realidade externa. São aparatos motores usados para lidar com as forças do ambiente (espaço, peso e tempo), que são os fatores essenciais da nossa realidade exterior. São classificados em: diretos e indiretos, ligados ao espaço e ao alcance de nossa atenção; fortes e leves, ligados ao peso e ao grau da nossa intenção; aceleração e desaceleração, ligados ao tempo e aos modos empregados nas tomadas de decisões. Na Tabela 1, apresentamos de forma esquemática o sistema de movimento dos ritmos de fluxo de tensão e esforços e suas principais interpretações. PADRÕES DE MOVIMENTO INTERPRETAÇÕES Ritmos de fluxo de tensão • . Expressam necessidades, impulsos e sentimentos. • Estão relacionados às pulsões Atributos de fluxo de tensão • Provêm componentes importantes na experiência, expressão e comunicação das emoções. • Contribuem para a formação de defesas contra os próprios afetos. • Introduzem uma medida de controle ou regulação na expressão das necessidades (ritmos de fluxo de tensão) Precursores de esforço • São os suportes motores principais para o aprendizado e os mecanismos de defesa Esforço • Adaptação do ego à realidade externa. São usados para lidar com as forças do ambiente (espaço, gravidade e tempo). Ritmos de Fluxo de Forma e Fatores Relacionados Ritmos de fluxo de forma Kestenberg classifica o crescimento e encolhimento da forma do corpo como os elementos básicos do fluxo da forma. Acrescenta que existem alterações nos atributos do fluxo de forma que ocorrem em dimensões específicas: largura, comprimento e profundidade do corpo. Segundo a autora, a alternância rítmica entre crescimento e encolhimento e seus atributos dimensionais é uma auto regulação altamente diferenciada, ela provê a Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 estrutura para a interação do organismo com o meio. A autora considera que a base do movimento espontâneo e reflexo é o mecanismo de mudar a forma do corpo em resposta a um estímulo, seja ele interno ou externo. O fluxo de forma está relacionado aos modos de relação. Os atributos do fluxo de forma agem na regulação das relações da pessoa consigo mesma e com os objetos. Kestenberg classifica o fluxo de forma em bipolar (simétrico), unipolar (assimétrico) e design de fluxo de forma; todos eles já estão presentes no recémnascido, mas são sujeitos a mudanças durante o desenvolvimento. Fluxo de forma bipolar Segundo Amighi e cols. (1999), o fluxo de forma bipolar refere-se a padrões de crescer e encolher de uma forma simétrica. Formas em crescimento são modos de tornar-se acessível (abrir-se) e geralmente refletem sentimentos bons ou de conforto. Formas em encolhimento são meios de isolar-se (fechar-se) e geralmente refletem sentimentos de desconforto. O fluxo de forma bipolar pode ocorrer em três dimensões: a horizontal, a vertical e a sagital. Os autores colocam que frequentemente avaliamos os sentimentos dos outros com base em suas mudanças bipolares de forma. Particularmente no rosto, mas no tronco também. Fluxo de forma unipolar Quando as mudanças na forma do corpo são assimétricas, Kestenberg chama de fluxo de forma unipolar. Essa qualidade de movimento é usada principalmente na reação a estímulos específicos provindos do meio ambiente. Design de fluxo de forma Kestenberg caracteriza os designs de fluxo de forma em termos de movimentos centrífugos ou centrípetos e em termos de espaço perto, intermediário, ao alcance e espaço geral. O design de fluxo de forma provê um modo de a pessoa orientar-se no espaço, pegando o próprio corpo como um ponto focal de partida e retorno. "Para longe de mim" e "para mim" são conceitos nascidos da percepção dos movimentos centrífugos e centrípetos. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Para Kestenberg, as influências culturais tendem a atuar no design de fluxo de forma mais do que atuam em qualquer outro padrão. Contudo, podem ser notadas no nascimento algumas preferências congênitas por determinados designs de fluxo de forma. Modelagens no espaço em direções e em planos Segundo Kestenberg, a passagem do fluxo de forma para as modelagens em direções e planos significa a passagem da regulação das relações consigo mesmo e com os objetos, para o controle do aprendizado, das defesas e relações com objetos constantes. Enquanto os padrões de fluxo de tensão, de precursores de esforço e de esforço são modos e qualidades que têm pouca relação com os objetos, os padrões de fluxo de forma e de modelagem do espaço são facilmente modificados em decorrência de imitação, identificação e ajustamento com as pessoas. São os padrões de fluxo de forma e de modelagem do espaço que dão estrutura aos padrões de fluxo de tensão e esforço. Kestenberg relaciona os movimentos de fluxo de forma e modelagens em direções e planos, com a construção da imagem corporal. Considera que os sentimentos de ser grande ou pequeno, de estar confortável ou desconfortável, as sensações agradáveis e desagradáveis em várias partes do corpo (que cresce em direção a alguns estímulos e encolhe-se em direção a outros) e a capacidade de colocar o corpo em perspectiva na relação com o espaço que o circunda são passos importantes na criação da imagem corporal. Ela acrescenta que isso não pode ser conseguido sem a construção simultânea da imagem de um objeto do qual a pessoa se diferencia. Assim, a autora considera que o fluxo de forma tem um papel decisivo no desenvolvimento do núcleo corporal das imagens de si mesmo e dos outros. A modelagem no espaço torna-se uma parte integral da complexa inter-relação entre os objetos, não apenas aqueles percebidos fora, mas também suas imagens internalizadas. A modelagem do espaço em direções é usada para estabelecer ou descontinuar pontes com os objetos. Quando o movimento prossegue em direções, o espaço é dividido em linhas que formam pontes até os objetos ou abandonam o contato. O movimento pode ser nas seguintes direções: transversalmente e lateralmente (horizontalmente); para baixo e para cima (verticalmente); para frente e para trás (sagitalmente). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 As modelagens do espaço em planos são determinadas por pelo menos duas dimensões. Cada plano é usado de uma maneira diferente para melhor servir algumas funções do ego que têm um papel nas relações: horizontal - uma pessoa pode fechar- se em pequenas áreas ou expandir-se em uma grande área do espaço, este plano é usado para explorar os objetos; vertical - uma pessoa pode ascender ou descender, unindo as direções vertical e lateral, para confrontar os objetos; sagital - a pessoa retrocede ou avança (unindo as direções frente/trás e alto/baixo) em antecipação às atitudes das outras pessoas. Na Tabela 2, apresentamos o sistema de movimento dos ritmos de fluxo de forma e modelagens e suas principais interpretações. Tabela 2. Ritmos de fluxo de forma e fatores relacionados e suas principais interpretações. PADRÕES DE MOVIMENTO INTERPRETAÇÕES Ritmos de fluxo de forma Expressam sentimentos de relação com o meio e consigo mesmo (conforto/desconforto; atração/ repulsão). Estão ligados aos modos de relação com o ambiente. Fluxo de forma bipolar Refere-se a padrões de crescer e encolher de uma forma simétrica. Formas em crescimento são modos de se tornar acessível (abrir-se); Formas de
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