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SANTO AGO ST I NHO Maior filósofo da época Patrística, nascido na cidade de Tagaste, na Numídia. Em sua obra confissões, Agostinho conta como a leitura do filósofo Cícero despertou seu interesse pela filosofia. O jovem, buscou sempre a verdade, estudou a fundo a filosofia de Platão através da traduções latinas de suas obras, interessou-se por retórica e aderiu ao maniqueísmo. Sob a influência de Ambrósio, conheceu a sagradas escrituras, convertendo-se ao cristianismo em 386. Ao aproximar a filosofia de Platão e do cristianismo, Agostinho produziu a primeira grande síntese entre a fé cristã e a razão filosófica grega, tornando-se um dos maiores expoentes da filosofia no período medieval. Após fazer várias obras, ele faleceu em Hipona, em 430. A relação entre fé e razão O encontro de Agostinho com pensamento Platônico se deu através do neoplatonismo, uma corrente filosófica iniciadas por Plotino. A metafísica de Plotino, tal como a de Platão, seu principal inspirador, sustenta que o divino é absolutamente transcendente, que a alma imortal e passível de reencarnar- se, que existem dois mundos- o mundo terreno e o mundo celeste- e que corpo e alma são distintos, tendo a alma a supremacia sobre o corpo. A principal noção do sistema de Plotino é o que ele chama de Uno, análogo à concepção platônica de Deus: o ser é a base de tudo que existe e o padrão de todo valor, mas é em si mesmo além do ser e além de todo valor. O Uno Plotiniano é indescritível, só podendo ser pensado de maneira indireta, pois ele mesmo é a causa do intelecto humano. Santo agostinho procurou elaborar seu pensamento tendo como base o neoplatonismo de Plotino e os ensinamentos cristão. Ele consegue o platonismo como uma antecipação do cristianismo, defendendo este como a verdadeira filosofia. A filosofia de Platão, segundo Agostinho, consiste numa preparação útil e necessária para a compreensão da verdade revelada por Deus por meio das escrituras, motivo pelo qual defende aproximação entre razão e fé. Agostinho acreditava ser preciso crer para compreender. Embora superior à razão, a fé, para Agostinho, não substitui nem elimina a inteligência, mas antes a estimule e a promove. Desse modo, a inteligência também não elimina a fé, mas a fortalece e clarifica. Fé e razão são, portanto, complementares e não opostas. A teoria da iluminação divina Segundo Santo Agostinho, os seres humanos, embora sendo temporais, contingentes e mutáveis, são capazes de conhecer as verdades que são eternas, necessárias e imutáveis. Ora, sendo Deus único ser eterno, necessário e imutável, as verdades da fé só podem ser conhecidos por um contato imediato com Deus. O filósofo grego atribui à alma uma existência anterior a do corpo, do mesmo modo que dizia que o nosso conhecimento não se passa de uma simples recordações das experiências anteriores da alma. Segundo a analogia utilizada por ele, do mesmo modo que os nossos olhos percebem o que os circundam na luz corpórea, tendo sido justamente criados e ordenados para essa luz, também Deus, que é puro ser, transmite o ser às outras coisas com sua criação. Enquanto verdade, transmite às mentes a capacidade de conhecer a verdade. Assim, para Agostinho, as verdades eternas e imutáveis a que se referia Platão tem sua sede em Deus: a verdade. O problema do mal e a questão do livre-arbítrio Se Deus é benevolente, onipotente e onisciente então se pode supor que ele não apenas quero mal como é capaz de acabar com ele e sabe como fazê-lo. A palavra mal, significa não só as ações ou motivos moralmente errado, mas também sofrimento provocados por eventos que não dependem diretamente da ação deliberada dos seres humanos, como terremotos, doenças e etc. De acordo com argumento em questão, a existência do mal no mundo seria incompatível com a existência de um Deus bom, onipotente e onisciente. Agostinho ofereceu uma resposta bem diferente do maniqueísmo. Segundo os Maniqueus, existem o bem(luz) e o mal(trevas). Deste modo, bem e mal, embora distintos seriam igualmente existentes, sendo o mal uma substância tão real quanto bem. Para Agostinho, apenas o bem existe, sendo mal ausência ou privação do bem. Para Agostinho, o mal não é um ser, mas deficiência e privação de ser. Segundo Agostinho aquilo que, considerado superficialmente nos parece um defeito, uma imperfeição, o mal, visto sob a ótica do universo e articulada a tudo o que existe se nos revela pleno de sentido e de harmonia e, portanto, um bem. Por exemplo, um animal que consideramos nocivos, como a serpente ou um desastre natural, como um terremoto, quando vistos e avaliado segundo nossa medida de utilidade, podem ser considerados males. Porém, não constituem os males em si mesmo. Agostinho, afirma ideia de que, por causa do pecado, o ser humano estaria condenada ao erro, consequentemente, determinado agir contra lei dada por Deus. Desse modo recusa a consequência de que, por agir de forma determinada, sem possibilidade liberdade escolha, ele não seria diretamente responsável pelo que faz. Sua reflexão sobre o livre-arbítrio, diretamente ligada a sua resposta ao problema do mal, sustenta que o homem foi adotado por Deus de uma vontade livre( o livre arbítrio), sendo o pecado, ou mal moral, fruto de uma escolha, o resultado da submissão da razão às paixões. Então, de acordo com Agostinho, o ser humano é livre para aceitar ou não aceitar aquilo que Deus quer para ele. Não obstante, como seres humanos, todos tendemos para a felicidade cujo único objetivo adequado é o próprio Deus. Carecemos de uma visão adequada de Deus, motivo pelo qual nos dirigimos para as criaturas e os bens mutáveis em vez de nos voltarmos para o criador e o bem imutável. Essa escolha é resultado de nossa própria decisão livre, pelo qual somos responsáveis.
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