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Gabriela Zogbi – Medicina Veterinária | Medicina Veterinária | 2021.2 Anatomia das aves Introdução: Tegumento – sistema de revestimento do corpo Penas: estruturas queratinizadas com funções de adaptação do membro torácico na asa da ave; ajuda contra choques e proteção mecânica; protegem o corpo do animal contra radiação solar, contra agentes químicos; importância no acasalamento. Existem seis tipos de penas nas aves, sendo que duas possuem mais importância: - Penas de contorno: dão contorno ao corpo da ave e auxiliam no voo. As penas de contorno que estão dispostas no membro torácico das aves são chamadas rêmiges. As penas de contorno dispostas na cauda do animal ao lado do osso pigóstilo são chamadas de rectrizes (funcionam como uma espécie de direcionamento no voo). - Pluma: costumam ficar entre penas de contorno Anexos do tegumento: • Protuberância da pele: A derme nessas protuberâncias é bem espessa e altamente vascularizada, enquanto a epiderme é fina. • Em aves de corte é feita a retirada da crista para evitar canibalismo e hemorragias. A pele das aves é frouxa, logo, ela consegue ser destacada facilmente do corpo. Além disso, apresenta pouca vascularização e pouca inervação. Bico/ranfoteca: Os diferentes tipos de bicos presentes nas aves dizem respeito ao tipo de alimentação que o animal possui A parte de cima do bico é chamada de rinoteca, e a parte de baixo é chamado de gnatoteca Fonte: Wikipedia Anexos do tegumento no membro pélvico • Escamas • Garras • Membrana interdigital • Esporão (localizado medialmente) – é utilizado na disputa territorial As membranas interdigitais possuem um papel fundamental nas aves aquáticas, que é relacionado à natação. Glândulas sebáceas • Glândula uropígea: localizada nas retrizes, libera uma secreção oleosa que as aves utilizam para passar nas penas do corpo através do bico. Isso ocorre para que haja a impermeabilização do corpo. Além disso, a glândula uropígea possui uma função bacteriostática. • Glândula do vento (na abertura da cloaca): possuem a função de auxiliar na fertilização • Glândulas auriculares (presente no meato acústico externo das aves): possuem a função de produzir o cerúmen Sistema músculo - esquelético: O sistema esquelético das aves é mais sintetizado que o dos outros animais, além disso, o sistema esquelético das aves apresenta mais fosfato de cálcio do que os ossos dos mamíferos, isso confere um pouco mais de dureza aos ossos. • Esqueleto axial: ossos da cabeça, ossos da coluna vertebral, coxal, costelas e esterno. ⇨ O osso coxal das aves é colado com a coluna. O crânio das aves possui três partes que chamam atenção: 1. Orbita 2. Bico 3. Parte mais bulbosa da cabeça onde encontra-se o encéfalo O osso occipital das aves - e dos répteis - possui apenas um côndilo, o que proporciona grandes movimentos na cabeça, aumentando o campo de visão. Os frangos podem ter de 14 a 17 vértebras cervicais, já os cisnes podem ter até 25 vértebras cervicais. Coluna torácica: Nos frangos domésticos, as vértebras torácicas variam de 3 a 10 vértebras torácicas. Isso porque, normalmente ocorre a fusão das primeiras 5 vértebras torácicas, essa fusão é chamada de notário. Ou seja, o primeiro conjunto das vértebras torácicas é chamado de notário. Coluna vertebral: A coluna vertebral das aves possui alguns segmentos específicos que são fusionados. O sinsacro é constituído pela última vértebra torácica, por todas as vértebras lombares, por todas as vértebras sacrais e pela primeira vértebra caudal. Além disso, é fusionado no coxal. Após o sinsacro, as aves possuem de 4 a 6 vértebras caudais. O último componente da coluna vertebral das aves é uma vértebra formada pela fusão de 2 ou 3 pequenas vértebras, chamada de pigóstilo. Fixadas ao pigóstilo, encontramos penas de contorno (rectrizes). Outros componentes do esqueleto axial: • Costelas: As costelas das aves possuem dois segmentos: 1. Preso à coluna: costelas vertebrais 2. Preso ao esterno: costelas esternais • As aves não possuem o diafragma para separar as cavidades do corpo. ⇨ Ligando uma costela vertebral a outra, existem processos chamados de processos uncinados. O esterno das aves é puramente ósseo, proporcionando uma maior proteção ao que se encontra nas cavidades. O esterno das aves que voam muito bem possui uma estrutura chamada de carina esternal ou quilha. Esqueleto apendicular: 1. Esqueleto apendicular torácico 2. Esqueleto apendicular pélvico Esqueleto apendicular torácico: - Transforma o membro torácico na asa A forma de fixação do membro torácico à cintura peitoral das aves é feita através de ossos: clavícula, coracoide e escápula O final das clavículas apresenta uma fusão chamada de fúrcula. Nas aves, a ulna é o maior osso e o rádio é o menor, diferentemente dos mamíferos. Esqueleto apendicular pélvico: Sistema muscular: As aves apresentam dois tipos de tecido muscular: o tecido muscular vermelho e o tecido muscular branco. • O tecido muscular vermelho apresenta muita mioglobina e é muito vascularizado. Presente em aves que voam a longas distâncias, exemplo o pato. • Já o tecido muscular branco, presente por exemplo nos frangos, esse tipo de tecido possui potência muscular, mas não são muito resistentes, logo, conseguem correr rápido, mas não voam por muito tempo. • O músculo íliotibial constitui o corte de carne da sobrecoxa. O músculo gastrocnêmico forma o corte de carne da coxa. Sistema respiratório das aves: • Cavidade nasal • Orofaringe e laringe • Traqueia • Siringe • Pulmões • Sacos aéreos O ar adentra a cavidade nasal das aves através das narinas, depois ele irá preencher uma grande cavidade chamada de cavidade nasal. Na cavidade nasal existem as conchas nasais as quais possuem funções de aquecer o ar, umidificar o ar, filtrar o ar e etc. Elas são divididas em concha nasal rostral, concha nasal média e concha nasal caudal. Depois o ar passa pelas coanas, a qual é responsável por carregar o ar da cavidade nasal para a laringe. Abaixo das coanas encontramos o monte laríngeo, e internamente ao monte laríngeo, temos a laringe das aves. A glote das aves não apresenta pregas vocais. Depois que o ar adentra a laringe, ele vai passar para dentro da traqueia – diferente da traqueia dos mamíferos, os anéis traqueais das aves são completamente fechados -. A traqueia encontra-se à esquerda do esôfago. E a parte final da traqueia e o começo dos brônquios encontra-se o órgão do canto chamado de siringe. Principais funções do sistema respiratório: • Hematose; • Termorregulação das vísceras internas; • Vocalização; • Estabilização do voo das aves; ⇨ Posteriormente, o ar vai adentrar os brônquios primários, depois vai para os brônquios secundários, de lá vão para os brônquios terciários – onde irá ocorrer a hematose -. ⇨ Os pulmões das aves não se expandem, são pequenos e pouco divididos. Os sacos aéreos que estão presentes dentro dos pulmões, aumentam e diminuem de tamanho, além disso, eles movimentam o ar dentro dos pulmões, e realizam a termorregulação das vísceras das aves. ⇨ Quando os sacos aéreos estão cheios, faz com que a ave fique mais leve, dessa forma aumentando a capacidade do voo. ⇨A capacidade respiratória das aves é muito mais potente que a dos mamíferos. Sacos aéreos: 1. Saco aéreo cervical (ímpar); 2. Saco aéreo clavicular (ímpar) 3. Saco aéreo torácico cranial (direito e esquerdo); 4. Saco aéreo torácico caudal (direito e esquerdo); 5. Sacos aéreos abdominais (direito e esquerdo) • Sacos aéreos craniais: saco aéreo cervical, clavicular e osdois torácicos craniais. • Sacos aéreos caudais: os dois sacos aéreos caudais e os dois sacos aéreos abdominais. Inspiração: • Quando a ave inspira o ar, a parede torácica dela se expande. Quando ocorre o aumento do espaço torácico, a parede torácica estica os sacos aéreos. • Além disso, os brônquios secundários levam o ar para dois caminhos diferentes: um brônquio secundário leva o ar para os sacos aéreos caudais, e o outro brônquio secundário leva o ar para os brônquios terciários. • Ainda na respiração, quando o ar chega nos parabronquios (brônquios terciários) sofre hematose. Quando a inspiração termina, o ar que estava sofrendo hematose vai para os sacos aéreos craniais (com o ar cheio de CO2). Expiração: • Na expiração, o toráx será comprimido “espremendo” os sacos aéreos. O ar rico em oxigênio que estava nos sacos aéreos caudais vai voltar pelo brônquio secundário e vai para o brônquio terciário e vai sofrer hematose. • O ar que estava com CO2 nos sacos aéreos craniais vai sair pelos brônquios secundários, depois vai para o brônquio primário, posteriormente para a traqueia e assim por diante fazendo o caminho inverso da inspiração. • Logo, a hematose ocorre tanto na inspiração quanto na expiração na respiração das aves. Sistema digestório das aves: Componentes: 1. Bico 2. Orofaringe 3. Esôfago (com o papo) 4. Ventrículo 5. Intestino delgado 6. Intestino grosso 7. Cloaca 8. Vento Orofaringe: - Estende-se da ponta do bico até o esôfago A orofaringe tem uma parte dorsal chamada de teto, e uma parte ventral chamada de assoalho. O teto da orofaringe possui o palato que apresenta duas aberturas: coana, e caudal à coana existe a fissura infundibular. • Entre os ramos da mandíbula vemos a língua das aves (geralmente com formato triangular). A capacidade gustatória é bastante diminuída com relação aos mamíferos. • O esôfago é um tubo que conduz o alimento da orofaringe para o ventrículo. Diferente dos mamíferos, nas aves o esôfago fica no lado direito do pescoço. No final do esôfago existe um alargamento chamado de papo ou inglúvio, que tem como função armazenar alimento • O ventrículo das aves doméstica possui dois compartimentos: 1. Proventrículo (compartimento químico) 2. Ventrículo ou moela (compartimento muscular que realiza a digestão mecânica do alimento) • O proventrículo secreta sucos enzimáticos para promover uma digestão inicial do alimento, ajudando a cutícula dos grãos ingeridos pelas aves a ser dissolvida. E quando o grão chega na moela, o trabalho nesse compartimento será facilitado. Algumas aves ingerem pequenas pedras e areia que posteriormente irão acabar ajudando na trituração do alimento na moela. Intestino delgado: 1. Duodeno 2. Jejuno 3. Íleo Intestino grosso: 1. Cecos 2. Cólon A microbiota cecal ajuda na digestão da celulose. Fígado e pâncreas: O fígado das aves possui apenas dois lobos, e a vesícula biliar fica junto ao lobo direito. Entre as alças do duodeno há o pâncreas. Cloaca: • A primeira parte da cloaca é chamada de coprodeu (digestório), o segmento médio é chamado de urodeu (urinário + reprodutor) e o segmento mais caudal é chamado de proctodeu. • Na parte dorsal do proctodeu, existe a bolsa cloacal ou Bursa de Fabricius, que é um órgão do sistema imune linfático e está relacionado com a maturação dos linfócitos B. Existem pregas entre os compartimentos da cloaca que separam uma parte da outra: 1. Entre o coprodeu e o urodeu existe a prega coprourodeal 2. Entre o urodeu e o proctodeu existe a prega uroproctodeal Sistema urinário: Componentes: • Rins, ureteres e cloaca Os rins das aves apresentam néfrons de mamíferos e néfrons de répteis. Cada tipo de néfron produz um tipo de urina diferente. • Néfrons de répteis - urina mais sólida (urato) • Néfrons de mamíferos - urina mais líquida/viscosa • Depois que a urina é produzida, o ureter coleta a urina e o ureter vai desembocar lateralmente e jogar a urina no urodeu (óstio ureteral). Sistema reprodutor masculino: Componentes: Testículos, epidídimo e ducto deferente O espermatozoide é produzido no parênquima testicular. Depois, os espermatozoides caem na rede testicular, eposteriormente cai dentro do epidídimo. As aves não possuem as glândulas anexas Cloaca e falo: Sistema reprodutor feminino: Componentes: • Ovário, oviduto e cloaca Rins Ureter Cloaca O sistema reprodutor feminino das aves é formado apenas pelo lado esquerdo que é funcional, o lado direito é apenas vestigial. • Ovários – gônadas femininas responsável pela produção dos gametas femininos • Oviduto – a primeira parte é chamada de infundíbulo (é no infundíbulo que ocorre a fertilização), após 15 minutos no infundíbulo, o vitelo (gema) será envolto por uma camada que será depositada dentro do infundíbulo. O magmo é a maior parte do oviduto, e o ovo fica no magmo por 3 horas Istmo – o ovo aumenta de tamanho e é depositado mais albúmen. O ovo passa cerca de 1 horas no istmo. Útero – É depositado o albúmen final, o tamanho do ovo aumenta, e é depositado o cálcio, formando a casca do ovo. O ovo passa cerca de 20 horas no útero, e no útero também é depositado por cima da casca uma camada que impermeabiliza o ovo, chamada de cutícula. O segmento final é a vagina a qual ajuda na expulsão do ovo do urodeu para o meio externo.
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