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1 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE Radiologia 1 em Física das Radiações CONCEITOS IMPORTANTES Os átomos, chamados de partículas elementares ou fundamentais, são estruturas básicas constituintes da matéria. Eles possuem um núcleo central com prótons (+) e nêutrons. Estes últimos possuem um papel muito importante, pois mantêm o núcleo unido através do impedimento da repulsão entre os prótons. Ao redor do núcleo, tem-se a eletrosfera, formada, como o próprio nome sugere, por elétrons (-) dispostos em órbitas circulares/elípticas, em diferentes níveis de energia e diferentes quantidades de elétrons. Quanto mais próximo do núcleo, maior a energia/força de união dos elétrons da elipse. Com isso, a energia necessária para deslocar os elétrons mais próximos do núcleo é bem maior do que os que estão em camadas mais externas. ⇾ Excitação: acontece quando um elétron passa de uma camada interna para uma mais externa. Isso ocorre com a liberação de energia. ⇾ Energia: é o ganho ou a perda de um elétron. Quando perde, torna-se um íon positivo (cátion). Quando ganha, torna-se um íon negativo (ânion). ⇾ Z = número atômico (total de prótons). ⇾ N = número de nêutrons. ⇾ A = massa atômica. Fórmula: A = Z + N. ⇾ Isótopos: são átomos que possuem o mesmo número atômico, ou seja, a mesma quantidade de prótons. ⇾ Radioisótopos: são isótopos com núcleos instáveis e que sofrem desintegração radioativa. ⇾ Quilovoltagem (kV): diferença de potencial entre o cátodo e o ânodo. ⇾ Miliamperagem (mA): quantidade de elétrons que estão sendo acelerados (corrente). ⇾ Ampola de raios-X: também chamada de tubo de Coolidge, é um dispositivo cuja função é a produção de um feixe de elétrons acelerados. Possui dois eletrodos: um cátodo (polo negativo), que é aquecido por uma corrente elétrica de grande magnitude que passa por um filamento de tungstênio, emitindo uma nuvem de elétrons que é dirigida e acelerada contra o polo positivo, o ânodo, onde se localiza o alvo – anteparo de tungstênio. NATUREZA DA RADIAÇÃO A radiação é a transmissão de energia através do espaço. Existem duas formas: ⇾ Corpuscular: é constituída de um feixe de partículas elementares ou de núcleos atômicos – partículas atômicas e subatômicas. Partículas alfa, beta e raios catódicos fazem parte dessa classe. De um modo geral e tendo como base uma ampola, os raios catódicos são elétrons que se deslocam de forma artificial do cátodo para o ânodo em alta velocidade, quando colidem com o anteparo de tungstênio geram os raios-X. ⇾ Eletromagnética: é o movimento de energia através do espaço na forma de ondas, decorrente de um campo magnético e outro elétrico. Raios gama, raios-X, raios UV, ondas de rádio e luz visível fazem parte dessa classe e possuem um maior poder de penetração do que as radiações corpusculares. • Obs.: o alto poder de penetração dos raios-X é importante para que eles possam atravessar as estruturas corporais e serem utilizados para diagnóstico. 2 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE Radiologia 1 Quando os elétrons colidem no alvo de tungstênio, 99% da energia é transformada em calor e 1% em raios-X. COLISÃO COM PRODUÇÃO DE CALOR No esquema presentado pela letra A, temos um elétron incidente, que vem do cátodo, chocando-se em alta velocidade com o anteparo de tungstênio, interagindo com a eletrosfera de seus átomos. Com essa colisão, o átomo é desviado e perde parte de sua energia, produzindo calor. Na letra B, o elétron incidente, que vem do cátodo, colide com um elétron presente na eletrosfera do átomo de tungstênio, fazendo com que ambos sejam desviados. Nesse caso, também há geração de calor. COLISÃO COM PRODUÇÃO DE RAIOS-X • Os raios-X são descritos como sendo constituídos de pacotes de ondas de energia. • Cada pacote é denominado fóton e é equivalente a um quantum de energia. • O feixe de raios-X utilizado para fins diagnósticos é composto por milhões de fótons distintos. ESPECTROS DOS RAIOS-X ⇾ Espectro contínuo: os fótons de raios-X emitidos pela rápida desaceleração dos elétrons que passaram próximo ao núcleo do átomo de tungstênio são, algumas vezes, designados como radiação Bremsstrahlung ou de freamento. A ampola é responsável por produzir os raios-X. Ela é conectada a uma corrente elétrica, que aquece o filamento de tungstênio com laser gerando, a partir disso, uma nuvem de elétrons. Estes sofrerão influência de um diferencial de potencial que faz com os elétrons se desloquem em alta velocidade e com muita energia do cátodo para o ânodo. Quando colidem no alvo, composto também por tungstênio, os elétrons incidentes vão passar pela eletrosfera dos átomos de tungstênio e, conforme se aproximam do núcleo, vão perdendo força e velocidade, sendo desviados para outra direção e perdem parte de sua energia. Esse desvio de rota, provocado por desaceleração ou freamento, emite fótons de raios-X. Os fótons se direcionam paro um filtro e serão direcionados para o paciente. ⇾ Espectro característico: os fótons de raios-X emitidos a partir do alvo transformam o espectro característico ou linear. Ao invés de desacelerar, o elétron incidente se choca com algum elétron da camada interna (K) da eletrosfera do átomo de tungstênio, desviando-o e criando uma vacância – espaço, vaga – na camada K. Com isso, para que o átomo se reequilibre, um elétron da camada mais externa tentar ocupar essa vacância e isso também faz com que sejam emitidos fótons de raios-X. CARACTERÍSTICAS FO FEIXE DE RAIOS-X O feixe de raios-X pode variar em: ⇾ Intensidade: quantidade de fótons de raios-X no feixe. ⇾ Qualidade: energia carregada pelos fótons (poder de penetração). Esses fatores – de modo geral, tudo o que acontece dentro da ampola – são influenciados pela kV e mA do aparelho de raios-X. 3 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE Radiologia 1 • Obs.: os aparelhos odontológicos, normalmente, operam entre 50 e 90 kVp. A energia necessária para descolar um elétron da camada mais interna do átomo de tungstênio é de, aproximadamente, 69,5 kV. Dessa forma, os átomos incidentes necessitam ter uma alta energia. INTERAÇÃO DOS RAIOS-X COM A MATÉRIA Depois dos raios-X serem formados no interior da ampola, eles são filtrados e vão interagir com a matéria, ou seja, com o paciente. Os feixes de raios-X saem do cone localizador atravessam o paciente. Uma parte dessa energia é absorvida e uma parte vai ser utilizada para sensibilizar os filmes ou sensores radiográficos. Os fótons de raios-X podem ser completamente espalhados (sem perda de energia), serem absorvidos (com perda total de energia), serem espalhados com alguma absorção de energia (uma parte da energia é absorvida e uma parte é dissipada) ou apenas serem propagados sem sofrer alterações. INTERAÇÃO DOS RAIOS-X À NÍVEL ATÔMICO A partir da interação com a matéria, surgem dois efeitos de interesse clínico: ⇾ Efeito Compton: se dá pela interação do fóton – colide com alta energia – com algum elétron da camada mais externa de um átomo da matéria. Esse elétron vai ser desviado e uma parte da energia é dissipada (fóton espalhado). Esse efeito ocorre na maioria das vezes. ⇾ Efeito fotoelétrico: ocorre quando o fóton de raios-X incidente, ao interagir com a matéria, passa com alta velocidade pela eletrosfera de um átomo da matéria e atinge um elétron dacamada mais interna – este vai ser desviado e passa a ser chamado de fotoelétron. Essa é uma reação em cadeia, uma vez que o elétron que foi desviado também vai interagir com os átomos da matéria, colidindo com eles e podendo deslocar seus elétrons. Quando o elétron da camada mais interna é desviado, uma parte da matéria absorve essa energia e uma parte é utilizada para desviar esse elétron (fotoelétron) e está livre para interagir com o tecido ao redor. • Obs.: a radiação X é tida como ionizante pois ela tem o poder de deslocar elétrons do átomo da matéria. É essa capacidade de ionização que pode gerar efeitos biológicos dos raios-X. REFERÊNCIAS WHAITES, E. Princípios de Radiologia Odontológica. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
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