Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FINANÇAS DIOVANE JOSE PEREIRA FINANÇAS PESSOAIS – ESTRATEGIAS DE INVESTIMENTOS Porto Alegre 2010 DIOVANE JOSÉ PEREIRA FINANÇAS PESSOAIS – ESTRATÉGIAS DE INVESTIMENTOS Trabalho de Conclusão do curso de Especialização em Finanças apresentado ao Programa de Pós Graduação da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande Do Sul, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Finanças. Orientador: Dr. Gilberto de Oliveira Kloeckner Porto Alegre 2010 Diovane Jose Pereira FINANÇAS PESSOAIS – ESTRATÉGIAS DE INVESTIMENTOS Conceito final: Aprovado em ........ de ..........................de.......... BANCA EXAMINADORA ___________________________________ Prof. Dr. ..................................... – Instituição ___________________________________ Prof. Dr. ..................................... – Instituição ___________________________________ Prof. Dr. .................................... – Instituição ___________________________________ Orientador – Prof. Dr. ............... – Instituição RESUMO O presente trabalho apresentará procedimentos para desenvolver um planejamento financeiro pessoal eficaz que traga tranqüilidade financeira ao investidor. Apresentamos neste trabalho diversos tipos de investimentos de diferentes rentabilidades e nível de risco. Não pretendemos dizer qual é o melhor investimento, mas qual se aproxima melhor ao perfil de cada investidor. Para isto definimos três tipos de investidor: conservador moderado e agressivo que auxiliara a tomada de decisão e na escolha de suas aplicações. Pretendemos também desenvolver a cultura de poupar o que é bastante simples, mas exige grande disciplina, pois guardando pequenas quantias mensais e aplicando estes recursos de forma correta trará a tranqüilidade financeira desejável. Palavras-chave: planejamento financeiro pessoal, investimentos, perfil do investidor. ABSTRACT This paper presents procedures to develop an effective personal financial planning that will bring tranquility to the financial investor. We show here a number of different types of investment returns and risk level. We do not intend to say what is the best investment, but which better approximates the profile of each investor. For this, we have defined three types of investors: conservative, moderate and aggressive. This will help decision making and choice of applications. We also intend to develop a culture of saving that is simple but requires great discipline - keeping small amounts monthly and applying these resources properly will bring the desired financial ease. Keywords: personal financial planning, investments, investor's profile. LISTA DE FIGURAS Quadro 1 – Valor a economizar para atingir R$ 1.000.000,00 aos 60 anos .............. 18 Quadro 2 – Estrutura Financeira ............................................................................... 20 Quadro 3 – Avaliação de uma Empresa .................................................................... 44 Quadro 4 – Classificação de perfil de investidor ....................................................... 46 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................. 8 1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 9 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 9 1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 9 1.3 METODOLOGIA .................................................................................................... 9 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 10 2.1 FINANÇAS PESSOAIS ....................................................................................... 10 2.1.1 Conscientização ............................................................................................... 11 2.1.2 Compromisso ................................................................................................... 11 2.1.3 Estratégias de Crescimento ............................................................................. 12 2.3 PLANO DE INVESTIMENTO .............................................................................. 12 2.3.1 Poupança e Investimentos ............................................................................... 14 2.3.2 Poupar com Sabedoria ..................................................................................... 17 2.4 ADOÇÃO DA FILOSOFIA DE INVESTIMENTOS ............................................... 21 2.5 PRODUTOS E SERVIÇOS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS ...................... 21 2.5.1 Clube de Investimentos .................................................................................... 22 2.6 FUNDOS DE INVESTIMENTOS ......................................................................... 23 2.6.1 Funcionamento ................................................................................................. 24 2.6.2 Custos Cobrados .............................................................................................. 24 2.6.3 Risco em Fundos de Investimentos ................................................................. 25 2.6.4 Transparência na Gestão do Fundo ................................................................. 26 2.6.5 Tipos de Fundos de Investimentos ................................................................... 26 2.6.5.1 Fundo de Certo Prazo ................................................................................... 27 2.6.5.2 Fundos Referenciados .................................................................................. 27 2.6.5.3 Fundos de Renda Fixa .................................................................................. 28 2.6.5.4 Fundos Cambiais .......................................................................................... 28 2.6.5.5 Fundo de Ações ............................................................................................ 29 2.6.5.6 Fundos de Dívida Externa ............................................................................. 30 2.6.5.7 Fundos Multimercados .................................................................................. 31 2.7 Investimentos em Renda Fixa ............................................................................. 32 2.7.1 Caderneta de Poupança ................................................................................... 32 2.7.2 Títulos Públicos ................................................................................................ 33 2.7.2.1 Tesouro Direto ............................................................................................... 34 2.7.2.2 Como Escolher um Título .............................................................................. 35 2.7.3 LTN................................................................................................................... 35 2.7.4. LFT .................................................................................................................. 36 2.7.5 Certificado de Depósito Bancário – CDB.......................................................... 36 2.7.5.1 Riscos de Investimentos................................................................................ 37 2.7.6 Debêntures ....................................................................................................... 38 2.8 Investimentos em Renda Variável ....................................................................... 39 2.8.1 Tipos de Investidores ....................................................................................... 39 2.8.2 O que são ações .............................................................................................. 40 2.8.2.1 Tipos de Ações .............................................................................................. 41 2.8.2.1.1 Ordinárias ................................................................................................... 41 2.8.2.1.2 Preferenciais .............................................................................................. 41 2.8.3 Primeiros Passos ............................................................................................. 42 2.8.3.1 Sociedade Corretoras e Títulos e Valores Mobiliários ................................... 42 2.8.3.2 Avaliação ....................................................................................................... 43 2.8.4 Investimentos em Ações .................................................................................. 43 3 ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................................... 45 3.1 PERFIL DO INVESTIDOR ................................................................................... 45 3.1.1 Conservador ..................................................................................................... 47 3.1.2 Moderado ......................................................................................................... 47 3.1.3 Agressivo .......................................................................................................... 48 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 50 8 1 INTRODUÇÃO A crescente sofisticação dos instrumentos e produtos financeiros faz com que estes elementos sejam os de maior destaque entre novos investidores. As movimentações e visualizações de novos investimentos e de oportunidades de obtenção de lucro em aplicações financeiras crescem a cada dia, elevando o potencial de crescimento, incentivo à poupança e a busca de produtos no mercado financeiro. Dentro deste contexto, a insatisfação com a situação financeira pessoal é comum. Decisões sobre o futuro pessoal como trocar de carro, a decoração da casa ou viajar são importantes uma vez que a forma como se usará o dinheiro e o tempo que cada um desses projetos levará para ser realizado são questões que devem ser analisadas e planejadas. Por isso, deve-se pensar na obtenção de uma receita diferente do rendimento habitual para se alcançar maiores retornos financeiros. No Brasil, são encontrados vários produtos e serviços distribuídos em diversas instituições. Mas para que o retorno financeiro seja alcançado, é necessário que se conheçam as melhores alternativas de investimentos. Atualmente, maior parte da população em geral aplica seus recursos na caderneta de poupança deixando de avaliar outras opções de investimentos. 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA Diante desse contexto e levando em consideração o questionamento de amigos, parentes e pessoas em geral, percebi que este trabalho seria importante auxilio na escolha de alternativas estratégicas de investimentos. Esta pesquisa busca orientar o planejamento financeiro de longo prazo com base no perfil do investidor e os riscos inerentes. 9 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Desenvolver estratégias e procedimentos para potenciais investidores, contribuindo para que sejam dados os passos iniciais aos investimentos, incentivando-os e promovendo uma mudança para melhoria de seu futuro financeiro. 1.2.2 Objetivos Específicos – Desenvolver estratégias de investimentos de longo prazo. – Apresentar procedimentos de análise de investimentos. – Sugerir carteiras de investimentos. 1.3 METODOLOGIA Este trabalho teve como objetivo elaborar uma pesquisa bibliográfica e documental buscando estratégias e procedimentos para potenciais investidores. Segundo Oliveira (1999, p.114), o trabalho descritivo procura abranger aspectos gerais e amplos de um contexto. O estudo descritivo possibilita o desenvolvimento de um nível de análise em que se permite identificar as diferentes formas dos fenômenos, sua ordenação e classificação. É um tipo de estudo que permite ao pesquisador a obtenção de uma melhor compreensão do comportamento de diversos fatores e elementos que influenciam determinado fenômeno. 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 FINANÇAS PESSOAIS Em finanças pessoais, o planejamento financeiro é um instrumento que serve como guia para que investidores possam visualizar de forma detalhada sua vida financeira. Ele irá mostrar a situação atual em que cada investidor se encontra, traçando o caminho a ser atingindo e os obstáculos a serem encontrados durante a busca do objetivo estabelecido com a bem-sucedida evolução de ativos1. Frankenberg (1999, p. 31) conceitua: Planejamento financeiro pessoal significa estabelecer e seguir uma estratégia precisa, deliberada e dirigida para a acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa e de sua família. Essa estratégia pode estar voltada para curto, médio ou longo prazos, e não é uma tarefa simples de atingi-la. Macedo Jr. (2007) diz que o conceito de planejamento financeiro é discutido há muito tempo, sendo definido como o processo de gerenciar finanças a fim de se atingir a satisfação pessoal visando não apenas ao sucesso material, e sim o pessoal e profissional. Cerbasi (2005) afirma que o momento de mudar o futuro é agora, pois se for deixado para amanhã, no dia seguinte se estará mais pobre. Para isso, nada será simples – que exigerá um trabalho duro, economias disciplinadas e um padrão de vida abaixo da mediocridade. Planejar o orçamento pessoal permite que o investidor visualize de forma organizada como estão suas contas hoje e como elas ficarão num determinado período de tempo à frente. Qualquer pessoa pode ter um orçamento bem elaborado, sem maiores dificuldades, com as projeções e definições de renda e despesas, adquirindo, assim, uma tranquilidade futura própria e de sua família. Conscientização, objetivos, compromisso e estratégias de crescimento são alguns dos fatores que farão o investidor refletir sobre suas necessidades de fazer sobrar recursos a cada dia. O planejamento financeiro pessoal deve ser feito com 1 Ativos: bens e direitos. 11 muita determinação e disciplina para um futuro financeiro organizado e estável. Tudo isso parece simples e fácil para a maioria das pessoas, mas este é um processo longo e cheio de obstáculos pelo caminho. Cultivar o hábito de poupar para um consumo futuro, ou mesmo para a satisfação de uma necessidade ou até para os imprevistos de nossa vida é extremamente importante para o processo de enriquecimento. 2.1.1 Conscientização É de extrema importância haver conscientização para o início de um plano financeiro. Sem que o novo investidor reserve parte de seus rendimentos mensais para efetuar aplicações, torna-se lento o retorno financeiro. Por isso, deve-se planejar para crescer. A conscientização para elaboração de um planejamento financeiro deve ser feita a qualquer momento e o quanto antes possível para que os recursos sejam bem direcionados e aproveitados. MacedoJr. (2007) afirma que o ideal é que o planejamento financeiro seja feito quando a situação financeira é favorável e não apenas quando se encontram dificuldades com a organização dos recursos – situação que gera cortes e situações de desgaste familiar. 2.1.2 Compromisso A partir de agora, o investidor terá metas a serem cumpridas, objetivos para o futuro a serem alcançados e o compromisso para atingir a independência financeira. Cerbasi (2005) afirma que conquistar e manter a independência financeira são objetivos simples dese definir, mas não tão simples de alcançar, dependendo apenas do investidor decidir o que irá fazer para alcançar aquilo que deseja, independentemente da renda financeira mensal. 12 2.1.3 Estratégias de Crescimento O investidor que não puder economizar nada porque suas despesas são maiores que as receitas deve primeiramente cortar os desperdícios e os gastos supérfluos, guardando os trocados e as pequenas quantidades de valores em um local diferente de um banco ou aplicação – um cofrinho é um bom começo. Executando esta simples tarefa, o investidor dará o primeiro passo para seu objetivo. Lechter (2005) menciona: quantas vezes ouvimos alguém dizer que é preciso ter dinheiro para ganhar mais dinheiro? Isso não é inteiramente verdade, embora precisemos ter dinheiro para sermos bem-sucedidos. Isso não quer dizer que devemos ter dinheiro para fazer dinheiro. O mesmo autor afirma que se pode dizer que o dinheiro adquirido é um ativo e, ao aplicá-lo, haverá expansão dos recursos. A capacidade de levantar capital para iniciar qualquer investimento é o elemento essencial para o futuro sucesso financeiro pessoal. Pode-se conhecer um ótimo investimento, com retorno acima do esperado, mas se o primeiro passo não for dado, não possuirá os recursos necessarios para investir e garantir sua autossuficiência finanecira. 2.3 PLANO DE INVESTIMENTO Ao investir, não é preciso ser um expert para obter vantagens em oportunidades reais. Mas para investir com confiança, rentabilidade, sucesso e consistência e ser capaz de ter vantagens nas oportunidades, primeiro o investidor precisa se certificar se todas as suas necessidades financeiras e responsabilidades estão reunidas. Segundo Cerbasi (2005) comece com a seguinte orientação: reserve suficientes quantias para casos de emergência, certifique-se que você está completamente seguro, saia das dívidas e mantenha-se assim, determine seu plano de tempo e comece a investir com metas. Inúmeras são as questões para se planejar adequadamente os investimentos financeiros e para isso, se faz necessário uma correta adequação do planejamento 13 financeiro, pois será através desta ferramenta que o investidor poderá visualizar o quanto ele poderá investir e assim, planejar os seus investimentos. Zaremba (2007), estabelece que um plano de investimento nada mais é do que um esforço consciente e ordenado de aplicar seu dinheiro. Frankenberg (1999) nos diz que um plano financeiro pessoal é seguir uma estratégia de investimento para se acumular bens e valores para a formação do patrimônio pessoal e familiar e que, independentemente do prazo, não é algo simples de se executar. Zaremba (2007, p. 39) reafirma: Para que um plano de investimento tenha sucesso é preciso que seus objetivos estejam claros e que conheça bem a própria personalidade. Além disso, por definição, o sucesso na área de investimentos é uma tarefa que requer tempo para amadurecer. Porém se o investidor for daqueles que esperam resultados rápidos, talvez não seja o caso de montar qualquer plano de investimento duradouro. Em muitos momentos, investir é um jogo de espera, no qual é preciso mais paciência do que dinheiro para ter sucesso. Conforme o Guia de Orientação e Defesa do Investidor CVM (2004), importante assegurar o bem-estar financeiro de sua família e, para isso, não é preciso ser um expert em investimentos, bastando apenas começar a investir sem preocupação quanto à quantia inicial. Frankenberg (1999) afirma que o plano financeiro não é um conceito rígido e inflexível. É possível se estabelecer as próprias regras do planejamento as quais, uma vez estabelecidas, devem ser mantidas, lutando-se com determinação para alcançá-las. Antônio (2007, p.32) enumera em dez o número de mandamentos para sucesso financeiro: 1. Trabalhar, trabalhar e trabalhar. 2. Economizar, economizar e economizar. 3. Pensar como rico. 4. Não desprezar nenhum centavo. 5. Amar o dinheiro e respeitá-lo (ele não aceita desaforo). 6. Escolher uma pessoa rica e tê-la como referencial (Quando estiver desanimado, lembre-se dele). 7. Não reclamar de dificuldades nem da crise (Crise, somos nós que a fazemos). 8. Não escolher o serviço. Fazer todos. 9. Não invejar os ricos, tornar-se um deles. 10. Não reclamar do Governo. Governo é você. 14 De acordo com o Guia de Orientação e Defesa do Investidor CVM (2004), “está comprovado que as pessoas, até mesmo aquelas com poucos recursos, quando se empenham nessa jornada, alcançam a segurança financeira almejada”. Frankenberg (1999, p.31) define: Tranqüilidade econômico-financeira como uma expressão bastante subjetiva, que traduz o estado de satisfação de uma pessoa ao alcançar um objetivo por ela mesmo definido como o montante suficiente para manter um determinado padrão de vida. Conceitos como riqueza, conforto, qualidade de vida, bem-estar, sucesso, renda, fortuna, etc, definem exatamente a mesma idéia. Conscientemente, o indivíduo estabelece uma linha de conduta, o que amplia bastante suas possibilidades de concretizar esse sonho. A ajuda de profissionais competentes e escolhidos criteriosamente, como contadores, advogados, gerentes de contas de instituições financeiras, planejadores financeiros, pode melhorar muito o desempenhos da planificação a longo prazo, pois eles agregam critérios técnicos e experiência à perseguição dos objetivos do indivíduo, do casal ou mesmo de um grupo familiar. 2.3.1 Poupança e Investimentos A conscientização para que se poupe pequena parte dos rendimentos mensais e posterior investimentos em produtos do mercado financeiro é o primeiro passo para que se possa projetar, no longo prazo, o alcance e a realização das necessidades adequadas ao padrão de vida almejado. Macedo Jr. (2007, p. 40) expõe: Depois de fazer o raio X de sua vida financeira, voçê se torna capaz de poupar. De certa forma, poupar significa desafiar a morte. Quando você deixa de consumir hoje, em função de um consumo posterior, está acreditando que viverá até esse determinado momento futuro. Ainda assim, fazer sobrar um pouco todo o mês é necessário e interessante por diversas razões. Permite que você acumule dinheiro para um consumo futuro sem pagar juros e que faça reservas para eventuais emergências. Poupando, você terá economias para educação dos filhos, aposentadoria, reforma da casa, compra do primeiro imóvel, bem como para outros projetos. Além disso, guardar parte da renda regularmente é um instrumento útil para fazer o dinheiro trabalhar para você, em vez do contrário. Isso ocorre porque, ao poupar, você se torna capaz de fazer investimentos e usufruir a renda que estes geram. Porém, mais importante do que todos os motivos anteriores, a formação de uma boa poupança o ajuda a ter tranqüilidade e paz de espírito para realmente aproveitar as coisas boas da vida. 15 O Guia do Investidor CVM (2004) afirma que, em primeiro lugar, deve-se separar parte da renda para uma aplicação e somente fazer despesas e adquirir algum passivo após a realização deste investimento. Muitas pessoas acham mais fácil fazer este tipo de poupança por meio de débito automático em conta corrente do banco, pois, dessa forma, elas nunca são tentadas a gastar seus recursos antes de reservarem parte de suas receitasa si próprias. Oliveira (1980) afirma que qualquer pessoa sabe o que é poupança e investimento e que, para a maioria, poupar é economizar. Já investir é fazer aplicação dos recursos em algo que seja lucrativo. Saliente-se que a poupança é um ato de abstenção em que o indivíduo deixa de consumir parte de sua renda, criando uma expectativa de que esta abstenção reverta no futuro com atribuição de um maior valor. E, enquanto a poupança serve a uma fase inicial e atende aos imprevistos, o investimento ultrapassa esse limite e sua base é obter um crescimento e um maior rendimento. Investir é aumentar o estoque de riqueza. No entanto, o que é um investimento para um indivíduo pode não ser para a comunidade como um todo. Se, por exemplo, um indivíduo compra um imóvel, está investindo. Para a comunidade não houve investimento mas apenas a transferência de propriedade. O estoque de riqueza do indivíduo foi aumentado. Portando, para ele houve investimento. O estoque de riqueza da comunidade não foi aumentado, logo não houve investimento. (OLIVEIRA, 1980 p. 11) Em termos mais simples e práticos, admitimos que investir é empregar recursos, próprios ou de terceiros, com o objetivo de obter ganhos em determinado período. No Guia do Investidor CVM (2004), encontramos a referência que nos diz que devemos conhecer a situação financeira pessoal atual e analisá-la. Não devemos nunca iniciar uma jornada sem saber exatamente por onde estamos começando e obter segurança neste caminho financeiro. Oliveira (2007) faz referências para que as pessoas façam a programação de seus gastos diários não saindo de casa sem saber realmente a necessidade de se adquirir algum bem. Se quisermos economizar, devemos ficar em casa. Macedo Jr. (2007, p. 40) menciona que: Se dinheiro não é sinônimo de felicidade, a falta de dinheiro e as dívidas são certamente boa parte do caminho para a infelicidade. Mas tome cuidado: poupar é muito bom, porém, poupar demais é ruim. Pior do que não 16 poupar é poupar demais. Quem poupa mais do que precisa está deixando de aproveitar a vida e, possivelmente, gerando forte fonte de preocupação para o futuro. Além do mais, pode ser que o poupador não viva o suficiente para aproveitar suas economias. No Guia do Investidor CVM (2004), encontram-se as definições de poupança e investimento, apresentadas a seguir: Poupança: Normalmente é a aplicação dos recursos em lugares (produtos) seguros que permitam fácil acesso ao seu dinheiro, a qualquer momento que precisar. Os principais tipos de produtos de poupanças são as cadernetas de poupança e os certificados de depósito bancário. A opção por poupar é mais atraente em função da segurança que oferece, mas existe um inconveniente para essa segurança e disponibilidade imediata (liquidez): os seus recursos recebem um salário baixo (pouco rendimento). Investimento: Quando você “investe”, há um risco maior de perder seu dinheiro do que quando você “poupa”. Mas, ao mesmo tempo, você tem a oportunidade de ganhar mais. Os investidores podem se proteger contra esse risco adicional, distribuindo seu dinheiro em vários investimentos (diversificação de suas aplicações), de modo que se os seus recursos diminuírem em um deles, os outros provavelmente irão compensá-lo acima das perdas. Essa estratégia denominada “diversificação”, pode ser facilmente resumida como: “não coloque todos os ovos em uma só cesta”. [grifos do autor] O processo de poupança e investimento é a operacionalização dos recursos do investidor junto com a instituição administradora, colocando funcionamento as decisões adotadas e discutidas se elas são adequadas para que o investimento dos recursos poupados seja bem sucedido. Zaremba (2007, p. 38) explica que: O primeiro item de um plano de investimento é o esforço para poupar, devido a uma razão muito simples: você precisa de dinheiro para poder investir. Assim, o ato de poupar deve ser considerado um hábito. Trata-se de um remédio de ação de longo prazo para sua saúde financeira. A capacidade de poupar, contudo, varia de acordo com o nível de renda e as necessidades pessoais e familiares de cada um. Essa capacidade pode ser avaliada e maximizada com a utilização da ferramenta “orçamento doméstico”. Entretanto, um bom alvo é poupar 10% dos seus rendimentos. Em outras palavras, não há segredos para se realizar um plano pessoal de poupança. As regras desse jogo chamam-se “força de vontade” e “disciplina”. Inicialmente, o valor base dos recursos poupados será o principal componente de seus ativos. No entanto, depois de alguns anos de acumulação, eles passarão a crescer mais em função dos juros e dividendos recebidos em suas aplicações e valorização de investimentos em ativos de risco no mercado financeiro. [grifos do autor] O Portal do Investidor (2007) diz que poupar e investir são duas atitudes relacionadas. Sem poupança, é muito difícil acumular recursos para realizar 17 investimentos. Por outro lado, um investimento inadequado ao perfil do investidor pode resultar em prejuízos e, assim, comprometer os recursos poupados. Oliveira (1980) finaliza que, após análise dos conceitos de poupança e investimento, resta apenas verificar os fatores que afetam as decisões de poupar e investir, sendo possível dizer que aqueles que poupam não são os mesmos que aqueles que investem e as decisões sobre poupança se fundamentam em considerações distintas daquelas que fundamentam as decisões de investir. 2.3.2 Poupar com Sabedoria A poupança com sabedoria deve ser encarada pelo investidor como um meio de ser guardar recursos que irão ser utilizados para a aposentadoria na data planejada sem depender do sistema público de previdência. Em relação a isso, Frankenberg (1990, p.39) menciona que: Esse pensamento tão antigo quanto profundo, produto da sabedoria popular, deveria ser um dos seus lemas da vida. Com ele, você jamais cometerá os erros irremediáveis e sempre achará uma solução capaz de evitar o desespero em momentos de dificuldade. Macedo Jr. (2007, p. 41) nos ensina que: A poupança é a semente de seu trabalho. Quando investe, você está plantando seu futuro e construindo sua árvore de dinheiro. Se você adubá-la corretamente, poupando de forma sistemática e investindo, poderá ter renda para sempre sem depender da venda do seu tempo para ganhar dinheiro. Poderá trabalhar e fazer aquilo que realmente o faz feliz. Oliveira (1980) define que a poupança depende basicamente de três fatores: (I) da capacidade de poupar; (II) do desejo de poupar; (III) das oportunidades de poupar. A capacidade de poupar diz respeito ao nível de renda de quem está poupando. O desejo de poupar são as motivações que o investidor possa sentir para poupar e que estimulem o desejo de poupar e as oportunidades de fazê- lo fazem referência aos instrumentos de captação dos recursos oferecidos. O investidor deverá repensar suas prioridades e rever orçamentos para que seus recursos poupados se perpetuem, criando o hábito da poupança. Os recursos 18 poupados com sabedoria representam um amanhã para o sucesso e independência financeira. De acordo com o site Portal do Investidor, poupar exige a avaliação objetiva das despesas, a fixação de metas e, principalmente, muita persistência, a fim de manter-se economizando pelo tempo necessário até que sejam alcançados os objetivos que motivaram a poupança. Salviano (2007) define que: Poupar com sabedoria nem sempre significa obter o rendimento máximo. A escolha cuidadosa da instituição financeira que vai cuidar de seu dinheiro é importante, mesmo que seja preciso perder rendimento para garantir a segurança. Estar atento à atuação da instituição financeira - aos seus relatórios periódicos e a mudanças na legislação - é parte essencial do controle de suas poupanças. É preciso verificar se os juros creditados estão dentro do previstonos serviços cobrados pela instituição, analisar e verificar constantemente os extratos bancários é uma forma de se ter certeza que não está sendo lesado. Falar com seu gerente para ver se existe alguma forma de aumentar o rendimento sem incorrer em maior risco é um dever de cada poupador. Quanto mais cedo comecar a poupar, menor deve ser o capital aplicado mensalmente para atingir R$ 1.000.000,00 ao 60. O quadro baixo ilustra tal afirmação com explemplo citado por Luquet. Idade Atual Taxa de 8% a.a Taxa de 10% a.a Taxa de 12% a.a 25 R$ 466,73 R$ 294,22 R$ 183,18 35 R$ 1.100,12 R$ 810,82 R$ 593,05 45 R$ 2.962,06 R$ 2.509,76 R$ 2.121,08 60 R$ 5.551,72 R$ 5.003,41 R$ 4.505,92 Quadro 1 – Valor a economizar para atingir R$ 1.000.000,00 aos 60 anos Fonte: Luquet (2007, p. 19) adaptado pelo autor. As taxas acima desconsidaram inflação, tributos. Na caderneta de poupança, temos taxa de 6% a.a. 19 2.3.4 GASTAR COM PRUDÊNCIA Para se atingir o objetivo deste subtítulo, o investidor deve considerar seu orçamento pessoal elaborado como a principal ferramenta de controle dos seus gastos. Frankenberg (1999, p.39) afirma que: Gastar com prudência significa saber diferenciar o que é essencial do que é supérfluo. Avaliar com cuidado se determinado eletrodoméstico, uma roupa, um produto alimentício é necessário ou apenas capricho dispensável é uma capacidade que nem todos possuem. Quem não sabe fazer isso pode se arrepender algumas horas após a compra, mas o estrago estará feito. Se policiar para não ultrapassar os limites dos próprios ganhos é uma grande dificuldade para a maioria das pessoas. As formas de pressão da sociedade em que vivemos são enormes, e são poucos os que conseguem resistir a elas. Conforme o site Portal do Investidor, “reduzir despesas pode significar desde simples cuidados para evitar o desperdício até o esforço, por vezes árduo, no sentido de conter gastos”. O padrão de vida que o investidor possuía antes da conscientização para a sua independência financeira deve ser amplamente analisado, podendo ser determinante na contenção de despesas e gastos desnecessários. Segundo Macedo Jr. (2007, p.38): Tome um cuidado especial com os gastos que você faz para gerar status. Esta é uma forma de respeito da sociedade para com seus indivíduos. Porém, o verdadeiro status advém daquilo que somos e não daquilo que temos. Lógico que, se você tem um carro muito caro, um escritório belíssimo e se veste com roupas de grife, as pessoas tendem a tratá-lo melhor. Porém, tente compreender quais as conseqüências para sua vida em gastar muito tempo tentando ganhar dinheiro para comprar esses símbolos exteriores de riqueza. De acordo com o Guia do investidor CVM (2004), se o indivíduo estiver gastando toda a sua receita e nunca tiver sobra de recursos para poupar ou investir, será preciso encontrar meios de cortar suas despesas. Ao observar onde está gastando seus recursos, ele ficará surpreso ao perceber como aqueles pequenos gastos diários, que pode deixar de fazer, se acumulam no decorrer de um ano. Essa última observação é de extrema importância, pois são nos pequenos gastos que 20 deixamos fortunas de lado, em, talvez, produtos ou serviços que são superficiais e não farão sequer falta alguma, o que pode ocasionar um atraso de anos para o alcance da independência financeira. Como dito anteriormente, assuntos que tratam de conscientização e objetivos de um planejamento financeiro pessoal revelam que se deve mudar algumas atitudes e adotar outras novas quando se quer mudar a vida financeira para melhor. Sendo assim, abaixo segue um quadro para controle de suas despesas mensais de uma família com duas pessoas. Estrutura financeira: RECEITAS OUTRAS DESPESAS Salário R$ 2.000,00 Cinema / Teatro R$ 80,00 TOTAL DE RECEITAS R$ 2.000,00 Restaurantes R$ 100,00 Vestuário R$ 80,00 DESPESAS Lazer R$ 100,00 GASTOS FIXOS Manutenção da casa R$ 70,00 Luz R$ 60,00 SUBTOTAL R$ 250,00 Água R$ 40,00 Telefone R$ 80,00 Gás R$ 20,00 Prestação da casa R$ 300,00 IPTU R$ 20,00 TOTAL DE DESPESAS R$ 1.800,00 Alimentação R$ 400,00 Transporte R$ 240,00 Plano-saúde R$ 90,00 Previdência R$ 120,00 SUBTOTAL R$ 1370,00 Saldo para aplicação financeira R$ 200,00 Quadro 2 – Estrutura Financeira Fonte: Elaborado pelo autor 21 2.4 ADOÇÃO DA FILOSOFIA DE INVESTIMENTOS A realidade financeira da maioria das pessoas é demasiadamente difícil de se enfrentar por conta de uma constante escassez de recursos. Por isso a necessidade de uma filosofia de investimento que invista parte de seus recursos para resguardar sua renda futura. Os sonhos deveriam ser transformados em objetivos e este é justamente um fato que algumas pessoas jamais tentam realizar. Fica difícil torná-los realidade sem determinação e vontade para ultrapassar obstáculos que geralmente necessitam de algum investimento financeiro para a realização, e é por isso que devemos planejar a situação financeira do amanhã, adotando no nosso dia a dia estratégias para o alcance dos objetivos financeiros. Salviano (2007) explica que: Não existe mágica para formar poupança ou patrimônio. Por mais pequena que seja sua renda atual, é imprescindível você se disciplinar para não gastar tudo o que ganha. É fundamental reservar uma parcela de sua renda para formar poupanças e ou investimentos que irão garantir sua tranqüilidade financeira almejada em momentos de dificuldades. Deve-se adotar uma disciplina de investimentos e segui-la firmemente, não desviando dos objetivos estabelecidos. 2.5 PRODUTOS E SERVIÇOS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS Os produtos e serviços financeiros são praticamente todos iguais, mudando apenas em detalhes, formas de utilização dos produtos. Alguns nomes podem mudar, mas, enfim, a essência do produto ou serviço é a mesma. O investidor encontrará no mercado financeiro brasileiro ações, fundos de investimentos, certificados de depósitos bancários, cadernetas de poupança e outros produtos e serviços como em todos os mercados financeiros no exterior. 22 2.5.1 Clube de Investimentos Trata-se de uma modalidade de investimento de aplicação financeira criada por um grupo de pessoas que desejam investir em conjunto seus recursos em qualquer produto do mercado financeiro estabelecidos no estatuto do clube. Macedo Jr. (2007, p.105), diz que “as pessoas que fazem parte de um clube de investimento, terá um incentivo para que sejam feitos investimentos mensais e não apenas de uma vez, atingindo melhores resultados e diminuindo os riscos”. Cabe ressaltar que todo o Clube de Investimento deve ter no mínimo 51% dos montante dos recursos aplicados em ações. Os 49% restantes poderão ser investidos em outras modalidades de investimentos. Os participantes podem opinar sobre qualquer mudança de regras regidas pelo estatuto do Clube, ocorrendo reunião da Assembléia Geral para discussão dos assuntos. Macedo Jr. (2007, p.103), expõe as principais vantagens de se participar de um clube de investimento: O investidor poderá influenciar a gestão da carteira – se o investidor optar por um fundo, a participação na gestão dos investimentos será bem mais restrita; Qualquer pessoal pode aplicar, mesmo que não tenha alto valor de recursos. São, no mínimo, três e, no máximo 150 participantes. Quando os clubes são criados por pessoas com elo comum como funcionários de uma empresa, por exemplo, não é estipulado limite de participantes. A carteira é mais flexível e bastante diversificada, podendo ser ajustada aseu perfil e ao de seus colegas investidores. A taxa de administração é mais baixa porque a estrutura de gestão é mais simples que a de um fundo. Os custos são menores, pois não há encargos com auditorias e fiscalizações da CVM. Um clube de investimento possui a capacidade de reunir membros, com certo grau de afinidade, para que, juntos, aprendam como funciona o mercado de ações, de títulos e demais produtos financeiros. A partir do momento em que os participantes do clube de investimento começam a trocar ideias entre si, observando as mudanças ocorridas no mercado financeiro, entendendo a importância de se encarar os investimentos com uma visão de longo prazo, começa-se a se colocar em prática a finalidade e objetivo principal de um clube de investimento: a união de forças. Juntos, os participantes de um Clube de Investimento terão as mesmas condições de comprar ou vender ações, como fazem os grandes investidores. 23 2.6 FUNDOS DE INVESTIMENTOS Podemos utilizar como exemplo para um melhor entendimento do que são fundo de investimentos o de um grupo de pessoas que se reúne e decide comprar algo em conjunto, sendo o valor da compra dividido entre os compradores de acordo com o capital disponibilizado para a finalização do processo de compra. Santos (1999) explica que os fundos de investimentos podem ser administrados por bancos, sociedades de financiamento e de investimento e sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários. Lima, Galardi e Neubauer (2006, p.101), definem “um fundo de investimento sendo um conjunto de investidores que visam um objetivo comum. Evidentemente o objetivo do aumento do capital investido”. Podemos também comprar um fundo de investimento como um condomínio. Como todo condomínio, a Assembleia de Cotistas é o órgão decisório e a ela cabe aprovar o balanço social do fundo bem como definir certas funções administrativas que um fundo necessita para ser aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários. Macedo Jr. (2007, p.89) explica que: Existem milhares fundos de investimentos no mercado brasileiro. Cada um possui política de investimento e composição de carteira próprias, que varias das opções mais conservadoras às mais arrojadas. Os fundos podem investir em ações, CBD’s, debêntures, títulos públicos e derivativos. O investidor pode escolher o fundo que tenha política de investimento adequada a seus objetivos. Mas é indispensável acompanhar os investimentos do fundo em tempos em tempos, para avaliar se eles continuam atendendo suas necessidades, que podem mudar com o passar do tempo. Lima, Galardi e Neubauer (2006, p.101) afirmam que “melhor rentabilidade, acesso aos grandes mercados, falta de tempo por parte dos investidores, diluição dos custos são fatores que fazem um investidor aplicar recursos em fundos de investimentos”. Cerbasi (2005, p.137) define os prós e contras dos fundos de investimentos: a) Prós – é uma forma de investir em papéis seguros aos quais uma pessoa física de recursos limitados não teria acesso. b) Contras – Quando administrados por grandes bancos de varejo (onde a maioria possui conta corrente), em geral oferecem baixa rentabilidade e taxas de administração abusivas e raramente explicitadas aos clientes. Há casos 24 de taxas de administração que corroem até um terço de toda a rentabilidade anual do fundo. Taxas superiores a 1% ao ano devem ser abominadas, pois há alternativas bem melhores no mercado. 2.6.1 Funcionamento O investidor, ao aplicar os seus recursos financeiros em um fundo de investimento, estará adquirindo certa quantidade de cotas2 que representarão o patrimônio do fundo de investimento. Lima, Galardi e Neubauer (2006) mencionam que: Ao ingressar em um fundo de investimento, os investidores ficam sujeitos a deveres e direitos, que objetivam um tratamento eqüitativo entre todos. Cada fundo de investimento tem seu conjunto de direitos e deveres, que devem vir expressos nos prospectos e nos regulamentos dos fundos. 2.6.2 Custos Cobrados As taxas que podem ser cobradas pelo administrador do fundo de investimento são: a taxa de administração e, em alguns tipos de fundos, a taxa de performance. Macedo Jr. (2007) explica que a taxa de administração é um percentual fixo, cobrado sobre o patrimônio do fundo. Explica também que “a taxa de performance é sobre um referencial e será cobrada quando o gestor do fundo ultrapassar uma marca pré-estabelecida para a cobrança desta taxa, sendo cobrada pelo percentual de rendimento excedente”. Deve-se avaliar muito bem a taxa cobrada pelos gestores dos fundos de investimentos pois, independentemente do ganho (ou perda) que o investidor terá, as taxas estarão sendo cobradas. Por isso, a escolha do fundo e da instituição que 2 Quando alguém investe em um fundo está, na realidade, adquirindo uma quantidade de cotas, que representam uma parte do patrimônio deste fundo, determinando sua proporção em relação a ele. Este fator acabou originando o termo cotista para o investidor do fundo de investimento. Como a cota é que irá definir a participação do investidor no fundo, a rentabilidade (%) da cota será igual para todos os investidores, independentemente do valor investido. 25 fará a administração é fundamental na hora da escolha deste produto de investimento financeiro. 2.6.3 Risco em Fundos de Investimentos É essencial que o investidor em fundos de investimento tenha a exata noção dos riscos que está correndo de não obter o que esperava ao investir seus recurso. Macedo Jr. (2007, p.) explica que os fundos de investimentos possuem vantagens e desvantagens. Quando um investidor resolve delegar suas decisões de investimentos a um terceiro, está dando a ele um mandato, ou seja, irá dizer ao gestor o que ele pode ou não fazer com seu dinheiro. A CVM e a Anbid3 criam classificações-padrão para esses mandatos. Assim, antes de aplicar seus recursos, o investidor deve procurar saber se seu gestor pode ou não aplicar em ações, em renda fixa ou em outras opções. Quando o investidor for escolher um fundo de investimento, ele não deve apenas dar atenção e se impressionar cos resultados passados obtidos pela administradora do fundo, pois os ganhos passados não garantem o rendimento futuro. É importante fazer a escolha do fundo adequada ao perfil de investidor, saber se o fundo possui um histórico consistente de bons ganhos e ler atentamente o prospecto do fundo. Com isso, o investidor saberá onde estarão seus recursos e decidirá com mais certeza onde irá investir, diminuindo assim seus riscos. 3 ANBID – Associação Nacional dos Bancos de Investimento é a principal representante das instituições que atuam no mercado de capitais brasileiro e tem por objetivo buscar seu fortalecimento como instrumento fomentador do desenvolvimento do país. 26 2.6.4 Transparência na Gestão do Fundo Nesses tempos em que a governança corporativa4 está avançando nos mercados acionários, cabe aqui estabelecer também os mesmos critérios para os gestores de fundos de investimento. Infelizmente, a transparência na gestão dos fundos de investimentos negociados no mercado brasileiro ainda é negligenciada em função de certos argumentos de que a asserção é baseada em conceitos de espionagem. A comissão de valores mobiliários (2008) já informa o nivel de risco dos fundos de investimento, permitindo que o investidor possa inferir o risco de crédito que ele corre ao adquirir cotas desse fundo. 2.6.5 Tipos de Fundos de Investimentos A Resolução 409 da CVM trouxe alterações significativas nas classificações dos fundos. O objetivo da nova classificação é simplificar o processo e tornar claro ao investidor o tipo de fundo ao qual está se associando e o tipode risco que pode existir. São sete as novas categorias: 4 Trata-se de um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os acionistas e os cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade. 27 2.6.5.1 Fundo de Certo Prazo Os fundos de investimento dessa categoria possuem a sua carteira de investimentos composta por títulos de renda fixa cujo prazo seja inferior a 365 dias, possuindo assim um prazo médio da carteira menor. Macedo Jr. (2007, p.93) define: São considerados os mais conservadores, com cotas menos sensíveis às oscilações das taxas de juros. Investem em títulos públicos federais ou privados de baixo risco com prazo máximo a decorrer de 375 dias. O prazo médio da carteira é de, no máximo, 60 dias. Podem ser títulos de renda fixa, pós ou pré-fixados, e geralmente sua rentabilidade está atrelada à taxa de juros usada nas operações entre os bancos, o CDI5. 2.6.5.2 Fundos Referenciados Os fundos de investimentos dessa categoria têm por objetivo de rentabilidade proporcionar uma rentabilidade atrelada a um indexador financeiro e a sua carteira de investimento deverá ser composta (95%) por títulos de renda fixa que tenham rentabilidade atrelada a esse indicador financeiro. Macedo Jr. (2007, p.94) define: Os mais conhecidos são os referenciados DI, que acompanham a variação diária das taxas Selic e CDI e se beneficiam em um cenário de alta de juros. Esses fundos investem, no mínimo 80% em títulos públicos federaisou em títulos de renda fixa privados de baixo risco. No mínimo, 95% de sua carteira é composta por ativos que acompanham a variação de seu indicador de desempenho. 5 De forma a garantir uma distribuição de recursos que atenda ao fluxo de recursos demandados pelas instituições, foi criado, em meados da década de 1980, o CDI. Os Certificados de Depósito Interbancário são os títulos de emissão das instituições financeiras que lastreiam as operações do mercado interbancário. Suas características são idênticas às de um CDB, mas sua negociação é restrita ao mercado interbancário. Sua função é, portanto, de transferir recursos de uma instituição financeira para outra. Em outras palavras, para que o sistema seja mais fluido, quem tem dinheiro sobrando empresta para quem não tem. 28 2.6.5.3 Fundos de Renda Fixa Cerbasi (2007, p.136) conceitua como um “fundo no qual participantes compram as cotas de uma instituição com base em títulos emitidos pelo governo, características de CDB e taxas preestabelecidas”. Lima, Galardi e Neubauer (2006, p.117) dizem que: Neste tipo de fundo, é exigido que, no mínimo 80% da carteira esteja relacionada diretamente (através de títulos de renda fixa públicos e/ou privados) ou através de derivativos, à variação da taxa de juros doméstica ou de índice de inflação, ou ambos. Estes fundos poderão ser de curto ou longo prazos (neste último caso, quando o prazo médio de sua carteira for superior a 365 dias). Se o fundo for considerado de longo prazo, não poderá ser utilizada a cota de aventura. Uma vantagem, mas na qual o investidor deverá prestar bastante atenção, é que, neste tipo de fundo, a instituição administradora não poderá cobrar a taxa de performance, somente a de administração. Este item é de grande importância na escolha para destinação dos recursos, pois a taxa de administração pode ser mais elevada, fazendo com que os gestores das entidades prefiram a participação dos investidores neste tipo de fundo de investimento. 2.6.5.4 Fundos Cambiais Os fundos dessa categoria têm a sua carteira de investimentos composta por (80%) títulos de renda fixa que tenham como objetivo de rentabilidade proporcionar a variação de preços de uma determinada moeda estrangeira. Macedo Jr. (2007, p. 94) afirma: Esses fundos mantêm, no mínimo, 80% do seu patrimônio investido em ativos que sejam relacionados à variação de preços de uma moeda estrangeira ou a uma taxa de juros (cupom cambial). Os mais conhecidos são os fundos Cambiais Dólar, que seguem a variação da cotação da moeda norte-americana. Como estão sujeitos aos custos de taxa de administração, Imposto de Renda e variação da taxa de juro, esses fundos não refletem exatamente a cotação da moeda estrangeira em questão. 29 Cerbasi (2005, p.139), conceitua: “são fundos que pagam seus juros em dólar. Possui baixos juros, perdendo para as demais aplicações, porém quando o dólar sobe, o investidor recebe os juros mais a variação cambial”. É um tipo de fundo que possui seus riscos vinculados à desvalorização da moeda estrangeira. 2.6.5.5 Fundo de Ações Cerbasi (2005) diz que estes são fundos que possuem ações e tentam acompanhar o desempenho das principais ações do mercado ou de um segmento específico, como, por exemplo, o setor das empresas de energia elétrica. Os fundos dessa categoria têm a sua carteira de investimentos composta por 67% (no mínimo) em ações de empresas negociadas em Bolsa de Valores. Lima, Galardi e Neubauer (2006, p.117) dizem: Neste tipo de fundo, é exigido que no mínimo 67% da carteira de ações seja admitida para negociação no mercado a vista em bolsa de valores ou balcão organizado. É indicado aos investidores que não necessitam de liquidez imediata e toleram volatilidade. Macedo Jr. (2007) conceitua que são indicados para longo prazo. Possuem as oscilações do preço dos papéis que compõem sua carteira. Existem muitas instituições que possuem este tipo de fundo, com isso, muitos gestores com diferentes filosofias de investimentos os administram e uma grande diferença na composição da carteira do fundo faz com que eles tenham muitas diferenças que devem ser adequadas ao risco que o investidor está disposto a enfrentar. Enquanto nos fundos de renda fixa a principal atenção deve estar voltada para a taxa de administração cobrada, no caso dos fundos de ações a questão é outra. É preciso avaliar a capacidade de gestão. Muito se diz no mercado financeiro que os resultados passados não refletem os resultados futuros, mas este é um fator que se deve levar em consideração antes do desprendimento dos recursos. Zaremba (2007, p.114) afirma que: 30 A qualidade da gestão se reflete na escolha das empresas que farão parte do fundo e no giro dado à carteira. Fundos que se propõem a replicar o resultado do Ibovespa6 não precisam de capacidade de gestão alguma. Basta compor uma carteira que “imite”, da forma mais próxima possível, a composição do índice. No caso desses fundos, a taxa de administração deveria ser sempre bem baixa porque não é necessário remunerar talentos para reproduzir um dado índice. Cerbasi (2005, p.141) define elementos positivos e negativos neste tipo de investimento: a) Prós – São a forma mais simples de negociar ações, exigindo mais o entendimento de como se comportam a economia e o mercado do que o conhecimento das empresas em si. b) Contras – Taxas de administração, exposição a riscos econômicos e políticos e grande instabilidade de comportamento, o que exige muita experiência dos investidores. 2.6.5.6 Fundos de Dívida Externa Os fundos desta categoria têm a sua carteira de investimento composta por (80%) por títulos emitidos pelo governo brasileiro negociado no mercado internacional. Macedo Jr. (2007) afirma que tais fundos possuem, no mínimo, 80% de seu patrimônio em títulos brasileiros negociados no exterior. Os 20% restantes podem ser aplicados em outros títulos de crédito transacionados no mercado internacional. Lima, Galardi e Neubauer (2006, p.118) consideram “osfundos de dívida externa, um fundo de alto risco”. 6 É o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações constituída em 02/01/1968 (valor-base: 100 pontos), a partir de uma aplicação hipotética*. Supõe-se não ter sido efetuado nenhum investimento adicional desde então, considerando-se somente os ajustes efetuados em decorrência da distribuição de proventos pelas empresas emissoras (tais como reinversão de dividendos recebidos e do valor apurado com a venda de direitos de subscrição, e manutenção em carteira das ações recebidas em bonificação). Dessa forma, o índice reflete não apenas as variações dos preços das ações, mas também o impacto da distribuição dos proventos, sendo considerado um indicador que avalia o retorno total de suas ações componentes. 31 2.6.5.7 Fundos Multimercados São fundos de nível de risco médio ou alto, que investem em diversas classes de ativos (renda fixa, ações, câmbio, índices de preço e derivativos), podendo ou não ter alavancagem7. Seu objetivo é a busca de retorno no longo prazo, através de deslocamentos táticos entre as diversas classes de ativos. Os Fundos Multimercados não possuem intervalos de alocação predeterminados, ou seja, um fundo multimercado poderá estar aplicado em 30% em renda variável em um dia e zerar totalmente a posição no dia seguinte. Lima, Galardi e Neubauer (2006, p.118) conceituam: Seu objetivo é formar um mix de ativos e benchmarks, mediante estratégia de investimento diversificada, sem a necessidade de concentração em qualquer um deles. Em sua carteira, podem existir títulos de renda fixa e ações. Quanto maior for a quantidade de ações, maior será a volatividade. É considerados um fundo de médio risco, e as instituições financeiras o recomendam ao investidor que não necessita de liquidez imediata. Zaremba (2007) define que os multimercados possuem grande importância e crescimento, atrelado aos novos produtos e grande quantidade de gestores especializados nesses fundos. Os fundos dessa categoria obtêm a sua rentabilidade fundamentalmente a partir de operações de derivativos financeiros. Os derivativos financeiros são contratos que visam a simular um conjunto de operações de modo a permitir que o gestor do fundo possa alavancar o patrimônio do fundo em uma determinada estratégia de investimento. Zaremba (2007, p.88) diz que: O objetivo básico de tais fundos é superar o rendimento da taxa selic por meio de operações de arbitragem nos mercados de juros, câmbio e ações. O 7 A Alavancagem define o grau de utilização dos recursos de terceiros para aumentar as possibilidades de lucro, mas também aumenta o grau de risco da operação. No caso de uma empresa, quanto maior for seu grau de endividamento, maior será sua alavancagem (podendo ser positiva ou negativa em termos de resultados). No caso do mercado de fundos, trata-se de fazer um investimento maior que o patrimônio do fundo. Um exemplo é comprar um lote de ações pagando somente parte de seu valor nos mercados de opções, a termo e futuro. Se ocorrer uma variação desses papéis, o investidor é extremamente beneficiado, pois a quantia inicialmente investida é reduzida, e seu retorno é bem mais acentuado. O inverso é verdadeiro: se ocorrer uma desvalorização desses papéis, o valor das opções compradas será drasticamente reduzido. 32 fundo terá sua posição principal em títulos governamentais e fará posições de arbitragem ou direcionais sempre que o gestor julgar existir margem para ganho a um nível de risco aceitável. 2.7 INVESTIMENTOS EM RENDA FIXA Os investimentos em renda fixa são caracterizados de fixos, pois, no momento da aplicação dos recursos, o investidor já pode dimensionar seus ganhos futuros. São aplicações financeiras estáveis e, por isso, são considerados investimentos conservadores e de menor risco. Castro (1979, p. 92) diz que “são aqueles que contêm um componente de remuneração periódica determinada contratualmente”. Pinheiro (2007) menciona que ao se efetuar um investimento em renda fixa, o investidor estará adquirindo um título de dívida. Trata-se um contrato por meio do qual o investidor fará um empréstimo em dinheiro ao emissor do papel que, em troca, lhe paga quantias fixas a intervalos regulares, que são o pagamento de juros, até uma data específica, a data do vencimento do papel, quando então é feito um pagamento final, o resgate do título. Podemos ainda definir os investimentos em renda fixa como um tipo de rendimento obtido por um investimento em títulos do mercado financeiro. 2.7.1 Caderneta de Poupança É a modalidade de investimento que possui a maior tradição e a mais conservadora do mercado. Permite ao investidor aplicar pequenas somas com rendimentos a cada 30 dias. Macedo Jr. (2007, p.112) afirma que “é a forma de investimento mais conservadora e com a mais baixa rentabilidade ao longo de sua história. Rende apenas cerca de 0,5% ao mês mais TR8”. 8 Sigla para Taxa Referencial de Juros. A TR foi criada no Plano Collor II com a intenção de ser uma taxa básica referencial dos juros a serem praticados no mês. Em 1990, foi usada como índice econômico de correção monetária, o que gerou protestos e ações na Justiça. Durante a fase mais aguda da Inflação Brasileira, havia ainda a TRD – Taxa Referencial Diária. http://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Collor http://pt.wikipedia.org/wiki/Justi%C3%A7a 33 Fortuna (2002) diz que este é um investimento que tem tradição pela sua facilidade de investimento. É possível efetuar aplicações de pequenos valores e se conseguir uma rentabilidade após a data de aniversário (mensal) da aplicação. Mesmo com uma baixa taxa de rentabilidade mensal, a caderneta de poupança é um investimento muito procurado, sendo uma forma encontrada para a proteção ou para reservas de capital. Cerbasi (2005, p.135), define algumas características da caderneta de poupança: • Qual seu risco? Ao contrário do que muitos pensam, a poupança tem algum risco. Se o banco em que você tem poupança quebrar, há um fundo criado pelos bancos que serve como uma espécie de seguro e devolve até 20 mil reais a correntista prejudicado. • Prós: é o único investimento sobre o qual não incide Imposto de Renda, possui baixo risco, a taxa é igual em todos os bancos e é de conhecimento público. • Contras: oferece baixa rentabilidade, perdendo para a maioria das aplicações de baixo risco do mercado. Zaremba (2007) salienta que o investidor que optar pela caderneta de poupança terá garantia e comodidade, lembrando que risco menor e pouco trabalho, significam normalmente ganhos inferiores. Fortuna (2002, p.252), afirma que “os bancos, em função da concorrência, vêm criando alternativas e facilidades para a poupança, que viabilizem um aumento da liquidez e facilidade de movimentação das cadernetas”. 2.7.2 Títulos Públicos São papéis emitidos pelos poderes públicos federais, estaduais ou municipais. Um dos principais objetivos dessa emissão é os governos poderem financiar as suas dívidas, pagando remuneração com taxas prefixadas ou pós- fixadas. As instituições financeiras interessadas compram esses títulos, emprestando recursos aos governos e colocam esses papéis nas carteiras dos fundos de investimento, remunerando o investidor. Os riscos dos títulos públicos é o risco dos governos não honrarem os compromissos assumidos. 34 2.7.2.1 Tesouro Direto Tesouro Direto ou Títulos Públicos são papéis emitidos pelos poderes públicos federais, estaduais ou municipais. Um dos principais objetivos dessa emissão é os governos poderem financiar as suas dívidas, pagando remuneração com taxas prefixadas9 ou pós-fixadas10. Macedo Jr. (2007, p.114) define o seguinte: Tesouro Diretoé um programa de venda de títulos públicos a pessoas físicas via Internet, desenvolvido pelo Tesouro Nacional em parceria com a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia. Comprando esses “papéis”, o governo passa a ser seu devedor e se compromete a pagar o empréstimo mais os juros decorrentes dele na chamada data de vencimento ou resgate do título. Essa é uma forma de a União regular a oferta de moeda no mercado e também de conseguir recursos para financiar atividades do governo federal, como educação, saúde e infra-estrutura. Zaremba (2007) explica que o Tesouro Direto está disponível para os investimentos de qualquer pessoa física ou jurídica. Está ao alcance da maioria dos investidores por oferecer aplicação a partir de R$ 200,00. Esta modalidade de investimento pode ser uma ótima escolha de curto, médio ou longo prazo devido ao seu baixo custo, boa rentabilidade e pela sua liquidez que é quase imediata. Se o investidor necessitar fazer o resgate dos seus títulos públicos, poderá fazer a qualquer tempo pelo seu valor de mercado, uma vez que o Tesouro Nacional garante a recompra de seu título. Macedo Jr. (2007, p.114-115) enumera sete vantagens do Tesouro Direto: Baixo Custo – Alguns títulos custam menos de R$ 1 mil. Mas o valor mínimo que você precisa desembolsar para investir no Tesouro Direto é inferior a R$ 200,00, porque você pode adquirir apenas uma fração de, no mínimo, 20% do preço total de um título. Liquidez do investimento – O resgate dos títulos é feito automaticamente na data do vencimento, mas estes podem ser colocados à venda antes, pelo preço de mercado. Rentabilidade elevada – Os rendimentos são superiores aos das demais aplicações financeiras equivalentes disponíveis no mercado. Segurança – O risco que de a União não pague os títulos é muito baixo, ou seja, esse investimento é 100% garantido pelo governo federal. 9 Taxa pré-fixada não possui variação ou correção, ou seja, o valor da parcela permanece inalterada do início ao fim e já está tudo definido. 10 Taxa pós-fixada, trata-se de possíveis correções de inflação que recairão sobre as parcelas advindas. Quer dizer refazer acordo. Normalmente se refaz um contrato em alguma clausula, podendo ser de juros ou prazos estendidos para facilitar o pagamento ou recebimento. 35 Opções de investimento – Cinco tipos de títulos, com taxas pré ou pós- fixadas e datas de vencimento a curto, médio e longo prazos. Diferencial – Reduzidas taxas de administração e de custódia e Imposto de Renda cobrado somente no momento da venda, vencimento do título ou dos pagamentos dos juros intermediários. Comodidade e fácil acesso – Tudo realizado com segurança via Internet. Existem muitas vantagens de se efetuar investimento no tesouro direto. É uma transação bastante simples que deverá fazer parte da carteira de investimento dentro de um organizado planejamento financeiro. 2.7.2.2 Como Escolher um Título Para saber qual título público o investidor fará seu investimento, ele deverá analisar os títulos divididos entre os pré-fixados (rentabilidade definida no momento da compra) e os pós-fixados (rentabilidade definida no vencimento). Entre os pré- fixados, uma boa alternativa é a compra de LTN – Letras do Tesouro Nacional, e entre os pós-fixados encontramos como uma boa opção de investimentos é a LFT – Letras Financeiras do Tesouro. 2.7.3 LTN Lima, Galardi e Neubauer (2006) conceituam a LTN como um título emitido pelo Tesouro Nacional para cobertura do déficit orçamentário, antecipar receitas e atender determinações legais. Como a taxa que o investidor receberá no vencimento já é definida no momento da compra do título, a LTN se torna um bom investimento para as economias do investidor que possui um objetivo concreto próximo. Fortuna (2002, p. 69) diz que “é um título prefixado sem fator de remuneração e os juros a serem pagos estão implícitos no deságio do título quando de sua emissão e pagos quando de seu resgate pelo valor nominal ou de face”. Macedo Jr. (2007, p. 119) explica o seguinte: 36 As LTN são lançadas sempre tendo R$ 1 mil como valor de face, que é o valor que o Tesouro pagará por esse título em data futura. Então se comprar uma LTN 010109 saberá que, no dia 1º de janeiro de 2009, receberá do Tesouro Nacional o valor de R$ 1 mil. O valor da compra do Título desembolsado pelo investidor será menor que R$ 1 mil para que o investidor receba a taxa de juros da operação. Lima, Galardi e Neubauer (2006) afirmam que a LTN possui atualização de seu preço de mercado, a data do vencimento é definida na compra do título e o investidor receberá o valor pré-definido somente no vencimento. Além da segurança e liquidez total, garantidas pelo Governo, as LTN são consideradas disponíveis no balanço das empresas. 2.7.4. LFT Lima, Galardi e Neubauer (2006) conceituam a LFT como um título emitido pelo Tesouro Nacional para cobertura do déficit orçamentário, antecipação de receitas e atender determinações legais. O rendimento da LFT é determinado de acordo com a taxa acumulada no período no mercado SELIC. Já o resgate é definido pelo valor nominal, acrescido do respectivo rendimento, desde a data-base do título. Macedo Jr. (2007, p.122) define que: Esses títulos são uma boa opção para investidores conservadores, que não toleram aplicações que variam muito. Se você pretende comprar a casa própria, por exemplo, e não quer sofrer com flutuações no valor de suas economias, esses títulos são a melhor alternativa de investimento. Fortuna (2002) diz que a LFT é emitida em oferta pública, leilões ou diretamente pelos investidores. 2.7.5 Certificado de Depósito Bancário – CDB Os CDBs são uma das principais alternativas de investimento no mercado brasileiro. Os CDBs são títulos emitidos por bancos, que podem ser vistos como um 37 depósito bancário, já que ao comprar o CDB você na verdade está emprestando o dinheiro para o banco, e recebendo em troca o pagamento de juros. Lima, Galardi e Neubauer (2006) definem CDB como um dos principais instrumentos de captação de recursos pelas instituições financeiras e repassados aos clientes da instituição através de empréstimos bancários. Macedo Jr. (2007, p.129) conceitua: Os Certificados de Depósito Bancários (CDB) são títulos emitidos pelos bancos, que pagam taxas de juros no vencimento. Comprar o CDB é como se você estivesse emprestando dinheiro ao banco. O banco paga determinada taxa de juros para você e usa esse dinheiro para conceder empréstimos para outras pessoas, cobrando delas uma taxa de juros maior. A taxa de juros pode ser pré ou pós- fixada. Zaremba (2007) explica que CDB é uma aplicação para médios e grandes investidores, pois estes poderão conseguir uma taxa mais alta que o pequeno investidor devido ao montante aplicado. Assim, o investidor deve pesquisar e negociar taxas com as instituições financeiras, pois, nos casos em que se consegue a taxa plena de uma CDB, ele terá um rendimento financeiro maior que os fundos de investimentos fixos, já que não haverá a taxa de administração. 2.7.5.1 Riscos de Investimentos Ao aplicar seu dinheiro em um CDB, o maior risco é de que o banco que emitiu o CDB fique inadimplente, ou seja, que o banco quebre antes de pagar seus clientes. Lima, Galardi e Neubauer (2006, p.137-138) definem três riscos deste produto financeiro: • Risco de Crédito: ocorre quando se contrata um CDB com uma instituição financeira que entra em liquidação extrajudicial, não conseguindo, dessa forma, honrar o título, Este risco é minimizado através da proteção do Fundo Garantidor de Crédito, que garante até R$ 20.000,00. • Risco de Mercado: mudanças nas taxas de juros, o que pode ser minimizado através da possibilidade de resgate antecipado. • Risco deLiquidez: conforme mencionado, é um título que prevê transferência de titularidade, é negociável e pode ser resgatado antecipadamente em certas modalidades. Portanto, seu risco de liquidez é bastante reduzido. 38 No vencimento do CDB, você recebe um crédito automático em sua conta corrente, já descontado o pagamento de imposto de renda sobre o rendimento bruto do CDB no período. 2.7.6 Debêntures São títulos emitidos por empresas de capital aberto e geralmente são destinados ao financiamento de projetos de investimentos da sociedade. Lima, Galardi e Neubauer (2006) conceituam debêntures como sendo papéis de médio e longo prazo que conferem ao seu detentor (debenturista) um direito de crédito contra a empresa. Fortuna (2002, p. 254) afirma que “elas garantem ao comprador uma remuneração certa num prazo certo, não dando, como rege, o direito de participação nos bens ou lucros da empresa”. Macedo Jr. (2007, p.131) define: Quando empresas precisam tomar empréstimos no mercado, emitem esses títulos de renda fixa. Se você compra debêntures, está emprestando dinheiro para a empresa que as emitiu. As companhias podem fazer lançamentos de debêntures de forma particular ou pública. O prazo de vencimento e a remuneração são preestabelecidos e os ativos da empresa que emitiu os títulos podem ser dados como garantia. Quando se adquire debêntures, o investidor estará adquirindo uma dívida da empresa; por isso, deve escolher bem a empresa deste investimento para que não corra o risco da empresa não cumprir sua dívida. Se a escolha dos títulos for de grandes empresas que possuem suas ações com grandes volumes de negócios na Bolsa de Valores de São Paulo, isso dificilmente irá acontecer, fazendo com que o investidor tenha um menor risco nesta aplicação. Zaremba (2007) diz que é um ativo sofisticado e possui muito mais variáveis a serem consideradas pelo investidor, fazendo parte também de um bom produto de poupança. 39 2.7.6.1 Tipos de Debêntures Zaremba (2007, p.84) evidencia os dois tipos de debêntures: a) Simples – a dívida por elas representadas é resgatável exclusivamente em dinheiro. b) Conversíveis em ações – são resgatáveis em dinheiro ou, à opção do debenturista, conversíveis em ações da sociedade emitente. No caso desse tipo de debêntures, são estabelecidas, além das condições de remuneração e resgate, os termos para a conversão em ações. 2.8 INVESTIMENTOS EM RENDA VARIÁVEL Muitos pontos devem ser considerados quando o investidor decide optar pelos investimentos em renda variável, e o principal deles é que, para isso, o investidor deve estar plenamente capacitado a este tipo de investimento, pois estará mais sujeito às oscilações de mercado, investindo com suas decisões. 2.8.1 Tipos de Investidores O investimento em ações é um investimento de longo prazo. Porém, podemos encontrar diversos tipos de investidores que atuam de maneiras diferentes no mercado de ações. Zaremba (2007, p.127) descreve alguns deles: a) os especuladores – giram muito suas carteiras, procurando maximizar seus ganhos mediante uma série de operações de compra e venda distintas; b) os com visão de longo prazo – que aplicam recursos com objetivo de valorização ao longo do tempo e fazem suas compras de acordo com análises fundamentalistas baseadas na projeção de resultados futuros das empresas das quais pretendem se tornar sócios; c) os afoitos – que compram e vendem com base em dicas ou acontecimentos específicos; d) os adeptos exclusivos da análise gráfica – que tomam suas decisões apenas considerando os gráficos do comportamento das diversas ações oferecidas no mercado; e) os temporários – que apenas procuram o mercado quando está em claro processo de alta. 40 Macedo Jr. (2007) define apenas dois tipos de negociantes na Bolsa: especuladores – é aquele que compra e vende para lucrar no curto prazo, e os investidores – é aquele que compra a ação e quer o que a empresa tem a lhe dar. Com esta definição, podemos complementar que os especuladores pensam somente em obter lucros com as ações e seu valor no mercado e os investidores querem que as empresas lucrem para que o capital nelas investido cresça no mesmo sentido. Zaremba (2007, p. 128) diz que: Investimento em ações é um investimento de longo prazo. Tenha isso sempre em mente. No entanto, se você gosta de especular, tudo bem, isso também faz parte do jogo, mas saiba que correrá sempre um risco maior de perder dinheiro. Sugiro concentrar 90% dos recursos em ações de empresas sólidas e bem geridas, e deixar o tempo fazer o resto. Os outros 10% podem ser dedicados a sua “necessidade” de dominar o mercado. 2.8.2 O que são ações Ações é um pedaço de uma empresa. Quando o investidor coloca seus recursos em ações, ele estará se tornando um sócio da empresa, pois terá uma parte dela em seu nome. Macedo Jr. (2007) define que para uma empresa crescer, ela abre o seu capital, oferecendo suas ações no mercado, adquirindo mais sócios e com isso, conseguindo mais recursos para investimentos. Assaf Neto (2001) diz que ações constituem-se em títulos da menor fração do capital social de uma empresa (sociedade anônima, sociedade por ações ou companhia). O acionista não é um credor da companhia, mas um co-proprietário e sócio da entidade, com direito a participação em seus resultados. Uma ação de uma empresa não possui prazo de resgate, podendo ser convertida em dinheiro a qualquer momento, colocando-a em uma negociação no mercado. O investidor pode, sempre que desejar, alterar sua participação acionária, desfazendo-se de títulos possuídos ou mesmo vendendo as ações de uma empresa e adquirindo outras. Cerbasi (2005, p.140) conceitua: 41 Participações nos resultados da empresa, que distribuem dividendos (partes de seus resultados) quando ocorrem lucros. No instável mercado brasileiro, muitas vezes se negociam ações muito mais pelo potencial de valorização de seu preço no mercado do que pelo próprio dividendo. 2.8.2.1 Tipos de Ações As ações são classificadas basicamente em dois tipos: ordinárias e preferenciais. 2.8.2.1.1 Ordinárias Lima, Galardi e Neubauer (2006) definem as ações ordinárias como a ação que dá direito a voto nas Assembleias, voto que terá valor de acordo com a quantidade de ações de posse do investidor. Assaf Neto (2001) define que são as ações que possuem direito a voto em assembleias de acionistas das empresas. Os acionistas ordinários podem eleger e destituir os membros da diretoria e do Conselho Fiscal da companhia; decidir sobre o destino dos lucros; reformar o estatuto social; autorizar emissões de debêntures a aumentos de capital social, votar contas patrimoniais, etc. 2.8.2.1.2 Preferenciais Assaf Neto (2001) diz que prioridade no recebimento de dividendos e prioridade no reembolso do capital investido na sociedade no caso de sua falência são características das ações preferenciais. Lima, Galardi e Neubauer (2006, p.125) conceituam: É a ação que tem preferência na distribuição dos lucros e no reembolso do capital, no caso de liquidação da sociedade. Os acionistas detentores deste tipo de ação normalmente recebem um percentual superior de remuneração em relação às ações ordinárias, mas não tem direito a 42 voto. Caso a empresa, durante três anos consecutivos, não distribua dividendos por qualquer motivo, as ações preferenciais passam a ter direito a voto. 2.8.3 Primeiros Passos Investimento em ações é algo bastante simples. No entanto, o investidor deve aprender como avaliar os valores fundamentais e os financeiros de uma empresa e investir de acordo com suas convicções. Macedo Jr. (2007) enumera estratégias mais recomendadas para um investidor: a) Investir regularmente; b) reinvestir todos os lucros e dividendos; c) escolher
Compartilhar