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CIÊNCIAS DOS MATERIAISCIÊNCIAS DOS MATERIAIS PROPRIEDADES MECÂNICASPROPRIEDADES MECÂNICAS DOS SÓLIDOS E METAISDOS SÓLIDOS E METAIS Autor: Dr. Gabriel Alves Gomes Revisor : Luc iano Gald ino I N I C I A R introdução Introdução Nesta unidade, demonstraremos como as propriedades mecânicas dos materiais sólidos dependem das características morfológicas e químicas de cada classe de materiais, nos restringindo, na maior parte do tempo, aos materiais metálicos. Abordaremos ao longo dos tópicos os conceitos de tensão e deformação, relacionando estes à interpretação da Lei de Hooke, além de analisar conceitos importantes como resiliência, tenacidade, ductilidade, fragilidade e dureza. Abordaremos os aspectos da difusão nos sólidos, entendendo os fatores que in�uenciam nos mecanismos de difusão atômica, e entendendo as Leis de Fick para a difusão. Estudaremos mais profundamente as propriedades dos materiais, relacionando as estruturas cristalinas às principais propriedades mecânica, elétrica, magnética entre outras. Por �m, nos debruçaremos um pouco mais sobre os materiais metálicos, entendendo os principais aspectos dos metais puros e das ligas metálicas, dando início a uma abordagem para a interpretação de diagramas de fase em equilíbrio. Uma série de materiais de interesse em Engenharia precisam ser submetidos a esforços ou cargas de solicitação durante sua utilização. É atribuição do pro�ssional dessa área compreender e interpretar de que forma podem ser medidas as diversas propriedades mecânicas dos materiais e o que essas características particulares representam na vida útil do material. Essas análises fornecem indicadores importantes para que sejam evitadas eventuais falhas ou níveis alarmantes de deformação, visando preservar a integridade dos materiais envolvidos em um projeto. Analisaremos aqui as principais propriedades mecânicas importantes para um projeto, em que o comportamento mecânico fornecerá a relação entre a resposta de um material (interpretado como sua deformação) quando da aplicação de uma força (ou carga de solicitação). Essas propriedades são veri�cadas usualmente pela realização de experimentos de laboratório que buscam reproduzir as condições de serviço daquele membro durante seu uso. Nesse aspecto, as cargas submetidas às amostras podem ser de tração, compressão ou cisalhamento, e sua magnitude pode ser constante ou variar ao longo do tempo. Introdução às PropriedadesIntrodução às Propriedades Mecânicas dos Materiais SólidosMecânicas dos Materiais Sólidos As informações do comportamento mecânico do material estudado, como rigidez e resistência, são analisadas em um grá�co, que relaciona a quantidade de esforço de solicitação em função das deformações que o material sofre durante o ensaio. A combinação de diferentes propriedades mecânicas são determinantes para a escolha de um material para determinadas aplicações. Ligas leves, por exemplo, são constantemente selecionadas para integrar peças de aeroplanos, em função das reações aerodinâmicas de sustentação, enquanto ligas mais robustas normalmente integram dispositivos estruturais em construção civil. Neste tópico, concentraremos esforços na discussão do comportamento de tensão-deformação dos metais e as propriedades mecânicas relacionadas, fazendo uma breve análise dos ensaios de tração e as conclusões tomadas a partir de sua interpretação. Tensão e Deformação Quando uma carga (estática ou variável) é aplicada uniformemente sobre a superfície de um elemento, essa interação induz uma deformação do material e o seu comportamento mecânico pode ser investigado a partir de um ensaio tensão-deformação. Dois desses ensaios mais comuns são os ensaios de tração e compressão, sendo importantes para caracterizar as propriedades mecânica que os materiais apresentam quando tendem a ser deformados. A cada período de tempo (que pode variar de milissegundos a horas), o comportamento mecânico do material é registrado com precisão, com o auxílio de um computador, em um grá�co relacionando a carga aplicada com a deformação (alongamento ou achatamento) da amostra, geralmente conformada em um corpo de prova de seção transversal cilíndrica ou retangular. A Figura 3.1 mostra uma representação esquemática do dispositivo utilizado nos ensaios de tensão-deformação sob tração e na Figura 3.2 são mostrados alguns exemplos de corpos de prova padrão para estes ensaios. Essas características mecânicas dependem das dimensões geométricas do corpo de prova, onde a tensão de engenharia é de�nida pela equação: (1) onde é a carga instantânea aplicada, em newtons (N) e é a área da seção transversal original (antes da aplicação da carga), em metros quadrados (m²). A unidade usual de tensão, no Sistema Internacional de Unidades (SI), é o megapascal (MPa), onde 1 MPa= N/m². Por sua vez, a deformação de engenharia é dada pela relação: Figura 3.1 - Representação ilustrativa de um dispositivo usado na condução dos ensaios de tração. Fonte: Wikimedia Commons/ H.W. Hayden, W.G. Mo�at e J. Wul�. Figura 3.2 - Exemplos de corpos de prova metálicos (aço e ligas de alumínio) para ensaios de tração. Fonte: Wimedia Commons/ Andrzej Otrebski. σ = F/A0 F A0 106 (2) em que corresponde ao comprimento inicial antes da carga ser aplicada, é o comprimento no instante de aferição e a diferença entre os comprimentos instantâneo e original. Na Figura 3.3 podemos ver como a tensão e a deformação se correlacionam para corpos de diferentes geometrias nos ensaios de tração. Perceba que a deformação corresponde a uma razão entre comprimentos, logo as unidades usualmente adotadas (SI) são o metro por metro (m/m) ou milímetro por milímetro (mm/mm). Outros ensaios, como os de compressão, torção e cisalhamento, podem também ser aplicados em vias de se obter o comportamento de materiais nessas condições. Os ensaios de compressão, por exemplo, são conduzidos de forma semelhantes aos de tração, com a força compressiva contraindo o corpo de prova ao longo da sua direção transversal, produzindo um aumento da área da seção transversal da amostra. Por convenção, as forças de compressão serão negativas (no sentido contrários às forças de tração positivas), e as equações (1) e (2) apresentarão valores negativos. De acordo com Callister (2018, p. 132), os ensaios de compressão são normalmente empregados para investigar o comportamento de um material submetido a ϵ = (l − ) / = Δl/l0 l0 l0 l0 l Δl Figura 3.3 - Ilustração esquemática de corpos de seção reta retangular e circular sob tração, produzindo um aumento de seu comprimento linear. Fonte: Elaborado pelo autor. grandes deformações permanentes, tal como ocorre em operações de fabricação. Agora sabemos que o resultado direto da ação de solicitações externas sobre um material sob tração ou compressão é a mudança nas suas dimensões de altura (direção vertical, ) e largura (direções horizontais, e ), mutuamente perpendiculares. Supondo um ensaio de tração, se as tensões forem aplicadas apenas na direção vertical, teremos deformações laterais proporcionais à dimensão da amostra, que seguirá um parâmetro chamado coe�ciente de Poisson ou razão de Poisson, de�nido por: (3) Se as dimensões laterais forem iguais e o material for, portanto, isotrópico, a deformação e serão iguais, podendo trabalhar com qualquer destas na Equação 3. Para a maioria dos materiais, os valores do coe�ciente de Poisson �cam entre 0,25 e 0,35, sendo os menores valores atribuídos normalmente às cerâmicas (como os óxidos e carbetos) e valores maiores aos metais e materiais poliméricos. Na tabela 3.1 são mostrados os valores dessas razões para algumas classes de materiais metálicos. Deformação Elástica A deformação de uma estrutura depende da magnitude da tensão sobre ela imposta, onde podemos relacionar uma proporcionalidade entre tensão e deformação pela Lei de Hooke: (4) em que é o módulo de elasticidade ou módulo de Young, uma constante de proporcionalidade que afere a rigidezou resistência do material, com unidades de GPa. Para a maior parte dos metais típicos, a magnitude desse módulo varia entre 45 GPa (magnésio) e 407 GPa (tungstênio). Outras unidades também são z x y v = − /ϵx ϵz ϵx ϵy σ = Eϵ E admitidas, como a unidade inglesa psi (libras por polegadas quadradas). Apresentamos na tabela 3.1 os valores de módulo de elasticidade para algumas ligas metálicas típicas. Perceba que as unidades estão em gigapascal (GPa) que equivale a 10³ MPa. Tabela 3.1 - Módulos de elasticidade e coe�ciente de Poisson para diversas ligas metálicas. Fonte: adaptado de Callister (2018) Liga metálica Módulo de elasticidade (GPa) Coe�ciente de Poisson Alumínio 69 0,33 Latão 97 0,34 Cobre 110 0,34 Magnésio 45 0,29 Níquel 207 0,31 Aço 207 0,30 Titânio 107 0,34 Tungstênio 407 0,28 Em Shackelford (2008, p. 500-504) são apresentados outros valores de módulo de Young e coe�ciente de Poisson, especi�camente por liga ou por composição de material. A deformação elástica corresponde à etapa em que a tensão e a deformação são proporcionais, ou seja, ao traçarmos um grá�co de tensão em função da deformação, teremos uma relação linear, como ilustra a Figura 3.4. Neste grá�co, o módulo de elasticidade é obtido pela inclinação da reta; assim, quanto maior for o módulo, menor a região de deformação elástica resultante da tensão aplicada. É importante salientar que essa região é chamada de elástica, já que aqui não existem deformações permanentes. Logo, com a liberação da carga inicialmente aplicada, a peça volta às suas dimensões originais. De acordo com Callister (2018), os valores para os módulos de elasticidade dos materiais cerâmicos são aproximadamente os mesmos para os metais, porém menores para os polímeros. Essas diferenças são uma consequência direta dos diferentes tipos de ligações atômicas que existem nos três tipos de materiais. Deformação Plástica Embora o conhecimento da deformação elástica seja importante para prever o comportamento do material em condições de operação, a região elástica só existe, na maioria dos materiais metálicos, até deformações de aproximadamente 0,005. Além desse ponto, conforme o material vai sendo deformado, essa deformação passa a não ser mais proporcional à tensão aplicada. A partir daqui, a lei de Hooke deixa de ser válida, e o corpo de prova passa a experimentar uma deformação permanente (irrecuperável) chamada de deformação plástica. A transição do comportamento elástico para o plástico é gradual para a maioria dos metais, iniciando por uma curvatura no início da deformação plástica, que aumenta mais rapidamente com o aumento da tensão, conforme pode ser visto na Figura 3.5. Veremos agora algumas propriedades interessantes observadas nos materiais sólidos enquanto submetidos aos esforços de tração. Escoamento Grande parte das estruturas, quando da etapa de projeto, é desenhada para assegurar que ocorra apenas deformação elástica quando uma tensão for aplicada. Esse é um dispositivo de con�abilidade que, segundo Callister (2018, p. 65), visa evitar que uma estrutura ou componente que tenha sido deformado plasticamente, apresente problemas ou não seja capaz de funcionar como programado. Dessa maneira, torna-se desejável conhecer a região de escoamento, que caracteriza o nível de tensão no qual tem início a deformação plástica. No caso de metais que apresentam uma transição gradual de deformação elástica para plástica, a região de escoamento geralmente será determinada pelo afastamento inicial da linearidade na curva do grá�co tensão- deformação; o ponto associado à essa fronteira entre comportamentos do material é chamado de limite de proporcionalidade. A resistência ao escoamento ( ), ou limite de resistência ao escoamento, corresponde aproximadamente ao valor da tensão de�nida por uma linha paralela à da região linear, para uma deformação de aproximadamente 0,002. Muitos aços e outros materiais metálicos apresentam um comportamento Figura 3.5 - Grá�co tensão-deformação, mostrando a divisão entre as regiões elástica e plástica. Fonte: Elaborado pelo autor σe tensão-deformação com a região de escoamento bem de�nido, como mostrado na Figura 3.6. Para esses materiais, a deformação plástica tem início no ponto de resistência ao escoamento superior, diminuindo rapidamente em seguida e oscilando ligeiramente em torno de algum valor de tensão aproximadamente constante, tornando a aumentar com o aumento da deformação. Resistência à Tração Uma vez ultrapassado o limite de resistência ao escoamento, a tensão necessária para a continuidade da deformação plástica encontra o seu auge no ponto máximo de tensão da curva tensão-deformação, chamado de limite de resistência à tração ( ), diminuindo após este ponto até a eventual fratura do material. Figura 3.6 - Grá�co tensão-deformação, mostrando os patamares de resistência ao escoamento superior e inferior. Fonte: Elaborado pelo autor σl Até este ponto, toda deformação se encontra uniformemente distribuída pela região estreita do corpo de prova de tração. Acontece que nessa tensão máxima, uma pequena constrição, ou pescoço (Figura 3.7), começa a se formar em algum ponto do corpo de prova, fazendo com que toda deformação posterior seja con�nada nessa região, conforme demonstrado no ponto P da Figura 3.8. Normalmente, quando a resistência de um metal é citada para �ns de projeto, a resistência ao escoamento é o principal parâmetro utilizado. Isso ocorre porque, no momento em que a tensão correspondente ao limite de resistência à tração chega a ser aplicada, com frequência a estrutura já sofreu tanta deformação plástica que se torna inviável a sua utilização. “Os limites de Figura 3.8 - Diagrama tensão-deformação, com o ponto de início da estricção no corpo de prova. Fonte: Adaptado de Machado (2013). resistência à tração podem variar desde cerca de 50 MPa, para um alumínio, até um valor tão elevado quanto 3000 MPa, para aços de alta resistência” (CALLISTER, 2018, p. 141). Ductilidade Outra propriedade mecânica de interesse, a ductilidade é uma medida do grau de deformação plástica desenvolvida até a fratura. Podemos entender que um metal que sofre uma deformação plástica muito pequena, ou mesmo nenhuma deformação plástica até a fratura, é denominado frágil, enquanto materiais que progressivamente se deformam mais até a fratura, são denominados dúcteis. A ductilidade pode ser expressa tanto como um alongamento percentual (%AL) quanto como uma redução percentual na área (%RA). O alongamento percentual é a porcentagem de deformação plástica na fratura, expresso matematicamente por: (5) em que é o comprimento no momento da fratura e é o comprimento útil original. A redução percentual na área é de�nida como (6) em que é a área da seção transversal original e é a área da seção transversal no ponto de fratura. A magnitude do alongamento e da redução na área são, em geral, diferentes. O valor de alongamento percentual está relacionado à concentração da deformação plástica na região do pescoço, tendo relação direta com o comprimento útil do corpo de prova. Além disso, a maioria dos metais possui um grau de ductilidade moderado à temperatura ambiente, podendo se tornar frágeis conforme a temperatura é reduzida. %AL = ( ) × 100l−l0l0 l l0 %RA = ( ) × 100−AA0A0 A0 A Resiliência De acordo com Callister (2018), um conhecimento da ductilidade dos materiais é importante por pelo menos duas razões: em primeiro lugar, essa utilidade indica ao projetista o grau ao qual uma estrutura irá se deformar plasticamente antes de fraturar; em segundo lugar, ela especi�ca o grau de deformação permitido durante as operações de fabricação. Dessa forma, podemos de�nir a resiliência de um material como a sua capacidade de absorver energia quando é deformado elasticamente e, posteriormente com a remoção da carga, permitir a recuperação dessa energia. O módulo de resiliência ( ) é a propriedade física que mede quantitativamente essa energia absorvida/recuperadapor unidade de volume necessária para tensionar um material desde seu estado sem carga até o ponto de resistência ao escoamento. Se assumirmos a região elástica linear, teremos então (7) onde é a deformação no escoamento. Podemos uni�car essa solução em termos do módulo de elasticidade (dado pela Equação 4), �cando com (8) Em unidades do SI, o módulo de resiliência é de�nido pela unidade J/m³, equivalente ao pascal (Pa). Assim, os materiais resilientes são aqueles que possuem resistências ao escoamento elevadas e módulos de elasticidade baixos, tais quais os corpos elásticos e as molas Tenacidade De�niremos aqui a propriedade mecânica chamada de tenacidade de duas formas: a primeira, chamada de tenacidade à fratura, é uma propriedade que Ur =Ur 12σlϵl ϵl = = ( ) =Ur 12σlϵl 1 2σl σl E σl2 2E indica a resistência de um material à fratura quando um defeito (como uma trinca, por exemplo) está presente. Em outro aspecto, podemos entender tenacidade como a habilidade de um material absorver energia, deformando- se plasticamente antes de fraturar. Nestes aspectos, a tenacidade é uma das principais considerações para qualquer material estrutural e pode ser inferida a partir a área sob a curva tensão-deformação até o ponto de fratura. Consequentemente, para que um metal seja tenaz, ele precisa exibir tanto resistência quanto ductilidade, característica mais presente nos materiais dúcteis em relação aos frágeis. Dureza Outra propriedade mecânica importante na de�nição de projetos é a dureza, que simboliza uma medida da resistência do material a uma deformação plástica localizada. Historicamente, os primeiros ensaios de dureza foram baseados em minerais naturais, sendo construída uma escala que avalia visualmente a capacidade de um material riscar outro material mais macio. Segundo Shackelford (2008, p. 140), o ensaio de dureza está disponível normalmente como uma alternativa relativamente simples para o ensaio de tração, e costumam ser realizados com maior frequência que qualquer outro ensaio mecânico. São mais simples porque não é preciso preparar os corpos de prova, e os equipamentos são relativamente mais baratos. Dessa forma, segundo Callister (2018, p. 175) um sistema qualitativo de indexação da dureza (chamado de escala Mohs) foi assim concebida visando avaliar essas capacidades. , Esse sistema é bem simples, e varia de 1, para o talco, na extremidade de menor dureza da escala, até 10, para o diamante. Ao longo dos anos técnicas quantitativas para análise da dureza foram desenvolvidas, nas quais um pequeno indentador é forçado, sob condições minuciosamente controladas de carga, contra a superfície de um material a ser testado, e a profundidade resultante dessa indentação é medida e posteriormente relacionada com um número de dureza. Assim, quanto mais macio for o material, maior e mais profunda será a indentação, e menor será o índice de dureza. praticar Vamos Praticar O comportamento mecânico dos materiais depende de diversos fatores, tais quais as condições de operação, temperatura, umidade etc. A respeito das propriedades mecânicas dos materiais sólidos, mais especi�camente dos metais, é possível a�rmar que: a) O ensaio de tração é normalmente utilizado para analisar as propriedades químicas de um material. b) A deformação de engenharia tem a ver com a variação da composição do material em um determinado instante. c) O módulo de elasticidade pode ser interpretado como a resistência de um material à deformação elástica. d) A deformação plástica e irreversível só ocorre após o patamar chamado de limite de resistência à tração. e) Um material que sofre pouca ou nenhuma deformação plástica até a fratura é chamado de material dúctil. De modo geral, o fenômeno da difusão signi�ca que uma quantidade de matéria é transportada ao longo de um tratamento térmico, por exemplo, por ocasião do movimento atômico. A difusão pode ser observada a partir do movimento de “troca” dos átomos de uma composição de liga metálica, como por exemplo uma liga de cobre- níquel. Ao se aquecer essa liga, sem contudo deixar que o material atinja sua temperatura de fusão, os átomos de cobre ocuparão posições intersticiais ou de lacunas nos sítios de níquel, e vice-versa, de forma que a concentração de níquel em uma região do material diminua, dando lugar ao aumento da concentração de cobre. Portanto, de uma perspectiva atômica, a difusão consiste simplesmente na migração passo a passo dos átomos de uma posição para outra na rede cristalina. Segundo Callister (2018), como os átomos em uma rede cristalina se movimentam constantemente, mudando rapidamente suas posições, a difusão deve obedecer a duas condições importantes: uma posição adjacente deve estar vazia, pronta para ser ocupada pelos átomos e o átomos deve Difusão em SólidosDifusão em Sólidos possuir energia vibracional su�ciente para quebrar as ligações atômicas com seus vizinhos, causando certa distorção na rede durante esse deslocamento. Além disso, a fração do número total de átomos que se move por difusão é fortemente dependente da temperatura, com a entropia do meio aumentando com o aquecimento. A Figura 3.9 ilustra as interações de trocas atômicas em um processo difusional de longo alcance. Podemos já intuir que o processo de difusão depende de como os átomos, enquanto porção de matéria, se deslocam no elemento. Veremos a seguir as de�nições das leis que governam os processos difusionais, entendendo como estas se relacionam com a concentração de matéria no meio. Primeira Lei de Fick A análise de como os átomos de um material migram suas posições em torno de uma região deste material é um processo que envolve certo tempo. Logo, ao se investigar a rapidez desse processo, estamos interessados em descobrir a taxa de transferência de massa, que representa a forma como a quantidade de átomos (ou, alternativamente, a massa) é transportada, por unidade de tempo, através de uma seção transversal de área unitária do sólido. Escrevemos esse processo como um �uxo de difusão ( ) pela equação: (9) em que representa a área através da qual a difusão ocorre e é o tempo decorrido. O �uxo de difusão é expresso na unidade quilograma (ou átomos) por metro quadrado por segundo (kg/m².s). Se analisarmos esse �uxo constante ao longo do tempo, ou seja, em um processo difusional em que as concentrações do componente de difusão em ambas as regiões sejam mantidas constantes, a massa também não irá variar, fazendo com que a difusão ocorra no que é chamado de regime estacionário. Neste caso, o �uxo de difusão será proporcional ao gradiente de concentração em uma direção, �cando (10) onde é o gradiente de concentração, a taxa in�nitesimal com que a concentração de átomos varia em relação a cada região do elemento, e é o coe�ciente de difusão, uma constante de proporcionalidade expressa em metros quadrados por segundo (m²/s). Essa expressão é conhecida como primeira Lei de Fick e o sinal negativo no valor de indica que a direção da difusão se dá contra o gradiente de concentração, isto é, da concentração mais alta para a mais baixa. Segunda Lei de Fick Embora a interpretação estacionária do regime de difusão seja importante para entendermos o mecanismo, a maioria das situações práticas envolvendo difusão ocorre em regime não-estacionário, onde o �uxo difusional e o gradiente de concentração em um ponto especí�co do elemento sólido variam com o tempo. J J = MAt A t J = −D dCdx dC/dx D D Como o per�l de concentração dependerá do tempo e da distância de difusão, resolvemos a relação da segunda Lei de Fick como a equação diferencial parcial: (11) onde o coe�ciente de difusão é independente da composição. Ao serem especi�cadas as condições de contorno para o problema, é possível obter soluções de concentração em termos tanto da posição quanto do tempo. Fatores que In�uenciam a Difusão Uma das grandezas que tem profunda in�uência sobre os parâmetros de difusão é a temperatura,potencializando o aumento da taxa de difusão com a alteração do estado térmico do meio. A dependência dos coe�cientes de difusão em relação a temperatura é matematicamente escrita como uma função exponencial: (12) onde é uma constante inicial (em m²/s), é a energia de ativação para a difusão, considerada como a energia necessária para produzir o movimento difusional dos átomos, (em J/mol), é a constante dos gases (aproximadamente 8,31 J/mol.K) e é a temperatura absoluta (em kelvin, K). Essa constante inicial de difusão é um parâmetro dependente unicamente das formas de ligações moleculares do sólido, e não depende da temperatura. Esse é o valor de "entrada"; os valores de "saída", ou resultados do processo, �cam vinculados à constante �nal de difusão ( ), que depende exponencialmente da temperatura. Como a magnitude do coe�ciente de difusão é um indicador do modo como os átomos se deslocam, é possível avaliar que a espécie em difusão (bem = D ∂C∂t C∂2 ∂x2 D D = D0e (− )QdRT D0 Qd R D como o material hospedeiro) também in�uencia, de certa forma, na taxa temporal e, portanto, no coe�ciente de difusão. Por exemplo, existe uma diferença signi�cativa na magnitude entre a autodifusão (mecanismo de lacunas) e a interdifusão (intersticial) do carbono no ferro α a 500ºC, sendo o valor de D cerca de um bilhão de vezes ( m²/s) maior para a interdifusão do carbono. praticar Vamos Praticar Com frequência, materiais de todos os tipos são submetidos a tratamentos térmicos para melhorar suas propriedades. Os fenômenos que ocorrem durante um tratamento térmico envolvem quase sempre difusão atômica. De modo geral, deseja-se aumentar a taxa de difusão; ocasionalmente, no entanto, são tomadas medidas para reduzi-la. As temperaturas e os tempos de duração dos tratamentos térmicos e/ou as taxas de resfriamento podem ser estimados aplicando a matemática da difusão e constantes de difusão apropriadas (CALLISTER, 2018, p. 145). Das alternativas abaixo, assinale a que corresponde corretamente um processo difusional. a) A difusão atômica sempre ocorre no mesmo sentido do gradiente de concentração. b) Dois mecanismos possíveis para a difusão nos metais são a difusão por colunas e a difusão intersticial. c) A primeira Lei de Fick define o fluxo difusional para um regime não-estacionário. d) A segunda Lei de Fick só pode ser usada se o coeficiente de difusão for dependente da composição. 109 e) O processo de difusão pode não ser dependente do tempo, mas é sempre dependente do gradiente de concentração. Todo material, independente de sua composição, possui características que os distinguem para determinadas aplicações especí�cas. Esse conjunto de características físicas, químicas e biológicas, chamados de propriedades, tornam determinado material ótimo para integrar certos produtos ou inviáveis em outros usos. Discutiremos agora neste tópico um pouco das propriedades mecânica, elétrica, térmica, magnética, óptica e deteriorativa, distinguindo as classes de materiais em torno dessas características. Propriedades Mecânicas A extensa análise do comportamento mecânico de um material constitui uma das principais etapas de projeto para fabricação de um produto ou conformação de aços e ligas de aplicações estruturais. É imperativo que qualquer material seja minimamente resistente (tanto à solicitação por cargas quanto às ações do tempo), o que faz das propriedades de comportamento mecânico do material se relacionar com todas as outras. Propriedades dos MateriaisPropriedades dos Materiais No caso dos metais, principalmente aqueles utilizados para a construção de utensílios (como automóveis, portas e fechaduras, entre outros) e para usos em construções (como vigas de fundações, estruturas de aço para pontes etc.) que suas características de resistência às ações mecânicas superem as demais, tendo em vista que os impactos físicos diários podem potencializar a degradação mais rapidamente que outros agentes, tornando o material imprestável ao uso. A distribuição de tensões ao longo de concentradores de tensão (rachaduras ou pontos de descontinuidade no material) também são um ponto que merece cuidado. Nestes casos, materiais que sofram com alguma trinca ou buraco (resultado de capacidade de carga acima do permitido ou impactos que ultrapassem a tensão de resistência do material) terão como tendência a falha catastró�ca a partir do alastramento contínuo dessas rachaduras, reduzindo signi�cativamente a perspectiva da sua função por um longo período. Perceba como é comum descartamos materiais que ainda sejam úteis ao uso mas que, por estarem com alguma região prejudicada, trincada ou rachada, não sejam tão seguros para continuarem a ser usados. Muitas vezes, tais materiais nem sequer podem ser reparados, com o dano permanente sendo tão grave que se torna não usual qualquer tipo de conserto. Propriedades Elétricas, Térmicas e Ópticas As propriedades elétricas, térmicas e ópticas são três grupos de fundamental importância na de�nição dos materiais em um projeto. Muitas vezes, deseja- se que estas sejam propriedades combinadas; por outras vezes, devido à performance requerida em determinado composto, seja por isolamento térmico ou resistência mecânica, o material pode apresentar ótima performance em uma propriedade e não ser viável para aplicações que envolvam outras possibilidades. O cobre e o alumínio, por exemplo, são amplamente utilizados como condutores elétricos, apresentam níveis de impurezas razoavelmente baixos, e possuem custos não muito elevados, fazendo com que sejam usados constantemente em dispositivos elétricos e eletrônicos (circuitos microeletrônicos). Os materiais semicondutores são frequentemente usados em dispositivos microeletrônicos para executarem tarefas especí�cas, sendo preferenciais por possuírem pequenas dimensões, baixo consumo de energia e resistentes a aquecimentos locais constantes. Os transistores, por exemplo, são dispositivos semicondutores fundamentais nos circuitos microeletrônicos atuais, possuindo a função básica de ampli�car um sinal elétrico, servindo também como dispositivos interruptores nos computadores para o processamento e armazenamento de informações. Outra tecnologia que usa semicondutores e que está em alta no momento são as memórias �ash, utilizadas para um rápido armazenamento de informações. Essa tecnologia se difere dos tradicionais hard drives (HDDs) por não ser volátil, não sendo necessária energia elétrica para reter a informação armazenada, não existirem partes móveis, além de serem extremamente duráveis e capazes de suportar oscilações de temperatura, assim como imersão em água. Pela sua praticidade e rápida taxa de leitura de dados, as memórias �ash tem ganhado terreno entre os dispositivos portáteis, como câmeras digitais, smartphones, computadores portáteis e consoles de jogos. Alguns materiais podem ser utilizados ao combinar suas propriedades elétricas e térmicas com aplicações ópticas de importância. Nesses casos, a condutividade dos materiais semicondutores é aumentada de acordo com a iluminação do material, devido a um efeito chamado de fotocondutividade. Um material que exibe esse efeito são os diodos emissores de luz (LEDs), onde ocorre a conversão de energia elétrica em energia luminosa através da emissão de radiação em uma frequência especí�ca (radiação infravermelha). As diversas aplicações dos LEDs semicondutores incluem os mostradores de relógios digitais (ou smartwatches), mouses ópticos para computadores e os scanners, sendo ainda usados como fontes de luz em lâmpadas convencionais e sinais de trânsito, mais e�cientes e econômicas que as lâmpadas incandescentes pois geram pouco calor e possuem um tempo de vida útil mais longo devido a não existência de �lamentos. Outras aplicações interessantes incluem as �bras ópticas em telecomunicações, em vez dos tradicionais �os eletrocondutores de cobre, que transmite o sinal através de fótons de radiação eletromagnética (luminosa), o que permite um aumento de velocidadede transmissão, maior densidade de informações e distância de transmissão, além de reduzir a taxa de erros por não existir interferência eletromagnética com as �bras. Propriedades Magnéticas Muitos dos dispositivos tecnológicos que utilizamos atualmente dependem, de maneira direta ou indireta, dos fenômenos magnéticos. Além disso, o ferro, alguns aços e certos minerais naturais (como a magnetita) exibem comportamento magnético, tendo sido cruciais na formação da sociedade moderna. Podemos dizer, por extensão, que todas as substâncias são in�uenciadas, em algum grau, pela presença de um campo magnético circundante, como esse em que estamos agora. O magnetismo em materiais, geralmente metálicos, pode se apresentar de algumas formas bem distintas: o material pode ser intrinsecamente magnético (magneto permanente), apresentando um alinhamento preferencial dos elétrons com o campo externo (chamados de ferromagnéticos), ou possuir uma tendência de magnetização (magnetização não permanente) quando um campo magnético a ele é aplicado, sendo induzido por uma mudança no movimento dos elétrons orbitais devido à aplicação de um campo magnético (chamados de diamagnéticos e paramagnéticos). São classi�cados como materiais magnéticos moles aqueles que podem ser facilmente magnetizados ou desmagnetizados, encontrando aplicações em geradores, motores e núcleos de transformadores. Por sua vez, os materiais magnéticos duros são empregados em imãs permanentes, que devem possuir alta resistência à desmagnetização, além de serem mais vantajosos que os eletroímãs convencionais, sem consumo excedente de energia elétrica devido aos seus campos magnéticos serem mantidos constantemente. Algumas aplicações desses materiais são nos ímãs neodímio-ferro-boro, mais baratos que os ímãs samário-cobalto, e empregados usualmente em dispositivos motores, como nas partidas, vidros elétricos e limpador de para- brisas automotivos, motores de ventiladores, alto-falantes em sistemas de áudio, aparelhos auditivos e periféricos de computador. Os materiais magnéticos são ainda importantes na área de armazenamento de informações eletrônicas, com diversos dispositivos sendo desenvolvidos. Conforme vimos, há uma tendência crescente dos elementos semicondutores servirem como memória principal nos computadores, principalmente devido à estabilidade e rapidez de leitura e armazenamento; contudo, os discos rígidos magnéticos ainda continuarão sendo usados como memória secundária, já que são capazes de armazenar um maior volume de informações a um menor custo. Além disso, de acordo com Callister (2018) as indústrias de telecomunicações e informação dependem, em larga escala, das �tas magnéticas para o armazenamento de dados em grandes sistemas de computadores, arquivamento de cópias de segurança e a reprodução de sequências de áudio e vídeo. Alguns materiais cerâmicos também exibem magnetização permanente e possuem propriedades interessantes devido à sua natureza, sendo chamados de ferrimagnéticos. As ferritas cúbicas, de fórmula estrutural , onde M representa um elemento metálico, possuem características ferrimagnéticas. Um protótipo deste material é o mineral magnetita ( ), chamado de pedra- imã. As magnetizações destes materiais não se apresentam tão elevadas como os materiais ferromagnéticos, contudo estes materiais são ótimos isolantes elétricos e servem à aplicações destinadas à baixas taxas de condutividade elétrica, como em transformadores de alta frequência. Propriedades Degradativas A maioria dos materiais, em alguma escala, costuma interagir com uma diversidade de ambientes, o que pode comprometer sua utilidade em função da deterioração das suas propriedades mecânicas ou físicas, ou mesmo da aparência do material. Os mecanismos de deterioração são diferentes para os tipos de materiais que consideramos aqui. Nos metais, uma efetiva perda do material pode ocorrer por efeitos de corrosão (dissolução da matéria) ou pela formação de uma incrustação não metálica, processo chamado de oxidação. Por sua vez, os materiais cerâmicos são relativamente resistentes à deterioração por MFe2O4 Fe3O4 corrosão, levando as ocorrências se apresentarem em condições extremas, quando em temperaturas elevadas ou ambientes. A degradação nos polímeros ocorre de forma bem distinta daquelas experimentadas pelos metais e cerâmicos. Esses materiais podem se dissolver quando expostos a um solvente líquido, sendo também in�uenciados em suas estruturas moleculares pelo calor e radiação eletromagnética. praticar Vamos Praticar As diferentes propriedades dos materiais os distinguem entre si, permitindo que metais, cerâmicos e polímeros possam ser utilizados em aplicações de interesses comuns à diversas indústrias. Sobre este assunto, é possível a�rmar que: a) As propriedades mecânicas, térmicas e ópticas não podem se apresentar em um mesmo material. b) As memórias flash, utilizadas nos dispositivos portáteis, são menos vantajosas que os discos magnéticos. c) As fibras ópticas podem ser utilizadas em telecomunicações, porém apresentam erros devido à interferência eletromagnética entre as fibras. d) Um material diamagnético possui potencial de magnetização permanente, como os ímãs convencionais. e) Os materiais metálicos são suscetíveis à degradação por corrosão ou oxidação, enquanto os cerâmicos são resistentes à corrosão. Neste ponto, você já deve ter percebido que muito certamente nenhum material está mais associado à pro�ssão do engenheiro do que os metais, como os metais de ligas estruturais, por exemplo. Neste tópico, abordaremos mais amplamente a diversidade desta classe de material em engenharia, desde os processos de obtenção do minério até as próprias ligas ferrosas, baseadas em ferro, e não-ferrosas, como as ligas de alumínio e cobre, além dos metais preciosos. A Extração do Minério Os metais podem aparecer na natureza em estado livre ou, mais frequentemente, como compostos metálicos. Geralmente esses materiais existem na superfície em jazidas, concentrados como uma massa de substâncias minerais ou fósseis, para a exploração. No estado livre ou em formato de compostos, di�cilmente essas substâncias são encontradas puras na natureza, o que faz com que as pepitas (pedras puras de minério) de ouro ou prata, por exemplo, sejam tão valiosas Os Materiais MetálicosOs Materiais Metálicos economicamente. Normalmente, juntamente com as substâncias portadoras encontram-se impurezas, que se juntam ao metal principal formando compostos metálicos não puros: o minério, a forma como o metal é encontrado naturalmente. A mineração é a fase de extração do minério, normalmente compreendendo a etapa de prospecção e colheita e a etapa de concentração. Já a metalurgia tem por �nalidade a obtenção do metal puro, seja por redução via fusão ou re�namento via precipitação química. Segundo Bauer (2019), a concentração tem por �nalidade separar os minérios utilizáveis dos economicamente pobres e eliminar as impurezas que não fazem parte da constituição do mesmo (tais como areia, argila, organismos etc.). Em linhas mais gerais, é uma puri�cação do minério, que pode ser executada por processos mecânicos (como trituração do minério em pedaços menores ou separação magnética) ou químicos. Veremos a seguir as principais classi�cações dos materiais metálicos em ligas ferrosas e não-ferrosas, analisando como esses materiais estão distribuídos nas mais comuns aplicações industriais. Ligas Ferrosas A grande maioria dos materiais metálicos usados pelos seres humanos (cerca de mais de 90% em peso) são da família de ligas ferrosas, o que representa uma importante classe de materiais de engenharia, usados principalmente em projetos que demandem suporte de cargas estruturais. Essas ligas normalmente são classi�cadas em relação à quantidade de carbono presente na sua composição: os aços (divididos entre aços de baixa liga e de alta liga) geralmente contém entre 0,05 e 2% em peso de carbono, enquanto os ferros fundidos possuem composição entre 2 e 4% em peso de carbono.Esses elementos de liga muitas vezes acrescentam melhorias às propriedades mecânicas e degradativas, o que acaba por justi�car seus custos mais elevados. Os ferros fundidos são uma classe de ligas ferrosas que possuem teor de carbono acima de 2% (na prática, entre 3 e 4% em peso de carbono), além de silício e outros elementos de liga, importantes na formação de carbetos. Devido a apresentarem baixo ponto de fusão em comparação com os aços, entre 1150 e 1300°C, essas ligas são apropriadas para fundição e conformação, embora geralmente sejam muito frágeis devido à alta porosidade decorrente do processo de conformação. De acordo com Callister (2018) e Shackelford (2008), existem quatro tipos comuns de ferros fundidos: Ferro fundido cinzento: apresenta superfície de fratura cinzenta, com �ocos de gra�ta a�ados sendo formados na sua microestrutura, o que contribui para sua fragilidade e baixa resistência em tração. Contudo, são extremamente baratos e podem ser usados na conformação de peças complexas. saiba mais Saiba mais A maioria das ligas ferrosas é de aço-carbono e aços de baixa liga devido ao preço mais moderado, menos elementos de liga e altamente duráveis e mecanicamente resistentes. Por sua vez, os aços de alta liga (ou somente aços-liga) são fabricados com requisitos de elementos ligados maiores que 5%, o que os classi�ca como mais resistentes à corrosão (no caso dos aços inoxidáveis), maior dureza (nos aços ferramenta para usinagem) ou estabilidade em aplicações de alta temperatura (como as superligas). Acompanhe no link alguns exemplos dos tipos de aços que podem ser encontrados em projetos de acordo com sua classi�cação, estrutura ou aplicação. Fonte: Elaborado pelo autor ACESSAR https://www.infomet.com.br/site/acos-e-ligas-conteudo-ler.php?codConteudo=13 Ferro fundido branco: a superfície de fratura possui uma aparência clara devido às rápidas taxas de resfriamento e formação de grandes quantidades de cementita ( ), gerando um material frágil de alta dureza. Ferro dúctil ou nodular: possui propriedades mecânicas melhoradas devido ao acréscimo de uma pequena quantidade de magnésio ao ferro cinzento antes da fundição. Neste caso, ainda temos a formação de gra�ta, porém em nódulos esféricos em vez de �ocos, o que confere uma maior resistência e ductilidade em relação ao ferro cinzento, comparável a alguns aços. Ferro maleável: é uma forma mais tradicional de ferro fundido com ductilidade razoável. Primeiramente ocorre a fusão do ferro branco sendo, em seguida, tratado termicamente para produzir precipitações de gra�ta nodular, produzindo um material de resistência relativamente elevada e maleabilidade considerável. Veremos a seguir as ligas que não apresentam o componente ferro em sua estrutura, as ligas não ferrosas. Ligas não Ferrosas Embora as ligas ferrosas constituam a base de materiais metálicos na maioria das aplicações de engenharia, estas possuem algumas restrições como massa especí�ca elevada, condutividade elétrica baixa e susceptibilidade à corrosão em ambientes comuns. Assim, em muitos casos é necessário se designar outras ligas com combinações de propriedades mas adequadas. Neste grupo estão as ligas de alumínio, magnésio, titânio, cobre, níquel, zinco e chumbo, as superligas, além dos metais refratários e metais preciosos. As Ligas de Cobre O cobre e as ligas à base de cobre têm sido utilizados desde a antiguidade, devida à combinação desejável de propriedades. Possuem excelente condutividade elétrica e térmica, alta ductilidade e resistência à corrosão, F Ce3 além de serem facilmente moldáveis e trabalhados a frio, o que faz esse material ser preferencial em instalações elétricas e radiadores. As ligas mais comuns de cobre são os latões, onde o zinco é o elemento de liga predominante, relativamente dúcteis e macios, sendo amplamente utilizados em bijuterias, instrumentos musicais, placas de componentes eletrônicos e moedas. Os bronzes são ligas de cobre e diversos outros elementos, como estanho, alumínio e níquel, relativamente mais resistentes que os latões, com alto grau de resistência à corrosão. Essas ligas são utilizadas geralmente quando são necessárias boas propriedades de tração, além de resistência à corrosão. As Ligas de Alumínio As ligas de alumínio são conhecidas em geral por sua baixa densidade, resistência à corrosão e condutividades elétrica e térmica elevadas. A combinação dessas interessantes propriedades foram determinantes na busca por produção de peças automotivas mais leves, onde, entre as décadas de 1970 e 1980, começaram a serem utilizadas em substituição dos aços convencionais de alguns componentes. Muitas dessas ligas são conformadas com facilidade em virtude de suas elevadas taxas de ductilidade, o que pode ser visualizado nas espessuras das folhas de alumínio, nas quais o material relativamente puro pode ser laminado. Algumas das principais aplicações das ligas de alumínio incluem ainda peças estruturais de aeronaves, latas de bebidas e carrocerias de ônibus. Metais Refratários, Superligas e os Metais Nobres Os metais refratários são aqueles que possuem temperaturas de fusão extremamente elevadas, variando entre 2468°C para o nióbio (Nb) e 3410°C, o mais alto ponto de fusão entre todos os metais, para o tungstênio (Wb). A ligação interatômica nesses metais é extremamente forte, o que confere altas temperaturas de fusão, além de elevados módulos de elasticidade e altas durezas, tanto na temperatura ambiente quanto em temperaturas elevadas. As ligas de molibdênio são exemplos comuns de materiais refratários, sendo usadas em �lamentos de lâmpadas incandescentes, tubos de raios X e até em peças estruturais de veículos espaciais. As superligas são materiais que possuem como elementos predominantes o ferro-níquel, níquel e cobalto, podendo ser usados outros elementos, como os metais refratários, cromo e titânio. A maioria das superligas é utilizada em componentes de turbinas de aeronaves, que devem suportar a exposição a ambientes altamente oxidantes e temperaturas elevadas durante razoáveis períodos de tempo. Além das turbinas, essas ligas também são empregadas em reatores nucleares, muito em função da manutenção de sua integridade mecânica em condições extremas. O último grupo que estudaremos aqui são os metais nobres ou preciosos. Eles são chamados preciosos por serem extremamente raros na natureza (e, portanto, caros) e apresentarem propriedades superiores como baixa dureza, razoavelmente dúcteis e resistentes à oxidação. Os metais nobres mais comuns, usados com frequência em itens de joalheria, são o ouro, a prata e a platina. Além desse uso estético, as ligas de ouro e prata são empregadas como materiais para restauração dentária e a platina é utilizada em equipamentos de laboratórios químicos e em termopares para aferição de temperaturas elevadas. praticar Vamos Praticar Os materiais metálicos compõem um dos mais importantes grupos de matéria prima nas aplicações de projetos em engenharia. A respeito das características e propriedades dos metais e suas ligas, pode-se a�rmar que: a) Os metais sempre ocorrem naturalmente, não sendo possível a formação de compostos metálicos mistos. b) A mineração é a fase de extração do minério, normalmente compreendendo as etapas de prospecção e separação. c) A maioria dos materiais metálicos usados pelo homem são da família de ligas não-ferrosas, como as ligas de aço-carbono. d) Os ferros fundidos são uma classe de ligas ferrosas que apresenta alta ductilidade e elevada resistência à corrosão. D. e) Como ligas não ferrosas de zinco, temos os bronzes, altamente resistentes à corrosão e mais frágeis que os latões. indicações Material Complementar FILME Wolverine - Imortal Ano: 2013 Comentário: O �lme de �cção e fantasia da Marvel retrata o início do surgimento do super-herói mutante Wolverine, que possui um esqueleto feito de Adamantium, uma liga metálica �ctícia supostamente indestrutível. O �lme retrata conceitos cientí�cos interessantes no seu enredo, como ostrens bala e eletromecânica, na �gura de vilões do personagem principal. T R A I L E R LIVRO A magia da realidade: Como sabemos o que é verdade Richard Dawkins Editora: Companhia das Letras ISBN: 8535920544 Comentário: O livro aborda diversos aspectos da ciência, criando ilustrações que ajudam o leitor a desvendar mistérios e curiosidades em um trabalho de investigação voltado ao público em geral. No capítulo 4 procura responder à pergunta “Do que são feitas as coisas?”, analisando a formação das partículas fundamentais a partir do fenômeno da difusão, exempli�cando as substâncias (como os metais e o carbono) a partir de uma perspectiva atômica qualitativa. conclusão Conclusão Nesta unidade, estudamos com mais a�nco as propriedades mecânicas dos materiais metálicos, buscando ampliar os conceitos de tensão e deformação do ponto de vista dos efeitos sobre o corpo de prova. Analisamos os diagramas de ensaios de tração (os grá�cos tensão-deformação), analisando parâmetros como resistência ao escoamento, limite de resistência à tração, ductilidade, resiliência e tenacidade. Estudamos a difusão atômica e como os arranjos cristalinos dependem fortemente da temperatura e condições de operação. Observamos ainda as principais propriedades dos materiais de interesse, como as propriedades mecânicas, térmicas, ópticas e magnéticas. Por �m, apresentamos brevemente os materiais metálicos e suas classi�cações, como os metais puros e as ligas metálicas, buscando fornecer exemplos que pudesse dar ao aluno uma visão mais generalista do assunto. referências Referências Bibliográ�cas BAUER, L. A. Materiais de construção. Coord: João Fernando Dias. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019. CALLISTER, Willian D. Jr., RETHWISCH, David G. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. 9 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018. HIBBELER, Russel C. Resistência dos materiais. 7 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. MACHADO, Ivan Guerra. Falhas de Estruturas de Aço Soldadas Devido a Reduzida Ductilidade. Soldagem & Inspeção, São Paulo, vol. 18, número 4, p. 391-403, outubro de 2013. SHACKELFORD, James F. Introdução à ciência e engenharia dos materiais para engenheiros. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. ano de publicação. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ensaio_de_tra%C3%A7%C3%A3o.PNG https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Proba_rozciagania_probki_2.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ensaio_de_tra%C3%A7%C3%A3o.PNG https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Proba_rozciagania_probki_2.jpg
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