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22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 1/42 introdução HISTÓRIA HISTÓRIA ECONÔMICA GERALECONÔMICA GERAL Me. Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori I N I C I A R 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 2/42 Introdução A história econômica é uma complexa teia de relações que encontra na Primeira Guerra Mundial um ponto crucial. Nessa dimensão, as potências mundiais estão interligadas e dispostas a apostar milhares de vidas humanas em nome de mercados e crescimento. No pós-guerra, a con�guração mundial mudou! Os Estados Unidos se bene�ciam e passam a ser o novo centro da economia/mundo. Vimos que foi um notável período de prosperidade americana, devido aos créditos acumulados no período da guerra junto aos países aliados. Contudo, revelou-se um crescimento arti�cial, uma vez que o país do Tio Sam se viu impossibilitado de continuar a sustentar níveis de consumo interno por uma absoluta escassez de capitais, os quais haviam se transformado em estoque ou em investimentos externos. Foi a Crise de 1929, a maior da história do capitalismo. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 3/42 A noção de imperialismo, conforme Saes e Saes (2013), apareceu no século XIX em conexão com a expansão territorial das principais potências europeias e, em especial, com o chamado neocolonialismo: o amplo movimento de conquista e criação de colônias em vastas áreas do mundo, sobretudo na África e Ásia, no �nal do século. O termo “imperialismo” se fortaleceu no desfecho do século XIX. A constituição de impérios era a política que predominava como ação de várias potências europeias (e ainda dos Estados Unidos e Japão). Destarte, o modo de expressar essa política colonial, ImperialismoImperialismo 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 4/42 consoante à forma de análises dessa realidade de forma crítica, constitui-se em imperialismo. Nas palavras de Saes e Saes (2013, p. 294), assim, as noções de império e Imperialismo �caram associadas à dominação que um Estado exerce sobre outro Estado ou nação. Por isso, o imperialismo foi identi�cado, antes de mais nada, com a expansão colonial do �nal do século XIX. Uma síntese dos principais domínios coloniais e de sua abrangência pode ser visualizada na Tabela 3.1, a seguir. Tabela 3.1 - Impérios coloniais do mundo (1914) Fonte: Friedlander e Oser (1957 apud SAES; SAES, 2013, p. 296). Saes e Saes (2013) nos apresentam que a grande potência colonial era a Inglaterra, que englobava tipos variados de territórios: se a Índia era a 'joia da coroa' (somando grande 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 5/42 área e população), as colônias 'brancas', mas semi-independentes, como Canadá, Austrália e Nova Zelândia, contavam com a enorme área do império colonial britânico. A França, como a Grã-Bretanha, controlava um território colonial muito maior do que o da metrópole, abrigando uma população também bastante superior. Já os extensos territórios coloniais alemães não comportavam população tão densa. A Bélgica, cujo território metropolitano é muito limitado, tinha em sua única colônia, o Congo, área muito superior à área da metrópole e o dobro da população metropolitana. A Holanda mantivera colônias bastante populosas na região asiática. Já Portugal tinha na África, em especí�co Angola e Moçambique, suas principais áreas coloniais. A Itália teve uma aventura colonial de pouco sucesso. E para os Estados Unidos a área colonial tinha reduzida expressão. Cabe aqui uma re�exão: quais causas teriam estimulado as principais nações industrializadas a promoverem a anexação de amplos territórios ultramarinos? Nos países colonizadores foram apresentadas, à época, algumas justi�cativas para o domínio de povos "atrasados". Por exemplo, atribuía-se às nações desenvolvidas (e brancas) o dever de transmitir aos povos atrasados as conquistas da civilização europeia. Sob uma aparência humanitária, estava implícito nesse "dever" a noção de que as raças brancas (europeias) deveriam dominar os povos "atrasados" em razão de sua superioridade física, intelectual e cultural. Razões de ordem religiosa também foram levantadas: levar o cristianismo aos povos da África e da Ásia era uma missão a ser cumprida pelos europeus. Embora não se possa atribuir aos missionários uma pressão efetiva para a expansão colonial, é inegável que a possibilidade de ampliar sua área de ação dependia da conquista de novos territórios (SAES; SAES, 2013, p. 296). As transformações da produção industrial, nas últimas décadas do século XIX, criaram a necessidade de fontes de novas matérias-primas e insumos industriais, muitos deles encontrados nas áreas que foram objeto de colonização ou em áreas formalmente livres, porém fortemente ligadas às áreas industriais. Por exemplo: o petróleo, embora explorado na época, principalmente nos Estados Unidos e na Rússia, já tinha um atrativo importante nas reservas do Oriente Médio. Temos aqui um possível fator explicativo da ordem econômica para entender o imperialismo. Consoante ao evidente desejo de vários países se a�rmarem como potências mundiais, dava-se a emergência e a consolidação, no �nal do século XIX, dos novos países industriais em condições de competir com a Grã-Bretanha. Este aspecto político do colonialismo, no �nal do século XIX, permite entender por que colônias que tinham pouquíssimo a oferecer em termos econômicos às metrópoles foram mantidas como tal por longos períodos. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 6/42 Muito mais relevante era a conhecida prática de oferecer aos eleitores a glória, muito mais que reformas onerosas; e o que há de mais glorioso que conquistas de territórios exóticos e raças de pele escura, sobretudo quando normalmente era barato dominá-los. De forma mais geral, o imperialismo encorajou as massas, e, sobretudo, as potencialmente descontentes, a se identi�carem ao Estado e à nação imperiais, outorgando assim, inconscientemente, ao sistema político e social representado por esse Estado justi�cação e legitimidade (HOBSBAWM, 1995, p.105-106). A busca de campo de investimento em países independentes, porém não industrializados, sugere que o impulso para a expansão externa das principais potências industriais não se limitava à conquista de colônias. Por isso, a análise do imperialismo, na perspectiva econômica, não deve se restringir ao colonialismo: é importante uma visão ampliada da economia mundial do período. Nesse sentido, é preciso investigar as razões econômicas que, ao lado das outras ordens, sustentaram a expansão externa das economias industrializadas do �nal do século XIX e início do século XX. Nesse panorama, é importante que você seja apresentado às polêmicas a respeito do imperialismo entre os marxistas. Podemos citar aqui Rosa Luxemburgo e Lênin. Para eles, o imperialismo expressava a crescente di�culdade do capitalismo em manter as condições para a acumulação de capital. Para Rosa Luxemburgo, as contradições do desenvolvimento do capitalismo levariam, inevitavelmente, à sua destruição. Lênin, mais propriamente, via o imperialismo como “capitalismo de transição, ou, mais propriamente, de capitalismo agonizante” (Lênin, 1982, p. 69). 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 7/42 As polêmicas em torno do imperialismo re�etem, em grande medida, em um momento crítico na história do capitalismo,do qual a Primeira Guerra Mundial é expressão notória, e no movimento socialista. Se, de início, a noção de imperialismo se associou à criação dos impérios coloniais, a seguir ganhou conotação mais ampla e polêmica, procurou relacionar o impulso para a expansão das grandes potências com as características mais gerais de sua economia e sociedade. Nacionalismo, protecionismo, colonialismo, exportação de capitais e concentração do capital são elementos que, de certo modo, condicionaram as relações entre as potências europeias ao �m do século XIX, em um ambiente de crescente con�ito entre elas, o que culmina na de�agração da Primeira Guerra Mundial. praticarVamos Praticar No século XIX, século em que a Inglaterra consolidou sua dominação na Índia, os ingleses enfrentaram uma revolta de nacionalistas indianos conhecida como Guerra dos Cipaios (1857– 1859). Embora os cipaios — soldados nativos treinados nos moldes militares europeus — tenham sido massacrados, a guerra trouxe como consequência a possibilidade de os indianos participarem da administração pública do país. Consolidado o domínio inglês, a Índia se tornou um excelente ganho estratégico e militar para a Inglaterra dominar outras partes do Extremo Oriente, como, por exemplo, a Birmânia (atual Mianmar), a Nova Zelândia, a Austrália e parte da China. Considerando que o contexto asiático obedeceu ao esquema neocolonialista, assinale a alternativa correta sobre em que consistia essa prática realizada pelas principais potências europeias. a) O amplo movimento de conquista e criação de colônias em vastas áreas do mundo, sobretudo na África e Ásia, no �nal do século. b) A busca por riquezas metálicas (ouro e prata) e dominação política nas colônias conquistadas no século anterior. c) A busca por igualdade social em toda con�guração geopolítica mundial. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 8/42 d) A intenção de realizar um processo de uni�cação mundial imperial. De modo que, juntas, as potências teriam o controle das �nanças internacionais. e) A intenção de reorganizar o comércio internacional tendo o dólar como lastro monetário. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 9/42 O nosso estudo está objetivado na atividade humana, em suas múltiplas dimensões, na perspectiva da mudança ao longo do tempo. Em outras palavras, você está trilhando o caminho, caro(a) leitor(a), que discorre sobre os fatos sociais. Até aqui você já deve ter percebido que estamos “costurando” os episódios e formando conjuntura(s) gradativamente. Isso exige muito cuidado e dedicação, sobretudo neste ponto que chegamos. Concordamos com Sondhaus (2013) que a Primeira Guerra Mundial e o acordo de paz, que pôs �m a ela, constituíram uma revolução global. Foram questões além das relacionadas a fronteiras e territórios. A guerra também revolucionaria as relações de poder dentro das sociedades europeias. Não podemos perder de vista que o nosso trabalho envolve a descrição de como os homens se esforçaram (e se esforçam) ao longo dos séculos para satisfazer as necessidades materiais. Nesse sentido, qual a perspectiva econômica da Primeira Guerra Mundial? Para Rezende Filho (2010, p. 188), embora haja uma série de motivos políticos ideológicos que tenham levado as nações europeias à formação de dois blocos antagônicos de alianças militares, as razões subjacentes da Primeira Guerra Mundial (1914–1918) foram de ordem econômica. E implicaram um impacto no sistema capitalista de forma brutal. Mais especi�camente, a busca agressiva por mercados de investimentos privilegiados e o enorme crescimento econômico da Alemanha, que ameaçava transformá-la na potência hegemônica europeia, forneceram as razões primárias para o que Rezende (2010) denomina “guerra para uma redivisão de mercados em nível mundial”. A Primeira Guerra Mundial e aA Primeira Guerra Mundial e a Conferência de VersalhesConferência de Versalhes 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 10/42 Você poderá ver no mapa, logo a seguir, o destaque para Belgrado, capital da Sérvia. Trata-se do marco da Primeira Guerra Mundial, pois, na tarde de 28 de julho de 1914, a artilharia austro-húngara começou a bombardear Belgrado. Estamos diante de um momento de instabilidade política que de todas as crises internacionais da história, nenhuma foi alvo de escrutínio mais meticuloso ou de maior número de análises acadêmicas do que a crise de julho de 1914, que começou com o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando em Sarajevo em 28 de junho, e culminou em um troca de declarações de guerra entre as grandes potências a partir de 1º de agosto. Assim que o con�ito teve início, os governos de cada país buscaram reunir um registro das maquinações diplomáticas que defendiam ou justi�cavam suas ações e colocavam a culpa em outrem: o Império Austro-Húngaro contra a Sérvia, a Rússia contra o Império Austro-Húngaro, a Alemanha contra a Rússia, a França e a Grã-Bretanha contra a Alemanha. Por sua vez, os historiadores começaram a analisar a Crise de Julho enquanto a guerra ainda estava em andamento, desencadeando um longo debate ainda em vigor, mesmo no centenário do con�ito. Os volumes de documentos diplomáticos e os milhares de estudos publicados em dezenas de línguas ao longo das décadas seguintes contribuíram para a compreensão geral da de�agração da guerra, mas, ao mesmo tempo, obscureceram alguns dos elementos centrais da Crise de Julho: a guerra começou, em primeiro lugar, por causa da Sérvia, um pequeno e ambicioso país que até certo ponto se tornara refém de elementos nocivos em suas forças armadas e que, na busca de seus próprios objetivos nacionais, in�amou todo o continente; duas das potências mais fracas, Áustria-Hungria e Rússia, se comportaram com determinação pouco característica, enraizada em suas próprias dúvidas acerca de seu futuro status como grandes potências; os líderes austro-húngaros e alemães tinham noções incompatíveis sobre a guerra que desejavam – os alemães fazendo e conseguindo o que queriam às custas de seus aliados; e, por �m, os líderes franceses, embora de início não desejassem a guerra, viram a Crise de Julho se desdobrar de tal maneira que acabou propiciando-lhes uma guerra sob as circunstâncias que consideravam as mais favoráveis (SONDHAUS, 2013, p. 55). Essa “narração” dos fatos contribui para nossa dimensão histórico-geográ�ca do momento vivido pelos europeus do início da Primeira Guerra Mundial. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 11/42 Para Hobsbawm (1995, p. 31), a Primeira Guerra Mundial envolveu a totalidade das grandes potências. Isso impactou na cotidianidade de milhares de vidas. O fato é que, por quatro anos, as principais nações europeias se enfrentaram em uma guerra sem tréguas, da qual participaram também o Japão e os Estados Unidos, a partir de 1917. Todas as dependências coloniais se envolveram nesse enfrentamento, que terminou com a distinção entre civis e militares, além de ter provocado enormes perdas humanas. Em Saes e Saes (2013) obtemos alguns números nesse sentido e aquilo que vai além das perdas humanas ocasionadas nos campos de batalha. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 12/42 Quadro 3.1 - Números da Primeira Guerra Mundial Fonte: Elaborado pela autora. Além do sofrimento humano, economicamente é fundamental apresentar a perspectiva de Rezende Filho (2010, p. 188) sobre a desorganização do comércio internacional, que provocou destruição sem precedentes, “deslocou a área central do sistema capitalista da Europa para os Estados Unidos e causouo colapso dos Impérios Russo (onde se procura desde 1917 uma alternativa ao capitalismo) e dos multirraciais, Austro-Húngaro e Otomano”. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 13/42 Caro(a) aluno(a), as questões militares fogem ao escopo do nosso material. Contudo, o modo como o mundo se transformou economicamente está totalmente vinculado com a Primeira Guerra Mundial. Portanto, apresentaremos de forma esquemática uma con�guração desse marco da história econômica geral. Ao visualizar a Figura 3.2, podemos observar a dinâmica da Primeira Guerra Mundial. A primeira fase (1914–1915) é caracterizada pela movimentação das tropas e expansão territorial do con�ito. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 14/42 Na segunda fase da guerra (1915–1917), a Alemanha invadiu a Bélgica e tentou invadir a França. No entanto, a França conteve o avanço dos alemães com ajuda da Grã-Bretanha. Os alemães construíram "trincheiras" para aguardar uma nova oportunidade de ataque, em setembro de 1915. Na terceira fase, os Estados Unidos entraram na guerra após ter seus navios comerciais afundados pelos alemães (1917). Além disso, o país americano temia que a Inglaterra e a França perdessem a guerra e não pudessem pagar as dívidas assumidas. Se o quadro anterior apresenta um esquema do con�ito sob uma perspectiva temporal, a Figura 3.4 visa demonstrar a abordagem econômica. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 15/42 O capital monopolista protagonizou um cenário econômico anterior à Primeira Guerra Mundial, juntamente com os trustes e cartéis no cenário europeu dos anos 1890. Isso porque novas tecnologias encareceram o processo produtivo. E o Estado se tornou um aliado da iniciativa privada com sua pesada intervenção na economia. Embora já saibamos dessa conjuntura das últimas décadas do século XIX, nessa contextualização podemos identi�car o sentimento impregnado pelo nacionalismo e marcado pela concorrência imperialista. A Figura 3.4 contribui para evidenciar as origens da guerra por conta da disputa de mercados, em que a Alemanha se sentiu ameaçada por uma coalizão de potências que teria à frente da França. O povo germânico, representado por Bismarck (estadista alemão, referenciado por chanceler de ferro) e ferido pela perda de Alsácia- Lorena, arquitetou isolar a França (MORAES, 2017, p. 156). 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 16/42 A combinação entre um vibrante nacionalismo e o darwinismo social da época resultou em uma integração de ideologia de guerra em que a segurança da nação e sua sobrevivência não dependeriam mais de acordos e tratados que reintroduzissem o equilíbrio ou a estabilidade perdida. A segurança só seria alcançada se o outro fosse reduzido à impotência absoluta ou mesmo eliminado (MORAES, 2017, p. 160). Para demonstrar a política mundial na dimensão temporal da Primeira Guerra, a Figura 3.5 apresenta o mapa desse quadro institucional vigente, no qual as relações entre os países eram de tensão permanente e blocos de alianças se consolidavam e se expandiam. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 17/42 É relevante expor o crescente papel que o Estado passa a desempenhar no ordenamento da atividade econômica nesse contexto. Os preparativos bélicos dos diversos países envolvidos estavam praticamente prontos. Desde 1910 vivia-se na Europa uma situação de “paz armada”. Os preparativos de ordem econômica, no entanto, eram inexistentes, pois pensava- se que a guerra seria de curta duração. Os aliados (Inglaterra, França e Rússia) esperavam que os recursos alemães logo se esgotariam, enquanto estes e seus aliados (Áustria-Hungria e Império Otomano), apostavam em uma rápida vitória através de uma fulminante ofensiva contra a França. Já em �ns de 1914, no entanto, o con�ito engolfara praticamente todos os continentes e transformara- se em uma luta econômica entre os aliados e o bloco alemão, obrigando o Estado a intervir na economia a �m de assegurar alguma possibilidade de vitória (REZENDE FILHO, 2010, p. 189). 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 18/42 A maximização da produtividade por meio da mobilização de todos os fatores produtivos nacionais era a estratégia predominante para o que Rezende Filho (2010) denomina de “economia de guerra”. Sobretudo a partir de 1915, a artimanha utilizada pelos países aliados é sufocar o bloco alemão mediante um bloqueio total ao seu comércio exterior. O caminho encontrado para a retaliação alemã é o bloqueio da Rússia nos mares Báltico e Negro e, principalmente, impedir o trá�co marítimo inglês por meio da guerra submarina. Os países procuram se tornar autossu�cientes, fazendo com que se produza uma notável aceleração na produção em massa, na mecanização industrial, na centralização das empresas, na emissão monetária e no controle do Estado sobre a economia como um todo. Esse impacto no comércio exterior alemão apresentou uma queda nas exportações de mais de 30%, e as importações caíram além de 60% do que eram em 1913. Apesar de seu crescente intercâmbio com os países neutros, como Holanda, Dinamarca, Suécia e Itália — até 1915, quando se agrupa aos aliados —, o dirigismo estatal é precoce. Em 1914, o país germânico efetuou uma política de direcionamento das matérias-primas para a indústria de armamentos, organizou a exploração nos territórios ocupados, incentivou a descoberta de novos métodos produtivos e, principalmente, desenvolveu a utilização de substitutos para as matérias-primas mais raras, apoiado na enorme indústria química alemã. Harari (2015, p. 351) descreve com clareza esse contexto. Durante a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi submetida a um bloqueio e sofreu escassez severa de matérias-primas, em particular o salitre, um ingrediente essencial para a fabricação de pólvora e outros explosivos. Os depósitos mais importantes de salitre �cavam no Chile e na Índia; não havia nenhum na Alemanha. É verdade, o salitre podia ser substituído pela amônia, mas esta também era cara de se produzir. Felizmente para os alemães, um de seus concidadãos, um químico judeu chamado Fritz Haber, havia descoberto em 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 19/42 1908 um processo para produzir amônia literalmente do ar. Quando a guerra eclodiu, os alemães usaram a descoberta de Haber para começar a produção industrial de explosivos usando o ar como matéria-prima. Alguns acadêmicos acreditam que, se não fosse pela descoberta de Haber, a Alemanha teria sido forçada a se render muito antes de novembro de 1918. A descoberta rendeu a Haber (que, durante a guerra, também foi pioneiro no uso de gás venenoso em batalha) um prêmio Nobel em 1918. De química, e não da paz. O esforço de guerra, tanto alemão quanto austríaco, baseava-se totalmente em suas próprias indústrias e capacidade tecnológica. A Alemanha adaptou sua enorme indústria química e suas indústrias de engenharia para a produção de explosivos, propulsores, detonadores, obuses, munições e armamentos. Os franceses e ingleses, por sua vez, viram-se obrigados a expandir suas indústrias bélicas, constataram que grande parte de seus recursos industriais estava obsoleta, além de carecer de toda uma gama de indústrias mais modernas. Antes da guerra, dependiam totalmente da Alemanha quanto aos produtos químicos. De acordo com Rezende Filho (2010), produtos como anilinas,drogas sintéticas e materiais para processamento fotográ�cos exempli�cam essa relação, visto que justamente as fábricas que produziam esses produtos poderiam, facilmente, passar a produzir explosivos. Destarte, a Inglaterra teve de criar uma indústria química a partir do nada, baseada em patentes alemãs apreendidas. Também com relação a gêneros mais so�sticados da Segunda Revolução Industrial, como rolamentos, magnetos, velas de ignição, máquinas fotográ�cas e aparelhos ópticos, Inglaterra e França eram parcialmente dependentes de importações alemãs. Encontramos em Harari (2015, p. 271) sobre o “casamento” da ciência e da guerra para atender a ordem do sistema econômico: Quando a Primeira Guerra Mundial se transformou em uma guerra de trincheiras interminável, ambos os lados convocaram cientistas para sair do impasse e salvar a nação. Os homens de branco atenderam o chamado, e dos laboratórios saiu um �uxo constante de novas superarmas: aeronaves de combate, gás venenoso, tanques, submarinos, metralhadoras, peças de artilharia, ri�es e bombas cada vez mais e�cazes. Como efeito dessa necessidade material, observa-se, em relação à produção especializada da Suíça, Suécia e principalmente dos Estados Unidos, o elo de dependência cada vez maior por parte da Inglaterra e da França. Galbraith (1988, p. 76) a�rma que o próprio Ministério das Munições britânico reconhece isso em duas passagens: “Durante a primeira parte de 1915, de fato, os fornecedores ultramarinos assumiram uma posição de maior importância, uma vez que o Ministério da Guerra se viu forçado a depender deles para o grosso dos suprimentos de obuses exigidos pela campanha de 1916”, e “A Grã-Bretanha dependia praticamente dos Estados Unidos para obter material para fabricação de 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 20/42 propulsores para uma vasta proporção de seu material explosivo. Dependia consideravelmente dos Estados Unidos para obter aço para obuses e outros tipos de aço para máquinas-ferramentas”. Em pouco tempo, os Estados Unidos assumiram um caráter de importância vital para o esforço de guerra dos aliados. Inverteram sua posição de tomadores de empréstimos de capital europeu para a posição de maiores credores da Europa e experimentaram um enorme impulso em sua produção industrial. O Pós-guerra Neste ponto, caro aluno, você está diante de um elemento crucial na história econômica: o fato histórico, em 1917, da entrada dos Estados Unidos no con�ito. A Europa perdera sua posição hegemônica para o país americano. Em novembro de 1918, acontece a vitória da Entente, forçando os países da Aliança a assinarem a rendição. Os derrotados tiveram de assinar o Tratado de Versalhes. A Alemanha sofreu grandes perdas de territórios e colônias (Alsácia-Lorena para a França e Prússia Ocidental e Posnânia para a Polônia), além de ter de ressarcir todos os danos provocados pela guerra. A contribuição de Rezende Filho (2010) é relevante para o entendimento do desenvolvimento econômico mundial, pois a forma como tais encargos foram impostos à Alemanha marcou toda a trajetória econômica da década de 1920, sendo a grande responsável pelo mais forte abalo que o capitalismo sofreu: a depressão da década de 1930. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 21/42 O �m da Primeira Guerra Mundial, em 1918, deixou como legado uma série de efeitos sobre a economia mundo-capitalista, conforme a �gura a seguir apresenta: 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 22/42 O limite temporal entre os anos de 1918 e 1929 é assinalado por Rezende Filho (2010) como o marco das mudanças estruturais pelas quais o sistema capitalista passava. Trata- se, para o autor, da crise sistêmica que re�ete sua passagem da juventude para a idade madura. Com seu espaço geográ�co reduzido, o capitalismo assistiu à luta de sua área central originária, a Europa, para recobrar sua antiga posição hegemônica sobre a economia-mundo. No entanto, o novo centro, os Estados Unidos, atravessava, notavelmente, um período de prosperidade, devido mais aos créditos acumulados no período da guerra, junto aos países aliados, do que a um real alargamento de seu mercado consumidor interno. Conforme Saes e Saes (2013), o período da guerra, por concentrar a produção bélica, criou uma demanda reprimida por muitos produtos — não só os bens duráveis, mas também 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 23/42 de consumo corrente, não disponíveis nos anos de con�ito. Além disso, o �nanciamento da guerra se fez, ainda que em pequena parte, por meio de empréstimos do público aos governos — por meio dos chamados bônus de guerra —, ou seja, uma parcela da população formou, durante a guerra, uma poupança que, ao �m, poderia ser gasta para satisfazer a demanda reprimida durante os anos de guerra. Assim, admite-se que uma demanda, represada por cerca de quatro anos, foi liberada em 1919 e gerou impulso para a expansão da economia de alguns países. Ainda para Saes e Saes (2013), o pós-guerra demarcou na Europa Ocidental duas fases distintas. Quadro 3.2 - Fases do pós-guerra Fonte: Adaptado de Saes e Saes (2013). 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 24/42 Esse repentino crescimento da demanda teve outro forte impacto na economia: uma abrupta elevação dos preços, em parte potencializada por políticas monetárias e �scais expansionistas. Destarte, a tendência a elevar os preços, já presente durante a Primeira Guerra, acentuou-se em 1919 e 1921. Foi generalizada a in�ação por toda a Europa. A tabela a seguir demonstra o índice de preços para o consumidor entre 1914 e 1920. Tabela 3.3 - Índices de preços ao consumidor (1914–1920) Fontes: Feinstein, Temin e Toniolo (1997, p. 39 apud SAES; SAES, 2013, p. 326) e Arthmar (1997, p. 94 apud SAES; SAES, 2013, p. 326). *Preços no atacado. 1913=100; 1918=jan/1919; 1920=jun/1920. Se o crescimento da produção foi característico de alguns países, tais como Estados Unidos, Grã-Bretanha e Japão, a in�ação se generalizou por toda a Europa, ainda que em graus distintos. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 25/42 Esse surto expansivo sofreu abrupta e profunda reversão a partir de meados de 1920. Essa reversão foi particularmente forte nos Estados Unidos. Recessão e de�ação intensas nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha atingiram outros países de forma variada. Alguns também controlaram a in�ação depois de 1920, promovendo mesmo alguma de�ação: foi o caso da Suíça, Suécia, Noruega, Dinamarca e Holanda. Outros, como a França e a Itália, continuaram a registrar algum grau moderado de in�ação. Finalmente, Alemanha, Áustria e Hungria passaram por hiperin�ações em níveis inéditos na história econômica mundial (FEINSTEIN; TEMIN; TONIOLO 1997, p. 39 apud SAES; SAES 2013, p. 326). No que tange ao desempenho das economias na primeira metade dos anos 1920, podemos declarar que foi variado. No caso dos Estados Unidos, retomaram o rápido crescimento, ao passo que a Grã-Bretanha, em busca do padrão-ouro, manteve-se estagnada. O índice de atividade industrial, apresentado em Saes e Saes (2013), re�ete, em grande medida, a forma como os países se envolveram com a Primeira Guerra: os mais afetados pela destruição e os que arcaram com as reparações de guerra tiveram grande di�culdade para, ainda na primeira metade dos anos 1920, retomarem o crescimento econômico. O Tratado de Versalhes, assinado em junho de 1919, de�niu que as reparações de guerra eram devidaspela Alemanha para os vencedores, Grã-Bretanha, França, Estados Unidos e Itália. Os objetivos dos vencedores, em síntese, eram: fortalecer os países europeus para que não fossem levados pelo caminho da revolução russa e redividir os 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 26/42 territórios deixados em aberto pela queda dos grandes Impérios (Austro- Húngaro, Russo, Turco e Alemão); enfraquecer a Alemanha, que quase sozinha havia derrotado as tropas aliadas; redi�nir as políticas internas dos países vitoriosos; e, �nalmente, garantir um acordo de paz que impossibilitasse o surgimento de uma nova guerra. Para tanto foi criada a “Liga das Nações”, que deveria agregar as principais potências mundiais a �m de solucionar pací�ca e democraticamente as questões diplomáticas entre os países. Contudo, tanto o Tratado de Versalhes como a Liga das Nações se mostraram incapazes de instituir um equilíbrio de poder de�nitivo (SAES; SAES, 2013, p. 329). Rompeu-se o con�ito, �caram as severas punições aos que foram vencidos. O tratado entendia que a Alemanha era a culpada pela guerra e, por esse motivo, perdeu um total de 13,5% de seu território; teve de entregar sua frota naval para a Grã-Bretanha; foi privada de manter uma força aérea e tinha a permissão para um exército de apenas 100 mil homens; e, por �m, �cou com todas as dívidas de guerra. praticarVamos Praticar Embora haja uma série de motivos políticos e ideológicos que tenham levado as nações europeias à formação de dois blocos antagônicos de alianças militares, as razões subjacentes da Primeira Guerra Mundial (1914–1918) foram de ordem econômica. E implicaram um impacto no sistema capitalista de forma brutal. Sobre o conjunto de acontecimentos que abalou seriamente o contexto mundial nessa dimensão temporal, analise as a�rmativas a seguir. I. A guerra carregou consigo fortes elementos do colonialismo europeu. II. Todas as potências mundiais estavam envolvidas no con�ito. III. O esforço de guerra, tanto alemão quanto austríaco, baseava-se totalmente em suas próprias indústrias e capacidade tecnológica. Está correto o que se a�rma em: a) I, apenas. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 27/42 b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 28/42 Em um tratamento muito breve, abordaremos o contexto econômico mundial dos anos 1920. É relevante a contextualização a ser apresentada, uma vez que se trata do cenário da conhecida crise de 1929, a qual estudaremos adiante. A retomada do padrão-ouro era o que Rezende Filho (2010) considera como primeiro problema com que a Grã-Bretanha se deparou. Na visão dos “economistas clássicos”, o retorno ao padrão-ouro era necessário para normalização das transações internacionais e para garantir a atuação livre dos mecanismos de mercado. E assim esse sistema foi restabelecido. Relacionado à moeda com lastro metálico estava o problema da Alemanha. A Economia Mundial e os AnosA Economia Mundial e os Anos 19201920 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 29/42 O país derrotado da Primeira Guerra Mundial viu sua economia arruinada por uma série de fatores. A enorme quantidade de títulos públicos emitidos sem lastro durante a guerra, aliada à perda de territórios de concentração industrial e de recursos naturais e à instabilidade política são fatores que representam esse contexto. Conforme Rezende Filho (2010), em �nais de 1922, a Alemanha se declarou incapaz de continuar com o pagamento das reparações, o que levou a França, que apostava todo seu futuro econômico nos pagamentos que adviriam dos germânicos, a ocupar a região do Ruhr, em 1923, para que o fornecimento de carvão garantisse o pagamento da dívida. Os efeitos psicológicos da ocupação e a onda de greves dos mineiros que se seguiu, tornaram a situação insustentável. Em �ns de 1923, entretanto, o marco é abandonado por não valer mais nada e foi criado o rentenmark para substituí-lo. Em nossa sucinta análise, devemos apresentar, ainda, sob a perspectiva econômica alemã, a elaboração do Plano Dawes por parte de uma comissão internacional. O plano estabeleceu novos valores anuais para o pagamento das reparações, considerando o quanto a Alemanha poderia pagar, e não quanto deveria pagar como culpada pela guerra. Além disso, garantiu um empréstimo de 40 milhões de libras para auxiliar nesses pagamentos. O outro pilar da economia europeia, por seu lado, também não se comportava mais como no pré-guerra. A França é obrigada a manter-se pela força militar em suas novas áreas da Síria e Líbano, e na Indochina a década de 1920 pauta-se pelo renascimento do sentimento nacionalista vietnamita, com uma série de greves, passeatas de protestos e incipientes movimentos de rebeldia militar. Em 1919 o Ocidente é sacudido pelas manifestações chinesas contra os acordos coloniais do Tratado de Versalhes e a presença do Japão em seu território. Na Índia, após o massacre de Amritsar em 1919, quando 379 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 30/42 homens, mulheres e crianças são mortos pelos ingleses durante manifestação pací�ca, a presença inglesa não será mais aceita consensualmente. Surgem movimentos de aberta rebeldia e de resistência pací�ca de Mahatma Gandhi. A Inglaterra é obrigada a conceder independência a seus ex-domínios do Canadá, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, graças em grande parte ao auxílio que eles lhe prestaram durante a guerra, reconhecendo que a ligação que mantinham entre si, devia-se apenas ao símbolo de uma coroa comum. E mesmo os países sujeitos ao imperialismo informal, vêem a presença econômica europeia diminuir; Argentina e Brasil, por exemplo, adquirem durante os anos 20, 64% e 50% de suas importações na Europa, contra 80 e 60% em 1913. Em resumo, sem o a�uxo de capitais norte-americanos, a Europa é incapaz de aumentar tanto suas exportações como suas importações, para equipará-las aos níveis de pré-guerra (REZENDE FILHO, 2010, p. 201). Os Estados Unidos, diferentemente da Europa, adentraram a década de 1920 como a maior economia industrial e �nanceira no mundo. Adotaram um posicionamento isolacionista de um país praticamente autossu�ciente. Um exemplo disso é a defesa por parte do partido republicano, em 1920, por uma plataforma de ações que dava prioridade para o mercado interno, relegando a um plano secundário as considerações de ordem internacional. Tanto é que o Congresso norte-americano decidiu por não rati�car o Tratado de Versalhes. No entanto, [...] seu gigantismo industrial, comercial e �nanceiro revelou com o crash da bolsa de Nova Iorque, em 1929, o quanto as diferentes partes da economia mundial estavam estreitamente conectadas com a economia norte-americana. A evolução da economia norte-americana na década de 1920, respondeu, portanto, a esses dois determinantes: de um lado, o isolacionismo de sua política; de outro, o peso de sua economia mundial (SAES; SAES, 2013, p. 334). Por �m, o período de 1925–1929 teve como peculiaridade sua reconstrução a partir do padrão-ouro, em uma fase de expansão signi�cativa e desenvolvimento da economia mundial e com a incorporação das transformações da Segunda Revolução Industrial. Aprendemos com Saes e Saes (2013) que se trata de um período de fragilidade por conta da dependência mundial em relação às exportações de capital norte-americanas que se re�etem em 1928, quando os Estados Unidos, na tentativa de segurar o boom em Wall Street, elevou a taxa de juros. Para compensar a queda da entradade capitais dos Estados Unidos, vários países retornaram às políticas protecionistas, com o objetivo de ampliar as rendas das balanças comerciais. O impacto da crise de 1929 e da Grande Depressão evidenciou que as bases da economia mundial da década de 1920 eram frágeis e foram insu�cientes para fazer frente aos problemas colocados pelos eventos do �m da década. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 31/42 praticarVamos Praticar “Assim, os estudiosos do período totalitário têm-se concentrado quase exclusivamente na Alemanha de Hitler e na Rússia de Stalin, esquecendo os seus predecessores menos nocivos, enquanto o domínio imperialista, a não ser para �ns de insulto, parece semiesquecido, o que é deplorável, principalmente porque é mais do que óbvia a sua relevância para todos os acontecimentos contemporâneos. [...] mas as ameaças e palavras têm semelhança muito mais agourenta com os atos e justi�cações verbais que precederam a eclosão da Primeira Grande Guerra, quando uma centelha em região periférica e de interesse secundário para todos os interessados serviu de estopim a uma con�agração de dimensões mundiais.” ARENDT, H. Origens do totalitarismo: antissemitismo, imperialismo, totalitarismo. São Paulo: Companhia de Bolso, 2014. Diante da leitura do excerto, analise as a�rmativas abaixo: I. A centelha na região periférica que a autora se refere é o episódio em Sarajevo, o assassinato do herdeiro do império Austro - Húngaro. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 32/42 II. A autora chama a atenção para a questão imperialista enquanto elemento óbvio dos acontecimentos contemporâneos. III. Fica evidente no texto que Hitler e Stalin não são exemplos do fenômeno do totalitarismo. Está correto o que se a�rma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III apenas. e) I, II e III. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 33/42 O período que segue à de�agração da Primeira Guerra Mundial marcou o início de uma série de eventos conjunturais que, somados, re�etem uma fase de profundas rupturas na organização da economia internacional. Direta ou indiretamente, questionava-se, a partir da guerra, a in�uência política dos países imperialistas, a divisão geográ�ca do mundo entre eles e, ainda, a organização do sistema econômico internacional. Para Rezende Filho (2010, p. 187), trata-se de uma dimensão temporal que re�ete em uma crise de crescimento do sistema capitalista, no qual acontece sua "passagem da 'juventude' para a idade 'adulta'". No sistema dos Estados Unidos, otimismo e con�ança eram sentimentos inerentes ao público em geral na época que antecedeu a queda da bolsa nova-iorquina. Até fevereiro de 1928, aproximadamente, a alta do preço dos papéis seguiu assinalando o aumento dos lucros das empresas, a partir dessa dimensão temporal, conforme Rezende Filho (2010), ela foi sustentada pela onda especulativa. Em meados de 1928, a construção civil foi abalada por um colapso. Assim, em 4 de dezembro de 1928, o presidente norte- americano Calvin Coolidge emitiu uma mensagem no intuito de restabelecer a credibilidade. Galbraith (1988, p. 3) nos apresenta a a�rmação da autoridade americana: nenhum Congresso deste país já se terá reunido para apreciar o estado da União diante de uma perspectiva mais agradável do que a que se apresenta neste momento. O cenário nacional é de tranquilidade e satisfação… além de registrar o recorde absoluto de anos de prosperidade. O cenário internacional apresenta a paz e a boa vontade próprias do entendimento mútuo’… A�rmava o Presidente que juntamente com o país todos os legisladores podiam olhar o presente com satisfação e aguardar o futuro com otimismo. A Grande Depressão e o NewA Grande Depressão e o New DealDeal 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 34/42 As frágeis bases sobre as quais se assentava a era de prosperidade norte-americana são ainda mais fragilizadas pela corrida especulativa, que fez, de 1923 a 1926, as transações na Bolsa de Nova Iorque subirem de 236 para 451 milhões de títulos, enquanto o preço médio de 25 títulos representativos subiu 54%. A presença dos consórcios de investimentos, de grandes empresas e de bancos, atuantes no mercado de ações como �nanciadores, demonstrava a explosão de crédito que houve, no �nal da década de 1920, para ser direcionado a ganhos �nanceiros por meio da especulação. O dia 24 de outubro de 1929 �cou marcado na história como a “Quinta-feira negra”, considerado o dia decisivo para a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Hobsbawm (1995, p. 91) considera que sem esse episódio [...] com certeza não teria havido Hitler. Quase certamente não teria habido Roosevelt. É muito improvável que o sistema soviético tivesse sido encarado como um sério rival econômico e uma alternativa possível ao capitalismo mundial. As consequências da crise econômica no mundo não europeu ou não ocidental[...], foram patentemente impressionantes. Em suma, o mundo da segunda metade do século XX é incompreensível se não entendermos o impacto do colapso econômico. Esse dia marcou a história econômica. Rompeu-se as condições arti�ciais do crescimento da economia norte-americana, pois se chegou ao ponto em que os compradores não mais levavam em conta o valor intrínseco dos títulos, procurando aumentar seu patrimônio pela simples posse de ações quaisquer. Isso, naturalmente, supervalorizava todos os papéis. Nessas condições, mesmo as ações das empresas mais sólidas se encontravam megavalorizadas, enquanto as empresas de segunda linha haviam atingido preços injusti�cáveis, muito além do seu valor patrimonial ou de sua capacidade de remunerar, por meio de dividendos, os capitais aplicados. A observação de Romer é extremamente pertinente nesse ponto: pessoas que não são economistas geralmente vêem o crash da Bolsa de Valores de Nova York e a Grande Depressão como o mesmo evento. O declínio no preço das ações em outubro de 1929 e o tremendo declínio na produção real entre 1929 e 1933 são simplesmente vistos como parte do mesmo declínio cataclísmico da economia americana. Em contraste, muitos economistas acreditam que os dois eventos estão mais tangencialmente relacionados (ROMER, 1990, p. 597 [tradução nossa]). 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 35/42 O impacto da depressão posterior à crise de 1929 se estendeu por longos anos, de maneira que o PIB norte-americano apenas recuperou o valor referente ao período anterior ao colapso em 1937. Os eventos identi�cados como a Grande Depressão, dessa forma, foram muito mais traumáticos e graves do que o simbolismo da quebra da bolsa. Para aqueles que por de�nição, não tinham controle ou acesso aos meios de produção (a menos que pudessem voltar para uma família camponesa no interior), ou seja, os homens e mulheres contratados por salários, a consequência básica da Depressão foi o desemprego em escala inimaginável e sem precedentes, e por mais tempo do que qualquer um já experimentara. No pior período da Depressão (1932-3, 22% a 23% da força de trabalho britânica e belga, 24% da sueca, 27% da americana, 29% da austríaca, 31% da norueguesa, 32% da dinamarquesa e nada menos que 44 % da alemã não tinham emprego. E, o que é igualmente relevante, mesmo a recuperação após 1933 não reduziu o desemprego médio da década de 1930 abaixo de 16% a 17% na Grã-Bretanha e Suécia ou 20% no resto da Escandinávia. O único Estado ocidental que conseguiu eliminar o desemprego foi a Alemanha nazista entre 1933 e 1938. Não houvera nada semelhante a essa catástrofeeconômica na vida dos trabalhadores até onde qualquer um pudesse lembrar (HOBSBAWM, 1995, p. 91). A repercussão da Grande Depressão afetou o mundo na década de 1930. Houve revoluções sociais, instauração de novas formas de governo e, também, criação de novas políticas econômicas. Tal peculiaridade transformou o crash da Bolsa de Nova Iorque e a depressão dele decorrente em um dos grandes temas dentre os estudos e os debates econômicos. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 36/42 A década de 1930 (Grande Depressão) pode ser pensada como mais um elemento desestabilizador no cenário de reorganização da economia mundial. Esse ínterim foi marcado pela permanência das incertezas herdadas da década anterior. A onda de falência dos bancos, nos Estados Unidos, o aumento do desemprego, a de�ação e a crise da agricultura resultaram em um projeto global bem de�nido para enfrentar essa conjuntura: o New Deal. Outro fato que merece destaque, principalmente para os estudiosos da economia, foi a publicação da obra de Keynes, Teoria geral do emprego do juro e da moeda, em 1936. Ousamos omitir alguns elementos importantes para a história econômica geral, diante do convite, caro(a) aluno(a), para que possa conhecer obras importantes e esclarecedoras do período estudado. Galbraith, Keynes, Schumpeter, Berle e Means, entre outros. praticarVamos Praticar O �m da Primeira Guerra Mundial, em 1918, deixou como legado uma série de efeitos sobre a economia mundo-capitalista. A Europa perdeu sua posição hegemônica; houve uma profunda desorganização econômica mundial; as colônias foram aliadas das metrópoles, resultando no autogoverno, en�m, foi um impacto mundial. Sobre esse horrendo episódio histórico, assinale a alternativa que indica o registro o�cial que estabeleceu o �nal da Grande Guerra Mundial. a) Tratado de Versalhes. b) Tratado de Tordesilhas. c) Conferência de Berlim. d) Conferência de Estocolmo. e) Bretton Woods. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 37/42 indicações Material Complementar LIVRO O Imperialismo Global Flávio Bezerra de Farias Editora: Cortez ISBN: 9788524920196 Comentário: Este livro critica as teorias do imperialismo global, na sua con�guração atual. Aborda essa experiência tanto para orientar a práxis de resistência quanto para encontrar uma alternativa àquela con�guração socioeconômica opressora, como uma totalidade concreta. O �o condutor de uma iniciativa tão ampla e profunda reside em desmisti�car e superar as ideologias e as estratégias consensuais e integracionistas, que erigiram autoritariamente um sistema positivista e naturalizado diante da dinâmica de autoemancipação das massas exploradas, dominadas e humilhadas nos contextos nacionais, continentais e globais. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 38/42 FILME O Jardineiro Fiel Ano: 2005 Comentário: O reservado diplomata britânico Justin Quayle se muda para o Quênia com sua adorável jovem esposa Tessa, uma ativista pela justiça social. Justin se prepara para descobrir a verdade por trás do assassinato e, no processo, ele desenterra algumas revelações perturbadoras, em uma trama que envolve corrupção e interesses econômicos relacionados a grandes corporações farmacêuticas. Para conhecer mais sobre o �lme, acesse o trailer disponível em: T R A I L E R 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 39/42 conclusão Conclusão É sobre um tempo infértil que estudamos no contexto das grandes transformações capitalistas. Sem fecundidade, pois entendemos que a vida humana tem um valor que transcende a ordem econômica. A Primeira Guerra Mundial foi o primeiro evento, efetivamente, que envolveu todas as Grandes Potências e milhões de mortos — a nacionalidade deles não tem a menor relevância —; vidas que se foram para satisfazer os anseios das disputas coloniais. A humanidade sobreviveu, mas nunca mais foi a mesma! Apresentamos o cenário histórico da Primeira Guerra composto pela Tríplice Aliança e pela Tríplice Entente. O motivo era o de pontuar o contexto imperialista vigente. A guerra alterou a con�guração mundial. referências Referências Bibliográ�cas GALBRAITH, J. K. 1929 - O Colapso da Bolsa. São Paulo: Pioneira, 1988. HARARI, Y. N. Sapiens: uma breve história da humanidade. 7. ed. Porto Alegre: L&PM, 2015. HOBSBAWM, E. A Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. KEYNES, J. M. As consequências econômicas da paz. Brasília: Universidade de Brasília, 2002. Disponível em: < http://funag.gov.br/loja/download/42- As_Consequencias_Economicas_da_Paz.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2018. 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 40/42 MORAES, L. E. História Contemporânea: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial. São Paulo: Contexto, 2017. REZENDE FILHO, C. B. História Econômica Geral. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2010. ROMER, C. The Great Crash and the Onset of the Great Depression (1929-1933). The Quarterly Journal of Economics, v. 105, n. 3, p. 597-624, 1990. SAES, F. A. M.; SAES, A. M. História econômica geral. São Paulo: Saraiva, 2013. SONDHAUS, L. A Primeira Guerra Mundial. São Paulo: Contexto, 2013. IMPRIMIR 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 41/42 22/10/2020 Ead.br https://uniritter.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_HIECOG_19/unidade_3/ebook/index.html#section_1 42/42
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