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ALIMENTAÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA

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ALIMENTAÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA
Beatriz Barros Gutierre
IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO ADEQUADA DURANTE A INFÂNCIA
Durante a infância, a alimentação adequada (equilibrada e com os nutrientes necessários) é a garantia de crescimento e desenvolvimento adequados, bem como de estar atuando sobre a prevenção de doenças. Isso foi teorizado por Dorner, em 1974, com o conceito de Programming, de acordo com o qual, fatores ambientais, incluindo nutricionais, nas fases iniciais da vida, são capazes de determinar a programação do sistema metabólico, energético e orgânico a longo prazo. Assim, uma alimentação inadequada no primeiro ano de vida leva a um maior risco de obesidade, dislipidemia, diabetes mellitus e eventos cardiovasculares no futuro.
ALIMENTAÇÃO DO LACTENTE 
A alimentação adequada do lactente consiste em aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida e complementado até os 2 anos. Assim, a alimentação complementar deve ser introduzida a partir dos 6 meses, não havendo qualquer indicação de retardar essa introdução alimentar.
· Relembrando conceitos
· Aleitamento materno exclusivo – aquele em que a alimentação do bebê é realizada exclusivamente com o leite materno, sem água, chás ou sucos. São permitidas apenas doses medicamentosas (em gotas ou suspensões) e a suplementação com sulfato ferroso e vitamina D. 
· Aleitamento materno predominante – aquele em que além do leite materno são dados água, chás e/ou sucos ao bebê. 
· Aleitamento materno complementado – aquele em que o leite materno é complementado por alimentos sólidos ou semissólidos. Idealmente deve ser iniciado aos 6 meses. 
· Aleitamento materno parcial ou misto – quando além do leite materno, a criança recebe outros tipos de leite.
Essa transição alimentar é realizada por meio de papas: 
· Papa principal (anteriormente denominada papa salgada) – consiste em cereais ou tubérculos, leguminosas, proteína (carne branca/ vermelha ou ovo) e hortaliças (legumes e verduras); 
· Papa de frutas (anteriormente denominada papa doce) – consiste em frutas variadas, podendo priorizar as laxantes (abacate, ameixa, mamão, laranja) ou as obstipantes (maçã, banana) de acordo com o ritmo intestinal da criança, ou até mesmo mesclá-las para obter o equilíbrio.
A introdução alimentar deve ser uma transição gradual de quantidade e consistência dos alimentos. Dessa forma, algumas fases devem ser obedecidas de acordo com a idade da criança. Por exemplo, ao completar 6 meses, além do leite materno sob livre demanda, a criança deve ser alimentada com duas papas de frutas e uma papa principal. Com 7 meses, uma nova papa principal é adicionada à rotina alimentar da criança. A quantidade de alimentos ingeridos por refeição também deve ser aumentada gradativamente, assim como a consistência, até chegar à consistência da alimentação da família, a qual deve ser introduzida com 1 ano de idade.
Essas orientações e algumas outras foram sumarizadas no documento Dez passos para uma alimentação saudável – Guia alimentar para crianças menores de dois anos, elaborado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Organização Panamericana de Saúde:
· Fornecer aleitamento materno exclusivo até os 6 meses (sem oferta de água, nem chá e nem suco); 
· Introduzir outros alimentos gradualmente a partir dos 6 meses; 
· Alimentos complementares após 6 meses: ◊ 3 vezes/dia, se em aleitamento materno (4 vezes/dia após 7 meses); 
◊ 5 vezes/dia, se criança não estiver sendo amamentada; ◊ Oferecer todos os grupos alimentares: cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas, legumes e, inclusive, ovo (desde que seja cozido).
· Alimentação sem rigidez de horário: 
◊ Respeitando a vontade da criança; 
◊ De forma geral, orienta-se que haja uma refeição regular a cada 2 a 3 horas. 
· Alimentação complementar espessa desde o início: 
◊ Os alimentos não devem ser liquidificados, apenas amassados, de forma que fiquem espessos, já que quanto maior a espessura maior é o aporte calórico-energético; 
◊ É importante evitar sucos! Se for ofertar, que seja no máximo 100 mL/dia. Isso porque a capacidade gástrica da criança é pequena e o suco, por ocupar grande volume, leva a criança a rejeitar outros alimentos, fazendo com que o aporte calórico fique abaixo do ideal; 
◊ A consistência deve ir aumentando gradativamente, até que, ao chegar aos 12 meses, a criança consiga comer os alimentos da consistência da comida da família; 
◊ Os alimentos devem ser oferecidos em colher, para que a criança comece a treinar a manipulação dos utensílios e do alimento. 
· Oferecer alimentos diferentes todos os dias, de forma que a alimentação seja diversa e colorida; 
· Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes: ◊ A criança pode precisar de cerca 8 a 10 exposições para aceitar o alimento, então é importante aconselhar as mães a persistirem. 
· Evitar: açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos: 
◊ Sal sempre com moderação e açúcar refinado, de preferência, só depois dos dois anos. O uso precoce de açúcar está associado à presença de cárie. 
· Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos, de modo a evitar infecções gastrointestinais: 
◊ Higienizar bem os utensílios utilizados para alimentar a criança, bem como as mãos antes do preparo; 
◊ Os alimentos devem estar bem cozidos. 
· Estimular a criança doente a se alimentar: 
◊ Dar alimentos de preferência da criança, oferecendo em poucas quantidades, mas várias vezes ao dia. 
Algumas recomendações adicionais são: 
· Quando a criança já estiver desmamada, a oferta de leite em fórmulas deve ser limitada a 600 mL/dia, já que, para obter um aporte calórico adequado, ela precisa se alimentar das papinhas e isso pode ser inibido com a ingestão de grandes quantidades de leite (pelo mesmo mecanismo dos sucos já supracitado); 
· É importante evitar mel em menores de 1 ano, pelo risco de botulismo; 
· O ambiente alimentar adequado é junto à família toda se alimentando, em silêncio e sem telas, para que a criança reconheça que aquele é o momento de comer.
NOVAS ABORDAGENS DE INTRODUÇÃO ALIMENTAR 
BLW (Baby-Led Weaning) 
Método de introdução alimentar baseado no desmame guiado pelo bebê, ou seja, essa abordagem encoraja os pais a confiarem na capacidade do bebê de se auto-regular, deixando-o livre para consumir os alimentos de sua preferência e na quantidade que quiser. Este método defende ainda que os alimentos sejam oferecidos in natura em pedaços, sem adaptar a consistência e sem uso de colher. 
· Vários especialistas questionam tal abordagem, porque: As crianças ficam mais suscetíveis a engasgos e asfixia, já que a consistência não é adaptada; 
· Como as crianças priorizam frutas e legumes (que são menos calóricos), há a possibilidade de déficit energético e de nutrientes como o ferro (presente principalmente na carne), levando ao comprometimento do seu crescimento. 
BLISS (Baby-Led Introduction to Solids) 
O método de Introdução de sólidos guiado pelo bebê foi desenvolvido tentando sanar os problemas relacionados ao BLW. Dessa forma, nessa abordagem, os alimentos são ofertados cortados em pedaços e devem ser experimentados anteriormente pelo adulto, buscando verificar se estes são facilmente amassados pela língua (prevenindo risco de engasgo e asfixia). Além disso, em cada refeição deve- -se garantir uma oferta adequada de ferro e calorias, estimulando que a criança coma a carne e os tubérculos, que geralmente são rejeitados. 
Esta abordagem ainda é fruto de muitas contradições entre especialistas. Enquanto alguns defendem que essa é uma forma de respeitar o ritmo de aceitação da criança, outros argumentam que o bebê não é capaz de comer sozinho a quantidade suficiente para manter seu crescimento adequado. 
Suplementação alimentar profilática 
Apesar dos inúmeros benefícios do aleitamento materno e da introdução alimentar aos 6 meses, estes, na maioria das vezes, não conseguem suprir a quantidade demandada de algumas vitaminas e minerais. Logo, faz-se necessária a suplementação profiláticade alguns compostos. 
As orientações mais recentes do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). 
· Vitamina K 
A vitamina K é administrada ao nascer, como forma de prevenção à doença hemorrágica, na dose de 1 mg por via intramuscular. 
· Vitamina D 
Preconiza-se que a vitamina D suplementar seja administrada para todos os recém-nascidos a termo, independentemente de estar em aleitamento materno exclusivo ou fórmula infantil, desde a primeira semana até os 3 anos de vida. 
NA PRÁTICA! A dose diária deve ser de 400 UI durante o primeiro ano de vida e de 600 UI entre 1 e 3 anos, por via oral. Geralmente, a forma de apresentação da vitamina D é em gotas e possui concentração de 200 UI/gota, logo de 0 a 1 ano devem ser administradas 2 gotas/dia e de 1 a 3 anos devem ser administradas 3 gotas/dia.
Para recém-nascidos pré-termo, orienta-se que a suplementação profilática oral de vitamina D (400 UI/dia) seja iniciada apenas quando o peso for superior a 1500 gramas e houver tolerância plena à nutrição oral.
· Vitamina A 
A suplementação de vitamina A é recomendada para crianças em áreas com alta prevalência de deficiência de vitamina A e que tenham o diagnóstico de hipovitaminose. Entretanto, na prática, a suplementação é feita para todas as crianças. Esta suplementação é realizada em megadoses por via oral, geralmente administradas nos postos de vacinação, a cada 4-6 meses. Deve ser administrada dos 6 meses aos 6 anos, sendo na dose de 100.000 UI para crianças entre 6 e 12 meses e 200.000 UI para crianças entre 1 e 6 anos.
· Ferro 
Preconiza-se que a suplementação profilática de ferro seja universal, tendo em vista a alta prevalência de anemia ferropriva entre crianças. Para crianças nascidas a termo e com peso adequado para a idade gestacional (estando em aleitamento materno exclusivo ou não), a recomendação é de suplementação oral com 1 mg de ferro elementar/Kg/dia dos 3 meses aos 2 anos. Porém há situações especiais em que a dose e a idade de início devem ser diferentes.
NA PRÁTICA! Analisemos a suplementação de ferro de Valentina: uma criança de 1 ano e 4 meses, que nasceu a termo e com peso adequado para a idade gestacional, em aleitamento materno complementado e que possui atualmente 10 Kg. Estando no grupo que deve receber 1 mg/Kg/dia e possuindo tal peso, a dose diária de ferro de Valentina deve ser 10 mg. Levando em conta que, a suplementação de ferro é realizada com solução de sulfato ferroso, que possui 25 mg/mL de ferro elementar e que cada mL é compatível com 20 gotas, por meio de uma simples regra de três obtemos: 25 mg --- 20 gotas 10 mg --- X gotas ∴ X = 10 x 20 / 25 X = 8 gotas Logo, Valentina deve ingerir diariamente 8 gotas de sulfato ferroso para que sua suplementação de ferro seja adequada. Ademais, na próxima consulta essa quantidade deve ser recalculada de acordo com a atualização do seu peso.
ALIMENTAÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR 
O pré-escolar sofre uma diminuição do ritmo de crescimento e, nesta fase, há também desenvolvimento dentário, sendo necessários alimentos para auxiliar neste processo. É uma idade em que há preferência por doces e alimentos mais calóricos, bem como comportamento alimentar imprevisível, comem bem em alguns dias, enquanto em outros, não aceitam nada. Há ainda as crianças denominadas Pick/Fussy eater, ou seja, são seletivas, só comem algumas coisas. 
Outro comportamento que também é bastante comum é a neofobia, ou seja, a recusa de alimentos novos após os 2 anos de vida. É importante aconselhar os pais a estimularem o consumo utilizando a fantasia, mas nunca forçar, ameaçar ou premiar com comida. 
Outra recomendação é que as refeições devem ser oferecidas em horários fixos. Se a criança não aceitar, não deve haver substituição, deve-se esperar o próximo horário para oferecer a refeição. É fundamental também que não se oferte alimentos fora de hora, principalmente doces e alimentos hipercalóricos. 
O tamanho das porções deve ser compatível com a idade e deve-se evitar líquidos durante as refeições (já que ocupa espaço no estômago e impede o aporte adequado de calorias), bem como o consumo de guloseimas e refrigerantes. Outra recomendação importante é eliminar a mamadeira noturna, uma vez que é muito calórica e, por vezes, a criança passa o dia seguinte inteiro sem comer. Deve-se ainda, ter bastante cuidado com engasgo (principalmente com uva, pipoca e balas). 
ALIMENTAÇÃO DO ESCOLAR 
Nesta faixa etária, o ritmo de crescimento é constante, havendo maior ganho ponderal do que ganho estatural, bem como necessidade de atividade física mais intensa. A despeito disso, na maioria das vezes, há excesso de alimentos calóricos e pouco nutritivos e falta de incentivo à atividade física, além de exposição excessiva às telas. Isso culmina no maior risco de obesidade deste grupo. Portanto, é essencial que haja redução do tempo de tela, incentivo à atividade física e restrição de alimentos ricos em açúcar, sal e gorduras, entre eles: salgadinhos, fast foods, guloseimas e bolachas recheadas. Entretanto, deve-se ter cuidado na condução do controle de peso, já que a preocupação excessiva ou mal conduzida com peso nessa idade pode desencadear distúrbios alimentares, entre eles bulimia e anorexia.
· Conceito
Tanto a bulimia, quanto a anorexia causam a perda acelerada de peso. Porém, na anorexia há uma percepção inadequada da imagem corporal, de forma que o indivíduo vai gradativamente deixando de comer, até que o organismo se adapte e não haja mais a sensação de fome. Já na bulimia, não há distorção da imagem corporal, nem controle da fome, o que leva ao hábito de comer e vomitar em seguida, na busca pelo “corpo ideal”.
A alimentação dessa fase deve ser variada, consistindo em: 
· Peixe 2 vezes por semana; 
· Verduras, legumes e frutas; 
· Limitação do sal para < 6 g/dia; 
· 600 mL/dia de leite ou derivados, para garantir o consumo adequado de cálcio; 
· Evitar substituição das refeições por lanches; 
· Evitar guloseimas e refrigerantes. 
Ademais, é essencial reduzir o tempo gasto com atividade sedentárias e aumentar aquele gasto com atividades físicas de intensidade.
ALIMENTAÇÃO DO ADOLESCENTE 
No início da adolescência, há a puberdade, um período de aceleração do crescimento, aumento da massa corporal e modificação da composição corporal. Nesta fase, a atividade física variável e o alto consumo de energia e gordura têm algumas consequências, entre elas: o aumento do risco cardiovascular e o favorecimento do desenvolvimento de resistência à insulina. 
Além disso, a ingestão inadequada de vitaminas, minerais e cálcio leva ao maior risco de osteoporose no futuro, já que cerca de 50% da massa óssea adulta é adquirida nessa idade, ou seja, o pico de mineralização óssea acontece neste momento. Assim, a ingestão de cálcio inadequada compromete a massa óssea do adulto. Outro fator que contribui para essa maior propensão a osteoporose é o consumo de alimentos que interferem na absorção de cálcio: cafeína, ftalatos, oxalatos. Assim, estes devem ser evitados. 
A necessidade diária estimada de cálcio para o adolescente é de 1.300mg, o que equivale a 3-5 porções de derivados lácteos, sendo 1 porção de leite ou iogurte igual a 240mL e 1 porção de queijo igual a 2 fatias, ou 40g.
ATIVIDADE FÍSICA
 Em conjunto com a genética, a nutrição e o ambiente, a atividade física contribui para que a criança atinja seu potencial de crescimento, desenvolva plenamente a aptidão física e tenha como resultante um bom nível de saúde. Entre os benefícios da atividade física se encontram: 
· Aumento do volume de ejeção cardíaco; 
· Aumento dos parâmetros ventilatórios funcionais; 
· Redução da pressão arterial; 
· Aumento da sensibilidade à insulina; 
· Melhora do perfil lipídico; 
· Aumento da mineralização óssea; 
· Melhora da cognição e da auto-estima. 
Lactentes 
A atividade física de lactentes deve durar cerca de 180 minutos por dia, sendo divididos em curtos períodos, intercalados com períodos de sono e repetidos várias vezes durante o dia. Envolve desde atividades levescomo levantar, dar alguns passos, até atividades mais energéticas como pular de um lado para o outro, escalar e correr. Nesta fase, o tempo de tela deve ser zero. 
Pré-escolares 
Nesta fase, a atividade física também deve durar cerca de 180 minutos por dia. Porém, deve ser constituída por brincadeiras ativas (bicicleta, pega- -pega, esconde-esconde) e atividade física estruturada (natação, futebol, basquete, vôlei ou outros). O tempo de tela deve ser limitado a 2 horas/dia. 
Escolares e adolescentes 
Especificamente durante a puberdade (final da fase escolar e início da adolescência), a prática de atividade física é ainda mais importante. Isso porque, na puberdade, a liberação de GH (hormônio do crescimento) pela hipófise aumenta, pelo aumento da sensibilidade desta glândula ao GHRH (hormônio liberador de hormônio do crescimento), produzido pelo hipotálamo. 
O GH atua estimulando a proliferação de condrócitos e de células osteogênicas na placa epifisária, levando ao crescimento dos ossos longos. Inicialmente há o crescimento de cartilagem que, gradativamente, vai sendo mineralizada (transformada em osso novo), de forma que quando ocorre a fusão da epífise, a cartilagem é completamente obliterada e o crescimento é cessado.
O GH é liberado em pulsos ao longo do dia, tendo dois picos mais acentuados. Um durante o sono e outro durante o exercício físico de intensidade. Logo, o hábito de se exercitar durante esta fase da vida é fundamental para que o púbere atinja seu potencial máximo de crescimento.
Dessa forma, a recomendação é que escolares e adolescentes pratiquem 60 minutos por dia de atividade física moderada a vigorosa, sendo vigorosa 3 vezes/semana e de flexibilidade 3 vezes/semana. Ademais, o tempo de tela deve ser limitado a 2 horas/dia (sem considerar o tempo aplicado para fazer pesquisas ou lições escolares).
REFERÊNCIAS
Manual de Alimentação – Da Infância à Adolescência. Departamento de Nutrologia – Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), 4ª edição revisada e ampliada, 2018. 
A alimentação complementar e o método BLW. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2017. 
Promoção da atividade física na infância e adolescência. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2017. 
KLIEGMAN, Robert M.; NELSON, Waldo E. Tratado de pediatria. Edição 18. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 
Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria, 4ª edição, Barueri, SP: Manole, 2017. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Dez passos para uma alimentação saudável – Guia alimentar para crianças menores de dois anos. 2ª edição. Brasília, DF – 2015.
QUESTÕES
1. Fernanda tem 7 meses e foi desmamada aos 2 meses e meio. Desde então, alimenta-se com leite de vaca integral acrescido de farinha e açúcar em todos os horários. Com base nesse caso e no seu conhecimento sobre nutrição do lactente, responda:
a) Fernanda certamente recebe uma dieta hiperprotéica pobre em ferro.
b) A alimentação correta para Fernanda seria leite materno exclusivo.
c) A introdução de dieta complementar pode ser feita a partir do sexto mês de vida.
d) O leite de vaca integral é mais rico em proteínas, gorduras e carboidratos.
e) Há mais de uma alternativa correta.
Resposta correta: E
Comentário do especialista: A Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda o leite de vaca integral para alimentação de lactentes menores de um ano, por vários motivos, dentre eles taxas elevadas de proteínas, com uma relação caseína/proteínas do soro elevada, que forma coágulos mais espessos no estômago, dificultando a digestão, absorção e consequentemente o ganho ponderal e baixos teores de ferro e elevada concentração de sódio, levando à anemia ferropriva e sobrecarga renal. Quantidade de carboidratos insuficientes, baixas concentrações de todos os oligoelementos e baixo teor de ácido linoleico. Após os seis meses de idade, o aleitamento materno de modo isolado não atende mais às necessidades nutricionais do lactente, sendo necessária a introdução de outros alimentos. De acordo com a OMS, o aleitamento materno é recomendado até dois anos, sendo exclusivo até o 6º mês. O início da alimentação complementar ou desmame é o período de introdução de qualquer outro tipo de alimento além do leite materno. Desta forma existem duas alternativas corretas, tanto a que diz que “Fernanda certamente recebe uma dieta hiperprotéica pobre em ferro”, como também a que diz que “A introdução de dieta complementar pode ser feita a partir do sexto mês de vida.”
2. O ministério da Saúde/OPAS e a Sociedade brasileira de pediatria estabeleceram normas de alimentação para crianças menores de 2 anos, denominadas 'Dez passos para a alimentação saudável'. Marque a alternativa que NÃO faz parte dos 10 passos.
a) A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até 1 ano de idade.
b) A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horário.
c) Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia.
d) Evitar açúcar, nos primeiros anos de vida e usar sal com moderação.
e) Dar somente leite materno até os 6 meses de idade.
Resposta correta: A
Comentário do especialista: Alternativa A: incorreta. O segundo passo para a alimentação saudável afirma que, a partir dos 6 meses, deve-se introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os 2 anos de idade ou mais e não apenas até 1 ano como afirma a questão. Alternativa B: correta. O passo 4 afirma que: a alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança. Eles orientam que a oferta de alimentos seja realizada de maneira regular, mas sem rigidez de horários e com intervalos fixos entre as refeições. Alterantiva C: correta. Essa recomendação está no passo 6: ofereça à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida. Alternativa D: correta. O passo 8 trata sobre essa questão: evite açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida e use sal com moderação. Prefira sempre alimentos naturais, sem adição de açúcar. Alternativa E: correta. O primeiro passo é talvez o mais importante no crescimento e desenvolvimento das crianças: dê somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento.
3. Sobre alimentação infantil, após os seis meses, julgue a afirmativa seguinte: Deve ser pesquisada a história familiar de atopia e/ou reações alérgicas antes da introdução de novos alimentos.
Verdadeiro ou Falso
Resposta correta: Verdadeiro
Comentário do especialista: A prevenção da alergia alimentar é direcionada para os recém-nascidos considerados de alto risco de doenças alérgicas. O conceito de alto risco é definido pela história familiar de alergia dos pais da criança ou de um dos pais e um ou mais irmãos. Crianças nascidas em famílias de pais asmáticos, por exemplo, apresentam probabilidade quatro vezes maior de ter AA em comparação à população não atópica.
4. Com base nas características do leite materno e nos benefícios do ato de amamentar, julgue o item a seguir: a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento materno exclusivo, sob livre demanda, desde a sala de parto até os seis meses de vida, quando se inicia alimentação complementar, mantendo, contudo, até, no mínimo, os dois anos de idade.
Verdadeiro ou Falso
Resposta correta: Verdadeiro
Comentário do especialista: A alternativa traduz as principais recomendações para uma alimentação saudável nos primeiros dois anos de vida da criança. Sabemos que, nos primeiros seis meses de vida, o leite materno é capaz de atender a quase totalidade das demandas nutricionais da maioria das crianças, devendo ser o único alimento oferecido neste período. Após os seis meses, torna-se necessário complementar a alimentação. Porém, o oferecimento do leite materno continua trazendo benefícios em função de seus fatores de proteção e da sua composição de proteínas e gorduras de alto valorbiológico até os dois anos de idade. 
5. Todos são princípios válidos na alimentação do pré-escolar os descritos abaixo, exceto um. Assinale-o:
a) É comum a queixa dos pais “meu filho não come” nesta faixa de idade, especialmente porque as necessidades basais diminuem juntamente com queda da velocidade de crescimento.
b) Erros alimentares introduzidos nos dois primeiros anos de vida acarretam, na faixa etária pré-escolar, diminuição do apetite, particularmente para os alimentos oferecidos no almoço e jantar.
c) Frequentemente, o tempo de brincar e outras atividades invadem o tempo de comer, fato que deve ser evitado com firmeza e paciência.
d) Com o risco crescente de obesidade, é preciso limitar a quantidade de alimentos ingeridos durante as refeições regulares.
e) Quando a criança estiver apta para se servir e comer sozinha, isso deve ser permitido e, até, estimulado.
Resposta correta: D
Comentário do especialista: A: correta. O período pré-escolar é uma fase crítica na vida da criança, em que se torna necessária e importante a sedimentação de hábitos alimentares, uma vez que essa é uma fase de transição: a criança sai de um período de total dependência para posteriormente entrar em uma fase de maior independência. É nessa idade que a criança desenvolve sentidos e diversifica os sabores,e com isso forma suas próprias preferências. Essa etapa caracteriza-se por ser um período de diminuição de crescimento sendo inferior aos 2 primeiros anos de vida (cerca de 2 a 3kg/ano e 5 a 7cm/ano), portanto com decréscimo das necessidades nutricionais e do apetite. São características do pré-escolar a neofobia (dificuldade em aceitar alimentos novos ou desconhecidos) e a rejeição por uma grande variedade de alimentos. B: correta. Em longo prazo, as práticas de alimentação complementar inadequadas podem ter impacto negativo na saúde da criança, estando associadas a comportamentos não saudáveis de alimentação posterior, através do efeito cumulativo de alterações que se iniciam precocemente na vida, resultando em morbidade anos depois, além da criação de hábitos alimentares que promovem práticas dietéticas indesejáveis, contribuindo para problemas de saúde. C: correta. Deve-se sempre estabelecer uma rotina com horários que possam atender a demanda da família. É necessário que se estabeleça um tempo definido e suficiente para cada refeição de modo que a criança deve entender a hora de brincar e a hora de se alimentar. D: incorreta. O tamanho das porções dos alimentos nos pratos deve estar de acordo com as recomendações da criança. Deve-se evitar obrigar a criança a ingerir tudo que está no prato ou de transformar a refeição em um momento de estresse. Pode haver doce de sobremesa, mas oferecê-lo dentro do ritual da refeição da família sem conotação de recompensa pelo consumo dos demais alimentos. Deve-se ter cuidado com as preparações caseiras evitando-se o uso exagerado de óleo para cocção, consumo frequente de frituras, consumo de carnes com aparas de gordura e pele, uso de bacon em preparações nutritivas como o feijão, entre outras orientações. E: correta. A criança deve ser confortavelmente acomodada à mesa com os outros membros da família. Ela deve ser encorajada a comer sozinha, mas sempre sob supervisão. É importante deixá-la comer com as mãos e estimular o uso correto dos utensílios.
6. A alimentação infantil adequada compreende a prática do aleitamento materno e a introdução, em tempo oportuno, da alimentação complementar. Nesse sentido, de acordo com as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria, OMS e do Ministério da saúde, podemos considerar verdadeiras as afirmações seguintes, exceto:
a) A alimentação oferecida depois dos seis meses de vida, deve ser composta de cereais ou tubérculos, leguminosas, carnes e hortaliças, desde a primeira papa.
b) Deve conter proteínas heterólogas e glúten a partir do sexto mês de vida, visando à aquisição de tolerância e à redução no risco de alergenicidade.
c) O ovo (clara e gema) deve ser introduzido apenas após 1 ano de idade.
d) Horários rígidos para a oferta de alimentos prejudicam a capacidade da criança de distinguir a sensação de fome e de estar satisfeita após a refeição.
e) Como a criança tem capacidade gástrica pequena e consome poucas colheradas no início da introdução dos alimentos complementares, é necessário garantir o aporte calórico com papas de alta densidade energética.
Resposta correta: C
Comentário do especialista: A: correta. Não há restrições para a introdução de alimentos diferentes concomitantemente sendo que a refeição deve conter pelo menos um alimento de cada um dos seguintes grupos: hortaliças, cereal ou tubérculos, leguminosas, carne e ovo. B: correta. A recomendação atual (de 2017) para a população geral de lactentes é de que alimentos que contêm glúten podem ser introduzidos após os 6 meses de vida juntamente com os demais alimentos que compõem a alimentação complementar. As proteínas oferecidas podem ser: carne bovina, vísceras, carne de frango, carne suína, carne de peixe e ovos. C: incorreta. O ovo deve ser introduzido aos 6 meses de vida visando a aquisição de tolerância e redução do risco de alergenicidade. D: correta. O passo 4 dos \"Dez passos para uma alimentação saudável\" afirma que a alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança. Isso deve permitir pequena liberdade inicial quanto às ofertas e horários permitindo a adaptação do mecanismo fisiológico da regulação da ingestão. Mantém-se, assim, a percepção correta das sensações de fome e saciedade, característica imprescindível para a nutrição adequada, sem excessos ou carências. E: correta. Os alimentos que constituem a papa principal deve ser preparados com: cereal ou tubérculo, proteína de origem animal, leguminosas e hortaliças.
7. Sobre a alimentação de crianças nos primeiros dois anos de vida, assinale a alternativa correta de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde:
a) É recomendado o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento.
b) A partir de um ano de idade oferecer alimentação complementar, incluindo fórmulas lácteas.
c) Nos primeiros meses de vida a preferência é para o sabor salgado, sendo necessário após o desmame, a adição de açúcar em pequenas quantidades, para estimular o paladar.
d) É conselhavel a prática de gratificações, para conseguir que a criança coma o que seja necessário para ela.
e) Na introdução da alimentação complementar, inicair com papinhas liquidificadas, no intuito de facilitar a aceitação por parte da criança.
Resposta correta: A
Comentário do especialista: A: correta. O aleitamento materno exclusivo deve ser mantido até os 6 meses de vida, sem qualquer outro líquido ou alimento. B: incorreta. A alimentação complementar deve ser iniciada no sexto mês de vida do bebê, sem necessidade de fórmulas lácteas, idealmente mantendo-se o leite materno até os dois anos. C: incorreta. Nos primeiros meses de vida, a criança tem preferência pelos alimentos adocicados, como as frutas. O açúcar não deve ser oferecido em momento algum na dieta da criança. D: incorreta. Não é aconselhável a prática de gratificações. É importante que a criança tenha interesse real pelo alimento, a fim de que a alimentação seja bem-sucedida desde o início até a vida adulta. E: incorreta. Deve-se oferecer os alimentos sob a forma de papas, amassados no garfo, sem bater em liquidificador. É fundamental que a criança aprenda a mastigar e desenvolva o movimento da língua. Além disso, a densidade energética dos alimentos em papa é maior do que os liquefeitos, garantindo maior oferta calórica para a criança.
8. A melhor orientação para uma alimentação saudável de um lactente de 6 meses de idade em aleitamento materno exclusivo é:
a) Manter aleitamento materno exclusivo por mais dois meses e introdução de duas refeições pastosas.
b) Manter aleitamento materno e introdução dos alimentos complementaresde forma gradual.
c) Manter aleitamento materno e introduzir fórmula láctea enriquecida com ferro em copinho.
d) Introduzir fórmula láctea enriquecida com ferro e suco de frutas nos intervalos.
e) Introduzir fórmula láctea específica para o segundo semestre, duas refeições pastosas e frutas nos intervalos.
Resposta correta: B
Comentário do especialista: Segundo a OMS/SBP/MS, até os seis meses deve-se manter apenas o aleitamento materno de forma exclusiva, e a partir de então, iniciar a introdução gradual de outros alimentos ao cardápio da criança, mantendo o leite materno nos intervalos entre as refeições principais até os 2 anos de idade. O início da alimentação complementar começa aos 6 meses e deve seguir algumas regras: 1) deve ser feita de forma gradual, com cada alimento novo sendo introduzido separadamente; 2) a não aceitação inicial de um determinado alimento, não deve ser interpretada como recusa definitiva; 3) a consistência também deve ser modificada, com o oferecimento de alimentos inicialmente na forma pastosa, até pedaços sólidos com a colher; 4) os alimentos não devem ser processados em liquidificador; 5) deve-se evitar dietas muito diluídas e volumosas; 5) sal e condimentos não devem ser usados no preparo das dietas; 7) leite e açúcar também não devem ser misturados à papa, pois é necessário que a criança conheça o real sabor dos alimentos que estão sendo introduzidos. O esquema para desmame no primeiro ano de vida: a) até o sexto mês de vida aleitamento materno exclusivo; b) no sexto mês aleitamento + papa de frutas (inicialmente 1x ao dia e depois 2x ao dia); c) do sexto ao sétimo mês: aleitamento + papa/suco de frutas + uma papa salgada/dia; d) do sétimo ao oitavo mês: aleitamento + papa/suco de frutas + duas papas salgadas/dia; e) do nono ao décimo primeiro mês: manter o esquema anterior, tornando a alimentação complementar mais próxima dos hábitos da família; f) 1 ano de vida: alimentação deve ser igual à da família.
9. É indicação de uma alimentação saudável, segundo o Ministério da Saúde, para crianças menores de 2 anos:
a) Oferecer leite materno até os seis meses; sendo necessário, oferecer água.
b) A partir dos 3 meses oferecer gradualmente sucos e sopinhas, mantendo o aleitamento materno até os 2 anos ou mais.
c) A alimentação complementar quando iniciada deve ser espessa desde o início e oferecida de colher, aumentando a consistência gradualmente até chegar à alimentação da família;
d) Não oferecer frutas e hortaliças com frequência diária para evitar episódios de diarreia.
e) Evitar alimentos variados.
Resposta correta: C
Comentário do especialista: A incorreta: Não se deve complementar o aleitamento materno até os 06 meses, devendo esse ser exclusivo. Além disso, indica-se a continuação do aleitamento materno até os 02 anos. B incorreta: Deve-se oferecer alimentação complementar a partir dos 06 meses, não 03 meses de idade. C icorreta: A consistência dos alimentos deve ser progressivamente elevada, respeitando-se o desenvolvimento da criança e evitando-se, dessa forma, a administração de alimentos muito diluídos (com baixa densidade energética) para propiciar a oferta calórica adequada. Recomenda-se iniciar com pequenas quantidades do alimento, entre 1 e 2 colheres de chá, colocando-se o alimento na ponta da colher e aumentando o volume conforme a aceitação da criança. D e E: Não há restrições à introdução concomitante de alimentos diferentes, mas a refeição deve conter pelo menos um alimento de cada um dos seguintes grupos: Cereais ou tubérculos, Leguminosas, Carne (vaca, ave, suína, peixe ou vísceras, em especial o fígado) ou ovo; lembrar que as vísceras, quando utilizadas, deverão sofrer cozimento atento e demorado a fim de evitar possíveis contaminações pela manipulação em abatedouros, com grande incidência de salmoneloses e Hortaliças (verduras e legumes).
10. Sobre alimentação infantil, após os seis meses, marque V para verdadeiro e F para falso a afirmativa seguinte: A papa deve ser amassada, sem peneirar, ou liquidificada. A carne não deve ser retirada, mas sim, picada e oferecida à criança.
Verdadeiro ou Falso
Resposta correta: verdadeiro
Comentário do especialista: A papa deve ser amassada, sem peneirar ou liquidificador, para que sejam aproveitadas as fibras dos alimentos e fique na consistência de purê. A carne, na quantidade de 50 a 70 g/dia (para duas papas), não deve ser retirada após o cozimento, mas sim picada, tamisada (cozida e amassada com as mãos) ou desfiada, e é fundamental que seja oferecida à criança (procedimento fundamental para garantir a oferta adequada de ferro e zinco). Aos 6 meses, os dentes estão próximos às gengivas, o que as torna endurecidas, de tal forma que auxiliam a triturar os alimentos.
11. Pré-escolar de três anos foi levado à consulta por não comer verduras. A mãe se esforçava muito com prêmios, brincadeiras, distração (TV na hora das refeições) e já o havia castigado, mas a criança não aceitava nenhum "verdinho". Este problema é conhecido como:
a) Neofobia, comum na idade.
b) Megaloblastose, carência de folatos.
c) Birra, defeito de personalidade grave.
d) Escorbuto, deficiência de ascorbatos.
e) Mimo, excesso de cuidados maternos.
Resposta correta: A
Comentário do especialista: A 1 correta: Neofobia alimentar é a recusa à introdução de alimentos novos após os dois anos de idade, correspondendo ao quadro da criança. B incorreta: A Vitamina B12, a qual a deficiência gera anemia megaloblástica, é encontrada principalmente em alimentos de origem animal. Alimentos de origem vegetal são pobres em Vitamina B12. C incorreta: A birra não é um defeito de personalidade grave. D incorreta: Os principais alimentos ricos em vitamina C são as frutas e vegetais. As melhores frutas com vitamina C são camu-camu (fruta da Amazônia) e acerola. Mas também há ótimos índices de vitamina C na goiaba, kiwi, morango, laranja, pimentão, brócolis, couve-de-bruxelas, goji berry, cranberry e caju. Portanto, a deficiência em verduras não implicaria em um escorbuto, que cursaria com um quadro clínico compatível, não presente no caso apresentado. E incorreta: Não se pode considerar decorrente do mimo, pois a mãe busca a introdução dos alimentos. Entretanto, diante de tais problemas comportamentais alimentares, não se deve reforçar o comportamento inadequado, evitando forçar, ameaçar ou premiar.
12. Analise as recomendações para a promoção da alimentação saudável da criança e, consequentemente, prevenção da obesidade e das doenças crônicas não transmissíveis: I. Promoção, apoio e estímulo ao aleitamento materno exclusivo até o segundo mês e complementar até 2 anos de vida ou mais; II. Valorização do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, a partir da caderneta da criança; III. Orientação da alimentação da criança com base nos 10 passos da alimentação da criança menor de 2 anos; IV. Estímulo ao uso do sal e seu correto armazenamento no domicílio; V. Incentivo ao uso de alimentos regionais, especialmente frutas, legumes e verduras; VI. Incentivo ao consumo e alimentos que são fontes de ferro. Assinale a alternativa que contém todas as recomendações corretas:
a) I, II, III e VI. b) I, III, V e VI. c) II, III, V e VI. 
d) I, III, IV e V. e) II, III, IV e VI.
Resposta correta: C
Comentário do especialista: Os \"Dez Passos para a Alimentação Infantil Saudável\" são: 1) Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos; 2) A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais; 3) Após os seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes), três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada; 4) A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança; 5) A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistênciapastosa e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família; 6) Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia; 7) Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições; 8) Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação; 9) Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos, garantir o seu armazenamento e conservação adequados; 10) Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação. I:Falsa. O aleitamento materno deve ser exclusivo até o sexto mês de vida e deve ser complementado entre seis meses e dois anos de vida ou mais. Assertiva II: Verdadeira. Como parte do acompanhamento de uma criança, deve ser feito o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento com o auxílio dos gráficos disponibilizados na caderneta de saúde da criança. III: Verdadeira, IV:Falsa e V:Verdadeira. Conforme comentário do autor. VI:Verdadeira. Alimentos ricos em ferro devem ser estimulados visto que a anaemia ferropriva é a patologia mais comum em lactentes.
13. Quanto à Alimentação Complementar, que consiste na alimentação iniciada, de preferência aos 6 meses de idade, em que outros alimentos sólidos ou líquidos são oferecidos à criança, além do leite materno, assinale a alternativa correta.
a) Mesmo que a criança tenha alergia à proteína do leite de vaca, pode-se introduzir outros alimentos considerados alergênicos a partir dos 6 meses de vida.
b) Deve-se colocar açúcar ou leite nas papas, para melhorar o sabor e sua aceitação.
c) O mel de abelhas pode ser oferecido após os 6 meses de vida, para facilitar a aceitação da dieta.
d) O consumo precoce, antes do sexto mês de vida, de alimentos complementares facilita a aceitação dos diversos sabores pela criança.
e) O suco de frutas é uma opção tão nutritiva quanto à fruta, e pode substituí-la na alimentação complementar.
Resposta correta: A
Comentário do especialista: A: correta. A introdução da alimentação complementar deve ser feita a partir dos 6 meses mesmo em casos de alergia a proteína do leite de vaca. Postergar a oferta de novos alimentos aumenta a chance de alergia alimenta. B: incorreta. Não se deve adicionar açúcar ou leite (ou qualquer outro item para modificação do sabor) nas papas. É fundamental que a criança conheça cada sabor, cada textura dos alimentos. Isso aumenta a chance de boa aceitação de múltiplos alimentos no futuro. C: incorreta. Não se deve oferecer mel até os 12 meses de vida da criança, pelo risco de existência de esporos de Clostridium botulinum contaminando as preparações. Até esta idade, há uma probabilidade de germinarem na luz intestinal e causarem botulismo. D: incorreta. Não está recomendada a introdução precoce rotineira de alimentos complementares. Até os seis meses, o leite materno é capaz de suprir todas as demandas nutricionais da criança em crescimento, e a criança ainda não apresenta maturidade fisiológica (trato digestivo e renal ainda imaturos para receber maiores quantidades de diferentes solutos) para receber novos alimentos. E: incorreta. Apesar de muito bem aceitos, os sucos não devem substituir a fruta. Fruta deve ser oferecida in natura, raspada ou amassada, uma vez que os sucos apresentam baixa densidade energética e alto índice glicêmico.
14. Em relação à alimentação saudável da criança, é correto afirmar que:
a) O acréscimo de uma mínima quantidade de leite e/ou açúcar pode facilitar a adaptação da criança à introdução dos novos alimentos, uma vez que se trata de uma fase de transição.
b) Para atender à necessidade de cálcio da criança entre 1 e 2 anos de idade, o consumo de leite de vaca integral deve ser de cerca de 1 litro/dia, tomando-se o cuidado de não oferecê-lo no lugar ou próximo das refeições principais.
c) Na idade pré-escolar, o ganho de peso é proporcionalmente maior que o de estatura, e a necessidade energética é de cerca de 2 000 Kcal. Já na idade escolar, o ganho estatural é maior e a necessidade energética diária é de 1 300-1 800 Kcal.
d) A necessidade de zinco e ferro é garantida quando se oferece cerca de 50-70 g/dia de carne, nas 2 papas, na faixa etária dos 6 aos 12 meses.
Resposta correta: D
Comentário do especialista: A quantidade de ferro e zinco que uma criança necessita pode ser alcançada apenas com o aporte nutricional adequado, no entanto como não temos como garantir que todas crianças recebam a alimentação adequado, a suplementação de ferro para prevenção de anemia ferropriva deve ser encorajada, por uma questão de saúde pública. 
15. Pedro, um lactente de 8 meses, veio para a consulta de puericultura. A criança está em uso de suplementação de vitamina A e D, peso e comprometimento em +1 no score Z, mãe refere que ele senta sem apoio. Está em aleitamento materno, não faz uso de outro leite e já recebe frutas e 2 refeições principais. Exame físico sem alterações importantes. Em relação à profilaxia de anemia para essa criança, qual seria sua conduta:
a) Solicitar hemograma de rotina pois há evidências que recomendam a triagem universal de anemia no primeiro ano de vida, seguidas pelo Ministério da Saúde, e introduzir tratamento com sulfato ferroso apenas se o exame estiver alterado.
b) Introduzir sulfato ferroso 1 mg/kg/dia pois o Ministério da Saúde recomenda suplementação universal de ferro em todas as crianças, entre 6 e 23 meses de vida, a partir da introdução de alimentação complementar, independente de exame clínico e laboratorial.
c) Introduzir sulfato ferroso 1 mg/kg/dia apenas se a criança tiver nascido prematura, baixo peso ou apresentar outros fatores de risco para anemia.
d) Não solicitar hemograma e nem introduzir sulfato ferroso profilático pois de acordo com os princípios da prevenção quaternária devemos poupar nossos pacientes de intervenções que tragam mais custo que benefícios e não há evidências que nenhuma dessas medidas tragam benefícios para a criança.
Resposta correta: B
Comentário do especialista: A: incorreta. O Ministério da Saúde orienta que todas as crianças nascidas a termo devem realizar suplementação com o ferro a partir do terceiro mês de vida mesmo que esteja em aleitamento materno exclusivo. Já os prematuros devem iniciar essa suplementação a partir do primeiro mês de vida, independente de exames laboratoriais. B: correta. Para crianças com peso de nascimento acima de 2500g, a suplementação deve ser feita com 1mg/kg/dia até os 2 anos de idade. Crianças com peso de nascimento entre 1500g e 2500g devem fazer reposição de ferro com 2mg/kg/dia no primeiro ano de vida e 1mg/kg/dia no segundo ano de vida. Crianças com peso de nascimento entre 1000g e 1500g realiza uma dose de 3mg/kg/dia no primeiro ano e retorna para 1mg/kg/dia no segundo ano. Já aquelas nascidas com menos de 1000g, a reposição de ferro deve ser feita com 4mg/kg/dia no primeiro ano e 1mg/kg/dia no segundo ano. Naquelas crianças a termo, o ferro deve ser feito com 1mg/kg/dia a partir do terceiro mês até o vigésimo quarto mês de vida. C: incorreta.. D: incorreta.
FIM

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