Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Anatomia, acuidade visual e Refração, Infecções Oftalmológicas + Semiologia da visão e Glaucoma + Síndrome do olho vermelho Semana 1 Anatomia Bulbo ocular: - Camada externa ou túnica fibrosa: A túnica fibrosa ou camada externa é a região chamada de esclera, a qual constitui o esqueleto que garante a forma e resistência ao bulbo ocular. É composta por 3 partes: Córnea: porção anterior composta por epitélio (bastante renovável) e outras estruturas, principalmente terminações nervosas livres, sendo, portanto, bastante sensível. É uma estrutura avascular, sendo nutrida por leitos capilares periféricos, pelo líquido lacrimal e humor aquoso. Esclera: é uma estrutura opaca, fibrose e forte. É responsável pela sustentação ocular. Limbo. É nesta região onde há a fixação dos músculos extrínsecos e intrínsecos do olho. - Camada média ou túnica média ou uvea: é dividida em 2 partes: Camada anterior: formada pela íris (está no limite da câmara anterior e câmara posterior é a parte colorida do olho), pupila (é a parte diafragmática do olho, é o orifício onde entra a luz), corpo ciliar (produz o humor aquoso e tem a presença do musculo ciliar, responsável pela acomodação) e cristalino (é a lente biconvexa, avascular e não inervada. Promove o processo de acomodação visual). OBS: Quando ocorre o processo de acomodação visual o cristalino relaxa, o que aumenta o poder refrativo. Após os 40 anos, o paciente perde esse poder de acomodação, perdendo a capacidade de leitura para perto Presbiopia. Camada posterior: formada coroide, que é uma estrutura altamente vascularizada. É composta por diversas camadas. - Camada interna ou camada neurosensorial: é composta pela retina, responsável pela transmissão do impulso ao nervo optico. Composta por 10 camadas: Camada pigmentar; Camada fotorreceptora: composta pelos cones e bastonetes; Membrana limitante externa; Nuclear externa; Plexiforme externa; Nuclear interna; Plexiforme interna; Células ganglionares; Fibras opticas e nervo optico. Limitante interna. Ao visualizar a retina no exame do fundo de olho devemos focar na visualização do disco ótico (rósea e arredondada) e a mácula (área ovalada e onde contém a fóvea). Humor vítreo: Representa um gel transparente e avascular, sendo composto principalmente de água. Tem função de suporte físico, metabolismo e transmissão de luz. Além disso, como fica entre a retina e o cristalino, tem função de proteger essa retina. Acuidade Visual e Refração Acuidade visual: É um exame feito de forma monocular, ou seja, cada olho por vez, iniciando pelo olho direito. Neste sentido, pedimos para a paciente oclua o olho esquerdo e a partir disso, mostramos a tabela de Snellen e pedimos para a paciente dizer o que está visualizando. Sendo o normal: visão 20/20. Posteriormente trocamos o olho. Caso o paciente seja analfabeto, podemos utilizar o teste do E ou tabela de figuras. Refração: É o procedimento que medimos o grau do paciente. Para isso, iremos utilizar o instrumento chamado retinoscópio. Inicialmente colocamos o refrator nos olhos do paciente, este estando sentado e com a pupila dilatada, e a partir disso solicitamos que o paciente fixe o olhar na tabela de Snellen e ligamos o retinoscópio e 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP ficamos a 1 metro de distância do paciente e colocamos nosso olho direito para examinar o olho direito do paciente e a partir disso, avaliaremos o olho tanto na vertical como na horizontal. Nesse momento, iremos visualizar uma faixa, caso essa faixa acompanhe o movimento da luz dizemos que é hipermetropia, colocando as lentas positivas no refrator. Caso esta faixa continue acompanhando a luz, vamos aumentando o grau positivo. Quando encontrarmos o borrão, este será o grau do paciente. - Miopia: os raios que penetram o olho focalizam na frente da retina. O sujeito vê melhor para perto e pior para longe. A correção é feito com lentes divergentes, sendo negativas. Há um achatamento superior-inferior do olho Olho grande. - Hipermetropia: os raios de luz que penetram os olhos focam atrás da retina. A visão é pior para perto do que para longe. A correção é feita com lentes convergentes e são positivas; Há um achatamento anteroposterior do olho olho curto. - Astigmatismo: os raios de luz focam em 2 pontos diferentes em relação ao olho. Há a sensação de visão dupla e atrapalham tanto perto quanto longe. A correção é feita com lentes cilíndricas. Infecções Oftalmológicas Síndrome do olho vermelho: Representa uma patologia de múltiplas etiologias, geralmente benignas, mas pode também representar um sinal de uma doença ocular grave ou uma doença sistêmica. É importante avaliar o início das queixas, se é um episódio inicial ou é recorrente, se foi espontâneo ou houve algum trauma, se é uni ou bilateral, se há sintomas associados (prurido, lacrimejamento, secreção, fotofobia), buscar os antecedentes médicos e antecedentes oftalmológicos (uso de lentes de contato). - A hiperemia pode ser ocupar a região da córnea ou conjuntiva como um todo. OBS: Sinais de alarme: se há redução da acuidade visual, se há dor, se há alterações pupilares, trauma ocular Referenciar à oftalmologia. Olho vermelho leve a moderado: - Blefarite: é a inflamação da borda palpebral. Nesse caso, podemos notar crostas na borda palpebral, glândulas sebáceas salientes, desconforto, sensação de corpo estranho e prurido. Acuidade visual normal; Tratamento: limpeza palpebral + massagem (facilita a retirada das crostas): compressas mornas 1-2x/dia, além de usar um lubrificante ocular. - Calázio/hordéolo: é como se fosse uma consequência da Blefarite, de modo que ocorre uma obstrução e subsequente inflamação das glândulas sebáceas da pálpebra. Hordéolo: é uma inflamação aguda e supurativa, que tem como principal agente etiológico os estafilococos. É a doença conhecida como Terçol. Os sintomas são: Hiperemia e dor local; Nodulação e edema; Ponto de flutuação. O tratamento é feito com compressa morta (durante várias vezes por dia por 10 minutos), antibiótico + corticoide tópico (pomadas), higiene dos cílios (por causa de casos de Blefarite- inflamação dos cílios). Calázio: é uma inflamação crônica lipogranulomatosa (estéril) das glândulas palpebrais. Os sintomas são: Fase aguda: dor e edema palpebral; Resolução: endurecimento indolor. Tratamento: parecida com a do hordéolo e encaminhar para oftalmologista. OBS: Caso o paciente não tenha melhora sintomática ou tenha recidiva, deve-se encaminhar para oftalmologista Cirurgia e fazer diagnostico diferencial com carcinoma de glândulas sebáceas. 3 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP - Dacriocistite aguda: é uma inflamação do saco lacrimal, geralmente associada à obstrução do canal lacrimo-nasal. Os sintomas são: Hiperemia; Dor; Tumefação e eritema canto interno do olho; Secreção mucopurulenta; Epífora: acúmulo da lagrima na região inferior da pálpebra, devido capacidade de drenagem da lagrima. O tratamento é feito com antibióticos e AINES sistêmicos e tópicos, compressas mornas e massagem. OBS: Se recidiva referenciar para oftalmologista para fazer cirurgia. - Hemorragia subconjuntival: é uma coleção de sangue subconjuntival secundária a uma ruptura de um vaso. É um quadro idiopático, mas pode ocorrer pela manobra de valsava, HAS não controlada ou ainda uso de antiagregantes, anticoagulantes e traumas. Os sintomas são: Hiperemia brilhante; Hemorragia em toalha; Sem secreção, sem dor; Acuidade visual mantida; Às vezes é assintomático. Resolve-se espontaneamente.- Pterígio e pinguécula: Pterígio: é uma proliferação fibrovascular em forma de triangulo que se estende da conjuntiva até a região inferior e lateral da córnea. Pinguécula: é uma degenerescência elástica da conjuntiva. É um tecido branco amarelado adjacente, mas não atinge a córnea. Geralmente essas condições são assintomáticas e não há necessidade de tratamento. Contudo, se inflamado (hiperemia, sensação de corpo estranho e lacrimejamento), pode-se usar lagrima artificial e AINES tópicos. OBS: Referenciar caso ocorra inflamação e irritação ocular que não é aliviado com o tratamento médico, ou ainda em casos de alterações visuais. - Conjuntivite aguda: é uma inflamação da conjuntiva, que se apresenta com o olho vermelho. Pode ser classificada quanto à duração dos sintomas, quanto à etiologia. Quanto à duração: Aguda: <4 meses; Crônica: >4 meses. Quanto à etiologia: Infecciosas: bacteriana, viral, fúngica, parasitária. Não infecciosa: alérgica, tóxica e irritativa. Conjuntivite viral: é causada principalmente por adenovírus. Seus sintomas são: Hiperemia conjuntival; Sensação de areia nos olhos; Secreção aquosa; Lacrimejamento; Edema palpebral; Folículos em conjuntiva; Linfonodos pré-auriculares; Acuidade visual mantida. Tratamento: feito com compressas frias, colírios e AINES. OBS: A conjuntivite adenoviral é um quadro muito contagioso e tem-se um envolvimento bilateral frequente. Iremos observar infiltrados subepiteliais (formações brancas e redondas). Conjuntivite bacteriana: é causada principalmente pelo S aureus, S. epidermoidis, S. pneumoniae e H. influenzae. Os sintomas são: Hiperemia conjuntival; Sensação de areia nos olhos; Secreção purulenta; Papilas em conjuntiva; Acuidade visual mantida. O tratamento é feito com compressas frias, colírios e antibióticos tópicos (fluoroquinolonas e tetraciclinas evitar em crianças e grávidas). Conjuntivite alérgica: tem-se geralmente um paciente com histórico de atopia. Os sintomas são: Hiperemia conjuntival; Sensação de areia nos olhos; Secreção aquosa; Prurido; Lacrimejamento; Papilas em conjuntivas; Acuidade visual mantida. O tratamento é feito com higiene ambiental, compressas frias, anti- histamínicos, antialérgicos e corticoides. 4 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP - Episclerite e esclerite: A Episclerite é um processo inflamatório da episclera. Possui algumas etiologias, como autoimune e infecciosa, mas também pode ser idiopática. Os sintomas são: Hiperemia difusa; Desconforto ocular; Ausência de exsudato; Acuidade visual mantida. Esclerite: é um processo inflamatório grave da esclera. Possui como etiologias: vasculite autoimune ou doença infecciosa. Os sintomas são: Hiperemia mais marcada; Dor ocular intensa que chega acordar o paciente à noite; Acuidade visual alterada. Olho vermelho grave: - Celulite pré-septal: é uma infecção de tecidos moles anterior ao septo orbital, mais comum em crianças. Etiologia: S. aureus e S. pyogenes. Trauma de pele; Infecção ocular ou periocular; Disseminação hematogênica. Sintomas: Edema palpebral e eritema; Acuidade visual normal; Sem dor à movimentação ocular; Pode complicar com meningite, abscessos e celulite orbitária. Tratamento: uso de antibiótico oral, geralmente cefalexina ou Amoxicilina + clavulonato de 7-10 dias ou antibiótico parenteral se infecção grave. - Celulite pós-septal/orbitária: é uma infecção grave dos tecidos moles posteriores ao septo orbital. Etiologia: S. aureus, S. pneumoniae e pyogenes, H influenzae e M. catarrhalis. Principalmente por seios paranasais; Estruturas adjacentes; Trauma; Cirurgias; Bacteremia com embolização séptica. Sintomas: Edema palpebral; Eritema; Proptose e equimose; Dor que piora a movimentação; Redução da acuidade visual; Pode complicar: abscessos cerebrais, meningite, neuropatia optica, cegueira. Tratamento: ATB parenteral de amplo espectro, como Ceftriaxone + Oxacilina e internamento. - Erosão de córnea/úlcera: Erosão: lesão única epitelial respeitando a membrana de Bowman; Úlcera: lesão que atinge o estroma. Os sintomas dessa patologia são: Opacidade corneana; Dor ocular; Fotofobia e lacrimejamento; Sensação de corpo estranho; Redução da acuidade visual; Reação inflamatória de cama anterior. - Uveíte: é uma inflamação do tecido uveal: íris, corpo ciliar e coroide. Possui uma classificação anatômica (anterior, intermediária, posterior e panuveite), clínica (aguda, recorrente e crônica) e etiologia (infecciosa- toxoplasmose, tuberculose, não infecciosa- autoimune e neoplasias e idiopática). Uveíte anteriores: há dor ocular, hiperemia ciliar, fotofobia, alterações pupilares (miose ou pupilas irregulares), precipitados queráticos e células na câmara anterior (efeito Tyndall). 5 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Semana 2 Semiologia da visão A visão para nós tem uma importância considerável e consequentemente, ela tem parâmetros definidos para uma visão normativa. A visão pode ficar deficiência quando você perde o objeto focado, chamados dos distúrbios do foco. Geralmente estão relacionadas à miopia, hipermetropia e astigmatismo. A segunda condição em que a visão fica prejudicada é quando ocorre turvação visual, está será provocada por opacidades nos meios oculares. - A partir disso, têm-se as ceratites, uveites, alterações do humor aquoso, como hifema e hipópio, as cataratas, pterígio (carne no olho), corpos estranhos e as diversas opacidades vítreas. O terceiro grupo de deficiência visual está representado pelos escotomas, que sempre traduzem lesões retinianas ou nos neurônios da retina. Este quadro é irreversível, podendo apenas agir com medidas profiláticas para evitar e conter o avanço da doença. Por fim, outra situação comum nos idosos é a degeneração macular relacionada com a idade. É uma doença que acomete e fóvea e a macula, reduzindo drasticamente a acuidade visual central. Classificação das perdas visuais: - Agudas transitórias; - Agudas persistentes; - Crônicas. Glaucoma Definição: Representa uma perda visual crônica, progressiva e irreversível. O aumento da pressão intraocular não é um fator necessário, mas é um fator de risco. De modo que, mesmo em pacientes com a pressão normal podem se apresentar com lesões glaucomatosas. Essa medida depende da espessura corneana, de modo que: - Córneas finas: hipoestimam a pressão intraocular; - Córneas espessas: hiperestimam a pressão intraocular. Além disso, a pressão intraocular apresenta variações ao longo do dia, tendo um pico entre 5:30-7:00. Seu valor normal é de: 15,9 podendo variar para mais ou menos 3,14. Classificação: O glaucoma é classificado em: - Glaucoma primário de ângulo aberto (mais comum): temos uma tríade sintomatológica: Aumento da pressão intraocular; Alteração típica do nervo optico; Defeito do campo visual correspondente. - Glaucoma primário de ângulo fechado: é uma urgência oftalmológica, que é caracterizada por gerar a síndrome do olho vermelho. Pressão intraocular muito elevada; Dor ocular intensa; Visão embaçada; Fotofobia; Hiperemia conjuntival; Cefaleia; Náuseas e vômitos; Edema de córnea. O tratamento visa uma redução rápida da pressão, através de drogas tópicas e sistêmicas: Acetazolamida, Timolol, manitol/glicerina, corticoesteroides, além de iridotomia que é a correção definitiva, que aumenta a amplitude do ângulo e normaliza a pressão por mais tempo. - Glaucoma congênito; - Glaucoma secundário. Fisiopatologia: Existem diversasexplicações, contudo, a principal teoria é que: o aumento da pressão intraocular gera uma compressão mecânica do nervo optico, levando a um bloqueio do fluxo axoplasmático e corte da conexão com o corpo geniculado lateral, o que promove a morte das células ganglionares da retina. Avaliação: - Anamnese: a fim de buscar fatores de risco; - Exame clínico; - Campo visual: avalia a função visual do paciente. É um teste subjetivo com grande variabilidade. - Curva tensional diária com 4 tomadas; - Paquimetria: medida da espessura corneana. Tratamento: 6 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP O Objetivo deste tratamento é retardar ou interromper a progressão da doença. A única forma de intervir é promover a redução da pressão intraocular. - Modalidades terapêuticas: Clínico: colírios aumentam o escoamento do humor aquoso ou diminuem sua produção; Laser: trabeculoplastia; Cirúrgico: trabeculectomia criação de uma fístula para drenagem do humor aquoso. Seguimento clínico: É feito através da avaliação da pressão, gonioscopia (estudo do ângulo da câmara anterior), Fundoscopia (avaliar o nervo optico) e avaliação do campo visual. - Adequado à gravidade da doença, de modo que: Grave: a cada 4 meses ou menos; Moderado: a cada 6 meses; Leve: anual. Glaucoma agudo/fechamento angular agudo primário: Representa um diagnóstico diferencial da Síndrome do Olho vermelho, mas que apresenta características bem claras. Trata-se de uma emergência oftalmológica, de modo que é importante lembrar que o humor aquoso é produzido no corpo ciliar e flui para câmara anterior através da pupila, onde é drenado para a malha trabecular. Quando ocorre uma lesão do nervo optico esta condição é chamada de glaucoma agudo de ângulo fechado. - Epidemiologia: Ocorre principalmente em pacientes com história familiar; Sexo feminino; Idade >60 anos; Hipermetropes; Uso de algumas medicações, como Hidroclorotiazida, antidepressivos tricíclicos, etc. - Fisiopatologia: O bloqueio ciliar é o mecanismo mais comum, o que dificulta a drenagem do humor aquoso, o que empurra a íris para frente. - Diagnóstico: é feito através da anamnese e exame oftalmológico, através da realização da acuidade visual, biomicroscopia, avaliação dos reflexos pupilares, tonometria, gonioscopia, exame de Fundoscopia sem dilatação e sinais clínicos característicos. - Quadro clínico: Dor aguda unilateral; Hiperemia conjuntival; Pupilas em média midríase não fotorreagentes ou pouco responsivas; Pressão intraocular elevada; Endurecimento à palpação; Halos coloridos ao redor da luz; Cefaleia hemicraniana unilateral. - Conduta: o manejo medicamentoso clássico visa rápido controle da pressão, abertura do ângulo e redução da inflamação. Avaliação com especialista + manter o paciente em supinação; Manitol a 20% EV; Acetoralamida, VO; Acetato de prednisolona 1% colírio; Maleato de timolol 0,5%, colírio; Pilocarpina 2%; Sintomáticos: opioides + ondasertrona EV.
Compartilhar