Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
c a d e r n o d e o f t a l m o Camila Pimenta Sumário Anatomia do olho............................................................................................................................. ........................................................................................ ......................................................... 1 Doenças sistêmicas.................................................................................................................................. ............................................................................................................................. 7 Retinopatia hipertensiva e diabética............................................................................................................................................. ........................... 10 Glaucoma............................................................................... ............................................................................................................................. ................................................................................... .................. 14 Conjuntivites........................................................................................................................................................................................................... ...................................................................................... 21 Catarata............................................................................................................................................................................................. ....................................................................................................... ................. 27 Trauma ocular............................................................................................. .................................................................................................................................................................................... 32 Erros refrativos..................................................................................................................................................... ........................................................................................................................ 37 Olho seco................................................................................. .............................................................................................................................. ............................................................................................ 43 Olho vermelho................................................................................................................ ................................................................................................................................................................. 49 1 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Anatomia do Olho Convencionalmente dividimos o olho humano em 3 camadas: Túnica externa (fibrosa) - AMARELO o Córnea o Limbo o Esclera Túnica Média (úvea) – ROSA/BRANCO o Íris o Corpo Celular o Coróide Túnica Interna - AZUL o Retina Córnea Avascular É nutrida pelo humor aquoso, O2 do ar e pelas células do limbo Extremamente inervada ramo ocular do N. trigêmeo Proteção e ótica A córnea possui 3 camadas: Epitélio, estroma e endotélio. O endotélio é responsável por retirar o excesso de água, dessa forma garantindo a transparência da córnea. Obs.: Ceratite inflamação da córnea Obs.2: Ceratocone: alteração da curvatura da córnea a luz não entra de forma adequada coçar o olho Conjuntiva Membrana mucosa Transparente Parte bulbar e parte palpebral Obs.1: Conjuntivite inflamação da conjuntiva Obs.2: Quemose Edema de conjuntiva Obs.3: Pterígio degeneração da conjuntiva que pode acometer parte da córnea. (FOTO) 2 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Esclera Parte branca do olho Rica em fibras colágenas Obs.: Esclerite artrite reumatoide Limbo Separa a córnea da esclera Local onde estão localizadas as células tronco do olho Íris Controla a entrada de luz Possui 2 tipos de musculatura: Esfíncter SN parassimpático miose Dilatador SN simpático midríase Obs.1: HIFEMA: sangue na câmara anterior Obs.2: HIPÓPIO: pús na câmara anterior Pera, mas o que é câmara anterior? É o espaço formado entre a córnea e o cristallino que é preenchido pelo humor aquoso 3 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Cristalino Lente biconvexa Ausência de vasos e nervos Acomodação focalizar raios luminosos na retina O cristalino é suspenso pelas zônulas (ligamentos suspensores) e esta última se liga nos processos ciliares, produtores de humor aquoso. Obs.1: Catarata opacificação do cristalino principal causa é a SENILIDADE Obs.2: Subluxação de Cristalino Quando há deslocação de cristalino investigar Síndrome de Marfan Processo Ciliar Produção de humor aquoso Acomodação “molda” o cristalino Humor Aquoso Nutrição da córnea e do cristalino Circula na câmara anterior e posterior Drenado no canal de Schelmm Obs.: Glaucoma desequilíbrio entre produção e absorção, elevando a pressão intraocular. GONIOSCOPIA: AVALIA O ÂNGULO DA CÂMARA ANTERIOR glaucoma Coróide Nutrição da retina Altamente vascularizada 4 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Humor vítreo O humor vítreo (gel vítreo) ocupa 80% do volume do globo ocular, é transparente porque 98% dele é água. É gelatinoso pela presença do ácido hialurônico e possui consistência fibrilar por possuir colágeno (2%). Ele é dividido em corpo e córtex. O córtex possui uma membrana com células (hialociotos). Gel claro e avascular Constituído por: água, colágeno e ácido hialurônico Obs.: Moscas volantes fantasmas na visão liquefação do humor vítreo pode levar ao descolamento e até mesmo ruptura da retina realizar fundo de olho em queixas de moscas volantes Retina A retina é o que recobre o interior do olho. É responsável por transformar o estimulo luminoso em elétrico. Na retina visualizamos a mácula (região temporal) e o nervo optico (região nasal). O centro da mácula temos a fóvea e o centro da fóvea temos a fovéola. Obs: sabendo que a mácula é na região temporal e o nervo óptico na região nasal, conseguimos determinar qual olho se trata (direito ou esquerdo). Porção sensorial fotorreceptora Responsável pela transdução transforma o impulso luminoso em nervoso Na retina, podemos observar: Disco óptico Mácula fóvea (centro da mácula) 5 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Obs.: Toxoplasmose congênita predileção pela mácula A retina possui 2 fotorreceptores: os cones e os bastonetes Cones 6 milhões Grande densidade na mácula Únicos que existem na fóvea Cores Bastonetes 12 milhões Periferia retiniana Sensíveis a luz Visão noturna e orientação visual Nervo óptico Formado pelas fibras ganglionares 4 porções Intraocular fundo de olho Orbital Intracanalicular Intracranial Obs.: Esclerose Múltipla atinge o N. óptico acomete mulheres jovens, e a sintomatologia inicia com fraqueza e parestesia de membros inferiores Musculatura São 6 músculos responsáveis pela movimentação ocular Reto superior Reto inferior Reto medial Reto lateral Obliquo superior Obliquo inferior Paralisia ou perda de sinergia entre os músculos estrabismo Lágrima É constituída por parte lipídica (produzida pela glândula de Meibomio) e parte mucoaquosa (mucina células caliciformes; Aquosa glândula lacrimal) Obs.: Blefarite/Meibomite: inflamação da glândula de Meibomio prurido e casquinha pertodos cílios (glândula fica próxima). 6 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Obs..2: INSTABILIDADE LACRIMAL uso de telas número de piscadas reduzidas A lágrima é drenada no saco nasolacrimal, que desemboca no meato inferior. 7 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Doenças sistêmicas e o olho Várias doenças sistêmicas trazem comprometimento visual. Em alguns casos, o sintoma oftalmológico pode ser o primeiro. Esclerose Múltipla Doença desmielinizante, idiopática Fraqueza e parestesia de membros inferiores Sinal de Lhermitte: sensação de choque ao fletir o pescoço Fenômeno de Uthoff: piora súbita da visão, pode ser desencadeada por exercício físico ou aumento de temperatura corporal. Achado oftalmológico: neurite óptica no fundo de olho observamos o nervo borrado Foto 1: Neurite Foto II:Fundo de olho normal Artrite Reumatóide Doença autoimune, poliartropatia inflamatória, simétrica, destrutiva e deformante. Maior acometimento de mulheres; Fenômeno de Reynaud Achado oftalmológico: Ceratoconjuntivite Sicca ou Olho seco ou Síndrome da disfunção lacrimal. Hiperemia conjuntival Alterações do filme lacrimal ataque a glândula lacrimal. (produção deficiente) Síndrome de Stevens-Johnson Reação de hipersensibilidade tipo III grave, vesiculo-bolhosa mucocutânea, desencadeada por uso de medicações (Sulfa, AINES, Penicilina). Bolhas orais, nasais e rash cutâneo pápulo- eritematoso. Achado Oftalmológico: Conjuntivite purulenta, membranosa ou pseudomembranosa podem levar a úlcera de córnea. 8 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Sífilis Adquirida DST, úlceras indolores e linfedema, rash maculopapular simétrico no tórax, palma das mãos e planta dos pés; Manchas nas mucosas da boca, genitália e faringe; Meningite, nefrite e hepatite podem ocorrer Achados oftalmológicos na Sífilis Adquirida Neuroretinite, uveíte posterior Outros achados: uveíte anterior, retinite, ceratite, esclerite, episclerite, neurite e pupila sifilítica de Argyll Robertson – doença em que a pupila reage mal à luz. Ex: Paciente com sífilis e relata que não está enxergando. Eczema Atópico (dermatite) Condição dermatológica, idiopática, frequentemente familiar, associada à asma; Prurido intenso; Pápulas eritematosas secas. Achados oftalmológicos do Eczema Atópico Ceratocone (além da pele, o olho coça, deformando a córnea.) Outros achados: madarose, blefarite, catarata. Sindrome de Reiter Artrite reativa, homens jovens, 70% positivos para HLA-B27; Tríade: Uretrite, artrite e conjuntivite; Sintomas ocorrem após um quadro de disenteria ou atividade sexual; Envolvimento assimétrico dos joelhos e tornozelos; Ulceração oral indolor. Achados oftalmológicos na Sindrome de Reiter Conjuntivite (importante avaliar outros sintomas, por exemplo, dor nos joelhos mais no esquerdo, com dificuldade de urinar, aftas) Achado comum: uveíte anterior Leucemias Neoplasia derivada de células hematopoiéticas, anemia e palidez; É o câncer mais comum na infância; Trombocitopenia, petéquias e equimose; Dispneia aos esforços. Achados oftalmológicos nas Leucemias (infiltração leucêmica) Hemorragia na retina (discrasia sanguínea. A luz esbarra nos pontos hemorrágicos e não vai para o córtex occipital para a interpretação da imagem. A criança pode chegar sem enxergar.) Outros achados: infiltração leucêmica no trato uveal, conjuntiva, uveítes, pseudohipópio. Ex: cisto na íris e era uma leucemia. AIDS Linfócitos CD4, transmissão via placentária, sexualmente e amamentação, imunossupressão; Infecções oportunistas: protozoário, viral, fungo e bacteriana; Tumores: sarcoma de Kaposi, linfomas e carcinoma de células escamosas; Encefalopatia. Achados oftalmológicos na AIDS - Quem tem maior risco de desenvolver doença oftalmológica ligada à AIDS? Paciente com contagem de linfócitos T CD4 reduzida. - Qual é a manifestação ocular mais comum da AIDS? Microvasculopatia da retina: Manchas Algodonosas (isquemia das camadas de fibras nervosas da retina). - Qual a infecção oportunista mais comum da AIDS? Citomegalovírus - retinite necrotizante (leva à cegueira irreversível). * HZ –TOXO – CRIP. - Como a retinite do CMV se apresenta clinicamente? Áreas brancas de necrose retiniana com hemorragia (fundo de olho: aspecto de pizza de calabresa com ketchup). - Qual a neoplasia mais comum da região periocular de pacientes com AIDS? 9 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Sarcoma de Kaposi – mais comum na pela do que conjuntival. Áreas brancas com pontos hemorrágicos. humores: palpebral e conjuntival Doença de Graves – hipertireoidismo Perda de peso, sudorese, irritabilidade, palpitações; Ocorre na 3ª e 4ª década, mais comum em mulheres; Tremor fino, eritema palmar; Função tireoidiana anormal. Achados oftalmológicos na Doença de Graves Proptose (Exoftalmia. Tem retração palpebral e o olho fica mais para fora. Os hormônios tireoidianos atacam a musculatura extrínseca do olho. Com o comprometimento muscular, o paciente tem restrição de mobilidade, pode haver diplopia. Tem que tratar sistemicamente.) Outros achados: retração palpebral, neuropatia óptica, olho seco. Uso de Amiodarona Depósitos corneanos por amiodarona e seu metabólito ativo, desetilamiodarona, resultam da secreção destes pela glândula lacrimal. A glândula lacrimal metaboliza e expele a metabolização do principio ativo que gruda na córnea. É denomonado ceratopatia verticilata. Parece uma língua de gato: uma linha com ramificações. Uso de Hidroxicloroquina A cloroquina como a hidroxicloroquina têm afinidade seletiva pela melanina, presente na coroide, no corpo ciliar e no epitélio pigmentar da retina, onde se depositam. Coloração anormal, bem pigmentada. Há afinidade seletiva. Pode provocar maculopatia a longo prazo. 10 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Retinopatia Hipertensiva e Diabética A HAS e a diabetes são doenças muito prevalentes na população. O olho é considerado um órgão alvo dessas doenças, uma vez que alterações vasculares ocorrem nesse local. Retinopatia Hipertensiva Retinopatia hipertensiva é a lesão vascular da retina causada pela hipertensão arterial sistêmica. Representa uma das lesões de órgão-alvo mais frequente na HAS, ocorrendo em 15% dos casos. As alterações vasculares da retinopatia hipertensiva são consequência da lesão hipertensiva direta e da arteriosclerose resultante. A retinopatia hipertensiva pode ser dividida em crônica (lesões persistentes relacionadas a elevação crônica da PAS) e aguda, também chamada de maligna (secundária à elevação abrupta da PAS). Além da retina, a coroide e o nervo óptico (edema do nervo óptico ou neurite isquêmica) também podem ser acometidos, principalmente na forma aguda (crise hipertensiva). Importante: uma lesão retiniana na fundoscopia, prediz uma lesão cerebral, renal e cardíaca, uma vez que as alterações vasculares também ocorrem nesses órgãos. A lesão vai evoluindo de acordo com o mantimento aumentado da pressão arterial ao decorrer do tempo. Evolução: Inicialmente temos uma vasoconstricção reflexa ao aumento pressórico, e se esse aumento persistir, pode ocorrer a perda da barreira hematorretiniana (epitélio pigmentar e vasculatura retiniana), causando extravasamento de sangue, resultando em exsudatos duros, estrela macular e hemorragias em chama de vela na camada de fibras nervosas. O processo final envolve esclerose e obliteração do vaso por necrose fibrinóide. Os exsudatos algodonosos resultam da isquemia de células ganglionares Vasoconstricção por aumento pressórico Perda de barreira hematorretiniana extravasamento de plasma e sangue exsudatos duros, estrela macular e hemorragia (puntiforme, em chama de vela ou arredondada) Esclerose e obliteração do vaso por necrose fibrinóide 11 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Imagem: estrela macular (vasos tortuosos – não confundir com a fóvea) Então, a PRIMEIRA LESÃO são os exsudatos duros: lesões pequenas, ovaladas e brancas. Os exsudatos algodonosos estão presentes no final da primeira fase (vasoconstricção) e representam em áreas isquêmicas das fibras nervosas. Foto: exsudato algodonosos Edema de papila CRISE HIPERTENSIVA Causada por isquemia aguda ou do aumento de pressão intracraniana. Foto: edema de papila Obs: o professor falou que o exsudato duro é mais amarelado e brilhoso, enquanto o algodonoso é mais branco, mais pálido. Foto: cruzamento arteriovenoso patológico O sinal mais precoce é o ocultamento da vênula. Com a progressão, podem ocorrer apagamento (sinal de Gunn), deflexão (sinal ALTERAÇÕES NO FUNDO DE OLHO 1 – Exsudatos duros: lesões retinianas pequenas, ovaladas e brancas (primeira lesão). 2 – Exsudatos algodonosos: lesões brancas encontradas na topografia da camada de fibras nervosas (isquemia). 3 – Hemorragia: superficiais e lineares, adquirindo aspecto de chama de vela, mas também podem ser puntiformes ou arredondadas 4 – Edema de papila: resultante da isquemia aguda ou do aumento da pressão intracraniana (encefalopatia hipertensiva) 5 – Cruzamento arteriovenoso patológico: a artéria passa por cima da veia, comprimindo-a. 12 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 de Salus) e dilatação (sinal de Bonnet) venosos. Sintomas Os pacientes com retinopatia hipertensiva são geralmente assintomáticos, por isso a importância do exame oftalmológico periódico. As queixas só ocorrem na ocorrência de complicações, e geralmente são: cefaleia, escotomas, diplopia e borramento visual. Classificação Tratamento Não há tratamento específico. Deve-se voltar a atenção para a normalização da PA, a fim de evitar progressão da doença e melhorar as queixas visuais. As medidas terapêuticas incluem mudança no estilo de vida e uso de anti-hipertensivos. O acompanhamento deve ser feito através de exames oftalmológicos regulares com acuidade visual e oftalmoscopia, encaminhando ao oftalmologista na presença de complicações ou quando julgar necessário. Retinopatia Diabética (RD) A retinopatia é a 3ª causa de cegueira em adultos no Brasil, sendo a principal em pessoas em idade produtiva. É uma das complicações mais comuns da diabetes mellitus, encontrada, após 20 anos, em mais de 90% no tipo 1 e em 50%- 80% no tipo 2. As lesões da RD ocorrem em progressão cronológica, exceto pelo edema macular. A hiperglicemia crônica desvia o metabolismo da glicose para vias alternativas, formando fatores inflamatórios, trombogênicos e vasoconstrictores, além de aumentar a suscetibilidade ao estresse oxidativo, resultando em oclusão e fragilidade vascular com perda de pericitos (células dos capilares). Esse processo de enfraquecimento dos capilares causa a quebra da barreira hematorretiniana, o que possibilita formação de microaneurismas (achados mais precoces da RD) e extravasamento de plasma para o interstício, resultando em hemorragias e edema (pois produzem fator de crescimento endotelial – VEGF). Na vigência de oclusões, podem-se formar shunts arteriovenosos. Ocorrendo isquemia, há liberação de fatores angiogênicos com proliferação de neovasos (esses neovasos são frágeis, e durante o sono REM em que há movimentação dos olhos, eles se rompem), cujo rompimento resulta em hemorragias intra vítreas (paciente relata baixa visão ao acordar). Há ainda a possibilidade de descolamento de retina. Resumindo o que acontece Hiperglicemia crônica microaneurismas (1 lesão) hemorragias e edema neovascularização (vasos frágeis) hemorragias intra vítreas A retinopatia diabética é dividida em dois estágios principais: Retinopatia diabética não proliferativa (RDNP) Quando não há formação de neovasos. Pode ser: o Precoce: microaneurismas, pontos hemorrágicos e exsudatos duros 13 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 o Avançada: manchas algodonosas, alterações das vênulas, hemorragias em chama de vela Retinopatia diabética proliferativa Quando há formação de neovasos Quadro Clínico A retinopatia diabética é uma doença silenciosa, quando apresenta sintomatologia, geralmente está em uma fase mais avançada ou quando há descolamento de retina. A principal queixa é a baixa visual, que ocorre geralmente por hemorragia vítrea ou pelo descolamento da retina do tipo tracional. Diagnóstico fundo de olho Todo paciente diabético deve fazer triagem: DM1 > 12 anos após 5 anos de doença DM2 no diagnóstico Idealmente, a avaliação deveria ser anual, mas como não é possível, fazemos dessa forma. Complicações da retinopatia diabética Hemorragias: Vasos neoformados são mais frágeis e, portanto, mais suscetíveis a sangramentos, a maioria ocorrendo durante o sono. Quando surgem entre a retina e o vítreo, podem rapidamente causar descolamento tracional da retina. Descolamento tracional da retina: Acomete cerca de 5-10% dos diabéticos. O tecido fibrovascular tende a crescer em direção a locais com menor resistência, como a face posterior do vítreo. Desse modo, trações vítreas podem ser transmitidas à retina, causando descolamento. A retina apresenta- se com superfície esticada, brilhante, sem deslocamento de fluido subrretiniano. Se houver proliferação fibrovascular na superfície do nervo óptico, ele também pode ser tracionado, causando baixa visual. Rubeose da íris: É a proliferação anterior de neovasos, alcançando a íris. Ocorre na retinopatia diabética proliferativa, sendo mais comum em paciente com isquemia severa ou descolamento de retina persistente à vitrectomia via pars plana. Pode causar glaucoma neovascular TRATAMENTO O tratamento da RD depende do estágio da doença. A prevenção de deficiência visual se baseia na tríade: triagem (possibilita o diagnóstico), controle rigoroso dos níveis glicêmicos e pressóricos (lentificam a progressão) e tratamento precoce (estabiliza a perda visual). Prevenção: O tratamento para RD mais eficaz é o preventivo, isto é, o controle rígido dos níveis glicêmicos. Cada 1% de redução da hemoglobina glicada reduz o risco de aparecimento da retinopatia em 35% e de progressão em 39%. Laserterapia: A fotocoagulação é o principal tratamento na redução da perda de visão da RDP, reduzindo em até 95% a chance de cegueira. Está indicada quando houver hemorragia vítrea ou pré-retiniana, neovascularização (atingindo 1/3 ou mais do disco óptico) e edema macular clinicamente significativo. Antiangiogênicos (anti-VEGF): aplicações mensais. AVASTIN LUCENTIS EYLEA Vitrectomia: O principal tratamento para as formas complicados é a vitrectomia via pars plana, indicada nas hemorragias vítreas e no descolamento de retina. 14 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Glaucoma Uma das doenças mais prevalentes da oftalmologia, primeira maior causa de cegueira irreversível no mundo. Há cerca de 900 mil portadores de glaucoma no brasil. É uma doença silenciosa, somente 50% dos portadores sabem da existência da doença, com isso, 36% dos pacientes com glaucoma chegam cegos na primeira consulta. A aderência ao tratamento é um grande problema uma vez que o paciente na maioria das vezes é assintomático. Glaucoma: Doença neurodegenerativa de etiologia multifocal, compreendendo inúmeras afecções oculares que possuem como característica comum a lesão do nervo óptico. Fatores de risco: Ambientais Genéticas O glaucoma podeser classificado de diversas maneiras: 1- Aberto ou Fechado 2- Congênito ou adquirido 3- Primário ou secundário Mecanismo: desequilíbrio entre produção e drenagem do humor aquoso. O professor destacou principalmente os glaucomas primários, que estão mais relacionados a elevação da pressão intraocular (PIO) sem associação a nenhum outro distúrbio ocular, ao contrário do secundário que temos um fator causal identificável que provoca elevação da PIO (ex: coágulo sanguíneo ocluindo o seio camerular). Se você não lembra da anatomia ou de como o humor aquoso é produzido e absorvido, vamos relembrar... O humor aquoso se localiza na câmara anterior, é produzido pelo CORPO CILIAR (70%) e é drenado pela REDE TRABECULAR (90%)., passa para o canal de schlemm e joga para as veias episclerais. Sabemos ainda que também há produção através da ultra filtração (30%) e também é drenado pela via úveo-escleral (10%). RESUMINDO: Produção: corpo ciliar (70%) e ultra filtração Drenagem: trabecular (convencional - 90%) e úveo-escleral (não convencional - 10%) Sentido de produção e drenagem: Corpo ciliar câmara anterior rede trabecular canal de schelmm sangue (veias episclerais). Revisando conceitos do nervo óptico: O nervo óptico é constituído por fibras nervosas e por células ganglionares, que dão sustentabilidade para as fibras nervosas. Existe 15 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 uma deformidade dessa estrutura nervosa, perda das fibras nervosas por morte das células ganglionares da região. Dessa forma, pode captar a imagem, mas não passa para o córtex occipital interpretar. É uma cegueira irreversível. Glaucoma Primário de Ângulo Aberto (GPAA) Tipo mais prevalente de todos os glaucomas, o glaucoma de ângulo aberto é mais comum na raça negra, tem relação com a idade. (idosos), tem relação com a história familiar (hereditariedade) e as pessoas com miopia são mais suscetíveis por ter o olho alongado, retina mais fina tornando-o mais suscetível à danos do nervo pela PIO. Ainda devemos nos atentar à retinose pigmentar e oclusão venosa central da retina (OVCR) FATORES DE RISCO PARA GPAA Raça negra Idade (mais comum em idoso) Hereditariedade Miopia Doenças como retinose pigmentar e OVCR O glaucoma de ângulo aberto é assintomático, portanto mostra-se a importância do exame oftalmológico e a detecção precoce do glaucoma. Devemos nos atentar que nem todo GPAA é causado por uma alteração na PIO do paciente, temos glaucoma de pressão normal, que é causado por má perfusão do disco óptico (pacientes com apneia do sono, pacientes que possuem uma variação da PA que leva a lesões do nervo óptico). Fisiopatologia: Teremos morte de células ganglionares da retina e perda de fibras nervosas que levarão a mudanças estruturais específicas na aparência do disco óptico e na camada de fibras nervosas resultando em sinais oftalmoscópicos (fundo de olho) e mudanças funcionais (comprometimento da visão funcional). No fundo de olho conseguimos observar diversas alterações no nervo óptico glaucomatoso, como: (existem mais, porém esses são os que o prof destacou na aula) 1- Forma da rima neurorretiniana (SINAL MAIS PRECOCE) Regra ISNT: as bordas do nervo devem ser maiores nas bordas: inferior, superior, nasal e temporal. Sinal mais precoce é a quebra do padrão ISNT (acho que ele pode cobrar isso na prova) 2- Relações escavação/disco No local do disco óptico nós temos uma escavação da retina, que está aumentada no glaucoma (escavação grande). O aumento da escavação não necessariamente é glaucoma, mas ele nos faz investigar mais. 16 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 3- Hemorragia do disco óptico A hemorragia do disco óptico está presente em glaucoma avançado, tem mal prognóstico. 4- Atrofia coriorretiniana peripapilar 5- Avaliação de fibras nervosas Sinal de Hoyt: coloração mais cinzenta/escura que significa isquemia das fibras nervosas. Essa isquemia pode ocorrer por compressão do vaso pelo aumento da PIO. 20% das pessoas com glaucoma apresentam sinal de hoyt e esse sinal aparece antes da alteração de campo visual. Falamos das mudanças oftalmoscópicas, agora vamos falar sobre as mudanças funcionais: O paciente vai apresentar alteração do campo de visão, uma perda periférica da visão, com imagem tubular. Podemos avaliar o campo visual através da campimetria. Podemos ter ainda: Perda da sensibilidade de cores, especialmente para luz azul Perda de resolução espacial Perda de detecção de movimentos Perda da sensibilidade de contraste DIAGNÓSTICO CLÍNICO (podemos fazer o diagnóstico somente com a anamnese, mas como é uma doença progressiva, podemos lançar mão de exames complementares). EXAMES COMPLEMENTARES 1- Oftalmoscopia/biomicroscopia de fundo 2- Tonometria Principal exame, tem como finalidade aferir a PIO, temos vários equipamentos para realizar, mas o principal é o tonometro de Goldman. - Tonômetro de Goldmann Força necessária para aplanar uma área de diâmetro 3,06mm da córnea. 502 micrômetros é mais preciso. - Tonômetro de sopro Geralmente a PIO normal está em torno de 12-14 mmHg, não é um número exato. No brasil ainda não temos um estudo com amostra robusta para determinar a PIO média da população, mas baseado nos estudos de outros países consideramos esse intervalo de 12-14, podendo variar até 16. A PIO é muito importante quando nos referimos ao glaucoma uma vez que diversos estudos afirmam que há diminuição da progressão da doença com a diminuição da PIO. 3- Paquimetria Medida da espessura da córnea 4- Gonioscopia Permite a identificação de estruturas anormais no ângulo camerular e a estimativa do grau de abertura do mesmo. É feita 17 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 através de uma lente, a lente de gonioscopia. Vai classificar o glaucoma de acordo com o ângulo. 5- Campo visual É importante no diagnóstico e acompanhamento do paciente. 6- Tomógrafos a. HRT É um microscópio confocal a laser de varredura desenvolvido para produzir imagens tridimensionais do segmento posterior. É um exame que pode auxiliar no diagnóstico. b. OCT Fornece imagens transversais de alta resolução da retina, consegue analisar medidas da espessura. TRATAMENTO Tem como objetivo reduzir 30% da PIO base 1- Medicamentoso (colírios hipotensores) Betabloqueadores Adrenérgicos Inibidores da anidrase carbônica Prostaglandinas Algumas dessas drogas diminuem a produção e outras aumentam a reabsorção. O tratamento pode ser feito em mono ou politerapia, dependendo de cada paciente. É importante lembrar que os colírios a longo prazo possuem efeitos colaterais como: Olhos vermelhos Visão nublada Dor de cabeça Alterações de ritmo cardíaco ou da respiração Formigamento dos dedos Irregularidade intestinal Perda de apetite Cálculos renais Anemia ou sangramento fácil Sensação de ardência Sonolência 2- Laser Quando o tratamento clínico é falho, em alguns casos (glaucomas específicos), podemos realizar uma trabeculoplastia a. Trabeculoplastia a laser Pequenas queimaduras de laser de argônio o diodo para aumentar o fluxo de drenagem e reduzir a PIO. Temos 2 tipos de laser, o AST (trabeculoplastia a laser de argônio) e o SLT (laser de trabeculoplastia seletiva) 3- Cirurgico a. Trabeculectomia Fazemos um buraco no seio camerular (flap camerular) para drenar esse humor aquoso (criamos nova via de drenagem). 18 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 MIGS – stent no trabeculado (menor implante do corpo humano) Provoca abertura, maior fluidez do humor aquoso. Glaucoma Primário de Ângulo Fechado (GPAF) É uma condição na qual a elevação da PIO ocorre devido à obstrução do fluxo de drenagemdo aquoso por fechamento parcial ou total do ângulo pela íris periférica O diagnóstico depende de uma boa goniscopia e exame de câmara anterior. Fatores de Risco: Idade (idoso) Sexo (mais comum em mulheres 4:1) Raça (asiáticos – relacionada à anatomia do olho) História familiar Há um bloqueio pupilar (imagem A), pois, a íris toca no cristalino gerando uma barreira para o fluxo do humor aquoso. Como a produção de humor aquoso pelo corpo ciliar não para, há a formação da ÍRIS EM BOMBÉ (imagem B)., levando ao fechamento do ângulo camerular – contato iridocorneano (imagem C). O fechamento abrupto e total do ângulo camerular (glaucoma agudo) é uma emergência médica, o paciente apresenta perda dolorosa da visão. Professor falou sobre um paciente que tinha várias crises agudas do glaucoma (dor e perda da visão). O paciente pode apresentar como sintomas: Dor Perda de visão Náuseas Vômitos Geralmente nesses casos a PIO está extremamente elevada (50-100 mmHg) Tratamento Imediato Manitol venoso o diminuir a parte aquosa diminuir PIO Pilocarpina o Íris descola da córnea pois age na musculatura das fibras longitudinais do corpo ciliar, levando-a para trás. Colírios hipotensores o Diminuir produção do humor aquoso Analgésicos e antieméticos **Após a crise devemos realizar uma iridotomia com Yag Laser para prevenir uma outra crise** Existem alguns medicamentos que podem levar à GAAF 19 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Topiramato (fármaco de SNC) Salbultamol Anti-histamínicos H1 e H2 Como saber se o tto está eficaz? Monoterapia tópica (colírios) avaliar PIO Atingimos PIO alvo? sim controle periódico Se não, avaliar redução Redução de PIO < 10% SUBSTITUIR COLIRIO Redução de PIO >10% Substituir OU Adicionar EXTRA: o que eu coloquei daqui para baixo o prof não falou na aula. Glaucoma de Pressão Normal (GPN) Caracteristicas vasculares Raynaud Migrânea Doenças autoimunes Hipotensão arterial Vasculite Oclusão de carótidas Pressão de perfusão ocular: 2/3 PAM-PIO Risco 3/4x maior que a população Glaucoma Neovascular -Exame do nervo óptico Regra ISNT: as bordas do nervo devem ser maiores nas bordas: inferior, superior, nasal e temporal Assimetria de escavação (>0.2) Atrofia peridiscal (zona alfa e beta) Hemorragia de disco Sinal de Nott Sinal de hoyt PIO > 21 mmHg = hipertensão ocular <6 mmHg = maculopatia hipotônica PIO ALVO = Pressão ocular onde não ocorre dano PRESSÃO INTRAOCULAR (PIO) Como medir? - Tonômetro de Goldmann Força necessária para aplanar uma área de diâmetro 3,06mm da córnea. 502 micrômetros é mais preciso. - Tonômetro de sopro Não há necessidade de pingar colírio Laser no glaucoma -Trabeculoplastia SLT (aumentar drenagem) - Iridotomia Indicado quando há bloqueio pupilar. Realiza-se um orifício de comunicação entre CA e CP. -Iridoplastia Dimunuição da justaposição da iris ao trabeculado -ciclofotocoagulação transescleral Tratamento para destruir parte do corpo ciliar e reduzir a produção e humor aquoso. Cirurgia no glaucoma -goniotomia (incisão no trabeculado) -trabeculotomia -Implante de drenagem -MIGS – stent no trabeculado (menor implante do corpo humano) 20 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 21 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Conjuntivites A conjuntivite é causa mais comum da síndrome do olho vermelho. Na maioria dos casos pode ser diagnosticada e tratada por um clínico geral. Revisando Anatomia... A conjuntiva, estrutura afetada na conjuntivite é uma membrana mucosa transparente, vascular que reveste o globo ocular até o limbo (conjuntiva bulbar) e reveste também a face anterior das pálpebras (conjuntiva tarsal ou palpebral). No local que há a reflexão da conjuntiva, encontra-se um recesso denominado fórnix ou fundo de saco conjuntival. A conjuntiva tem como função proteção, imunidade e produção de lágrima. A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, que se dá por infiltrado celular, exsudato e vasodilatação. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Para o diagnóstico devemos avaliar os sintomas do paciente, que geralmente são: hiperemia, secreção ocular, presença de crostas que podem aderir às pálpebras. É importante sempre afastar outras causas de olho vermelho, principalmente o glaucoma agudo. Um clínico consegue dar diagnóstico com a inspeção desarmada (sem a biomicroscopia). Biomicroscopia (exame da lâmpada de fenda): com a imagem do olho ampliada é possível identificar detalhes do olho, permitindo confirmação diagnóstica e diferenciação das causas. Um olho com conjuntivite apresenta alguns sinais característicos à inspeção desarmada complementada pelo exame da lâmpada de fenda: - Hiperemia conjuntival e “injeção conjuntival” de predomínio periférico - Diversos tipos de secreção, dependendo da causa ou tipo de conjuntivite - Conjuntiva tarsal inflamada, apresentando papilas, folículos, pseudomembranas ou membranas. - Blefarite associada (edema a inflamação palpebral). Avaliação Clínica: Como dito anteriormente, o paciente relata sintomas Inespecíficos: lacrimejamento, irritação, ardência, fotofobia e sensação de corpo estranho. Prurido conjuntivite alérgica Secreção: Avaliar o tipo de secreção é importante para ajudar na determinação da etiologia da conjuntivite. A secreção pode ser: - Aquosa: exsudato seroso e lágrima proveniente da produção reflexa conjuntivite viral ou alérgica -Mucosa típica da conjuntivite vernal e ceratoconjuntivite secca -Purulenta conjuntivite aguda grave -Mucopurulenta infecções bacterianas leves e infecções por clamídia 22 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Quando falamos dos sinais característicos da conjuntivite, citamos as reações papilares, foliculares, pseudomembranas e membranas, mas afinal o que é isso? -Reação papilar: papilas conjuntivais representam uma hiperplasia do epitélio conjuntival formando projeções, com vaso central e um infiltrado difuso de células inflamatórias crônicas incluindo linfócitos, plasmócitos e eosinófilos. Traduzindo: é um mosaico de pequenos pontos vermelhos poligonais, geralmente visualizados no tarso superior (eversão da pálpebra). Cada papila possui um ponto central vermelho. As papilas possuem um menor valor diagnóstico uma vez que podem estar presentes em qualquer conjuntivite. Ainda temos as papilas gigantes, que estão presentes em conjuntivites alérgicas crônicas, conjuntivites primaveris e por lente de contato. -Reação Folicular: são focos subepiteliais de tecido linfoide hiperplásico dentro do estroma associado a vascularização acessória. *(pequenos nódulos linfáticos reativos). Traduzindo: pequenas protuberâncias arredondadas, translucidas com vasos em sua periferia. São mais comuns no tarso inferior e em conjuntivites virais, por clamídia e tóxicas. Lesões múltiplas, pouco elevadas Semelhantes a grãos de arroz Mais comum no tarso inferior e fórnix Circundada por um pequeno vaso Muito associado à linfonodomegalia pré-auricular -Pseudomembranas e Membranas: são camadas de leucócitos e fibrina aderidos à conjuntiva tarsal, com um aspecto de uma membrana amarelada. A pseudomembrana pode ser removida sem sangrar e a membrana deixa uma zona sangrante quando removida. São achados da conjuntivite bacteriana, da ceratoconjuntivite adenoviral epidêmica, da síndrome de Stevens-Johnson e de queimaduras químicas. (membrana) 23 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Alguns tipos de conjuntivite podem ter como manifestação a linfadenomegalia, principalmente a pré-auricular, isso porque a drenagem linfática da conjuntiva converge para os gânglios pré-auricular e submandibularque corresponde a drenagem das pálpebras. A principais causas de Linfadenopatia são infecções por vírus, clamídia e gonococo. Tratamento: O tratamento varia de acordo com a etiologia, mas podemos prescrever medidas gerais: Compressas de água gelada 4x/dia Colírio Lubrificante (hidroxipropilmetilcelulose 0,5% 4- 6x/dia) Colírio vasoconstrictores (alfa- adrenérgicos) o Tetrahidrozolina (visodin) 2- 4x/dia cuidado porque dá efeito rebote Afastamento provisório (doença infectocontagiosa) Lavagem de mãos Não coçar o olho Evitar compartilhamento de fômites Etiologia e classificação 1- Conjuntivite Viral A causa mais comum de conjuntivite, sendo quase sempre causada pelo adenovírus. Adenovírus 41 sorotipos, 19 causam conjuntivite Período de incubação: 4-10d Após a instalação do quadro o vírus pode ser liberado por 12 dias; O vírus se encontra na via respiratória e nas secreções oculares; Principal forma de contágio: olho contaminado – mão do contaminado – mão de contactante – olho do contactante, também pode ser transmitida por fômites e piscina; Surtos sazonais: outono e inverno; O paciente desenvolve inflamação conjuntival de início agudo, referindo olho vermelho, desconforto ocular, lacrimejamento, remela aderente matinal e secreção mucoide. O estado geral comumente é preservado, mas às vezes o paciente refere sintomas de uma virose respiratória. Após 1-3 dias, a doença geralmente passa para o outro olho. Ao exame, observa-se reação folicular tarsal (conjuntivite folicular), descrita como superfície de sagu, além de acúmulo de secreção mucoide no canto do olho quando a pálpebra inferior é rebaixada, eventuais petéquias subconjuntivais, discreta quemose (edema subconjuntival), blefarite e adenopatia pré-auricular satélite. A inflamação progride dentro de 3-5 dias, com duração de 1-2 semanas (período de transmissão). TTO: medidas gerais já citadas. 2- Febre Faringoconjuntival (FFC) É a forma mais comum de conjuntivite na criança (predomina entre 2-4 anos), causada pelo adenovírus 3, 4 e 7. Se caracteriza pela tríade Conjuntivite Faringoamigdalite Febre (38°) Podendo ter também adenite pré- auricular/cervical, diarreia e rinite. TTO: medidas gerais + antitérmico 24 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 3- Ceratoconjuntivite epidêmica Causada pelo adenovírus 8 e 9, é uma forma mais grave da conjuntivite adenoviral por afetar também a córnea. Afeta mais adultos Transmitido por contato mão-olho, piscina e contato sexual O quadro manifesta-se com os sinais e sintomas de uma conjuntivite viral típica, mas acrescido de ceratite, justificando a ocorrência de dor ocular, fotofobia acentuada, incapacidade de manter o olho aberto e borramento visual. Sempre que o paciente relatar tais sintomas, o clinico geral deve encaminhar para um oftalmologista. TTO: encaminhar para o oftalmologista, medidas gerais + corticoide (acetato de prednisolona 1% 3-4x/dia) Em alguns casos, pode ser feito laser por causa da opacificação. 4- Conjuntivite bacteriana aguda Bactérias mais comuns: Staphylococcus aureus (adultos) Streptococcus pneumoniae Haemophilus influenzae (crianças) Pseudomonas aeruginosa (usuários de lente de contato) Também é contagiosa, principalmente olho- mão-mão-olho. O quadro é de vermelhidão ocular, desconforto, remela aderente matinal e eliminação contínua de secreção purulenta (branca, amarela ou esverdeada). Ao exame, nota-se reação papilar (mas não folicular) e pode ocorrer a formação de pseudomembranas ou membranas. Resumindo, o que caracteriza uma conjuntivite bacteriana é: Secreção purulenta (branca, amarela ou esverdeada) Pseudomembrana TTO: medidas gerais + colírio antibiótico 4- 6x/dia por 5-7 dias ciprofloxacina 0,3% - colírio ou pomada oftálmica Norfloxacina 0,3% colírio Tetraciclina – pomada oftálmica Tobramicina 0,3% - colírio ou pomada o Pode causar ceratoconjuntivite reativa ou eczematosa Cloranfenicol 0,4% - colírio o Pode causar aplasia de medula Pomadas são mais indicadas para crianças. Com o ATB os sintomas melhoram após 1-2 dias. Temos alguns agentes específicos que causam conjuntivite bacteriana, mas iremos abordar somente duas, a gonocócica e a causada por clamídia. 25 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 4.1- Conjuntivite Bacteriana Hiperaguda (GONOCÓCICA) Uma forma grave, potencialmente lesiva para a visão, causada pela Neisseria gonorrhoeae – IST. Jovens-adultos sexualmente ativos ou recém-nascidos de mãe com blenorragia ( A doença se manifesta 12h após a inoculação e evolui de forma hiperaguda com uma conjuntivite intensamente purulenta, marcada por dor ocular, eliminação contínua de secreção amarelo-esverdeada, quemose acentuada (edema) e blefarite. Transmissão (genital-mão-olho, genital-olho, canal de parto); IST importante colher história e notificar; Indicação de coleta de secreção para gram e cultura; TTO: Encaminhamento para o oftalmologista. Ceftriaxone 1 g IM, dose única + eritromicina VO 2-3 semanas + lavagem copiosa. 4.2- Conjuntivite por clamídia ou por inclusão do adulto IST causada pelos subtipos D a K da Chlamydia trachomatis. Acomete adultos jovens sexualmente ativos, que podem apresentar infecção genital concomitante (cervicite; uretrite). Período de incubação 5-14 dias; Crônica: pode persistir por 3-12 meses se não tratada; Secrção mucopurulenta Reação folicular Linfadenopaia pré-auricular Tipicamente unilateral A partir da segunda semana, pode envolver a córnea (ceratoconjuntivite por clamídia), com ceratite punctata, eventualmente evoluindo com opacidade corneana e micropannus no limbo superior (tecido fibrovascular que invade a borda da córnea). TTO: Encaminhar para o oftalmologista. tetraciclina pomada 6 semanas e eritromicina 1 g VO por 14 dias. 5- Conjuntivite Alérgica A conjuntivite alérgica ocorre pela exposição ocular a aeroantígenos capazes de desencadear uma hipersensibilidade tipo I (imediata, medida por IgE e mestócitos). As fontes principais são ácaros, contato com gatos, mofo, etc. O paciente pode apresentar somente conjuntivite ou um quadro de rinite + conjuntivite. A conjuntivite alérgica caracteriza-se pelo início abrupto, pelo fato de afetar ambos os olhos concomitantemente, com lacrimejamento, secreção mucoide, quemose e prurido intenso, sendo este o sintoma mais característico. A conjuntivite alérgica comum é do tipo aguda e tem o curso autolimitado, com duração de poucos dias. TTO: Colírios anti-histamínicos H1 4x/dia – 2 semanas Levocabastina 0,05% Emedastina 0,05% Temos vários tipos de conjuntivite alérgica, mas somente algumas foram destacadas pelo professor. 26 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 5.1- Ceratoconjuntivite Vernal (primaveril) Trata-se de uma conjuntivite inflamatória recidivante que predomina nos meses da primavera (daí a sua nomenclatura). Mecanismos mediados pela IgE e pela imunidade celular Afeta principalmente crianças e adultos jovens (5-20 anos) que vivem em clima quente e seco Sexo masculino Começa após os 5 anos e ocorre melhora após puberdade ¾ dos pacientes têm atopia associada e 2/3 têm história familiar positiva Pacientes com ceratoconjuntivite vernal têm maior incidência de ceratocone, degeneração marginal pelúcida e ceratoglobo Prurido intenso, lacrimejamento, fotofobia, sensação de corpo estranho, queimação e secreção mucosa e até ptose. Esta conjuntivite se caracteriza pela formação de papilas gigantes e possui duas formas de apresentação: (1) forma palpebral e (2) forma límbica. A primeira é reconhecida pela presença de papilas gigantes e achatadas (“aspecto em pedras-de-calçada”) na conjuntiva tarsal da pálpebra superior – FOTODO INICIO. A segunda forma se caracteriza pelo surgimento de uma massa gelatinosa papilar no limbo superior, que pode eventualmente invadir a córnea. (Forma límbica) As papilas palpebrais podem causar lesão na córnea ao piscar e causando úlcera em escudo (úlcera inflamatória). Pode ocorrer também pseudogerontoxo. TTO: bem prolongado, bem variável. Pode ser baseado no uso de anti-inflamatórips, corticoides, estabilizadores de membrana de mastócitos, anti-histaminicos, acetilcisteína, ciclosporia 2% ou imunomoduladores. Lembrar que exitem outros tipos de conjuntivites: Doenças mucocutâneas bolhosas (penfigóide cicatricial, síndrome de Stevens-jhonson), ceratoconjuntivite límbica superior e outras mas não foram abordadas na aula. 27 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Catarata Catarata é a maior causa de cegueira reversível do mundo. Existem cerca de 50 milhões de cegos no mundo e 50% são portadores de catarata. Relembrando a anatomia... O cristalino é um disco biconvexo, assimétrico que funciona como uma lente convergente (concentram a luz em um único ponto), contribuindo com cerca de 1/3 das dioptrias da refração ocular (+20D) – o resto depende da córnea (+40D). É uma estrutura avascular e não possui inervação, portanto é indolor, sua nutrição se dá pelo humor aquoso (anteriormente) e pelo humor vítreo (posterior). Essa parte é meio chatinha, mas é importante para entendermos porquê temos catarata senil. Histologicamente, o cristalino é composto por 4 partes (cápsula, epitélio subcapsular, córtex e núcleo). É no córtex que temos as células com maior importância funcional do cristalino, as fibras do cristalino, que são células alongadas, quase sem espaço intersticial entre elas e que possuem as proteínas cristalinas, proteínas fundamentais para função refrativa do cristalino. As fibras do cristalino (células), são formadas no período embrionário, não sofrem apoptose e nem são substituídas, envelhecendo junto com o indivíduo. Para que o cristalino exerça sua função, ele deve ter duas características: ser transparente e ter um bom índice de refração Essas duas características DEPENDEM das proteínas cristalinas presente no interior das fibras do cristalino. Ser transparente proporção proteína/água, estarem distribuídas homogeneamente Ter um bom índice de refração concentração das fibras A catarata é uma opacificação do cristalino, provocando perda parcial ou total da visão. Podemos classificar de acordo com a intensidade, local ou de acordo com a época de vida que é adquirida. Catarata Adquirida 1- Catarata Senil Como as fibras do cristalino não são renovadas, pelo estresse oxidativo constante temos degeneração das proteínas cristalinas, aumentando seu tamanho, perdendo suas propriedades e levando à opacificação da mesma. Dentro da catarata senil, podemos classifica-la de acordo com a localização ou predominância da opacificação: nuclear, cortical (região anterior) ou subcapsular posterior. Sendo que podemos ter uma mistura de mais de um tipo e os mais comuns são o nuclear e o cortical. Fatores de risco Idade avançada Tabagismo Exposição solar UVB catarata cortical DM catarata precoce <50 anos Corticoides catarata precoce e glaucoma Quadro Clínico Borramento da visão (diretamente proporcional à opacificação) nublada, nevoada. 28 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Pode, em fases iniciais, surgir um grau de miopia e correção de presbiopia (ocorre o aumento da hidratação do cristalino consequentemente a convexidade da lente) paciente para de ler com óculos Perda da definição de contraste das letras e objetos (tons parecidos) dificuldade de identificar bordas (calçadas da rua por ex.) Alteração das cores nuclear Sensibilidade ao brilho forte (glare) subcapsular posterior Imagem superior = visão normal, imagem inferior = visão “nublada” com catarata DIAGNÓSTICO: A biomicroscopia com pupila dilatada é o exame mais recomendado para o diagnóstico da catarata. Através desse exame simples, também conseguimos avaliar a evolução da doença (imatura, madura, hipermadura). Tratamento cirúrgico A cirurgia é indicada quando acomete a qualidade de vida do paciente, ou seja, há uma limitação de suas atividades através da baixa quantitativa e qualitativa da visão. Vale ressaltar que a cirurgia deve ser realizada em ambos os olhos, com pequeno espaço de tempo, já que a correção de apenas um olho traz problemas na qualidade de vida relacionados à visão monoocular. História da cirurgia de catarata: • 600 anos antes da era cristã - “Samitha Uttara Tantra”, livro indiano, relata punção do globo ocular, utilizada por 2 mil anos. O cristalino era empurrado para baixo e o cristalino ficava “boiando”, então paciente saía da cegueira para movimento de mãos e vultos. • 1748: Primeira grande “revolução” da cirurgia - Extração capsular do cristalino pela incisão corneana em Paris. • 1917: José Barraquer - alfa quimiotripsina (zonulólise enzimática). • 1949: Harold Ridley - Implante da primeira lente intraocular. As técnicas não substituiam, então ele criou um método para substituir por uma lente artificial. • 1949: desenvolvimento da lente intraocular artificial • 1961: Kravicz introduz a crioextraçãointracapsular. • 1967: Marco Histórico na Oftalmologia. Inventou a Cirurgia de Facoemulsificação. Objetivo principal era buscar uma pequena incisão corneana. Primeira Cirurgia: 3 horas Microincisão: corte 2 mm, introduz o facoemulsificador e ele vai emulsificando o cristalino. Pré-operatório (ele não deu esse tópico na aula) Antes de realizarmos a cirurgia de catarata, devemos realizar alguns exames para 29 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 escolher a lente intraocular ideal e para detectar oftalmopatias associadas que podem interferir no resultado. Biometria com ultrassom (modo-A) calcular o diâmetro ântero- posterior do globo ocular Topografia corneana computadorizada estudo detalhado da morfologia da córnea e os distúrbios refrativos dela o Ceratometria (curva da córnea) Tonometria de aplanação avaliar PIO (ver se tem glaucoma) Oftalmosscopia direta fundoscopia Potential Acuitu Meter (P.A.M) acuidade visual potencial Ultrassom (modo-B) avalia se há presença de doença vitro-retiniana Técnica Cirurgica (não deu na aula) Realizamos uma anestesia local (retrobulbar ou peribulbar) ou tópica (colírios) facectomia extracapsular tradicional: na qual uma incisão mais ampla de 10-14 mm é realizada, por onde o córtex e o núcleo do cristalino doente são removidos em bloco, seguido pela colocação da lente artificial sobre a cápsula posterior intacta. Link Cirurgia Técnica mais utilizada é a facoemulsificação, em que fazemos uma pequena incisão (2- 4mm), fragmentamos o núcleo e o córtex do cristalino através do ultrassom e em seguida são aspirados. É introduzida uma lente intraocular artificial dobrável e posicionada sobre a cápsula posterior. Link Cirurgia Vantagens da focoemulsificação: Recuperação mais rápida Menor tendência ao astigmatismo pós-operatório Pós-operatório: Evitar esforço físico vigoroso, tampão por 24h, retorno 1 dia, 1 semana e 1 mês. Colirio corticoide + Anti-inflamatório. Sutura retirada em 6 semanas. Complicações da cirurgia de catarata: (deu na aula) Rompimento da cápsula posterior Perda posterior de fragmento de cristalino Hérnia de íris Deslocamento posterior da lente intraocular (LIO) Hemorragia supracoridiana Edema macular cistoide Descolamento de retina Mau posicionamento da LIO Edema de córnea Endoftalmite ENDOFTALMITE Corresponde a 0,13% das complicações da cirurgia de catarata, porém é a mais devastadora. Os principaisagentes etiológico são: Staphylococcus epidermites e Staphylococcus aureus. https://www.youtube.com/watch?v=B6YubYjfAYQ https://www.youtube.com/watch?v=krv3nl-HlNQ 30 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Acredita-se que a infecção é proveniente da própria flora bacteriana da pálpebra, conjuntiva e das vias lacrimais. Quadro Clínico Dor Perda visual Edema de pálpebras Quemose (edema da conjuntiva) Hipópio Conduta: Identificar os agentes etiológicos ATB intravítreo (amicacina ou ceftazidima e vancomicina) Lavagem de CA e vitrectomia Colírios fortificados Corticoide tópico Imagem 1: hipópio (pús) Imagem 2: endoftalmia (hipópio, quemose) 2- Catarata Congênita É uma forma de catarata presente ao nascimento, mas pode se formar ou progredir até 6 meses de idade. 1/3 esporádica, podendo ter relação com herança genética 2/3 doenças infecciosas, principalmente do grupo TORCH o TORCH Toxoplasmose Outras Rubéola Citomegalovírus Herpes Podem ser bilaterais (geralmente quando secundárias) ou unilaterais (hereditárias). 2/3 são bilaterais. O diagnóstico tem que ser feiro o mais rápido possível para evitar AMBLIOPIA. Tá, mas o que é ambliopia Camila? Ambliopia é a diminuição da capacidade visual por falta de estímulo adequado durante a formação da visão. O bebê ao nascer não tem seu sistema visual totalmente amadurecido, passando por etapas de formação e desenvolvimento, que dura até 6-7 anos (final da primeira infância). De uma forma mais técnica, as estruturas de percepção visual do sistema nervoso central (córtex visual dos lobos occipitais e corpos geniculados laterais do tálamo) amadurecem através do estímulo visual. Caso a criança tenha uma diminuição da acuidade visual, por qualquer mecanismo (catarata congênita, 31 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 ptose palpebral...), as informações não vão chegar nessas áreas cerebrais e dessa forma não haverá desenvolvimento das mesmas e podem até levar a uma atrofia. Se a visão no olho ruim não for corrigida até 3 anos de idade, este olho nunca mais terá uma visão totalmente normal, e se a correção não ocorrer até os 6 anos de idade, o déficit visual neste olho será grave, podendo chegar a amaurose. A ambliopia, apesar de ser mais comum em crianças com déficit visual monocular ou assimétrico, pode de fato ocorrer em crianças que nascem com grave defeito visual bilateral simétrico. Suspeita Clínica e Diagnóstico Ao nascimento devemos fazer obrigatoriamente a inspeção ocular com a luz de um oftalmoscópio. Principal achado: OPACIDADE Devemos descartar opacidade da córnea e tumores intra-oculares (retinoblastoma). O diagnóstico é confirmado através do exame com lâmpada de fenda. Alguns sinais eventualmente associados à catarata congênita são: Nistagmo Microftalmia Alterações na fundoscopia TTO Cirúrgico A cirurgia mais realizada é a lansectomia (retirada do cristalino e da parte anterior do vítreo). É realizada entre 4-6 semanas de vida. Como o olho da criança cresce, juntamente com as suas propriedades refrativas, a colocação de lentes intraoculares artificiais deve contar com as variações futuras. Apesar deste problema, estudos recentes demonstraram que crianças > 6 meses de idade podem ser operadas com a colocação destas lentes, sem maiores problemas (embora alguns oftalmologistas ainda considerem a idade mínima de 2 anos). As crianças que operaram catarata e foram deixadas afácicas (sem cristalino) ou substituto precisam utilizar óculos para corrigir os consequentes erros refrativos (hipermetropia). CASO CLÍNICO Homem, 52 anos, relata ¨visão com névoa¨ em AO há 3 meses evoluindo progressivamente com piora principalmente em OD. Nega uso de colírios. Nunca usou óculos, somente para perto, porém não precisa mais (sic). HAS e DM presentes. História de Familiar de Glaucoma. Tabagismo. AO EXAME OFTALMOLÓGICO: Acuidade visual s/c OD 20/200 e OE 20/60 sem melhora com refração Biomicroscopia: Pálpebras; conjuntivas, córnea sem alterações em AO Catarata Nuclear 2+ em OD e 1+ em OE Tonometria: 12/14 mmHg ás 10h Fundo de Olho: Normal em AO DIAGNÓSTICO? Catarata (nuclear em AO) Esse mesmo Paciente realizou a cirurgia de catarata em OD. Após 5 dias vem com queixa de dor importante associado a baixa de visão em OD, com presença de hipópio na CA. H I PÓTESE D IAGNÓST ICA ? Endoftalmite 32 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Trauma Ocular O trauma ocular é uma importante causa de morbidade na população. De acordo com a OMS, há cerca de 55 milhões de traumatismos oculares que restringem atividades por pelo menos um dia. O trauma ocular atinge a faixa etária mais produtiva (jovens e adultos). Dependendo da intensidade do trauma, ele pode resultar em aposentadoria por invalidez em jovens. Mais comum em jovens e adultos Homens 72-95% O trauma ocular pode ser: Mecânico o Aberto o Fechado Químico Térmico 1- Trauma Mecânico 1.1 – Fechado Chamamos de mecânico fechado todo trauma que não perfurou o globo ocular. Pode ser contuso, laceração lamelar ou corpo estranho (CE) superficial. Contuso Foto 1 É o traumatismo ocular mais frequente. Pode levar a hemorragia subconjuntival, intraocular (hifema, retiniano, vítreo), luxação do cristalino (o cristalino de desprende da zônula e do corpo ciliar caindo na cavidade vítrea) ou descolamento de retina e/ou coroide. Foto 2: luxação de cristalino Na foto 1 que coloquei temos um hifema total (ele pode ser total ou parcial “1/3”). Nos casos de hifema total temos que realizar uma drenagem pois a PIO pode aumentar muito e levar a um glaucoma (lesão das células ganglionares) No trauma contuso ainda podemos ter: Fratura orbitária Midríase traumática por uma ruptura do esfíncter da pupila Iridodiálise desinserção da íris do corpo ciliar rafia (também há risco de desenvolvimento de glaucoma por dificuldade de absorção do humor aquoso). Imagem: iridodiálise 33 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Laceração lamelar A laceração lamelar (lamela = pálpebra), geralmente ocorre em traumas por armas brancas, garrafas e etc. Realizamos a rafia do local para recuperar a função palpebral (armazenar lágrima lubrificação). Corpo estranho superficial Muito comum nos soldadores, mecânicos e etc. Mesmo com os óculos de proteção pode acontecer. TTO: pingar colírio anestésico e realizar a exérese com uma agulha de insulina. Prescrever pomada ATB. Abrasão da córnea: quando o CE agarra na pálpebra superior e no movimento de piscar esse objeto arranha a córnea. 1.2 – Aberto Pode ser uma laceração ou uma ruptura. Na laceração ainda classificamos como: penetrante, perfurante e corpo estranho intraocular (CEIO). Corpo estranho intraocular (CEIO) Obs: ficar atento quando o paciente relata CE e não conseguimos visualizar pode estar no segmento posterior (fazer exame de câmara posterior). Perfurante, penetrante e ruptura 34 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Ruptura de esclera Herniação de íris 2- Queimadura Química As queimaduras químicas correspondem a 85% dos casos de queimaduras. Podem ser causadas tanto por ácido quanto por álcalis, sendo que o prognóstico é pior nas por álcalis. Álcalis: cal (campo de futebol), concreto, amônia, soda cáustica; Ácidos: sulfúrico (baterias de carro), ácido clorídrico, ác. hidroflurórico (produtos de limpeza pode penetrar na córnea). Por que o prognóstico das queimaduras por álcalis é pior? Caráter lipofílico conseguem penetrar a câmara anterior, lesionando diversas estruturas Liberação de OH que consome o H+ reagem com os fosfolipídios da membrana celular levando rotura celular,hidrolisam as gags e desnaturam o colágeno = NECROSE DE LIQUEFAÇÃO Há então uma lesão dos componentes oculares uma vez que conseguem ultrapassar a córnea. Enquanto a queimadura por ácido: Liberação de H+ reage com proteínas provocando NECROSE COAGULATIVA A córnea consegue conter essa necrose coagulativa, dessa forma não há uma penetração dos tecidos oculares. Tratamento No PS, como clínicos, podemos fazer uma lavagem copiosa (no mínimo 1L de soro), prescrever uma pomada ATB, fazer um curativo e encaminhar para o oftalmo. As consequências que podem decorrer das queimaduras químicas são: ceratite, úlcera de córnea e até uma perfuração. Dependendo do caso podemos fazer um tratamento com membrana amniótica para reconstruir o tecido escleral e corneano, em outro teremos que fazer transplante. Obs: spray de pimenta ácido lavagem copiosa, colírio (o colírio depende da lesão, em um momento imediato podemos usar um anestésico, corticoide) e curativo com ATB. 3- Queimadura Térmicas Corresponde a 15% das queimaduras oculares. Pode ser causada por água quente, vapor, fumaça, ponta de cigarro. A queimadura térmica ocular pode levar a 35 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 lesões palpebrais e a necrose do epitélio corneano. Obs: ceratite por raios ultravioletas (exposição desmasiada ao sol). Dentro dos pacientes que aparecem no PS para a oftalmologia, temos algumas particularidades clínicas: Uveítes Glaucoma agudo Conjuntivite/ceratite Celulite orbitária Dacriocistite aguda Na Santa Casa, particularmente aparece muitos casos de celulite orbitária e dacriocistite aguda. Dacriocistite aguda É a infecção do saco lacrimal, geralmente secundário a uma obstrução do ducto nasolacrimal. O agente etiológico mais comum é o Staphylococcus sp. Quadro Clínico Edema Dor Hiperemia NÃO PODE DRENAR pois causa fístula a drenagem é espontânea. A Dacriocistite pode evoluir para celulite orbitária, portanto o tratamento é importante. Tratamento ATB Compressa morna Celulite orbitária A celulite orbitária é uma infecção dos tecidos moles atrás do septo orbitário. A celulite se não tratada pode complicar com meningite, abscesso cerebral e trombose do seio cavernoso. Os agentes etiológicos mais comuns são: Streptococcus pneumoniae Staphylococcus aureus Streptococcus pyogenes Haemophilus influenzae A etiologia pode ser como dito anteriormente por uma complicação da Dacriocistite, mas também é comum ser uma complicação de sinusites (proximidade dos seios e dos olhos), infecção dentária (via sinusite maxilar), pós trauma e por uma disseminação hematogênica. Conduta e tratamento Hospitalização Pedir parecer do: oftalmo, otorrino e do neuro Investigar tomografia de órbita, seios da face e cérebro, hemocultura. 36 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 ATB ceftazidime 1g EV + metronidazol oral Casos clínicos 1. Mulher, 60 anos, procurou o serviço de urgência oftalmológica com queixa de “vermelhidão” (sic) periocular após uso de pomada dermatológica. Nega febre, nega dor, nega secreção. Motilidade ocular preservada. Obs: na celulite, avaliar a febre e a alteração da motilidade, que estarão presentes. - Diagnóstico: quadro alérgico, dermatite. - Diagnóstico Diferencial: celulite orbitária/ Dacriocistite – normalmente são unilaterais! 2- Homem, 26 anos, desentupidor. Relata ter “caído produto no olho” há aproximadamente 20 min. Refere dor importante, baixa visão, “sensação de queimadura” em região periorbital de ambos os olhos. Não lembra o nome do produto. Na acuidade visual, OD vultos. - Conduta: tratamento imediato, lavagem copiosa, pomada de antibiótico, curativo, encaminha para o oftalmo. Não procura o oftalmologista. Paciente evolui por 2 semanas com esse quadro. Apresenta: neovascularização limbar, melt corneano, perfuração da córnea, destruição do tecido ocular. - Qual provável queimadura ocular? Álcali. O álcool provoca necrose de liquefação, destrói toda a parte ocular. 3- Homem, 23 anos, jogador de futebol profissional. Procurou o serviço de urgência com queixa de baixa visão em olho direito após “bolada” (sic) neste mesmo olho. Acuidade visual sem correção OD percepção luminosa e OE 20/20. - Quais possíveis complicações oculares após o trauma contuso? Hifema total (apenas percepção luminosa), fratura de assoalho, descolamento de retina, luxação de cristalino. 37 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Erros refrativos Antes de falarmos dos erros refrativos propriamente ditos, devemos entender como a imagem é formada na retina e alguns princípios de física óptica. A luz quando se propaga entre os meios, pode sofrer 3 tipos de fenômenos ópticos: reflexão, absorção ou refração. O que nos interessa nesse caso é a refração. 1- Fenômeno de refração A luz ao atravessar diferentes meios (água, ar, vidro..) sofre um desvio porque a luz propaga com diferentes velocidades em diferentes meios. Velocidade da luz no vácuo (300.000 Km/seg) > Velocidade da luz no ar > líquidos > sólidos Importante lembrar que a velocidade e o comprimento da onda mudam, mas a frequência da onda não é alterada. 2- Lentes Existem vários tipos de lente (convexas, côncavas, planas, e ainda uma combinação entre elas – biconvexa, bicôncava, covexo- plana) 2.1 – Lentes Convexas As lentes convexas tem o poder de convergir os feixes de luz em um mesmo ponto (no caso do cristalino, praticamente todos os raios vão incidir obliquamente, dessa forma sofrem refração (desvio) e acabam convergindo para o mesmo ponto FOCO) Quanto maior o poder de refração da lente (maior capacidade de desviar os raios), mais perto da lente será esse foco (distância entre a lente e o foco = comprimento focal (F). 3- Poder de refração/convergência O poder de refração é medido em DIOPTRIAS que corresponde ao inverso do comprimento focal, ou seja, 1/F (o f em metros). Exemplo: Comprimento focal = 1m; dioptria = +1 Comprimento focal = 0,5m; Dioptria = +2 Se colocarmos lentes em série, temos a adição do poder de refração de cada um. Exemplo: Lente com poder 3+ e outra com 2+, se em série terão poder de 5+. Obs: Quanto mais perto a fonte de luza, mais longe o foco (os porquês míopes enxergam de perto e não de longe), e quanto mais se distancia a fonte de luz, mais perto da lente o foco fica. 38 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 O olho é composto de diversas estruturas que influenciam na trajetória de luz, sendo os principais: Córnea 40-42 D (maior poder de convergência) Cristalino 18-20 D Diâmetro axial (ântero-posterior) Como vimos acima, uma pessoa com +2 D, tem o comprimento focal de 0,5m, dessa forma, a imagem vai se formar antes da retina, e então temos a miopia. EMETROPIA X AMETROPIA Diz-se que o olho é EMETROPE quando ele recebe na fóvea, sem interferência de acomodação, imagens nítidas de objetos situados no infinito. Já a AMETROPIA é uma condição em que o olho, sem interferência da acomodação, NÃO recebe na fóvea imagens nítidas de objetos situados no infinito. Em outras palavras, ametropia é quando o paciente possui um erro refrativo (miopia, hipermetropia ou astigmatismo). Lembrando que a acomodação aumenta o poder de convergência da lente o músculo ciliar contrai, o zonular relaxa e o cristalino aumenta o diâmetro anteroposterior. Erros de refração Nós temos a: miopia, hipermetropia e o astigmatismo. Já a presbiopia é uma alteração da ACOMODAÇÃO. Sinais e sintomas: Baixa acuidade visual Sensação de peso nos olhos Cansaço após esforço visual Dores de cabeça (frontal, ao fim do dia) Ardência ocular, lacrimejamento, desconforto inespecíficos ASTENOPIA Diplopia Baixo contraste Exames 1- Tabela de SnellenA tabela de Snellen é aquela tabela com as letrinhas. A medida usada é em pés (ft) 20/20 NORMAL (enxergou tudo numa distância de 20 pés, o que era para enxergar em 20 pés) 20/40 só enxergou as letras em uma distância de 20 ft o que era para enxergar em 40 ft. 2- Auto Refrator É o famoso exame que fazemos ao chegar no consultório de oftalmologia, o exame da casinha. Esse exame ele vai estimar o grau do paciente, para facilitar o exame subjetivo. 39 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 3- Refrator Subjetivo de Green´s É o exame mais famoso, em que o médico pergunta qual lente é melhor. Nessa etapa fazemos o refinamento juntamente com o paciente. Por ser um exame subjetivo, em pessoas que têm limitações cognitivas e em crianças realizamos um método objetivo. 4- Retinoscópio É um método objetivo, em que jogamos um reflexo luminoso na retina e colocamos diversas lentes no olho. Sempre buscamos a neutralização do reflexo. Agora vamos falar dos erros refrativos propriamente ditos: 1- MIOPIA Como já citado, na miopia a imagem se forma antes da retina. Isso pode acontecer porque o diâmetro anteroposterior é grande em relação ao poder de refração ocular (olho grande) ou a córnea é muito curva. Fatores de risco para miopia Hereditariedade Estresse visual excessivo O paciente geralmente se queixa de “visão embaçada”. Não enxerga bem de longe. Na miopia a acomodação não funciona pois não temos mecanismos para jogar o foco para trás. Correção: Lentes Divergentes (negativas) 2- Hipermetropia Na hipermetropia, o foco é depois da retina, isso pode ocorrer porque o olho é pequeno ou a córnea é plana, com isso não consegue convergir muitos raios de luz (diâmetro anteroposterior é pequeno em relação ao poder de refração). Fatores de risco: Hereditariedade O paciente geralmente se queixa de “visão embaçada” e “ desconforto visual” Antes de prescrever um óculos devemos levar em consideração algumas coisas, principalmente a idade do paciente, pois pessoas mais jovens conseguem acomodar, trazendo o foco para a retina. Correção: Lentes Convergentes (positivas) 3- Astigmatismo O astigmatismo ocorre quando os meridianos da córnea/cristalino possuem curvaturas diferentes, dessa forma os raios paralelos não atingem um único ponto focal e consequentemente não forma uma imagem nítida. A forma mais comum é a corneana, em que a córnea é mais curva nos meridianos. Correção: Lentes Cilindrícas Por último, vamos falar da presbiopia, que não é um erro de refração propriamente dito, mas sim da acomodação (aumentar poder de refração). 40 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 4- Presbiopia Na presbiopia temos um problema na acomodação, isso muitas vezes causado por uma diminuição da complacência do cristalino ao longo dos anos (mudanças degenerativas do cristalino). Com isso entendemos que a presbiopia é uma doença que atinge adultos e idosos (geralmente a partir dos 40 anos). As estruturas envolvidas são o cristalino, a zônula e a musculatura ciliar (quem faz a acomodação). Voltando... O paciente tem dificuldade em ver de perto pois não consegue focar Correção: É feito com a prescrição de lentes positivas (convergentes) que garantem uma amplitude de acomodação suficiente para permitir a nitidez da leitura ou quaisquer atividades que necessitem a visão de perto. A prescrição dos óculos depende de várias coisas como: idade, tolerância aos óculos, necessidade e etc. Por convenção: Grau esférico o Hipermetropia positivo o Miopia negativo Grau cilíndrico (astigmatismo) grau negativo, chamado de “segundo negativo” Adição (presbiopia) grau positivo (óculos bifocais ou multifocais) Não entendeu nada? Calma, vamos ver um exemplo: Com essa receita, conseguimos saber que o paciente possui MIOPIA (lente esférica, negativa) e ASTIGMATISMO (lente cilíndrica negativa). O eixo é para o astigmatismo, pois precisamos saber o eixo mais curvo para corrigi-lo. Além da correção com os óculos, podemos lançar mão de: lentes de contato, cirurgia refrativa (laser) e lentes intraoculares. CIRURGIAS REFRATIVAS O objetivo das cirurgias refrativas é corrigir em definitivo o(s) erro(s) de refração através de modificações da morfologia da córnea. Caso você queira saber mais sobre presbiopia: Um adulto jovem, em torno dos 20 anos de idade, uma vez corrigindo outros distúrbios refrativos (miopia, hipermetropia, astigmatismo), é capaz de focar um objeto próximo a uma distância de aproximadamente 9 cm de seus olhos. Uma distância menor que 9cm tira o objeto de foco (faça você mesmo esta experiência...). É o denominado ponto próximo (neste caso, de 9 cm). Para manter o objeto focado a no ponto próximo, o cristalino precisa acomodar- se, aumentando o seu pode refrativo ao máximo. Para um ponto próximo de 9 cm, o cristalino precisa aumentar o poder refrativo ocular em 11 dioptrias (ou seja, em vez do sistema de lentes ocular ter 60 dioptrias, passa a ter 60 + 11 = 71 dioptrias...). Esta é a amplitude de acomodação do olho humano, que é máxima nos jovens mas começa a reduzir paulatinamente com a idade. 41 CAMILA DE MELO PIMENTA - 65 Antes da cirurgia, o grau deve estar estabilizado por pelo menos 1 ano. A cirurgia não é para todos pacientes: aqueles que o distúrbio refrativo não é corrigido para pelo menos 20/40 com óculos ou lentes de contato, NÃO tem indicação pois a cirurgia não irá corrigir o erro de refração. Critérios para indicação de cirurgia refrativa: Idade > 21 anos Refração estável no último ano Miopia entre -0,50D a -12,00D Hipermetropia até +6,00D Astigmatismo até 5,00D (positivo ou negativo) Ausência de gestação atual Ausência de doenças oculares o Ceratocônia o Miopia progressiva o Ceratite herpética o Outras doenças ou lesões corneanas o Olho seco grave o Catarata o Glaucoma o Retinopatia limitante Ausência de algumas doenças sistêmicas o Colagenose ou doença autoimune o Imunodeficiência ou imunossupressão o História de queloide o Diabetes mellitus mal controlado TIPOS DE LASER 1- Laser-Assisted in Situ Keratomileusis (LASIK) Esta é a cirurgia refrativa mais utilizada atualmente, pelo fato de ter menos complicações, menor desconforto ocular pós- operatório e maior rapidez da recuperação da acuidade visual. A cirurgia utiliza a tecnologia do excimer laser, que emite um feixe de luz ultravioleta capaz de quebrar as ligações intermoleculares onde atinge, removendo tecido corneano (fotoablação) com precisão micrométrica sem causar dano significativo nas áreas adjacentes. Os aparelhos atuais são capazes de emitir feixes calibrosos (4-5mm) e tão delgados quanto 100 micra. A técnica da ceratomileusis é a remoção de uma lamela (retalho) de aproximadamente 160 micra da superfície anterior da córnea por meio de um microceratômero. A LASIK é realizado com anestesia tópica, iniciando-se pela confecção do retalho, descobrindo o estroma corneano, sobre o qual é aplicado o excimer laser, programado de forma precisa através de computador; o retalho de córnea é então recolocado, sem a necessidade de pontos. Ambos os olhos podem ser operados no mesmo dia. Após o procedimento (que dura apenas alguns minutos), o paciente vai para casa e já pode ir trabalhar no dia seguinte. Deve usar colírios antibióticos e anti- inflamatórios e protetor ocular para dormir durante 15 dias. Não pode de maneira nenhuma coçar os olhos nos próximos 3 meses, para não deslocar o retalho corneano. O paciente já enxerga bem após 24-48h!! A cirurgia pode ser repetida (10% dos casos), aproveitando-se o mesmo retalho dentro de 6-12 meses, para ajustar qualquer distúrbio refrativo residual. 2- Photorefractive keratectomy (PRK) A cirurgia LASEK na
Compartilhar