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6 2 Conceitos fundamentais de direito ambientalFerramenta externa

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Prévia do material em texto

Conceitos fundamentais de direito 
ambiental
APRESENTAÇÃO
O Direito Ambiental é um ramo relativamente novo do Direito e tem características muito 
especiais, por tutelar direitos transindividuais, difusos e coletivos. Seus principais conceitos são 
moldados por encontros internacionais de especialistas na área desde 1972 e seguem em 
transformação e adequação, tendo sua mais recente transformação na definição dos objetivos do 
desenvolvimento sustentável. 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver as características especiais do conceito de Direito 
Ambiental, os seus conceitos fundamentais presentes nos princípios gerais da matéria, trazidos 
pelas conferências de Estocolmo em 1972 e Rio em 1992, as novas fronteiras trazidas pelos 
objetivos do desenvolvimento sustentável e pela Agenda 2030, bem como os seus 
desdobramentos no Direito interno brasileiro. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer o conceito de Direito Ambiental como ramo do Direito.•
Identificar os principais conceitos do Direito Ambiental.•
Analisar as contribuições do Direito Ambiental para o conceito de desenvolvimento 
sustentável.
•
DESAFIO
O Direito Ambiental tem dupla incidência, pois tutela tanto os direitos coletivos como também o 
direito individual de todos que são afetados por infrações ao direito fundamental ao meio 
ambiente equilibrado.
 
Considerando a situação hipotética, responda às seguintes perguntas:
1. É possível tutelar os direitos dos fazendeiros com base nas ferramentas de Direito Ambiental? 
Justifique.
2. É possível responsabilizar o Estado Nacional B pelos danos causados pela empresa 
termelétrica? Justifique.
INFOGRÁFICO
O Direito Ambiental é composto por uma grande variedade de conceitos-chave oriundos de 
diversas conferências internacionais sobre o tema. Neste Infográfico, você vai ver alguns 
conceitos selecionados para a melhor compreensão do Direito Ambiental e das suas ferramentas.
Confira.
CONTEÚDO DO LIVRO
Os conceitos fundamentais de Direito Ambiental são elementos em construção e atualização 
constantes, podendo ser extraídos de movimentos internacionais e internos que os ecoam. A 
partir do estudo de contribuições das diversas conferências internacionais sobre o meio 
ambiente, é possível extrair esses conceitos que constituem a base para o estudo do Direito 
Ambiental.
Neste capítulo, Conceitos fundamentais de Direito Ambiental, parte do livro Direito e legislação 
ambiental, você vai ver as especificidades do conceito de Direito Ambiental, os seus conceitos 
fundamentais e as tendências futuras de sua aplicação a partir dos objetivos do desenvolvimento 
sustentável.
Boa leitura.
DIREITO E 
LEGISLAÇÃO 
AMBIENTAL 
Magnum Eltz
Conceitos fundamentais 
de Direito Ambiental
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identifi car o conceito de Direito Ambiental como ramo do Direito.
  Reconhecer os principais conceitos do Direito Ambiental.
  Analisar as contribuições do Direito Ambiental para o conceito de 
desenvolvimento sustentável.
Introdução
O Direito Ambiental é um ramo relativamente novo do Direito e possui 
características bastante especiais por tutelar direitos transindividuais, 
difusos e coletivos. Os seus principais conceitos são moldados por en-
contros internacionais de especialistas na área desde 1972 e seguem em 
transformação e adequação, tendo a sua mais recente transformação na 
definição dos objetivos do desenvolvimento sustentável.
Neste capítulo, você vai ler sobre as características especiais do con-
ceito de Direito Ambiental, os seus conceitos fundamentais presentes nos 
princípios gerais da matéria trazidos pelas Conferências de Estocolmo em 
1972 e do Rio em 1992, além das novas fronteiras trazidas pelos objeti-
vos do desenvolvimento sustentável e pela Agenda 2030, com os seus 
desdobramentos no Direito interno brasileiro.
Direito Ambiental como ramo do Direito
O Direito Ambiental é um ramo do Direito em construção. Nasceu da pre-
ocupação da comunidade científi ca com as consequências do crescimento 
econômico-industrial acelerado, que culminou na Conferência de Estocolmo 
em 1972, a partir do Relatório Meadows do Clube de Roma, que constatou 
que a continuidade do crescimento acelerado poderia trazer a extinção da hu-
Cap_2_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 1 19/12/2017 10:41:17
manidade a partir da problemática demográfi ca malthusiana (falta de comida), 
do efeito estufa e da extinção de espécies de forma acelerada pela expansão 
das ocupações humanas.
Nesse sentido, Milaré (2013, p. 50) complementa a atualidade da discussão, 
onde:
Em verdade, a agressão aos bens da natureza, pondo em risco o destino do 
homem, é um dos tremendos males que estão gerando o “pânico universal” 
que assombra a humanidade neste inquietante início de milênio.
Por isso, nos últimos anos, a sociedade vem acordando para a problemática 
ambiental, repensando o mero crescimento econômico, buscando fórmulas 
alternativas, como o desenvolvimento sustentável ou o eco desenvolvimento, 
cuja característica principal consiste na possível e desejável conciliação entre 
o desenvolvimento, a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade 
de vida — três metas indispensáveis.
Esse contexto trouxe à baila a criação de diversos princípios de Direito 
Ambiental na esfera internacional. Esses princípios seriam complementa-
dos na Conferência Rio-92, que consagraria conceitos importantes, como 
a responsabilidade objetivada pelo princípio do poluidor-pagador, além dos 
conceitos de precaução e de prevenção no Direito Ambiental e outros. Além 
disso, a Rio-92 é responsável pelo estabelecimento da Agenda 21 em busca 
de um desenvolvimento sustentável, que, segundo o autor:
Em 1992 a “Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desen-
volvimento” — Cnumad, mais conhecida como Eco 92 ou Rio 92, adotou na 
Declaração do Rio e na Agenda 21 o desenvolvimento sustentável como meta 
a ser buscada e respeitada por todos os países. Assim, o princípio 4 da decla-
ração do Rio estabelece que: “Para alcançar o desenvolvimento sustentável, 
a proteção ambiental constituirá parte integrante do processo de desenvolvi-
mento e não pode ser considerada isoladamente deste” (MILARÉ, 2013, p. 51).
Portanto, o Direito Ambiental é um ramo do Direito que inicia a sua jornada 
enquanto disciplina autônoma que visa à tutela de direitos que ultrapassam 
a subjetividade individual, mas que tutelam valores que dizem respeito às 
coletividades, por isso, é debatido enquanto direito transindividual, ora difuso, 
ora coletivo.
É nesse sentido que, ao ser consagrado na Constituição Federal brasileira 
de 1988, possui dupla incidência, pois tutela tanto os direitos coletivos quanto 
o direito individual de todos os afetados por infrações ao direito fundamental 
ao meio ambiente equilibrado, previsto em seu art. 225, que o configura como 
Conceitos fundamentais de Direito Ambiental2
Cap_2_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 2 19/12/2017 10:41:17
direito fundamental do cidadão brasileiro (BRASIL, 1988). Conforme ensina 
Canotilho (1998, p. 28):
Na caracterização do ambiente como direito fundamental, deve também 
destacar-se o seu entendimento como direito da personalidade humana, bem 
como a sua autonomia. Da mesma forma que deixamos vinculada a autono-
mia do ambiente enquanto bem jurídico, também como direito fundamental 
ele é protegido com autonomia relativamente a outros direitos que lhe são 
“próximos” (por exemplo o direito à saúde ou de propriedade). Como reflexo 
das crescentes preocupações que são em geral sentidas pela comunidade a 
este respeito, o legislador constitucional português deu guarda ao direito ao 
ambiente tutelando-o directa e imediatamente e não apenas como meio de 
efectivar outros direitos com ele relacionados.
Dessa forma, o Direito Ambiental é um ramo do Direito Públicoe do 
Direito Privado, embora a maior parte das suas regras e dos seus princípios se 
caracterize pelas restrições impostas pelo direito objetivo aos direitos subjeti-
vos (de propriedade, liberdade contratual, entre outros); este também tutela a 
liberdade, o uso e o gozo desse bem coletivo pelos indivíduos, tornando essa 
disciplina especial às divisões clássicas que permeiam o Direito.
Os direitos transindividuais são direitos de terceira geração ou direitos de solidariedade 
que envolvem direitos individuais e coletivos ao mesmo tempo, por isso, não são 
devidamente classificados entre as esferas pública e privada nos seus aspectos clássicos.
São espécies de direitos transindividuais os direitos difusos, quando incidem 
sobre coletividade indeterminada, ou direitos coletivos, quando incidem sobre 
grupos determinados.
Conceitos fundamentais de Direito Ambiental
Conforme mencionado, o Direito Ambiental é moldado por princípios oriundos 
das diversas conferências internacionais do meio ambiente, com destaque para 
as Conferências de Estocolmo, de 1972, e do Rio, em 1992, que deram origem 
aos primeiros conceitos fundamentais da área.
Neste capítulo, utilizaremos o trabalho de Nardy et al. (2003) como fio 
condutor.
3Conceitos fundamentais de Direito Ambiental
Cap_2_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 3 19/12/2017 10:41:17
O primeiro conceito trabalhado pelo autor é o da soberania permanente 
sobre os recursos naturais:
 [...] no final da década de 1960, início da década de 1970, os países em 
desenvolvimento, em particular aqueles surgidos do recente processo de 
descolonização, propuseram-se a eliminar as práticas pelas quais as antigas 
potências coloniais mantinham o controle de facto da exploração de seus 
recursos naturais. Foi nesse contexto que a ideia de soberania permanente 
sobre recursos naturais veio à luz como uma doutrina de natureza econômica, 
completamente distinta do conceito político de soberania nacional, apesar de 
se reconhecer presentemente uma vinculação estreita entre as condições de 
afirmação de ambas ideias (NARDY et al., 2003, p. 8).
O conceito de soberania é um dos mais antigos do Direito Internacional, 
que é responsável por delimitar as fronteiras dos Estados nacionais, como 
concebidos durante o período moderno da História. Dessa forma, o princípio 
da soberania sobre os recursos naturais de um determinado país nada mais é 
do que um reflexo dessa constante histórica. 
No entanto, conforme a natureza coletiva e, muitas vezes, transfronteiriça 
dos bens ambientais, como é o caso da Amazônia, esse conceito é colocado 
em discussão pelos pesquisadores da área. Um exemplo dessa discussão 
encontra-se na imagem falsa circulada na internet sobre um território in-
ternacional, invadindo a soberania dos países que integram a Amazônia 
Legal (Brasil, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e 
Peru). Há, entre os defensores da falsa imagem, aqueles que entendam que 
o bem jurídico tutelado que é a Amazônia deveria obter proteção especial 
em relação aos seus países de origem, uma vez que as consequências de seu 
desmatamento possuem implicações globais, entre elas, a escassez de chuvas 
e as mudanças climáticas.
Esse debate é embasado no conceito de patrimônio comum da humani-
dade, que afirma que determinados recursos naturais devem ser intitulados 
a toda a humanidade. Esse princípio pode ser depreendido do princípio 13 da 
Conferência de Estocolmo, que invoca uma cooperação internacional para 
a gestão dos recursos naturais, e do princípio 6 da Conferência do Rio, que 
coloca nos interesses internacionais as ações de interesse comum aos Estados.
No entanto, ambas as cartas reconhecem a soberania nacional dos Estados 
que lhe são signatários, de modo que a cooperação internacional, como é de 
costume no Direito Internacional, deve se dar de comum acordo entre os Es-
tados por meio de acordos específicos, caso que ocorre na Amazônia quanto 
à pesquisa e ao desenvolvimento de fármacos, ações de preservação entre os 
Conceitos fundamentais de Direito Ambiental4
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países da Amazônia Legal e outras ações legítimas, mas que não a tornam 
um território internacional; sendo esta titularidade exclusiva do continente 
antártico até o presente momento.
O conceito de desenvolvimento, que trata de evolução de determinada 
economia por meio da realização de atividades que gerem aumento de riqueza 
em uma determinada nação, é bastante afetado pelas convenções internacionais 
sobre o meio ambiente para se chegar ao conceito novo de um desenvolvimento 
sustentável (econômico, social e ambiental), em que:
O direito ao desenvolvimento apresenta dois componentes elementares. O 
primeiro consiste na verdade, em uma reafirmação da soberania permanentes 
dos Estados sobre seus recursos naturais, mas a estende a todas as áreas da 
economia, da política e das liberdades civis. [...] Já o segundo componente desse 
princípio afirma que todo homem tem o direito de contribuir para e participar 
do desenvolvimento cultural, social, econômico e político. Em consequência, 
o direito ao desenvolvimento articula-se como um direito fundamental que os 
Estados têm o dever de proteger (NARDY et al., 2003, p. 10).
Dessa forma, enquanto o primeiro aspecto do conceito de desenvolvimento 
pode chocar-se com a sustentabilidade, como ocorre na doutrina Trump nos 
Estados Unidos da América, por exemplo, em sua saída do Tratado de Paris 
sobre as mudanças climáticas; esse tratado possui aspectos vinculativos ao 
conceito de sustentabilidade no que concerne ao desenvolvimento das huma-
nidades culturais, econômicas e sociais.
Um conceito polêmico em relação à isonomia dos Estados nacionais é o 
conceito da responsabilidade comum, mas diferenciada; que é:
[...] associada aos esforços dos países em desenvolvimentos para estabelecer 
critérios de compartilhamento da responsabilidade internacional pela solução 
de problemas ambientais globais que levem em consideração a realidade 
socioeconômica dos diferentes Estados (NARDY et al., 2003, p. 14).
Esse conceito pode ser verificado nos esforços do Tratado de Kyoto (subs-
tituído pelo Tratado de Paris sobre mudanças climáticas) em diferenciar as 
possibilidades de atuação entre países do Anexo I (reduzindo emissões) e 
Anexo II (negociando créditos de carbono) e os países desenvolvidos e em 
desenvolvimento, respectivamente.
Um dos conceitos mais importantes em relação à sustentabilidade e preser-
vação do meio ambiente é também um dos princípios mais polêmicos do Direito 
Ambiental, o princípio da precaução, que trata dos riscos desconhecidos em 
5Conceitos fundamentais de Direito Ambiental
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determinada tecnologia ou inovação. Com uma divisão bastante patente entre 
a aplicação desse princípio entre os Estados Unidos da América (concepção 
fraca) e a União Europeia (concepção forte), esse princípio é divisor de águas 
na implementação de tecnologias dos organismos geneticamente modificados 
e na manipulação genética humana para o tratamento de doenças, por exemplo, 
sendo estas as concepções:
A concepção forte postula o impedimento das ações lesivas e a máxima in 
dubio pro natureza, quase sempre amparada na ideia de que os sistemas 
naturais têm direitos e valores intrínsecos. [...]
A concepção fraca leva em consideração os riscos, os custos financeiros e os 
benefícios envolvidos na atividade, partindo, em regra de uma ética ambiental 
antropocêntrica responsável (NARDY et al., 2003, p. 60–61).
O conceito de precaução é, muitas vezes, confundido com o conceito de 
prevenção, que trata da gestão de riscos conhecidos da comunidade científica 
a partir da proibição de práticas ou da obrigação de tecnologias de mitigação 
desses riscos por meio de recursos de prevenção de acidentes. Ambos os prin-
cípios são desdobramentos do princípio 2 da Convenção do Rio, que determina 
a proibição deatividades que causem danos ao meio ambiente dentro de suas 
fronteiras ou que as ultrapassem.
Outro importante conceito integrante desse sistema é o de poluidor-pa-
gador, princípio 16 da Conferência Rio 92, que fundamenta a internalização 
dos custos ambientais na produção a partir da responsabilidade objetiva pelos 
danos causados ao meio ambiente no âmbito interno de cada Estado nacional; 
esse princípio integra a tríplice tutela (civil, administrativa e penal) do meio 
ambiente, prevista no art. 225, § 3º, da Constituição Federal brasileira.
No âmbito internacional, os Estados também possuem responsabilidade 
pelos danos causados, decorrentes do dever geral do princípio 2 da Confe-
rência do Rio.
Outro princípio-chave na determinação de conceitos fundamentais do 
Direito Ambiental é o princípio da equidade intergeracional, uma inovação 
da Rio-92, no seu princípio 3, cujo conteúdo determina que “As presentes 
gerações não podem deixar para as futuras gerações uma herança de déficits 
ambientais ou do estoque de recursos e benefícios inferiores aos que receberam 
das gerações passadas” (NARDY et al., 2003, p. 53).
Assim, os esforços das gerações presentes devem focar-se nas próximas 
gerações, para que tenham as mesmas oportunidades de contato com um meio 
Conceitos fundamentais de Direito Ambiental6
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ambiente equilibrado, princípio este também presente no conceito fundamental 
do art. 225 da Constituição Federal brasileira.
Outros dois princípios fundamentais para a compreensão do Direito 
Ambiental:
[...] para que todos tomem ciência do estado, das propostas e execuções de 
manejos de seu entorno natural, construindo e renovando uma “opinião pública 
ambiental informada”, mas sobretudo para que possam contribuir de maneira 
efetiva e consciente nos processos decisórios que venham a gerar efeitos sobre 
a natureza (NARDY et al., 2003, p. 76).
Citamos também o consequente princípio da participação, em que todos 
são convocados a colaborar por meio de suas atividades diárias em termos de 
consumo, descarte e uso de recursos de forma consciente, mas também por 
meio dos aparatos democráticos:
A democracia hodiernamente não se satisfaz apenas com as instâncias delibe-
rativas dos representantes eleitos e de corpos burocráticos fiéis aos comandos 
legais. Exige-se um complemento, meios de participação direta do povo ou 
da comunidade tanto em sede das macro decisões (plebiscito, referendo e 
iniciativa legislativa popular), quanto em processos decisórios de menor ex-
tensão (decisões administrativas, jurídicas coletivas e sociais, condominiais 
e empresariais, por exemplo) que digam respeito a todos ou afetem direta ou 
indiretamente (NARDY et al., 2003, p. 79).
Em nosso ordenamento jurídico, o princípio da participação pode ser 
observado no processo de licenciamento ambiental em audiências públicas 
e no plebiscito, referendo, iniciativa legislativa popular e outros aparatos 
participativos presentes nas diferentes esferas da União, como a participação 
em Conselhos Deliberativos do SISNAMA e orçamento participativo (porém, 
não se encontra no âmbito da participação de decisões no Judiciário, pois, ao 
contrário do que ocorre em alguns ordenamentos, o júri é restrito no Brasil 
aos casos de crimes dolosos contra a vida).
Em resumo, os principais conceitos trazidos pelas Conferências de Esto-
colmo e do Rio reverberam em todas as ferramentas de Direito Ambiental, 
constituindo verdadeiros conceitos fundamentais que devem ser observados 
durante a prática e o estudo desse ramo jurídico especial.
7Conceitos fundamentais de Direito Ambiental
Cap_2_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 7 19/12/2017 10:41:17
Objetivos do desenvolvimento sustentável
A partir dos conceitos trazidos pelas primeiras conferências sobre o meio 
ambiente e dos 20 anos da Rio 92, celebrados na Conferência Rio+20, foi deter-
minada a chamada Agenda 2030, que defi niu os objetivos do desenvolvimento 
sustentável como uma maneira de organizar os princípios trabalhados pelas 
diferentes convenções internacionais que avançaram sobre a biodiversidade, 
sustentabilidade social, econômica, ambiental e outros sistemas que podem 
ser observados a seguir:
  erradicar a pobreza;
  acabar com a fome;
  vida saudável;
  educação de qualidade;
  igualdade de gênero;
  água e saneamento;
  energias renováveis;
  trabalho digno e crescimento econômico;
  inovação e infraestruturas;
  reduzir as desigualdades;
  cidades e comunidades sustentáveis;
  produção e consumo sustentáveis;
  combater as alterações climáticas;
  oceanos, mares e recursos marinhos;
  ecossistemas terrestres e biodiversidade;
  paz e justiça;
  parcerias para o desenvolvimento.
Segundo o site oficial das Nações Unidas:
Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas que estamos 
anunciando hoje demonstram a escala e a ambição desta nova Agenda 
universal. Eles se constroem sobre o legado dos Objetivos de Desenvolvi-
mento do Milênio e concluirão o que estes não conseguiram alcançar. Eles 
buscam concretizar os direitos humanos de todos e alcançar a igualdade 
de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas. Eles são integra-
dos e indivisíveis, e equilibram as três dimensões do desenvolvimento 
sustentável: a econômica, a social e a ambiental (ORGANIZAÇÃO DAS 
NAÇÕES UNIDAS, 2015).
Conceitos fundamentais de Direito Ambiental8
Cap_2_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 8 19/12/2017 10:41:18
Assim, ao definir as áreas macro pessoas, planeta, prosperidade, paz e 
parceria, os objetivos do desenvolvimento sustentável revelam a verdadeira 
abrangência dos conceitos ambientais elevados a conceitos de desenvolvimento 
sustentável, que permeiam todas as áreas do Direito em busca de uma interação 
maior ligada aos conceitos primordiais de direitos naturais do homem, que 
são a base das ações das Nações Unidas e que também constituem os direitos 
fundamentais de suas nações signatárias.
Assim, são elencados como objetivos do desenvolvimento sustentável e novos 
conceitos fundamentais do Direito Ambiental os seguintes objetivos/princípios:
Objetivo 1 — acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
Objetivo 2 — acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria 
da nutrição e promover a agricultura sustentável.
Objetivo 3 — assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para 
todos, em todas as idades.
Objetivo 4 — assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade e 
promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
Objetivo 5 — alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres 
e meninas.
Objetivo 6 — assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e 
saneamento para todos.
Objetivo 7 — assegurar o acesso confi ável, sustentável, moderno e a preço 
acessível à energia para todos.
Objetivo 8 — promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e 
sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.
Objetivo 9 — construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização 
inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
Objetivo 10 — reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.
9Conceitos fundamentais de Direito Ambiental
Cap_2_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 9 19/12/2017 10:41:18
Objetivo 11 — tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, 
seguros, resilientes e sustentáveis.
Objetivo 12 — assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
Objetivo 13 — tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima 
e seus impactos.
Objetivo 14 — conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos 
recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.
Objetivo 15 — proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossiste-
mas terrestres, gerir de forma sustentável as fl orestas, combater a desertifi cação, 
deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
Objetivo16 — promover sociedades pacífi cas e inclusivas para o desenvol-
vimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir 
instituições efi cazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
Objetivo 17 — fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria 
global para o desenvolvimento sustentável.
Saiba mais sobre a Agenda 2030 e os objetivos do desen-
volvimento sustentável em:
https://goo.gl/c4aWgP 
Dessa forma, é possível compreender que o Direito Ambiental, em que pese 
inicie com objetivos vinculados à preservação de recursos naturais e prevenção ou 
precaução de consequências desastrosas para a humanidade, acaba por se converter 
em diretrizes gerais para o desenvolvimento da comunidade humana, podendo 
servir de modelo para todas as relações jurídicas internas e externas às nações 
atuais como uma espécie de reinvenção dos direitos naturais para o século XXI.
Conceitos fundamentais de Direito Ambiental10
Cap_2_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 10 19/12/2017 10:41:18
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: 
Senado Federal, 1988.
CANOTILHO, J. J. G. Direito constitucional e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Al-
medina, 1998.
MILARÉ, E. Direito do ambiente. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
NARDY, A. et al. Princípios de direito ambiental: na dimensão internacional e comparada. 
Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Transformando nosso mundo: a agenda 2030 
para o desenvolvimento sustentável. 2015. Disponível em: <https://nacoesunidas.
org/pos2015/agenda2030/>. Acesso em: 18 dez. 2017.
Leituras recomendadas
BUARQUE, D. Mapa da Amazônia dividida é mentira deliberada. Globo.com, 2010. 
Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/08/mapa-da-amazonia-di-
vidida-e-mentira-deliberada-diz-diplomata-brasileiro.html>. Acesso em: 18 dez. 2017.
ELTZ, M K de F. Análise econômica da responsabilidade ambiental: análise econômica 
do direito: entre o Peru e o Brasil. Curitiba: Ithala, 2016.
Conceitos fundamentais de Direito Ambiental12
Cap_2_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 12 19/12/2017 10:41:21
DICA DO PROFESSOR
Nesta Dica do Professor, você vai ver os diversos temas de Direito Ambiental, para que possa 
extrair os conceitos específicos de cada área. É importante lembrar que cada ramo tem 
princípios e regras próprios, mas que refletem os conceitos fundamentais extraídos dessa lição.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) O direito a um meio ambiente equilibrado previsto no art. 225 da Constituição 
Federal é um "direito de todos". A partir dessa noção, marque a alternativa correta. 
O Direito Ambiental regula: 
I – Apenas direitos coletivos. 
II – Direitos individuais. 
III – Direitos transindividuais. 
A) a) Apenas I está correta.
B) b) Apenas II está correta.
C) c) Apenas I e II estão corretas.
D) d) Apenas I e III estão corretas.
E) e) Apenas II e III estão corretas.
2) O princípio do poluidor-pagador, integrado como conceito fundamental ao Direito 
Ambiental na Constituição Federal de 1988, § 3o do art. 225, e na Lei no 6.938/81, 
art. 14, I, é associado à responsabilidade: 
A) a) penal, apenas.
B) b) civil, apenas.
C) c) administrativa, apenas.
D) d) subjetiva.
E) e) tríplice, penal, administrativa e civil, em sua modalidade objetiva.
3) O dever de o Estado não autorizar atividades às quais não há certeza científica sobre 
os seus efeitos, como inovações na área de organismos geneticamente modificados, 
medicamentos e métodos de produção energética baseados em cisão, fusão ou 
enriquecimento de minérios radioativos, caracteriza o princípio: 
A) a) da prevenção em seu sentido fraco.
B) b) da prevenção em seu sentido forte.
C) c) da precaução em seu sentido fraco.
D) d) da precaução em seu sentido forte.
E) e) do poluidor-pagador.
O princípio da participação, elemento democrático da preservação do meio ambiente, 
que compõe sua evolução por meio da constante presença das diversas camadas 
populares nas conferências internacionais que geram os conceitos fundamentais do 
Direito Ambiental, é caracterizado no Brasil: 
I – Pelo instrumento da audiência pública no processo de licenciamento ambiental. 
4) 
II – Pela possibilidade de atuação da população em decisões de forma direta pelo 
plebiscito. 
III – Pela participação da sociedade no Tribunal do Júri. 
A) a) Apenas I está correta.
B) b) Apenas II está correta.
C) c) I e II estão corretas.
D) d) II e III estão corretas.
E) e) Todas as alternativas estão corretas.
5) Os objetivos do desenvolvimento sustentável, que marcaram as comemorações dos 20 
anos da Rio 92 com a definição da ampliação da Agenda 21 para a Agenda 2030, são: 
A) a) Princípios exclusivos de Direito Ambiental.
B) b) Princípios exclusivos de Direito Civil.
C) c) Princípios exclusivos de Direito Público.
D) d) Princípios exclusivos de Direito Administrativo.
E) e) Uma sistematização dos princípios de Direitos Humanos, que elevam a sistemática do 
Direito Ambiental a todos os ramos do Direito.
NA PRÁTICA
A aplicação dos conceitos fundamentais de Direito Ambiental pode ser verificada com muita 
facilidade na prática.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
O vídeo a seguir mostra um exemplo do princípio da participação, em sua modalidade das 
ações subjetivas cotidianas, no auxílio à defesa do meio ambiente equilibrado, a partir do 
consumo e do uso sustentável, bem como da destinação adequada de resíduos.
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Veja que o artigo a seguir tenciona traçar algumas linhas acerca da qualificação do direito 
ao meio ambiente como um direito fundamental.
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O artigo a seguir traz um estudo sobre a proteção do Direito Ambiental pelo sistema 
internacional dos direitos humanos.
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