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Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental APRESENTAÇÃO O paisagismo é uma atividade que está relacionada ao projeto de ambiência e de melhoramento dos espaços externos, como por exemplo, os jardins e as praças. Esses projetos contam com elementos que podem delimitar espaços, criar diferentes atmosferas, permitir a apropriação do local, contribuir com odores e texturas, ou simplesmente formar áreas de contemplação. Portanto, para que os elementos sejam utilizados corretamente é necessário relacioná-los aos usuários que ocuparão a área aberta, permitindo que ela esteja de acordo com os objetivos e os anseios de todos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você poderá identificar diferentes funções dos jardins e dos espaços abertos nas edificações voltados ao ensino, podendo reconhecer exemplos de paisagismo tanto de escolas materno-infantis como de escolas de ensino fundamental. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as funções recreativas do jardim em estabelecimentos de ensino. • Reconhecer o paisagismo em escolas materno-infantis.• Explicar como é o paisagismo em escolas de ensino fundamental.• DESAFIO Os jardins das escolas são áreas abertas que devem funcionar como extensão da edificação e, tendo essa conformação, podem possibilitar as mais diversas atividades, se tornando uma nova ferramenta para melhorar e contribuir no processo de ensino-aprendizagem. Esses espaços podem ser compostos por diversos elementos, vegetações, tipos de piso e iluminação, e precisam estar de acordo com o uso e seus usuários. No caso das escolas, é preciso compreender para que público estão voltadas, qual a fase desse público e como precisam absorver tudo aquilo que um espaço externo oferece, para então realizar um projeto paisagístico que esteja de acordo com essas premissas. Imagine que você, arquiteto e urbanista, precisa propor algumas ideias para o jardim de uma escola de educação infantil de sua cidade. Essa escola atende crianças de 1 a 6 anos e precisa de três pontos principais, são eles: 1 – O jardim precisa ser dividido em 3 partes, limitando os espaços, mas permitindo a permeabilidade visual. 2 – Os alunos devem aprender nesses espaços sobre os cinco sentidos: visão, olfato, paladar, audição e tato. 3 – Devem existir áreas de sombra e de sol. A partir desses requisitos, você deve propor ideias de como é possível realizar o paisagismo, ou quais elementos usar no projeto para garantir que esses três itens sejam contemplados. Assim, descreva para cada item uma sugestão. INFOGRÁFICO Para que o paisagismo seja aliado do processo de ensino-aprendizagem, o projeto precisa estar adequado aos usos, às necessidades, aos anseios e às fases dos alunos que irão utilizar o espaço. Assim, é importante diferenciar os públicos-alvo e seus interesses para que seja possível a criação de diretrizes projetuais condizentes com o contexto e a realidade. Neste Infográfico, você verá algumas diferenças entre os alunos de escolas materno-infantis e de escolas de ensino fundamental. CONTEÚDO DO LIVRO O projeto de paisagismo tem como finalidade planejar o tratamento ambiental de um espaço aberto. No projeto, estão envolvidos os princípios artísticos de harmonia, unidade e equilíbrio, além de levar em consideração as funções do espaço e as atividades a ele relacionadas. Assim, o projeto paisagístico voltado para jardins de escolas materno-infantis e de ensino fundamental deve estar de acordo com as intenções de uso do espaço; tornando-se, dessa forma, um elemento de extensão da sala de aula, permitindo a melhora do processo de ensino-aprendizagem, priorizando a consciência ambiental e o contato com a natureza. No capítulo Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental, da obra de Projeto de paisagismo I, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você poderá entender as funções dos jardins nos espaços de ensino, compreendendo elementos que colaboram para que o projeto dessas áreas esteja adequado a cada fase da educação e aos seus usos. Boa leitura. PROJETO DE PAISAGISMO I Vanessa Guerini Scopell Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as funções recreativas do jardim em estabelecimentos de ensino. Descrever como é o paisagismo em escolas materno-infantis. Descrever como é o paisagismo em escolas de ensino fundamental. Introdução O paisagismo é uma atividade realizada pelo arquiteto e urbanista que está relacionada aos projetos para espaços externos, como, por exemplo, o planejamento de jardins, o melhoramento de praças e a projeção de caminhos. Esses projetos podem prever diferentes tipos de vegetações e pisos, uso de água, equipamentos e iluminação. Assim como um projeto de arquitetura, o projeto de paisagismo deve ser pensado tendo em vista a relação com a edificação, sua função e seus usuários. Isso permite que o paisagismo seja um aliado da arquitetura, de modo a estimular sensações e incentivar ações no espaço aberto. Neste capítulo, você entenderá a importância do espaço aberto para as edificações voltadas ao ensino, bem como verá exemplos e ideias de paisagismos tanto para escolas materno-infantis como para edificações de ensino fundamental. Os jardins nos estabelecimentos de ensino Os espaços abertos de uma cidade são um dos elementos responsáveis por garantir a qualidade de vida. Esses espaços livres referem-se a qualquer local que não tenha edifi cações e podem ser de vários tipos, incluindo praças, parques e jardins. São esses locais, juntamente com a arquitetura e outros elementos da cidade, que formam a paisagem urbana. Conforme ressalta Fenianos (1996), a paisagem urbana está sujeita a modi- ficações, pois tem a função de ser um suporte para a vida nas cidades, e, por isso, o homem consegue realizar intervenções. De qualquer forma, segundo o autor, a paisagem tem uma função que vai além da estética, pois inspira emoções e sentimentos. Marx e Tabacow (2004, p. 34) ressaltam que: O conceito de paisagem às vezes é distorcido, entendido como um conjunto de elementos naturais, moldando uma vista, geralmente distante e nada mais do que isso, porém paisagem é o domínio do visível, onde o espectador é conduzido através de elementos diversos, de forma a se sentir dentro de um todo, onde a riqueza de detalhes se apresenta como numa música, em tempo e em espaço. Ela é formada não só por volumes, mas também por cores, odores, movimentos e sons. Diante disso, privilegiar espaços abertos e tratá-los de forma coerente é importante para beneficiar a vida urbana, as atividades humanas e os usos das próprias edificações. Nesse sentido, mais do que humanizar uma área, o paisagismo surge como uma função que potencializa os espaços, fazendo eles terem uma função que vai muito além da contemplação, incluindo também a recreação, e melhorando as relações do homem com a natureza. O paisagismo se preocupa com os volumes da cidade, pois, segundo Wa- terman (2010, p. 104), “[...] o espaço de uma praça pode ser considerado um volume, mas em um mapa ou planta baixa ele aparece apenas como uma área externa. Os volumes também são ajustados à medida que nos movimentamos pelo espaço, com vistas se revelando, ou à medida que os espaços entre as edificações aumentam ou diminuem [...]”. Pode-se afirmar que é o paisagismo que transforma uma simples área verde em um espaço adequado, cheio de significados e com um poder transformador. Conforme destacam Gatto, Paiva e Gonçalves (2002), o paisagista tem o poder de recuperar as áreas, conservar os espaços e criar novos, por meio de elementos que são efeitos estéticos, que são dinâmicos e combatem ao tédio, bem como influenciamo humor e as emoções das pessoas. Segundo Leenhardt (2006, p. 17), “[...] a missão social do paisagista compreende aspecto pedagógico, de Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental2 fazer compreender e amar o que a natureza representa procurando conservá-la, pois é dela que depende a sobrevivência dos seres vivos, tendo o máximo de consideração com o destinatário de suas criações [...]”. Assim, pode-se dizer que um projeto de paisagismo consegue associar diversos aspectos, podendo trazer diversos benefícios para a sociedade, para um grupo de pessoas ou qualquer cidadão que entre em contato e usufrua deste espaço projetado. Tanto os jardins como as pequenas praças são tipologias de espaços livres que também têm a função de recreação. Segundo Waterman (2010, p. 178), esses locais podem ser vistos como “[...] microcosmos da paisagem maior [...]”. Esses espaços podem estar presentes nos locais públicos das cidades, ou seja, em espaços onde qualquer pessoa possa utilizar, ou também associados a edificações, dentro de um lote delimitado. Em ambos os casos, esses locais permitem que as pessoas estejam em contato com a natureza e possam realizar atividades ao ar livre (Figura 1). Figura 1. Jardim de Hespérides, no Quebec. Fonte: Waterman (2010, p. 178). Assim como apresentam função essencial para as cidades em geral, os jardins e as pequenas praças são fundamentais para as instituições escolares, incluindo escolas materno-infantis e escolas de ensino fundamental. Esses locais funcionam como uma extensão do prédio construído e podem ser utili- zados para complementação das atividades elaboradas dentro da sala de aula. Segundo Kunreuther e Ferraz (2012), aliar a educação aos espaços abertos é uma experiência enriquecedora para os alunos. Além disso, esses locais são 3Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental importantes para que as crianças e os adolescentes tenham um espaço aberto para realizar atividades esportivas, um espaço calmo para leitura e descanso, bem como para aprenderem a respeitar a se relacionar com a natureza. Conforme os autores, diversas atividades podem ser realizadas nos jardins e na pracinha de uma escola, incluindo eventos e comemorações, trabalhos e discussões em grupos, conversas e aulas expositivas ao ar livre, oficinas de desenho e criatividade para os menores, além de brincadeiras e demais atividades. Loboda e De Angelis (2005) acrescentam que essas áreas são ele- mentos imprescindíveis para o bem-estar, afetando diretamente a saúde mental dos alunos e funcionários desses espaços. Além disso, esses espaços verdes melhoram a qualidade ambiental, o conforto térmico e acústico. Esses espaços: [...] agem simultaneamente sobre o lado físico e mental do Homem, absorvendo ruídos, atenuando o calor do sol; no plano psicológico, atenua o sentimento de opressão do Homem com relação às grandes edificações; constitui-se em eficaz filtro das partículas sólidas em suspensão no ar, contribui para a for- mação e o aprimoramento do senso estético, entre tantos outros benefícios. (LOBODA; DE ANGELIS, 2005, p. 134). Diante disso, é imprescindível que existam espaços externos ao ar livre para que as atividades das instituições de ensino possam ser cada vez mais completas e dinâmicas. Esses locais, se bem projetados, são meios que facilitam o ensino, tornam a rotina dos alunos mais divertida e permitem que diferentes atividades possam ser desenvolvidas. Diferenças entre paisagismo e jardinagem É importante compreender que existem diferenças entre a atividade de paisagismo e de jardinagem, mesmo que as duas tenham uma ligação. A jardinagem nada mais é do que a criação de jardins por meio do plantio, sem planejamento ou projeto de plantas ornamentais. Já o paisagismo é uma atividade bem mais complexa, que, apesar de contar com técnicas de jardinagem, realiza o plantio com base em um projeto, que tem especi- ficações, dimensões e detalhes. Segundo Macedo (1999), o paisagismo trata-se de projetos complexos e, conforme Barbosa (2000, p. 14), pode ser definido como “[...] uma arte de recriação do belo proveniente da natureza, capaz de proporcionar belas paisagens e uma melhor qualidade de vida para sociedade. Um projeto paisagístico pode ser feito com a ausência de plantas, mas em sua maioria este é o elemento de maior importância para a consolidação do projeto [...]”. Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental4 O paisagismo em escolas materno-infantis Os espaços ao ar livre relacionados às escolas normalmente têm uma extensão menor se comparados aos do meio urbano. Esses locais se conformam como jardins ou pequenas praças, fazendo parte do lote da edifi cação. Para esses locais, Gatto, Paiva e Gonçalves (2002) acreditam que uma boa opção é o uso de cercas vivas para delimitar pequenas porções do espaço livre, a fi m de que ele esteja de acordo e seja proporcional às crianças (Figura 2). Segundo os autores, essas cercas têm inúmeras funções, podendo servir como ornamen- tação, como uma cortina vegetal que protege os ambientes, limita os acessos das pessoas, de animais e veículos, bem como reduz a velocidade dos ventos, minimiza a poeira, é uma barreira contra a poluição sonora e se comporta como uma proteção visual, essencial para espaços que são utilizados por crianças. Figura 2. Cerca viva. Fonte: Olexandr Panchenko/Shutterstock.com. Assim, pode-se dizer que paisagismo é uma técnica artesanal que usa também a sensibilidade, procurando sempre constituir a paisagem natural, melhorar os espaços e criar novas ambiências. Para isso, mais do que saber plantar as espécies, é necessário o conhecimento também de ecologia, botânica, clima, arquitetura e agricultura. Ainda, segundo Faria (2005), existem duas formas de se definir paisagismo, denomi- nadas micropaisagismo, para projetos desenvolvidos em áreas pequenas com escalas menores, e macropaisagismo, em que são realizados projetos para grandes espaços, envolvendo mais técnicas e agregando muitas disciplinas. Fonte: Vieira e Olieira (2019). 5Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental Outro exemplo de elemento que pode ser utilizado no paisagismo dessas escolas são as cercas de materiais naturais, como é o caso do paisagismo da Creche Chrysalis, na Nova Zelândia, apresentada na Figura 3. No projeto, o arquiteto responsável optou por esse elemento limitador para criar diferentes espaços dentro de uma mesma área, possibilitando também a segurança das crianças. Além disso, o projeto conta com diferentes tipos de pisos no jardim interno, como, por exemplo, madeira, terra e grama. Isso permite que diferentes ati- vidades sejam realizadas nesse local, cada uma conforme o tipo de piso mais apropriado. Esse paisagismo ainda conta com uma grande árvore central, que contribui para o sombreamento de uma porção da área, e vegetações mais baixas, que não atrapalhem a visão das crianças e dos cuidadores. Figura 3. Creche Chrysalis. Fonte: Souza (2015a, documento on-line). Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental6 O gramado também é um item importante para o paisagismo dessas áreas. Para Gatto, Paiva e Gonçalves (2002), a grama, além de criar um elo entre as demais formas de vegetação, também tem uma função estética e transmite a sensação de conforto e paz (Figura 4). Além disso, ela é capaz de reduzir a temperatura, criando um clima mais agradável para o espaço. Permite também a fácil infiltração da água no terreno, evitando formação de poças, o que pode ser inseguro para as crianças. Os gramados são utili- zados para as atividades esportivas das escolas e são uma forração bastante confortável, além de serem propícios para piqueniques, lanches e momentos de descanso ao ar livre. Figura 4. Exemplo de gramado em instituição de ensino.Fonte: Souza (2015b, documento on-line). Outra opção para o paisagismo de escolas materno-infantis são as árvores frutíferas. Essas árvores, além de fornecerem frutos, são um importante elemento que pode ser estudado e vivenciado ao ar livre pelas crianças. Além disso, é possível utilizar árvores maiores para criar brinquedos, casa na árvore, passarelas, entre outros equipamentos que permitem a descoberta e o contato com a natureza. Pequenos canteiros, proporcionais à altura das crianças, podem ser im- portantes artifícios para o paisagismo de escolas materno-infantis (Figura 5). Para esses locais, uma opção é plantar temperos e chás, que, além de servirem para o consumo da escola, são meios de ensinar as crianças sobre os sentidos. 7Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental Figura 5. Escola em Alto de Pinheiros. Fonte: Delaqua (2016, documento on-line). É possível identificar que as edificações de escolas materno-infantis apostam em um paisagismo mais leve, sem tantas informações, aberto, mas controlado e limitado, isso porque, nessa fase, a criança ainda está captando o mundo, e, ao mesmo tempo que precisa de descobertas, também precisa de segurança e controle. Na Escola Lucie Aubrac, na França, observa-se isso a partir das vegeta- ções de médio porte mais espalhadas, as diferenças de pisos, que criam uma atmosfera mais lúdica, a composição entre espaços cobertos e descobertos e o uso de brinquedos e equipamentos na área aberta (Figura 6). Figura 6. Escola Lucie Aubrac. Fonte: Márquez (2013, documento on-line). Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental8 Assim, para escolas materno-infantis, indica-se o uso de diferentes textu- ras de piso, para que comportem as mais diversas atividades, de vegetações mais espaçadas, para não comprometer o controle, de vegetações baixas de diferentes cores e odores, para estimular os sentidos e a observação, além do uso de árvores pontuais e de grande porte para sombreamento e apoio a algum equipamento. Além disso, o uso de diferentes caminhos e formas estimula a criatividade da criança e é um recurso aliado para tornar o espaço mais atrativo. O paisagismo em escolas de ensino fundamental Para as escolas de ensino fundamental, o uso do paisagismo nos espaços externos apresenta os mesmos benefícios. Todavia, nessas escolas, voltadas para crianças e pré-adolescentes, o projeto paisagístico deve ser pensado sob uma outra ótica. Enquanto as crianças menores ainda estão desenvolvendo e conhecendo cheiros, texturas, cores e gostos, os alunos do ensino fundamental já são mais crescidos, e, por isso, os jardins e espaços abertos da escola devem ter outro foco. Um deles é a locação de equipamentos nesses espaços, como, por exem- plo, quadras e bancos, visto que serve como um estímulo para o esporte ao ar livre (Figura 7). Caminhos e diferentes áreas de descanso também são importantes, pois permitem a conexão desses alunos com a natureza, além de permitirem espaços para conversas e troca de ideias. Observa-se que esse tipo de paisagismo é muito mais aberto e com dimensões maiores, justamente pelo momento de vida desses alunos. Figura 7. Quadra de esporte ao ar livre na Beacon School. Fonte: Pereira (2019, documento on-line). 9Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental A Beacon School, em São Paulo, é um exemplo de escola que conta com paisagismo e áreas externas bastante diversificados. Todas as áreas têm o intuito de serem dinâmicas e atraírem os estudantes por meio de espaços bonitos, agradáveis e confortáveis (Figura 8). Figura 8. Beacon School, em São Paulo. Fonte: Pereira (2019, documento on-line). Além disso, o paisagismo pode contar com áreas de vegetação de grande porte e áreas com pouca vegetação, a fim de criar diferentes atmosferas e diferentes ambientes em um mesmo local. Também se pode levar para as partes externas mesas e mobiliários de apoio, para que os alunos se sintam motivados Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental10 a estudar naquele local, de modo que tenham várias opções e, portanto, não se sintam entediados na escola, e sim motivados a encontrar um lugar ideal para realizar determinada atividade. Um bom exemplo de projeto paisagístico de escola que demonstra dife- rentes atmosferas em um mesmo local é o projeto do Park + Associates para a Escola de Ensino Médio Nanyang Girls (Nanyang Girls’ High School), em Singapura (Figura 9). O projeto conta com uma grande área verde, que está presente também em alguns terraços. Figura 9. Escola de Ensino Médio Nanyang Girls. Fonte: Castro (2018, documento on-line). 11Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental A criação de diferentes espaços e o uso de vários níveis permite que os alunos possam se apropriar dos espaços externos e utilizá-los para suas neces- sidades, o que torna o ensino bem mais dinâmico e interessante (Figura 10). Figura 10. Escola de Ensino Médio Nanyang Girls. Fonte: Castro (2018, documento on-line). Por meio desses exemplos, é importante destacar que, assim como a arquitetura, o paisagismo deve estar pautado na proposta de uso do espaço de acordo com os usuários e seus momentos de vida. O paisagismo, além de ter todos os benefícios já discutidos, é capaz de tornar as áreas verdes mais atrativas e estimular os alunos, facilitando e melhorando o ensino. O mais importante é que ele seja pensado e projetado de acordo com as intenções do espaço, levando em consideração o que se pretende estimular. “Uma árvore plantada no local adequado é capaz de nos fornecer a privacidade desejada, o frescor de uma sombra, a beleza das folhas e flores, barreira ao vento frio, pode suavizar o incessante barulho da cidade, dar deliciosos frutos e, além de tudo, ter importância ecológica fundamental na preservação da fauna e flora [...]” (MASCARÓ; MASCARÓ, 2005, p. 47). Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental12 BARBOSA, A. C. S. Paisagismo, jardinagem & plantas ornamentais. São Paulo: Iglu, 2000. CASTRO, F. O retorno do verde: Park + Associates. 2018. Disponível em: https://www. archdaily.com.br/br/902196/o-retorno-do-verde-park-plus-associates. Acesso em: 21 ago. 2019. DELAQUA, V. Escola em Alto de Pinheiros: base urbana + pessoa arquitetos. 2016. Dis- ponível em: https://www.archdaily.com.br/br/797184/escola-em-alto-de-pinheiros- -base-urbana-plus-pessoa-arquitetos. Acesso em: 21 ago. 2019. FARIA, R. T. Paisagismo: harmonia, ciência e arte. Londrina: Mecenas, 2005. FENIANOS, E. E. Jardim botânico: só para não dizer que eu também não falei das flores. Curitiba: UniverCidade, 1996. GATTO, A.; PAIVA, A. N.; GONÇALVES, W. Implantação de jardins e áreas verdes. Viçosa: Aprenda Fácil, 2002. KUNREUTHER, F. T.; FERRAZ, O. L. Educação ao ar livre pela aventura: o aprendizado de valores morais em expedições à natureza. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 437–452, 2012. LEENHARDT, J. Nos jardins de Burle Marx. São Paulo: Perspectiva, 2006. LOBODA, C. R.; DE ANGELIS, B. L. D. Áreas verdes públicas urbanas: conceitos, usos e funções. Ambiência: Revista do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Guarapuava, v. 1, n. 1, p. 125–139, 2005. MACEDO, S. S. Quadro do paisagismo no Brasil. São Paulo: Gráfica Pancrom, 1999. (Co- leção Quapá, v. 1). MÁRQUEZ, L. Escola Lucie Aubrac: Laurens & Loustau Architectes. 2013. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-149949/escola-lucie-aubrac-slash-laurens-and- -loustau-architectes. Acesso em: 21 ago. 2019. MARX, R. B.; TABACOW, J. Arte & paisagem. 2. ed. São Paulo: Studio Nobel, 2004. MASCARÓ, L.; MASCARÓ, M. Vegetação urbana. Porto Alegre: Quartet, 2005. PEREIRA, M. Beacon School: Andrade Morettin Arquitetos + GOAA - Gusmão Otero Arquitetos Associados. 2019. Disponívelem: https://www.archdaily.com.br/br/914018/ beacon-school-andrade-morettin-arquitetos?ad_medium=gallery. Acesso em: 21 ago. 2019. SOUZA, E. Creche Chrysalis: Collingridge and Smith Architects. 2915. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/770201/chrysalis-childcare-centre-collingridge-and- -smith-architects. Acesso em: 21 ago. 2019. 13Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental SOUZA, E. Projetos de escolas e creches para diferentes climas. 2019. Disponível em: https:// www.archdaily.com.br/br/919239/projetos-de-escolas-e-creches-para-diferentes- -climas. Acesso em: 21 ago. 2019. VIEIRA, A. S.; OLIVEIRA, A. M. Paisagismo além da estética: uma concepção ambiental. 2019. Disponível em: http://seer.pucgoias.edu.br/files/journals/3/articles/3748/submission/ review/3748-10889-1-RV.pdf. Acesso em: 21 ago. 2019. WATERMAN, T. Fundamentos de paisagismo. Porto Alegre: Bookman, 2010. Leitura recomendada MACEDO, S. S.; SAKATA, F. G. Parques urbanos no Brasil. São Paulo: EDUSP, 2003. Jardins públicos: paisagismo de praça de escola materno-infantil e de ensino fundamental14 DICA DO PROFESSOR Os projetos de paisagismo requerem conhecimento avançado e uso de diferentes técnicas. Para facilitar esse processo de projetação, existem algumas maneiras de usar a vegetação que podem se adequar aos projetos paisagísticos de jardins em espaços de ensino. Assista ao vídeo da Dica do Professor e veja algumas formas de utilizar as vegetações nesses locais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O paisagismo é uma subárea que faz parte da arquitetura e do urbanismo e refere-se aos projetos de espaços abertos. Sobre o paisagismo, é correto afirmar que: A) é a intervenção de espaços abertos com função estética, que não serão utilizados. B) é o tratamento adequado dos espaços edificados para a melhoria da vida urbana. C) potencializa os espaços abertos, melhorando a relação do homem com a natureza. D) está relacionado ao melhoramento exclusivamente de locais de contemplação. E) é voltado unicamente para reformas de espaços abertos existentes. 2) Os espaços abertos, como por exemplo, as pequenas praças e jardins, apresentam diferentes funções para as instituições de ensino, sejam escolas voltadas para o público materno-infantil como para os alunos do ensino fundamental. Sobre essas funções, é correto afirmar que: A) funcionam como uma limitação da edificação construída. B) servem como um local para o descanso e a retração dos alunos. C) possibilita atividades complementares flexíveis e monótonas. D) contribui para o bem-estar social e a melhoria da saúde mental. E) permite a integração com a natureza e a sua degradação. 3) O paisagismo e a jardinagem são duas atividades que estão relacionadas ao uso de vegetações em espaços abertos. Essas atividades têm algumas diferenças entre si. Sobre essas atividades, podemos afirmar: I - O paisagismo é uma atividade por meio da qual projetos de espaços abertos são realizados e por isso está implícita na jardinagem. II – O paisagismo é uma atividade complexa e por isso envolve mais conhecimentos do que a jardinagem. III – A jardinagem requer o planejamento sobre o tipo e o uso de cada espécie de vegetação, bem como sua gestão e sua manutenção. São alternativas corretas: A) Somente a alternativa I. B) Somente a alternativa II. C) Somente as alternativas I e II. D) Somente as alternativas I e III. E) Somente as alternativas II e III. 4) Utilizar cercas vivas em escolas materno-infantis pode ser uma opção de paisagismo. Sobre esse elemento, é correto afirmar que: A) as cercas vivas possibilitam a expansão de pequenas porções do espaço. B) as cercas vivas servem como barramento visual, mas permitem a acessibilidade. C) as cercas vivas potencializam a poeira e a poluição dos espaços urbanos. D) as cercas vivas se comportam como uma passagem que facilita o acesso ao local. E) as cercas vivas contribuem para a minimização da velocidade dos ventos. 5) Existem algumas diretrizes que são mais apropriadas para serem utilizadas nos projetos de escolas de ensino fundamental. Sobre elas, é correto afirmar que: A) é imprescindível o uso de chás e de temperos para estimular os sentidos nessa fase escolar. B) recomenda-se o uso de poucos espaços de descanso, pois tiram a atenção do aluno. C) deve ser realizado um paisagismo mais fechado com o intuito de conter os alunos. D) é importante locar diferentes equipamentos esportivos para esses espaços abertos da escola. E) as dimensões do espaço aberto devem ser limitadas, a fim de restringir os alunos. NA PRÁTICA O projeto de paisagismo para escolas é um importante recurso para valorizar os espaços abertos e adequá-los aos usos educacionais. Esses locais podem receber os alunos para diversas atividades, que vão desde o esporte e a recreação, até o aprendizado e a introdução da consciência ambiental. Neste Na prática, veja as algumas diretrizes utilizadas para a criação de um projeto paisagístico para uma escola. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: 5 tipos de uso paisagístico O uso paisagístico é a forma de colocar a planta no jardim, de elaborar a composição paisagística. Neste vídeo, são ilustrados cinco tipos desses usos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Arquitetura da paisagem: do jardim clássico ao jardim contemporâneo Os jardins foram evoluindo ao longo dos anos e se diferenciam por períodos e estilos de arte. Veja mais sobre a evolução dos jardins neste vídeo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Como montar um projeto de paisagismo incrível e encantar o cliente Assim como o projeto arquitetônico, o projeto paisagístico passa por diversas etapas. Veja mais sobre esse assunto nesta matéria. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O conceito de jardins sustentáveis aplicado ao paisagismo urbano de forma a envolver entidades públicas, privadas e cidadãos: um estudo de caso do município de Uberaba, Minas Gerais Nos jardins urbanos é importante utilizar o conceito de sustentabilidade para evitar muita manutenção e favorecer a biodiversidade. Veja mais sobre o tema neste artigo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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