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Raphael M. Mantuano Estruturas de Fundações e Contenções Pós-Graduação em Engenharia XXXXXXXX FUNDAÇÕES E OBRAS DE TERRA Encontro 01 ABORDAGEM SOBRE FUNDAÇÕES Na Engenharia de Fundações, ou de forma mais ampla, na Geotecnia, o profissional vai lidar com um material natural sobre o qual pouco pode atuar, isto é, tem que aceita-lo tal como ele se apresenta, com suas propriedades e comportamentos específicos. CONCEITOS O QUE É FUNDAÇÃO? É o elemento estrutural responsável por transmitir as cargas provenientes da estrutura para o terreno. SOBRE O PROJETO DE FUNDAÇÕES Quais são os requisitos básicos que uma fundação deve atender para que tenha um desempenho satisfatório? ESTABILIDADE EXTERNA SEGURANÇA QUANTO À RUPTURA DO SOLO DE FUNDAÇÃO OU SEJA (i) SOBRE O PROJETO DE FUNDAÇÕES Quais são os requisitos básicos que uma fundação deve atender para que tenha um desempenho satisfatório? RECALQUES COMPATÍVEIS COM A ESTRUTURA DEFORMAÇÕES ACEITÁVEIS SOB AS CONDIÇÕES DE TRABALHO OU SEJA (ii) SOBRE O PROJETO DE FUNDAÇÕES Quais são os requisitos básicos que uma fundação deve atender para que tenha um desempenho satisfatório? ESTABILIDADE INTERNA SEGURANÇA QUANTO À RUPTURA DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA FUNDAÇÃO OU SEJA (iii) SOBRE O PROJETO DE FUNDAÇÕES As consequências do NÃO cumprimento destes requisitos ocasiona: (i) Geotécnico SOBRE O PROJETO DE FUNDAÇÕES (i) SOBRE O PROJETO DE FUNDAÇÕES As consequências do NÃO cumprimento destes requisitos ocasiona: (ii) Geotécnico SOBRE O PROJETO DE FUNDAÇÕES SOBRE O PROJETO DE FUNDAÇÕES As consequências do NÃO cumprimento do requisito “iii” ocasiona: (iii) Estrutural Tipos de fundações e Terminologia De acordo com a NBR-6122 / 2010, existem as seguintes classes de fundações: ❑ Fundações Superficiais (ou “diretas” ou rasas) As cargas são transmitidas ao terreno pela base da fundação. ❑ Fundações Profundas As cargas são transmitidas ao terreno pela base (ponta), por sua superfície lateral (fuste) ou por uma combinação das duas. devendo sua ponta ou base estar assente em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e no mínimo 3,0 m. Neste tipo de fundação incluem-se as estacas e os tubulões. Tipos de fundações e Terminologia Tipos de fundações e Terminologia A distinção entre esses dois tipos de fundações é feita também segundo um critério geral (arbitrário) de que uma fundação profunda é aquela cujo mecanismo de ruptura, do ponto de vista geotécnico, não atinja a superfície do terreno. Tipologia das Fundações diretas Os principais tipos de fundações superficiais são: o BLOCO - Elemento de fundação de concreto simples , dimensionado de maneira que as tensões de tração nele produzidas possam ser resistidas pelo concreto, sem necessidade de armadura. o SAPATA – Elemento de fundação superficial de concreto armado, dimensionado de tal modo que as tensões de tração sejam resistidas por armadura (por isso as sapatas tem uma menor altura que o blocos). Tipologia das Fundações Superficiais ➢ SAPATA ASSOCIADA – Elemento de fundação que recebe pilares alinhados, geralmente de concreto armado. ➢ GRELHA – Elemento de fundação constituído por um conjunto de vigas que se cruzam nos pilares. Tipologia das Fundações Superficiais Tipologia das Fundações Superficiais ➢ RADIER – Elemento de fundação que recebe todos os pilares da obra. Tipologia das Fundações rasas o SAPATA CORRIDA – Sapata sujeita a uma carga distribuída. Tipologia das Fundações Profundas São separadas em três tipos principais: A. ESTACA — Elemento de fundação profunda executado com auxílio de ferramentas ou equipamentos, execução esta que pode ser por cravação a percussão, prensagem, vibração ou por escavação, ou, ainda, de forma mista, envolvendo mais de um destes processos. B. TUBULÃO — Possui forma cilíndrica, e em pelo menos na sua fase final de execução, há a descida de operário (o tubulão nào difere da estaca por suas dimensões mas pelo processo executivo, que envolve a descida de operário); C. CAIXÃO — Possui forma prismática, concretado na superfície e instalado por escavação interna. Tipologia das Fundações Profundas Tipologia das Fundações Profundas Alguns tipos de ESTACAS: a) Metálicas; b) Pré-moldadas de concreto; c) Madeira d) Tipo Franki e Strauss e) Tipo Raiz f) Escavadas Tipologia das Fundações Mistas Existem ainda, as fundações mistas que são aquelas que associam fundações superficiais e profundas. o SAPATA SOBRE ESTACAS. Tipologia das Fundações Mistas o RADIER SOBRE ESTACAS E TUBULÕES. FUNDAÇÕES o SAPATA Na superfície correspondente à base da sapata atua a máxima tensão de tração, que supera a resistência do concreto à tração, de modo que torna-se necessário dispor uma armadura resistente, geralmente na forma de malha. FUNDAÇÕES o SAPATA FUNDAÇÕES o SAPATA É a mais comum nas edificações, sendo aquela que transmite ao solo as ações de um único pilar. As formas que a sapata isolada pode ter, em planta, são muito variadas, mas a retangular é a mais comum, devido aos pilares retangulares. FUNDAÇÕES o SAPATA CORRIDA Um limite para a sapata retangular é que a dimensão maior da base não supere cinco vezes a largura (A ≤ 5B), Quando A > 5B, é chamada sapata corrida. FUNDAÇÕES o SAPATA CORRIDA As sapatas corridas são comuns em construções de pequeno porte, como casas e edificações de baixa altura, galpões, muros de divisa e de arrimo, em paredes de reservatórios e piscinas, etc. Constituem uma solução economicamente muito viável quando o solo apresenta a necessária capacidade de suporte em baixa profundidade. FUNDAÇÕES o BLOCO Quando o elemento é projetado com grande altura e a tensão de tração máxima diminui e pode ser resistida apenas pelo concreto, sem necessidade de acrescentar armadura, o elemento é chamado bloco de fundação direta, definido na NBR 6122 FUNDAÇÕES o ESTACA HÉLICE CONTÍNUA MONITORADA FUNDAÇÕES ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO A. CRITÉRIOS GERAIS - Algumas características da obra podem impor um certo tipo de fundação. Exemplo: de uma obra cujo subsolo é constituído por argila mole até uma profundidade considerável. ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO A. CRITÉRIOS GERAIS No exemplo anterior, uma fundação em estacas é a solução que se impõe. Quanto ao tipo de estaca, haverá, em geral, algumas opções a examinar. Outras obras podem permitir uma variedade de soluções. Nesse caso é interessante proceder-se a um estudo de alternativas e fazer a escolha com base em: • Menor custo; • Menor prazo de execução. ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO A. CRITÉRIOS GERAIS Neste estudo de alternativas pode-se incluir mais de um tipo de fundação superficial ou mais de um nível de implantação com mais de um tipo de fundação profunda. Na avaliação de custos e prazos é importante considerar escavações e reaterros. ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO B. Fundações Superficiais As sapatas e os blocos são os elementos de fundação mais simples e, quando é possível sua adoção, os mais econômicos. Os blocos são mais econômicos que as sapatas para cargas reduzidas, quando o maior consumo de concreto é pequeno e justifica a eliminação da armação. Não há, porém, qualquer restrição ao seu emprego para cargas elevadas. ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO B. Fundações Superficiais Soluções em viga de fundação, sapata corrida e/ou radier são adotadas quando: • As áreas das sapatas imaginadas para os pilares se aproximam umas das outras ou mesmo se interpenetram em consequência de cargas elevadas nos pilares e/ou de tensões de trabalho baixas; • Se deseja uniformizar os recalques por meio de uma fundação associada. Rigidez ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO B. Fundações Superficiais Quando uma ou as duas condições anteriores são satisfeitas em apenas uma área específica da obra, pode-se adotar a fundação associada nesta área com fundações isoladas no restante da obra. Quando são satisfeitas emtoda a área da obra pode-se adotar o radier. Nesse caso, quando a área total da fundação ultrapassa metade da área da construção, o radier costuma ser a solução melhor solução segundo os critérios de custo e prazo. ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO B. Fundações Superficiais Quanto à forma ou sistema estrutural, os radiers são projetados segundo 4 tipos principais, so eles: ➢ Radiers lisos; ➢ Radiers com pedestais ou cogumelos; ➢ Radiers nervurados; ➢ Radiers em caixão; + Rigidez - Rigidez ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO B. Fundações profundas Há uma variedade muito grande de tipos estacas para fundações. Exemplo de Dimensionamento Dimensione uma sapata de base quadrada para um pilar de 30x30cm e carga de 1.500kN sendo a Tensão admissível do solo de 0,3Mpa : Comentários Não há grande dificuldade no cálculo, entretanto, qual a garantia que o valor fornecido de tensão admissível para o solo representa a realidade de campo????????? DESAFIO OBTENÇÃO DAS PROPRIEDADES DO SOLO. • Seção transversal considerada na massa de solo e conceito de tensão Perfil de uma camada de solo N F TTT N FF N N F T Seção transversal qualquer Qualquer ponto no interior da massa de solo está sujeito a esforços em razão do peso próprio e gerados por ação de forças externas 1- Conceito de Tensão • Seção transversal considerada na massa de solo e conceito de tensão Seção transversal qualquer Tensão normal: Tensão cisalhante: a x a)área ( ΣN σ = = a x a)área ( ΣT τ = = N: forças normais T: forças cisalhantes 1- Conceito de Tensão Tensões nos solos ✓ Devido ao peso próprio do solo ✓ Devido a forças externas aplicadas no solo Tensões verticais devido ao peso próprio dos solos: Quando a superfície do terreno é horizontal e o tipo de solo varia pouco na direção horizontal : • Cálculo das tensões num determinado ponto 1- Conceito de Tensão Az= nAv,σ Tensão vertical em A: )(σ satnBv, WBW zzz −+= Tensão vertical em B (abaixo do NA): n sat z zAzW zB NA ● A ● B 1- Conceito de Tensão Tensão vertical total devida ao peso próprio do solo somatório das tensões verticais provocadas pelas camadas de solo acima do ponto considerado ( ) = = zγσ nv v = 16x3 = 48 kN/m2 v = 16x3 + 21x2 = Perfil das camadas de solo de um terreno NT 3 m 2 m v = 90 kN/m2 = 90 kPa 1- Conceito de Tensão → A tensão normal total () num plano qualquer é a soma de duas parcelas (Princípio das Tensões Efetivas): - a tensão transmitida entre as partículas sólidas - a pressão na água • Tensão total, poropressão e tensão efetiva no solo total = suportada pelas partículas sólidas suportada pela água = ’ + u ’ = - u + : tensão efetiva (’) : poropressão ou Pressão neutra (u) 1- Conceito de Tensão • Princípio das tensões efetivas (Terzaghi) (1) A tensão efetiva para solos saturados (S=100%) pode ser expressa por: (2) Todos os efeitos mensuráveis resultantes de variações de tensões nos solos, como compressão, distorção e variação da resistência ao cisalhamento devem-se à variação das tensões efetivas. ’ = - u CONCEITOS BÁSICOS • Princípio das tensões efetivas (Terzaghi) Carlos de Sousa Pinto → Como definir o valor da poropressão (u)? O cálculo da poropressão depende da condição de fluxo em que a água se encontra no solo. - condição hidrostática (sem fluxo) - condição hidrodinâmica (com fluxo) – depende do fluxo abaixo do nível d’água (N.A) acima do nível d’água (N.A) - capilaridade 1- Conceito de Tensão uA= w x hw nível do terreno A ▪ ▪ ▪ • Poropressão na condição hidrostática (sem fluxo): nível do terreno A▪ 1- Conceito de Tensão Em B: u = w x altura da coluna de água = w x (zB - zw) Em A: u= 0; ’A=A Em B: u= w x (zB - zw) ; ’B= ? )(σ satnB WBW zzz −+= )()(σ wsatnB WBWBW zzzzz −−−+= BBB uσσ −= n sat z zAzW zB NA ● A ● B • , u e ’ na condição hidrostática : )(σ subnB WBW zzz −+= Em A: u = 0 1m Cota -7: = 57 + 16x4 = 121 kPa u= 10 x 6 = 60 kPa ’ = 121 - 60 = 61 kPa ou ’ = 37 + (16-10)x4 = 61kPa Cota -10: = 121 + 21x3 = 184 kPa u= 10 x 9 = 90 kPa ’ = 184 - 90 = 94 kPa ou ’ = 61 + (21-10)x3 = 94kPa Cota -3: = n x 3 = 19x3 = 57 kPa u= w x 2 = 10x2 = 20 kPa ’ = - u = 57-20 = 37 kPa ou ’ = n x 1+ sub x 2 = 19x1 + (19-10)x2 = 37 kPa Diagrama de tensões • Exemplo de cálculo de , u e ’ ao longo da profundidade: Perfil do solo Considere neste exemplo n= sat 1m Diagrama de tensões • Exemplo de cálculo de , u e ’ ao longo da profundidade: Perfil do solo Considere neste exemplo n= sat Novo NA Cota -7: = 57 + 16x4 = 121 kPa u= 10 x 6 = 60 kPa 70kPa ’ = 121 - 60 = 61 kPa 51kPa Cota -10: = 121 + 21x3 = 184 kPa u= 10 x 9 = 90 kPa 100kPa ’ = 184 - 90 = 94 kPa 84kPa Cota -3: = n x 3 = 19x3 = 57 kPa u= w x 2 = 10x2 = 20 kPa 30kPa ’ = - u = 57-20 = 37 kPa 27kPa • Efeito da capilaridade da água nos solos: sucção - abaixo do nível d’água (NA) → poropressão (u= z x w) > 0 - no NA → poropressão = 0 - acima do NA → poropressão < 0 (efeito do menisco capilar) NA freático + - u= z x w (Gerscovich, 2012) Poropressão positiva Carlos de Sousa Pinto • Efeito da capilaridade da água nos solos: sucção sucção (kPa) Te o r d e u m id ad e vo lu m ét ri ca ( em % ) areia silte argila totalVolume água de Volume θ = • Efeito da capilaridade da água nos solos: sucção ’h ’v ’v N.A. Nível do terrenoCoeficiente de empuxo: O valor de K depende do solo e da condição de confinamento lateral: - Condição de repouso (sem deformação lateral): K0 - Condição ativa (desconfinamento lateral): Ka - Condição passiva (compressão lateral): Kp v h ' ' K = • Coeficiente de empuxo e tensão efetiva horizontal ’h P = K . ’v 1- Conceito de Tensão v = (16x3) + 10 = 58 kN/m 2 v = (16x3) + (21x2) + 10 = 100 kN/m2 Perfil das camadas de solo de um terreno q = 10kN/m2 carregamento externo • Tensões induzidas por carregamentos externos - Quando o carregamento se dá numa área “infinita”: sem carregamento externo Tensão vertical total devida ao peso próprio do solo e um carregamento superficial (q) numa área infinita Somatório das tensões verticais provocadas pelas camadas de solo acima do ponto considerado + q ( ) = qzγσ nv += INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Quanto aos riscos, aspectos relacionados à investigação das características do subsolo são as causas mais frequentes de problemas de fundações (Milititsky; Consoli; Schnaid, 2006). RISCOS Investigação geotécnica insuficiente e interpretação inadequada de resultados contribuem para erros de projeto, atrasos no cronograma executivo, custos associados a alterações construtivas, necessidade de jazidas adicionais para materiais de empréstimo, impactos ambientais, gastos em remediação pós- construtiva, além de risco de colapso da estrutura e litígio subsequente. (US Army Corps of Engineers (2001) INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Investimentos suficientes devem ser alocados para garantir um programa geotécnico extensivo, destinado a reduzir custos e minimizar riscos, restringindo a possibilidade de confrontar o engenheiro com condições geotécnicas imprevistas que, frequentemente, resultam em atrasos no contrato. Esses atrasos podem resultar em custos elevados, muito superiores aos valores que deveriam ser alocados no programa de investigação. (Weltman; Head, 1983) RISCOS INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS PROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO Uma campanha de investigação depende de fatores relacionados às características do meio físico, à complexidade da obra e aos riscos envolvidos, que, combinados, deverão determinar a estratégia adotada no projeto. Há orientações de categorizar os programas de investigação em três métodos. Peck (1969) a] Método I: executar uma investigação geotécnica limitada eadotar uma abordagem conservativa no projeto, com altos fatores de segurança. b] Método II: executar uma investigação geotécnica limitada e projetar com recomendações baseadas em prática regional. c] Método III: executar uma investigação geotécnica detalhada. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS PROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO Independentemente da abordagem, projetos geotécnicos de qualquer natureza são, em geral, executados com base em ensaios de campo, cujas medidas permitem uma definição satisfatória da estratigrafia do subsolo e uma estimativa realista das propriedades de comportamento dos materiais envolvidos. Novos e modernos equipamentos de investigação foram introduzidos nas últimas décadas, visando ampliar o uso de diferentes tecnologias a diferentes condições de subsolo. Alguns equipamentos consistem na simples cravação de um elemento no terreno, medindo-se sua penetração (SPT), ao passo que outros são dotados de sensores elétricos para medir grandezas como força e poropressão. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS A simples observação das informações contidas no quadro indica que a escolha do tipo de ensaio deve ser compatível com: • Características do subsolo; • Propriedades a serem medidas. Por exemplo, o SPT é particularmente adequado à prospecção de solos granulares e à previsão de valores do ângulo de atrito interno, mas não é utilizado com sucesso na previsão da resistência não drenada de depósitos de argilas moles. Ensaios de Palheta e Piezocone devem ser adotados para essa finalidade. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Esses aspectos são de particular importância na concepção de programas geotécnicos de investigação necessários à solução de problemas de fundações, contenções e escavações, entre outros. Note-se, ainda, que campanhas de retirada de amostras indeformadas para a realização de ensaios de laboratório, visando à determinação de parâmetros de resistência e deformabilidade, podem ser adotados como complemento às investigações de campo. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS O Fluxograma tem o objetivo de orientar o projetista quanto à seleção do tipo de ensaio e à identificação das abordagens disponíveis para a interpretação dos ensaios de campo. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS A análise dos resultados com vistas a um projeto geotécnico específico pode ser realizada segundo duas abordagens distintas: a] Métodos diretos: de natureza empírica ou semiempírica, têm fundamentação estatística, a partir da qual as medidas de ensaio são correlacionadas diretamente ao desempenho de obras geotécnicas. b] Métodos indiretos: os resultados de ensaios são aplicados à previsão de propriedades constitutivas de solos, possibilitando a adoção de conceitos e formulações clássicas de Mecânica dos Solos como abordagem de projeto. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS O Standard Penetration Test, muitas vezes chamado pela abreviação “SPT”, é reconhecidamente o sistema de investigação geotécnica mais utilizado no Brasil e no mundo. Este ensaio se difundiu por ser um sistema com: ✓ Simplicidade do equipamento; ✓ Baixo custo; ✓ Obtenção de um valor numérico de ensaio que pode ser relacionado por meio de propostas, não sofisticadas, mas diretas, e com regras empíricas de projeto. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS O ensaio de “SPT” - Standard Penetration Test é uma medida simples da resistência dinâmica do solo conjugada com a obtenção de amostras representativas do mesmo. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS ➢ O procedimento de ensaio consiste na cravação de um amostrador padronizado, usando um peso de 65 kg, caindo de uma altura de 750 mm. ➢ O valor NSPT é o número de golpes necessários para fazer o amostrador penetrar 300 mm, após uma cravação inicial de 150 mm. ➢ O número de golpes (NSPT) e as amostras representativas do solo são obtidos a cada metro de profundidade. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Os equipamentos que compõem um sistema de sondagem SPT são compostos basicamente por seis partes distintas: (a) amostrador; (b) hastes; (c) martelo; (d) cabeça de bater; (e) conjunto de perfuração INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS a] Amostrador padrão c] Martelo O martelo, constituído de aço, com massa de 65 kg (NBR 6484/2001), é o elemento que aplica o golpe sobre a composição (cabeça de bater, haste, amostrador). Trata-se do elemento que apresenta maior diversidade de configurações. A norma NBR 6484/2001 define as dimensões e a geometria do martelo, assim como o uso de um coxim de madeira na sua parte inferior, no seu ponto de impacto sobre a cabeça de bater. b] Hastes As hastes nada mais são que tubos mecânicos providos de roscas em suas extremidades, permitindo a ligação entre elas por meio do uso de um elemento de conexão (luva ou nípel). De acordo com a NBR 6484/2001, as hastes devem possuir 3,23 kg por metro linear. ❑ As hastes devem ser lineares e, ao apresentar desgastes nas roscas ou empenamento, ser substituídas. Hastes empenadas podem transferir parte da energia fornecida pelo golpe do martelo para a parede da perfuração, o que vai exigir um maior número de golpes para a cravação do amostrador. c] Martelo Os martelos de gatilho podem ser elevados manualmente ou por meio de guincho autopropelido. Os martelos automáticos, além da altura de queda controlada, promovem a elevação da massa automaticamente, com o auxílio de motores hidráulicos, proporcionando melhor controle e reprodutibilidade de procedimento. d] Cabeça de bater A cabeça de bater é um elemento cilíndrico de aço maciço que tem por finalidade promover a transferência da energia do golpe do martelo para a haste. De acordo com a NBR 6484/2001, ela é constituída por tarugo de aço de 83 ± 5 mm de diâmetro, 90 ± 5 mm de altura e massa nominal de 3,5 kg a 4,5 kg. e] Sistema de perfuração Os equipamentos normalmente usados para a abertura do furo de sondagem são os trados manuais, com destaque para aqueles de tipo helicoidal e tipo concha, além do trépano ou faca de lavagem. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Do ensaio “SPT” são retiradas as seguintes informações: ✓ Caracterização da estratigrafia do solo por meio de uma amostragem direta e reconhecimento tátil- visual. ✓ Profundidade do Nível d´água; ✓ Medida indireta de resistência, anotando-se o número de golpes necessários à cravação de um Amostrador-Padrão. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Procedimentos Quanto aos procedimentos de ensaio, destacam-se: (a) a execução do ensaio; (b) O procedimento de perfuração; (c) Forma de elevação e liberação do martelo. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS (a) Execução do ensaio; Com o amostrador devidamente posicionado no fundo da perfuração, na profundidade de ensaio, coloca-se cuidadosamente o martelo sobre a cabeça de bater (conectada à composição da haste) e mede-se a penetração da composição decorrente do peso próprio do martelo. Caso o valor seja representativo, ele é registrado na folha de ensaio (p. ex., P/32 – peso para 32 cm de penetração permanente). Caso não haja penetração, marcam-se sobre a haste três segmentos de 15 cm cada um e inicia-se a cravação, contando-se o número de golpes necessários para a cravação de cada segmento (p. ex., 5/15, 7/15 e 9/15). Como nem sempre é possível obter um número exato de golpes para cada 15 cm de penetração, recomenda-se anotar o valor efetivamente aplicado (p. ex., 5/14, 7/16 e 9/15). O número de golpes NSPT utilizado nos projetos de engenharia é a soma dos valores correspondentes aos últimos 30 cm de penetração do amostrador. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS (a) Execução do ensaio; Adicionalmente, apresenta-se o número de golpes para a penetração dos 30 cm iniciais. Diferenças elevadas no número de golpes referentes aos primeiros e aos últimos 30 cm poderão indicar amolgamento do solo ou deficiência na limpeza do fundo do furo de sondagem. Há, ainda, duas representações adicionais: quando o solo é mole ou muito resistente. No primeiro caso, pode-se, com umúnico golpe, penetrar além dos 15 cm iniciais, registrando-se o número de golpes com a penetração correspondente (p. ex., 1/45 - 45 cm de penetração para um golpe). Em solos muito resistentes, por sua vez, pode ser necessário um número superior a 30 golpes para a penetração dos 15 cm. Nesse caso, registra-se o número de golpes efetivamente executados com a respectiva penetração (p. ex., 30/10 - 30 golpes para 10 cm de penetração). Limita-se o número de golpes para evitar danos às roscas e à linearidade das hastes. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS (b) Perfuração; Não há um procedimento único de perfuração. A depender das condições do subsolo e do sistema de perfuração utilizado, procedimentos e equipamentos distintos podem ser empregados. o Acima no nível freático deve ser executada com trados helicoidais. o Abaixo do nível freático, prossegue-se com sistema de circulação de água, bombeada pelo interior das hastes até a extremidade inferior do furo, na cota onde se posiciona o trépano para a desintegração do solo. No caso de equipamentos mecanizados, a perfuração é realizada com tubo hollow auger, munido de conexões que permitem a sua extensão à cota de ensaio. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS (b) Perfuração; No caso de equipamentos mecanizados, a perfuração é realizada com tubo Hollow Auger, munido de conexões que permitem a sua extensão à cota de ensaio. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS C] Elevação e liberação do martelo A elevação do martelo pode ser realizada de forma manual ou mecanizada. No primeiro caso, o martelo é içado pelos operadores, auxiliados ou não pelo uso do sarilho. Nos sistemas mecanizados, por sua vez, o martelo é elevado por um guincho autopropelido. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS C] Elevação e liberação do martelo INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Apresentação dos resultados Os resultados são apresentados em planilha padrão, na qual são descritas as: ✓Características do solo; ✓Número de golpes necessários para a penetração do amostrador a cada metro; ✓Profundidade do nível freático; ✓Posição e a cota do furo. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Boletim de sondagem INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Cravação de um amostrador padronizado, usando um peso de 65 kg, caindo de uma altura de 75 cm. Em que consiste o ensaio? INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS ➢ Profundidade do N.A; ➢ O número de golpes (NSPT) necessários à penetração dos amostrador; ➢ Amostras representativas do solo. Quais resultados são obtidos? A cada metro de profundidade INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Os resultados são expressos em boletins de sondagens, na qual são descritas as: ✓ Posição e a cota do furo. ✓ Profundidade do N.A; ✓ Características do solo; ✓ Número de golpes necessários para a penetração do amostrador a cada metro; Além da planta de locação das sondagens no terreno. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS • Método de perfuração; • Fluido estabilizante; • Diâmetro do furo; • Mecanismo de levantamento e liberação de queda do martelo; • Rigidez das hastes; • Geometria do amostrador; Fatores determinantes na medida de SPT OBS: Diferentes técnicas de perfuração, equipamento e procedimento de ensaio nos diversos países, em decorrência de fatores locais e do grau de desenvolvimento tecnológico do setor. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Qual outro fator que determina o resultado de um ensaio SPT? “Bem executados VS Mal escutados” Empresas idôneas X fraudulentas Más práticas Vícios executivos INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Considerando que sejam seguidas as recomendações da NBR 6484 - 2001 Quais fatores relativos aos solos granulares, que afetam os resultados? INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Considerando que sejam seguidas as recomendações da NBR 6484 - 2001 Quais fatores relativos aos solos granulares, que afetam os resultados? INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Considerando que sejam seguidas as recomendações da NBR 6484 - 2001 Quais fatores relativos aos solos granulares, que afetam os resultados? INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Considerando que sejam seguidas as recomendações da NBR 6484 - 2001 Quais fatores relativos aos solos granulares, que afetam os resultados? INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS CORREÇÕES DOS VALORES DE NSPT DEVIDO A ENERGIA DE CRAVAÇÃO Deve-se considerar que no processo de cravação, a energia nominal transferida à composição pelo golpe do martelo, NÃO É A ENERGIA DE QUEDA LIVRE TEÓRICA DO ENSAIO. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS CORREÇÕES DOS VALORES DE NSPT DEVIDO A ENERGIA DE CRAVAÇÃO A eficiência do golpe do martelo é função das perdas por: • Atrito; • Sistema de elevação e liberação; • Geometria. CABO & ROLDANA MARTELO INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Influência do tipo de martelo, para composição de 14 m de comprimento, martelo com coxim de madeira e cabeça de bater de 3,6 kg INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Influência do uso de coxim, para composição de 14 m de comprimento, martelo com pino guia e cabeça de bater de 3,6 kg INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Brasil SISTEMA MANUAL 70% a 80% EFICIÊNCIA EUA & Europa MECANIZADO LIBERAÇÃO DE QUEDA 60% EFICIÊNCIA COMO PADRONIZAR OS RESULTADOS??? INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS COMO PADRONIZAR OS RESULTADOS??? Previamente ao uso de uma correlação internacional, deve-se majorar o valor de NSPT quando medido em uma sondagem realizada segundo a prática brasileira (Velloso; Lopes, 1996; Décourt, 1989; Schnaid, 2009). RESP: A prática internacional sugere normalizar o número de golpes com base no padrão internacional de N60. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS EXEMPLO NSPT,60 = (20*0,66) / 0,60 = 22 Um ensaio realizado no Brasil segundo a norma brasileira, com acionamento manual do martelo, fornecendo uma medida de energia de 66% da energia teórica de queda livre Teria seu valor medido de penetração de 20 golpes convertido para NSPT,60 INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS CORREÇÕES DEVIDO AO NÍVEL DE TENSÕES A correção do valor medido de NSPT para considerar o efeito das tensões in situ é prática recomendável para ensaios em solos granulares. Essa correção pode ser feita com base na densidade relativa das areias, por meio de correlações empíricas. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS CORREÇÕES DEVIDO AO NÍVEL DE TENSÕES Areias puras a resistência à penetração aumenta linearmente com a profundidade, OU SEJA, com a tensão vertical efetiva, para uma dada densidade, e em função do quadrado da densidade relativa, para v´ constante (Meyerhof, 1957), Skempton (1986) sugeriu a seguinte correlação: INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Onde: • Dr é a densidade relativa; • a e b são fatores dependentes do tipo do material; • Cα é o fator de correção da resistência em função da história de tensão; • v´ é a tensão vertical efetiva (em kPa). INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS O valor de Cα é unitário para solos normalmente adensados (NA), e aumenta com a OCR, refletindo o aumento da tensão efetiva horizontal (h´) e, portanto, das tensões efetivas médias. Com base nessa abordagem, foram propostos os coeficientes de correção de NSPT. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Diversas correlações empíricas foram desenvolvidas com base nesse conceito. Areias Finas GERAL SOLOS GRANULARES CONSIDERANDO A CORREÇÃO PARA ENERGIA E PARA O NÍVEL DE TENSÕES (N1)60 é o fator que leva em conta o “aging” (envelhecimento) para uma eficiência padrão de 60%. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS Para ilustrar o efeito do nível de tensões na medida de penetração, considere um depósito de areia normalmente adensada, com peso específico γnat de 18 kN/m 3, nível d’água profundo e resistência à penetração de 5 e 16 golpes nas profundidades de 2 m e 20 m, respectivamente EXEMPLO a] Profundidade Z = 2 m v0´ = 36 kN/m 2. Para N60 = 5, N1,60 = CN · 5 = (1,47 × 5)∼7. b] Profundidade z = 20 m v0´ = 360 kN/m 2. Para N60 = 16, N1,60 = CN · 16 = = (0,43 × 16) ∼7. CONSIDERANDO A CORREÇÃO PARA ENERGIA E PARA O NÍVEL DE TENSÕES D50 está relacionado à mediana da distribuição e corresponde ao diâmetro médio de partícula.INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS (BURNISTER, 1948, adaptado por SCHMERTMANN, 1978) para obtenção do ângulo de atrito ’. Estime o ângulo de atrito ´ n= sat = 20kN/m 2 D50 = 0,15mm Eficiência = 72% EXERCÍCIO 1 INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS APLICAÇÃO DOS RESULTADOS O ensaio de SPT tem sido utilizado para inúmeras aplicações: • Amostragem para a identificação de ocorrência dos diferentes horizontes; • Previsão da tensão admissível de fundações diretas; • Correlações com outras propriedades geotécnicas.