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Afinal, o que é o conhecimento?
A palavra conhecimento deriva do latim cognotio, que significa captação conjunta ou compreensão. Para haver conhecimento é necessário que ocorra a captação conjunta, isto é, a apreensão primária dos dois elementos que permitam que haja conhecimento: o sujeito cognoscente e o objeto cognoscível (que é passível de ser conhecido). 
No processo de conhecimento há alteração do sujeito cognoscível apenas, mas quando o objeto de conhecimento é o Homem ocorre alteração tanto do sujeito como o objeto durante o processo de conhecimento.
O sujeito entendido como ser racional é valorizado neste processo, pois é ele que tem a capacidade de compreender, percecionar ou pensar algo a partir de elementos que lhe são fornecidos pelo meio que o envolve. Conhecer implica assim a capacidade de um sujeito organizar dados sobre um determinado objeto, pensando-o e inferindo, assim, juízos sobre ele. A formulação de juízos implica um processo racional e reflexivo por parte do sujeito cognoscente que é o Homem. O conhecimento assume extrema importância para o ser humano, pois este insere-se num contexto científico – tecnológico e para usar os meios que tem ao seu dispor necessita de conhecer.
A Filosofia preocupou-se também em conhecer os problemas do conhecimento, as suas origens e o seu valor e limitações tendo por isso criado um ramo chamado Gnosiologia que estuda o conhecimento em geral, interpretando-o.
O conhecimento implica sempre uma relação dialética entre o sujeito e o objeto e pode ser entendido de duas formas: como um produto/resultado ou então como um processo/ato.
O conhecimento entendido como produto/resultado remete-nos para o modelo clássico da racionalidade em que os conteúdos da consciência que o sujeito apreende são os conhecimentos que possui, sendo assim defendida a ideia de uma verdade absoluta, intemporal. Por outro lado, o conhecimento visto como processo/ato é , na realidade, um conjunto de produtos, ou seja, é uma verdade a caminho, uma verosimilhança. Remete-se, deste modo, para um sistema em aberto apoiado pelo novo modelo de racionalidade. Pode ser definido como a atividade intelectual pela qual o sujeito apreende o que lhe é exterior.
O conhecimento só tem sentido útil, na atualidade, quando é visto como um processo em vez de ser visto como um produto, já que a ideia de verdade absoluta tornou-se obsoleta.
Podemos, então, considerar que existem três tipos de conhecimento que se inter-relacionam com as diferentes dimensões da vida humana: conhecimento prático, conhecimento por contacto e conhecimento proposicional.
Estes três tipos de conhecimento possuem um ponto em comum – a relação dialética que se estabelece entre o sujeito e o objeto. Tanto o conhecimento prático como o conhecimento por contacto são assistemáticos e imediatos, distinguindo-se, na medida em que o conhecimento prático prende-se com o experienciar, o saber - fazer enquanto o conhecimento por contacto envolve o contacto direto com as coisas, o experimentar. Devemos ter em atenção que experimentar é diferente de experienciar. O conhecimento proposicional é sistemático, práxico (cariz teórico – prático), preocupa-se com a causa das coisas, a raiz dos problemas diferenciando-se assim dos outros tipos de conhecimento referenciados. Analisemos, assim, os diferentes tipos de conhecimentos.
No conhecimento prático estabelece-se uma relação entre o sujeito e o objeto, tal como em qualquer tipo de conhecimento. O objeto de conhecimento, neste caso, é uma atividade e o conhecimento traduz-se numa competência prática para desempenhar um qualquer tipo de tarefa, um saber – fazer.
No conhecimento por contacto, o objeto de conhecimento é um objeto concreto (uma coisa, uma pessoa, um estado mental, um lugar). Pressupõe-se também que haja uma relação imediata entre o sujeito e o objeto que se traduz numa relação de familiaridade e contacto, que não pode ser simplesmente comunicada por exigir que haja contacto para se conhecer. Um dos grandes críticos do conhecimento por contacto é Bertrand Russell que defende acerrimamente que não podemos conhecer realmente algo por contacto mas apenas podemos adquirir e apreender sensações acerca desse algo. Deste modo, podemos afirmar que o conhecimento por contacto nunca é conhecimento verdadeiro.
O conhecimento proposicional opera sobre um conjunto de realidades que se traduzem em proposições (preferencialmente verdadeiras pois são estas que estabelecem uma relação adequada entre o sujeito e o objeto, mas podem, também, ser falsas). É um conhecimento práxico, e por isso, mais geral e teórico que baseia na explicação de algo assente em proposições. Ao contrário do conhecimento por contacto, este pode ser simplesmente comunicado pois traduz-se num “saber – que”. Todo o conhecimento cientifico, filosófico, matemático, literário baseia-se no “saber que é verdade que” e por isso coloca-se impreterivelmente a questão : “será que o que aprendemos é realmente verdadeiro?”
O conhecimento é um fenómeno que se dá na consciência de cada sujeito remetendo-o, por isso, para o nível da subjetividade. É o sujeito que assume o papel determinante na atividade cognoscitiva pois é ele que pretende conhecer e assim, o conhecimento é determinado pelas vivências do ser humano (é de cada um de nós, é um processo individual). 
Platão foi o primeiro a determinar a necessidade de justificação (deve ser entendida como explicação racional) e não apenas da verdade para determinar a existência de conhecimento. De acordo com a definição tradicional de conhecimento em Platão só existia uma verdade que era absoluta e inatingível. Segundo o dualismo cosmológico de Platão o mundo em que vivemos é uma realidade ilusória e por isso é-nos impossível atingir a verdade absoluta em vida, sendo assim utópica. Na minha opinião, esta ideia de Platão é obsoleta e constitui uma visão pouco lúcida da realidade. Aristóteles, seu contemporâneo, tem uma visão na mesma de verdade absoluta mas mesmo assim mais real. Defende que existe sim uma verdade absoluta, mas que esta através de rigorosos processos lógico - dedutivos é atingível. Resumidamente, para Aristóteles a verdade absoluta atinge-se através da matemática (que é a ciência mais perfeita) e que esta pode ser atingida pelo Homem. Baseando-nos no novo modelo de racionalidade, a verdade já não é vista como absoluta e intemporal porque se percebe que a verdade depende das condições sócio – histórico – culturais em que o Homem se o insere e que é útil recorrer á argumentação (retórica) para determinar o que é verdade. A análise da evolução do conceito de verdade insere-se neste contexto pois ela é condição necessária para que haja conhecimento.
O conhecimento (episteme) para Platão envolve três condições fundamentais – uma condição de crença/opinião (doxa), uma condição de verdade (aletheia) e uma condição de justificação (logos). Deste modo, podemos dizer que o conhecimento passa primeiro por uma condição de crença (que nos vem dos dados dos sentidos) e depois tem que ser justificada para constitui uma verdade. As crenças falsas não constituem conhecimento.
O conhecimento pressupõe uma conceção tripartida de natureza dialética que constitui a Teoria Crença Verdadeira Justificada.
Todo o conhecimento envolve crença, ou seja, quando sabemos algo acreditamos nesse algo logo conhecer pressupõe acreditar. Mas, atenção, crença corresponde a convicção, opinião e não associada á fé religiosa. A crença é uma condição necessária para o conhecimento pois sem crença não há conhecimento mas não é uma condição suficiente já que não basta acreditarmos em algo para que possamos falar em conhecimento. O ser humano pode acreditar em falsidades e assim não irá constituir conhecimento. Deste modo, é-nos possivel inferir que saber e acreditar são conceitos distintos que, no entanto, se complementam. Só as crenças verdadeiras, na realidade, é que podem constituir conhecimento e por isso afirmamos que o conhecimento é factivo. Dizer que o conhecimento é factivo implica aceitarque não se podem conhecer falsidades (ou seja, crenças falsas não constituem conhecimento) e que sem verdade não há conhecimento. Assim sendo, a verdade é uma condição necessária para o conhecimento pois aquilo em que acreditamos tende a ser verdadeiro. Mas será que ela é uma condiçao suficiente? A verdade não constitui condição necessária para o conhecimento porque podemos acreditar em coisas verdadeiras sem saber que são realmente verdadeiras. De acordo com a definição tradicional de conhecimento de Platão a crença verdadeira só é conhecimento quando devidamente suportada por uma explicação racional, uma justificação. A verdade no conhecimento classifica-se de três formas: verdade como correspondência, verdade como coerência e verdade como prática. 
A verdade como correspondência foi ilustrada pela primeira vez por Aristóteles e implica a adequação entre a visualização das coisas e da sua verdadeira essência e realidade e podem ser verificados através de factos empíricos comprováveis através da experiência. A relação entre as proposições verdadeiras e as suas condições de verdade traduz-se na correspondência. Porém, as condições de verdade das proposições verdadeiras ilustram características objetivas do mundo. A verdade como coerência aplica-se quando não é possível provar diretamente que uma dada proposição é verdadeira. Assim sendo, utilizam-se raciocínios dedutivos que partem de determinadas evidências combinadas com outras evidências permitem chegar a uma conclusão. São usados raciocínios dedutivos porque são estes que possuem validade lógica, uma vez que se as premissas forem verdadeiras, a conclusão é impreterivelmente verdadeira.
O modo como é determinada a verdade é das premissas é um critério que a verdade como correspondência deixa em aberto. Muitas vezes esta verdade é estabelecida pelo critério da correspondência em vez do critério da verdade como coerência. A verdade como coerência tem grande utilidade tanto na vida quotidiana como nas ciências. A relação de verdade entre as proposições verdadeiras é a coerência mas as condições de verdade das proposições verdadeiras são outras proposições. A verdade como prática permite decidir a verdade de uma proposição em função das consequências que a sua aceitação se reveste, isto é, a verdade depende dos resultados, é prática que avaliza a verdade dos nossos juízos. Este critério tem aplicabilidade no teste de hipóteses, porque muitas vezes a sua aceitação depende das consequências que ela permite prever. A relação entre as proposições verdadeiras e as suas condições de verdade traduz-se pela prática e as condições de verdade são determinadas pela sua utilidade, o melhor resultado, o sucesso.
Justificação das crenças : critérios de verdade
A justificação é uma condição necessária para o conhecimento, mas a crença somente justificada não é suficiente para termos conhecimento. Por vezes, acreditamos em algo para o qual até possuímos uma justificação só que aquilo em que acreditamos não é verdadeiro.
Uma condição necessária e suficiente para podermos afirmar que possuímos conhecimento é a CRENÇA VERDADEIRA JUSTIFICADA. As condições de crença, de verdade e de justificação são separadamente necessárias para o conhecimento, isto é, se uma das condições não for cumprida e totalmente satisfeita não é conhecimento. Do mesmo modo, se todas as condições forem satisfeitas afirmaremos então que estamos presentes diante de um exemplo de conhecimento.
Edmund Gettier, epistemólogo e filósofo contemporâneo, através de contraexemplos( que colocaram o famoso problema de Gettier) demonstrou que as condições de crença, verdade e justificação eram necessárias mas não eram suficientes. Os seus contraexemplos mostram que podemos ter justificação para acreditar em algo verdadeiro sem que esse algo seja conhecimento. Então, de acordo com a visão de Edmund Gettier, a crença verdadeira e justificada não é suficiente para o conhecimento. Segundo Gettier, para existir conhecimento deve existir uma conexão adequada entre a justificação e a verdade da crença. Só esta justificação adequada e conexionada com a verdade da crença é aceitável, pois só esta elimina a interferência do fator “acaso” no estabelecimento da crença verdadeira. Concluímos então, que a análise platónica do conhecimento está incompleta.

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