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Estudos Disciplinares V_v1

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· Pergunta 1
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o texto a seguir:
 
O que Portugal tem a ver com o Brasil
Alexandra Lucas Coelho
 
“Os portugueses não parecem ter uma boa relação com os brasileiros, disse-me uma alemã, conhecedora profissional de Portugal e Brasil. Estávamos na Alemanha, o Brasil temia uma guerra civil, foi há dez dias. Agora, de volta a casa, continuo a pensar na observação desta veterana, que nada tinha de provocadora, era só vontade de entender.  Mas é impossível ignorar o que se tem manifestado em Portugal de equívoco face ao Brasil ao longo destes dias.
 
Segundo um desses equívocos, provável pai dos outros, o tema da colonização encerrou-se, chega de falar dele, é passado. Penso o contrário, que mal começamos, que é presente, e a atual crise brasileira acentua isso. Não só pelo que expõe das estruturas brasileiras, como pelo que revelou do olhar de Portugal sobre o Brasil, e sobre si mesmo.
 
Com esse nome, o Brasil viveu 322 anos de ocupação portuguesa e 194 de independência. Se alguém acredita que o tempo da independência poderia já ter curado o tempo da ocupação, precisa de voltar à história luso-brasileira, porque o alcance da violência vai longe, e em muitas direções.
 
Esses 322 anos atuam diariamente naquilo que é hoje o Brasil, na clivagem entre São Paulo e o Nordeste, nos milhões que ainda moram em favelas na relação Casa-Grande & Senzala das elites com os empregados, na violência da polícia que continua a ser militar, no desmando oligárquico dos que controlam aparelhos e estados, no saque catastrófico da natureza, na traição aos grupos indígenas, na evangelização dos pobres, radicalizando o conservadorismo num país onde se morre de aborto. Não é elenco para uma crônica, tem sido e será para muitas, livros, bibliotecas.
 
O lulismo fez coisas importantes contra parte dessa herança (nas desigualdades mais urgentes, na cultura), não fez o suficiente contra boa parte disto (na educação, na saúde, na polícia), fez coisas que pioraram isto (um capitalismo com consequências devastadoras no ambiente e nas questões indígenas) e historicamente produziu uma geração que o critica e supera pela esquerda num caldo inédito de periferias politicamente empoderadas e uma nova faixa politizada vinda da elite.
 
A violência sistêmica brasileira tem raízes nas duas violências fundadoras da colonização portuguesa, extermínio indígena e escravatura africana. Os portugueses não inventaram a escravatura, mas inauguraram o tráfico em grande escala. Dos 12 milhões de indivíduos que as potências europeias deportaram de África até ao século XVIII, 5,8 milhões foram traficados por Portugal. Isto significa 47 por cento, ou seja, quase metade do tráfico foi assegurado por Portugal, e a maioria destinava-se a sustentar a colonização do Brasil.
 
A escravatura é um horror antiquíssimo, sim, e entre os séculos XV e XVIII a forma portuguesa de a praticar foi secundada por ingleses, espanhóis, franceses, holandeses, sim. Mas a Portugal coube esta iniciativa: deportação em massa, para nela assentar a exploração brutal de um território gigante, à custa do qual um território minúsculo viveu, como toda uma bibliografia tem mostrado de forma cada vez mais desassombrada.
 
Não aprendi isto na escola, e tenho sérias dúvidas de que a maior parte dos portugueses faça ideia de que Portugal, sozinho, deportou tantos africanos como os judeus mortos no Holocausto, com a ajuda teológica e logística da Igreja Católica, depois de ter levado ao extermínio de ninguém sabe quantos índios, provavelmente não menos de um milhão.”
 
Com base no texto, assinale a alternativa correta:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	b. 
Os atuais problemas brasileiros, das mais diversas naturezas, tiveram origem no sistema português de colonização do Brasil, cujos reflexos são sentidos até hoje.
	Respostas:
	a. 
Para entender o que ocorre no Brasil atualmente, o tema da colonização portuguesa é passado, encerrou-se, é desnecessário falar dele.
	
	b. 
Os atuais problemas brasileiros, das mais diversas naturezas, tiveram origem no sistema português de colonização do Brasil, cujos reflexos são sentidos até hoje.
	
	c. 
Os atuais problemas brasileiros se agravaram com o lulismo, que pôs fim à herança colonial portuguesa, deu poder às periferias e politizou as elites.
	
	d. 
Os portugueses, que inventaram o sistema escravocrata, introduziram uma violência sistêmica no território brasileiro contra índios e africanos.
	
	e. 
O fato de os portugueses terem sido responsáveis por mais da metade do tráfico em grande escala de africanos escravizados deixou um peso na história brasileira equivalente ao Holocausto.
	Feedback da resposta:
	Resposta: B
Comentário: A – Incorreta: há muitos reflexos da colonização na atualidade brasileira, por isso o passado não pode ser ignorado.
B – Correta: “A violência sistêmica brasileira tem raízes nas duas violências fundadoras da colonização portuguesa, extermínio indígena e escravatura africana”.
C – Incorreta: o texto não afirma que os problemas se agravaram com o lulismo e nem que ele pôs fim à herança colonial.
D – Incorreta: a escravidão não foi inventada pelos lusos.
E – Incorreta: a escravidão deportou da África tantas pessoas quantas as que foram mortas no Holocausto dos judeus na Segunda Guerra Mundial. Não se afirma que as duas tragédias tenham tido pesos históricos equivalentes.
	
	
	
· Pergunta 2
1 em 1 pontos
	
	
	
	(Enade-2011) Leia o poema a seguir:
 
Retrato de uma princesa desconhecida
Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
 
ANDRESEN, Sophia. M. B. Dual. Lisboa: Caminho, 2004. p. 73.
 
No poema, a autora sugere que:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	d. 
O trabalho compulsório de escravos proporcionou privilégios aos príncipes.
	Respostas:
	a. 
Os príncipes e as princesas são naturalmente belos.
	
	b. 
Os príncipes generosos cultivavam a beleza da princesa.
	
	c. 
A beleza da princesa é desperdiçada pela miscigenação racial.
	
	d. 
O trabalho compulsório de escravos proporcionou privilégios aos príncipes.
	
	e. 
O exílio e a solidão são os responsáveis pela manutenção do corpo esbelto da princesa.
	Feedback da resposta:
	Resposta: D
Comentário: O enunciado da questão apresente o poema “Retrato de uma princesa desconhecida”, de autoria da escritora portuguesa Sofia de Melo Breyner Andresen (Porto, 1919 – Lisboa, 2004).  No início do texto, a autora faz o retrato descritivo de uma princesa: pulsos delicados, olhos frontais e limpos, espinha direita, cabeça erguida etc.  Em seguida, argumenta que, para que tais características de beleza e sofisticação existissem, foi necessário o trabalho de “sucessivas gerações de escravos (...) servindo sucessivas gerações de príncipes (...) ávidos cruéis e fraudulentos”. Acrescenta que foi necessário “um imenso desperdiçar de gente” para que a princesa “fosse aquela perfeição solitária exilada sem destino”.
A – Alternativa incorreta: Andresen não afirma que os príncipes e as princesas são naturalmente belos. Segundo a poetisa, foi necessária a exploração do trabalho escravo para que a princesa fosse bela.
B – Alternativa incorreta:  Andresen não afirma que os príncipes generosos cultivavam a beleza da princesa. Segundo a poetisa, os príncipes foram “ávidos cruéis e fraudulentos” e a beleza da princesa foi obtida por meio da exploração do trabalho escravo.
C – Alternativa incorreta: Andresen não cita a miscigenação racial.
D – Alternativa correta: Segundo Andresen, o trabalho compulsório de escravos proporcionou privilégios aos príncipes.E – Alternativa incorreta: Andresen não afirma que o exílio e a solidão fizeram com que a princesa mantivesse a silhueta esbelta.
	
	
	
· Pergunta 3
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o texto a seguir:
 
Quem tem o direito de falar?
Estabelecer que minorias só podem falar dos problemas de seu grupo é uma forma astuta de silenciamento
 
“A política não é uma questão apenas de circulação de bens e riquezas. Ou seja, ela não se funda simplesmente em uma decisão a respeito de como as riquezas e os bens devem circular, como eles devem ser distribuídos. Embora essa seja uma questão central que mobiliza todos nós, ela não é tudo, nem é razão suficiente de todos os fenômenos internos ao campo que nomeamos ‘política’. Na verdade, a política é também uma questão de circulação de afetos, da maneira com que eles irão criar vínculos sociais, afetando os que fazem parte destes vínculos.
 
A maneira com que somos afetados define o que somos e o que não somos capazes de ver, o que somos e não somos capazes de sentir e perceber. Definido o que vejo, sinto e percebo, define-se o campo das minhas ações, a maneira com que julgarei, o que faz parte e o que está excluído do meu mundo.
 
Percebam, por exemplo, como um dos maiores feitos políticos de 2015 foi a circulação de uma mera foto, a foto do menino sírio morto em um naufrágio no Mar Mediterrâneo.
Nesse sentido, foi muito interessante pesquisar as reações de certos europeus que invadiram sites de notícias de seu continente com posts e comentários.
 
Uma quantidade impressionante deles reclamava daqueles jornais que decidiram publicar a foto. Por trás de sofismas primários, eles diziam basicamente a mesma coisa: ‘parem de nos mostrar o que não queremos ver’, ‘isto irá quebrar a força de nosso discurso’.
 
Pois eles sabiam que seu fascismo ordinário cresce à condição de administrar uma certa zona de invisibilidade. É necessário que certos afetos não circulem, que a humanização bruta produzida pela morte estúpida de um refugiado não nos afete. Todo fascismo ordinário é baseado em uma desafecção. Toda verdadeira luta política é baseada em uma mudança nos circuitos hegemônicos de afetos. Prova disso foi o fato de tal foto produzir o que vários discursos até então não haviam conseguido: a suspensão temporária da política criminosa de indiferença em relação à sorte dos refugiados.
 
Mas essa quebra da invisibilidade também se dá de outras formas. De fato, sabemos como faz parte das dinâmicas do poder decidir qual sofrimento é visível e qual é invisível. Mas, para tanto, devemos antes decidir sobre quem fala e quem não fala, qual fala ouvirei e qual fala representará, para mim, apenas alguma forma de ressentimento.
 
Há várias maneiras de silêncio. A mais comum é simplesmente calar quem não tem direito à voz. Isso é o que nos lembram todos aqueles que se engajaram na luta por grupos sociais vulneráveis e objetos de violência contínua (negros, homossexuais, mulheres, travestis, palestinos, entre tantos outros).
 
Mas há ainda outra forma de silêncio. Ela consiste em limitar sua fala. Assim, um será a voz dos negros e pobres, já que o enunciador é negro e pobre. O outro será a voz das mulheres e lésbicas, já que o enunciador é mulher e lésbica. A princípio, isto pode parecer um ato de dar voz aos excluídos e subalternos, fazendo com que negros falem sobre os problemas dos negros, mulheres falem sobre os problemas das mulheres, e por aí vai.
 
No entanto, essa é apenas uma forma astuta de silêncio, e deveríamos estar mais atentos a tal estratégia de silenciamento identitário. Ao final, ela quer nos levar a acreditar que negros devem apenas falar dos problemas dos negros, que mulheres devem apenas falar dos problemas das mulheres.
 
Pensar a política como circuito de afetos significa compreender que sujeitos políticos são criados quando conseguem mudar a forma como o espaço comum é afetado. Posso dar visibilidade a sofrimentos que antes não circulavam, mas quando aceito limitar minha fala pela identidade que supostamente represento, não mudarei a forma de circulação de afetos, pois não conseguirei implicar quem não partilha minha identidade na narrativa do meu sofrimento.
 
Minha produção de afecções continuará circulando em regime restrito, mesmo que agora codificada como região setorizada do espaço comum. Ser um sujeito político é conseguir enunciar proposições que implicam todo mundo, que podem implicar qualquer um, ou seja, que se dirigem a esta dimensão do ‘qualquer um’ que faz parte de cada um de nós. É quando nos colocamos na posição de qualquer um que temos mais força de desestabilização de circuitos hegemônicos de afetos.
O verdadeiro medo do poder é que você se coloque na posição de qualquer um.”
 
Disponível em: <goo.gl/oWm9nF>. Acesso em 13 jun. 2016.  
Leia as afirmações a seguir:
I- Segundo o autor, grupos de minorias estão sendo silenciados, pois vivemos em um regime autoritário, não democrático.
II- O autor defende que os políticos sejam os legítimos representantes dos grupos minoritários, já que as minorias tendem a ser silenciadas na sociedade.
III- A publicação da foto do menino sírio, morto no naufrágio ao tentar chegar à Europa como imigrante, foi, segundo o texto, uma forma de sensacionalismo da imprensa e, por isso, gerou conflitos políticos.
 
Assinale a alternativa correta:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	e. 
Nenhuma alternativa é correta.
	Respostas:
	a. 
Todas as afirmativas são corretas.
	
	b. 
I e II são corretas.
	
	c. 
II e III são corretas.
	
	d. 
III é correta.
	
	e. 
Nenhuma alternativa é correta.
	Feedback da resposta:
	Resposta: E
Comentário: I – Afirmativa incorreta: o autor não afirma que vivemos em um regime autoritário e aponta como silenciamento a restrição de fala a apenas sujeitos representativos de determinado grupo.
II – Afirmativa incorreta: o autor afirma que a política é também uma questão da circulação dos afetos e não atribui aos políticos o papel de representar grupos identitários.
III – Afirmativa incorreta: de acordo com o texto, a divulgação da foto contribuiu para a quebra de invisibilidade de uma questão importante no cenário atual.
	
	
	
· Pergunta 4
1 em 1 pontos
	
	
	
	(Enade-2011) Leia o excerto a seguir:
“Em reportagem, Owen Jones, autor do livro Chavs: a difamação da classe trabalhadora, publicado no Reino Unido, comenta as recentes manifestações de rua em Londres e em outras principais cidades inglesas. Jones prefere chamar atenção para as camadas sociais mais desfavorecidas do país, que desde o início dos distúrbios, ficaram conhecidas no mundo todo pelo apelido chavs, usado pelos britânicos para escarnecer dos hábitos de consumo da classe trabalhadora.
 
Jones denuncia um sistemático abandono governamental dessa parcela da população: ‘Os políticos insistem em culpar os indivíduos pela desigualdade’, diz. ‘Você não vai ver alguém assumir ser um chav, pois se trata de um insulto criado como forma de generalizar o comportamento das classes mais baixas. Meu medo não é o preconceito e, sim, a cortina de fumaça que ele oferece. 
 
Os distúrbios estão servindo como o argumento ideal para que se faça valer a ideologia de que os problemas sociais são resultados de defeitos individuais, não de falhas maiores. Trata-se de uma filosofia que tomou conta da sociedade britânica com a chegada de Margaret Thatcher ao poder, em 1979, e que basicamente funciona assim: você é culpado pela falta de oportunidades. [...] Os políticos insistem em culpar os indivíduos pela desigualdade’.”
 
Suplemento Prosa & Verso, O Globo, Rio de Janeiro, 20 ago. 2011, p. 6 (adaptado).
 
Considerando as ideias do texto, avalie as afirmações a seguir.
I- Chavs é um apelido que exalta hábitos de consumo de parcela da população britânica.
II- Os distúrbios ocorridos na Inglaterra serviram para atribuir deslizes de comportamento individual como causas de problemas sociais.
III- Indivíduos da classe trabalhadora britânica são responsabilizados pela falta de oportunidades decorrente da ausência de políticas públicas.
IV- As manifestações derua na Inglaterra reivindicavam formas de inclusão nos padrões de consumo vigente.
 
É correto apenas o que se afirma em:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	e. 
II, III e IV.
	Respostas:
	a. 
I e II.
	
	b. 
I e IV.
	
	c. 
II e III.
	
	d. 
I, III e IV.
	
	e. 
II, III e IV.
	Feedback da resposta:
	Resposta: E
Comentário: um dos temas tratados na questão é o fato de os políticos culparem o indivíduo pela desigualdade social. 
I – Afirmativa incorreta: chavs é um apelido dado às camadas sociais mais desfavorecidas do Reino Unido. O texto afirma que chavs é um insulto criado como forma de generalizar o comportamento das classes mais baixas.
II – Afirmativa correta: segundo o texto, os políticos aproveitaram os distúrbios ocorridos na Inglaterra e os deslizes de comportamento para culpar os indivíduos pela desigualdade social. III – Afirmativa correta: de acordo com o texto, os políticos responsabilizam os indivíduos da classe trabalhadora britânica pela falta de oportunidades decorrente da ausência de políticas públicas.
IV – Afirmativa correta: o texto sustenta que as manifestações de rua na Inglaterra pleiteavam modos de inclusão nos padrões de consumo vigente.
	
	
	
· Pergunta 5
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o texto a seguir:
 
EUA e China anunciam acordo para reduzir emissão de gases poluentes
 
“Os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Xi Jinping, da China, assinaram nesta quarta-feira (12.11.2014) em Pequim um acordo para a luta contra a mudança climática, que incluirá reduções de suas emissões de gases do efeito estufa na atmosfera.
 
A iniciativa constitui o primeiro anúncio de corte das emissões de gases poluentes por parte da China e mais um pelos EUA. Pelo acordo, os EUA pretendem cortar entre 26% e 28% as emissões de gases em até 11 anos, ou seja, até 2025, o que representa um número duas vezes maior que as reduções previstas entre 2005 e 2020.
 
Os chineses se comprometem a cortar as emissões até 2030, embora isso possa começar antes. Segundo o presidente chinês, até lá 20% da energia produzida no país vai ter origem em fontes limpas e renováveis. Estados Unidos e China representam juntos 45% das emissões planetárias de CO 2, um dos gases apontado como culpado pela mudança climática. A União Europeia representa 11%. No mês passado, o bloco se comprometeu a reduzir em pelo menos 40% as emissões até 2030, na comparação com os níveis de 1990.”
 
Disponível em: <https://goo.gl/srpqzq>. Acesso em 14 nov. 2014 (com adaptações).
 
Com base na leitura, analise as afirmativas:
I- O comprometimento da China em reduzir as emissões de poluentes até 2030 significa que a poluição proveniente do país continuará em crescente aumento por mais uma década.
II- Apesar da importância do acordo entre Estados Unidos e China, a União Europeia será responsável por um corte maior nos volumes de gases poluentes emitidos do que o corte dos dois países, uma vez que reduzirá 40% das emissões.
III- Se Estados Unidos e China, juntos, cumprirem a meta de cortar 28% da emissão dos gases poluentes, eles serão responsáveis por 27% das emissões planetárias em 2025.
 
Assinale a alternativa correta:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	a. 
Nenhuma afirmativa está correta.
	Respostas:
	a. 
Nenhuma afirmativa está correta.
	
	b. 
I está correta.
	
	c. 
I e II estão corretas.
	
	d. 
II e III estão corretas.
	
	e. 
III está correta.
	Feedback da resposta:
	Resposta: A
Comentário: I – Afirmativa incorreta. Justificativa: o texto não afirma que a poluição proveniente dos gases emitidos pelos chineses continuará em crescimento até a data estipulada no acordo. A informação é de que os chineses se comprometem a cortar as emissões até 2030, embora isso possa começar antes.
II – Afirmativa incorreta. Justificativa: o texto afirma que EUA e China são responsáveis por quase metade das emissões de poluentes no mundo. Mesmo que a Europa tenha uma redução percentual maior das emissões de gases, o impacto não será o mesmo do provocado pela redução da emissão de gases dos dois países.
III – Afirmativa incorreta. Justificativa: porcentagens são valores relativos, que dependem do valor total sobre o qual são aplicadas. A redução de 28% na emissão de gases seria calculada com base no volume de gases emitidos pelos dois países, e não sobre o total das emissões planetárias.
	
	
	
· Pergunta 6
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o texto a seguir:  
Geografia e meio ambiente: uma análise da legislação dos resíduos sólidos.
Fernanda Sampaio da Silva
 
“O processo de industrialização foi responsável por grandes transformações urbanas. Influenciou a multiplicação de diversos ramos de serviços que caracterizam a cidade moderna. Também influenciou no desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação, que interligaram distintas regiões. Foi responsável pela maior produtividade e pela consequente elevação da produção agrícola. Contribuiu ainda com o êxodo rural.
 
Além disso, introduziu um novo modo de vida e novos hábitos de consumo, criou novas profissões, promoveu uma nova estratificação da sociedade e uma nova relação desta com a natureza. Algumas das tecnologias existentes hoje no mercado ainda trazem problemas ao meio ambiente.
 
Entre os resíduos gerados pelo avanço desenfreado da produção e do consumo são encontrados os resíduos sólidos industriais, que podem trazer impactos com consequências para a saúde das pessoas e ao meio ambiente, desde uma escala local até mesmo global.
 
Para que se possa reduzir a geração de resíduos sólidos industriais, minimizando possíveis impactos negativos ao meio ambiente, é necessário que haja um processo de gestão para a diminuição de resíduos durante o processo produtivo e/ou, quando possível, substituição do material utilizado, por outro que tenha maior facilidade de ser reciclado. Portanto, a reciclagem é um elemento importante para a minimização de resíduos em lixões e aterros sanitários.
 
[...] Assim, a geração e a disposição dos resíduos sólidos industriais em locais inapropriados constituem um problema ambiental e, por isso, seu gerenciamento deve ocorrer de forma correta e dentro da legislação, para que não seja comprometida a qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente.
 
O controle do acondicionamento, armazenamento e destinação final dos resíduos sólidos perigosos deve ocorrer de acordo com a norma ABNT – NBR 1004 de 2004, que faz uma classificação dos resíduos. Os resíduos são classificados em Classe I quando se trata de resíduos sólidos perigosos (classificados pelo seu grau de risco a saúde pública) e Classe II quando são resíduos não perigosos.
 
Os resíduos de Classe II são subdivididos em: Classe II A, quando não são inertes e Classe II B, inertes. Os resíduos sólidos gerados devem ser controlados nas indústrias, pois fazem parte do licenciamento pelo órgão ambiental competente.
 
Por isso, para que esse órgão tenha conhecimento dos resíduos gerados, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA dispõe de uma resolução com o objetivo de inventariar os resíduos sólidos gerados em todo o país, para que seja elaborado o Plano Nacional para Gerenciamento de Resíduos Sólidos Gerados. O inventário é elaborado a partir de informações como quantidade, formas de acondicionamento e armazenamento e destinação final, enviadas trimestralmente ao órgão estadual competente (Resolução CONAMA nº 313/2002).”
 
Disponível em: <https://goo.gl/06swDe>. Acesso em 12 nov. 2014 (com adaptações).
 
Com base nas informações do texto, analise as afirmativas:
I- O controle da geração de resíduos sólidos industriais depende da conscientização do consumidor a fim de que modifique seus hábitos.
II- A redução na geração de resíduos sólidos está atrelada ao gerenciamento do acondicionamento, do armazenamento e da destinação final dos resíduos classificados como perigosos.
III- A Resolução CONAMA nº 313/2002, que trata do Plano Nacional para Gerenciamento de Resíduos Sólidos, tem como objetivo conscientizar a área industrial para que exista a redução da geração de resíduos sólidos.
 
Com base nas informaçõesdo texto, assinale a alternativa correta:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	e. 
Nenhuma afirmativa está correta.
	Respostas:
	a. 
I está correta.
	
	b. 
II está correta.
	
	c. 
I e III estão corretas.
	
	d. 
III está correta.
	
	e. 
Nenhuma afirmativa está correta.
	Feedback da resposta:
	Resposta: E
Comentário: I – Afirmativa incorreta: os resíduos sólidos são gerados, como destaca o texto, pelos processos produtivos e, assim, a sua redução depende das indústrias, e não da conscientização do consumidor.
II – Afirmativa incorreta: o texto destaca que os resíduos são gerados no processo de produção. III - Afirmativa incorreta: de acordo com o texto, a resolução tem o objetivo de inventariar os resíduos sólidos gerados em todo o país.
	
	
	
· Pergunta 7
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o texto a seguir:
 
Tá lá mais um corpo estendido no chão
Flavio Moura
 
“Uma juíza de São Paulo mandou soltar o policial que matou o camelô Carlos Augusto Muniz Braga durante ação na Lapa, no último dia 18. De acordo com a ordem de soltura, o assassinato se deveu ao fato de que o braço esquerdo do PM foi seguro ‘bruscamente’. E ainda à situação tensa em que ele se encontrava, cercado de ‘populares insatisfeitos com a polícia no local’.
 
O tumulto, no entender da juíza, justifica a necessidade de o policial ‘então encontrar-se armado’. O vídeo circulou por todo canto. O policial aponta por três minutos a arma em todas as direções. As pessoas em volta gritam ‘baixa a arma!’, enquanto dois colegas seus tentam imobilizar um vendedor de rua no chão.
 
O vendedor se recusara a entregar os CDs piratas que tinha na mão. A polícia partiu pra cima e a situação se criou.
Acuado, o assassino tira do bolso um spray de pimenta para dispersar o grupo ao redor. Ato contínuo, Carlos Augusto tenta tirar o spray de sua mão. É o que basta para ser executado.
 
Ele ainda correu por alguns metros com a bala na cabeça, antes de tombar no asfalto. Isso às 17h, numa rua movimentada de um bairro de classe média de São Paulo.
Não chega a surpreender a decisão da juíza (o nome da figura é Eliana Cassales Tosi de Melo e ela faz parte da 5a Vara do Júri do Foro Central Criminal de São Paulo). A lógica peculiar é praxe entre seus colegas. Basta lembrar o juiz que recentemente queria manter preso o manifestante Fabio Hideki, detido injustamente em manifestação durante a Copa do Mundo, por considerá-lo ‘esquerda caviar’.
 
O que assusta é a comoção relativamente branda em torno do episódio. Da declaração tosca do prefeito, ‘foi um ato isolado’, aos indignados de plantão das redes sociais, tudo se passou como se fosse mais um tropeço da polícia, entre tantos outros.
 
Fiquei pensando o que ocorreria se a cena fosse na Paulista, nas manifestações de junho do ano passado. E se a vítima fosse um jovem de classe média quebrando uma vitrine de loja ou banco (gesto a meu ver mais grave do que vender CD pirata). O governo estadual corria o risco de ser deposto.
 
Não custa lembrar que foi a violência policial o estopim para as manifestações de junho de 2013. As primeiras passeatas foram pequenas e reprovadas pela imprensa e pela maioria da população. Quando vieram à tona as cenas de manifestantes feridos por balas de borracha, o cenário virou. Dali em diante, os editoriais deram razão aos manifestantes e a classe média ganhou as ruas em defesa do direito de protestar.
 
O episódio da semana passada me fez lembrar uma declaração do poeta Sergio Vaz, organizador dos saraus da Cooperifa.  No documentário ‘Junho’, produzido pela TV Folha e bom retrato das manifestações do ano passado, ele pondera. ‘Bala de borracha? Se lá no meu bairro a polícia usasse bala de borracha meus amigos ainda estavam vivos’.
Com todo respeito aos feridos em junho de 2013, o que se deu com o camelô Carlos Augusto é motivo para alguns milhares de passeatas.
 
A letalidade da polícia brasileira é quatro vezes maior que a dos EUA e 100 vezes maior que a inglesa. Se antes o Rio era o palco dos principais descalabros da corporação, esse posto agora parece ser ocupado por São Paulo. Na véspera do assassinato na Lapa, a PM paulista transformou o centro da cidade num campo de guerra, com gás lacrimogêneo e barricadas em chamas para despejar 200 ocupantes de um prédio vazio.
 
Em apenas uma semana, a cidade viu repetir-se o despreparo e a truculência em duas regiões próximas. Se voltamos para trás no tempo, há exemplos a perder de vista. O governador segue blindado e na liderança das intenções de voto para as próximas eleições. E o prefeito, que não tem responsabilidade direta pela ação da PM, poderia retificar sua frase infeliz.
 
Bem que a gente gostaria, mas o crime da semana passada não foi um ato isolado.”
 
Disponível em: <https://goo.gl/rvlYxd>. Acesso em 7 nov. 2014.
 
Com base na leitura, analise as afirmativas:
I- O autor se mostra indignado com a banalização da morte, afirmando que as pessoas não se mobilizam diante da violência da polícia, seja ela contra ricos ou pobres.
II- O autor destaca que a violência policial contra os trabalhadores e contra os moradores de periferia, geralmente, não ganha grande repercussão na mídia e não estimula protestos populares.
III- O objetivo do texto é criticar a pirataria, que é crime e gera confrontos entre ambulantes e policiais, espalhando violência pela cidade.
IV- O texto critica a violência da polícia brasileira, mas defende a atuação repressiva diante de manifestações e crimes, uma vez que é esse o papel da instituição.  
Está correto o que se afirma somente em:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	e. 
II.
	Respostas:
	a. 
I e II.
	
	b. 
II e III.
	
	c. 
I e IV.
	
	d. 
II e IV.
	
	e. 
II.
	Feedback da resposta:
	Resposta: E
Comentário: I – Afirmativa incorreta: o autor se mostra indignado com a banalização da morte, mas afirma que, em geral, só há protestos contra a morte provocada por policiais quando a vítima é de classe média ou alta.
II – Afirmativa correta: o autor comenta sobre o caso do camelô assassinado, que foi pouco divulgado pela imprensa e não gerou protestos, e atribui isso ao fato de ele ser pobre.
III - Afirmativa incorreta: o objetivo do texto é criticar a atuação violenta da polícia.
IV - Afirmativa incorreta: o autor não defende a atitude repressiva da polícia.
	
	
	
· Pergunta 8
1 em 1 pontos
	
	
	
	(Enade 2007) Leia o excerto a seguir:
Vamos supor que você recebeu de um amigo de infância e seu colega de escola um pedido, por escrito, vazado nos seguintes termos: “Venho mui respeitosamente solicitar-lhe o empréstimo do seu livro de Redação para Concurso, para fins de consulta escolar”.
 
Essa solicitação em tudo se assemelha à atitude de uma pessoa que:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	b. 
Vai a um piquenique engravatado, vestindo terno completo, calçando sapatos de verniz.
	Respostas:
	a. 
Comparece a um evento solene vestindo smoking completo e cartola.
	
	b. 
Vai a um piquenique engravatado, vestindo terno completo, calçando sapatos de verniz.
	
	c. 
Vai a uma cerimônia de posse usando um terno completo e calçando botas.
	
	d. 
Frequenta um estádio de futebol usando sandálias de couro e bermudas de algodão.
	
	e. 
Veste terno completo e usa gravata para proferir uma conferência internacional.
	Feedback da resposta:
	Resposta: B
Comentário: a questão propõe que se faça uma analogia entre o uso da linguagem em uma situação específica de comunicação e a forma de se vestir em determinados eventos.  Para fazer essa comparação, o leitor deve avaliar a linguagem utilizada na frase “Venho mui respeitosamente solicitar-lhe o empréstimo do seu livro de Redação para Concurso, para fins de consulta escolar”. O tratamento empregado, o formalismo exagerado e a presença de marcadores, como “mui respeitosamente” e “para fins de consulta escolar”, são inadequados à informalidade apresentada na contextualização da questão (o pedido de empréstimo de livro feito por um amigo de infância e colega de escola). Além de verificar, nas alternativas, situações de inadequação, deve-se identificar o tipo de inadequação.No enunciado, temos o uso de linguagem formal em situação informal. Nas alternativas, devemos procurar um caso de uso de roupa formal em evento informal.
A – Incorreta: não é inadequado uma pessoa comparecer a um evento solene vestindo smoking completo e cartola. Um evento solene é uma situação que requer o uso de trajes sociais.
B – Correta: de maneira análoga à situação apresentada no enunciado, é inadequado uma pessoa ir a um piquenique usando gravata, vestindo terno completo e calçando sapatos de verniz. Um piquenique é uma situação que requer o uso de roupas descontraídas.
C – Incorreta: é inadequado um homem vestindo terno ir a uma cerimônia de posse calçando botas. Uma cerimônia de posse requer o uso de sapatos sociais.
D – Incorreta: não é inadequado uma pessoa ir a um estádio de futebol usando sandálias de couro e bermudas de algodão. Um jogo de futebol é uma situação que requer o uso de roupas descontraídas.
E – Incorreta: não é inadequado uma pessoa proferir uma conferência internacional vestindo terno completo e usando gravata. Uma conferência requer o uso de trajes sociais.
	
	
	
· Pergunta 9
0 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o texto a seguir:
 
Energia eólica no Brasil
 
“No início da década de 2000, uma grande seca no Brasil diminuiu o nível de água nas barragens hidrelétricas do país, causando uma grave escassez de energia. A crise, que devastou a economia do país e levou ao racionamento de energia elétrica, ressaltou a necessidade urgente do país em diversificar suas fontes de energia.
 
[...] A primeira turbina de energia eólica do Brasil foi instalada em Fernando de Noronha em 1992. Dez anos depois, o governo criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) para incentivar a utilização de outras fontes renováveis, como eólica, biomassa e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). [...] Desde a criação do Proinfa, a produção de energia eólica no Brasil aumentou de 22MW em 2003 para cerca de 1000MW em 2011 (quantidade suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 400 mil residências).
 
[...] Segundo o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, publicado pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobrás, o território brasileiro tem capacidade para gerar cerca de 140GW.
 
O potencial de energia eólica no Brasil é mais intenso de junho a dezembro, coincidindo com os meses de menor intensidade de chuvas, ou seja, nos meses em que falta chuva é exatamente quando venta mais! Isso coloca o vento como uma grande fonte suplementar à energia gerada por hidrelétricas, a maior fonte de energia elétrica do país.
 
Durante esse período podem-se preservar as bacias hidrográficas fechando ou minimizando o uso das hidrelétricas. O melhor exemplo disto é na região do Rio São Francisco. Por essa razão, esse tipo de energia é excelente contra a baixa pluviosidade e a distribuição geográfica dos recursos hídricos existentes no país.
 
A maior parte dos parques eólicos se concentra nas regiões nordeste e sul do Brasil. No entanto, quase todo o território nacional tem potencial para geração desse tipo de energia.”
 
Disponível em: <https://goo.gl/zGP0ZM>. Acesso em 05 nov. 2014 (com adaptações)
 
Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta:
I- De acordo com o texto, a energia eólica é uma alternativa viável para atender à demanda de cidades com até 400 mil habitantes.
II- Em 2011, a energia eólica gerada no Brasil foi de menos de 1% do potencial eólico do país.
III- De 2003 a 2011, a produção de energia eólica cresceu 978%.
 
Assim:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	a. 
I está correta.
	Respostas:
	a. 
I está correta.
	
	b. 
II está correta.
	
	c. 
II e III estão corretas.
	
	d. 
I e II estão corretas.
	
	e. 
Todas as afirmativas estão corretas.
	
	
	
· Pergunta 10
1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o texto a seguir:
 
São Paulo, a capital mundial do grafite
 
“A cidade mais populosa da América Latina concentra um dos mais grandiosos museus a céu aberto de arte urbana do mundo. Quando estiver andando por São Paulo, olhe para cima. Ou para os lados. Não importa muito se está caminhando por um bairro de classe média ou pela periferia. Há uma característica comum às diferentes regiões da maior cidade mais populosa da América Latina: os grafites e pichações, que vêm tomando conta dos muros nos mais de 1.500 quilômetros quadrados da área de extensão, estão transformando São Paulo na capital mundial do grafite.
 
De maneira geral, a arte urbana não agrada a todos os gostos. Mas é unânime a opinião de que São Paulo é uma cidade cinza, e o grafite insere cor a esse cenário. ‘O grafite é uma manifestação artística que faz parte do cotidiano de todos, quer você goste ou não. Ele se impõe’, dizem os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, mais conhecidos como Os Gêmeos. A dupla de artistas é conhecida, ao redor do mundo, pelos trabalhos que misturam certo realismo fantástico com personagens bem característicos, sempre com cores e figuras geométricas parecidas.
 
Os irmãos começaram a grafitar em 1987 no bairro onde cresceram, o Cambuci, na zona sul da capital paulista. ‘A arte não é para você gostar, é para você refletir e pensar’, completa Thiago Mundano, 27 anos, que se autointitula ‘artivista’, por atrelar o grafite a ações sociais.
 
Na Avenida Cruzeiro do Sul, na zona norte da capital, bem próximo a uma das duas rodoviárias da cidade, um grupo de 58 artistas fez 66 painéis, criando, em 2011, o primeiro Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo (MAAU). Eles levaram para as ruas uma das maiores características dessa arte: a acessibilidade. ‘O fato de a arte estar na rua já é muito mais democrático. A pessoa não precisa entrar numa galeria fechada para ver’, diz a artista e grafiteira Prila Paiva, 35 anos.
 
Organizado com autorização da Prefeitura, esse museu é uma exceção. Como o grande negócio do grafite é ocupar a cidade, os artistas nem sempre pintam em muros autorizados.  Existe um aspecto de subversão, que envolve, entre outras coisas, ‘a adrenalina de pichar’, segundo Mundano. Para ele, tudo é relativo. ‘Um outdoor é tão agressivo quanto um grafite. Eu posso achar ruim, para a minha filha, por exemplo, abrir a janela de casa e dar de cara com uma mulher de calcinha e sutiã numa propaganda para vender lingerie’.
 
São Paulo adotou, em janeiro de 2007, a Lei Cidade Limpa, durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), proibindo a propaganda em outdoors e em imóveis públicos e privados. Já em relação aos grafites, ainda não houve um acordo entre artistas e o poder público.  Por isso, de um lado, a Prefeitura apaga, cobrindo com tinta cinza, muitos dos muros grafitados. De outro, grafiteiros e pichadores pintam os locais apagados novamente. ‘Nunca sentimos, por parte da prefeitura, interesse de entender e respeitar a cultura do grafite’, contam Os Gêmeos.
 
‘Existem problemas sérios em São Paulo que precisam desse dinheiro do contribuinte, em vez de ser investido em tinta cinza para apagar trabalhos de arte’. Mesmo assim, no final da gestão de Kassab, a Prefeitura publicou um guia bilíngue de lugares para ver os grafites na cidade, com uma pequena ficha de alguns artistas.
 
Por tratar-se de uma arte muito efêmera, um dia a obra está lá e no outro pode já ter sido apagada, o consultor financeiro Ricardo Czapski e a produtora cultural Marina Gonzalez tiveram a ideia de eternizar algumas pinturas. Eles acabam de lançar o livro Graffiti em São Paulo, que nasceu de um acervo de mais de dez mil fotos que Czapski tirou, por cinco anos, de muros grafitados. ‘O grafite tem uma recepção muito boa em todos os níveis. Não tem mais aquela má impressão da arte marginal’, diz Gonzalez. Com o passar dos anos, além do reconhecimento do público, o grafite foi se tornando um negócio mais rentável. Hoje, a arte urbana está presente em galerias e exposições pelo Brasil e pelo mundo.
 
Pimp My Carroça: Exemplo do cunho social que o grafite pode desenvolver, em 2007, Thiago Mundano começou a pintar as carroças dos mais de 20.000 catadores de lixo reciclávelde São Paulo que transportam, em um carrinho improvisado, toneladas de papelão, vidro e alumínio para os centros de reciclagem. ‘Percebi que essas pessoas são invisíveis, ninguém olha para elas’, diz Mundano.
 
A meta, na época, era pintar 100 carroças, mas, com o tempo, Mundano viu que apenas pintar não bastava. As carroças precisavam de itens de segurança, como tintas refletoras para a noite, espelhos retrovisores, luvas e cordas para os catadores. Assim, nasceu o projeto Pimp My Carroça.
 
Por meio do site de crowdfunding Catarse, Mundano arrecadou 64.000 reais (27,8 mil dólares), de 792 apoiadores. O projeto cresceu, se transformou em um evento no centro de São Paulo, onde as carroças foram pintadas e os catadores ganharam camisetas, alimentos e uma consulta com um clínico geral.
 
De lá pra cá, o Rio de Janeiro e Curitiba, a capital do Paraná, no Sul do país, receberam uma edição do projeto, contabilizando mais de 120 voluntários e um número já incontável de carroças pintadas. O próximo passo é desenvolver um aplicativo para que qualquer um possa localizar os catadores que estiverem mais próximos e entregar a eles o lixo reciclável.”
 
Disponível em: <https://goo.gl/zuZU2e>. Acesso em 05 jun. 2016 (com adaptações).
 
Com base na leitura, analise as afirmativas:
I- Apesar de haver controvérsias quanto à aceitação do grafite e da pichação como formas de arte, há indícios de que o reconhecimento dessas expressões artísticas está aumentando, como a criação do Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo.
II- O grafite agrava o preconceito social contra as pessoas mais pobres, uma vez que se trata de uma manifestação popular que não alcança o prestígio das artes oficialmente reconhecidas.
III- De acordo com o texto, o grafite e a pichação são comparáveis aos outdoors e deveria haver uma legislação semelhante à Cidade Limpa para proibir essas manifestações.
IV- A acessibilidade, a efemeridade e a relação com causas sociais são características da arte urbana.
 
Está correto o que se afirma apenas em:
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	d. 
I e IV.
	Respostas:
	a. 
I e II.
	
	b. 
II e III.
	
	c. 
III e IV.
	
	d. 
I e IV.
	
	e. 
I, II e IV.
	Feedback da resposta:
	Resposta: D
Comentário: I – Afirmativa correta. Justificativa: o texto menciona ações que mostram o reconhecimento do grafite como obra de arte, como a publicação do livro com figuras de arte urbana e a criação do Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo.
II – Afirmativa incorreta. Justificativa: o texto não afirma que o grafite agrava preconceitos e o aponta como uma forma de expressão de arte popular.
III – Afirmativa incorreta. Justificativa: o texto não propõe uma lei semelhante à implantada pelo prefeito Kassab para proibir as manifestações de grafite.
IV – Afirmativa correta. Justificativa: a arte urbana é efêmera, pois pode ser apagada ou coberta por outra, e acessível a todos que circulam pela cidade. Normalmente, essas expressões têm relação com causas sociais, pois são manifestações populares.

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