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Doenças psicossomáticas e ginecologia

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FACULDADE PERNAMBUCANA DE SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
ESTUDO DE CASO: DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS E GINECOLOGIA
BEATRIZ ELISA DE MOURA BORBA
RUTIELY DE LIMA MOURA
RECIFE 2021
BEATRIZ ELISA DE MOURA BORBA
RUTIELY DE LIMA MOURA
ESTUDO DE CASO: DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS E GINECOLOGIA
Trabalho apresentado como requisito parcial para obtenção de nota de Seminários Multiprofissionais do módulo IV Corpo e sintoma.
Tutora: Mª Valéria Correia Magalhães
RECIFE 2021
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	4
JUSTIFICATIVA.................................................................................................................6
DESENVOLVIMENTO	7
CASO CLÍNICO	9
CONSIDERAÇÕES FINAIS	10
REFERÊNCIAS...	11
1. INTRODUÇÃO
O termo psicossomática surgiu no século passado através e Heinroth, com a criação das expressões psicossomática (1918) e somatopsíquica (1928). No entanto, consolidou-se apenas em meados do século XXI, através das contribuições pioneiras de Franz Alexander e da Escola de Chicago. Na expressão mais comum, o termo pode reportar-se tanto ao quesito da origem psicológica de determinadas doenças orgânicas, quanto às repercussões afetivas do estado de doença física no indivíduo.
A denominação de medicina psicossomática, de acordo com seu campo epistemológico, é um estudo das relações mente-corpo, com ênfase na explicação da patologia somática, uma proposta de assistência integral e uma transcrição para a linguagem psicológica dos sintomas corporais (EKSTERMAM, 1992, p.77). Dessa forma, a psicossomática pode ser entendida como as manifestações psíquicas que o corpo apresenta fisicamente. Teoricamente, cada doença é psicossomática, uma vez que fatores emocionais influenciam todos os processos do corpo, através das vias nervosas humorais e que os fenômenos somáticos e psicológicos ocorrem no mesmo organismo e são apenas dois aspectos do mesmo processo (ALEXANDER, 1989). 
A psicossomática foi estudada a partir de três fases. A primeira, sendo a fase inicial ou psicanalítica, apesar de Freud não ter mencionado o termo psicossomática, possui influências dos estudos sobre a histeria. A segunda, denominada fase intermediária, valorizou as pesquisas tanto em homens como animais em estudos sobre o stress, a partir da abordagem behaviorista. E por fim, a terceira fase, mais atual, que valoriza o social a interação e interconexão entre os profissionais das várias áreas da saúde.
Diante do conceito de psicossomática, é possível trazer a relação entre corpo e mente e como isso influencia em todos os aspectos fisiológicos e mentais dos indivíduos, dessa forma a saúde ginecológica está ligada a uma boa relação entre mente e corpo. A ginecologia é a especialidade médica que está ligada ao cuidado da saúde da mulher regularmente em um todo, focando especialmente no aparelho reprodutor feminino. Isso inclui o útero, ovários, trompas, vulva, vagina e até mesmo as mamas. Dessa forma, o termo ginecologia psicossomática vem sendo debatido principalmente por médicos que vivenciam muitos casos de sintomas físicos ginecológicos que foram desencadeados psiquicamente, por isso é estudado a psicologia feminina com a fisiologia em suas expressões endocrinológica, imunológica e as do próprio aparelho genital feminino e o processo do adoecer ginecológico.
A relação entre médico-paciente deve incluir a mulher como ser conscientemente ativo e emocionalmente envolvido no processo do adoecer, que, inclusive, deve se estender ao tratamento. O psiquismo feminino é fundamental para a cura e saúde, objeto maior da relação médico-paciente. No modelo convencional da medicina, apenas o médico sabe o que é importante para a saúde do paciente se tornando um detentor de todo saber médico e somente ele pode fazer qualquer coisa a respeito, pois todo conhecimento acerca da saúde tende a ser racional e científico, na medida em que se baseia na investigação de dados clínicos e dos exames complementares. Mas, quando o atendimento é voltado a mulher, pode-se afirmar que ao se buscar sua colaboração emocional na anamnese, na investigação clínica, diagnóstico e tratamento, o ginecologista repensa nova relação associada médico-paciente: o “pacto terapêutico” como foi chamado pelo psicanalista Michel Balint, o atendimento flui assim, no binômio psíquico-ginecológico, objeto maior do presente trabalho. A Ginecologia Psicossomática constitui mais uma colaboração, mais uma etapa neste sentido.
2. JUSTIFICATIVA
 O presente trabalho justifica-se pela necessidade de discussões acerca da saúde da mulher, especificamente sobre as causas psicossomáticas das doenças ginecológicas que podem estar ligadas a um significado latente, expresso nas entrelinhas da história dessas mulheres, que parece extrapolar o “conteúdo manifesto”, ou seja, as queixas verbalizadas ao médico. Faz-se necessário, portanto, esclarecer os fatores psíquicos intrínsecos da mulher, que estariam proporcionando a expressão psicossomática.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1. Ginecologia Psicossomática ou Ginecologia Emocional
Observa-se na perspectiva psicossomática em Ginecologia o desdobramento da sexualidade e da identidade feminina nos principais pontos de transição do ciclo vital da mulher: menarca, início das relações sexuais, gestação e menopausa (MALDONADO, 2010). A partir desta concepção, é possível atingir uma maior compreensão das disfunções, doenças ginecológicas e suas causas emocionais. Pelo viés do pensamento feminista, torna-se cada vez mais necessário discutir sobre a saúde da mulher, qubrar tabus, buscar novas formas de tratar sintomas ginecológicos e despertar a importância do autoconhecimento da mulher. É nesse contexto que surge a Ginecologia Emocional, um método de autoconhecimento cíclico e feminino, originada em 2017 pela pesquisadora Kareemi, que oferece autonomia às mulheres para descobrirem as origens emocionais e comportamentais de suas irregularidades ginecológicas, reunindo conhecimentos da Ginecologia Natural, Medicina Chinesa e Ayurveda. Este método defende que todo sintoma físico tem suas origens nas emoções, sendo o útero um dos principais órgãos capazes de traduzir as dores emocionais que as mulheres sentem, a partir de sintomas no corpo biológico. Seja por interferência direta do sistema neurológico ou por modificações nas barreiras imunes do organismo, estudos mostram a relevância das doenças que se somatizam no corpo por um fator emocional, proporcionando, assim, uma visão mais holística a respeito da natureza feminina.
Neste sentido, a Ginecologia Emocional traz que o corpo responde às emoções e o sistema ginecológico fala em cada fase do ciclo vital da mulher, como por exemplo, no período pré-menstrual, é comum que a mulher apresente uma alta carga de estresse e dores na região pélvica, fazendo com que a mesma ressignifique os sintomas e se conecte com as próprias emoções (ALVES, 2020). Portanto, a partir do contexto existencial da mulher, considerando sua história de vida e ancestralidade, pode-se dizer que não existe uma receita para cada irregularidade que possa ser eficaz para todas, “o caminho da cura está, primeiramente, em se autoconhecer, se reconectar com seu próprio corpo e de tudo que o atravessa e mobiliza” (RESTELLI, 2019).
3.2. Principais doenças ginecológicas e suas causas emocionais
Diante das inúmeras doenças ginecológicas, a vulvovaginite é uma das principais queixas ginecológicas que chegam nos consultórios médicos. É uma inflamação na região íntima da mulher, que pode ter diferentes causas, desde infecções ou alergias. Entretanto, a literatura traz que as vulvovaginites recorrentes podem estar associadas à expressão psicossomática, a partir da identificação de aspectos psicológicos em sua frequente ocorrência. (CORDEIRO, 2003).
Ainda segundo Cordeiro (2003), o sistema nervoso central é diretamente influenciado pelas respostas emocionais, consequentemente podendo interferir na resposta afetora que determina a imunidade vaginal. O funcionamento psíquico pode ser extremamente importantepara modular a resposta do sistema nervoso central, que inibirá as respostas imunes vaginais, que por sua vez facilitarão a recorrência.
Segundo Freud apud Cordeiro et al (2004), os fenômenos humanos têm sempre uma motivação e significação interna para que possam acontecer. Pode-se pensar que as Vulvovaginite Recorrente (VVR) apontam para uma dificuldade presente, por parte do sujeito, em aceitar e relacionar-se com seus conflitos afetivos e sexuais, determinando a formação ou manutenção do sintoma como uma forma inadequada de entrar em contato com estes conflitos.
A candidíase também é considerada uma das doenças mais frequentes, acometendo até mesmo mulheres sadias, levantando hipóteses de que os conflitos emocionais interferem no funcionamento normal do sistema nervoso autossômico, e podem ser determinantes de uma vivência relacional conflitiva e frustrante. Propõe-se como tratamento a exteriorização das emoções (PALMA; JACQUEMIN; DUARTE, 1996 apud CORDEIRO, 2003). 
Além destas, ainda temos a Síndrome do Ovário Policístico (SOP), endometriose, mioma uterino, vaginismo, dismenorreias graves, galactorréia (produção extemporânea de leite), distúrbios da libido ou do orgasmo, infertilidade amenorréia (ausência de menstruação), a dor pélvica crônica, a candidíase de repetição, as crises de herpes genital, as disovulias, a vulvodinia (vestibulite), a menóstase (parada súbita da menstruação), a dismenorréia (cólicas menstruais), certos abortamentos, a TPM, desconfortos do climatério (menopausa antecipada) e DST´s em geral.
4. CASO CLÍNICO
Mary, 21 anos, sem filhos, solteira, tem dois irmãos e moram todos com sua mãe. Chega à clínica queixando-se de desgaste emocional constante, falta de interesse sexual e apontando episódios recorrentes de vulvovaginite o qual associa a imunidade baixa pois todas as vezes que passava por um esgotamento emocional existia a manifestação da infecção.
Durante a sessão de terapia foi-se dito pela paciente que sua vida sexual é ativa, porém no momento das relações sente-se desconfortável e insegura com seu corpo, sentindo-se descontente.
Ao conversar com a terapeuta ela aponta para um conflito importante com relação à figura materna. A paciente relatou sobre sua mãe: “Ela dava atenção para minha irmã mais velha e para o meu irmão mais novo. Não dava atenção pra mim, era criada como um moleque.” Pode-se supor que no vínculo afetivo inicial com a mãe predominou a introjeção de imagens negativas desta, interferindo em adequada identificação com o feminino. 
Pode-se então levantar a hipótese de que Mary tenha introjetado predominantemente imagens negativas da mãe, permanecendo com fantasias inconscientes primitivas de uma feminilidade “ruim”, o que poderia comprometer sua capacidade de assumir a identidade feminina. Como consequência, na vida adulta, utilizam-se dos sintomas orgânicos da VVR para expressar, por meio do corpo, sua dificuldade interna para lidar com os conflitos relacionados com a sexualidade.
A doença e o sintoma repetitivo têm um significado que “pede” para ser compreendido para poder desaparecer. Ao longo das sessões, Mary compreendeu que se os sentimentos negativos ao qual relaciona a sua figura materna não for trazido à luz, compreendido e mudado, a VVR tenderá a se repetir indefinidamente, pois ela trata-se de um sintoma e não a causa.
A psicoterapia auxilia no descobrimento da origem dos sintomas e questões emocionais associadas a cada disfunção ginecológica. Ela vai trabalhar todo o conteúdo psíquico e que origina a expressão psicossomática para o retorno da saúde emocional e física fazendo com o que exista exercícios de amor próprio, autoestima e autoconfiança.
Refletir, sobre as questões que geram a enfermidade no corpo feminino, são de grande importância para o tratamento de doenças ginecológicas. O amor-próprio e o respeito pelo feminino também fazem parte desta cura. Lembrando que o tratamento médico é fundamental e não deve ser descartado, pois independente da causa a VVR trata-se de uma infecção e precisa receber diagnóstico e cuidados médicos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi abordado ao longo do trabalho, é possível relacionar que a ginecologia psicossomática está intimamente ligada a história da mulher. A questão emocional é um fator facilitador ou potencializador de inúmeras doenças ginecológicas, a manifestação se dá no corpo, mas sua origem pode estar na mente.
 Nesse sentido, observa-se que a forma como cada mulher vivencia sua sexualidade e outros fatores importantes de sua vida como menarca, início das relações sexuais, gestação e menopausa pode impactar de forma significativa em sua saúde mental. Por isso é importante que a sexualidade possa ser vivenciada sem tabus, pois a forma com que a mulher se vê diante do mundo e conhece o seu corpo são pontos principais para sua autoestima e auto aceitação já que o amor-próprio e o respeito pelo feminino é também uma chave para a cura. 
Os cuidados em saúde e a relação estabelecida com o médico é de fundamental importância, tendo em vista que é necessário que a mulher esteja consciente de tudo que acontece em seu corpo, sendo o centro de seu tratamento. As questões abordadas alinhadas com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar agregam imensamente no diagnóstico e cura das doenças psicossomáticas ginecológicas e na maioria dos casos esses quadros respondem à psicoterapia.
6. REFERÊNCIAS
CERCHIARI, Ednéia Albino Nunes. Psicossomática um estudo histórico e epistemológico. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 20, n. 4, p. 64-79, Dec. 2000. Disponível em:
CORDEIRO, Silvia Nogueira. Fatores socioeconomicos, sexuais e psicologicos associados as mulheres com vulvovaginites recorrentes. 2003. 116 p. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, SP. 
CORDEIRO, Sílvia N. et al. Vulvovaginites recorrentes: uma doença psicossomática. DST-J Bras Doenças Sex Transm, v. 16, n. 1, p. 45-51, 2004.
FARISAL, Alexandre Cury, TEDESCO, José Júlio de A. Ginecologia psicossomática. Atheneu, 2007.	
MALDONADO, Maria Tereza. Psicossomática e obstetrícia. In: MELLO FILHO, J. Psicossomática hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 2010.

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