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PATOLOGIA DAS ESTRUTURAS Fernanda Dresch Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar materiais e métodos para recuperação e reforço de fundações. Relacionar os materiais e métodos para recuperação e reforço de estruturas em concreto armado. Construir soluções para revestimentos e fachadas. Introdução Atualmente, a reabilitação e o reforço de estruturas assumem um im- portante segmento de mercado na indústria da construção civil. A sua finalidade é atender à necessidade de reestabelecer as condições originais das estruturas danificas (recuperação) ou, ainda, promover a adequação da capacidade resistente das estruturas em função do uso (reforço). Por- tanto, torna-se fundamental conhecer os tipos de materiais e métodos para recuperação e reforço de fundações e também de estruturas de concreto armado, bem como soluções para revestimentos e fachadas. Conhecendo, estudando e aprimorando essas técnicas, você poderá garantir a segurança e a integridade das edificações. Neste capítulo, você aprenderá os materiais e métodos para recupe- ração e reforço de fundações, assim como os materiais e métodos para recuperação e reforço de estruturas em concreto armado. Além disso, você aprenderá alguns tipos de soluções para revestimentos e fachadas. Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 169 25/04/2018 11:04:15 Materiais e métodos para recuperação e reforço de fundações A necessidade de realizar reforços em fundações muitas vezes está associada a uma mudança no sistema solo–fundação–estrutura já existente, buscando-se aperfeiçoar o seu desempenho. Quando a fundação existente não suporta mais as cargas a que ela está submetida, a mudança é necessária. Dessa forma, o reconhecimento da necessidade de uma intervenção na fundação é de grande valia, pois a falta dessa percepção pode, por exemplo, ocasionar o desabamento de uma edifi cação. Para isso, é necessário fazer um diagnóstico detalhado, buscando apresentar as causas dos danos ocorridos, fazer novas sondagens e instrumentar a obra, a fi m de avaliar a magnitude e a velocidade das defor- mações, para que a técnica e o dimensionamento do reforço a ser empregado sejam os mais adequados possível (GOTLIEB, 1998). Um reforço de fundação pode ser classificado como provisório ou perma- nente. Um reforço é considerado provisório quando houver uma sobrecarga de curta duração: faz-se um reforço que permita à fundação resistir àquele período. Já o reforço permanente fará parte da fundação original, sendo necessário quando esta não suporta mais as cargas atuantes nela ou, ainda, quando se sabe previamente que haverá um aumento no carregamento da edificação, de tal forma que a fundação original não suportaria a carga sem uma intervenção (GOTLIEB, 1998). Para um reforço apresentar bom desempenho, alguns cuidados são essen- ciais, como garantir a continuidade da ação estrutural da peça restaurada, garantir a transferência de cargas entre as peças novas e as antigas e garantir boa conexão entre o concreto novo e o antigo. Conforme Gotlieb (1998), a escolha do tipo de reforço a ser empregado deve levar em consideração o diagnóstico exibido pelas investigações do elemento de fundação, assim como pela experiência e pelo julgamento dos profissionais envolvidos no problema. As soluções para os serviços de reforços são muito variadas e dependem das condicionantes do problema em questão, como tipo de solo, urgência, fundações existentes, nível de carregamento e espaço físico disponível. A escolha do tipo de solução para reforçar uma fundação está relacionada com os problemas específicos em questão. Dessa forma, pode-se relacionar alguns tipos (ainda que não necessariamente todos sejam viáveis para um mesmo problema): reparo ou reforço dos materiais, enrijecimento da estrutura, aumento da área de apoio, melhoria das condições do solo, estacas injetadas, estacas prensadas, estacas convencionais, sapatas, tubulões e estacas adicionais em geral. Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço170 Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 170 25/04/2018 11:04:15 Reforço de fundações sem aprofundamento A escolha de não aprofundar o contato fundação–terreno recorre a dois tipos de soluções (ou a uma combinação deles): melhoramento das qualidades geotécnicas do terreno de apoio — que implica um domínio da geotecnia e conhecimento aprofundado sobre as características dos solos — ou alargamento da área de contato fundação–terreno, diminuindo assim a tensão de contato com o solo (NEVES, 2010). Reparo ou reforço dos materiais Gotlieb (1998) relata que se trata de um problema tipicamente estrutural, não associado à transferência de carga para o solo. É executado nos casos de agressão ao concreto e corrosão das armaduras que compõem sapatas, estacas, tubulões e blocos de coroamento. Enrijecimento da estrutura A escolha desse tipo de solução para reforçar uma fundação ocorre quando é necessária a diminuição dos recalques diferenciais. Esse enrijecimento pode ser alcançado por meio de implantações de vigas de rigidez interligando as fundações, ou da inclusão de peças estruturais capazes de gerar o travamento da estrutura (GOTLIEB, 1998). Aumento da área de apoio O aumento da área de contato se aplica em situações em que o terreno de apoio da fundação não dispõe de resistência sufi ciente para suportar as solicitações que lhe são impostas. Assim, pode-se optar pelo alargamento da área de contato fundação–terreno (Figura 1). O alargamento da área de contato entre a fundação e o terreno constitui-se na ampliação da seção em planta da sapata ou da base do tubulão, efetuada por meio de um “enxerto”. Em geral, esse enxerto é caracterizado pelo chum- bamento de ferragens na peça existente, o apicoamento de suas superfícies e o uso de resinas colantes, bem como traços especiais do novo concreto a ser aplicado, garantindo uma forte retração, para a melhor ligação entre o concreto antigo e o novo (GOTLIEB, 1998). 171Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 171 25/04/2018 11:04:15 O prolongamento das barras pode ser feito quebrando-se as bordas da sapata, até que fique exposto um trecho reto de ferragem, para soldagem ou instalação de luvas (tipo CCL) (PIANCASTELLI, 1997). Figura 1. Reforço de fundações com aumento da área de contato. Fonte: Adaptada de Piancastelli (1997). No entanto, um ponto importante a ser levado em consideração, ao aplicar essa metodologia, é o cuidado na hora da execução desse reforço. Se isso não for feito, a sapata só começa a funcionar para novas sobrecargas e assenta- mentos, não realizando uma correta repartição/distribuição das tensões de contato. Para aliviar essa situação, deve-se suspender a fundação original, antes de se executar o reforço, para que, após ter sido retirada a suspensão, a carga se distribua o mais uniformemente possível, aproveitando ao máximo o alargamento da sapata (COELHO, 1996). Melhoria das características do solo Existem diversos métodos para o melhoramento da compacidade ou da resistên- cia dos solos. Os tipos mais prováveis de serem utilizados são a injeção de nata de cimento ou gel sob altas pressões — ou jet grouting — e CCP (melhoria do solo por colunas). Entre essas soluções, a que mais se destaca é a técnica de jet grouting. Essa técnica, de forma geral, é um método facilmente aplicável, com a injeção, sob pressão (entre 30 a 50 MPa), de caldas de cimento no solo, nas suas várias modalidades, procurando preencher os vazios naturais dos solos e melhorando assim as suas características geomecânicas (NEVES, 2010). Ainda, a técnica de jet grouting dispensa trabalhos de escavação, o que evita a descompressão do solo, possibilita a execução em áreas confinadas e produz poucas vibrações.Também há a possibilidade de seleção dos níveis de terreno a se tratar, a capacidade de formar colunas com inclinação variada (de acordo com o projeto) e a possibilidade de inserção, no seu interior, de Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço172 Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 172 25/04/2018 11:04:16 elementos metálicos. A utilização de injeções ainda é recomendável quando os problemas associados aos terrenos se relacionam com a sua permeabilidade excessiva e existe a possibilidade de arrastamento por percolação. Nesse caso, a técnica assegura uma efetiva impermeabilização do solo (Figura 2) (COELHO, 1996; RODRIGUES, 2009). Figura 2. Aplicação da técnica jet grouting em colunas. Fonte: Perreira (2008). Em casos muito particulares (e somente em fundações superficiais), também é possível utilizar uma solução que recorra à substituição do terreno abaixo da fundação. Esse procedimento se justifica quando se verifica que as fundações foram executadas sobre camadas pouco resistentes e muito deformáveis, como aterros ou formações geológicas recentes. Assim, tenta-se substituir, de forma faseada, o terreno existente por concreto pobre — e não por outro tipo de solo, cuja compactação seria extremamente difícil. Reforço de fundações com aprofundamento No entanto, quando a utilização de reforço de fundações por melhoramento do terreno ou alargamento da base de fundação não é viável e se verifi cam grandes carências do terreno de fundação, é necessário transferir as cargas de fundação para um terreno mais competente. Para isso, os tipos de recalçamento mais usuais recorrem à execução de estacas metálicas, de madeira ou de concreto armado, cravadas ou moldadas no solo, encabeçadas por vigas metálicas ou de concreto armado. Ainda, outra solução corrente é a utilização de microestacas, a qual se destaca das anteriores pela possibilidade de execução em espaços limitados, com reduzido diâmetro e vibrações transmitidas ao solo (NEVES, 2010). 173Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 173 25/04/2018 11:04:16 Microestacas As microestacas surgiram após a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de auxiliar os esforços da reconstrução. No entanto, nas últimas décadas, essa tecnologia desenvolveu-se expressivamente, evoluindo de um conceito de uma rede de microestacas com capacidade reduzida de carga, com função de tratamento de solos, para o uso de elementos singulares com alta capaci- dade de cargas. Ela pode ser executada em qualquer tipo de terreno e com capacidades de carga variáveis (geralmente entre os 150 KN e os 2.000 KN), em função do seu diâmetro, das armaduras utilizadas, da técnica de execução e, acima de tudo, do solo que vai acomodar as cargas. Trata-se de elementos que trabalham tanto à compressão, como à tração, e transmitem as suas forças ao terreno essencialmente por atrito lateral (MARTINS; MIRANDA, 2006; TAVARES, 2014). Além de a aplicação de microestacas ser muito generalizada nas soluções de reforço de fundações, elas apresentam a possibilidade de execução em espaços limitados, em função de seu diâmetro reduzido. Além disso, permitem a execução de furos inclinados e dispensam as câmaras de trabalho sob as fundações. É ainda possível executar esses elementos de maneira a intersectar as fundações existentes — situação usual em elementos de fundação super- ficial, como sapatas. Quando é necessário reforçar as fundações de edifícios de pequeno porte, por exemplo, uma solução possível passa pela execução de uma grelha de microestacas que permita a transmissão das cargas diretamente para um estrato de terreno (Figura 3) (TAVARES, 2014). Figura 3. Grelha de microestacas. Fonte: Bullivant e Bradbury (1996). Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço174 Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 174 25/04/2018 11:04:16 Para saber mais sobre o assunto, leia o trabalho titulado Técnicas de Recalçamento e Reforço de Fundações, de Manuel João Niza das Neves (2010), em seu terceiro tópico: “Tipos de intervenção de reforço”. Materiais e métodos para recuperação e reforço de estruturas em concreto armado Com a exigências cada vez maior de as edifi cações apresentarem um bom desempenho e conforto, tem-se observado nos últimos anos uma grande preocupação com a questão da durabilidade. Entretanto, a necessidade de reparar as estruturas pode ser causada por vários fatores, como a mudança do uso, a ampliação ou a inviabilidade de demolição. Isso tem estimulado o desenvolvimento de técnicas de reforço e de materiais mais tecnológicos, que permitem maior efi ciência de reparo e desempenho. Em determinadas ocasiões, no caso de edifícios expostos à ação de diferen- tes agentes agressivos, nos ambientes em que estão localizados, profissionais se deparam com condições desafiadoras para a escolha da melhor técnica de reforço e do material que deverá ser utilizado. Em muitas situações, o método construtivo tradicional em concreto armado se mostra inadequado, lançando os engenheiros em busca de alternativas para solucionar os problemas que se apresentam em suas construções. Ao selecionar um sistema de recuperação ou reforço em estruturas, deve- -se levar em consideração diversos aspectos, mas principalmente a qualidade dos produtos, por meio de certificação de ensaios de resistência e controle de produção. Ainda, é preciso verificar a qualificação do serviço oferecido pela empresa prestadora de serviço; os equipamentos utilizados; o treinamento da mão de obra; o controle dos procedimentos por meio de inspeção das condições iniciais da estrutura; a correta preparação da superfície, de forma a garantir melhor aderência; um bom monitoramento do sistema escolhido, bem como períodos de manutenção necessários. Conforme Piancastelli (1997), algumas características e propriedades devem ser observadas, em relação aos materiais a serem empregados: resistência à compressão, à tração e ao cisalhamento; módulo de elasticidade; base química (mineral, epóxi, acrílica, entre outras); resistência a ataques químicos; esta- 175Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 175 25/04/2018 11:04:16 bilidade frente a variações de temperatura; coeficiente de dilatação térmica; resistência à abrasão; aderência ao concreto e/ou aço; retração. Desse modo, deve-se prever materiais que apresentam as características necessárias para conferir à estrutura um bom desempenho, garantindo eco- nomia com manutenção e longevidade do reparo. Materiais para recuperação e reforço de estruturas em concreto armado Concreto com polímeros As argamassas ou concretos modifi cados com epóxi ou látex apresentam três categorias que estão disponíveis comercialmente (MEHTA; MONTEIRO, 1994): a) Concreto de polímero (CP): o CP pode desenvolver resistências à compressão da ordem de 140 MPa em algumas horas, sendo indicado para trabalhos de emergência em minas, túneis e autoestradas, apesar do alto custo. Entretanto, não é favorável a aplicações em estruturas convencionais, em função das suas características térmicas e de fluência. Esse concreto é formado polimerizando-se uma mistura de monômero e agregado, sem água. b) Concreto modificado com látex (CML): o CML possui excelente capacidade de adesão ao concreto antigo e grande durabilidade a soluções agressivas, sendo empregado em pisos industriais e em re- cuperação de tabuleiros de pontes. Esse é um concreto convencional obtido com substituição parcial da água de amassamento por látex (emulsão de polímero). c) Concreto impregnado com polímero (CIP): o CIP favorece a efetiva vedação de microfissuras e de poros capilares — o que, no entanto, torna o material mais frágil. Tem sido usado em produtos pré-fabricados de alta resistência, favorecendo a durabilidade das superfícies de ta- buleiros e pontes.De acordo com Souza e Ripper (1998), os látex de polímeros aumentam a fluidez da mistura, permitindo redução do fator água/cimento. Além disso, eles retardam o início da pega e são incorporadores de ar no concreto (ou arga- massa) fresco. Portanto, por meio da mistura de uma resina epóxi apropriada, obtém-se um material de alta resistência mecânica e química, com capacidade de aderência bastante melhorada em relação aos concretos comuns. Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço176 Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 176 25/04/2018 11:04:17 Concreto com sílica ativa Conhecida também como microssílica ou fumos de sílica, a sílica ativa é um subproduto das indústrias de silício metálico e ligas ferro-silício. Ela atua no concreto alterando as suas características, em função da sua ação pozolânica e do seu efeito microfi ller, que, além de preencher os vazios, colabora para uma maior reatividade do material. Ainda, a sílica ativa apresenta como vantagem maiores resistências à compressão, à tração, à abrasão, à erosão, a ataques químicos; menor per- meabilidade, porosidade e absorção; maior aderência entre concreto novo e concreto velho e menor índice de reflexão no concreto projetado (SOUZA; RIPPER; 1998). Concreto com fibras Os concretos com fi bras resultam da mistura do concreto comum com fi bras esparsas na massa do concreto. Dessas fi bras, as mais utilizadas são as de aço, de vidro e de polímeros orgânicos; além destas, vegetais como a juta e o sisal também são usados. As fi bras melhoram algumas das propriedades do concreto, em especial a resistência e o alongamento de ruptura à tração (SOUZA; RIPPER, 1998). O concreto reforçado com fi bras é mais tenaz e resistente ao impacto, proporcionando uma forma mais efetiva de superar as suas características de fragilidade. Técnicas para recuperação e reforço de estruturas em concreto armado Diferentes técnicas de reforço de estruturas têm sido empregadas na indústria da construção civil. Qualquer técnica adotada requer como pressuposto principal do projeto a identifi cação das possíveis soluções, de forma a obter um sistema coerente com o ambiente em que se insere a estrutura, respeitando-se o partido arquitetônico e balanceando-se os aspectos relativos aos custos. Reforços com concreto armado Para reforço com adição de armadura, é necessário que o elemento a ser re- forçado seja aliviado das cargas a que está submetido, para que as armaduras existentes não estejam pré-tensionadas em relação às armaduras adicionadas (ZUCCHI, 2015). 177Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 177 25/04/2018 11:04:17 Diante da facilidade de execução e das vantagens econômica, o reforço de peças estruturais com concreto armado ou com concreto projetado é muito utilizado. No entanto, apresenta como desvantagens a interferência arqui- tetônica e o tempo necessário para que a estrutura possa ser colocada em serviço (Figura 4). Figura 4. Reforço por encamisamento retangular de concreto armado. Fonte: Piancastelli (2005). Outras alternativas no reforço de estruturas e em substituição ao concreto convencional podem ser utilizadas, como é o caso do concreto de alto desem- penho. Nesse caso, adotam-se estruturas com espessuras menores, podendo não ser necessárias alterações de forma significativa nas dimensões originais dos elementos reforçados (REIS, 2001). Além disso, para o sucesso do reparo, deve-se conseguir uma boa aderência entre o concreto novo e o velho, assim como a capacidade de transferência de tensões entre eles. Se houver incompatibilidade entre o concreto velho e o material a ser aplicado, podem aparecer falhas nos reparos, principalmente devido a diferenças de deformação e retração. Dessa forma, são necessários alguns cuidados para que essas falhas não venham a aparecer, como limpeza da superfície das armaduras antes da colocação do novo material, retirando-se todos os produtos da corrosão. Além disso, todo o concreto alterado deverá ser removido, assim como aquele em volta do perímetro da armadura na região da corrosão (REIS, 2001). Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço178 Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 178 25/04/2018 11:04:17 Reforços com perfis metálicos Um dos métodos de reforço em estruturas mais utilizados em emergências são os perfi s metálicos, uma vez que a técnica apresenta como característica positiva a não geração de grandes alterações na geometria da peça original. Esses perfi s são alocados mediante chumbamento com buchas expansivas e preenchimento com resinas por injeção; assim, é importante que a preparação do substrato seja feita com atenção, para que a aderência da chapa com o concreto do pilar original seja a melhor possível (REIS, 2001). Ainda segundo Reis (2001), algumas precauções devem ser levadas em consideração, uma vez que a técnica pode introduzir efeitos de segunda ordem danosos em outros pontos da estrutura — por exemplo, para o caso de pilares, sugere-se que o reforço seja feito de forma contínua nos pavimentos adjacentes, evitando assim tensões de cisalhamento nas lajes (Figura 5). Figura 5. Reforço com perfis metálicos. Fonte: [Reforço estrutural] ([200?]). 179Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 179 25/04/2018 11:04:17 Reforços com materiais poliméricos reforçados com fibras A utilização de reforço com materiais poliméricos reforçados com fi bras vem crescendo nas últimas décadas. Desse modo, houve uma enorme procura por materiais que fossem compatíveis com as estruturas tradicionais de concretos armado, apresentando ótimas características de durabilidade e resistência. Com isso, destacam-se os produtos compósitos (Figura 6) — materiais poliméricos reforçados com fi bras (PRF) ou fi ber reinforced polymer (FRP). Eles consistem em materiais de elevada resistência à tração, baixo peso específi co, resistência à corrosão e à fadiga (COSTA; JUVANDES, 2002; ZUCCHI, 2015). Figura 6. Reforço com PRF. Fonte: Costa e Juvandes (2002). Para saber mais sobre o assunto, leia o texto Reforço e Reabilitação de Estruturas de Betão Usando Materiais Compósitos de “CFRP”, do autor Luís Filipe Pereira Juvandes (1999). Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço180 Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 180 25/04/2018 11:04:18 Tipos de soluções para revestimentos e fachadas Por apresentarem uma posição estratégica, as fachadas de edifícios estão mais expostas a agressões externas, como vento, mudança de temperatura, chuvas, etc. Com o passar do tempo, essas fachadas podem ir se degradando e perdendo ligação física com o prédio. Ainda, as alterações nesses revestimentos podem prejudicar o desempenho e as funções básicas da edifi cação, como a valorização estética e econômica, a melhoria de estanqueidade da vedação, a regularização e o acabamento da fachada (BRAGA, 2010). Conforme Chaves (2009), existem inúmeras patologias, as quais podem ser tratadas e/ou solucionadas da seguinte forma: a) Empolamentos e deslocamentos: ao apresentar os sintomas de des- colamentos de peças de revestimento em uma edificação, o revesti- mento afetado deverá inicialmente ser removido no ponto em que não apresentar boa aderência ao suporte, por meio de corte em esquadria, delimitando de preferência áreas retangulares. Em seguida, deverá ser reposto o revestimento idêntico ao existente, garantindo a compatibili- dade entre a sua capacidade de deformação e a elasticidade da camada de colagem, conjugada com as juntas. Essa reposição deverá ser precedida de um tratamento prévio nas superfícies expostas do suporte, sendo necessário muitas vezes aplicar um produto que favoreça a aderência. b) Desprendimento da pintura: ao apresentar o desprendimento da pintura, a edificação deve primeiramentepassar por uma raspagem superficial dessa pintura e posterior aplicação de nova pintura. No entanto, deve-se dar uma demão com produto impermeabilizante, depois de a base se encontrar devidamente seca. c) Eflorescência: ao apresentar os sintomas de eflorescência, deve-se, em primeiro lugar, proceder à limpeza da fachada, de modo que posterior- mente seja possível a sua restauração. Em rebocos de cimento, recorre-se a uma limpeza com água fria ou quente a baixa pressão; em fachadas pouco sujas, utiliza-se a mesma técnica, com a adição de detergentes neutros em situações de grande sujidade. Em paredes de alvenaria de tijolo, os sais que aparecem com mais frequência são os resultantes de sulfatos e carbonatos de cálcio, magnésio, sódio e potássio. No entanto, a maioria das lesões se deve à presença de sulfato de magnésio, que pode cristalizar fora ou perto da superfície. Em função da sua solubilidade, o sal pode ser transportado por ação da água da chuva para o interior da 181Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 181 25/04/2018 11:04:18 alvenaria, reduzindo a destruição dos materiais de revestimento, mas ocasionando maiores problemas no seu interior. Dado que esse tipo de sal é solúvel em água e as operações de limpeza limitam-se à sua disso- lução, é importante proceder uma secagem artificial por sucção direta, após a aplicação da água, no sentido de extrair desta a água absorvida. Quando apresentar sais que não são solúveis diretamente em água, é preciso recorrer a uma limpeza química com 10% de ácido clorídrico. d) Destacamento: quando uma edificação apresenta destacamento em grande parte do revestimento, ela deverá passar necessariamente pela remoção de todo o revestimento de pintura envelhecido. Após fazer toda essa remoção, é preciso analisar se o suporte não se encontra danificado e se está apto e estável para receber o novo acabamento. É conveniente, antes da aplicação de um novo produto de pintura, ave- riguar a sua compatibilidade com as condições de exposição e com a natureza do suporte existente. Além disso, é fundamental a aplicação de um primário promotor de aderência sobre o suporte. e) Manchas: na remoção de manchas que resultam de sujidades provenien- tes da ação do meio ambiente, será necessário proceder à lavagem com água do paramento exterior. No entanto, é aconselhável uma raspagem prévia, de forma a eliminar as sujidades mais significativas. A fim de evitar o aparecimento de sujidades nas fachadas, devido ao arrastamento das poeiras pela água nos paramentos horizontais, deve-se controlar a velocidade com que a água poderá alcançá-los, por meio da utilização de superfícies lisas, proporcionando certa inclinação. Seria ainda aceitável a aplicação de um rufo em zinco sobre o peitoril de granito. f) Descoloração: a solução para a reparação dessa patologia — que se deve ao envelhecimento natural do material de revestimento — passa pela sua eliminação, efetuando-se uma decapagem integral do produto de pintura existente. Após a decapagem, deve-se assegurar que o suporte se encontra limpo, isento de decapantes e poeiras. Além disso, é preciso certificar-se da sua aderência para receber o novo produto de pintura. Para saber mais sobre o assunto, leia a dissertação de mestrado intitulada Patologia e reabilitação de revestimentos de fachadas, de Ana Margarida Vaz Alves Chaves, da Universidade do Minho. Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço182 Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 182 25/04/2018 11:04:18 1. A necessidade de realizar reforços em fundações, muitas vezes, estão associados a uma mudança no sistema solo-fundação-estrutura já existente, buscando-se aperfeiçoar o seu desempenho. Dessa forma, marque a alternativa correta sobre reforço em fundações. a) Um reforço é considerado permanente quando, haver uma sobrecarga de curta duração. b) O reforço pode ser classificado como provisório, quando irá fazer parte da fundação original, sendo necessário quando a fundação não está suportando as cargas atuantes nela ou ainda, quando se sabe previamente que haverá um aumento no carregamento da edificação de tal forma que a fundação original não suportaria sem uma intervenção. c) Para um reforço apresentar um desempenho satisfatório não necessita garantir a transferência de cargas entre as peças novas e as antigas e uma boa conexão entre o novo e o antigo concreto. d) O reconhecimento da necessidade de uma intervenção na fundação é de grande valia devida a falta dessa percepção pode ocasionar serias consequências a edificação, como por exemplo, no desabamento da mesma. e) As soluções para os serviços de reforços são muito variadas e independem das condicionantes do problema em questão, tais como: tipo de solo, urgência, fundações existentes, nível de carregamento e espaço físico disponível. 2. A escolha do tipo de solução para reforçar uma fundação está relacionada com os problemas específicos em questão e desta forma, pode-se relacionar alguns tipos sem que necessariamente, sejam todos viáveis para um mesmo problema. Dessa forma, marque a alternativa correta sobre as técnicas de reparo em fundações. a) Enrijecimento da estrutura: se aplica em situações que o terreno de apoio da fundação não dispõe de resistência suficiente para suportar as solicitações que lhe são impostas. b) Aumento da área de apoio: trata de um problema tipicamente estrutural, não associado à transferência de carga para o solo, sendo executado nos casos: de agressão ao concreto e corrosão das armaduras quem compõem sapatas, estacas, tubulões e blocos de coroamento. c) Melhoria das características do solo: constitui-se na ampliação da seção em planta da sapata ou da base do tubulão, efetuada por meio de um chumbamento. d) Reparo ou reforço dos materiais: trata de um problema tipicamente estrutural, não associado à transferência de carga para o solo. e) Microestacas: se destaca é a técnica de jet grouting. Esta técnica, genericamente, é um método facilmente aplicável com a injeção, sob pressão 183Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 183 25/04/2018 11:04:18 (entre 30 a 50 MPa), de caldas de cimento no solo, nas suas várias modalidades, que procura preencher os vazios naturais dos solos, melhorando assim as suas características geomecânicas. 3. Com a exigências, cada vez maior, das edificações apresentarem um bom desempenho e conforto, nos últimos anos se observa uma grande preocupação com a questão da durabilidade das edificações. Com isso tem-se estimulado o desenvolvimento de técnicas de reforço e de materiais mais tecnológicos que permitem maior eficiência de reparo e cada vez desempenho superior. Dessa forma, marque a alternativa correta sobre a recuperação e reforço em estruturas de concreto armado. a) A utilização do concreto cm sílica ativa apresenta como vantagem do seu uso, maiores resistências à compressão, à tração, à abrasão, à erosão, a ataques químicos. b) Os concretos com fibras são concretos resultantes da mistura do concreto com epóxi ou com látex. c) Para reforço com adição de armadura, não necessariamente o elemento a ser reforçado precisa estar aliviado das cargas a que está submetido. d) Um dos métodos de reforço em estruturas mais utilizados, em situação de emergência, são os perfis de concreto, devido a técnica apresentar como característica positiva, não gerar grandes alterações na geometria da peço original. e) Um dos métodos de reforço em estruturas mais utilizados, em situação de emergência, são os perfis metálicos, devido a técnica apresentar como característica positiva, não gerar grandes alterações na geometria da peço original. 4. Com relação às argamassas ou a concretos modificados com epóxi ou com látex, marquea alternativa correta. a) O concreto de polímero pode desenvolver resistências à compressão da ordem de 140 MPa em algumas horas, sendo indicado, apesar do alto custo, para trabalhos de emergências em minas, túneis e auto-estradas. b) O concreto com fibras possui excelente capacidade de adesão ao concreto antigo e grande durabilidade a soluções agressivas, sendo empregado em pisos industriais e em recuperação de tabuleiros de pontes. c) O concreto impregnado com polímero pode desenvolver resistências à compressão da ordem de 140 MPa em algumas horas, sendo indicado, apesar do alto custo, para trabalhos de emergências em minas, túneis e auto-estradas. d) O concreto modificado com látex (CML) é um concreto convencional obtido com substituição parcial da água de amassamento por látex (emulsão de polímero). e) O concreto com sílica ativa é um subproduto das indústrias de silício metálico e ligas ferro-silício e atua no concreto Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço184 Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 184 25/04/2018 11:04:18 BRAGA, C. C. Manifestações patológicas em conjuntos habitacionais: a degradação das fachadas. 2010. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2010. BULLIVANT, R.; BRADBURY, H. Underpinning: a practical guide. Oxford: Blackwell Science, 1996. CHAVES, A. M. V. A. Patologia e reabilitação de revestimentos de fachadas. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Minho, Escola de Engenharia, Braga, 2009. COELHO, S. Tecnologia de fundações. Lisboa: Edições E. P. G. E., 1996. COSTA, A. G.; JUVANDES, L. F. P. Reforço e reabilitação de estruturas: módulo 2. 184 f. 2002. Monografia (Formação Profissional) Universidade do Porto, Madeira, 2002. GOTLIEB, M. Reforço de fundações. In: GOTLIEB, M. et al. Fundações: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Pini, 1998. alterando suas características, devido sua ação dos polímeros. 5. Com relação as patologias e respectivas soluções em fachadas de edifícios, marque a alternativa correta. a) O Desprendimento da pintura ao estar presente em rebocos de cimento, recorre-se a uma limpeza com água fria ou quente a baixa pressão, porém quando estamos perante fachadas pouco sujas ou a mesma técnica com a adição de detergentes neutros em situações de grande sujidade. b) A edificação ao apresentar a patologia de eflorescência deve primeiramente passa por uma raspagem superficial da pintura e posterior aplicação de nova pintura. c) Manchas resultam de sujidades provenientes da ação do meio ambiente, como é o caso, terá que se proceder à lavagem com água, do paramento exterior. d) Descoloração: Uma edificação ao apresentar, em grande parte a descoloração deverá passar necessariamente pela remoção de todo o revestimento de pintura envelhecido. Após fazer toda essa remoção, deverá ser analisado se o suporte não se encontra danificado e se está apto e estável para receber o novo acabamento. e) Destacamento: A solução para a reparação desta patologia, que se deve ao envelhecimento natural do material de revestimento, passa pela sua eliminação, efetuando-se uma decapagem integral do produto de pintura existente. 185Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 185 25/04/2018 11:04:19 MARTINS, J.; MIRANDA, M. Fundações e contenção lateral de solos. Porto: U. Porto Editorial, 2006. MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura, propriedade e materiais. São Paulo: Pini, 1994. NEVES, M. J. N. das. Técnicas de recalçamento e reforço de fundações: metodologias, dimensionamento e verificações de segurança. 189 f. 2010. Dissertação (Mestrado) - Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2010. PIANCASTELLI, E. M. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto armado. Belo Horizonte: [s.n.], 1997. PIANCASTELLI, E. M. Patologia e terapia das estruturas: reforço com concreto. Belo Horizonte: [s.n.], 2005. [REFORÇO estrutural]. [200?]. Disponível em: <http://www.nucleofix.com.br/imagens/ produtos/reforco-estrutural-01.jpg>. Acesso em: 4 abr. 2018. REIS, L. S. N. Sobre a recuperação e reforço das estruturas de concreto armado. 114 f. 2001. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001. RODRIGUES, D. Jet Grouting: controlo de qualidade em terrenos do miocénico de Lisboa. 131 f. 2009. Dissertação (Mestrado) - Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2009. SOUZA, V. C. M.; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. São Paulo: Pini, 1998. TAVARES, L. S. N. Reforço estrutural de fundações e sua importância para a reabilitação e conservação do patrimônio histórico. 83 f. 2014. Monografia (Graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014. ZUCCHI, F. L. Técnicas para o reforço de elementos estruturais. 50 f. 2015. Monografia (Graduação) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2015. Leituras recomendadas FREITAS, V. P. et al. Manual de aplicação de revestimentos cerâmicos. Coimbra: [s.n.], 2003. JUVANDES, L. F. P. Reforço e reabilitação de estruturas de betão usando materiais: compósitos de “CFRP”. Tese (Doutorado) - Universidade do Porto, Faculdade de Engenharia, 1999. Apresentação dos materiais e técnicas destinadas a recuperação e reforço186 Cap_09_Patologia_das_Estruturas.indd 186 25/04/2018 11:04:19 http://www.nucleofix.com.br/imagens/ Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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