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IN TR O D U ÇÃ O À L ÍN G U A P O R TU G U ES A 2020 - 2022 INTRODUÇÃO À LÍNGUA PORTUGUESA 1. Interpretação e Compreensão 2. Tipos de Interpretação 3. Qual o papel da gramática? Nesta introdução você dará os primeiros passos para o estudo dos diferentes aspectos da gramática da Língua Portuguesa. Este módulo é composto pelas seguintes apostilas: 3www.biologiatotal.com.br INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO Interpretar um texto pode ser complexo e que requer bastante atenção, pois quando fazemos esse exercício, usamos as informações contidas nele para inferir e entender as informações que estão sendo expressas. Deste modo, a interpretação de texto pode adquirir um caráter mais subjetivo, já que o leitor precisará tirar suas próprias conclusões a partir do que está escrito e também permite certa multiplicidade de sentidos. Há também textos que não permitem interpretações subjetivas, ou seja, não permitem que o leitor faça inferências por possuir uma estrutura bastante clara e com informações precisas, não deixando margem para interpretações. Nestes casos, podemos pensar no sentido não da interpretação do texto, mas sim da compreensão do texto, visto que lidaremos com a decodificação das palavras, da coesão e da coerência do texto e até mesmo da pontuação que ajudará o leitor a compreender melhor as informações expressas. Deste modo, a compreensão de texto é bastante objetiva, com as informações já expressas no texto e sem margem para uma multiplicidade de sentido. Em um exercício escolar, por exemplo, não serão aceitas respostas que divirjam muito umas das outras. Para que possamos interpretar ou compreender um texto precisamos primeiro nos atentar para algumas informações: f O que é um texto: Independente do tamanho, o texto é um conjunto de palavras ou frases que estão relacionadas entre si e são dotadas de sentido. Não adianta várias palavras ou frases juntas mas desconexas pois não conseguiremos interpretá- las ou compreendê-las. f O que é contexto: é a ligação entre essas diversas frases ou palavras, que permitem que o leitor construa ou compreenda o sentido daquele texto. Uma palavra ou frase solta pode até ter um sentido, mas colocada junto com outras palavras ou expressões pode ter o seu significado alterado. f O que é intertexto: são as referências contidas dentro de um texto. Elas podem ser citações de outros autores ou mesmo citações de livros, referências a filmes, referências a músicas, tudo com o objetivo de enriquecer o texto. Para interpretar um texto, o aluno primeiro deve procurar identificar as informações contidas, relaciona-las com os fatos ou informações sobre questões da vida real, comparar essas informações e depreender todos esses elementos para construir os sentidos do texto. 4 In te rp re ta çã o e Co m pr ee ns ão Existem alguns requisitos que nos ajudam a fazer uma boa interpretação de texto e ainda compreendê-lo de maneira satisfatória: f O nosso conhecimento prévio sobre o assunto: na maioria das provas quase nunca sabemos como será a prova ou qual será o tema central, mas ainda assim é possível se preparar e é muito simples – devemos ler! A leitura e o conhecimento sobre vários assuntos são importantes pois nos mantem atualizados, nos mantem informados e constrói o que podemos chamar de repertório sobre variados assuntos. f Conhecimentos sobre história e literatura: pensar sempre que a interdisciplinaridade é muito importante no momento de ler e compreender o texto. Deste modo, é interessante conhecer períodos históricos, movimentos históricos; assim como compreender os gêneros textuais, escolas literárias, as estruturas também facilitarão esse processo. f Conhecimentos gramaticais e semânticos: saber minimamente quais são as classes gramaticais, seus usos, como uma palavra pode funcionar dentro de um texto e os seus significados. f Observar e raciocinar: é importante observar o texto, ler com atenção, procurar entender o contexto, procurar as referências e todos os elementos que facilitarão o entendimento daquele texto. Sabendo de tudo isso, podemos pensar sobre o processo de interpretação, que possibilita ao leitor inferir, criar hipóteses, deduzir e tirar do texto informações que não estão escritas explicitamente nele. Logo, a interpretação é esse esforço para captar o que podemos chamar de entrelinhas e justamente por isso esse processo é mais subjetivo, já que a interpretação depende dos conceitos e conhecimentos que cada leitor vai mobilizar durante a leitura. Para interpretar usamos o nosso conhecimento de mundo, os conhecimentos histórico/literários, os conhecimentos gramaticais e semânticos, entre outros. Entretanto, a compreensão consiste em buscar no texto as respostas que precisamos, ou seja, a resposta já está dada e não há margem para interpretações. Logo, esse processo é objetivo, pois codificamos as informações que já estão expressas para encontrarmos a resposta. Nesse processo é importante nos atentarmos a todas as informações que estão contidas no texto e somente nele. Pensando nisso, a compreensão do texto leva todos os leitores a uma única conclusão, que é aquela que já está dada e deste modo, não há uma possibilidade de respostas variadas. CUIDADO! Quando falamos que a interpretação de texto permite uma multiplicidade de sentidos, não estamos dizendo que todas as respostas são permitidas, visto que é necessário que a interpretação seja feita observando o contexto e as possibilidades interpretativas. Em português claro: NÃO VIAJE NA MAIONESE! 5www.biologiatotal.com.br In te rp re ta çã o e Co m pr ee ns ão RECAPITULANDO Interpretação e compressão textuais são coisas distintas: a primeira parte da decodificação das informações contidas no texto para que se possa, através delas, deduzir e fazer inferências para compreender o que está nas entrelinhas. Já a compreensão do texto consiste em codificar as informações que estão no texto, ou seja, ler e compreender apenas o que está dito ali, sem margem para interpretações. Interpretar é um processo subjetivo e compreender é um processo objetivo. ANOTAÇÕES http://www.biologiatotal.com.br 1www.biologiatotal.com.br TIPOS DE INTERPRETAÇÃO Na língua portuguesa temos dois processos para entendermos um texto: a interpretação e a compreensão. Dentro dessas duas possibilidades existem alguns passos que podem facilitar a interpretação e a compreensão dos textos, como veremos abaixo. f Pré-compreensão: esse passo diz respeito aos conhecimentos prévios que temos sobre um texto. Esse processo envolve os conhecimentos de mundo do indivíduo, os conhecimentos interdisciplinares, que são extremamente importantes, os conhecimentos linguísticos, semânticos e de estilo de um determinado texto ou gênero textual. Isso é importante pois, presume-se que para ler um texto, o aluno deve possuir conhecimentos anteriores. Exemplo: Para ler, compreender e interpretar um texto sobre culinária, o aluno deve ter a pré-compreensão sobre o que são alimentos, sobre a diferença entre eles, sobre cozimento, além de precisar ter uma ideia, ainda que vaga, sobre o que é uma receita. f Compreensão: com os conhecimentos prévios devidamente reconhecidos, a compreensão vai fazer com que o leitor perceba informações que ele já conhece e tome conhecimento de novas informações. É no momento da compreensão que o leitor pode compreender qual a intencionalidade de um texto, ou seja, a finalidade para a qual ele foi escrito e publicado, as justificativas presentes dentro do texto, quando o gênero textual permite e sua função social e consequente alcance, principalmente em provas como o ENEM e o vestibular. f Interpretação: a interpretação consiste justamente na construção dos sentidos que o leitor pode depreender a partir das informações que estão expressas ali. É a partir dessa interpretação que o texto ganha novos sentidos e tem sua potencialidade ampliada, visto que essa compreensãopermite a construção de vários significados desde que sejam respeitados os limites interpretativos possíveis. Recapitulando f A pré-compreensão são os elementos que antecedem a leitura, ou seja, todos os conhecimentos prévios do leitor, sua formação e os conhecimentos que já possui. f A compreensão são os conhecimentos mobilizados a partir da leitura, que podem ser algo que já sabia e vai apenas rever ou então os conhecimentos que vai adquirir através do texto. f E a interpretação é a visão, as inferências e deduções que o leitor será capaz de fazer depois de compreender o texto, ou seja, primeiro ele precisa entender para depois fazer suas próprias considerações a partir dele. 2 Ti po s de In te rp re ta çã o DICAS PARA UMA INTERPRETAÇÃO DE SUCESSO 1. Leia sobre tudo e todos os gêneros: ter o hábito de leitura é importante para construir conhecimento, construir informações e desenvolver boa capacidade de argumentação que pode ser usada tanto em textos orais quanto em textos escritos. É importante destacar também que, através da leitura sobre vários assuntos e de vários autores, a capacidade de pré-compreensão se desenvolve de maneira mais efetiva, fazendo com que o leitor possa usar essas leituras em benefício próprio na hora de compreender ou interpretar um texto. 2. Procure aumentar seu vocabulário: sempre que tiver dúvidas sobre o significado de uma palavra procure o seu sentido em um dicionário e também procure entender o contexto em que ela está sendo usada. A leitura de livros, jornais e revistas é o melhor caminho para tornar o vocabulário mais diversificado e culto. 3. Concentre-se: no momento de estudar é importante não deixar nada nos atrapalhar: esqueça o celular, o computador e as redes sociais e concentre-se na leitura e na construção dos sentidos de um texto. É imprescindível criar esse hábito ainda durante o período de estudos para que você mantenha a calma e a tranquilidade no momento da prova, deixando a inquietação de lado por estar sem o celular. ANOTAÇÕES 1www.biologiatotal.com.br QUAL O PAPEL DA GRAMÁTICA? Existe uma crença em nossa sociedade de que não sabemos português e que a gramática é sempre uma vilã, entretanto a história é um pouco diferente. Assim como tudo na vida segue determinados padrões e regras que facilitam a convivência e a compreensão de diversos fenômenos, com a língua portuguesa não é diferente. Na vida podemos pensar nas leis como um exemplo de regras que quando seguidas ajudam a todos, fazendo com que tudo seja mantido em ordem, na língua portuguesa quem faz essa função é a gramática, que regula a linguagem e cria padrões para a escrita e para a fala visando a boa interação entre todos os falantes da língua. Mas engana-se quem pensa que a gramática é apenas o conjunto de regras que aprendemos na escola, aquela é apenas um tipo, conhecida como gramática normativa e que é extremamente importante visto que muitas situações exigem o máximo de erudição e cuidado com a língua, como o caso de provas como o ENEM e o vestibular ou mesmo uma conversa com autoridades. Ainda assim, não faz sentido aprender a gramática somente por aprender, não adianta apenas decorar as regras sem saber como e onde usá-las. Podemos fazer uma analogia da gramática com a tabuada: quando decoramos a tabuada nossa vida se torna mais fácil, mas ela só faz sentido quando a aplicamos e a usamos nas operações matemáticas. O mesmo ocorre com a gramática, nós podemos saber o que é um substantivo, o que é um verbo e o que é uma oração subordinada, mas se não soubermos usar esses termos para compreender melhor os textos que lemos e os que escrevemos de nada adianta. Em uma visão mais ampla, a gramática é uma forma de preservação de um idioma, pois acompanha a sua evolução e compreende suas mudanças, as que estão em curso e as que já estão consolidadas, pois a língua é viva e está em constante processo de transformação. Uma prova disso é o acordo ortográfico implementado em 2008, que fez com que diversas palavras sofressem alterações, transformando várias coisas que já estavam estabelecidas na gramática da língua portuguesa. Neste sentido, a gramática serve para que o aluno possa se comunicar melhor, ampliando todo o seu potencial e capacidade de utilizar a língua, entendendo que a língua sofrerá diversas variações e a forma de se comunicar também. A melhor forma de aprender isso no ambiente educacional é se preparar através de textos que privilegiam várias situações comunicativas, para que o aluno compreenda, sobretudo, que não existe apenas uma variante da língua e sim diversas situações comunicativas, desde as formais até as informais, as situações em que temos que usar a variação normativa de modo impecável e situações mais descontraídas que não exigem a variante padrão. 2 In te rp re ta çã o e Co m pr ee ns ão ANOTAÇÕES Para isso é necessário entendermos quais são os tipos de gramática existentes. f Gramática normativa: é a utilizada na escola e nos cursinhos, que indica o modo como as pessoas devem falar e escrever corretamente visando a padronização da língua portuguesa. Neste caso há uma série de regras que são indicadas e devem ser seguidas, independente da história dos indivíduos, tradições culturais e traços da oralidade de cada um. f Gramática descritiva: esse tipo de gramática se preocupa em estudar e analisar as regras utilizadas pela gramática normativa, mas considerando fatores como contexto e variações linguísticas. Deste modo, ela não está preocupada em apontar o que é certo ou errado e o que pode ou não ser usado na língua portuguesa, mas se preocupa em observar fatores além da padronização da língua portuguesa. f Gramática histórica: esse tipo de gramática dedica-se a estudar a origem e a evolução de uma língua, analisando os processos históricos desde a formação de palavras até as transformações pelas quais a língua passa na atualidade. f Gramática comparativa: esse tipo de gramática costuma procurar pontos de contato e estabelecer comparações com outras línguas que possuem a mesma base. Podemos pensar em uma gramática comparativa que estuda as línguas de formação latina, por exemplo. Assim, podemos pensar na gramática como uma aliada para desenvolver toda a compreensão da língua portuguesa, independente do contexto e da situação de uso da língua. Sua função está ligada diretamente à produção de conhecimento, uma vez que a partir dela nos tornamos ainda mais competentes para analisar e interpretar textos, além de melhorarmos nossa capacidade de comunicação. Através dos cursos G R A M ÁT IC A E IN TE R PR ET A ÇÃ O 2020 - 2022 GRAMÁTICA E INTERPRETAÇÃO 1. Sinônimos e Antônimos 2. Polissemia e Ambiguidade 3. Homônimos e Parônimos 4. Tipos de Discurso e Transformação do Discurso 5. Pontuação Expressiva 6. Metáfora, Metonímia e Prosopopeia 7. Hipérbole, Eufemismo e Sinestesia 8. Antítese, Paradoxo e Ironia 9. Figuras de Repetição 10. Vícios de Linguagem Alguns elementos da gramática conforme empregados podem mudar totalmente o sentido de um texto. Conhecer esses elementos é essencial para uma boa interpretação textual! Este módulo é composto pelas seguintes apostilas: 3www.biologiatotal.com.br SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS Os sinônimos e antônimos integram, na língua portuguesa, a parte responsável pela significação das palavras, ou seja, sinônimos e antônimos é parte deste conteúdo responsável por analisar a relação entre os significados das palavras. SINÔNIMOS Assim, os sinônimos são palavras que apresentam significados muito próximos ou iguais. Tomemos alguns exemplos: f Casa, lar, morada; f Susto, espanto, surpresa; f Medo, pânico, terror; f Bonito, belo, elegante; É importante observamos que embora os sinônimos tenham seus significados parecidos, o seu uso nos textos vai variar de acordo com a intensidade de sentido que o autor deseja atribuir. Logo, é importante se atentar que alguns sinônimos possuemsentidos mais amplos que outros. Os sinônimos são classificados como perfeitos e imperfeitos. Os perfeitos são aquelas palavras que compartilham o significado idêntico e os imperfeitos apresentam significados semelhantes, mas não idênticos. Sinônimos Perfeitos Após Depois Alfabeto Abecedário Morrer Falecer Bonito Belo Encontrar Achar Calmo Tranquilo Casa Lar 4 Si nô ni m os e A nt ôn im os Sinônimos Imperfeitos Amor Paixão Moça Jovem Planeta Terra Feliz Alegre Ouça Escute Para entendermos a diferença entre sinônimos perfeitos e imperfeitos podemos observar os sentidos das frases abaixo: f Ouça os conselhos dos mais velhos. f Escute os conselhos dos mais velhos. Quando analisamos o sentido das duas frases conseguimos perceber a diferença de sentido presente entre elas. A primeira apresenta o verbo ouça, que está relacionado a ouvir, dando sentido literal para a frase. Assim, podemos dizer que o verbo ouça, nesse caso, se refere a capacidade auditiva de uma pessoa. Agora se analisarmos a segunda frase temos a palavra escute, que apresenta a conotação de escutar com atenção, dar atenção ao que está sendo falado. Sendo assim, essa frase ganha um sentido completamente distinto da primeira, ainda que ambas possuam sinônimos em sua composição. Quando os sinônimos são perfeitos não há alteração de sentido na frase, como podemos observar logo abaixo: f Aquele moço é belo. f Aquele moço é bonito. Neste caso, os sinônimos são considerados perfeitos por manterem apenas uma possibilidade de entendimento em ambas as frases, ou seja, não há a produção de outros sentidos diante dos sinônimos. Mas por que é importante estudar sinônimos? E melhor ainda, por que é importante compreender os sinônimos e o seu funcionamento? Os sinônimos são um importante recurso dentro de um texto, servem para tornar seu texto menos repetitivo e mais fluido e é importante para retomar um assunto. Outro ponto importante é que conhecer e entender os sinônimos pode nos ajudar a construir sentidos dentro de um texto, seja ele uma dissertação ou mesmo um texto que você pretende mandar para o crush. 5www.biologiatotal.com.br Si nô ni m os e A nt ôn im osANTÔNIMOS Ao contrário dos sinônimos que apresentam significados iguais ou muito parecidos, os antônimos são aquelas palavras que apresentam significado contrário a outras palavras. Ou seja, são aquelas palavras que apresentam sentido de contrariedade ou oposição. É importante observarmos que os antônimos podem ser constituídos de palavras diferentes, mas também pelo acréscimo de prefixos de negação, que são as partículas que inserimos antes de uma palavra para alterar o sentido, como in; des; a, e também formamos antônimos com o auxílio de palavras que possuem prefixos com significados contrários. Vejamos alguns exemplos abaixo: Antônimos Formados por Palavras Diferentes Bom Mau Bonito Feio Quente Frio Alto Baixo Forte Fraco Frio Calor Gordo Magro Antônimos Formados por Prefixos Atento Desatento Feliz Infeliz Típico Atípico Aceitável Inaceitável Normal Anormal Confortável Desconfortável Antônimos formados por palavras com prefixos com significados contrários Incluir Excluir Progredir Regredir Simpático Antipático Simétrico Assimétrico Explícito Implícito 6 Si nô ni m os e A nt ôn im os ANOTAÇÕES Vejamos o exemplo de um trecho da música Certas coisas, do cantor Lulu Santos. “Não existiria som Se não houvesse o silêncio Não haveria luz Se não fosse a escuridão A vida é mesmo assim Dia e noite, não e sim” Podemos notar que cada verso da música é constituído por antônimos, a saber: som/ silêncio; luz/escuridão; dia/noite; não/sim. Assim, é importante nos atentarmos que os antônimos são um importante elemento estilístico no texto, o exemplo dos antônimos na música trazem sonoridade, além de chamar a atenção do leitor ou ouvinte. 1www.biologiatotal.com.br POLISSEMIA E AMBIGUIDADE POLISSEMIA A polissemia é um fenômeno linguístico em que uma única palavra apresenta mais de um significado, sendo que o que vai determinar o seu sentido é o contexto. É importante nos atentarmos para o fato de que muitas pessoas confundem polissemia com homonímia, visto que as duas apresentam uma multiplicidade de sentidos, entretanto, na polissemia a origem e o conceito da palavra partilham a mesma base, ao contrário da homonímia, que apresenta conceito e origem diferente. Exemplos: A palavra cabeça em contextos diferentes. Bia estava com a cabeça cheia. Lucas é o cabeça do grupo. Na primeira frase temos o emprego da palavra cabeça referindo-se a uma parte do corpo e na segunda a palavra cabeça está precedida do artigo determinado o e dá o sentido de líder do grupo. Nesse caso precisamos observar que todas as palavras possuem significados distintos, significados estes determinados pelo contexto, entretanto, a origem da palavra é a mesma em todas as frases, que é a ideia de mente. A seguir uma lista com palavras polissêmicas: Gato Pode ser o animal ou ainda a palavra usada para se referir a beleza de um rapaz. Mangueira Pode ser a árvore frutífera ou o utensílio de borracha por onde passa a água. Banco Banco pode ser a instituição financeira ou o objeto feito para sentar. Vela Vela pode ser o objeto feito de parafina e usado para iluminação, ou ainda o instrumento utilizado no barco ou ainda o ato de velar alguém. Cabo Cabo pode ser parte de um objeto, como o cabo de vassoura ou uma patente militar. Dama A palavra dama pode ser utilizada para se referir a uma mulher ou então pode ser a peça de um jogo de tabuleiro. Boca Um exemplo clássico é a música “Boquinha da garrafa”. O verso clássico “vai descendo na boquinha na garrafa” se refere a abertura na parte superior de uma garrafa. Mas boca também pode ser usado para indicar a parte do corpo. 2 Po lis se m ia e A m bi gu id ad e POLISSEMIA E AMBIGUIDADE Como já dito anteriormente, a polissemia diz respeito a palavras que possuem mais de um significado e geralmente esses significados são definidos a partir do contexto da frase. Se a palavra estiver fora de contexto pode provocar ambiguidade em seu sentido, ou seja, causar um duplo sentido na apresentação. Vejamos um exemplo abaixo: No caso da tirinha, a polissemia está presente através da palavra vendo, que dependendo do contexto adquirir o sentido de vender algo ou de observar, ver algo. Essa tirinha brinca justamente com essas possibilidades interpretativas para retratar a ambiguidade, já que o interlocutor do personagem principal pergunta a ele quanto custa o pôr do sol e ele diz que só está vendo, ou seja, observando o acontecimento. A ambiguidade pode acontecer de duas maneiras, ela pode ser: f Lexical; f Estrutural. Ela é lexical quando acontece em decorrência dos significados das palavras. Observe a tirinha abaixo: 3www.biologiatotal.com.br Po lis se m ia e A m bi gu id ad eA ambiguidade lexical nesse caso está na palavra “porca”, que para o pai é a ferramenta usada para encaixar o parafuso, mas para o filho é o animal que está em sua fazenda. Vejamos agora um exemplo de ambiguidade estrutural. Nessa tirinha a dúvida do aluno é causada pelo emprego do pronome oblíquo a, que causa a dúvida se o que caiu foi a aranha ou a parede. A ambiguidade estrutural é sintática, visto que as palavras ocupam posições inadequadas nas frases, causando dúvidas quanto ao seu sentido. ANOTAÇÕES http://www.biologiatotal.com.br 1www.biologiatotal.com.br HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS Os homônimos e parônimos fazem parte dos estudos que compreendem a significação das palavras na língua portuguesa. HOMÔNIMOS Os homônimos são representados pelas palavras que possuem a mesma pronúncia, em alguns casos até a mesma escrita, mas com significados diferentes. Podem ser divididas em homônimos homógrafos, homônimos homófonos e homônimos perfeitos. Homônimos Homógrafos São palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Exemplos: Colher(substantivo) / Colher (verbo) f Maria, não coloque a colher na boca – substantivo f Este ano ele vai colher duzentas sacas de café – verbo Jogo (substantivo) / Jogo (verbo) f Ganhamos um jogo de panelas – substantivo f Eu jogo dominó com meu avô – verbo Molho (substantivo) / Molho (verbo) f Fizemos macarrão com molho bolonhesa – substantivo f Pela manhã eu molho todas as plantas – verbo Coro (substantivo) / Coro (verbo) f Fizeram um bonito coro na porta da escola – substantivo f Ela corou quando o viu – verbo 2 H om ôn im os e P ar ôn im os Homônimos Homófonos São palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Exemplos: Concerto (espetáculo musical) / Conserto (reparar alguma coisa) f Vimos um belo concerto de piano. f Não conserto liquidificador. Acento (sinal gráfico) / Assento (lugar para sentar) f O acento agudo é importante para diferenciar a entonação das palavras. f O ônibus tinha assentos sobrando. Cozer (cozinhar) / Coser (costurar) f Vou cozer os ovos. f Minha mãe vai coser o meu vestido essa tarde. Acender (colocar fogo) / Ascender (subir) f Ela acendeu a lareira. f Vamos ascender mais alguns degraus. Homônimos Perfeitos São palavras iguais na pronúncia e na escrita. 3www.biologiatotal.com.br H om ôn im os e P ar ôn im osExemplos: Cedo (substantivo) / Cedo (verbo) f Acordei cedo. f Eu cedo minha vaga para você. Barata (adjetivo) / Barata (substantivo) f A carne estava barata. f A barata entrou voando pela janela. Canto (substantivo) / Canto (verbo) f Coloque a mochila naquele canto. f Hoje sou feliz e canto, só por causa de você. Caminho (substantivo) / Caminho (verbo) f A felicidade é o único caminho. f Caminho todos os dias de manhã. PARÔNIMOS Já os parônimos são palavras que possuem semelhanças na escrita e na pronúncia, mas tem significados completamente diferentes. Exemplos: Comprimento (tamanho; extensão) / Cumprimento (saudação) f O comprimento da porta é de 2,20m. f O cumprimento foi tardio, ele não viu. Descrição (ato de descrever alguém ou algo) / Discrição (ser discreto) f A descrição foi fundamental para que encontrássemos o cachorrinho. f A discrição da jovem secretária era exemplar. http://www.biologiatotal.com.br 4 H om ôn im os e P ar ôn im os Flagrante (evidente)/ Fragrante (relacionado a cheiro) f Ele foi pego em flagrante. f As rosas eram lindas e fragrantes. Absolver (isentar)/ Absorver (incorporar) f Será que o juiz irá absolver o acusado? f O pano irá absorver o líquido? Inflação (alta de preços) / Infração (violação) f A inflação é a pior dos últimos anos. f Pedro cometeu uma infração gravíssima. Osso (parte do corpo humano) / Ouço (verbo) f O fêmur é o maior osso do corpo humano. f Ouço música sempre que vou caminhar. Peão (praticante de esportes com cavalo) / Peão (brinquedo) f O peão finalmente havia domado o cavalo considerado indomável. f O pião girou mais uma vez antes de cair. Expressões Parônimas Assim como as palavras, as expressões parônimas possuem semelhança na escrita e na pronúncia, mas significados diferentes. É importante se atentar pois elas alteram o sentido do texto. 5www.biologiatotal.com.br H om ôn im os e P ar ôn im os ANOTAÇÕES "Ao encontro de" "De encontro a" "À medida que" "Na medida em que" A favor Contrário Proporção Causa Exemplos: http://www.biologiatotal.com.br 1www.biologiatotal.com.br TIPOS DE DISCURSO E TRANSFORMAÇÃO DO DISCURSO TIPOS DE DISCURSO Na língua portuguesa existem três tipos de discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre, eles são usados nas narrativas para introduzir as falas dos personagens e seu uso varia de acordo com a intencionalidade do narrador e de qual efeito ele pretende provocar na narrativa. É importante lembrarmos que o narrador é muito importante dentro de uma história, pois é através dele que conhecemos os personagens, suas ações e desejos e todos esses fatos são justamente apresentados através do discurso. Veremos então as particularidades dos três tipos de discurso. Discurso Direto O discurso direto consiste na transcrição exata da fala dos personagens, sem que o narrador interfira no discurso. Muitas narrativas utilizam o discurso direto para compor suas histórias. O discurso direto é geralmente introduzido por verbos que anunciam a fala, como por exemplo, comentar, falar, observar, exclamar, entre outros; seguido por dois pontos e travessão na linha seguinte, ou em alguns casos vem entre aspas. Observem o exemplo abaixo: [...] Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos: - Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso bem! (Clarice Lispector) Podemos observar os elementos básicos do discurso direto, como os dois pontos e o travessão na linha seguinte dando início a fala da personagem, além de observamos também que o que antecede o início do discurso é a expressão “saiu aos gritos”, dando a entender que o discurso começaria logo a seguir. Assim, podemos compreender que a estrutura do discurso direto é: Verbo de elocução + Dois pontos + Linha seguinte + Parágrafo + Travessão 2 Ti po s de D is cu rs o e Tr an sf or m aç ão d o D is cu rs o Discurso Indireto O discurso indireto acontece através da intervenção do narrador, que usa suas palavras para transmitir o discurso do personagem. Logo, esse tipo de discurso acontece na terceira pessoa e não mais na primeira pessoa. O discurso indireto também é introduzido por meio de verbos de elocução, mas estão sempre acompanhados pelas conjunções que e se, como uma marca diferencial do momento da fala do narrador e da fala da personagem. Vejamos o exemplo abaixo: Em voz baixa, amarrada (assim tipo voz dos mafiosos do cinema, a gente sente uma coisa, diria o Rôni mais tarde, revirando os olhos), ele pediu calmamente que não telefonassem mais para a oficina porque o patrão estava puto da vida e além disso (a voz foi engrossando) não podia namorar com ninguém, estava comprometido... (Lygia Fagundes Telles) Aqui podemos notar o verbo de elocução (pediu) seguido pela conjunção que, tornando o discurso indireto, entretanto, antes do verbo de elocução temos ainda uma contextualização da situação, que é a voz do narrador antes de iniciar a fala da personagem, assim como logo depois da conjunção há também a fala da personagem expressa pela voz do narrador. Logo, a forma do discurso indireto é: Voz do narrador + Verbo de elocução + Conjunção + Fala do personagem personificada pelo narrador Discurso Indireto Livre esse é o tipo de discurso mais complexo, já que não apresenta grandes marcações como sinal de pontuação ou mesmo classes de palavras que funcionam como marca diferencial. Deste modo podemos entender que no discurso indireto livre as falas das personagens são introduzidas sem que haja uma mudança significativa, fazendo com que em alguns casos, as vozes do narrador e da personagem se confundam. Devemos observar então que, no caso do discurso indireto livre, a fala do narrador estará em 1ª pessoa e a fala do personagem em 3ª pessoa. TRANSFORMAÇÃO DO DISCURSO Muitos são os questionamentos sobre como transformamos o discurso direto em discurso indireto e vice-versa, mas para fazermos essa passagem devemos observar fatores como os tempos verbais, a pontuação, os pronomes e os advérbios. Observem o exemplo abaixo: 3www.biologiatotal.com.br Ti po s de D is cu rs o e Tr an sf or m aç ão d o D is cu rs o f Discurso indireto: O presidente decretou que todos se vacinassem. f Discurso direto: O presidente decretou: todos devem se vacinar. Podemos notar que no discurso direto há o uso dos dois pontos, mas no discurso indireto a pontuação deixa de existir. O tempo verbal também muda quando transformamos o discurso, quando mudamos para o discursoindireto estamos descrevendo uma frase que já foi dita por alguém, logo, o tempo verbal também irá para o passado e também é importante observar que, no discurso indireto, a frase ganha uma conjunção, neste caso que, ao contrário do discurso direto, que é marcado pela pontuação como forma de separar o discurso. Logo abaixo poderemos ver alguns pontos dignos de atenção quando transformamos o discurso: f A 1ª pessoa vira a 3ª pessoa; f Os pronomes seguem a mesma regra, os que estavam na 1ª pessoa mudam automaticamente para a 3ª pessoa; f Devemos observar sempre os tempos verbais. ANOTAÇÕES http://www.biologiatotal.com.br 1www.biologiatotal.com.br METÁFORA, METONÍMIA E PROSOPOPÉIA As figuras de linguagem são um importante recurso estilístico, que podem ser utilizados na linguagem oral ou na linguagem escrita e ajudam a aumentar a carga expressiva de um texto. É importante observamos que estas figuras podem ser divididas em pelo menos quatro categorias distintas, se diferenciando pelo seu uso e significado. Vejamos: Tipos de Figuras de Linguagem Figuras de palavra ou Figuras semânticas Essas se referem à significação das palavras e dentre elas estão a metáfora, a comparação, a metonímia, a sinestesia e a perífrase, entre outras. Figuras de pensamento Atuam na combinação de ideias ou pensamentos, como a hipérbole, o eufemismo, a ironia, a personificação, a antítese, o paradoxo, entre outras. Figuras de som ou Figuras de harmonia São conhecidas por trabalharem a sonoridade das palavras, como a aliteração, a onomatopeia, entre outras. Figuras de sintaxe ou Figuras de construção As figuras de construção são responsáveis pela interferência na estrutura gramatical em uma frase. Algumas das figuras desta classe são a elipse, o pleonasmo, a anáfora, a redundância, entre outros. Metáfora A metáfora representa uma comparação entre dois seres ou objetos, sem que seja necessário o uso de conectivos, fazendo com que a comparação seja implícita e gere certa proximidade entre os seres ou objetos comparados. Vejamos alguns exemplos abaixo: f Ditado popular “Filho de peixe, peixinho é” – nesse caso a metáfora está em dizer que o filho é parecido com o pai. 2 M et áf or a, M et on ím ia e P ro so po pé ia f Na música A música Fogo e Paixão do cantor Fagner faz um bom uso desse recurso estilístico, conforme podemos ver logo abaixo. “Você é luz, É raio, estrela e luar Manhã de sol Meu iaiá, meu ioiô” Neste caso, podemos ver que as palavras raio, estrela e luar são usadas no sentido denotativo, servindo como adjetivos para uma pessoa. Assim, a comparação se estabelece uma vez que o interlocutor usa esses “seres” para compará-los – você é como luz, você é como raio, estrela e luar. f Em charges A metáfora aqui faz parte do sentido apreendido na tirinha, visto que a imagem da panela de pressão representa uma metáfora sobre a superlotação do sistema penitenciário brasileiro. Metonímia A metonímia é uma figura de linguagem conhecida por proporcionar a substituição de um termo pelo seu todo, havendo entre eles alguma ligação. Podemos pensar no caso clássico do livro, é muito comum dizer que estamos lendo Machado de Assis quando queremos dizer que estamos lendo um de seus livros. A relação aqui, ou a substituição se dá quando trocamos o termo livro por Machado de Assis, um escritor de livros. 3www.biologiatotal.com.br M et áf or a, M et on ím ia e P ro so po pé iaEsse recurso é geralmente utilizado para evitar repetição nos textos, como no exemplo acima, substituímos a palavra livro e ainda demonstramos certo conhecimento acerca do que está sendo falado. Tipos de Metonímia A parte pelo todo Sua herança era formada por centenas cabeças de gado. A substituição consiste em cabeças de gado (parte) pelo boi (todo). Autor pela obra Sarah era fã de Clarice, já havia lido toda a sua obra. A substituição, nesse caso, consiste em Clarice (autora) por livro. Causa pelo efeito Este apartamento é fruto do meu suor. A substituição está em suor com efeito de trabalho nesta frase. Matéria pelo objeto “Hoje eu sei que quem me deu a ideia De uma nova consciência e juventude Tá em casa Guardado por deus Contando vil metal” O exemplo acima foi retirado da música Como nossos pais, interpretada por Elis Regina e a substituição ocorre em vil metal, se referindo a dinheiro. A marca pelo produto Fui ao mercado e comprei Oreo, Nutella e Toddy. Podemos ver as marcas sendo utilizadas para se referir aos produtos bolacha, creme de avelã e achocolatado. É importante observarmos que alguns estudiosos classificam a sinédoque como um tipo de metonímia. Essa figura de linguagem é caracterizada pela substituição de um termo por outro, de modo a ampliar ou reduzir o sentido desse termo. Entretanto, da perspectiva de alguns estudiosos, a metonímia se diferencia da sinédoque por fazer uma relação qualitativa na frase, criando uma relação de proximidade entre eles. Já a sinédoque cria uma relação quantitativa entre os termos de uma frase, gerando uma relação de redução ou ampliação dos sentidos possíveis. http://www.biologiatotal.com.br 4 M et áf or a, M et on ím ia e P ro so po pé ia Prosopopéia ou Personificação A prosopopeia ou personificação ocorre quando são atribuídas características ou ações humanas a objetos ou animais, sendo um importante recurso estilístico utilizado para marcar ou intensificar a expressividade do texto. Vemos essa figura muito bem trabalhada nas fábulas, visto que os animais ou mesmo seres inanimados como árvores e plantas ganham vida, características e sentimentos humanos. Vejamos um trecho da fábula da cigarra e da formiga: “Era uma vez uma cigarra que vivia saltitando e cantando pelo bosque, sem se preocupar com o futuro. Esbarrando numa formiguinha, que carregava uma folha pesada, perguntou: - Ei, formiguinha, para que todo esse trabalho? O verão é para gente aproveitar! O verão é para gente se divertir! - Não, não, não! Nós, formigas, não temos tempo para diversão. É preciso trabalhar agora para guardar comida para o inverno. Durante o verão, a cigarra continuou se divertindo e passeando por todo o bosque. Quando tinha fome, era só pegar uma folha e comer. Um belo dia, passou de novo perto da formiguinha carregando outra pesada folha. A cigarra então aconselhou: - Deixa esse trabalho para as outras! Vamos nos divertir. Vamos, formiguinha, vamos cantar! Vamos dançar!” Podemos ver na fábula, em que as personagens são uma cigarra e uma formiga, que diversas características e ações humanas são atribuídas a elas, como se preocupar, cantar, perguntas, se divertir. Outro exemplo é o texto Um apólogo, de Machado de Assis, cujos personagens são uma agulha e um novelo de linha. Vejamos o início da história: “Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? — Deixe-me, senhora. — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. 5www.biologiatotal.com.br M et áf or a, M et on ím ia e P ro so po pé ia— Mas você é orgulhosa. — Decerto que sou. — Mas por quê? — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu? — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados... Esse belo texto usa a metonímia como recurso para dar vida as personagens, atribuindo-lhes características tipicamente humanas como falar, usar de ironia, entre outras coisas. Personificação na PublicidadePodemos ver ainda a personificação na publicidade, como uma importante estratégia para criar identificação com o consumidor e conseguir sua atenção. Seguem alguns exemplos abaixo. Publicidade da marca Pepsi. Publicidade da marca M&M's. http://www.biologiatotal.com.br 1www.biologiatotal.com.br HIPÉRBOLE, EUFEMISMO E SINESTESIA As figuras de linguagem são uma ferramenta importante para a construção de textos, visto que quando usadas de modo correto ajudam a criar efeitos de sentido variáveis, ajudando ainda com questões como repetição de palavras, tornando o texto mais fluido. Veremos mais três figuras de linguagem: a hipérbole, o eufemismo e a sinestesia. HIPÉRBOLE A hipérbole consiste no uso de expressões ou palavras propositalmente exageradas, dando sentido dramático a palavra ou expressão. Esse é um recurso muito utilizado na literatura ou mesmo em músicas, visto que brincar com as ideias notoriamente exageradas pode criar efeitos de sentido que envolvam o leitor ou ouvinte na história. Outro uso possível da hipérbole é no texto publicitário, visando o destaque de determinada expressão ou mesmo destaque da situação que envolve a campanha publicitária. Essa figura de linguagem integra o grupo das figuras de pensamento, visto que seu uso remete a ideia em sentido figurado, além de transmitir uma carga emotiva e enfática ao termo ou expressão destacada. Vejamos alguns exemplos: f Em música “Por você eu dançaria tango no teto Eu limparia os trilhos do metrô Eu iria a pé do Rio a Salvador Eu aceitaria a vida como ela é Viajaria a prazo pro inferno Eu tomaria banho gelado no inverno Por você eu deixaria de beber Por você eu ficaria rico num mês Eu dormiria de meia pra virar burguês” 2 H ip ér bo le , E uf em is m o e Si ne st es ia Vemos o trecho da música Por você, do Barão Vermelho, em que as ideias são exageradas para demonstrar o estado apaixonado do interlocutor. f Em situações do cotidiano Estou esperando o ônibus há uma hora. Mãe, se eu não comer agora vou morrer de fome. Estou morrendo de sono. No dia a dia também usamos a hipérbole para aumentar o que estamos dizendo. Quem nunca disse que estava morrendo de fome? f Na literatura “Pela lente do amor Vejo tudo crescer Vejo a vida mil vezes melhor”. (Gilberto Gil) Aqui a hipérbole se apresenta de modo a dar o sentido exagerado no modo como o eu- lírico vê a vida, como um prenúncio aumentado de melhoria. f Na publicidade 3www.biologiatotal.com.br H ip ér bo le , E uf em is m o e Si ne st es ia Nas campanhas publicitárias acima vemos que a ideia de aumento exagerado não está propriamente nas palavras e sim nas ideias que elas carregam. Na primeira, as palavras enorme, imenso e colossal refletem o aumento do hamburguer e na segunda, a campanha da marca Pedigree usa a palavra forte, mas a ideia da hipérbole é representada pelo cachorro forte cavando o concreto. EUFEMISMO O eufemismo é justamente o contrário da hipérbole, pois consiste em empregar termos mais agradáveis para suavizar a ideia transmitida, diminuindo o impacto causado pelo teor da mensagem. Essa figura de linguagem está inserida na categoria de figuras do pensamento e é geralmente utilizada no cotidiano em contextos que exigem a moderação da fala, sobretudo diante de conteúdos impactantes e polêmicos e também é amplamente utilizada na literatura e na música. Vejamos alguns exemplos: f Na música “Estátuas e cofres E paredes pintadas Ninguém sabe O que aconteceu Ela se jogou da janela Do quinto andar Nada é fácil de entender...” Tradução: Pedigree, para cachorros fortes. http://www.biologiatotal.com.br 4 H ip ér bo le , E uf em is m o e Si ne st es ia No trecho da música Pais e filhos, do Legião Urbana, vemos o eufemismo na estrofe “ela se jogou da janela do quinto andar” para suavizar o anúncio da morte em decorrência do suicídio. f Na literatura “Quando a Indesejada das gentes chegar Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar” O poema de Manuel Bandeira usa do eufemismo para fazer referência a morte, a grande Indesejada das gentes. f Como recurso de humor Na tirinha acima o eufemismo é utilizado como recurso de humor, visto que suaviza o sentido da palavra fofoqueira, dizendo que na verdade a senhora é uma produtora de biografias orais não autorizadas. 5www.biologiatotal.com.br H ip ér bo le , E uf em is m o e Si ne st es iaNa tirinha acima a expressão “denunciar a decadência da raça humana” ganha um sentido mais brando quando é colocada como o ato de “narra poeticamente o desafio dos seres racionais mais frágeis do planeta diante do apocalipse”. Vejamos que além de “suavizar” a questão anterior ainda garante o humor da tirinha. f No dia a dia No dia a dia podemos utilizar o mesmo recurso, observe a frase abaixo: “Fofoqueira não, historiadora!” Aqui também temos o termo fofoqueira suavizado, dizendo que na verdade a pessoa é historiadora, ou seja, se ocupa dos fatos alheios a sua vida com um interesse maior. SINESTESIA A sinestesia integra o grupo das figuras de palavras e está associada a mistura das cinco sensações ligadas aos sentidos: tato, olfato, audição, visão e paladar, estabelecendo, assim, uma ligação entre os diferentes sentidos. Vejamos o exemplo abaixo: “Era uma vez Um lugarzinho no meio do nada Com sabor de chocolate E cheiro de terra molhada” Temos a representação de três sentidos no trecho da música Era uma vez, interpretada por Sandy e Júnior, já que o “lugarzinho no meio do nada” faz referência a visão, “com sabor de chocolate” ao paladar e “cheiro de terra molhada” ao olfato. ANOTAÇÕES http://www.biologiatotal.com.br 1www.biologiatotal.com.br ANTÍTESE, PARADOXO E IRONIA As figuras de linguagem são uma ferramenta importante para a construção de textos, visto que quando usadas do modo correto ajudam a criar efeitos de sentido variáveis, ajudando ainda com questões como repetição de palavras, tornando o texto mais fluido. Veremos mais três figuras de linguagem: a antítese, o paradoxo e a ironia. ANTÍTESE A antítese é uma figura de linguagem enquadrada dentro das figuras de pensamento, e é usada para destacar e intensificar o sentido de palavras ou expressões com sentidos contrários. Vejamos os exemplos abaixo: f Na música “Não existiria som Se não houvesse o silêncio Não haveria luz Se não fosse a escuridão A vida é mesmo assim Dia e noite, não e sim” Na música Certas Coisas, interpretada por Lulu Santos temos o exemplo de antítese, já que a letra é construída utilizando palavras contrárias, como som e silêncio, luz e escuridão, dia e noite, enfatizando a oposição entre elas e destacando cada uma. f Na literatura “Que pode uma criatura senão, Entre criaturas, amar? Amar e esquecer, amar e malamar, Amar, desamar, amar?” 2 A nt íte se , P ar ad ox o e Iro ni a No poema Amar, de Carlos Drummond de Andrade temos um exemplo da antítese na literatura. O poeta usa a ideia de amar e malamar; e amar e desamar de modo a destacar a oposição entre elas, dando o devido destaque a cada uma. f Na publicidade Na campanha publicitária da Lacta a antítese se consolida na ideia oposta de aberta e fechada, fazendo referência ao movimento que a boca faz durante a mastigação. PARADOXO É importante nos atentarmos também para a figura de linguagem conhecida como paradoxo (ou oxímoro), que é comumente confundida com a antítese. Entretanto, embora também seja baseado na contradição, essa figura de linguagem cria ideias contrastantes e contrárias de modo mais incisivo e radical, fazendo com que uma ideia exclua a outra, permitindo que a contradição aconteça. Vejamos alguns exemplos. f Na música “É tão difícil olhar o mundo e ver O que ainda existe Pois sem você meu mundo é diferente Minha alegria é triste Quantas vezes você disse que me amava tanto Quantas vezes eu enxuguei o seu pranto E agora eu choro só semter você aqui” 3www.biologiatotal.com.br A nt íte se , P ar ad ox o e Iro ni aO trecho acima é da música As canções que você fez pra mim, interpretada por cantores como Roberto Carlos e Maria Bethânia. O paradoxo aqui está no verso “minha alegria é triste”, visto que essas ideias são contrárias, mas a contradição só acontece porque uma ideia anula a outra. f Nas tirinhas O paradoxo na tirinha acima acontece pela contradição entre as ideais de certeza relativa e certeza absoluta, criando um efeito de humor no texto acima. O professor cria o próprio paradoxo ao afirmar que todas as certezas são relativas, mas quando questionado a respeito de sua própria afirmação ele responde que possui absoluta certeza sobre sua fala, excluindo a ideia anterior. IRONIA Já a ironia também é uma figura de linguagem muito importante e consiste em usar uma palavra para expressar exatamente o oposto do que ela significa, acrescentando uma carga cômica ao que foi dito ou mesmo deboche, sarcasmo ou zombaria. Podemos classificar a ironia de pelo menos dois modos: a ironia verbal e a ironia observável. A primeira ocorre por meio do discurso irônico, de modo proposital e pode se manifestar a partir da fala, ficando caracterizada como ironia oral, ou por meio de manifestações artísticas – como a literatura -, sendo chamada de ironia dramática. Vejamos alguns exemplos de ironia: f Na música “Bonito! Ha-ha-ha Que bonito, hein http://www.biologiatotal.com.br 4 A nt íte se , P ar ad ox o e Iro ni a Que cena mais linda Será que eu estou Atrapalhando o casalzinho aí” Podemos perceber a ironia no início da música 50 reais, interpretada pela cantora Naiara Azevedo: a forma como ela fala sobre a cena linda e a possibilidade de estar atrapalhando o casal, somado ao diminutivo “inho” dão a conotação irônica da situação, já que a cantora se refere ao fato de flagrar o marido com outra mulher. f Na literatura “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis” No pequeno trecho retirado da obra Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis temos a ironia na fala do personagem que diz ironicamente que foi amado enquanto possuía bens. f Na publicidade A ironia nessa propaganda publicitária consiste no jogo entre os nomes dos dois carros, remetendo ao chavão popular que alguma coisa não é páreo para outra. f Nas charges 5www.biologiatotal.com.br A nt íte se , P ar ad ox o e Iro ni aA ironia consiste na representação da cigana que ao ler as linhas da mão de seu cliente fala sobre a linha da pobreza, fazendo alusão sobre a situação econômica do país. DIFERENÇA ENTRE IRONIA E SARCASMO O sarcasmo é geralmente associado a ironia, colocado inclusive como um de seus sinônimos, entretanto, muitos estudiosos afirmam que ele possui um tom mais forte, com teor mais ácido, que ao contrário da ironia, tem como objetivo de ferir ou ofender o alvo de tal manifestação. Vejamos o exemplo abaixo: “O problema das mentes fechadas é que elas sempre têm as bocas abertas.” Podemos notar o sarcasmo na frase acima, que tem um tom bastante agressivo, podendo até ofender quando dito para uma pessoa. ANOTAÇÕES http://www.biologiatotal.com.br 1www.biologiatotal.com.br FIGURAS DE REPETIÇÃO As figuras de repetição são figuras de linguagem ligadas, de algum modo, ao recurso de reiteração, ou seja, repetição. Podemos destacar seis figuras de repetição: pleonasmo, anáfora, polissíndeto x assíndeto e aliteração x assonância. PLEONASMO O pleonasmo é a figura de linguagem que consiste na repetição desnecessária de um termo ou ideia, de modo a destaca-la. É necessário observar o contexto em que essa repetição acontece para identificar se esse recurso funciona como elemento de estilo dentro do gênero literário (pleonasmo literário) ou se funciona como um problema linguístico, provocando um vício de linguagem (pleonasmo vicioso). Vejamos alguns exemplos de pleonasmo literário: f Na literatura “Quero vivê-lo em cada vão momento E em louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento.” O exemplo de pleonasmo literário acima foi retirado do Soneto de Fidelidade, de Vinicius de Moraes e podemos ver que as ideias de riso e choro foram repetidas em demasia para destacar os sentimentos representados nos versos. f Na música “Todo dia ela faz Tudo sempre igual Me sacode Às seis horas da manhã Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca De hortelã...” 2 Fi gu ra s de R ep et iç ão Nesse trecho retirado da música Cotidiano, de Chico Buarque vemos o pleonasmo nos versos “me sorri um sorriso pontual” e “me beija com a boca”, dando ênfase a essas situações na música. E agora alguns exemplos de pleonasmo vicioso: f Em charges Na charge acima vemos a ocorrência do pleonasmo nas frases “suba pra cima” e "desça pra baixo", configurando um desvio da norma padrão da língua. f Em frases e expressões do dia a dia “Entrar para dentro” “Sair para fora” “Hemorragia de sangue” “Elo de ligação” As expressões acima são comumente utilizadas no dia a dia, que trazem a repetição geralmente de forma não intencional. 3www.biologiatotal.com.br Fi gu ra s de R ep et iç ãoANÁFORA A anáfora é uma figura de linguagem incluída no grupo das figuras de sintaxe e está sempre relacionada a estrutura sintática do texto. Desta forma, esse recurso se caracteriza pela repetição de palavras ou termos no início de versos, orações e períodos e é amplamente utilizada na poesia e na música, funcionando como recurso expressivo no texto. Vejamos alguns exemplos: f Na música “Quando não tinha nada, eu quis Quando tudo era ausência, esperei Quando tive frio, tremi Quando tive coragem, liguei Quando chegou carta, abri Quando ouvi Prince, dancei Quando o olho brilhou, entendi Quando criei asas, voei” O trecho da música À primeira vista, de Chico César usa a repetição da palavra “quando” no início de cada verso. f Na literatura “Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José!” Esse trecho retirado do poema E agora, José? de Carlos Drummond de Andrade repete a partícula “se” no início de cada nova estrofe, mostrando mais um uso dessa figura de linguagem. IMPORTANTE: Também recebe o nome de anáfora o processo de retomada de um termo da frase por meio de um pronome, por isso é importante se atentar para não confundir. http://www.biologiatotal.com.br 4 Fi gu ra s de R ep et iç ão POLISSÍNDETO O polissíndeto é uma figura de linguagem inserida dentro da categoria das figuras de sintaxe. Esse recurso é representado pelo uso excessivo e repetitivo de conjunções. O uso desse recurso contribui para o aumento da expressividade do texto, além da possibilidade de construir a ideia de acréscimo, acumulação, sucessão e continuidade. Outro ponto que pode ser observado quando esta figura de linguagem é usada é o ritmo do texto, que fica mais ritmado e lento ao mesmo tempo que ganha um ar mais solene e enfático. Vejamos o exemplo abaixo: f Na música “Chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar E se perder E se achar E tudo aquilo que é viver Eu quero mais é me abrir E que essa vida entre assim Como se fosse o sol Desvirginando a madrugada Quero sentir a dor dessa manhã” O trecho acima foi retirado da música Explode coração, interpretada pela cantora Maria Bethânia mostra um exemplo de polissíndeto através da repetição da conjunção “e”, que cria um efeito mais ritmado nas estrofes e dá a ideia de sequência. f Na literatura “Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.” Essa frase retirada da crônica O telefone, de Rubem Braga expressa bem a função do polissíndeto na literatura, visto que aqui a conjunção “nem” cria a ideia de sequência no texto quando enumera os fatos narrados. ASSÍNDETO Já a figura de linguagem assíndeto está inseridatambém dentro das figuras de sintaxe e é caracterizada pela omissão dos conectivos no texto, sendo usado para enfatizar os termos que seguem sem conectivos, marcando as partes importantes. Vejamos os exemplos abaixo: 5www.biologiatotal.com.br Fi gu ra s de R ep et iç ão f Na música “Tem que ser selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado, se quiser voar Pra lua, a taxa é alta Pro sol: identidade Mas para o seu foguete viajar pelo universo é preciso o meu carimbo dando o sim, sim, sim, sim” O trecho da música O carimbador maluco, de Raul Seixas mostra a ação do assíndeto no texto, visto que a omissão do conectivo “ele” logo na primeira estrofe seguido pelo encadeamento dos verbos destaca as partes mais importantes, nesse caso, o passo a passo que deve ser seguido. f Na literatura “Luciana, inquieta, subia à janela da cozinha, sondava os arredores, bradava com desespero” Esse trecho retirado da obra de Graciliano Ramos demonstra o assíndeto na literatura, uma vez que o conectivo foi omitido da frase, particularizando as ideias em sequência e contribuindo para que o texto transmita uma mensagem mais forte. ALITERAÇÃO A aliteração é uma figura de linguagem enquadrada dentro da categoria das figuras de som e pode ser entendida como a repetição de sons consonantais estabelecendo um efeito sonoro no texto. Esse recurso é amplamente utilizado em poemas e música, mas é possível observá-lo também em textos em prosa. Vejamos alguns exemplos: f Em trava-línguas “O rato roeu a roupa do rei de Roma.” “Três pratos de trigo para três tigres tristes.” A aliteração pode ser vista na repetição dos fonemas R e T no início das palavras, criando um efeito sonoro na frase. f Na música “Tô te querendo Como ninguém Tô te querendo Como Deus quiser http://www.biologiatotal.com.br 6 Fi gu ra s de R ep et iç ão Tô te querendo Como eu te quero Tô te querendo Como se quer” O trecho acima é da música Já sei namorar, interpretada pelo grupo Tribalistas e mostra a aliteração na música através da repetição dos fonemas T e C ao longo de toda a estrofe. ASSONÂNCIA A assonância também é uma figura de linguagem inserida dentro das figuras de som e representa a repetição de sons vocálicos, produzindo uma sonoridade particular no texto. Vejamos o exemplo abaixo: f Na literatura “Esta é a dos cabelos louros e da roupinha encarnada, que eu via alimentar pombos, sentadinha numa escada.” O trecho do poema Canção da menina antiga, de Cecilia Meireles mostra um exemplo de assonância ao repetir a vogal a por todo o poema, criando uma sonoridade particular nos versos. ANOTAÇÕES 1www.biologiatotal.com.br VÍCIOS DE LINGUAGEM Os vícios de linguagem podem ser entendidos como desvios que acontecem de modo não intencional em relação a norma padrão da língua portuguesa e costumam acontecer algumas vezes por descuido ou por falta de conhecimento em relação a variante normativa da língua portuguesa. Vejamos alguns desses desvios e suas características. BARBARISMO Esse vício de linguagem consiste no uso incorreto de uma palavra ou expressão, podendo acontecer na pronúncia ou na grafia. Existem alguns tipos de barbarismo como a silabada, a cacoépia, a cacografia e o estrangeirismo. f A silabada ou prosódia ocorre quando a um erro na pronúncia em relação à acentuação das palavras, ou seja, ocorre quando deslocamos a sílaba tônica da palavra. Vejamos alguns exemplos: Libido Líbido Ômega Omêga Perito Périto Rubrica Rúbrica Recém Récem f A cacoépia ou barbarismo ortoépico ocorre quando cometemos erros ao pronunciar as palavras, como nas palavras “praneta”, “bicicreta” ou “peneu”. f A cacografia ou barbarismo gráfico acontece quando erramos a grafia das palavras, ou seja, o modo de escrever, como nas palavras “adevogado”, “advinhar”. f O estrangeirismo corresponde ao uso de palavras estrangeiras que foram incluídas no nosso vocabulário como bowl no lugar de tigela, menu no lugar de cardápio. SOLECISMO Mais comum na linguagem informal, esse vício de linguagem é um desvio gramatical que acontece no nível sintático da língua portuguesa. Ele pode ocorrer no nível da concordância, no nível da regência ou ainda no momento da colocação pronominal. Vejamos cada um dos casos: 2 V íc io s de L in gu ag em f Concordância: A gente vamos para a praia. (O correto é a gente vai). As meninas chegou correndo depois que o sinal bateu. (O correto é as meninas chegaram). f Regência: Assisti o filme novo da Netflix. (O correto é assisti ao filme novo da Netflix). Fomos no médico ontem. (O correto é fomos ao médico). f Colocação: Eduardo não deu-me a bolacha. (O correto é Eduardo não me deu a bolacha). CACOFONIA Acontece quando a sequência de duas palavras produz um som desagradável, como em uma mão (mamão), eu amo ela (moela). Podemos ver ainda um exemplo na tirinha abaixo. f O celta cinza remete ao “céu tá cinza”. AMBIGUIDADE É um vício de linguagem responsável por deixar as frases com duplo sentido. Vejamos o exemplo abaixo: 3www.biologiatotal.com.br V íc io s de L in gu ag emECO Acontece quando as palavras da frase têm a mesma terminação, criando uma sequência de rimas na prosa. Vejamos o exemplo em um ditado popular. "Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão" f A sequência de “ão” cria o eco na frase. PLEONASMO VICIOSO Esse vício de linguagem também chamado de redundância é muito recorrente no dia a dia, e acontece quando usamos palavras ou expressões que acabam tornando a frase ou texto repetitivo. Vejamos os exemplos abaixo: ESTRANGEIRISMOS O estrangeirismo consiste no uso de palavras ou expressões provenientes de línguas estrangeiras e podem ser classificadas como anglicismos (quando as expressões vêm da língua inglesa), galicismo (quando as expressões vêm do francês), germanismo (do alemão), entre outros. A maioria dos estudiosos não veem o uso dos estrangeirismos com bons olhos por tornar o texto pedante, recomendando que as palavras e expressões usadas devem ser usadas de acordo com a língua materna. Vejamos alguns exemplos: IMPORTANTE! O pleonasmo pode ser usado como recurso estilístico, sobretudo em textos literários, de modo a criar uma relação de expressividade e ênfase. 4 V íc io s de L in gu ag em ANOTAÇÕES Anglicismo Galicismo Outdoor – painel Chofer – Motorista Performance – desempenho Complô - Conspiração Blefar – iludir Menu – Cardápio Lady – senhora Buffet – Bufê Glamour – encanto Filet – Filé Gentleman – cavalheiro Soufflé - Suflê Através dos cursos FU N ÇÕ ES D A L IN G U A G EM 2020 - 2022 FUNÇÕES DA LINGUAGEM 1. Elementos da Comunicação 2. Função Referencial e Função Poética 3. Função Fática e Função Metalinguística 4. Função Emotiva e Função Conativa Descrição: A linguagem possui diferentes funções, elas são de comunicação, emotiva, poética, conotativa e ainda tem muito mais. Nesse módulo você vai conhecer todas as funções de linguagem da Língua Portuguesa. Este módulo é composto pelas seguintes apostilas: 3www.biologiatotal.com.br ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO A comunicação é a base das relações humanas, visto que ela está associada a linguagem e a interação, fazendo com que a base dessa comunicação, que é a mensagem transmitida durante a interação aconteça entre um emissor (aquele que fala) e o receptor (aquele que recebe a mensagem). É importante entendermos que comunicar significa partilhar, trocar informações e ideias e que é justamente troca que possibilita que emissor e receptor construam significados e estabeleçam definitivamente a comunicação. Assim, os elementos que compõem a comunicação são: emissor, receptor, mensagem, código, canal de comunicação e contexto. Vejamos cada um dos elementos detalhadamente. f Emissor: é responsável por iniciar o processo comunicativo, produzindo e emitindo a mensagem. O emissor também pode ser chamado de falante ou locutor. f Receptor: também chamado de interlocutor ou ouvinte,é aquele que recebe a mensagem emitida pelo falante. f Mensagem: é o conjunto de informações ou conteúdo emitidas pelo falante. É importante nos atentarmos ao fato de que a mensagem pode ser verbal ou não- verbal, desde que faça sentido e seja adequada ao contexto comunicativo. f Código: representado pelo conjunto de signos (palavras, imagens ou símbolos) utilizados na mensagem. f Canal de comunicação: representa o meio por onde a mensagem será transmitida, como por exemplo: telefone, revista, televisão, e-mail, rádio, entre outros. f Contexto: corresponde a situação comunicativa em que estão inseridos o emissor e o receptor, ou seja, o ambiente de comunicação. O contexto também pode ser chamado de referente. 4 El em en to s da C om un ic aç ão Para que a comunicação aconteça é necessário que todos esses elementos estejam alinhados, ou seja, o emissor tem que transmitir uma mensagem que o receptor seja capaz de compreender e para isso ambos devem compartilhar o mesmo contexto, além da necessidade de possuírem conhecimento e acesso ao mesmo canal comunicativo; e também é imprescindível que os envolvidos no processo comunicativo conheçam o código usado para a comunicação, evitando RUÍDOS, que ocorrem quando há alguma interferência no processo de comunicação, seja pelo contexto inadequado, desconhecimento do código, além de fatores ligados ao ambiente como barulho, falhas no canal como problemas de volume e alto falante nos casos de celulares e telefones, entre outros. Referente/Contexto: assunto, situação. Emissor: produtor (escritor, falante...) Mensagem: texto Receptor: destinatário (leitor, ouvinte...) Código: língua Canal: meio de veiculação Vejamos alguns exemplos: 5www.biologiatotal.com.br El em en to s da C om un ic aç ãoNa tirinha acima temos uma situação em que as emissoras não compreendem o código, ou seja, a linguagem utilizada pela máquina. Nessa situação, essa dificuldade gera uma situação humorística. Na tirinha acima temos um ruído na comunicação personificado pela garotinha Mafalda, visto que ela não desempenha a função direta de falante, papel dado a professora e nem de ouvinte, já que este cabe a Manolito. É importante observarmos ainda que o contexto dessa tirinha é o ambiente escolar, mais precisamente uma aula de língua portuguesa. Nessa tirinha temos um exemplo claro dos elementos de comunicação funcionando de maneira harmônica, ainda que a tirinha tenha uma dose de humor com a resposta do personagem. Aqui temos a falante emitindo uma mensagem que é compreendida sem dificuldade pelo receptor, ou seja, o código é partilhado por ambos e não há nenhum ruído no canal de comunicação utilizado por eles. Quando a comunicação não ocorre ou deixa de ser eficaz Para que a comunicação aconteça é preciso que os seis elementos citados anteriormente estejam em ordem, logo, só nos comunicamos se o nosso receptor ou interlocutor consegue receber a mensagem e decodificá-la, ou seja, entende-la perfeitamente. Se a mensagem é emitida, mas não é recebida ela não cumpre o seu papel que é comunicar, se o interlocutor a recebe, mas não compreende o código usado ela também não terá valor, além do fato que, se o canal utilizado também apresentar um problema a comunicação perde a sua função primária. http://www.biologiatotal.com.br 1www.biologiatotal.com.br FUNÇÃO REFERENCIAL E FUNÇÃO POÉTICA FUNÇÕES DA LINGUAGEM As funções da linguagem são formas de utilização da linguagem que variam conforme a intenção do falante. Através da linguagem é possível transmitir informações, revelar desejos, demonstrar interesse por algo ou por alguém, dar uma ordem, entre outras situações. Nesse sentido, as funções da linguagem são um recurso utilizado para dar destaque a essa mensagem, de modo que ela cumpra com sua missão primária que é atingir o objetivo do falante diante da situação comunicativa. Existem seis tipos de funções da linguagem: função referencial, função poética, função emotiva, função fática, função conativa e função metalinguística e cada uma desempenha uma função, podendo ainda haver mais de uma função de linguagem no mesmo texto, embora uma seja predominante. Vejamos agora cada uma delas. FUNÇÃO REFERENCIAL A função referencial, também chamada de função denotativa ou informativa, é a mais utilizada no dia a dia e tem como objetivo informar, contar, anunciar, indicar, entre outros. Essa função é responsável por transmitir informações precisas, não dando muitas margens para interpretação. Seu uso pode ser observado em jornais, revistas, além dos discursos realizados por autoridades em algum assunto, como cientistas e professores. Dentre as características da função referencial estão: f Precisão e clareza nas informações transmitidas; f Comunicação impessoal, sem expressar opiniões próprias e/ou emoções; f As informações transmitidas possuem compromisso com a verdade, sendo pautadas em informações concretas e fatos já conhecidos. 2 Fu nç ão R ef er en ci al e F un çã o Po ét ic a A seguir alguns exemplos: O exemplo acima é um recorte do jornal online Folha de São Paulo em que a manchete principal revela o número elevado de mortes em decorrência do coronavírus e aponta na parte inferior alguns pontos de destaque. Ao observarmos podemos notar o uso de linguagem impessoal noticiando fatos que representam um momento do país. Este é a parte inicial de um artigo científico sobre saúde e educação, feito com base em uma dissertação de mestrado. O gênero artigo científico é marcado por apresentar fatos cientificamente comprovados, baseados em estudos e pesquisas científicas, realizadas através de um método. Esse tipo de texto é feito com linguagem clara e objetiva, sem margem para achismos e por isso usa a função referencial para comunicar os dados encontrados durante a pesquisa. 3www.biologiatotal.com.br Fu nç ão R ef er en ci al e F un çã o Po ét ic aObservação: é importante lembrarmos que a função referencial está diretamente ligada ao contexto comunicativo, que também chamamos de referente no elemento da comunicação. FUNÇÃO POÉTICA A função poética é predominante em textos literários, que utilizam o sentido figurado das palavras dotando o texto de literariedade. Entretanto, precisamos entender que a função poética não se aplica somente a poemas, mas também pode ser usada em textos em prosa e também na publicidade. A mensagem aqui é o foco de atenção, visto que o emissor se preocupa com a forma como ela será transmitida, se atentando as palavras, aos sentidos que elas carregam, aliando essas escolhas as figuras de linguagem para dar ainda mais peso ao texto, preocupando-se mais com o como dizer do que com o que dizer. Entre as características principais da função poética estão: f A utilização de uma linguagem mais elaborada, vista como expressão artística; f Múltiplas interpretações, possibilitando a construção de sentidos mais subjetivos; f Cuidado com o ritmo e sonoridade das palavras; f Uso de figuras de linguagem para explorar os sentidos e efeitos sonoros no texto; f Emprego correto do sentido conotativo das palavras; f Na publicidade a função poética se atenta muito a novidade. Vejamos alguns exemplos: Aqui temos um exemplo da função poética em um poema do Millôr Fernandes, que usa como recurso estilístico a disposição das palavras para criar um efeito poético no texto. Podemos ver, por exemplo, que as rimas são secundárias, visto que o primeiro e o terceiro versos não rimam, mas possuem sonoridade mesmo assim. http://www.biologiatotal.com.br 4 Fu nç ão R ef er en ci al e F un çã o Po ét ic a Aqui temos o exemplo da função poética na publicidade, visto que a marca O Boticário cria um trocadilho com a imagem do perfume Quasar que remete a palavra casar para criar a sua campanha de dia dos namorados. Podemos observar que a campanha publicitária é simples e curta, mas cria impacto tanto pelo visual aousar a embalagem do produto quanto pelo trocadilho, que confere um tom engraçado ao texto. ANOTAÇÕES 1www.biologiatotal.com.br FUNÇÃO FÁTICA E METALINGUÍSTICA FUNÇÃO FÁTICA A função fática, que também pode ser chamada de função de contato, é responsável por estabelecer uma ligação ou um canal de comunicação eficiente entre o emissor e o receptor da mensagem. Deste modo, podemos entender que o destaque dessa função é atribuído ao canal de comunicação. Essa função pode ser observada nos cumprimentos que utilizamos para dar início a comunicação, nas despedidas e em situações comunicativas como conversas de telefone. Dentre as características da função fática podemos destacar: f Pode ser usada no início, no meio ou no fim de um diálogo; f A função fática visa dar atenção a interação; f É comum a ocorrência de expressões informais; f Essa função é utilizada para testar o canal de comunicação. Vejamos alguns exemplos: f Em tirinhas Na tirinha acima devemos observar primeiro a situação, que é uma conversa telefônica. Logo depois podemos ver que ele introduz o diálogo com um cumprimento bastante informal: “Oi, eu, Calvin! Como vai?”. 2 Fu nç ão F át ic a e M et al in gu ís tic a O emissor ainda utiliza a expressão “ouça” para garantir que a mensagem está sendo transmitida, fazendo assim, um teste no canal de comunicação. Nessa tirinha vemos um outro exemplo da função fática, temos uma situação de comunicação entre duas amigas, desta vez de modo presencial. Apesar de ser uma situação presencial, uma das interlocutoras usa a expressão “alô” como forma de chamar atenção. Mas o mais importante é que, a função fática se apresenta aqui por mostrar o estabelecimento de uma situação de comunicação, embora a maior característica dessa tirinha seja fazer uma crítica à tecnologia e o modo como ela atrapalha o contato entre as pessoas. f Na música “Letra A, vamo começar Alô, por favor, Ana Maria está? Ela saiu com o namorado, quer deixar recado? Não, obrigado, deixa pra lá” O trecho acima foi retirado da música 2345meia78, do cantor Gabriel, o Pensador. Aqui podemos ver que a comunicação se dá por meio do telefone e o início da comunicação é marcada pela expressão “alô”. 3www.biologiatotal.com.br Fu nç ão F át ic a e M et al in gu ís tic aFUNÇÃO METALINGUÍSTICA A função metalinguística está presente no tipo de discurso que utiliza o código, ou seja, o conjunto de palavras, imagens ou símbolos, para explicar sobre o próprio código. Embora pareça algo complexo, a função metalinguística é bastante utilizada em diversas situações, como em dicionários e gramáticas, na poesia que fala sobre a própria poesia ou ainda sobre o fazer poético, no filme que fala ou ensina fazer filmes, na música que canta sobre músicas ou ainda sobre algum cantor. Essa função é bastante utilizada nas artes plásticas, mas também pode ser vista na literatura, em diversos gêneros textuais, no cinema e até mesmo na publicidade. Vejamos alguns exemplos. f Na poesia “Catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na da folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco.” O poema Catar feijão, do escritor João Cabral de Melo Neto é um exemplo da função metalinguística, visto que ao longo das estrofes o escritor usa a metáfora do catar feijão como forma de comparar o ato ao fazer poético, a escrita de maneira geral. Assim, temos um poema que reflete sobre a própria escrita e a criação de imagens poéticas. f Na música “Minha música não quer ser útil Não quer ser moda Não quer estar certa Minha música não quer ser bela Não quer ser má Minha música não quer nascer pronta http://www.biologiatotal.com.br 4 Fu nç ão F át ic a e M et al in gu ís tic a Minha música não quer redimir mágoas Nem dividir águas Não quer traduzir Não quer protestar Minha música não quer me pertencer” Aqui temos o exemplo da música Minha música, da cantora e compositora Adriana Calcanhotto. Como podemos ler nesse trecho, a cantora usa a própria música para falar sobre a música, sua função e seus desejos em relação a ela. Pensando de modo prático, temos o código, que é a música, sendo utilizado para falar dele mesmo. f Nas artes plásticas O quadro acima se chama A Arte da Pintura e foi pintado por Johannes Vermeer em 1666. Aqui podemos observar que o pintor holandês usou o seu próprio talento e trabalho para criar um quadro com outro pintor que também praticava o ofício. 1www.biologiatotal.com.br FUNÇÃO EMOTIVA E FUNÇÃO CONATIVA FUNÇÃO EMOTIVA OU EXPRESSIVA A função emotiva, que também pode ser chamada de função expressiva, tem como foco transmitir as emoções e sentimentos do emissor, ou seja, do falante, pois dessa forma podemos perceber a atitude de quem fala em relação a mensagem transmitida. É importante observarmos que a função emotiva confere certa carga emotiva ao discurso, que pode ser genuína ou dissimulada, por isso a mensagem costuma ser pessoal e subjetiva, pois passa pela visão de quem transmite a mensagem. Essa função também faz uso de figuras de linguagem e muitas vezes requer do receptor a capacidade de abstração, de entender a subjetividade, ou seja, ler nas entrelinhas. Podemos verificar a ocorrência da função expressiva em poemas, cartas, autobiografias, entrevistas e músicas. Pensando ainda nos meios digitais temos como exemplo os posts em redes sociais como Facebook e Twitter. Dentre as características presentes na função emotiva temos: f Uso da primeira pessoa do discurso, aumentando a carga de pessoalidade do texto; f Uso recorrente de adjetivos e interjeições para enfatizar o discurso; f Uso de sinais de pontuação como pontos de exclamação e reticências que ajudam a revelar o estado emocional. Vejamos alguns exemplos: 2 Fu nç ão E m ot iv a e Fu nç ão C on at iv a A tirinha mostra muito bem o uso da função emotiva, apresentando o discurso do emissor em primeira pessoa com um discurso bastante subjetivo ao revelar seus sentimentos. É possível observar ainda que logo na primeira frase há o uso de reticências, criando um suspense tanto em relação ao restante da frase como para conferir ainda mais emoção ao discurso. Amo-te tanto, meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade Amo-te afim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. (Vinicius de Moraes) O trecho acima foi retirado do poema Soneto do Amor Total, de Vinicius de Moraes, que apresenta o eu-lírico em primeira pessoa expressando seus sentimentos. Aqui é importante observar o cuidado com a linguagem que é tratada como uma genuína expressão artística, além dos adjetivos utilizados para caracterizar essas emoções. As reticências também foram utilizadas como recurso da função expressiva, trazendo certos momentos de hesitação que refletem o estado de espírito do emissor. FUNÇÃO CONATIVA OU APELATIVA A função conativa, que também pode ser chamada de função apelativa, tem como principal objetivo influenciar o receptor da mensagem a fazer algo. Pode ser entendida como uma convocação para que quem recebe a mensagem tenha determinado posicionamento ou atitude, impelindo-o a assumir determinada postura ou faça determinada coisa. Essa função é bastante utilizada na publicidade, em propagandas e também em discursos políticos e sermões, visto que o emissor pode ser uma marca ou mesmo uma figura política que fala de modo a convencer o seu público a comprar ou fazer algo. Dentre as características dessa função temos: f O uso de verbos no imperativo, que são utilizados para dar ordens, fazer pedidos, etc;
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