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DIABETES MELLITUS Relembrando alguns conceitos importantes... Metabolismo intermediário: - Período pós-prandial: aumento de glicose aumento de insulina (pâncreas) A insulina vai levar a glicose para as células e o excesso vai ser transformado em glicogênio (muscular), gordura e proteína = processo chamado anabolismo. - Período de jejum: queda de glicose queda de insulina Ocorre a atuação dos hormônios contra insulínicos (Glucagon, adrenalina, cortisol e GH) que vão fazer papel de catabolismo, transformando o glicogênio em glicose, a proteína e a gordura, através da gliconeogênese, em glicose também; Porém, quando muita gordura é quebrada forma ácidos graxos corpos cetônicos que são substâncias acidas, portanto, jejum prolongado causa uma acidose no paciente. Classificação - DM1: ausência de insulina Hipoinsilinismo absoluto: em vez de pedir insulina nos exames laboratoriais, solicita a dosagem de peptídeo C, que será indetectável ou < 0,1 Doença autoimune: anti-ICA, anti-GAD, anti-IA2 Paciente típico: <30 anos, magro Esse paciente não tem insulina, então o organismo dele entende que está em constante jejum gerando emagrecimento, portanto quebra proteína, gordura e glicogênio e a glicose aumenta cada vez mais no sangue osmolaridade aumenta polidipsia poliuria. Só que esse paciente não consegue reservar a glicose, ou seja, ele vai continuar sempre com fome e não engorda Quadro clínico: polidipsia, poliúria, emagrecimento, polifagia, cetoacidose *Sem a insulina a mortalidade é de 100% - DM2: insulina insuficiente ou não está eficaz Resistencia periférica à insulina + Fadiga pancreática secretória Aumento de peso é um grande fator de risco para desenvolvimento de DM e de pior prognóstico, porque o pâncreas vai ter que trabalhar para entregar o dobro de insulina já que a resistência periférica está aumentada Ao longo do tempo o pâncreas vai cansando e passa a entregar menos insulina, em vez do dobro entrega menos porque já está sobrecarregado, “fadigado” Genética-ambiental Paciente típico: > 45 anos, obeso Assintomático durante anos até abrir o quadro de complicações (doença traiçoeira que atrasa o diagnóstico e também atrapalha a adesão do paciente): - Macrovasculares: IAM, doença arterial periférica, AVE - Microvasculares: retinopatia, neuropatia, nefropatia Outros tipos: gestacional, drogas, Cushing Diagnóstico: Glicemia de jejum: ≥ 126 mg/dL (↑ risco cardiovascular) Glicemia 2 horas pós-75g glicose – TOTG teste oral de tolerância a glicose: ≥ 200mg/dL Hemoglobina glicada – resume os últimos 3 meses do paciente: ≥ 6,5% · 2 testes diferentes ou iguais que possuem alterações e podem ser na mesma amostra de sangue ou então em amostras em dias diferentes · OBS.: se os dois exames derem discrepantes, escolhe o alterado e repete Glicemia ALEATÓRIA (sem jejum) ≥ 200 mg/dL + sintomas de DM - Estado pré-diabético: Glicemia de jejum: 100 – 125 mg/dL TOTG: 140 – 199 mg/dL Hemoglobina glicada: 5,7 – 6,4% · Qualquer um desses que vier positivo já caracteriza pré-diabetes, a partir desse resultado esse paciente precisa fazer acompanhamento e novo laboratório anualmente · O teste mais sensível é p TOTG, então geralmente antes de ter certeza que é é-diabetes com glicemia de jejum ou hemoglobina glicada alteradas pedir o TOTG, porque se estiver alto já pensa em diabetes Rastreamento populacional: 3/3 anos com qualquer método listado anteriormente · IMC > 25 + fator de risco (HAS, sedentarismo, dislipidemia, história familiar para DM 1, SOP, acantose) · Idade ≥ 45 anos · HIV que vai iniciar o tratamento ou está em tratamento Tratamento: - Alvo: · Hemoglobina glicada (HbA1c) < 7% mais importante por 3 meses · Glicemia capilar pré-prandial 80-130 mg/dL 4 medidas por dia · Glicemia pós-prandial < 180 mg/dL se, sem controle DM tipo 1: · Insulinoterapia: 0,5 a 1 UI/kg/dia Tipos de insulina: · Rápidas – imitar pico pós-prandial INSULINA INÍCIO DURAÇÃO LISPRO/ASPART/ GLULISINA (ultra-rápida) 5 minutos 4 horas REGULAR - SUS (rápida) 30 minutos 6 horas · Lentas – imitar o basal para contrapor os hormônios contra-insulínicos NPH - SUS (intermediária) 2 horas 12 horas DETERMIR/GLARCINA/DEGLUDECA (lenta) 2 horas 18-24 horas - Ou seja: · As insulinas de ação ultra-rápida serão aplicadas imediatamente antes de comer ou regular será aplicada 30 minutos antes da refeição · As insulinas basais (lentas) serão feitas 2x/dia se NPH ou 1x/dia se for da classificação lenta - Esquema de múltiplas aplicações: Nesse esquema a insulina de ação rápida será aplicada imediatamente antes das refeições (café, almoço e jantar) ou 30 minutos antes delas a depender da insulina escolhida; Associado a isso, o uso da NPH 2x/dia ou 1x/dia se for de ação lenta Dose: ½ rápidas e ½ lentas escolhe uma insulina para rápida e outra para lenta, a dose depende muito porque vai variar de acordo com a alimentação do paciente - Esquema de 2 aplicações: Não é fisiológico porque o paciente vai viver tendo picos de insulina e os horários precisam ser regrados Regular + NPH antes do café da manhã – 2ª aplicação regular + NPH antes do jantar Dose: NPH 70% + REGULAR 30% de manhã e à noite NPH 50% + REGULAR 50% O responsável para cada glicemia: · Glicemia pré-café: NPH noite · Glicemia pré-almoço: regular manhã · Glicemia pré-jantar: NPH manhã · Glicemia antes de dormir: regular noite Quando acontece a hiperglicemia matinal: Fenômeno do alvorecer – manhã desprotegida, quando acordamos temos picos de hormônios contra-insulinicos, especificamente cortisol e GH Efeito Somogyi – hipoglicemia da madrugada, quando o paciente faz a NPH e fica sem comer nada na madrugada faz hipoglicemia 3 da manhã e faz efeito rebote com os picos de hormônios contra-insulicos ao amanhecer *Para resolver qual desses dois é o causador = dosar glicemia 3 horas da manhã, caso não seja possível, para não errar faz a NPH mais tarde que o habitual - Conduta: alvorecer aumentar a dose da NPH Somogyi reduz NPH ou faz lanche à noite - Padrão-ouro tratamento: Esquema de infusão contínua – bomba de insulina conectada a um cateter no tecido subcutâneo e na bomba uma insulina de ação ultrarrápida, quando o paciente for fazer as refeições aperta para fazer a aplicação DM tipo 2 Medicamentos que ↓ Resistência insulínica: Biguanidas (metformina) - Risco de acidose lática/ ↓vitamina B12 - ↑ Benefício cardiovascular - Não usar em insuficiência renal (clearance < 30ml/min), insuficiência hepática ... *Existe divergência em relação ao aumento ou redução de peso com o uso dessa medicação Glitazona (pioglitazona) - ↑ peso, retém sal (não usar em insuficiência cardíaca grave ou sintomática), risco de fratura ↑ Liberação de insulina: todas aumentam o peso e risco de hipoglicemia Sulfonilureias (gliclazida, glipizida, glimepirida) - ↑ secreção basal de insulina, possuem eliminação renal (cuidado com pacientes nefropatas) - pode ser combinada com a metformina Glinidas (repaglinida, nateglinida) - ↑ pico pós-prandial de insulina - ruim porque tem que tomar várias x por dia Medicamentos que ↓ Absorção de glicose: Acarbose – 2ª linha do tratamento - ↓ glicemia pós-prandial – deixa a glicose disponível mais tempo - Causa flatulência, diarreia Incretinomiméticos: incretina é uma proteína que aumenta a insulina dependente da glicemia Inibidores da DDP-4 (gliptinas) - Evitam a degradação da incretina Análogos de GLP-1 (exenatida, liraglutida...) - Diminuição de peso - Estimula o receptor da incretina - beneficio cardiovascular - administração subcutânea – pode ser um problema para o paciente Inibidores do SGLT2: ↓ reabsorção tubular da glicose paciente urina glicose Glifozinas (dapaglifozina, canaglifozina, empaglifozina) - ↓ peso e HAS - candidíase/ ITU/ poliúria por conta da glicosuria - ↑ beneficio cardiovascular e doença renal - pode usar em pacientes com insuficiência cardíaca com ejeção de fração reduzida sem o paciente ter diabetes para melhorar a sobrevida RESUMINDO O TRATAMENTO: 1. Paciente com DM independentemente do nível glicêmicona primeira consulta: Metformina (500 a 2.550mg/dia) + MEV (mudança de estilo de vida) 2. O 2º agente entra se: a. Presença de doença aterosclerótica, IC ou IR ao diagnostico entra com análogo da GLP-1 ou inibidor da SGLT-2 + metformina *OBS.: se for doença aterosclerótica é preferível o análogo do GLP-1, se for IC ou IR é preferível o inibidor da SGLT2 3. Ausência de doença aterosclerótica, IC ou IR e com HbA1C acima da meta sem resposta com metformina e MEV + outra droga a. Preocupação com ganho de peso? Análogo GLP-1 ou inibidor SGLT2 b. Preocupação com hipoglicemia? Menos sulfonilureias e glinidas c. Preocupação com o custo? Sulfonilureia ou glitazona - Insulina basal (NPH noturna) Progredir até NPH 2x/dia + regular 3x/dia Insulina desde o inicio se: glicemia ≥ 300 (HbA1c ≥ 10%), gravidez, estresse, doença hepática e renal avançada - PA (ADA): PA < 130x80 (se proteinúria: IECA/BRA) *NUNCA ASSOCIAR IECA E BRA, SEMPRE UM OU OUTRO - Dislipidemia: LDL < 100-70mg/dL LDL< 50 mg/dL (se aterosclerose clínica) - Dieta e atividade física Complicações agudas: - Cetoacidose diabética: pode ocorrer tanto na DM1 quanto na DM2, mais comum na tipo 1 · Aumento de glicose · Lipólise -> corpos cetonicos (ácido beta-hidroxibutírico, ác. Acetoacético, acetona) -> acidose metabólica – Ânion Gap aumenta · Diagnostico · Glicose > 250 · Cetonemia/cetonuria (3+/4+) · pH < 7,30 e HCO3 < 15 · Clínica: · Dor abdominal, náuseas e vômitos · Hiperventilação (Kussmaul) · Leucocitose · Aumenta creatinina, amilase · IRA pré-renal · Tratamento: · Volume + insulina + potássio · Começa sempre com volume SF 0,9% 1L na 1ª hora e criança (15 a 20ml/kg) avalia depois de 1 hora se Na manter baixo, manter SF 0,9%, se Na alto ou normal passa para SF 0,45% · Insulina regular venosa: 0,1U/kg + 0,1U/kg/hora = reduzir glicemia 50-75 mg/dL/hora (reduzir devagar) · Quando a glicemia chegar em 250 iniciar SG 5% para evitar hipoglicemia · Se potássio maior 5,2 não repor e faz insulina, se 3,3 – 5,3 repor K e adm insulina, se menor que 3,3 repor K e adiar insulina · O HCO3 faz reposição somente se pH <6,9 100 mEq · Será que o paciente está compensado? · Glicemia < 200mg/dL e pH > 7,30, HCO3 > 15, AG ≤ 12 (pelo menos 2) · Quando o paciente compensa com os critérios acima, volta a alimentação e inicia a regular subcutânea sem tirar a venosa, se ficar sem pico de glicemia, sem acidose pode tirar a venosa · Complicações: trombose, edema cerebral, hipocalemia grave, mucormicose (micose destrutiva rinocerebral – trata com anfotericina B + desbridamento) - Estado hiperglicêmico hiperosmolar não cetótico DM2 · Aumento de glicose aumenta osmolaridade (não bebe agua) desidrata células (desencadeia quadro de redução de consciência) mas ainda tem insulina, então tem ausência de cetoacidose · Pode fazer IRA pré-renal · Diagnostico: · Glicemia > 600 · Osmolaridade > 320 · pH > 7,3 e HCO3 > 18 mEq/L · tratamento: · semelhante ao da cetoacidose, aqui só ganha mais volume
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