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Trabalho 1

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REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2
 
 
 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
3
 
 
 
 
Revista Científica 
Amazônia, Vida e Conhecimento 
Revista Semestral da 
 Faculdade La Salle – Manaus 
Manaus – AM – Junho / 2017 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Av. Dom Pedro I, 151 ‐ Bairro Dom Pedro
CEP 69040‐0 40 Manaus/AM 
 www.lasalle.edu.br/faculdademanaus 
Fone: (92) 3655‐1200 
 
SOCIEDADE PORVIR CIENTÍFICO 
CNPJ 92 741990/0001‐37 
Rua Honório Silveira Dias, 636 
Bairro São João 
90550‐150 – PORTO ALEGRE – RS 
Edgar Genuino Nicodem 
Diretor Presidente 
 
Olavo José Dalvit 
Primeiro Vice‐Presidente 
 
Antonio Cantelli 
Segundo Vice‐Presidente
Faculdade La Salle
DIRETORIA 
Dr. Alvimar D’Agostini 
Diretor Geral 
Dra. Jussará Lummertz 
Pró‐Diretora Acadêmica 
Esp. Márcia Monteiro 
Supervisora Administrativa
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
 
R454 Revista Científica Amazônia, Vida e Conhecimento / Faculdade 
 La Salle - Manaus  
 Manaus. – v.2, n.2 (2017). Manaus, Amazonas, 2017.  
 26cm  
 Semestral  
 ISSN 2525-7978  
 1. Pesquisa Científica. 2. Periódicos. 3. Faculdade La Salle - Manaus. I.  
 CDU: 001
Ficha elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Biblioteca da Faculdade La 
Salle – Manaus. Bibliotecária Lidiane Suelen Caxias – CRB11/ 918 AM. 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
5
Revista Científica Amazônia 
 Vida e Conhecimento 
 
EXPEDIENTE 
Dr. Alvimar D’Agostini 
Diretor Geral 
Dr.ª Jussará Lummertz 
Pró‐Diretora Acadêmica 
Msc. Davi Denis Dalla Vecchia 
Coordenador de Extensão 
Camille R. A. L. Medeiros 
Edgar G. Oliveira Netto 
Capa e Diagramação 
Esp. Lucia Brasil 
 Revisão 
 
Gráfica Ampla Ltda. 
Tiragem de 1.000 exemplares 
 Impressão 
 
ISSN 2525‐7978 
Periodicidade: Semestral 
Pedidos e Correspondência 
FACULDADE LA SALLE ‐ MANAUS 
Av. D. Pedro I, 151 ‐ Bairro Dom Pedro 
CEP 69040‐040 ‐ Manaus‐AM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
Revista Científica Amazônia 
Vida e Conhecimento 
 
 
CONSELHO EDITORIAL 
Editor Responsável 
Dr. Alvimar D’Agostini 
(Faculdade La Salle – Manaus) 
Profº Dr. Cledes Atonio Casagrande 
(Centro Universitário La Salle ‐ Canoas) 
Profº Dr. Dércio Luiz Reis 
(Universidade Federal do Amazonas / FAPEAM) 
Profª Dra. Jussará Gonçalvez Lummertz 
(Faculdade La Salle ‐ Manaus) 
Profº Dr. Luis Fernando Garcés Giraldo 
(Universidad La Salle, Medellín ‐ Colômbia) 
Profº Dr. Manuel Javier Amaro Barriga 
(Universidad La Salle de México) 
Profº Dr. Paulo Fossatti 
(Centro Universitário La Salle ‐ Canoas) 
Profº Dr. Rosseval Galdino Leite 
(INPA ‐ Manaus) 
Profª Dra. Sandra Beltran Pedreros 
(Faculdade La Salle ‐ Manaus) 
Profº Dr. Wagner Cabral Pinto 
(IDAAM ‐ Manaus) 
 
 
 
 
 
 
 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
7
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................09 
 
UMA ANÁLISE DAS TEORIAS KEYNESIANA E DEPENDÊNCIA NA CRIAÇÃO DO MODELO ZONA 
FRANCA E SEUS IMPACTOS NO CRESCIMENTO ECONÔMICO DA CIDADE DE 
MANAUS...............................................................................................................................11 
Marcilene Teixeira Ferreira 
Ana Nubia dos Santos de Oliveira  
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E SUA IMPORTÂNCIA NA GESTÃO DE TRIBUTOS NAS 
EMPRESAS.............................................................................................................................44 
Maria Iris de Sousa Bezerra Lima 
Silfarnn Demétrio de Araújo 
ÍNDICE DE OBESIDADE INFANTIL EM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE PÚBLICA 
DE MANAUS..........................................................................................................................56 
Otávio de Melo Matos 
Sandra Beltran Pedreros 
A GESTÃO DO CAPITAL INTELECTUAL COMO A NOVA VANTAGEM COMPETITIVA PARA AS 
ORGANIZAÇÕES: UM ESTUDO ...............................................................................................67 
Profº. MSc. Naêde Lima de Souza da Rocha 
A UTILIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NÃO‐FORMAIS COMO METODOLOGIA DE ENSINO NO CURSO DE 
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA FACULDADE LA SALLE‐MANAUS.............................79 
Ellen Jane Lima de Melo  
Paulio Idelio da Silva Filho  
Elizângela da Rocha Mota 
PARADIPLOMACIA LOGÍSTICA: UM ESTUDO DAS AÇÕES INTERNACIONAIS DO GOVERNO DO 
ESTADO DO AMAZONAS AO GERIR A LOGÍSTICA DE SEU RRITÓRIO........................................91 
 Julianny Carvalho de Oliveira Costa 
Ana Nubia dos Santos de Oliveira 
DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS PROFESSORES NA PRÁTICA DCENTE..........................124 
Carlos Alberto Almeida da Silva 
AS PERSPECTIVAS DE TRABALHO DOS REFUGIADOS AMBIENTAIS HAITIANOS EM MANAUS: 
UM ESTUDO NO PERÍODO DE 2010 A 2015...........................................................................134 
Denise Helena de Melo Coelho 
Ana Nubia dos Santos de Oliveira 
CONTROLE INTERNO: A IMPORTANCIA DO CONTROLE INTERNO PARA O GERENCIAMENTO DO 
ATIVO IMOBILIZADO CONFORME A NOVA CPC 27................................................................161 
Gizela Craveiro de Souza Carvalho 
Silfarnn Demétrio de Araújo 
 
CONTROLE PATRIMONIAL E O DESCASO DAS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS.......................173 
Rodrigo Carvalho da Silva 
Silfarnn Demétrio de Araújo 
 
NORMAS EDITORIAIS ..........................................................................................................185 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
9
APRESENTAÇÃO 
 
A Revista Científica Amazônia, Vida e Conhecimento é uma publicação 
semestral  que  tem  como  objetivo  a  divulgação  da  produção  científica  e  o 
incentivo  ao  debate  acadêmico  para  a  produção  de  novos  conhecimentos. 
Visa,  também,  a  ampliação  das  ferramentas  que  favoreçam  a  análise  da 
realidade de modo a expandir as fronteiras do pensamento e da prática em 
áreas,  reunindo artigos de diferentes aportes  teóricos com temas  ligados a 
vários campos do conhecimento, em sintonia com os debates que acontecem 
no meio acadêmico nacional e internacional. 
O segundo volume é composto por 10 artigos de alunos e professores da 
Faculdade  La  Salle  de Manaus  e  de  outras  instituições  de  ensino  superior, 
cumprindo  a  proposta  da  revista,  que  é  incentivar  a  produção  de 
conhecimento dos discentes e docentes. Uma das metas deste periódico é 
articular  ensino,  pesquisa,  extensão,  abrangendo  produção  de  iniciação 
científica, e artigos científicos. Dessa forma, a revista, além de publicar textos 
de diversos teores, é também portadora da proposta acadêmica da Instituição 
e  visa  à  intervenção  social,  com  vistas  à  produção  de  conhecimento  e  sua 
aplicação nas esferas relacionadas. Assim, procura fazer uma interligação da 
epistemologia  e  da  prática  entre  os  campos  diversos  do  conhecimento 
relativos aos cursos atualmente existentes.  
A  revista  quer  inovar  e  dar  oportunidades  de  inovação  no  campo  da 
pesquisa  e  do  conhecimento,  como  também  da  prática,  buscando  o 
desenvolvimento  da  interdisciplinaridade,  multidisciplinaridade  e 
transdisciplinaridade  e  seus  múltiplos  diálogos,  fazendo  uma  trama  entre 
saberes  científicos  e  suas  implicações.  A  revista  está  aberta  a  novas 
abordagens criando laços entre o conhecimento e a sociedade.  Trabalha de 
forma integrada, estando interligada às coordenações de cursos, incentivando 
e promovendo o estudo ea investigação acadêmica, tendo em vista o avanço 
da  ciência,  o  aprimoramento  didático‐pedagógico  e  o  desenvolvimento 
sociocultural da cidade e região.   
Agradecemos  aos  colaboradores,  desejando‐lhes  inspiração  e 
aprofundamento  nas  pesquisas,  esperando  o  crescimento  de  todos,  o 
reconhecimento da qualidade de  suas produções pela própria  comunidade 
acadêmica e a inserção de novos saberes no âmbito da ciência e na sociedade. 
Este número da revista é composto de dez artigos envolvendo as áreas de 
Relações  Internacionais,  Administração  Organizacional,  Planejamento 
Tributário, Formação de Professores e Educação e Saúde. 
 
 
 
 
10 
Agradecemos aos leitores, autores, pareceristas e demais pesquisadores 
engajados neste segundo número da revista Amazônia, Vida e Conhecimento 
da Faculdade La Salle de Manaus. 
Contamos com sua colaboração nas próximas edições. 
Profª Dra. Jussará Gonçalves Lummertz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
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UMA ANÁLISE DAS TEORIAS KEYNESIANA E DEPENDÊNCIA NA CRIAÇÃO DO MODELO 
ZONA FRANCA E SEUS IMPACTOS NO CRESCIMENTO ECONÔMICO DA CIDADE DE 
MANAUS 
Marcilene Teixeira Ferreira1 
Ana Nubia dos Santos de Oliveira2 
 
RESUMO 
 
A pesquisa buscou um novo olhar sobre a criação do modelo Zona Franca de Manaus, a 
partir de uma análise das teoria keynesiana e dependência e as contribuições para o 
crescimento  econômico  da  cidade  de  Manaus,  modelo  este,  concebido  graças  a 
intervenção do Estado nos assuntos econômicos da região, cujo o objetivo era criar na 
região  um  centro  comercial,  industrial  e  agropecuário,  capaz  de  proporcionar  o 
desenvolvimento, devido sua grande distância dos centros consumidores. Este modelo 
de desenvolvimento se faz presente também, por influência de teorias que norteiam as 
ações mundiais, principalmente no que concerne as políticas econômicas. Para isto, fez‐
se menção às teorias Keynesiana e Dependência as quais descrevem a industrialização 
como  caminho  para  redução  do  subdesenvolvimento.  Apresenta‐se  ainda  uma 
contextualização do período antes de sua  implementação, para melhor entender sua 
importância na atual conjuntura econômica da cidade. O modelo baseia‐se na política 
de incentivos fiscais, os quais são os principais atrativos para novos investidores. Suas 
contribuições, são no sentido de conservar os recursos naturais, gerar emprego, inserir 
produtos  nos  mercados  externos,  elevar  o  Produto  Interno  Bruto  da  região  e 
desenvolver  pesquisas  tecnológicas.  A  metodologia  foi  estruturada  a  partir  de  uma 
análise  conceitual  da  teoria  keynesiana  e  seus  impactos  diretos  na  criação  da  zona 
franca de Manaus, o que levou ao crescimento e desenvolvimento do Estado. 
 
PALAVRAS‐CHAVE: Amazônia Ocidental; Crescimento econômico; Incentivos Fiscais em 
Manaus. 
 
ABSTRACT 
The research sought a new look on the creation of the Free Zone model of Manaus, from 
an analysis of Keynesian theory and dependence contributions to the economic growth 
of the city of Manaus, this model, designed thanks to state intervention in the economic 
affairs of the region, whose goal was to create in the region a commercial, industrial and 
agricultural  district,  that  offers  development,  because  of  its  great  distance  from 
consumer centers. This development model is also present, influenced by theories that 
                                                            
1 Graduada em Relações Internacionais na Faculdade La Salle Manaus. 
2 Professora  e  Coordenadora  da  Faculdade  La  Salle  Manaus.  Doutoranda  em  Educação  pela 
Universidade  do  Minho,  Portugal;  Mestre  em  Administração  pela  UFSC,  Especialista  em 
Engenharia Econômica, Graduada em Economia, Administração e Licenciada em Matemática. 
 
 
 
 
 
12 
guide global actions, especially regarding economic policies. For this, there was mention 
of  Keynesian  theories  and  dependency  which  describe  industrialization  as  a  way  to 
reduce underdevelopment.  It presents also a contextualization of  the period prior  to 
implementation, to better understand its importance in the current economic climate 
of the city. The model is based on the tax incentive policy, which are the main attractions 
for new investments. Their contributions are to conserve natural resources, create jobs, 
insert products into foreign markets, raising the gross domestic product of the region 
and  develop  technological  research.  The  methodology  was  structured  based  on  a 
conceptual analysis of the Keynesian theory and its direct impacts on the creation of the 
free zone of Manaus, which led to the growth and development of the State. 
 
KEYWORDS: Western Amazon; Economic growth; tax incentives in Manaus. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O grande desafio na década 60 era desenvolver a Amazônia Ocidental. Assim, 
em 1967 o Governo Federal, através do Decreto‐Lei 288/1967, cria a Zona Franca de 
Manaus, que será um modelo administrado pela Superintendência da Zona Franca de 
Manaus  –  SUFRAMA,  como  medida  para  mudar  o  quadro  ocupacional,  social  e 
econômico ao qual se encontrava a região no período da ditadura militar brasileira. 
A presente pesquisa tem como propósito analisar a importância do modelo para 
o crescimento econômico da capital amazonense, Manaus. Nesse sentido,  traz como 
tema: A importância do modelo Zona Franca de Manaus para o crescimento econômico 
da cidade de Manaus, busca ainda entender a situação econômica da região, sobretudo 
a capital amazonense antes da implementação do modelo, fazendo‐se necessário para 
compreender o papel desta ferramenta do Estado para a configuração da atual situação 
econômica que se encontra a cidade de Manaus. 
Para se alcançar o objetivo proposto na pesquisa teve como problemática:  As 
Teorias Keynesiana e Dependência tiveram que impacto no Desenvolvimento do modelo 
Zona  Franca  de Manaus?  Assim,  para  responder  a  esta  problemática,  tem‐se  como 
objetivo geral: Demonstrar a  importância do modelo Zona Franca de Manaus para o 
crescimento econômico da cidade de Manaus; e específicos: Contextualizar o período 
que antecede a criação do modelo Zona Franca de Manaus; identificar os diferenciais 
competitivos que sustentam o modelo Zona Franca de Manaus e; analisar a contribuição 
do modelo Zona Franca de Manaus para a cidade de Manaus. 
Embora o Modelo esteja voltado para  toda a Amazônia Ocidental e parte da 
Amazônia  Oriental,  busca‐se  demonstrar  a  sua  contribuição  para  o  crescimento 
econômico e para a atual situação em que se encontra a capital amazonense, atentando 
para  as  influências  teóricas  do  neoliberalismo  que  influenciaram  os  países 
desenvolvidos, como os Estados Unidos e Inglaterra, bem como, os em desenvolvimento 
como é o caso do Brasil. Nesse diapasão, para a formulação de políticas intervencionista 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
13
na economia brasileira, vale ressaltar as teorias neoliberais de John Maynard Keynes, 
um dos principais opositores do liberalismo econômico. 
Dessa forma, a pesquisa faz‐se relevante tanto para o meio acadêmico, quanto 
para  a  sociedade  como  um  todo,  ou  seja,  a  partir  da  relação  destas  teorias  com  as 
políticas  econômicas  que  culminaram  na  implantação  do  modelo,  abrirá  novos 
questionamentos a respeito da configuração da economia regional por meio de teorias 
que desencadearam o campo econômico mundial e por se tratar de uma pesquisa básica 
de fácil entendimento poderá proporcionar, sem dificuldade, a compreensão histórica 
e  a  importância  do  modelo.  Espera‐se  que  a  presente  pesquisa  contribua  para  o 
despertar,  principalmente  o  interesse  dos  acadêmicos,  pela  busca  de  novos 
conhecimentos  quanto  a  relevância  do  estudo  das  Relações  Internacionais  para  a 
compreensão das questõeseconômicas regionais neste contexto. 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
 
2.1  TEORIA  DAS  RELAÇÕES  INTERNACIONAIS  E  A  INTERVENÇÃO  ECONÔMICA 
BRASILEIRA 
 
  O mundo se tornou um sistema globalizado e complexo, sendo necessário, para 
entender sua dinâmica, o estudo das relações internacionais, por meio das teorias que 
o orientam, desta forma, estas, são conceituadas como: 
Fórmulas  sistematizadas  de  explicação,  organização  e  análise  da 
realidade  [...]  No  âmbito  das  Relações  Internacionais,  teorizar 
significa  retirar  elementos  da  complexa,  densa  e  emaranhada 
realidade externa, trazendo‐a ao sujeito cognoscente de maneira a 
operacionalizar a descrição de  suas propriedades natas, analisar e 
explicar seus fenômenos e suas inter‐relações. Castro (2012, p. 281) 
  O  autor  ainda as descreve  como uma  "bússola",  ou  seja,  instrumento que 
busca  demonstrar  a  direção  a  ser  seguida  pela  sociedade.  Não  diferente  de  outras 
nações, o Brasil conta com a influência destas teorias para orientar suas ações internas 
e externas. Neste sentido, tratar‐se‐á aqui da relevância da teoria neoliberal, a partir do 
entendimento de Keynes e da teoria da dependência influente nas correntes cepalinas.  
 
2.1.1 Neoliberalismo de Keynes ou teoria Keynesiana 
 
O  economista  John Maynard  Keynes  contrapondo‐se  à  teoria  do  liberalismo 
clássico, marcado pelas ideologias de Adam Smith, assegurou que ao contrário do que 
pregava Smith, o Estado deveria intervir nos assuntos econômicos de sua nação. Keynes 
toma tal posicionamento em observação à crise de 1929 que  teve como epicentro a 
economia  estadunidense  espalhando  seus  efeitos  para  todo  o  mundo,  surge  neste 
advento o New Deal ‐  Novo Acordo, no qual a economia passava a ser regulamentada 
 
 
 
 
14 
pelo Estado.  Essa  teoria  foi de grande  importância no que  concerne do pensamento 
econômico brasileiro, neste sentido, Carvalho (2008, p. 569:571) afirma que: 
Há muitos anos é notada, com alguma surpresa, a forte influência do 
pensamento  de  Keynes  e  seus  seguidores  sobre  o  pensamento 
econômico brasileiro. Mesmo nos  tenebrosos  anos 1980,  quando, 
especialmente no mundo acadêmico norte‐americano, emergiu com 
força  tão  intensa  quanto  efêmera  a  chamada  escolas  dos  Novos 
Clássicos, a comunidade acadêmica de economia no Brasil continuou 
cultivando  a  herança  de  grandes  economistas  como,  mas  não 
apenas, Keynes, Kalecki e Schumpeter. [...] O keynesianismo é uma 
doutrina  ativista,  que  preconiza  a  ação  do  Estado na  promoção  e 
sustentação do pleno emprego em economias empresariais. 
  A  teoria  keynesiana  desenvolvimentista,  defende  também  a  ideia  de  que  a 
economia não deveria ter total liberdade e que eram necessárias políticas protecionistas 
como forma de preservar as economias internas, pode‐se dizer que Keynes pode não 
ter sido o primeiro a idealizar a intervenção estatal brasileira, porém, contribuiu com 
suas  teorias  para  a  formação  ideológica  brasileira  de  intervenção  estatal  e 
regulamentação  dos  assuntos  econômicos  por  parte  do  Estado.  O  modelo  de 
desenvolvimento  implantado  na  Amazônia  Ocidental,  demonstra  a  influência  desta 
teoria na formação de políticas intervencionista para o desenvolvimento local.  
Neste sentido, faz‐se importante a relação destas teorias que influenciaram e 
continuam a influenciar os fatos referentes a economia regional. 
 
2.1.2 Teoria da Dependência  
 
  A Teoria da Dependência muito influente nas teorias cepalinas, prega a ideia de 
que a estrutura da economia mundial  é moldada pela dependência entre as nações, 
neste  sentido,  defende  que  as  nações  subdesenvolvidas    e  as  nações  desenvolvidas 
estão  interligadas por  esta dependência,  e que o  desenvolvimento de uma  requer  a 
subordinação  de  outra,  esta  teoria  influenciou  o  Brasil  depois  da  Segunda  Guerra 
mundial,  nos  anos  50  e  60,  contribuindo  para  a  industrialização  brasileira,  a  este 
respeito, Saldanha (2011, p.228: 229), salienta que: 
As políticas econômicas desenvolvidas, que até então eram dadas 
como  caminho  para  se  alcançar  o  tão  sonhado  estágio  de 
desenvolvimento capitalista dos países centrais, haviam emperrado 
as engrenagens. É então, nesse período que surge uma nova teoria 
em debate,  que  visava  explicar  e  indicar  novos  rumos para que  a 
economia  voltasse  a  trilhar  o  caminho  do  desenvolvimento, 
incluindo  a  análise  econômica  das  Relações  Internacionais  a  um 
prisma marginalizado até então, o subdesenvolvimento. 
  De  acordo  com  o  autor,  a  consolidação  desta  teoria  se  dá  com  Fernando 
Henrique Cardoso e Enzo Faletto, segundo os quais a dependência de um país referente 
a outro, estava relacionada com a "relação das classes internas particulares a cada país". 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
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Ou seja, a forma como estes se organizam internamente, influenciaria na relação que 
teriam  com  nações  externas.  Durante  o  governo  militar  surge  a  visão  de  que  a 
industrialização seria o caminho para resolver a questão do subdesenvolvimento. 
A  proposição  política  implícita  e  explícita  na  agenda  nacional‐
desenvolvimentista, abraçada por uma parte da oficialidade, era de 
que  a  industrialização  seria  o  meio  de  superar  a  pobreza  ou  de 
reduzir a distância entre os países subdesenvolvidos e os países ricos, 
e  de  atingir  a  independência  política  e  econômica  através  de  um 
crescimento autossustentado (BIELSCHOWSKY, 2000, p. 11) 
  A teoria, segundo Colistete (2001), tecia que a industrialização poderia reduzir 
o subdesenvolvimento de uma nação, já que a condição primário‐exportadora, não era 
capaz de sustentar um crescimento dinâmico. 
 
2.2   CONCEITO DE ZONA FRANCA 
 
Denomina‐se  Zona  Franca  “uma  área  delimitada  onde  entram  mercadorias 
nacionais ou estrangeiras beneficiadas com incentivos fiscais e com tarifas alfandegárias 
reduzidas  ou  ausentes”.  Das  zonas  francas  existentes  no mundo,  grande parte  delas 
localizam‐se em regiões “isoladas e geralmente são situadas em um porto ou em seus 
arredores”,  fator  este,  que  pode  ser  considerado  um  dos  marcos  norteadores  para 
criação e implantação das Zonas Francas como ferramenta utilizada para a promoção 
do desenvolvimento de uma região e suas adjacências. “O objetivo de uma zona franca 
é estimular o comércio e acelerar o desenvolvimento  industrial de uma determinada 
região. O Brasil, Coréia do Sul, Chile, China, Emirados Árabes, Espanha, Portugal e França 
são alguns dos países que possuem Zona Franca” (Significados, 2015). Neste tocante, 
são “utilizadas por diferentes países, para designar áreas especiais onde não se aplicam 
as regulamentações e os gravames aduaneiros normais da economia” (BRAGA 2015, p. 
2). Pereira (2006, p. 111), enfatiza que:  
A Zona Franca é uma área fechada, isenta da aplicação da legislação 
alfandegária vigente no território onde se situa. Nela, mercadorias 
vindas do exterior são desembarcadas, manipuladas, transformadas, 
embaladas e reembarcadas, sem nenhum controle alfandegário. As 
atividades  que  ali  se  desenvolvem  podem  ser  de  comércio,  de 
indústrias ou ambas, com o possível predomínio de uma delas. 
Para Araújo (1985, p.37), as zonas francas podem também ser percebidas como 
estratégias para internacionalização de capital, neste sentido a autora afirma que:  
 
[...] o surgimento das Zonas Francas no mundo capitalista tem de ser 
entendido  como  uma  estratégia  do  capital  a  crise  de  acumulação 
ocorrida no mundo capitalista a partir de 65, que, para continuar seu 
processo de expansão, transfere partes do seu processo produtivo 
 
 
 
 
16 
para  outras  regiões. Qualquer  que  seja  seu  nome    "Zona  Franca', 
"Zona de Livre Comércio", "Zona de Livre Empresa" ou "Zona de Livre 
Produção",  suarealidade  é  a  mesma:  são  espaços  industriais 
enclavados, situados, sobretudo, próximos a portos ou aeroportos, 
onde  empresas  multinacionais  podem  importar  livremente 
matérias‐primas  ou  produtos  semiacabados,  para  processá‐los  e 
reexportar,  portanto,  um  processo  de  industrialização  orientado 
para um mercado exterior a região e no qual existe uma disparidade 
entre ganhos sociais e lucros empresariais. 
A utilização desta política, teve início a partir de 1958, quando segundo Barang 
(1981, p. 18), a primeira Zona Franca: 
[...]  foi  criada  em  1958,  em  SHANNON,  na  Irlanda,  por  industriais 
americanos, visando lançar seus produtos na Comunidade europeia. 
Na  Ásia,  a  primeira  foi  instalada  em  1965,  na  zona  portuária  de 
KAOHSIUNG, no Taiwan (Formosa) e serviu de modelo para outros 
países do Leste e do Sul da Ásia [...] 
A  corrida  pela  industrialização  dos  países  subdesenvolvidos  ou  em 
desenvolvimento, torna necessária a criação de um organismo incumbido de dar apoio 
à estratégia, é então fundada, no mesmo ano em que acontece a regulamentação da 
Zona  Franca  de  Manaus  ‐  ZFM,  a  Organização  das  Nações  Unidas  para  o 
Desenvolvimento Industrial – ONUDI. Nove anos após a Fundação da ONUDI, foi criada 
a Associação Industrial Mundial das Zonas Francas (World Industrial Free Trade Zones 
Association – WIFZA).  (Araújo 1985, p. 29), neste sentido a autora afirma que: 
A ONUDI  não  só  estabelece  um modelo  de  Zona  Franca  corno  se 
incumbe  tanto  dos  estudos  preliminares,  como  da  assistência  no 
planejamento  para  a  implantação  de  tais  zonas  nos  países 
subdesenvolvidos,  visando  à  sua  integração  ao  sistema  capitalista 
mundial.  
Inúmeros são os fatores que contribuem para a criação das Zonas Francas, entre 
eles, podem ser citados: a diversificação de mercado; o aumento do custo com mão‐de‐
obra nos  países  de origem das  empresas;  integração  ao  sistema  capitalista mundial; 
baixo custo de produção; a busca pela capitação de capital e recursos financeiros para a 
região ou país onde são instaladas entre outros. No caso do Brasil inicialmente o modelo 
ZFM buscou substituir as importações e integrar a região ao restante do país. Porém a 
adoção desta estratégia não significava inserir as pequenas empresas locais no mercado 
mundial,  sendo  assim,  a  vantagem  deste  modelo  em  sua  fase  inicial,  está  na 
movimentação da economia interna por meio do fluxo de capital externo. 
 Adam Smith em sua obra escrita em 1776,  intitulada "A riqueza das nações" 
descreve  o  ser  humano  como  um  ser  egoísta,  no  entanto,  para  ele  está  busca  pelo 
benefício próprio era benéfico à sociedade, porém sabe‐se que estas teorias voltavam‐
se ao meio econômico. Smith apud Hunt e Sherman (2008, p. 62), afirma que "[...] ao 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
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perseguir o seu próprio interesse, frequentemente promove o interesse da sociedade 
de forma mais eficaz do que quando é realmente sua intenção promovê‐lo". Contudo, 
este mesmo egoísmo   levou à tomada de medidas que beneficiaram toda uma região, 
egoísmo este que, devido à importância atribuída a Amazônia pelo restante do mundo, 
cujas  riquezas  naturais  já  haviam  sido  destruídas,  principalmente  nos  país 
desenvolvidos,  os  rumores  quanto  a  uma  possível  internacionalização  da  Amazônia, 
serviram de alerta para o governo militar brasileiro quanto à necessidade de promover 
a  ocupação  regional,  pois  a  Amazônia  Ocidental  por  sua  vasta  extensão  territorial 
possuía suas áreas de fronteiras descobertas.  
Neste  sentido,  segundo  Sá  e  Machado  (2015,  p.  3)  o  modelo  ZFM  tinha 
"propósito geopolítico [...] vinculava‐se à busca por ocupação do espaço amazônico com 
atividades econômicas e sua integração aos eixos de desenvolvimento mais dinâmicos, 
localizados  no  Centro‐Sul  do  país",  assim  como  proporcionar  melhores  condições 
econômicas para a região já que esta encontrava‐se estagnada desde o fim do ciclo da 
borracha.  Smith  defendia  a  divisão  de  tarefas,  para  ele  se  alcançaria  maior 
produtividade  se  a  produção  fosse  dividida,  esta  teoria  influenciou  a  produção  em 
escala. Neste sentido, Hunt e Sherman (2008, p. 63), afirmam que: 
[...] Para que a divisão do trabalho  fosse  levada a esse nível,  seria 
necessário  que  os  trabalhadores  dispusessem  de  ferramentas  e 
equipamentos especializados, e que todos os estágios do processo 
de produção das mercadorias fossem reunidos em um mesmo local 
e  submetidos  a  um  controle,  como  acontece,  por  exemplo,  numa 
fábrica.[...]  O aprofundamento da divisão de trabalho, por sua vez, 
possibilitaria  índices mais  elevados  de  capital  e  assim  por  diante, 
numa espiral ascendente e interminável de progresso social. 
Embora  o  crescimento  econômico  seja  parte  fundamental  para  o 
desenvolvimento, aquele não se configura condição suficiente para seu alcance deste. 
Nesta  mesma  perspectiva  Botelho  (2006,  p.  37)  afirma  “que  se  deve  entender 
desenvolvimento como  função da soma de dois grandes vetores,  isto é,  crescimento 
econômico mais incremento da qualidade de vida”.  Bispo (2009, p. 38), afirma que: 
O desenvolvimento econômico de uma nação pode ser obtido por 
meio de diversas estratégias e modelos. Logo, uma das  formas de 
promover o desenvolvimento econômico é por meio de uma política 
industrial.  Dentro  desse  contexto  e  desde  que  atendam  aos 
requisitos básicos que uma política industrial deva conter, encontra‐
se a instalação de parques industriais com o objetivo de substituição 
de importações. 
2.2.2 A criação do modelo Zona Franca de Manaus 
 
Para  melhor  entender  o  que  leva  o  Estado  Federal  a  intervir  com  políticas 
econômicas  na  região,  deve‐se  atentar  para  as  pressões  internacionais  e  ameaças 
 
 
 
 
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constantes  de  tomada  da  Amazônia,  também  para  influências  da  globalização  e 
expansão econômica atreladas às teorias econômicas fortemente utilizadas pelos países 
desenvolvidos,  também  pelos  países  em  desenvolvimento.  Diante  disto  o  governo 
federal,  utilizando  de  mecanismo  já  utilizado  em  outras  partes  do  mundo  propõe 
estrategicamente para a Amazônia Ocidental, a criação de uma importante ferramenta, 
a  qual,  segundo  Becker  (2013,  p.  36),  era  inicialmente  um  “porto  franco,  tal  como 
sugerido pelo governo estadual, sendo posteriormente, substituído pela zona franca em 
Manaus”. De acordo com Seráfico e Seráfico (2005, p. 101),  foi  inicialmente pensada 
pelo deputado federal Francisco Pereira da Silva, tomando iniciativa com o objetivo de 
encontrar novas saídas para a economia local que se encontrava estagnada: 
[...] apresentou à Câmara do Deputados o Projeto de Lei nº 1.310, de 
23 de outubro de 1951, em que propõe a criação em Manaus de um 
porto franco. Este projeto é que, emendado pelo deputado Maurício 
Joppert,  foi  convertido  na  Lei  nº  3.173,  de  6  de  junho  de  1957, 
transformando o porto em Zona Franca de Manaus. Não obstante 
sua  regulamentação pelo Decreto nº 47.754, de 2 de  fevereiro de 
1960, a Zona Franca só entra em vigor, efetivamente, a partir de 28 
de  fevereiro de 1967, quando é  reestruturada pelo Decreto‐Lei nº 
288.  
O objetivo deste porto franco, conforme descrito no Art. 1º da Lei 3. 173/57 era 
armazenar, conservar, beneficiar e retirar produtos advindos do estrangeiro, destinado 
ao consumo no interior da Amazônia e de países vizinhos, banhados pelas águas do Rio 
Amazonas (PLANALTO), porém tal objetivo não se concretizou na prática por falta de 
recursos. Em seu primeiro momento o modelo ZFM possuía características semelhantes 
aos  portos  livres  existentes  no  mundo,  porém  neste  primeiro  momento,  sua 
contribuição para o desenvolvimento regional praticamente inexistiu, levando o ideário 
ao fracasso(Nascimento 2004, p. 9).  De acordo com Benchimol (1977, p. 741), o seu 
não funcionamento não foi possível devido: 
[...] a figura jurídica de extraterritorialidade fiscal de zona, limitada 
em uma área restrita de 200 hectares, e o seu caráter exclusivo de 
entreposto  para  armazenamento  e  trânsito  de  mercadorias  e 
produtos para  abastecimento das Amazônias  limítrofes,  não  tinha 
conteúdo nem significação econômica. 
Ocorre então, que com a necessidade de povoar a região de fronteira, entra em 
cena  a  intervenção  estatal.  Embora  segundo  (Araújo  1985,  p.  144‐148),  sua 
reformulação contasse com a contribuição de nomes como do engenheiro amazonense 
Arthur Soares Amorin, do historiador Leandro Tocantins, Newton Vieiralves, de Samuel 
Benchimol e o então governador Arthur Reis. No entanto, de acordo com a autora: 
[...] fica bem evidente que a Zona Franca de Manaus implantada a 
partir de 1967 não nasce de um projeto  local. O que as  lideranças 
manauaras reivindicam era a efetiva implantação da que havia sido 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
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criada em 1957. Esta, agora legitimada pelo decreto‐lei 288/67 não 
tinha nada a ver com o que se pleiteara. 
Andrade  (2012) atribuiu duas vertentes à estratégia de criação da nova ZFM, 
uma política, cujo objetivo era integração, ocupação e proteção das áreas fronteiriças, 
a  outra  é  econômica,  com  o  objetivo  de  lhe  proporcionar  o  desenvolvimento.  É 
importante  lembrar,  sobre  esta,  que  conforme  Araújo  mencionou,  não  partiu  do 
interesse  das  lideranças  da  região  e  sim  do  governo  federal.  Essas  políticas  de 
substituição  de  importação  fazem  parte  de  medidas  protecionistas  adotadas  pelos 
países  na  tentativa  de  proteger  suas  economias  internas.  Essas  práticas  acarretam, 
conforme Santos Junior (2012) apud Gonçalves (2012), em vantagens e desvantagens. 
Dentre  as  vantagens  está  a  questão  da  criação  de  empregos  e 
incentivo de inovações tecnológicas no país. Porém, a medida pode 
ter efeito contrário, caso haja acomodação de empresas nacionais 
no desenvolvimento de tecnologias, o que faz o país perder espaço 
no mercado exterior, além da possibilidade de gerar um aumento 
dos preços em função da baixa concorrência interna. 
Esta autarquia é responsável pela execução da política tributária e pelas ações 
de  sustentabilidade  e  interiorização  do  desenvolvimento  econômico  na  região,  está 
localizada na cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas. Segundo Bispo (2009 
p.107),  “o  modelo  industrial  criado  surgia  de  uma  estratégia  de  política  de 
desenvolvimento econômico, relacionada diretamente às políticas industriais voltadas 
para a substituição de importações”, Baumann et al. (2004, p. 97), afirma que: 
A  ideia  básica  associada  a  um  processo  de  substituição  de 
importações é a promoção – no mercado interno de uma economia 
– da capacidade de oferta de itens anteriormente conseguidos por 
meio  do  comércio  externo.  Dessa  maneira,  a  produção  nacional 
substitui a oferta de alguns produtos importados. 
No entanto de acordo com o Marco Regulatório dos Incentivos Fiscais da Zona 
Franca de Manaus, Amazônia Ocidental e Áreas de Livre Comércio ‐ ALC´s, mesmo após 
sua criação e regulamentação “a ZFM não causou praticamente nenhum efeito sobre a 
economia da Amazônia, especialmente por não terem sido criados os meios necessários 
capazes de atrair os investimentos e a mão‐de‐obra técnica qualificada, instrumentos 
essenciais  para  o  desenvolvimento  das  atividades  previstas”.  [...]  No  decorrer  do 
governo militar de Castelo Branco, surgiu à chamada Operação Amazônia implementada 
pelo Plano de Ação Econômica do Governo – PAEG, dela faziam parte um conglomerado 
de medidas reformistas que objetivavam a promover a integração socioeconômica da 
Amazônia ao Brasil (Suframa 2013, p.33). Neste enfoque, segundo Pereira (2006, p. 17) 
“até  meados  dos  anos  60,  essa  região  encontrava‐se marginalizada  do  processo  de 
desenvolvimento da economia nacional e experimentava um momento desolador de 
pobreza e abandono por parte da federação”. Para Nascimento e Silva (2015, p. 8) o 
 
 
 
 
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instrumento legal em questão não é dispositivo autossuficiente para a configuração do 
desenvolvimento econômico regional da Amazônia Ocidental: 
Sabe‐se  que  desenvolvimento  econômico  não  se  faz  tão‐somente 
com a simples assinatura de um decreto‐lei, entre outros  intuitos, 
mas com intensos investimentos em educação, ciência, tecnologia, 
capital produtivo, bem como com distribuição de renda, assegurados 
por marcos institucionais que se traduzem na definição das regras do 
jogo da sociedade. [no entanto] Apesar das grandes limitações que 
o  modelo  ZFM  tem  para  operacionalizar  o  conceito  de 
desenvolvimento,  houve  grandes  avanços  no  plano  econômico  e 
social,  ainda  que  tenham  se  restringido  a  cidade  de Manaus.  [...] 
percebe‐se, visivelmente, que houve transformações estruturais na 
base  produtiva  da  cidade  de  Manaus.  A  população  cresceu  em 
números  absolutos,  ampliaram‐se  as  estruturas  de  ensino 
fundamental, médio  e  superior,  bem  como  a  rede  de  saúde,  sem 
contar com estrutura de transporte aéreo e fluvial. 
De acordo com Pontes (2011, p. 23), “no modelo smithiano, o crescimento da 
população assume relevância. Para ele, o crescimento econômico contribui tanto para 
a elevação do nível de vida da população quanto para o crescimento demográfico”. No 
entanto, o modelo proposto por Adam Smith pregava a não intervenção do Estado na 
economia.  Porém,  este,  segundo  Hunt  e  Sherman  (2008,  p.  66;67),  enumera  três 
responsabilidade dos governos, sendo:  
[...]  proteger  o  país  contra  invasores  estrangeiros,  proteger  os 
cidadãos contra injustiças cometidas por outros cidadãos e o dever 
de  erigir  e  manter  as  instituições  e  obras  públicas  que,  embora 
altamente vantajosas para toda a grande sociedade, são de natureza 
tal  que  os  lucros  jamais  compensariam  as  despesas  se  estas 
estivessem a cargo de um indivíduo ou de um pequeno número de 
indivíduos.  [...]  a  exigência  de  que  o  governo  protegesse  o  país 
contra  ameaças externas  foi entendida, no  final  do  século XIX,  de 
modo  a  abarcar  também  a  proteção,  ou mesmo  a  ampliação  dos 
mercados  externos,  através  da  coerção  militar  [...]  a  função  de 
proteger  os  cidadãos  contra  injustiças  cometidas  por  outros 
cidadãos  ganhou  uma  nova  conotação:  proteger  a  propriedade 
privada, garantir o cumprimento dos contratos e preservar a ordem 
interna.  [...]  A  função  de  zelar  pela  execução  dos  contratos  era 
também  essencial  para  o  bom  funcionamento  do  capitalismo.  A 
complexidade da divisão de trabalho, da organização e coordenação 
da produção, bem como os  investimentos  colossais de  capital  em 
muitos  empreendimentos  comerciais,  requeriam  a  existência  de 
mecanismos que assegurassem aos capitalistas o cumprimento dos 
seus compromissos contratuais. [...] Em vista disso a execução dos 
contratos,  indispensável  para  o  funcionamento  do  sistema 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
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capitalista transformou‐se em dever do Estado, exercido por meio 
da coerção. [...] Por fim, a função de erigir e manter as instituições e 
obras de interesse público foi interpretada, de um modo geral, como 
a função de criar e manter instituições que fomentassem a produção 
e as operações comerciais. 
A autarquia criada por meio do Decreto n.º 61.244/67, como órgão do governo 
federal  encarregada  pela  administração  dos  incentivos  fiscais  do modelo  ZFM  como 
afirmam  Seráfico  e  Seráfico  (2005,  p.  104),  está  localizada  na  capital  do  estado  do 
Amazonas, Manaus, a figura 1 nos mostra toda abrangência do modelo. A Autarquia está 
diretamenteligada, conforme mencionada anteriormente, ao governo federal, sendo 
assim, independe do governo estadual. De acordo com Braga, (2003, p.4): 
A  autarquia  integra  a  estrutura  administrativa  do  Ministério  do 
Desenvolvimento,  da  Indústria  e  do  Comércio  Exterior,  que, 
juntamente com o Ministério das Relações Exteriores, constituem o 
núcleo central responsável pela condução de tais negociações. 
 
A SUFRAMA conta com o Conselho de Administração da SUFRAMA ‐ CAS, o qual 
é o "órgão superior de deliberação da autarquia, tendo como uma de suas principais 
atividades  a  análise  e  aprovação de novos projetos de  investimentos  industriais  que 
objetivem usufruir os benefícios fiscais do modelo ZFM". (SUFRAMA 2011, p. 4) 
Figura 1: Abrangência do Modelo Zona Franca de Manaus 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SUFRAMA (2011) 
O modelo abrange toda a Amazônia Ocidental, composta pelos estados do Acre, 
Amazonas,  Rondônia,  Roraima  e  parte  da  Amazônia  Oriental,  sendo,  as  cidades  de 
Macapá e Santana, no Amapá.  
De  acordo  com  o  Instituto  Brasileiro  de  Geografia  e  Estatística  –    IBGE  o 
Amazonas é o maior estado da região e do Brasil, comporta 62 municípios, distribuídos 
 
 
 
 
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em sua área territorial de 1.559.148,890km², a população estimada para 2014 a partir 
do  senso  de  2010  era  de  3.837.743  habitantes  em  todo  o  estado,  a  capital Manaus 
possui área de 11. 401,092km² e sua população estimada para 2014, pelo último senso 
era de 2.020.301 habitantes, conforme dados do IBGE. 
O estado do Amazonas passava no advento da configuração desta estratégia por 
um período de instabilidade política, tendo em 1964, no âmbito do golpe militar, sido 
cassado  seu  então  governador  Plínio  Ramos  Coelho,  assume  então  para  cumprir  o 
restante do mandato, o historiador Arthur Reis, iniciando o que se pode chamar de caça 
às bruxas aos funcionários ligados ao  Partido Trabalhista Brasileiro – PTB, promovendo 
“ampla reformulação da administração estadual”, criou a Comissão de Desenvolvimento 
do Estado do Amazonas – CODEAMA, contudo é sob o governo de Danilo Duarte de 
Mattos Areosa ‐ de 12 de setembro de 1966 à 15 de março de 1971 ‐ que se concluem 
as negociações e o Presidente Castelo Branco ao fim de seu mandato assina o Decreto‐
Lei regulamentando a Zona Franca de Manaus, no entanto, ao término do governo de 
Areosa os resultados obtidos não foram sequer razoáveis. Seu sucessor, coronel João 
Walter de Andrade, conta com o apoio do poder central, “[...] moderniza o aparelho 
burocrático do Estado e realiza as obras de infraestrutura indispensáveis ao processo de 
industrialização. É o momento da consolidação da Zona Franca de Manaus. É o começo 
da  industrialização  [...]”  (Araújo,  1985,  p.  143;144;155;163).  É  durante o  governo do 
sucessor de Andrade, Henock Reis, que Aloysio Campelo é nomeado Superintendente 
da Zona franca de Manaus e é durante sua administração que, segundo Araújo (1985, p. 
168) será implantada: 
 
 
[...] a nova estratégia da Zona Franca de Manaus, em função 
da  política  nacional  de  restrição  às  importações.  Começa  o 
contingenciamento  e  agora mais  do que  nunca  a  SUFRAMA 
assume  sua  feição  verdadeira.  Implanta‐se  as  quotas  de 
importação  e  o  critério  para  sua  distribuição  não  sofre 
qualquer influência do governo do Estado. 
 
De acordo com a autora, em 1982 José Lindoso deixa o cargo de governador 
ficando em seu lugar, seu vice Paulo Pinto Nery, o qual permanece até 1983, quando é 
sucedido  por  Gilberto  Mestrinho,  neste  período  foi  nomeado  superintendente  da 
SUFRAMA,  Joaquim  Pessoa  Igreja  Lopes,  o  qual  permaneceu  na  administração  da 
autarquia,  assim  como  Mestrinho  no  governo  do  Estado,  até  1985,  ano  marcado 
também pelo fim da ditadura militar no Brasil (ARAÚJO 1985, p. 185).  
O modelo ZFM é visto com diversos olhos, os críticos,  que afirmam ser preciso 
redesenhar  o  que  chamam  de  “projeto  ZFM”,  de  forma  que  este  novo,  oriente  sua 
produção a partir de matérias primas extraídas da região, acreditando ser esta a chave 
para manutenção e sustentabilidade do modelo e os que o valorizam, pelo que este já 
proporcionou  à  região,  levando  em  consideração  o  status  econômico  ao  qual  se 
encontrava a região antes da  implantação do modelo, com o que possui atualmente, 
pois  se  compararmos  o modelo  a  outras  políticas  utilizadas  como  tentativa  para  se 
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alcançar  o  desenvolvimento  da  Amazônia  Ocidental,  podemos  considerar,  que  este 
apesar das dificuldades enfrentadas tem sido o de maior sucesso, cuja duração já atingiu 
seus  48  de  pleno  funcionamento  e  garantiu,  por  meio  da  Emenda  Constitucional 
83/2014,  assinada  pela  Presidente  do  Brasil  Dilma  Rousseff,  a  prorrogação  dos 
incentivos fiscais especiais por mais 50 anos, ou seja, até 2073. De acordo com o Portal 
Brasil  (2014), o então superintendente da SUFRAMA, Thomas Nogueira, diante de tal 
conquista, afirmou que: 
Agora,  pode‐se  comemorar  a manutenção,  pelo menos  por  cinco 
novas décadas, de um modelo econômico estratégico que emprega, 
preserva,  integra e distribui  riquezas,  exercendo,  enfim, um papel 
decisivo  na  consolidação  de  novas  fronteiras  de  desenvolvimento 
para todo o País. 
Para os críticos do modelo essa prorrogação é prejudicial, pois o mantém na 
dependência  dos  incentivos  fiscais,  quando  poderia  intensificar  sua  política  de 
manutenção tendo como base, as riquezas locais. Para Nascimento (2004, p. 183): 
[...] o maior problema da Zona Franca de Manaus parece localizar‐se 
não apenas no seu modelo, pois produziu recursos que poderiam ter 
sido  aplicados  na  dinamização  da  economia  regional, mas  resulta 
também das prioridades de  investimento, definidas no âmbito das 
estruturas e do poder político. 
O modelo, na visão de Corrêa, exposta em audiência pública realizada em março 
do  ano  corrente,  enfrenta  entrave  que  acabam  desmotivando  o  empresário  com 
interesse em implantar sua empresa, pois com a grande burocracia que deve enfrentar 
antes  de  enfim  instalar  sua  empresa,  o  empresário  acaba  optando  pela  desistência. 
Corrêa enfatiza ainda que: 
Ou  se  toma  consciência  de  que  a  disputa  por  novos 
empreendimentos  é muito  grande  e diminui‐se  a  burocracia  ou  o 
Amazonas  irá continuar perdendo  [...]. As  travas causam perda de 
postos de trabalho,  impedem a criação de novos empregos, fazem 
cair a arrecadação de impostos e viram um efeito dominó, que acaba 
prejudicando a todos[...]. 
Dificuldades  e  entraves  à  parte,  Andrade  (2012,  p.  88),  afirma  que  “a 
implantação  da  Zona  Franca  de Manaus,  na  segunda metade  do  século  20, muda  a 
configuração  social  e  política  da  região  e,  mais  especificamente,  do  Estado  do 
Amazonas”. O autor assegura que “a cidade de Manaus comporta metade da população 
do  Estado”.  No  entanto,  a  dimensão  da  importância  do  modelo  ZFM,  entretanto, 
“transcende à própria  região, na medida em que dele migra efeitos positivos para o 
Brasil”. Desta forma “o modelo contribui para a resolução das disparidades regionais, 
pois contempla a União com boa parte de seus recursos e esta os aplica em todo o país”. 
Botelho (2006, p. 36,46) e Fenzl, respectivamente. Bispo (2009, p.12), descreve que: 
 
 
 
 
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A  importância  do  modelo  ZFM  depende  de  legislações  federal, 
estaduais  e  municipais,  razão  pela  qual,  de  tempos  em  tempos, 
outras  unidades  da  Federação  questionam  a  sua  importância  e 
validade.  Argumenta‐se  que  a  ZFM  não  passa  de  um  entrave 
econômico onerosos para o país e suas indústrias, uma vez que os 
incentivos  fiscais  (isenções  e  reduções)  não  são  cobertos  pelos 
impostos  pagos.  Por  outro  lado,  os  defensores  do modelo  contra 
argumentam  apresentandoos  dados  de  arrecadação  federal, 
estadual e municipal, além de outros indicadores sociais, dentre eles, 
o faturamento das empresas instaladas na Zona Franca de Manaus e 
o número de empregos gerados. 
Nascimento  (2014)  cita  as  palavras  do  então  superintendente  da  SUFRAMA, 
Thomas Nogueira, onde este fala que "de 2003 a 2013 nós arrecadamos R$ 70 bilhões 
de impostos federais, recebemos de volta, no mesmo período, R$ 18 bilhões. Ou seja, 
além de não ser um paraíso fiscal, a ZFM ainda ajuda a desenvolver o Brasil como um 
todo".  No  entanto,  embora  os  ganhos  positivos  oriundos  do  modelo  tenham  sido 
significativos, Andrade (2012, p. 97) aponta alguns efeitos negativos, ocasionados pelo 
crescimento desordenado, afirmando que: 
Seria  pouco  provável  imaginar  que  uma  cidade,  que  alcançou  em 
pouco tempo um crescimento tão acentuado, sendo hoje a sétima 
capital  mais  populosa  do  país,  não  trouxesse  nesse  processo 
problemas sociais, desempregos, violência, aumento da degradação 
ambiental, aumento do custo de vida etc. 
Diante  da  imensidão  territorial  conter  todas  as  mazelas  acarretadas  pelo 
aumento do contingencial humano não seria uma tarefa fácil, principalmente quando 
se sabe que esta não é de fácil realização nem em áreas significativamente menores. 
Obviamente  não  se  pretende  aqui  criticar  à  ausência  de políticas  públicas  para  uma 
melhoria  da  vida  da  população,  nem  tão  pouco  analisar  a  eficácia  ou  ineficácia  das 
existentes. Cabe aqui demonstrar a  importância desta ferramenta político‐econômica 
que é o modelo ZFM, para a capital do Estado do Amazonas, para tanto se fez necessário 
compreender,  por  mais  que  superficialmente  o  processo  de  implantação  desta 
ferramenta  que  detém  tamanha  importância  no  relacionamento  econômico  da 
Amazônia Ocidental com o restante do país e com o mundo, dando importância não só 
à  região,  mas  também  ao  berço  da  SUFRAMA,  onde  se  centralizam  boa  parte  das 
atividades desenvolvidas pelo modelo. 
De acordo com (SUFRAMA, 2015) a história do modelo ZFM divide‐se em cinco 
fases distintas, a primeira, vivida entre os anos 1967 e 1975 foi marcada pela política de 
substituição  de  importação,  predominando  a  atividade  comercial  e  grande 
movimentação de turismo interno, ausência limite de importação, inauguração do PIM 
e início da atividade industrial. 
A  segunda  fase,  estende‐se  de  1975  à  1990,  marcada  pelo  aumento  das 
indústrias de montagem, extensão dos incentivos para a Amazônia Ocidental, criação da 
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primeira  Área  de  Livre  Comércio  ‐  ALC,  no  interior  do  estado  do  Amazonas  e  pela 
prorrogação da vigência da Zona Franca de 1997 para 2007, por meio do Decreto nº 
92.560/86 e depois para 2013 pelo Artigo 40 do Ato das Disposições Transitórias da 
Constituição Federal. 
Na  terceira  fase,  que  perdurou  de  1991  até  1996,  a  redução  impostos  de 
importação foi estendida às demais localidades do país, houve readaptação do modelo 
às  novas  políticas  industriais,  utilização  dos  Processos  Produtivos  Básicos  ‐  PPBs  e 
intensificou‐se a busca pela qualidade do produtos. 
A quarta  fase,  compreendida entre 1996 e 2002,  sofreu  fortes  influências da 
globalização  da  economia,  a  produção  passa  a  ser  orientada  para  exportação,  neste 
período foi criado o Tecnologia e Inovação do Polo Industrial de Manaus ‐ CT‐PIM e o 
Centro de Biotecnologia da Amazônia ‐ CBA, ambos pensados para o desenvolvimento 
tecnológico  e  aumento  da  competitividade,  neste  período  também  iniciam  as 
realizações  de  feiras  internacionais,  como  estratégia  para  inserção  internacional  do 
modelo. 
Na quinta fase ou fase atual, a partir de 2002, até os dias atuais, continua a busca 
pela expansão das exportações e por avanços tecnológicos que beneficiem a produção 
industrial e aumente a competitividade dos produtos produzidos no modelo. Nesta fase 
além da contínua busca por novos investidores, é marcada pela busca de "cooperação 
técnico‐científica com instituições nacionais e internacionais". (SUFRAMA, 2015) 
 
2.3  DIFERENCIAIS  COMPETITIVOS  QUE  SUSTENTAM  O MODELO  ZONA  FRANCA  DE 
MANAUS 
 
A ZFM possui uma localização geográfica estratégica, com relação aos mercados 
mundiais,  “tendo  em  vista  sua  posição  central  em  relação  aos  blocos  econômicos”, 
como Mercosul e Nafta, entre outros,  facilitando assim suas exportações entre estes 
(SUFRAMA). Para Braga e Magalhães (2009, p. 74) “o grande atrativo da ZFM, enquanto 
localização  de  investimentos,  é  o  acesso  irrestrito  ao  mercado  de  180  milhões  de 
brasileiros,  com  incentivos  fiscais”.  Neste  sentido  a  ZFM  possui  privilégios  fiscais 
diferenciados em se comparando às demais regiões do país, além dos incentivos fiscais 
oferecidos pelo governo federal, o investidor que instala sua indústria no Polo Industrial 
de Manaus, conta ainda com vantagens tributárias ofertados pelo governo do estado do 
Amazonas e do município de Manaus, tais políticas são justificadas pelo Estado como 
tentativa  de  amenizar  as  disparidades  regionais.  “A  isenção  ou  redução  de 
impostos,  especialmente  o  de  importação  para  certas  áreas  carentes 
funciona,  como  se  fosse  uma  abertura  de  portos,  pode  ser  uma 
compensação importante e justificável para Manaus” (Araújo 1985, p. 188). 
Assim, a autora define as Zonas Francas como mecanismos utilizados para desenvolver 
países subdesenvolvidos, neste sentido os países necessitam oferecer vantagens para 
atrair investimentos externos: 
 
 
 
 
26 
Assim,  sob  a  justificativa  de  que  a  implantação  de  empresas 
modernas,  irá  trazer  o  desenvolvimento  da  região,  estes  países 
oferecem  todas  as  facilidades  ao  capital  para  a  instalação  das 
indústrias: incentivos fiscais generosos e amplos e força de trabalho 
barata.  [...] Em todos os países em que existem Zonas Francas, no 
entanto, há um ponto em comum funcionando como atrativo para 
os investimentos: as isenções fiscais. E a Zona Franca de Manaus não 
fugiu à regra.  
No caso do modelo ZFM a ausência de atrativos tornou necessária a tomada de 
medidas pelo Governo para atrair investidores a implantarem suas empresas na região, 
já que este tinha como objetivo “melhorar a situação socioeconômica da região, através 
do  estabelecimento  de  núcleos  comercial,  industrial  e  agropecuário  na  capital 
amazonense e adjacências” (Pereira 2006, p. 17). Neste sentido, Ribeiro (2008, p. 329), 
afirma  que  “os  incentivos  fiscais  concedidos  na  Zona  Franca  de Manaus  constituem 
primordial  importância  para  a  promoção  do  equilíbrio  regional,  incentivando  e 
estimulando o crescimento da região amazônica”. 
Acerca do desenvolvimento regional, Oliveira (2011, p. 29‐31), menciona duas 
teorias, a primeira é a teoria da Base Exportadora, de autoria de Douglas C. North, criada 
“com o intuito de corrigir as inadequações das teorias da localização e do crescimento 
regional  para  explicar  a  dinâmica  da  economia  norte  americana”.  A  segunda  teoria 
abordada pelo autor, é a teoria dos Polos de desenvolvimento, de autoria do economista 
francês,  François  Perroux,  o qual  “idealizou essa  teoria  após estudar  a  concentração 
industrial na França, em torno de Paris; e na Alemanha, no vale do Ruhr”. No tocante a 
esta teoria com relação ao modelo ZFM, o referido autor, afirma que: 
 
O modelo Zona Franca de Manaus foi fortemente influenciado pela 
teoria dos polos de  crescimentos. O polo de  crescimento pode  se 
transformar em polos de desenvolvimento, para tanto é necessário 
que  sejam  geradas  transformações  estruturais  no  sentido  de 
promover  uma  expansão  da  produção  e  do  emprego  no 
macroambiente em que atue. E no caso específico de Manaus, não 
existia nenhum fator  localizacional preponderante,por  isso, que o 
governo idealizou um polo focado num elenco de incentivos fiscais e 
creditícios que serviriam para atrair os investidores para a região. 
Ferreira, (2015, p. 1) atesta que “[...] inaugura‐se o ciclo dos Incentivos, a partir 
da criação da Superintendência para a Valorização Econômica da Amazônia ‐ SPVEA, e 
da Zona Franca de Manaus em 1957, esta, inicialmente simples entreposto comercial”. 
O autor argumenta que foram criados incentivos fiscais capazes de permitir a instalação 
de empresas industriais dependentes de elevada quantidade de insumos importados e 
cujos  produtos  tinham  no  âmbito  nacional  os  seus  custos  agravados  por  alta  carga 
tributária. 
Para Fenzl, “é  importante ressaltar que todas as empresas que usufruem dos 
benefícios  fiscais  inerentes à ZFM, estão obrigadas a cumprir um Processo Produtivo 
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Básico ‐ PPB, que é a contrapartida principal aos incentivos”. Esta afirmação se confirma 
nas palavras de Braga e Magalhães (2009), pois segundo eles, “[...] o sistema utiliza o 
mecanismo  do  Processo  Produtivo  Básico  (PPB)  como  uma  forma  de  restringir  a 
implantação, na ZFM (com o gozo dos incentivos), apenas dos setores e subsetores que 
têm PPB aprovado [...]”. 
Outro  diferencial  competitivo  em  favor  à  ZFM,  está  em  sua  capacidade  de 
permitir a integração econômica do interior da Amazônia Ocidental, sem prejuízo ao seu 
patrimônio  ambiental,  ou  seja,  ao  mesmo  tempo  em  que  contribui  para  o 
desenvolvimento da região, contribui para conservação de 98% de sua floresta, segundo 
dados da SUFRAMA. O modelo possui grandes vantagens ambientais, pois localiza‐se no 
seio da maior  floresta tropical do planeta e na maior bacia de água doce do mundo, 
contribuindo com a preservação destes bens de importância mundial, outra vantagem 
de sua  localização é que o estado onde está  localizado,  faz  fronteira com três países 
(Peru,  Venezuela  e  Colômbia),  podendo  explorar  esses  mercados  e  ampliar  suas 
exportações. 
2.3.1 Conceito de Incentivos Fiscais 
Conceituar os incentivos fiscais não é tarefa simples, para Batalha (2005, p. 61) 
“incentivo fiscal é modalidade isencional na cobrança da exação, seja ela total ou parcial, 
mediante supressão ou mitigação do valor de alíquota, instituindo objetiva diminuição 
de  carga  fiscal”  sendo  assim,  configura‐se  um  dos  meios  utilizados  pelas  políticas 
econômicas na busca pela atração de investimentos. Melo Filho (1976, p. 154), afirma 
que: 
Incentivo  é  um  benefício  econômico,  fiscal  ou  jurídico,  em  favor 
daquele que cumpre certa operação correspondente a uma diretiva 
de política econômica de um Estado que tem, finalidade, precípua e 
justiça  econômica‐social.  [...]  representa  uma  das  características 
mais  expressivas  da  sociedade  tecnológica  e  de massa,  na  qual  o 
conformismo  passivo‐repressivo  da  sociedade  tradicional  foi 
substituído pela participação ativa e estimulante.  
Ávila  (1973,  p.  52)  vem  complementar  a  denominação  do  referido  autor, 
afirmando que os incentivos fiscais: 
[...]  correspondem  a  medidas  legislativas  de  redução  do  ônus 
tributário,  caracterizando‐se  por  sua  atuação  com  o  objetivo  de 
canalizar, para certas atividades produtivas ou determinadas regiões 
geográficas ou mesmo setores econômicos ainda não devidamente 
explorados,  recursos  eternos  à  economia  própria  das  empresas, 
setores econômicos ou regiões geográficas visadas. 
Os incentivos fiscais de acordo com Salazar (2006, p. 277), se configuram parte 
da tentativa de promoção do desenvolvimento para a região, desde a década de 1750, 
visto que é possível notar que a medida vem sendo utilizada como forma de compensar 
as dificuldades regionais em se tratando de localização, acesso e infraestrutura. Para a 
 
 
 
 
28 
Amazônia  Ocidental  estes  instrumentos  foram  concedidos  por  meio  do  Decreto‐Lei 
288/67,  com  duração  estipulada  para  30  anos,  sendo  alterada  mediante  a  nova 
Constituição Federal – CF de 1988, estabelecendo novo prazo de 25 anos, a partir da 
promulgação  da  Carta  Magna.  Uma  quarta  prorrogação  dos  incentivos  ocorreu 
mediante promulgação em 2014 da Emenda Constitucional – EC 83, a qual criou o artigo 
nº 92‐A, no ADCT, da CF, estendendo por mais 50 anos, ficando os benefícios vigentes 
agora  até  2073  (SUFRAMA).  A  respeito  da  concessão  e  gozo,  Botelho  (2006,  p.  35) 
destaca que “os incentivos fiscais [...] somente serão gozados com a realização comercial 
da produção, especificidade que difere positivamente o modelo dos demais modelos de 
desenvolvimento regional”.  
De acordo com o exposto no sitio da SUFRAMA, as importações em regime de 
Drawback gozam dos seguintes benefícios de isenção ou suspensão: 
Quadro 1 ‐ Benefícios de Isenção e Suspensão de Impostos 
Modalidade  Benefício 
 
Suspensão 
Imposto de Importação ‐ II 
Imposto sobre Produtos Industrializados ‐ IPI 
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços 
de Transporte Intermunicipal e Interestadual e de Comunicação ‐ 
ICMS 
Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante ‐ 
AFRMM 
Nessa modalidade inclui‐se a alternativa de ser um regime 
estendido também às operações de venda de máquinas e 
equipamentos no mercado interno, quando essas vendas foram 
contempladas por licitação internacional, contra pagamento em 
moeda conversível proveniente de financiamento internacional. 
Isenção 
Imposto de Importação ‐ II 
Impostos sobre Produtos Industrializados ‐ IPI 
Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante ‐ 
AFRMM 
Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle 
Informatizado ‐ RECOF 
 
Fonte: SUFRAMA (2011) 
 
Para Fenzl “a Zona Franca de Manaus não pratica guerra fiscal, pois os benefícios 
do ICMS estão amparados no art. 15 da LC 24/75, constitucionalizado pelo art. 40 e 92 
do  ADCT  da  Carta  de  1988,  conforme  entendimento  já  manifestado  pelo  próprio 
Supremo  Tribunal  Federal”.  Os  incentivos  fiscais  concedidos  à  ZFM,  não  objetivam 
somente atrair investimentos, neste sentido, Bispo (2009, p. 11, 12) afirma que: 
O modelo de desenvolvimento industrial da Zona Franca de Manaus 
está alicerçado em Incentivos Fiscais e Extras‐Fiscais concedidos às 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
29
empresas  que  ali  se  instalam.  Para  obter  a  concessão  desses 
incentivos, a empresa necessita apresentar um projeto econômico 
com requisitos financeiros, sociais e ambientais, além de cumprir um 
Processo Produtivo Básico (PPB), que se define como um conjunto 
mínimo de operações a serem praticadas pelas empresas industriais 
beneficiárias. A ideia é permitir a absorção de tecnologia, alavancar 
o  processo  de  crescimento  e  desenvolvimento  da  região  onde  a 
empresa se localiza. 
Com  a  publicação  da  Lei  8.387  de  30  de  dezembro  de  1991,  ocorre  uma 
flexibilização na  sistemática de concessão de  incentivos  fiscais à produção  industrial, 
considerando a não exigência dos índices mínimos de nacionalização. (FERREIRA 2015 
p. 18‐19) 
Diante disso, podemos verificar que os entraves à concessão desses incentivos, 
buscam também evitar a entrada de empresas que visão a concorrência desleal, ou seja, 
empresas  que  ali  se  instalariam  sem  nada  oferecer  em  troca  e  ainda  prejudicar  a 
economia  local. No  entanto,  quando  Serafim Correia,  afirma que,  ou o  Estado  toma 
medidas para reduzir os tramites burocráticos e acelerar o processo de concessão destes 
benefícios ou o “Estado” continuará perdendo e quando se fala em “Estado”, trata‐se 
de  Brasil  e  não  apenas  de  Amazonas,  pois  além  da  maioria  dos  recursos  serem 
repassados  a  União  para  serem  aplicados  nos  demais  estados  da  federação,  os 
empregos  ali  ofertados,  certamente  não  beneficiam  somente  manauaras  ouamazônidas, certamente ali encontram‐se mão de obra vinda de outras regiões, porém, 
não adentraremos neste assunto. 
 
2.3.2 Vantagens e Desvantagens dos Incentivos Fiscais para o modelo Zona Franca de 
Manaus 
 
A política de abertura brasileira para Investimento Externos Diretos – IEDs tem 
se configurado em uma ameaça ao modelo ZFM, neste sentido é preciso que se pense 
em estratégias bem mais significativas, que apenas a oferta de incentivos fiscais, pois 
estes não são suficientes para a atração de  IEDs,  sejam estes  já atuantes ou não, no 
Brasil, nacionais ou não, pois, a ausência de novas estratégias faz com que o modelo 
perca investidores para outras regiões do Brasil ou até mesmo para outros países, os 
quais oferecem melhores infraestruturas e melhores incentivos.  
O exposto por pelos autores, não caracteriza os incentivos como vantagens ou 
desvantagens, os mesmos orientam para a necessidade de novas medidas que possam 
contribuir  com  a  oferta  dos  incentivos,  já  que  não  é  suficiente  para  a  atração  de 
investimentos, orienta também que estas medidas busquem satisfazer as empresas já 
instaladas, para que possam melhor contribuir. Botelho, (2006, p. 35) enfatiza que os 
incentivos  fiscais  concedidos  somente  são  gozados  com  a  realização  comercial  da 
produção, especificidade que difere positivamente o modelo dos demais modelos de 
desenvolvimento regional. 
 
 
 
 
30 
Os  benefícios  sociais  do  modelo  ZFM  se  mostraram  superiores  aos  custos 
sociais,  tendo em vista  que o  crescimento do PIM  também gera  aumento de outros 
impostos,  tanto federais, como estaduais  (OLIVEIRA & SOUZA 2012, p. 14). Quanto a 
concessão e utilização dos  incentivos  ficais  como política de desenvolvimento para a 
região, Bispo (2009, p. 10) afirma que “a discussão sobre a concordância e validade dos 
incentivos  fiscais proporcionados pelo modelo  industrial Zona Franca de Manaus aos 
investimentos instalados naquela região é uma constante nos meios empresariais”.  
Segundo  o  autor,  a  oferta  desses  incentivos  ao  modelo  é  alegada  pelos 
empresariados de outras regiões do Brasil como incentivo à concorrência desleal. Sabe‐
se, pois, que a discórdia quanto a esta medida é assunto que preexiste desde muito 
tempo  e  que  repercutirá  por  muitos  anos,  pois  escalas  visionárias  muito  amplas  e 
dificilmente se chegará a um consenso que agrade à todas as esferas, seja no âmbito 
empresarial, seja no governamental. Miranda (2013), faz comparação do modelo ZFM 
com as Zonas de Processamento de Exportações instaladas na China, sua análise se volta 
para o sucesso que o modelo chinês alcançou utilizando ferramentas semelhantes às 
utilizadas  pelo  Brasil,  como  política  de  desenvolvimento  e  integração  da  Amazônia 
Ocidental.  Suas  críticas,  são  voltadas  para  os  incentivos  oferecidos,  principalmente, 
quanto à durabilidade dos mesmos, neste ponto, o autor configura os incentivos fiscais, 
quanto a sua durabilidade, como desvantagem, pois nos modelos chineses que tanto 
vem dando certo, estes são decrescentes, enquanto no modelo brasileiro, a concessão 
é mantida ao longo do tempo. Outro fator que contribui para o insucesso do modelo, 
segundo o autor, em relação ao chinês, é a orientação do mercado, enquanto o chinês 
esteve sempre voltado ao mercado externo, o brasileiro, limitou‐se à substituição das 
importações  e  ao  atendimento  do mercado  interno.    Quanto  a  oferta  de  incentivos 
fiscais  avantajados,  acredita‐se  que  careçam  de  uma  continua  e  severa  fiscalização, 
quanto ao cumprimento das exigências. 
Nota‐se que o autor é bastante crítico ao modelo, no entanto deve‐se levar em 
consideração, pois suas preocupações são relevantes à continuidade do modelo. Pois na 
concepção do autor, é  imprescindível que ocorra a concessão dos  incentivos, porém, 
apenas na  fase  inicial, até que as empresas se estabeleçam e não  ininterruptamente 
como vem ocorrendo desde a implantação do modelo. Neste sentido, percebe‐se que 
os  autores  aqui mencionados  classificam os  incentivos  fiscais  ofertados,  tanto  como 
vantagem,  quanto  como  desvantagem,  ou  seja,  assim  como  são  relevantes  à 
manutenção  do modelo,  também  são  prejudiciais,  pois  impedem  de  certa  forma,  a 
busca por novos investimentos, levando ao Estado ou à administradora a permanecer 
em uma zona de conforto.  
 
2.4 CONTRIBUIÇÕES DO MODELO ZONA FRANCA DE MANAUS PARA O CRESCIMENTO 
ECONÔMICO DA CIDADE DE MANAUS 
Pretende‐se  aqui  demonstrar  algumas  das  contribuições  do  modelo  para  o 
crescimento econômico da cidade de Manaus por meio dos setores que formam seu 
tripé de sustentação, sendo o setor industrial, com o Polo Industrial de Manaus ‐ PIM, o 
setor comercial, e o setor agropecuário, o qual encontra‐se afastado da cidade, porém 
não  deixa  de  dar  contribuições  ao  seu  crescimento  econômico.  No  entanto,  vale 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
31
ressaltar que o presente estudo realizou‐se sob dados secundários, sabendo‐se que as 
contribuições podem ser bem maiores do que as que aqui serão explanadas. 
A geração de empregos pelas empresas do setor comercial incentivadas, sejam 
eles diretos ou indiretos, tem se configurado em grande contribuição do modelo para a 
cidade, visto que a renda advinda dos empregos gerados movimenta grande parte da 
economia  da  cidade.  A  produção  advinda  do  modelo,  atende  o  mercado  regional, 
nacional e internacional, contribui também para o aperfeiçoamento tecnológico do país. 
A  figura  2  apresenta  a  evolução  do  faturamento  do  Polo  Industrial  de  Manaus  no 
período de 2002 a 2012. 
 
               Figura 2: Evolução do faturamento do PIM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
              Fonte: SUFRAMA (2011) 
 
  A  partir  destas  informações,  é  possível  constatar  que o  faturamento  do PIM 
durante  o  período,  se  demonstrou  crescente,  exceto  pela  queda  no  ano  de  2009, 
período em que a economia mundial encontrava‐se ainda atingida pelos efeitos da crise 
de  2008.  Como  importante  impulsionador  da  movimentação  econômica,  o  setor 
comercial, parte  integrante do tripé de atividade objetivado no âmbito da criação do 
modelo,  desde  sua  fase  inicial  vem  contribuindo  para  a  geração  de  renda  local, 
principalmente pela instalação das importadoras, que influenciavam o turismo interno, 
nos dias atuais este, “continua em franca expansão, comercializando bens importados e 
nacionais, com elevado nível de emprego” (SEPLANCTI, 2015).  
  O Distrito Agropecuário localizado à 30km da capital, também tem contribuído 
fortemente  para  a  economia  da  cidade,  pois  ali  são  desenvolvidos  “projetos  de 
agropecuária,  colonização,  turismo  ecológico,  mineral  e  áreas  institucionais  de 
preservação  ambiental  e  pesquisa”  (SUFRAMA  2011).  Sua  relevância  reflete 
diretamente na conservação ambiental da região, pois se configura em uma alternativa 
para  aqueles que dependiam principalmente da extração madeireira,  ou  até mesmo 
abertura  de  áreas  verdes  para  cultivos  de  subsistência.  Para  se  ter  uma  ideia  da 
 
 
 
 
32 
dimensão da importância deste modelo para o desenvolvimento econômico da cidade 
de  Manaus,  Ferreira  (2015.  p.  5),  afirma  que  “o  funcionamento  da  Zona  Franca 
estimulou, já em 1967, a abertura de 898 firmas comerciais e industriais na Cidade de 
Manaus,  116  de  grande  porte,  resultando  em  considerável  incremento  na  oferta  de 
emprego”. Ou seja, desde sua criação, o modelo tem demonstrado grande contribuição 
ao desenvolvimento da cidade. 
  Diante do exposto acima, pode‐se perceber que compromisso do governo federal 
em  desenvolver  a  Amazônia  Ocidental,  firmado  pelo  de  Decreto‐Lei  288/67,  tem  se 
consolidado por meio das ações desenvolvidas pela SUFRAMA e que o modelo ZFM tem 
sido um  instrumento de  grande  importância para  a  formaçãoeconômica e  social  da 
cidade  de  Manaus,  sendo  considerado  o  mais  bem‐sucedido  modelo  de 
desenvolvimento regional brasileiro. 
O quadro 2, apresentado abaixo, demonstra arrecadação do estado por meio da 
ZFM, o montante disponibilizado para o restante o país e o que volta para a região, ao 
verificar a diferença deste montante, percebe‐se que a quantia transferida para a região 
é pequena diante do que permanece nos cofres federais para aplicação no restante do 
país, no entanto vale salientar que este é uma ferramenta do governo federal. 
 
Quadro 2: Arrecadação x Transferência 
ANO 
AMAZONAS  Disponibilizados para 
todo o País Arrec.  Trans.  % 
2003  2.883.491.705  824.988.519  28,60%  2.058.503.186 
2004  4.340.150.439  943.841.890  21,70%  3.396.308.549 
2005  4.141.966.827  1.122.259.015  27,10%  3.019.707.812 
2006  4.899.466.496  1.245.487.691  25,40%  3.653.978.805 
2007  5.633.288.895  1.435.283.069  25,50%  4.198.005.826 
2008  7.156.453.867  1.756.740.341  24,50%  5.399.713.526 
2009  6.283.046.181  1.716.429.643  27,30%  4.566.616.538 
2010  7.448.084.151  1.987.966.243  26,70%  5.460.117.908 
2011  8.599.259.853  2.322.834.483  27,00%  6.276.425.370 
2012  8.958.752.913  2.535.588.853  28,30%  6.423.164.060 
 
TOTAL 
60.343.961.327  15.891.419.747  26,47%   44.452.541.580 
Fonte: Receita Federal do Brasil (2012) 
Adaptado pelo autor 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
33
 
Ao  realizar  a  leitura  do  quadro  2,  nota‐se  que  a  ZFM  arrecadou  durante  o 
período de 2003 a 2012 R$ 60.343 bilhões, dos quais, apenas R$ 15.891 bilhões foram 
remetidos ao estado, sendo então entregue aos cofres da União para serem aplicados 
nos demais estados da federação, R$ 44.452. Neste sentido, percebe‐se que o modelo, 
não só tem sido o grande propulsor do desenvolvimento econômico da capital onde está 
localizado, do estado e da Amazônia Ocidental, como também contribui com o restante 
do  país,  configurando‐se  assim,  em  vantagem  da manutenção  dos  incentivos  fiscais 
concedidos ao modelo. 
 
2.4.1. Empregabilidade e outras contribuições 
 
De acordo com Souza (1997, p. 96) o crescimento da massa salarial aumentaria 
a dimensão do mercado, além de facilitar o aumento da divisão do trabalho, reiniciando 
assim o processo cumulativo de crescimento. O Ministério do Trabalho e Emprego – 
MTE,  define  massa  salarial  como  "o  resultado  entre  a  remuneração  média  dos 
empregados e o número de empregos".  De acordo com Araújo e Dantas (2004, 
p. 292): 
 
A  Superintendência  da  Zona  Franca  de Manaus  –  SUFRAMA  atua 
como  agência  promotora  de  investimentos,  tendo  a 
responsabilidade  de  identificar  alternativas  econômicas  e  atrair 
empreendimentos  para  o  Amazonas,  com  o  objetivo  de  gerar 
emprego e renda a população. 
Os resultados positivos alcançados com a Zona Franca de Manaus, 
permitem que a Suframa cumpra plenamente sua função de agência 
do  desenvolvimento  regional,  que  também  prioriza  e  estimula  os 
investimentos em capacitação científica, tecnológica e de inovação, 
condições  necessárias  para  impulsionar  o  uso  sustentável  das 
potencialidades amazônicas. 
Os empregos gerados por meio do PIM são responsáveis por grande parte 
da movimentação econômica do setor comercial da Manaus. A tabela 1 a seguir 
apresenta a evolução da mão-de-obra empregada no PIM correspondente ao 
período de 2003 a 2012, demonstrando a contribuição do modelo, no que refere a 
geração de emprego na capital amazonense. 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 Tabela 1: Mão-de-obra empregada no PIM (2003-2012) 
Média mensal de mão‐de‐obra ocupada no PIM (*) 
 
 
2003 
 
2004 
 
2005 
 
2006  2007  2008  2009  2010 
 
2011 
 
2012 
 
64.971  9.381 
 
89.869 
 
98.666  98.720  106.914  92.700  92.862 
 
110.683 
 
111.819 
     (*) Exceto mão‐de‐obra terceirizada e temporária. 
     FONTE: COISE/CGPRO/SAP. (2012) 
     Adaptado pelo autor 
 
  A tabela 1, apresenta a mão‐de‐obra empregada no Polo Industrial de 
Manaus  no  período  de  2003  a  2012,  observa‐se  conforme  os  dados,  uma  elevação 
constante do número de empregos gerados entre 2003 e 2008, ocorrendo queda em 
2009, mantendo número similar em 2010, vale ressaltar que, durante este período a 
economia mundial encontrava‐se em crise, nota‐se que em 2011 e 2012 o número volta 
a  ser  crescente.  Notando  que  os  números  apresentados  não  incluem  os  empregos 
indiretos, nem a mão‐de‐obra terceirizada. Bispo (2003, p. 75) observa que: 
Dentre as inúmeras vantagens para a economia nacional, resultantes 
desse beneficiamento, processamento e transformação do produto 
em território nacional, destaca‐se a incorporação da mão‐de‐obra e 
materiais  nacionais,  em  forma  não  elaborada,  proporcionando  a 
geração de emprego e de renda. 
  De  acordo  com  dados  da  Nota  Técnico  do  Departamento  Intersindical  de 
Estatísticas  e  Estudos  Socioeconômicos  ‐  DIEESE  o  número  de  empregos  formais  no 
Amazonas em 2013 era de 616.377, sendo o estado que mais possui empregos informais 
dentre os estados de abrangência do modelo Zona Franca de Manaus.  (Nota Técnica 
2014, p. 5).  
  A autarquia contribui ainda com as obras de infraestrutura e revitalização, por 
meio  de  financiamento  de  obras,  como  por  exemplo  a  de  revitalização  do mercado 
municipal Adolfo Lisboa; promoção do turismo regional, desde o início de sua atuação 
até  os  dias  de  hoje;  promoção  da  marca  da  Amazônia,  por  meio  da  participação  e 
realização  de  feiras  internacionais.  (SUFRAMA,  2015).  Os  estados  que  compõem  o 
modelo ZFM, principalmente o Amazonas vem aumentando suas participações no PIB 
do país, segundo IBGE (2015), "o PIB corresponde ao total dos bens e serviços gerados 
na região". A tabela 2 a seguir apresenta o PIB gerado por estes estados no período de 
2003 a 2012. 
 
 
 
 
 
 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 
 
 
 
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Tabela 2: PIB dos Estados que compõem o modelo ZFM (1 000 000 R$) 
Estado  Rondônia  Acre Amazonas Roraima Amapá  Brasil 
2003  9.751  3.305 24.977 2.737 3.434  1.699.948 
2004  11.260  3.940 30.314 2.811 3.846  1.941.498 
2005  12.884  4.483 33.352 3.179 4.361  2.147.239 
2006  13.107  4.835 39.157 3.660 5.360  2.369.484 
2007  15.003  5.761 42.023 4.169 6.022  2.661.345 
2008  17.888  6.730 46.823 4.889 6.765  3.032.203 
2009  20.236  7.356 49.614 5.593 7.404  3.239.404 
2010  23.561  8.477 59.779 6.341 8.266  3.770.085 
2011  27.839  8.794 64.555 6.951 8.968  4.143.013 
2012  29.352  9.629 64.120 7.314 10.420  4.392.094 
Fonte:  IBGE,  em  parceria  com  os  órgãos  de  Estatística,  Secretarias  Estaduais  de  Governo  e 
Superintendência da Zona Franca de Manaus. (2012)  
 
  Em observação ao exposto IBGE, nota‐se que o Estado do Amazonas é dentre os 
que fazem parte do modelo ZFM, o que tem maior participação no PIB Nacional, não há 
dúvida  de  que  o  fato  se  deva  à  contemplação  do  PIM  na  capital Manaus.  A  seguir 
apresenta‐se outras possíveis contribuições por meio de dados comparativos expostos 
pela SUFRAMA de antes da implantação do modelo até o ano de 2012. 
 
Quadro 3:  Indicadores Municipais Comparativos 
 INDICADORES MUNICIPAIS ANTES DA ZFM 45 ANOS DE ZFM 
UNIVERSIDADES E FACULDADES 1 13 
CURSOS DE MESTRADO E DOUTORADO 0 20 
CENTROS DE PESQUISA 2 8 
POPULAÇÃO 254.000 1.738.641 
ESCOLAS ESTADUAIS 6 335 
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 8 464 
PIB AMAZONAS/ PIB BRASIL 0,6 1,58 
PIB PER CAPITA AMAZONAS - 11.829 
INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO 173 600 
BAIRROS 31 119 
FROTA DE VEÍCULOS 828 400.254 
SHOPPING CENTERS 0 5 
  Fonte : COGEC/SUFRAMA (2015)  
 
 
 
 
 
36 
  As informações apresentadas no quadro 3, mostram um panorama da cidade de 
Manaus, antes da implantação do modelo e após 45 anos de funcionamento, portanto, 
diante de sua magnitude, pode‐se atrelar a este, grande contribuição para o crescimento 
da cidade de Manaus.  
  O modelo

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