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Autores: Profa. Daniela Menezes Prof. Celio Trindade de Ávila Colaboradores: Prof. Thiago Macrini Prof. Maurício Fellipe Manzalli Marketing Aplicado à Estética Professores conteudistas: Daniela Menezes e Celio Trindade de Ávila Daniela Menezes Graduada em Marketing pela Universidade Nove de Julho. Possui especialização em Docência no Ensino Superior pelas Faculdades Metropolitanas Unidas e também em Formação em Educação a Distância pela Universidade Paulista — UNIP. Cursando mestrado em Comunicação pela UNIP. Atualmente, é professora titular na UNIP. Atuou em conceitudas empresas, como o Grupo Fenasoft, Asserge Promoções e Eventos e o Colégio Gibran Khalil Gibran. Desenvolveu diversas atividades na área de marketing: campanhas publicitárias, organização e promoção de eventos, participação na reestruturação do planejamento estratégico da empresa e elaboração de planos de marketing. Celio Trindade de Ávila É graduado em Administração de Empresas e pós‑graduado em Administração de Marketing e Didática do Ensino Superior pela Universidade Mackenzie, bem como em Tecnologia em Análise de Sistemas pela Fundação Armando Alvares Penteado – Faap. Há mais de 16 anos leciona no Ensino Superior. Atualmente, é professor na UNIP. Na área corporativa, atua como consultor PMO há mais de 40 anos em projetos pontuais em empresas de grande e médio porte, como: Grupo Bradesco, Santander, Citibank, ANBID, Xerox do Brasil, Grupo Accor, dentre outras, com foco em marketing, gerenciamento de pessoas, logística, processos gerenciais, ética e tecnologia. Desde 2013, é certificado internacionalmente pelo Project Management Institute (PMI), numa das principais especializações em projetos do mundo corporativo: a Project Management Professional (PMP). Além disso, desde 2009 é certificado internacionalmente em Gerenciamento de Serviços Itil pela Foundation Certificate in IT Service Management (International Institute for Information Science, Exin, Holanda). © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) M543m Menezes, Daniela Marketing aplicado à estética / Daniela Menezes, Celio Trindade de Ávila. São Paulo: Editora Sol, 2021. 236 p., il. Notas: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517‑9230. 1. Marketing. 2. Produto. 3. Cliente. I. Ávila, Celio Trindade. II. Título. CDU 658.8 U512.91 – 21 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Unip Interativa Profa. Dra. Cláudia Andreatini Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Angélica L. Carlini Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. Deise Alcantara Carreiro Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Vitor Andrade Giovanna Cestari Sumário Marketing Aplicado à Estética APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 INTRODUÇÃO AO MARKETING ...................................................................................................................11 1.1 Conceitos e definições de marketing ............................................................................................11 1.2 Elementos básicos de marketing.....................................................................................................11 1.3 Ambiente de marketing ..................................................................................................................... 14 1.3.1 Macroambiente ........................................................................................................................................ 15 1.3.2 Microambiente ......................................................................................................................................... 22 1.4 Segmentação de mercado/clientes ............................................................................................... 27 1.4.1 Marketing de segmento ....................................................................................................................... 28 1.4.2 Marketing de nicho ................................................................................................................................ 30 1.4.3 Marketing individual ............................................................................................................................. 32 1.4.4 Marketing local ........................................................................................................................................ 32 1.5 Segmentações de mercados organizacionais ........................................................................... 33 1.6 Segmentações dos mercados consumidores ............................................................................ 34 1.6.1 Potencial e demanda de mercado .................................................................................................... 41 1.7 Posicionamento de mercado ........................................................................................................... 42 1.8 Tipos de mercados ................................................................................................................................ 44 1.8.1 Mercado organizacional ....................................................................................................................... 45 1.8.2 Mercado consumidor ............................................................................................................................ 47 1.8.3 Pesquisa de marketing .......................................................................................................................... 49 2 VALOR AGREGADO AO PRODUTO E PERCEBIDO PELO CLIENTE ................................................... 51 2.1 Como criar uma proposta de valor? ............................................................................................. 52 2.2 O que é e como aplicar o marketing de relacionamento? .................................................. 53 2.2.1 Afinal, o que é marketing de relacionamento? .......................................................................... 55 2.2.2 Recursos para a construção de relacionamentos sólidos e duradouros com os clientes ............................................................................................................................................................. 56 2.3 Gerenciar informações no marketing .......................................................................................... 58 2.3.1 Sistema 0800 ............................................................................................................................................ 59 2.3.2 SAC................................................................................................................................................................ 59 2.3.3 Internet ....................................................................................................................................................... 60 2.3.4 SMS ...............................................................................................................................................................63 2.3.5 Telemarketing ........................................................................................................................................... 63 2.3.6 Database (banco de dados) ................................................................................................................. 64 2.4 Dicas para um gestor que é orientado pelo marketing ........................................................ 64 Unidade II 3 ESTRATÉGIAS DE MARKETING .................................................................................................................... 70 3.1 Orientações das empresas ................................................................................................................ 70 3.1.1 Marketing integrado .............................................................................................................................. 75 3.1.2 Marketing interno .................................................................................................................................. 75 3.1.3 Marketing socialmente responsável ................................................................................................ 76 3.2 Avaliação da concorrência ............................................................................................................... 77 3.3 Plano de marketing ............................................................................................................................. 81 3.3.1 Elaboração do plano de marketing .................................................................................................. 85 3.3.2 Informações de um plano de marketing ....................................................................................... 85 3.3.3 Visão geral sobre a elaboração de um plano de marketing .................................................. 90 4 AS DIFERENÇAS DO MARKETING APLICADO A SETORES DISTINTOS ........................................105 4.1 Marketing aplicado à indústria.....................................................................................................106 4.1.1 Composto mercadológico do marketing industrial ................................................................107 4.2 O marketing aplicado ao comércio .............................................................................................108 4.3 Marketing aplicado ao Terceiro Setor .........................................................................................111 4.4 Marketing aplicado a pequenas e médias empresas ........................................................... 115 Unidade III 5 PRODUTO ..........................................................................................................................................................121 5.1 Níveis do produto ...............................................................................................................................121 5.2 Classificação de produto .................................................................................................................123 5.3 Elementos de diferenciação do produto ...................................................................................127 5.3.1 Características (atributos) ................................................................................................................ 128 5.3.2 Diferenciação de serviços ................................................................................................................. 129 5.3.3 Rótulo e embalagem .......................................................................................................................... 130 5.3.4 Marcas ...................................................................................................................................................... 132 5.4 Hierarquias de produtos ..................................................................................................................138 5.5 Mix de produtos ..................................................................................................................................138 5.6 Planejamento de novos produtos ................................................................................................141 5.7 Estratégias para desenvolvimento de novos produtos .......................................................145 5.8 Etapas do processo de desenvolvimento de novos produtos ..........................................146 5.8.1 Geração de ideias ................................................................................................................................. 147 5.8.2 Seleção de ideias .................................................................................................................................. 149 5.8.3 Desenvolvimento e teste do conceito ......................................................................................... 150 5.8.4 Estratégia de marketing .................................................................................................................... 152 5.8.5 Análise do negócio .............................................................................................................................. 153 5.8.6 Desenvolvimento do produto ......................................................................................................... 156 5.8.7 Teste de mercado ................................................................................................................................. 157 5.8.8 Comercialização ................................................................................................................................... 159 6 PREÇO ................................................................................................................................................................162 6.1 Como as empresas determinam preços ....................................................................................164 6.2 Estabelecimento de preços .............................................................................................................165 6.2.1 Seleção do objetivo da determinação de preços .................................................................... 167 6.2.2 Determinação da demanda ............................................................................................................. 169 6.2.3 Estimativa de custos ............................................................................................................................171 6.2.4 Análise de custos, preços e ofertas dos concorrentes .......................................................... 172 6.2.5 Seleção de um método de determinação de preços ............................................................. 172 6.2.6 Seleção do preço final ........................................................................................................................ 175 6.3 Preço geográfico .................................................................................................................................175 6.4 Descontos e concessões de preços ..............................................................................................176 6.5 Preço promocional .............................................................................................................................177 6.6 Preço discriminatório ou diferenciado ......................................................................................178 6.7 Estratégias de preços ........................................................................................................................179 6.8 Mudanças de preços .........................................................................................................................180 Unidade IV 7 PRAÇA (DISTRIBUIÇÃO) ..............................................................................................................................185 7.1 Distribuiçãofísica e gerenciamento da logística ..................................................................188 7.2 Intermediários – canais de distribuição ....................................................................................189 7.3 Estratégias de distribuição .............................................................................................................193 7.3.1 Atacado .................................................................................................................................................... 194 7.3.2 Distribuidores ........................................................................................................................................ 197 7.3.3 Varejo ........................................................................................................................................................ 197 7.4 Distribuição no comércio eletrônico ..........................................................................................202 8 PROMOÇÃO (COMUNICAÇÃO) .................................................................................................................205 8.1 Desenvolvimento de uma comunicação eficaz .....................................................................207 8.2 Propaganda ...........................................................................................................................................212 8.3 Promoção de vendas .........................................................................................................................213 8.4 Relações públicas e assessoria de imprensa ............................................................................213 8.5 Vendas pessoais ...................................................................................................................................214 8.6 Marketing direto .................................................................................................................................214 8.7 Experiências ..........................................................................................................................................215 8.8 Eventos ...................................................................................................................................................215 8.9 Patrocínio ...............................................................................................................................................216 8.10 Merchandising ...................................................................................................................................216 8.11 Marketing digital ..............................................................................................................................216 8.12 Trade marketing ...............................................................................................................................217 9 APRESENTAÇÃO O objetivo primordial desta disciplina é apresentar você à visão mercadológica, na qual o marketing é discutido por meio dos seus conceitos centrais e de sua aplicação na área específica de cada ramo de atividade, incluindo a estética e a cosmética. O conteúdo procura envolver você, aluno, na busca do conhecimento, no sentido de entender os estudos de mercado, a análise estratégica de seu produto, preço, formas de comunicação e de distribuição. Ao término desta disciplina, espera‑se que você tenha conhecimento de forma a conseguir conciliar as bases de marketing aos seus conceitos estando, assim, apto a: • fazer a elaboração de um plano de marketing; • orientar ações tendo o marketing como guia; • dominar a estrutura básica do marketing composta pelos 4 Ps – produto, preço, praça e promoção. Espera‑se também que você possa adequar o marketing ao negócio do mercado da beleza, em função do caráter empreendedor representado por salões de beleza, clínicas estéticas e indústria da cosmética. INTRODUÇÃO Este momento é muito propício para direcionarmos nossos esforços para a melhoria do desempenho e dos resultados das empresas a fim de que haja desenvolvimento em nosso país. O nosso grande desafio é, através da leitura e da compreensão, desmistificar o conceito do senso comum que entende o marketing apenas como propaganda ou venda. Isso porque ele também orienta os estudos de mercado, a importância do valor agregado ao produto percebido pelo cliente e provê subsídios para a tomada de decisão de forma estratégica. Para compreendermos melhor os pormenores do marketing, devemos nos atentar para algumas ações que geralmente fazemos de forma “automática” e não percebemos. Normalmente, tomamos banhos todos os dias e, para esse momento prazeroso, utilizamos alguns elementos, como: sabonete, água, xampu, entre outros. Para muitas pessoas, esses itens “aparecem” em seu banheiro sem que percebam, ou seja, não sabem quem os colocou ali, mas, para outras, esses elementos são selecionados propositalmente. Nesse ato, é possível perceber diversas ações do marketing. Para que o sabonete, por exemplo, esteja em seu banheiro, uma empresa observou a necessidade de higiene pessoal, criou uma solução para isso, investiu em propaganda focada no público‑alvo, colocou esse produto à disposição e também estabeleceu um preço para possibilitar sua aquisição. 10 Unidade I Perceba que estratégias de marketing permeiam nossas vidas e, para os gestores, não é preciso apenas saber identificá‑las, mas é fundamental que saibam aplicá‑las para o sucesso de suas ações. Utilizando ainda o exemplo do banho, entenda algumas variáveis estudadas pelo marketing. A solução criada para satisfazer à necessidade de higiene pessoal é o produto, e o local onde o produto foi colocado à disposição dos clientes faz parte do estudo de distribuição; já a forma como a empresa informou as pessoas sobre a existência desse produto e onde adquiri‑lo é realizada estrategicamente pelo setor de comunicação; e seu preço é minuciosamente determinado a partir da percepção do marketing. Identificamos alguns elementos entre os diversos estudados pelo marketing e a partir de agora iniciaremos um estudo crítico sobre essa ciência. Você perceberá que: • A unidade I o introduzirá aos conceitos básicos de marketing e valor agregado percebido pelo cliente. • A unidade II permitirá que você entenda e saiba lidar com as estratégias de marketing e as diferenças do marketing aplicado a setores distintos. • A unidade III permitirá o aprofundamento sobre dois dos principais elementos estratégicos no marketing: o produto e o preço. • A unidade IV permitirá que você se aprofunde sobre os dois últimos, e não menos importantes, elementos estratégicos: a praça onde será exposta a questão da distribuição de seus produtos e serviços, e a promoção, relacionada ao processo de comunicação entre você e seus clientes. Na medida do possível, ilustraremos, através de exemplos e imagens, situações mercadológicas relacionadas ao mercado da beleza, clínicas e salões de beleza. Esperamos que você aproveite o máximo possível da leitura deste material e que este seja o início de um crescente sucesso e aprendizado no seu dia a dia. Bons estudos! 11 MARKETING APLICADO À ESTÉTICA 1 INTRODUÇÃO AO MARKETING 1.1 Conceitos e definições de marketing Perceba que em poucos parágrafos (como os da introdução da disciplina) já podemos observar algumas das ações que uma empresa precisa tomar para atender seus consumidores e consequentemente conquistar seus objetivos empresariais. É preciso ressaltar que o marketing está presente em diversos setores da sociedade, e não apenas no setor privado. Na indústria cosmética, está cada vez mais presente, visto o avanço das inovações em produtos de rejuvenescimento e bem‑estar corporal. Há teóricos que expõem algumas definições sobre o marketing. Segundo Kotler (2006), há a definição social e a gerencial: na primeira, o marketing é o processo social que permite às pessoasobter aquilo que necessitam e que desejam com a criação, a oferta e a livre negociação de produtos e serviços de valor com os outros. O propósito do marketing, segundo essa definição, é proporcionar à sociedade maior qualidade de vida; na segunda definição, o marketing é o processo de planejar e executar a concepção, a determinação do preço, a promoção e a distribuição de ideias, bens e serviços para criar negociações que satisfaçam metas individuais e organizacionais. A intenção dessa definição é satisfazer às necessidades dos clientes e construir relacionamentos duradouros, e não apenas vender produtos. Se refletirmos sobre essas duas definições, não será difícil concluir que o marketing é uma ciência que estuda o processo de troca, em que duas ou mais partes oferecem algo de valor entre si com o objetivo de satisfazer necessidades e desejos. Nunca o mercado da beleza foi tão incisivo nessa troca de valor, uma vez que a imagem e o cuidado corporal se tornaram pré‑requisitos tanto para o bem‑estar das pessoas quanto para as questões profissionais e de relacionamento. 1.2 Elementos básicos de marketing O marketing tem o papel de planejar e executar estratégias para que o processo de troca beneficie quem o procura e também satisfaça a necessidade ou desejo de alcançar metas individuais ou organizacionais de quem o oferta. Há alguns elementos básicos na essência do marketing: Unidade I 12 Unidade I a) necessidades: é o elemento mais básico e desencadeador do marketing, pois é a partir dele que percebemos um estado de privação ou limitação e, assim, inicia‑se a busca pela satisfação. Conforme Abraham Maslow, elas referem‑se a aspectos básicos da condição humana – alimentar‑se, vestir‑se, ter um lugar para morar etc. (KOTLER, 2006, p. 213). Destaca‑se a pirâmide de Maslow, em que o autor destaca a hierarquia das necessidades: Autorrealização (autodesenvolvimento) Estima (fatores internos da estima) Sociais (busca de identificação e aceitação em grupo, amizade, afetividade) Segurança (busca pela proteção física e emocional) Fisiológica (fome, sede, respiração, homeostase) Figura 1 – Pirâmide de Maslow Quando uma necessidade é focada em um único objeto, e somente ele é capaz de satisfazer a essa necessidade, isso se transforma em desejo. Perceba a inter‑relação entre a necessidade e o desejo, pois, na mente das pessoas, o objeto de desejo se manifesta com intensidade tal na estética e cosmética a ponto de se tornar imprescindível: b) desejos: são manifestações de nossa vontade. Não são necessidades. Assim, temos o desejo de um sapato novo, de um televisor maior, de um apartamento novo. c) oferta: consiste em colocar à disposição a troca de um produto, serviço ou ideias. d) troca: é o conceito central de Marketing, envolve a obtenção de um produto desejado por alguém que oferece algo em troca. Para que o potencial de troca possa existir, há cinco condições essenciais: 13 MARKETING APLICADO À ESTÉTICA 1. Que existam pelo menos duas partes. 2. Que todas as partes possuam algo que possa ter valor para as outras partes. 3. Que todas as partes tenham capacidade de comunicação e de entrega. 4. Que todas as partes estejam livres para aceitar ou recusar a oferta de troca. 5. Que todas as partes acreditem que seja adequado participar da negociação. e) transação: é uma troca de valores entre duas ou mais partes (KOTLER; KELLER, 2006, p. 214‑215). Uma transação envolve várias dimensões: é preciso que haja ao menos duas coisas de valor, um acordo especificando todas condições, o momento desse acordo e o local adequado. Geralmente, há um sistema legal para apoiar e exigir o cumprimento das obrigações contratuais. Sem legislação, a transação poderia ser vista com desconfiança, e isso traria prejuízos a ambas as partes. Na área da estética e cosmética, além de legislação específica, existe a fiscalização presente de um dos principais órgãos ligados à saúde, responsável por acompanhar, fazer cumprir e, se necessário, punir transgressores: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. O autor também destaca alguns elementos: f) transferência: quando uma parte dá algo para outra, mas não recebe nada em troca. Presentes, subsídios e doações a obras de caridade são transferências. O ato de transferência também pode ser compreendido por meio de conceito de troca, pois quem transfere espera receber algo em troca. Exemplo: ao doar sangue a alguém, espera‑se receber gratidão, o que traz ao doador uma sensação de bem‑estar. g) satisfação: uma oferta poderá proporcionar satisfação ao consumidor se os seus atributos, o seu pacote de benefícios (também chamado de valores) os satisfizer, ou seja, atender suas expectativas. h) valor: segundo Cobra (2003), ele pode ser definido como a diferença entre o que o cliente espera e o que ele recebe. O autor explica o valor pela seguinte fórmula: 14 Unidade I benefícios – sacrifícios (benefícios práticos + benefícios emocionais) – sacrifícios valor = ___________________ = _______________________________________________________ Custos custos monetários + custo tempo + custe energia + custos psicológicos (KOTLER; KELLER, 2006, p. 216). Por fim, os autores definem mais dois elementos: i) mercado: atualmente, pode ser definido como um conjunto de compradores e vendedores que efetuam transações relativas a determinado produto ou classe de produto (mercado imobiliário ou de cana‑de‑açúcar, por exemplo). i) demanda: é o grupo de pessoas que procura determinados produtos e tem o poder aquisitivo para obtê‑los (KOTLER; KELLER, 2006, p. 217). Observação O mercado de beleza e estética é um dos que possuem múltiplas faces, visto as características tanto de proprietários e franqueados de salões, clínicas e indústrias de fabricação de produtos, com muitas opções de investimento, quanto do amplo público‑alvo para explorar. Dentro desse setor, há opções de redes de beleza que trabalham com cosméticos, procedimentos estéticos e maquiagem. Os elementos demonstrados nessa obra devem ser estudados individualmente e inter‑relacionados para que os objetivos individuais e organizacionais sejam alcançados. Assim, é preciso ter a consciência de que aqueles que ofertam (geralmente as empresas) não estão sozinhos, ou seja, interagem com outros agentes e forças que podem influenciar direta ou indiretamente o seu negócio. 1.3 Ambiente de marketing Conforme Cobra (2003), o ambiente de marketing é formado pela união de uma força externa (macroambiente) e interna (microambiente), as quais interferem direta ou indiretamente nas decisões e nos resultados das ações de marketing realizadas por uma empresa. Os profissionais de marketing sempre devem se atentar ao ambiente de marketing para que possam identificar possíveis oportunidades e se defender de ameaças, ou ainda para transformar possíveis ameaças em oportunidades. Esse ambiente pode ser representado pela figura a seguir: 15 MARKETING APLICADO À ESTÉTICA Mercado global Macroambiente Microambiente Os fornecedores, os intermediários, os concorrentes, as entidades públicas e privadas, os clientes e a empresa. Forças: demográficas, tecnológicas, econômicas, político‑legais e naturais. Figura 2 – Mercados Adaptada de: Basta, Andrade e Ferreira (2006). 1.3.1 Macroambiente O macroambiente é formado por forças que a empresa não pode controlar, e é responsabilidade do gerente de marketing analisar, avaliar e entender o histórico e evolução dessas forças bem como as possíveis tendências de evolução futura, de modo a elaborar e trabalhar com cenários que minimizem os riscos das decisões e ações de marketing. Quando dizemos que são forças que não se pode controlar, isso significa que a empresa não pode impedir que alguns fatos aconteçam, mas também não significa que ela não possa se prevenir, ou melhor, antevê‑los para se defender. São forças do macroambiente:1. Forças tecnológicas: provavelmente essa seja a força com maior expressão nos últimos tempos em função das constantes inovações proporcionadas pela tecnologia, que geram oportunidades de mercado. É importante ressaltar que as inovações tecnológicas podem movimentar o mercado, substituir produtos, criar demanda primária (com lançamento de novos produtos) e até afetar a outra força, como no caso da indústria da natalidade: a pílula anticoncepcional está reduzindo o tamanho das famílias, neste caso influi na força cultural. Na área da estética e cosmética, as clínicas de estética devem estar atentas à força tecnológica para acompanhar a concorrência. Entre outros equipamentos inovadores que unem praticidade, modernidade e eficiência, e que podem impactar as clínicas estéticas, podemos citar alguns, como: 16 Unidade I • Analisador Digital de Composição Corporal: todo bom tratamento começa com uma avaliação completa. Esse equipamento permite análises mais assertivas antes da aplicação dos procedimentos. • Criofrequência Axcel: é uma das maiores inovações da estética nos últimos tempos. Através do resfriamento, realiza a estimulação da produção de colágeno, inibi o processo inflamatório da celulite e reduz a quantidade de gordura localizada no corpo. Lembrete Podemos observar que o gestor, por estar em constante evolução, deve acompanhar essa força de maneira muito próxima e constante para utilizá‑la a seu favor. 2. Forças econômicas: além da necessidade de se ter um mercado para que essas forças existam, é imprescindível haver pessoas, e estas devem possuir o poder compra. E esse poder de compra está atrelado à distribuição de renda, aos preços, às poupanças, aos empréstimos e à disponibilidade de crédito. Em suma, é importante avaliar a situação econômica do país em que uma empresa pretende atuar (KOTLER; KELLER, 2006, p. 219). Os profissionais de marketing devem estar atentos às principais tendências na renda e nos padrões de consumo, pois elas podem ter um forte impacto nos negócios, especialmente no caso de produtos direcionados aos consumidores de alto poder aquisitivo e que são sensíveis ao preço. Segundo Kotler e Keller (2006), em uma economia global, é preciso atentar‑se a mudanças na distribuição de renda no mundo (pois essa distribuição varia muito de país para país), especialmente nos locais em que os níveis de riqueza estão aumentando. Para entendermos melhor essa força, basta nos perguntarmos: será que todas as pessoas que desejam um produto fazem parte de uma determinada demanda? Podemos prontamente responder que não, uma vez que (para o marketing) para fazer parte de uma demanda, é preciso ter poder aquisitivo para comprar o produto. E o termo “ter poder aquisitivo” não está relacionado somente em ter dinheiro no bolso e sim em ter como conseguir o valor total para pagar, mesmo que esse valor seja diluído em parcelas. Assim, podemos entender o poder do crédito, o poder das taxas de juros, o valor da moeda do país, enfim, elementos da economia que interferem diretamente nos resultados de uma empresa. Muitas vezes, uma determinada clínica (ou até mesmo um salão de beleza) tem como carro‑chefe um serviço cujo procedimento depende de um produto importado. Contudo, num período de grande oscilação do preço do dólar, o tratamento oferecido pode acabar encarecendo demais, inviabilizando esse serviço. Essa clínica, devido à força econômica representada pelo dólar, deve estar preparada para encontrar alternativa com serviço/produto similar ou poderá estar fadada à falência. 17 MARKETING APLICADO À ESTÉTICA Kotler e Keller (2006) também citam as forças politico-legais. Eles dizem que elas são formadas por leis, regulamentos, tratados, acordos e normas que são outorgados por governos e “grupos de pressão” que possuem influência sobre várias organizações e indivíduos da sociedade. Com relação a essa força, é preciso considerar a atuação dos partidos e dos grupos que eles representam. As privatizações, as instituições jurídicas, a legislação sindical, a proteção industrial nacional, a lei de patentes, os impostos e o código de defesa ao consumidor são algumas variáveis importantes. As determinações estabelecidas pela Anvisa como força político‑legais influenciam significativamente as organizações do setor da estética e da beleza. O funcionamento dessas organizações depende de um criterioso atendimento às exigências estabelecidas por esse órgão. Algumas leis favorecem determinados setores, como a Lei Rouanet (Lei Federal de incentivo à cultura), de amparo ao mercado cultural, e a Lei da Alcoolemia Zero n. 11.705, mais conhecida como a Lei Seca, que beneficiou o mercado de seguro automobilístico no Brasil reduzindo o número de acidentes e, consequentemente, os sinistros das seguradoras. Kotler e Keller (2006) também citam as forças naturais. É necessário que as empresas percebam a necessidade de adoção de práticas que protejam o meio ambiente para evitar a escassez de matéria‑prima e a própria degradação do meio ambiente. Grandes oportunidades aguardam por empresas e profissionais de marketing que consigam criar novas soluções capazes de conciliar prosperidade e proteção ambiental. Os autores relatam que as empresas precisam se conscientizar sobre as ameaças e oportunidades associadas a quatro tendências do ambiente natural: a escassez de matérias‑primas, especialmente de água, o custo mais elevado de energia, os níveis mais altos de poluição e as mudanças no papel dos governos em relação à proteção ambiental. Fazendo uma contextualização sobre a importância dessa força, podemos observar o caso da Natura, relatado a seguir. Inovação em práticas sustentáveis: o caso Natura A Natura adota diversas estratégias focando sua cadeia de suprimentos. A empresa induz seus fornecedores a passarem por processos de autoavaliação em relação à qualidade, meio ambiente e responsabilidade social. A empresa também promove programas de capacitação de fornecedores para elaboração de relatórios de sustentabilidade e quantificação e gestão de emissões de gases de efeito estufa. A empresa tem, também, práticas diretamente relacionadas a algumas linhas de produtos, como o caso dos produtos da linha Ekos, desenvolvidos com o uso de tecnologias limpas, que buscam reduzir os impactos ambientais ao longo da cadeia produtiva. Há, ainda, um direcionador específico em relação às fórmulas dos produtos da empresa, que tem como objetivo evitar a utilização de matérias‑primas de origem animal, mineral ou sintética, em prol das alternativas de origem vegetal. A meta é reduzir o impacto ambiental em todo o ciclo de vida do produto. 18 Unidade I Para garantir que os insumos utilizados como matéria‑prima na formulação de produtos sejam extraídos de maneira sustentável e para promover socialmente as comunidades extrativistas, a Natura implementou, em 2008, o Programa de Certificação de Ingredientes. Adaptado de: Carvalho e Barbieri (2012). Outro caso a considerar é o do Walmart, comentado a seguir: O investidor: o caso do Walmart Há uma mudança em curso também na maior empresa de varejo do mundo, o WalMart. Antes conhecida por sua falta de consciência em relação às preocupações sociais e ambientais, essa empresa jamais foi considerada uma “boa cidadã corporativa”. Foi muito criticada por seus baixos salários e pela frequente ignorância dos problemas ambientais. Robert Greenwald produziu um filme intitulado Walmart: o alto custo do preço baixo. Neste filme, há a apresentação do comentário de uma ativista dizendo que jamais encontrara uma empresa tão ignorante quanto o Walmart. E a empresa manteve essa posição de ignorante mesmo quando essa atitude lhe custava milhões de dólares em multas por abuso ambiental. De acordo com a pesquisa noticiada pela McKinsey, cerca de 8% dos consumidores suspenderam suas compras regulares nas lojas do Walmart porque tinham a percepção negativa da empresa. Numa tentativa de evitar a excessiva publicidadenegativa e finalmente se voltar para os problemas ambientais, o Walmart declarou em 2005 que se tornaria um bom administrador do meio ambiente. Scott Lee, ex‑CEO do Walmart, em seu discurso para a conferência 21st Century Leadership, anunciou que a empresa investiria milhões de doláres no redesenho de seu modelo de negócios, incorporando processos eficientes em combustível e boa gestão de resíduos. Com esse novo projeto, ele esperava obter maiores ganhos de eficiência para cobrir os custos. Para atingir esse objetivo, o Walmart construiu supercentros verdes e lançou produtos verdes em suas lojas. Devido ao seu porte, ele tornou‑se o maior varejista de leite orgânico e peixes sustentáveis do mundo em apenas um ano. O Walmart também alavancou sua forte posição de barganha para obrigar os forncedores a encontrar métodos de embalagem e processos mais eficientes. Muitos estão entusiasmados com os ambiciosos planos do Walmart, porque uma pequena transformação em uma das maiores empresas do mundo significa uma grande mudança. As mudanças também melhoram as relações públicas do Walmart; os críticos atualmente têm opiniões mais favoráveis sobre sua abordagem frente à responsabilidade social. No entanto, muitos deles ainda afirmam que o modelo de negócios do Walmart se preocupa apenas com os custos. Hoje o lema da empresa é “Economize. Viva melhor”. Mas muitos encaram a atitude do Walmart para salvar o meio ambiente como algo que foi feito apenas em função de objetivos econômicos egoístas: economizar energia, custos e aumentar a receita. 19 MARKETING APLICADO À ESTÉTICA Por definição, o investidor é alguém que investe, por meio de compra ou gasto, em alguma coisa que ofereça possíveis retornos sob a forma de juros, receita ou valorização. Embora essa descrição pareça algo negativo, sobretudo no contexto de se dar algo em troca para a Mãe Natureza e não tirar mais, destaca‑se que o investidor não contribui menos que o inovador. Os investidores são instituições e pessoas que financiam projetos de pesquisa (em geral realizadas pelos inovadores) em empresas externas ou nas próprias empresas. Por exemplo: o Walmart investiu US$ 500 milhões em 2005 para que suas lojas pudessem usar menos energia, seus caminhões emitissem menos gases venenosos etc. Exatamente como um investidor, o Walmart calculou os custos, benefícios e riscos antes de realizar um investimento. Outros que fazem parte do grupo dos investidores são a Goldman Sachs e a Hewlett‑Packard. Alguns fabricantes também estão começando a investir na redução das emissões de gases por suas fábricas, diminuição no uso de energia em lojas e computadores etc. O investidor não se arriscará muito em esforços ambientais como o inovador porque o negócio verde não é a missão essencial de sua empresa. No entanto, os investidores compartilham da visão de um mundo mais verde e mais sustentável. Além de buscar retornos financeiros, o investidor também busca retornos em outras áreas, como: a melhor imagem da empresa, o aumento no valor da marca, o alívio da pressão por parte de organizações de defesa e preservação ambiental, venda de produtos verdes para suprir a demanda do mercado etc. Embora não atuem diretamente no negócio da inovação de produtos, os investidores têm enorme contribuição emprestando recursos financeiros a projetos que não agridem o meio ambiente. Fonte: Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010). Nos casos apresentados, é explícita a transformação da orientação da empresa quanto a sua atuação no mercado de uma forma totalmente ignorante frente às questões da natureza para um papel de investidor do meio ambiente. Podemos perceber que a tendência é que cada vez mais empresas se atentem ao poder que têm as forças naturais e que, mesmo que não consigamos controlá‑las, é possível redefinir os negócios para ao menos considerá‑las e utilizá‑las a favor da instituição. Você já pensou o que pode fazer para se adaptar a essa nova realidade? Sua empresa considera as forças da natureza para definir as estratégias para seus negócios? 20 Unidade I Saiba mais Para saber mais sobre as forças naturais, leia: KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2010. Kotler e Keller (2006) também destacam as forças demográficas. Eles afirmam que elas referem‑se às pessoas que formam os mercados (o público‑alvo). As empresas têm muito interesse no tamanho e na taxa de crescimento populacional em diferentes mercados, assim como na distribuição etária, no composto étnico, nos níveis educacionais, nos padrões de moradia, nas características regionais etc. Por meio de um aprofundamento em pesquisas demográficas, é possível que a instituição concentre seus esforços em determinadas ações almejando atender a características próprias de públicos específicos, por exemplo: crianças com poder de influenciar em uma decisão de compra, casais jovens com dupla fonte de renda e sem filhos, profissionais liberais solteiros, universitários etc. Para entendermos melhor essa força, podemos imaginar uma confecção de roupas direcionadas para adolescentes. Suponha que essa empresa pretende expandir seu mercado e se instalar em outro estado do país. Assim, é preciso investigar, entre outros dados, o número de jovens que habitam aquela região, pois eles podem migrar para um local em que haja mais idosos do que jovens. Esses idosos não fazem parte do seu público‑alvo e também não vão gerar filhos que possam vir a fazer, um dia, parte de seu mercado. Brasil deve se tornar líder mundial no mercado de beleza masculina até 2021 Os produtos e serviços de cuidados pessoais masculinos estão cada vez mais em alta e fazendo parte da rotina dos homens. No Brasil, o consumo no mercado de beleza masculina cresceu 70% entre 2012 e 2017, chegando a uma arrecadação de R$ 19,8 bilhões, segundo relatório da agência Euromonitor. Seguindo esse ritmo, a agência aponta que o Brasil chegará a R$ 26 bilhões em 2021, ultrapassando os EUA como líder global no segmento. Observando essa tendência, o SIS/Sebrae organizou um relatório de inteligência que mostra oportunidades de negócio no mercado de saúde, beleza e bem‑estar masculino, como empreendimentos especializados em barba e cabelo. Entre os produtos mais consumidos pelos homens no segmento, estão as fragrâncias, produtos de higiene e de barbear. O ramo de barba e cuidados pessoais cresceu 19%, entre 2013 e 2019, e deve ampliar mais 17% até 2022, aponta a Euromonitor. O relatório SIS/Sebrae mostra que produtos de pré e pós‑barba apresentaram crescimento nos últimos anos e têm perspectivas de seguir em expansão. Mesmo com uma queda no consumo, as lâminas de barbear seguem líderes entre os produtos para barba mais vendidos. Em 2016, representavam 77% do segmento e, em 2019, chegaram a 74,5%. 21 MARKETING APLICADO À ESTÉTICA O estudo identifica que uma das justificativas para a alta do consumo no mercado de beleza masculina é o aumento do poder de compra da geração millenial (nascidos de 1980 a 1995), que gasta em média R$ 80 em produtos de beleza. Ainda segundo a pesquisa da Euromonitor, 85% dos homens se sentem melhor quando cuidam da aparência, cenário que possibilita grandes oportunidades de negócios voltados a esse público. Outras tendências apontadas pelo relatório do SIS/Sebrae são as barbearias tradicionais e de luxo, os espaços compartilhados com outros serviços de beleza masculina, as franquias de produtos para barba ou barbearias e o e‑commerce de produtos de cuidado pessoal. A pesquisa ainda indica estratégias para empreender ou impulsionar negócios. Uma delas é conhecer o público‑alvo através de pesquisas de comportamento do cliente, a fim de entender os estilos e preferências do consumidor. Outra estratégia é investir no marketing digital, alimentando mídias sociais para alcançar o maior número de usuários com anúncios e conteúdos. O empreendedorainda pode divulgar informações sobre o produto e o serviço de forma clara, transparente e convidativa para conquistar o público masculino, que é mais resistente a experimentar novos produtos e serviços. Adaptado de: Sebrae (2019). Enfim, as forças demográficas não podem ser controladas, mas podem oferecer indicadores para desenharmos nossos negócios, levando em consideração suas características. Por último, Kotler e Keller (2006) falam das forças culturais (sociais). Eles relatam que conforme as preferências, hábitos e gostos das pessoas, a decisão de compra é direcionada para um determinado produto e/ou serviço em detrimento de outro. A sociedade molda crenças, valores e normas que definem, em grande parte, suas preferências. Em se tratando das forças culturais no mercado da beleza, para que possamos entender melhor a questão cultural estética, é preciso identificar as quebras históricas da beleza, buscando diferenças entre os povos influenciadas por crenças, clima, história da sociedade, entre outros influenciadores. Dessa forma, preferências, hábitos e padrões de beleza podem ser questionáveis de um povo para outro. Por isso é fundamental uma análise profunda e cuidadosa ao oferecer produtos e serviços em um mercado de consumo, entender o pensamento e a formação desse povo, para que haja aceitação. Os profissionais de marketing devem entender as visões que as pessoas têm de si próprias, das outras, das instituições, da sociedade, da natureza e do universo. As empresas precisam criar e vender produtos e/ou serviços que vão ao encontro dos valores centrais e secundários da sociedade, assim como abordar as necessidades das diferentes subculturas existentes dentro da sociedade. De uma forma geral, pode‑se dizer que a cultura relaciona‑se diretamente com a identidade das pessoas, ela influencia suas preferências, seus valores, sua percepção de mundo e consequentemente de consumo. Daí entende‑se porque, ao internacionalizar uma marca, primeiramente é preciso entender os costumes desse país para não agredir a cultura de seu povo, pois o produto pode ter muitos benefícios, mas se não se adequar aos costumes da região não irá conquistar os consumidores. 22 Unidade I 1.3.2 Microambiente Segundo Cobra (2003), as empresas precisam atrair clientes e retê‑los por meio da construção de um relacionamento estruturado, baseado na entrega de valor e satisfação. Para tal, é necessário administrar diversas variáveis no seu microambiente, que é formado por forças que a empresa pode controlar. São elas: Empresa: é considerada uma força do microambiente porque interfere diretamente nos resultados do negócio e, nesse caso, é preciso avaliar todos os recursos utilizados na atuação da empresa, incluindo o recurso humano, que, aliás, é um dos recursos mais importantes para o seu bom desempenho. Os gestores devem construir uma administração que conscientize cada colaborador sobre sua importância em todo o processo de atendimento ao cliente. Todos têm o seu valor, ou seja, todos representam um papel fundamental para a existência da empresa e, por essa razão, devem estar integrados para alcançar um só objetivo e trabalhar em conjunto para que ele seja alcançado (COBRA, 2003, p. 117, grifo nosso). Além dos colaboradores, a empresa é composta por equipamentos, processos, planejamento, entre outros recursos que devem ser controlados constantemente. O controle dessa força interna determina a forma de administração da empresa e ajuda a entender seus valores, sua visão e a sua missão. A segmentação de mercados é importante para a delimitação do público‑alvo de uma empresa, porque centraliza os esforços de marketing em um ou poucos grupos que interessam à empresa atender. Seguindo esse princípio da segmentação, Kotler e Keller (2006) propuseram a existência de cinco tipos de mercados com características bem distintas e que devem ser explorados com atenção especial, pois os critérios para seleção de fornecedores são rigorosos. Os mercados são: consumidor, industrial, revendedor, governamental e internacional. O mercado de consumo ou mercado consumidor é composto pelas pessoas que adquirem um produto e/ou serviço para seu próprio consumo ou para o uso de seu bem. Cita‑se a compra de gasolina, que é consumida pelo carro, mas ela é considerada um produto destinado ao consumidor final porque é utilizada para uso próprio e não para geração de outro negócio. Um centro de estética é um bom exemplo de empresa do mercado consumidor, que presta serviços de tratamento corporal e facial, por intermédio de cosméticos e equipamentos diversos, objetivando a reabilitação ou a melhora estética dos clientes. Além do atendimento personalizado, investe em equipamentos avançados como diferencial para que o negócio se mantenha competitivo. Outro ponto importante é a diversificação dos serviços e renovação do portfólio de tratamentos, que permite a fidelização dos clientes, que estão constantemente à procura de novidades do mercado da beleza. O mercado industrial é composto por empresas que adquirem produtos para transformá‑los em outros, e assim gerar novos negócios, como as fabricantes de extrato de tomate, que compram os tomates para transformá‑los em outros produtos, ou seja, em molho. 23 MARKETING APLICADO À ESTÉTICA A indústria de cosméticos constitui um dos segmentos mais importantes da economia mundial. Segundo a Anvisa: A indústria de cosméticos envolve a produção de preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá‑los, perfumá‑los, alterar sua aparência e ou corrigir odores corporais e/ou protegê‑los ou mantê‑los em bom estado (ANVISA, 2005). O mercado revendedor é composto por empresas que têm a finalidade de intermediar a venda de produtos, ou seja, revender produtos prontos. Um exemplo cotidiano é o supermercado, que compra diversos produtos do fabricante para revender ao consumidor final. A revenda de cosméticos é um dos mercados que menos oscilam pela crise financeira no Brasil. Isso acontece porque, mesmo em tempos de recessão, as pessoas continuam consumindo seus perfumes, produtos de higiene e de beleza, mantendo o mercado aquecido para esse ramo, contratando novos revendedores de cosméticos em todo o território. Algumas das principais empresas de cosméticos alvos da procura de revendedores são Avon, Natura, Jequiti, Mary Kay e O Boticário (EGESTOR, 2020). O mercado governamental é composto por prestadores de serviços públicos, ou seja, pelo estado que precisa adquirir produtos para garantir o bem‑estar da população e a manutenção da máquina pública (o poder político). E, por fim, o mercado internacional é composto pela demanda de mercados estrangeiros que importam os produtos de um determinado país. Veja uma experiência no Brasil em exportação no setor de cosméticos: o Beautycare Brazil, projeto setorial de incentivo à internacionalização do setor de HPPC (Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), criado pela Abihpec (Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) em parceria com a Apex‑Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), prepara‑se para expandir as vendas do setor na Coreia do Sul, um dos mercados prioritários especialmente para empresas de ingredientes e serviços de testes clínicos e laboratoriais (APEX BRASIL, 2020). Lembrete O que define um tipo de mercado não é o produto e sim o destino que é dado a ele. Exemplo: uma laranja pode atender a todos os mercados apresentados nesse livro, o que irá diferenciar o seu mercado é a sua finalidade, pois ela pode ser vendida para um consumidor final ou para uma indústria transformá‑la em suco. 24 Unidade I É preciso entender também que os clientes fazem parte do microambiente porque são forçascontroláveis, ou seja, eu não posso controlar a decisão de compra de um cliente, mas posso persuadi‑lo a escolher um determinado produto em detrimento de outros. Basta que eu o conheça e que eu crie soluções que tenham valor agregado e que isso seja percebido por ele. Não é preciso apenas satisfazê‑lo, ele também deve se encantar. É nesse momento que deve agir o profissional orientado por marketing, criando estratégias de aproximação com o cliente e produtos e/ou serviços inovadores. Destacam‑se, ainda, os: Concorrentes – basta olharmos em volta para perceber que as empresas não estão sós, ou melhor, que estão rodeadas de empresas que oferecem produtos e/ou serviços muito semelhantes. Essas empresas são concorrentes entre si e muitas vezes dividem exatamente a mesma fatia do mercado. Por essa razão, é possível afirmar que os concorrentes exercem forte influência na lucratividade, na participação de mercado (market share) e até mesmo no posicionamento da empresa (COBRA, 2003, p. 118). O monitoramento da concorrência precede e serve de base para a criação de estratégias competitivas de marketing. De caráter prospectivo, consiste em prever o índice de crescimento de cada um dos concorrentes mais importantes nos próximos anos, assim como a possibilidade de novos concorrentes e o papel desempenhado pelos produtos substitutos. Em suma, controlar essa força é acompanhar o desempenho da concorrência para antever suas estratégias, preparar‑se para possíveis ameaças, aprimorar as ações da empresa, e, acima de tudo, crescer mantendo a ética profissional. Ao acompanhar o mercado da beleza, é possível perceber que ele está em constante crescimento e, a cada dia, novos profissionais e novas empresas surgem nessa área, em busca de um diferencial competitivo e de conquistar cada vez mais espaços. Estabelecer seus alvos e se firmar em relação à concorrência é uma questão de sobrevivência. Estar à frente do mercado é o que vai determinar o sucesso do seu estabelecimento. Em uma área em que o número de prestadores de serviço cresce tanto, você pode – e deve – adotar boas práticas de gestão e de atendimento para garantir que a sua marca seja lembrada pelos clientes. Ter ideias inovadoras e prezar pelo ótimo atendimento são atitudes fundamentais para garantir que o seu diferencial competitivo seja o ideal para enfrentar seus concorrentes e garantir uma posição favorável no mercado. Algumas entidades privadas e públicas, como: ONGs, o Conar – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, o Procon – Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor, entre outras, alertam a opinião pública para várias questões, como a utilização de mão de obra infantil nas atividades organizacionais, propaganda enganosa, segurança no trabalho, direito dos consumidores, proteção ambiental etc. 25 MARKETING APLICADO À ESTÉTICA Nesse sentido, é preciso entender que os clientes estão cada vez mais exigentes e amparados para reivindicar seus direitos. E considerar a existência das entidades formadoras de opinião auxilia a empresa a manter uma imagem institucional positiva perante a sociedade. O autor também cita os: Fornecedores – os gestores orientados pelo marketing devem se interessar, especificamente, por essa força, pois ela possui um poder de interferência na proposta de valor que a organização pretende desenvolver para os seus clientes, seja do ponto de vista técnico, de produção e logística, seja nas atividades de custeio e na precificação de produtos, considerando diferentes níveis de serviços (COBRA, 2003, p. 119). As empresas de estética reconhecem a necessidade de lidar com diversas tarefas para gerenciar o negócio da beleza, e a escolha de bons fornecedores é um ponto importante, pois poder ajudar a oferecer os melhores serviços e conquistar clientes. Um atendimento que trabalha com produtos de primeira consegue entregar resultados e transformar o negócio em sucesso. A seguir, enumeramos algumas ações de um bom fornecedor: • produtos de qualidade a um preço competitivo; • cumprimento de prazos de entrega; • conhecimento dos produtos que vende na área da beleza; • atendimento cordial. Alguns passos que podem ajudar na escolha de fornecedores são: • Apurar os valores com cautela: um bom fornecedor pratica preço justo em relação à qualidade que oferece em seus produtos. Lembre‑se de que, assim como na estética, o preço é sempre relativo à entrega de serviços de boa qualidade. • Verificar a reputação dos fornecedores: para avaliar a credibilidade do fornecedor, pode‑se procurar referências com quem já negociou com ele ou fazer uma pesquisa na internet em sites de reclamações ou nas redes sociais. • Buscar melhores produtos: é fundamental consultar as informações disponibilizadas pela empresa em seus sites, aplicativos e o movimento nas redes sociais. Sempre que possível, veja oportunidades, vá a feiras e conheça o que o mercado tem de novo. • Preferir empresas que conheçam o que estão vendendo: ao fechar negócio, converse com o fornecedor e tire todas as suas dúvidas para conhecer o que está comprando. Os produtos para uso em estética devem estar registrados na Anvisa. Não se deixe convencer do contrário. 26 Unidade I • Reunir‑se com os fornecedores: conversar pessoalmente é a maneira mais confiável de garantir que o fornecedor entendeu claramente suas demandas, assim como facilita identificar se o vendedor consegue trabalhar com a qualidade, a quantidade, o prazo de entrega e o preço de que você precisa. • Perceber como esteticistas se beneficiam de uma parceria com fornecedores bem‑escolhidos: menor gasto com produtos; aumento da visibilidade do seu atendimento e maior credibilidade com os clientes. Assim, as parcerias são uma grande oportunidade de crescimento mútuo e um ponto importante para quem deseja se destacar no mercado. O marketing incentiva os fornecedores a oferecerem soluções diferenciadas que agreguem valor ao produto, dificultando a migração de clientes para a concorrência. Diminuindo os custos com mudanças, a organização torna‑se mais lucrativa. Os fornecedores influenciam diretamente no negócio de uma empresa. Se não entregarem uma matéria‑prima no prazo, por exemplo, a instituição corre o risco de atrasar a fabricação de um produto que em última instância pode ficar fora das prateleiras. Por último, Cobra (2003) destaca os intermediários. Ressalta que eles devem ser constantemente avaliados por parte dos profissionais orientados pelo marketing, pois têm importante papel na competitividade e lucratividade das organizações. São considerados intermediários: atacadistas, distribuidores e varejistas que representam os canais de distribuição. Para uma empresa que pretende expandir seus mercados, a utilização de intermediários é imprescindível, pois estar em diversos locais para atender a diversos mercados pode se tornar um meio muito caro. Uma solução para isso é a utilização de intermediários, ou seja, agentes que estão no caminho da saída do produto de seu produtor até as mãos do cliente final. Em muitos casos, esses agentes assumem as atividades mercadológicas da empresa detentora da marca, e para que as estratégias previamente estabelecidas pela empresa produtora sejam garantidas, é preciso um acompanhamento muito próximo. Para produtos de consumo como o açúcar, por exemplo, quem terá o contato direto com o consumidor final de uma determinada marca, na maioria dos casos, são os funcionários dos supermercados, que normalmente obedecem a administrações distintas e que nem sempre têm a mesma estratégia mercadológica que a marca, o que não garante que o cliente terá o atendimento indicado pelo fabricante. Então, percebemos claramente a necessidade dos gestores não só em reconhecer essas forças, mas de controlá‑las com bastante precisão. Nas próximas unidades, estudaremos em pormenores os intermediários e como são organizados os canais de distribuição que os envolvem. 27 MARKETING APLICADO À ESTÉTICA 1.4Segmentação de mercado/clientes Antes de entendermos o que é segmentação de mercado, vamos relembrar e complementar as definições sobre mercado: Costumava‑se definir mercado como o espaço físico onde vendedores e compradores econtravam‑se para trocar bens e serviços. Outra definição diz que mercado é um grupo de vendedores e compradores que fazem transações com qualquer coisa de valor, como dinheiro, mercadorias, habilidades, ideias. Da mesma forma, o mercado pode também ser classificado de várias maneiras. Rocha e Christensen (1999) falam em mercado existente e mercado potencial, cada qual com várias possibilidades de cobertura geográfica. O mercado existente caracteriza‑se por produtos e serviços que atendam a necessidades percebidas por clientes que dispõem de recursos para adquiri‑los. O mercado potencial caracteriza‑se pela existência de uma dessas condições: produtos e serviços ou clientes e disponibilidade de recursos (BASTA; ANDRADE; FERREIRA, 2006). Refletindo sobre essa citação, podemos observar que o mercado, apesar de ter diversas definições, representa um grupo de pessoas que têm características semelhantes e que se tornam alvo para uma empresa, ou seja, é para esse grupo que a instituição pretende ofertar seus produtos e/ou serviços. Mas será que é possível encontrar um grupo tão homogêneo? Será que é possível atender a todos num mercado com apenas um tipo de produto, uma forma de comunicação, um preço, enfim, com um único composto mercadológico? Para responder essas perguntas, faremos discussões sobre segmentação. Segundo Kotler e Keller (2006), o início de qualquer debate sobre segmentação é o marketing de massa. Nele, a empresa se empenha na produção, distribuição e comunicação em massa de um produto para todos os seus clientes. Assim, a instituição pretende atender a todos os seus clientes sem distinção, ou melhor, com um único composto mercadológico. Uma empresa que utilizava essa abordagem é a Coca‑Cola, pois em determinado momento vendia apenas os refrigerantes de 200 ml. As empresas que usam essa abordagem argumentam que o marketing de massa cria um mercado potencial maior e com menor custo. Entretanto, é preciso observar que o mercado está se fragmentando cada vez mais em função dos diferentes canais de comunicação e de distribuição. Uma tendência para salões de beleza atualmente é a de que grandes espaços no estilo “um único lugar que faz tudo” vêm cedendo lugar aos salões especializados em um único segmento. Vale a pena saber que o segmento de beleza vive um momento de transformação. Isso ocorre tanto por exigência dos consumidores quanto pelo próprio modelo de negócio que foi se modernizando e aperfeiçoando com o passar dos anos. 28 Unidade I Os tradicionais salões que oferecem diversos serviços em um único local continuam a ter seu público cativo, entretanto, os locais especializados em um único tipo de serviço também estão ganhando o mercado. Isso se chama segmentação e como exemplo desse processo temos o surgimento de esmalterias e nail bars, a volta à moda das barbearias, os espaços exclusivamente dedicados às sobrancelhas e os salões de cabeleireiros altamente especializados em fios crespos, por exemplo. Atualmente, recebemos informações de diferentes canais em uma velocidade assustadora. O que isso muda em nossas vidas? Buscamos cada vez mais administrar nosso tempo para dar conta de tantas informações e tarefas novas, e isso muda o sentido que damos para a vida. Altera, inclusive, a forma de percepção de mundo e consequentemente a nossa visão de consumo. Dessa forma, fica difícil imaginar que um grupo tão grande de pessoas se identifique com apenas um tipo de produto, se atraia a uma mesma forma de comunicação e procure um mesmo canal de compra. Reflita sobre esse assunto. Você tem preferências que podem ser caracterizadas como as preferências da massa? Procura soluções que atendam as suas necessidades e desejos específicos? Identifica‑se com todas as pessoas de seu entorno ou pertence a um grupo que tem características e expectativas distintas? Independente da sua resposta, observe a sociedade a sua volta. Hoje os clientes estão buscando atender a desejos individuais ou coletivos? Assim, podemos começar a entender a necessidade ou não de segmentar nosso mercado. “Um segmento de mercado consiste em um grande grupo de consumidores que possuem as mesmas preferências” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 237). A segmentação, então, consiste na divisão do mercado em grupos de pessoas (clientes potenciais) com características, percepções de valores, comportamento de compra e expectativas semelhantes. Ao segmentar um mercado, a empresa decide atender a um grupo de clientes que constituem uma sociedade com uma determinada organização política, econômica e cultural, e que obtém experiências ao longo da vida; esses clientes têm perfil, personalidades, percepções e motivações diferentes. Mas todas as pessoas buscam sempre satisfazer suas necessidades e desejos. Vamos entender a seguir como o marketing atua com uma abordagem de segmentação de mercado. 1.4.1 Marketing de segmento Os gestores orientados pelo marketing devem identificar e decidir em quais segmentos vão se concentrar para então planejar, definir preços, divulgar e fornecer o produto ou serviço para melhor satisfazer o mercado‑alvo, que é o segmento específico de mercado que uma organização seleciona para servir. Ressalta‑se que não devemos confundir segmento de mercado com um setor de mercado. Vamos entender melhor com a citação a seguir: 29 MARKETING APLICADO À ESTÉTICA Uma empresa automobilística pode dizer que focará compradores jovens de classe média. O problema é que esses compradores diferem em suas preferências sobre carros. Alguns querem um modelo barato; outros, modelos caros. Compradores jovens de classe média são um setor e não um segmento (KOTLER; KELLER, 2006, p. 238). Enquanto o segmento pode ser entendido como uma fatia do mercado resultante do processo de segmentação, um setor é uma subcategoria dentro de um segmento. As instituições não criam segmentos, elas apenas os identificam para adaptar seu negócio e atender às expectativas desse grupo de clientes. Nesse processo, serão investigadas quais são as preferências em relação às características de um determinado produto para verificar se as inclinações entre os clientes são as mesmas ou não. Seria como perguntar aos consumidores de sorvete se eles valorizam mais a doçura ou a cremosidade. No mercado da beleza, podemos exemplificar a identificação de um segmento de massagem conforme nos ensina o Sebrae (2017, p. 3‑4): Mercado consumidor: para além do tradicional público feminino, o mercado consumidor dos serviços de uma empresa de massagem foi ampliado. Atualmente, há pacotes de serviços que visam ao atendimento conjunto de casais, de grupos de amigos e de equipes de empresas. O público da terceira idade também tem se ampliado, incluindo senhoras e senhores. Outro ponto interessante no mercado consumidor dos serviços de massagem é o público masculino, que tem um grande potencial de consumir serviços específicos de moda e beleza, pois se preocupa cada vez mais com cuidados estéticos e com estilo. Há empresas especializadas que contemplam espaços de vivência exclusivos para esse público para que ele se sinta mais à vontade para conhecer e explorar as opções de serviços. O mercado consumidor, entendido no contexto de mercado de bem‑estar, também pode ser avaliado sob a ótica do tipo de demanda. Com a vida moderna corrida, na qual a dedicação ao trabalho ocupa parte significativa do tempo das pessoas, as opções de serviço expresso de qualidade também são uma grande oportunidade. Para além das tradicionais cadeiras de massagens disponíveis em shoppings e aeroportos, a possibilidade de instalação de pequenos quiosques com atendimento mais qualificado e complementar também é uma oportunidade para atender a esse mercado consumidor que de pouco tempo dispõepara cuidados com o corpo. 30 Unidade I Outro ponto importante sobre o mercado consumidor é a popularização desse tipo de serviço. A quantidade de pessoas que gostariam e que se propõem a investir no bem‑estar tem aumentado. Basta dar uma olhada nas redes sociais para verificar a adesão das pessoas a esse tipo de serviço, com o objetivo de bem‑estar e até mesmo com o objetivo de lazer. Os segmentos de mercado podem ser identificados de diversas maneiras: Preferências homogêneas: demonstram um mercado em que os clientes têm praticamente as mesmas preferências. Preferências difusas: são dispersas, o que indica que os clientes têm preferências variadas e as marcas que pretendem atuar nesse grupo precisam se adaptar ao maior grupo possível, mas não será de forma homogênea. Preferências conglomeradas: o mercado pode revelar um banco de preferências distintas chamadas pelo autor de segmentos de mercados naturais. No exemplo do sorvete, podemos encontrar um grupo que prefere a doçura, outro grupo que prefere a cremosidade e um terceiro grupo que não valoriza nenhum desses itens. Para atuar nesse mercado, a empresa poderia criar três tipos distintos de sorvetes ou ainda se especializar em apenas um e deixar os outros grupos para a concorrência (KOTLER; KELLER, 2006, p. 240). Observação Para a empresa que pretende atuar com a abordagem de marketing de segmento, o indicado é conhecer o mercado, dividi‑lo em grupos formados por clientes com necessidades, desejos e atitudes semelhantes e adaptar seu composto mercadológico para atender a essas especificidades. 1.4.2 Marketing de nicho Para compreendermos essa abordagem, é preciso saber claramente o que é um nicho para o marketing: “um nicho é um grupo definido mais estritamente que procura por um mix de benefícios distintos” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 238). Em geral, esse grupo é representado por pessoas que têm preferências específicas e que são identificadas quando as empresas fazem a segmentação de um segmento, encontrando, então, um subsegmento. Para Kotler e Keller (2006), um nicho atraente tem algumas características: os clientes possuem diversas necessidades, e estas devem se diferenciar de todo o resto do segmento. Para entender melhor 31 MARKETING APLICADO À ESTÉTICA isso, veja o exemplo: a empresa de perfume Butterflies lançou uma linha com fragrâncias de rosas e teve uma boa aceitação de seu público, mas em uma pesquisa identificou que um grupo significativo de clientes gostou muito da fragrância, mas iria gostar ainda mais se o perfume não fosse tão forte. Nesse caso, encontramos um nicho de mercado dentro do segmento já atendido. Outro exemplo seria o de um estúdio de beleza no qual atue um cabeleireiro famoso cujo nome representa uma grife no mercado da beleza, pois o trabalho dele passa a ser exclusivo para um determinado nicho de atendimento. Os autores destacam que os consumidores se predispõem a pagar um preço mais alto para adquirir um produto que atenda melhor às suas necessidades, mas é preciso pesquisar, pois a empresa pode ter um ônus se isso não ocorrer. Kotler e keller também dizem que os nichos não costumam atrair outros concorrentes, pois se tratam de algo específico e não é viável lutar por um pequeno mercado. Kotler e Keller (2006) mencionam que o nicho gera retorno financeiro para empresa por meio da especialização, pois não será possível atender a um nicho se a empresa não adaptar o seu produto, havendo, portanto, um aperfeiçoamento para encantar o cliente, e isso acarretará aumento das vendas. Por fim, os autores dizem que o nicho tem potencial para crescer e gerar lucros maiores. Um nicho, apesar de representar um grupo menor de compradores se comparado a um segmento, normalmente com o tempo atrai novos clientes que procuram soluções para suas necessidades e desejos específicos. As empresas que praticam marketing de nicho buscam constantemente entender profundamente as necessidades e desejos de seus clientes, o que possibilita sua plena satisfação por meio da criação de produtos e/ou serviços direcionados. Observação O marketing de nicho pode ser utilizado nas empresas independente de seu porte, é preciso apenas haver dedicação e conhecimento das reações e expectativas dos clientes e estar disposto a adaptar seus produtos e/ou serviços para satisfazê‑los. Como exemplo de citação de utilização de marketing de nicho, podemos mencionar a Coca‑Cola. Apesar de líder no segmento de refrigerantes e de refrigerantes de cola no Brasil, a Coca‑Cola também vende outros, entre eles a Fanta Uva, feita para um público altamente específico. Esse mercado‑alvo de clientes que procuram refrigerantes de uva possui características específicas que compõem um nicho de mercado. 32 Unidade I 1.4.3 Marketing individual Os clientes estão cada vez mais exigentes e bem informados em relação aos produtos e a atuação da empresa; acessam internet, conversam com outras pessoas que já tiveram alguma experiência com determinado produto, e essas pessoas não necessariamente fazem parte de seu convívio social, eles apenas se encontram em fóruns, blogs e redes sociais para compartilhar opiniões. Essa nova realidade dá sinais aos fabricantes sobre as novas tendências de compra que consequentemente influenciam no surgimento de outras formas de venda e produção por encomenda. No segmento da beleza, um salão de cabeleireiro pode trabalhar na entrega de um corte de cabelo sob medida/personalizado, ao desejo do cliente, e ter, por exemplo, um portfólio de suas criações. Parece até um retrocesso, mas antigamente prevalecia o trabalho manual e personalizado, as pessoas iam a uma costureira encomendar uma roupa única, a um carpinteiro encomendar um móvel, os clientes eram tratados pelos nomes nos ambientes comerciais e até trocavam experiências como grandes conhecidos. Na verdade, isso não é um retrocesso e sim uma evolução, pois, a partir do aprendizado, observa‑se que o ambiente mudou, mas os valores e costumes ainda são preservados. Por essa razão, as empresas estão refletindo sobre a importância de ouvir o cliente e saber o que ele realmente quer para poder atendê‑lo de forma individual. Essa tendência leva a uma abordagem reconhecida como marketing individual ou marketing customizado. No passado, esse tipo de marketing era difícil de ser praticado, mas com o avanço da tecnologia ele começou a se tornar uma estratégia viável. Computadores, banco de dados, produção robotizada e e‑mails permitem ao gestor orientado pelo marketing reunir e recuperar informações sobre os desejos, as necessidades individuais e as compras de muitos clientes potenciais ou passados. Embora essa abordagem nem sempre seja útil, as constantes inovações tecnológicas estão tornando‑as cada vez mais atraentes. O marketing continuará a influenciar no processo, mas de novas maneiras. Mas como nem tudo é feito só de vantagens, a empresa precisa avaliar seu negócio e o perfil de seu mercado‑alvo para decidir se é mais compensador criar ofertas para segmentos ou para clientes individuais. As instituições favoráveis à segmentação percebem como um processo mais eficiente requer menos informações do cliente e possibilita maior padronização das ofertas de mercado. Já as empresas seguidoras do marketing individual acreditam que os segmentos não são precisos e por isso não são tão confiáveis, pois são formados por pessoas diferentes entre si, e que as empresas podem atingir a precisão e a eficiência atendendo às necessidades individuais. 1.4.4 Marketing local Essa abordagem busca uma adaptação em seu composto mercadológico para atender às necessidades e desejos de uma determinada região. 33 MARKETING APLICADO À ESTÉTICA O marketing direcionado está levando programas de marketing idealizados de acordo com os desejos e as necessidades de grupos de clientes locais (áreas comerciais, bairros e até mesmo lojas). Segundo as características demográficas do bairro, o Citibank fornece diferentes opções
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