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Criptococose • Micose profunda com comportamento oportunista, causada por fungos do gênero Cryptococcus • É responsável pela infecção sistêmica em pacientes que apresentam imunodepressão. • A suscetibilidade aumenta com o uso prolongado de corticosteróide, na vigência de aids, Hodgkin e sarcoidose. Agente Etiologico • Um fungo, o Cryptococcus neoformans, nas variedades neoformans (sorotipo A e D) e gatti (sorotipo B e C). • O sorotipo A, é responsável por mais de 90% das infecções nos pacientes com aids no Brasil, enquanto a variedade gatti acomete, principalmente, indivíduos sem imunossupressão aparente. Reservatório • O criptococo e encontrado em vários tipos de solos e em tecidos, secrecoes e excrecoes de aves, principalmente pombos, e do próprio homem. • É encontrado em habitat de pombos porque suas excretas(ricas em bases nitrogenadas, nutriente para o fungo) sao um meio de cultura fertil para o crescimento do fungo. Transmissão • Maioria dos casos é adquirida por inalação, a qual resulta em infecção pulmonar Patogenia • Dois fatores são fundamentais na patogênese dessa micose profunda: a virulência do fungo e a resposta imunológica do hospedeiro, principalmente a imunidade celular. → Virulência: • Cápsula com material mucopolissacarídico (glicuronoxilomanose): propriedades antifagocitárias, permitindo que o fungo se mantenha e prolifere nos tecidos; induz redução do sistema imune. • Produção de enzimas (fosfolipase e proteinase): proteção contra radicais livres. → Resposta imune(+importante): • Resposta imune normal elimina ou sequestra o fungo, que pode permanecer latente no organismo. • IL-2, IL-12, IL-18 e IFN-y → evolução favorável da doença - Th1 → participação na defesa imunológica celular • IL-4 e IL-10→ ação nociva → Alterações na resposta imune (AIDS, drogas imunossupressoras) podem determinar imunossupressão transitória ou permanente com desenvolvimento da doença à infecção primária ou reativação do fungo, com disseminação para outros órgãos(SNC, pulmões, miocárdio, pericárdio, gânglios linfáticos, trato gastrointestinal, fígado, baço, medula óssea, articulações, sangue, olhos, pele e a próstata). - O SNC é o local de preferência para disseminação a partir do pulmão devido a elevada quantidade de nutrientes utilizáveis pelo fungo no líquor; falta de atividade do sistema complemento no líquor e a fraca ou ausente atividade inflamatória no tecido cerebral. Manifestaçoes Clinicas → Forma cutânea: • 10% a 15% dos casos (na maioria das vezes, precede a doença sistêmica) e é caracterizada por manifestações de lesões acneiformes, rash cutâneo, ulcerações ou massas subcutâneas que simulam tumores. → Forma sistêmica: • Acometimento do SNC: meningoencefalite crônica, com cefaleia, febre, letargia, déficits sensitivos e de memória, paresias de nervos cranianos, déficits visuais e meningismo (ausente em alguns casos) que duram semanas. Manifestaçoes clinicas - VERONESI • → → A infecção ocorre por inalação do fungo, com localização inicial nos pulmões e, eventualmente, disseminação para outros órgãos. - Principais formas: pulmonar e do SNC Forma Pulmonar : desde a manifestação assintomática até formas graves de disseminação local, causando síndrome do desconforto respiratório do adulto. - Febre, tosse, expectoração, dor do tipo pleurítica, dispneia, emagrecimento e, raramente, hemoptise. - Raio x: nódulo solitário até consolidações ou pneumonia e derrame pleural. - Ocorre em pacientes imunocomprometidos sem HIV, como nos que fazem uso de corticoterapia e em pacientes imunocompetentes(forma pulmonar localizada, nódulo pulmonar isolado, resolução espontânea sem tratamento). Forma do SNC(criptococose do SNC): A criptococose do SNC, principalmente, a meníngea é a manifestação clínica da doença MAIS FREQUENTE(70% dos casos). - Início brusco e insidioso - Comprometimento meníngeo: cefaleia, febre, vômitos, alterações visuais, rigidez de nuca e outros sinais de irritação meníngea, com duração de dias ou semanas. Pode evoluir para coma. - *Causa AUMENTO DA PRESSÃO INTRACRANIANA(25-35 cm H20): resulta em deterioração cognitiva, lesões de nervos cranianos, cefaleia grave, diplopia, edema de papila, perda progressiva da visão, diminuição da audição e do nível de consciência. - Comprometimento encefálico: cefaleia, distúrbios visuais, como diplopia, e alterações mentais, como confusão, distúrbios de personalidade e memória, com duração de semanas ou meses, e convulsões. Pode evoluir para coma. Alterações no líquor: hipercelularidade com predomínio de leucócitos linfomononucleares, aumento de proteínas e diminuição não acentuada da glicorraquia. Forma cutânea : pápulas, pústulas, abscessos e ulcerações de pele até nódulos e úlceras de mucosas. Raramente, limita-se ao tegumento, sendo obrigatória a investigação clínica e laboratorial sistêmica. • → Diagnóstico • O diagnóstico requer a demonstração de C. neoformans em tecido normalmente estéril (culturas positivas do LCR e sangue). • Esfregaço do LCR: coloração com tinta nanquim constitui uma técnica diagnóstica rápida e útil, mas pode gerar resultados negativos em pacientes com baixa contagem de fungos. • O teste dos antígenos criptocócicos no LCR e/ou soro fornece forte evidência presuntiva para criptococose; esses testes costumam ser negativos na criptococose pulmonar. • A radiografia de tórax pode ajudar no diagnóstico, podendo ou não ser usada para confirmar a doença, demonstrando danos pulmonares. - Os principais sinais são nódulos isolados ou múltiplos, massas de localização subpleural e consolidação com broncograma aéreo. Podem ainda estar presentes derrame pleural, lesões endobrônquicas resultando em obstrução das vias aéreas com colapso pulmonar; e achados que mimetizam metástases pulmonares Diagnostico Diferencial - Toxoplasmose - Sífilis - Tuberculose - Meningoencefalites Tratamento • Depende da forma clínica. - Sarcoidose - Histoplasmose →Criptococose disseminada: 1. Anfotericina B, 1mg/kg/dose, IV, não ultrapassar 50mg/dia, durante 6 semanas. 2. Desoxicolato(formulação lipídica) : 3 -5mg/kg/dia →Fase de Consolidação: Fluconazol na dose de 200 a 400mg/dia, VO ou EV, por aproximadamente 6 semanas, ou associado à Anfotericina B, até a negativação das culturas. →Nas formas exclusivamente pulmonares ou com sintomas leves, está indicado o uso do Fluconazol, na dose de 200mg/dia, por 6 meses a 12 meses, ou Itraconazol, 200mg/dia, durante 6 a 12 meses.
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