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Febre, inflamação e infecção Febre Elevação da temperatura corporal acima da faixa de normalidade: 37,5°C-axilar/ 37,8°C-oral/ 38°C-retal, associada a um aumento no ponto de ajuste hipotalâmico (o que a diferencia de uma hipertermia, que não provoca alteração no centro hipotalâmico). Mecanismo de resposta do organismo a alguma anomalia. FISIOPATOLOGIA A febre ocorre pela ação de fatores pirogênicos sobre o centro termorregulador do hipotálamo, elevando o limiar térmico e desencadear respostas metabólicas de produção e conservação de calor (tremores, vasoconstrição periférica, aumento do metabolismo basal). FATORES PIROGÊNIOS Endógenos Exógenos Liberados por tecidos lesados. Liberados pelo sistema imune (monócitos e macrófagos) em resposta à endotoxinas → IL-1, IL-6, TNF-alfa e IFN-gama. Produtos bacterianos, como endotoxina de Gram-negativas. Essa ação pode se dar por basicamente duas vias: a via humoral 1 e a via humoral 2. Via humoral 1: - Consiste na ativação dos receptores TLR-4 na barreira hematoencefálica pelos fatores exógenos (principalmente microorganismos). - Estes pirogênios exógenos estimulam os leucócitos a liberar pirogênios endógenos como a IL-1 e o TNF que aumentam as enzimas (ciclo-oxigenases) responsáveis pela conversão de ácido araquidônico em prostaglandina. - No hipotálamo, a prostaglandina (principalmente a prostaglandina E2) promove a ativação de receptores do núcleo pré-óptico, levando ao aumento do ponto de ajuste hipotalâmico. Via humoral 2: Via direta: - As citocinas atuam diretamente no núcleo pré-óptico, aumentando o ponto de ajuste hipotalâmico. Via indireta: - As citocinas irão ativar os receptores TLR-4 na barreira hematoencefálica, desencadeando toda a sequência descrita na via humoral 1. VIA HUMORAL 1 VIA HUMORAL 2 Fatores exógenos → TLR-4 na BHE → leucócitos liberam pirógenos endógenos → formação PG → aumento do ajuste hipotalâmico no núcleo pré-óptico. Fatores exógenos → liberação de citocinas → ação no núcleo pré-óptico Fatores exógenos → liberação de citocinas → TLR4- BHE → segue via humoral 1 SINAIS E SINTOMAS Calafrios e frio intenso: ocorre pelo aumento do termostato hipotalâmico, fazendo com que o restante do corpo reaja como uma situação de frio para subir sua temperatura e corresponder à temperatura central. - Ocorrem sinais de frio, como piloereção, vasoconstrição. Crise ou rubor: consiste na adaptação do corpo quando o termostato é reajustado, levando à perda de calor para o ambiente como forma de corresponder à temperatura central. - Ocorrem sinais de calor, como vasodilatação e sudorese. Posição fetal, taquicardia, taquipneia, oligúria, náusea e vômito, convulsões (mais comum em crianças), astenia, inapetência e cefaleia. CLASSIFICAÇÃO Temperatura normal: 36,5 - 37,5. Quanto à intensidade: - Leve (até 37,5°C), moderada (37,6 a 38,5°C) ou alta (acima de 38,6°C). Quanto a duração: - Recente (menos de 7 dias) ou prolongada (mais de 7 dias). Quanto a evolução: - Febre Contínua: permanece sempre acima do normal com variações de até 1 grau, sem grandes oscilações. - Febre Irregular ou Séptica: picos muito altos intercalados a baixas temperaturas ou apirexia, sem nenhum caráter cíclico nessas variações. - Febre Remitente: hipertermia diária com variações de mais de 1 grau, sem períodos de apirexia. - Febre Intermitente: hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal. Pode ser cotidiana, terçã (um dia com febre e outro sem) ou quartã (um dia com febre e dois sem). - Febre Recorrente ou Ondulante: semanas ou dias com temperatura corporal normal até que períodos de temperatura elevada ocorram. SINAIS DE ALARME - Bebe com menos de 3 meses de idade; - Febre com mais de 3-4 dias de evolução, sem sinais de melhoria (picos febris mais espaçados e/ou mais baixos); - Temperatura corporal superior a 40 ºC; - Presença de manchas ou pintas no corpo; - Presença de gemido, convulsões, dificuldade respiratória, vômitos incoercíveis ou desidratação; - Prostração/sonolência; - Febre em criança com doença crónica; - Hipotensão. PACIENTE IMUNOCOMPROMETIDO E AUSÊNCIA DE FEBRE Pacientes imunocomprometidos podem não ter mediadores inflamatórios e imunológicos, as manifestações clínicas de infecção são muitas vezes menos proeminentes e menos impressionantes do que em pacientes imunocompetentes. A concentração sérica de IL-10 encontra-se aumentada em pacientes com HIV, principalmente AIDS. Essa IL está associada à diminuição da resposta imune celular, havendo maiores concentrações de IL-10 no sangue em caso de maior replicação do HIV nos macrófagos. Quando os macrófagos são infectados pelo HIV, eles sofrem desregulação da produção de citocinas e quimiocinas, o que interfere diretamente na resposta inflamatória. Pacientes com HIV apresentam menores concentrações séricas de IL-6 → indutora da febre. Infecção Viral Duração de no mínimo 7 dias, entre o quarto e sétimo já começam a apresentar uma melhora acentuada; Comprometimento maior das vias aéreas, nariz escorrendo; Secreção purulenta mais pela manhã em decorrência da estase de secreções nas vias aéreas durante a noite; Febre baixa, até 38°C; Pode ter dores no corpo, fraqueza, perda de apetite; Tratamento sintomático, amenizar o desconforto dos sintomas, o próprio sistema imunológico trata de expulsar o vírus do organismo, isso geralmente leva entre 3 a 10 dias; Se os sintomas durarem mais de uma semana sem demonstrar melhora, pode ser que a infecção seja bacteriana, ou que tenha adquirido depois do vírus, conhecida como infecção bacteriana secundária; Hemograma: aumento dos linfócitos (linfomononucleares); Autolimitada: tem início meio e fim. Infecção Bacteriana Tosse acompanhada por uma secreção purulenta constante, geralmente coloração amarelada ou esverdeada (e essa secreção é devido a presença de neutrófilos); Surgimento de vermelhidão e placas de pus na região da orofaringe (amígdalas e faringe); Febre alta, acima de 38°C e tendem a piorar com o tempo; Causa dor concentrada em uma parte específica do corpo; Sintomas irão diminuir ou desaparecer geralmente dentro de uma semana; Hemograma: aumento das células neutrófilos (polimorfonucleares) com desvio à esquerda, PCR elevada. Infecção de Vias Aéreas Superiores RINOSSINUSITE Resposta inflamatória da membrana mucosa que reveste a cavidade nasal e os seios paranasais, podendo em ocasiões estender-se para o neuroepitélio e osso subjacente - Rinite: é a inflamação da mucosa do nariz, podendo ser de origem alérgica ou infecciosa. - Sinusite: é a inflamação dos seios da face e raramente se desenvolve isolada da rinite. - Os seios frontal, etmoidal, esfenoidal e maxilar são cavidades situadas ao redor das fossas nasais, com as quais se comunicam através de canais e óstios. Ocorre geralmente após uma infecção das vias aéreas superiores (IVAS) viral (80% das rinossinusites bacterianas) ou após uma inflamação alérgica (20% das rinossinusites bacterianas). FISIOPATOLOGIA Os fatores que interferem na fisiologia dos seios paranasais são: patência dos óstios, função ciliar, qualidade das secreções nasais. Obstrução do óstio do seio: - Apresentação aguda: edema da mucosa. - Apresentação crônica: alteração anatômica que interfere na drenagem. - Parcial ou completa. - Resulta em estagnação das secreções + queda do pH + queda da tensão de O2 no seio → favorece o crescimento bacteriano. - Tensão de oxigênio dentro do seio pode chegar a zero, promovendo crescimento anaeróbio e de bactérias facultativas, que têm importante implicação na rinossinusite crônica. Redução da atividade ciliar: - Batimento ciliar normal: maior que 700 batimentos por minuto. - Durante a rinossinusite, decai para menos de 300. Alteração da secreção nasal: - O muco espesso, que não pode ser efetivamente removido do seio, torna-se um meio de cultura para crescimento bacteriano. - Tal secreção espessa obstrui o óstio sinusal podendo perpetuar o problema, causando o ciclo nasal. CLASSIFICAÇÃO Rinossinusite Aguda - Até 4 semanas. - Na maioriados casos, responde ao tratamento clínico adequado, raramente necessitando de outros tratamentos. - A suspeita de uma rinossinusite aguda bacteriana deve ocorrer quando os sintomas de uma IVAS viral pioram após o 5º dia ou persistem por mais de 10 dias. Rinossinusite Subaguda - Continuação de uma rinossinusite aguda em que não houve a cura. - Sintomas se mantêm após a quarta semana de instalação da rinossinusite aguda, podendo perdurar até 12 semanas. - Os pacientes podem ou não ter sido tratados na fase aguda da doença. - Os sintomas na fase subaguda são menos severos do que na fase aguda Rinossinusite Recorrente - 3 ou mais episódios de rinossinusite aguda no ano, com ausência de sintomas entre eles. Rinossinusite Crônica - Persistência dos sinais e sintomas por mais de 12 semanas. - As alterações inflamatórias da mucosa tornam-se persistentes e quanto mais tempo estiver presente o processo infeccioso, maiores as possibilidades de que se tornem irreversíveis. Rinossinusite Crônica Agudizada - Exacerbação e/ou agudização dos sintomas de um paciente com rinossinusite crônica. Rinossinusite Complicada - Inflamação que se estende além dos limites dos seios paranasais, podendo ocorrer uma complicação local, orbitária, intracraniana ou sistêmica de qualquer uma das fases das rinossinusites. ETIOLOGIA Alérgica ou infecciosa (viral, bacteriana ou fúngica) Mais comum: viral. Agente etiológicos virais mais comuns: Rinovírus, influenza, adenovírus e parainfluenza são os vírus mais comumente encontrados. 0,52% dos casos evoluem com infecção bacteriana secundária, sendo as mais comuns Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis. Se houver persistência, bactérias anaeróbias podem causar infecção. Agentes etiológicos bacterianos mais comuns: S. pneumoniae, H. influenzae e M catarrhalis. QUADRO CLÍNICO Rinossinusite aguda: Dor: pode ser nasal, facial ou ainda manifestar-se como cefaléia. Pior pela manhã, diminuindo ao longo do dia. Geralmente na região do seio acometido. - Seio etmoidal: apresenta-se com dor na parte medial do nariz e na área retroorbitária. - Seio esfenoidal: pode se manifestar por dor no vértex, bitemporal, retroorbitária e pode ser irradiada para pescoço e ombros. - Seio maxilar: aguda pode haver queixa de odontalgia. Febre Obstrução nasal e rinorréia: geralmente verde-amarelada, podendo ser uni ou bilateral. Outros: halitose, anosmia e rinorréia posterior com tosse. Rinoscopia: - A mucosa nasal é avermelhada e túrgida. - Pode haver rinorreia purulenta amarelada ou esverdeada. - Exsudato sero ou mucopurulento pode ser identificado no meato médio quando há sinusite maxilar, etmoidal anterior, ou frontal e na área medial à concha média na sinusite etmoidal posterior ou esfenoidal. Dor à palpação: - Os seios paranasais podem ser sensíveis à palpação. FATORES PREDITIVOS Maiores Menores Tosse Febre Dor/pressão facial Secreção nasal/retronasal purulenta Hiposmia/anosmia Secreção nasal ao exame físico Cefaléia Halitose Dor em arcada dentária Otalgia ou pressão em ouvidos Rinossinusite crônica: - Rinorréia mucopurulenta - Obstrução nasal - Sensação de ‘pressão” na face ou periorbitária - Tosse e dor de garganta secundária à irritação crônica das secreções pode ser referida. DIFERENÇA VIRAL X AGUDA Rinossinusites virais tem duração máxima de 5 a 7 dias (resolução ou melhora importante do quadro). Durante o curso de uma infecção viral das vias respiratórias superiores, duas apresentações clínicas indicam infecção bacteriana secundária aguda: persistência e a gravidade dos sintomas. O décimo dia de sintomas separa uma infecção viral de uma bacteriana, e o trigésimo dia separa a rinossinusite aguda de uma rinossinusite subaguda ou crônica. DIAGNÓSTICO Diagnóstico clínico: Rinossinusite bacteriana: - Suspeita caso os sintomas de IVAS viral pioram após 5º dia ou persistam por mais de 10 dias. Rinossinusite aguda: - Presença de 2 ou mais sinais maiores de sinusite aguda (cefaléia, dor ou pressão facial, obstrução ou congestão nasal, secreção nasal ou pós nasal purulenta, hiposmia ou anosmia, secreção nasal purulenta ao exame) ou; - Presença de 1 sinal maior e 2 ou mais menores (febre, halitose, dor dentária, otalgia ou pressão nos ouvidos, tosse) ou; - Presença de secreção purulenta nasal no exame físico; Rinossinusite crônica: - Presença de 2 ou mais sintomas maiores da sinusite crônica (dor ou pressão facial, congestão nasal, obstrução nasal, secreção nasal ou pós nasal mucopurulenta, hiposmia ou anosmia, secreção nasal purulenta ao exame) ou; - 1 maior e 2 menores (cefaléia, halitose, fadiga, dor em arcada dentária, tosse, otalgia ou pressão nos ouvidos); Nas crianças: a frequência dos sintomas da sinusite aguda (tosse, rinorréia purulenta, halitose, cefaléia, dor facial, febre) ou da crônica (rinorréia purulenta, congestão nasal, tosse, secreção posterior, halitose, dor de garganta) varia com a faixa etária e intensidade do quadro. Exame físico: Rinoscopia anterior: rinorreia mucopurulenta anterior ou posterior, edema e hiperemia da mucosa nasal. Orofaringe: pode estar hiperemiada e com aumento dos folículos linfóides. Ocasionalmente, pode haver dor à palpação dos seios da face. Exames complementares: RX: pode ser solicitado para confirmar o diagnóstico de sinusite aguda. USG: recomendada para grávidas em dúvida diagnóstica. Endoscopia nasal: recomendada para todos os pacientes com qualquer tipo de queixa nasal. Não dispensa a rinoscopia anterior. Na falta do equipamento endoscópico, poderá ser dispensada, sempre que o quadro clínico, a rinoscopia anterior e outros exames complementares, forem suficientes para o diagnóstico correto da doença TC: Permite uma avaliação mais precisa da anatomia e anormalidades do Complexo Ostiomeatal, bem como da extensão do acometimento sinusal. É um exame muito útil na avaliação das rinossinusites. Indicações: - Rinossinusites agudas ou crônicas que não melhoram após tratamento clínico adequado. - Suspeita de complicação de rinossinusites. - Sinusite nosocomial. Sinais de alerta para complicações Piora dos sinais de quadro agudo após 72h de antibioticoterapia adequada; Surgimento de edema ou eritema palpebral; Cefaleia intensa com irritabilidade; Alterações visuais; Sinais de toxemia ou irritação meníngea. TRATAMENTO Desobstruir o seio e restabelecer a drenagem é tão importante quanto erradicar o agente etiológico. Medidas gerais: hidratação adequada, umidificação do ambiente, evitar exposição a agentes que causem alergia; Lavagem nasal: é feita com solução salina, sendo importante para todos os pacientes. Descongestionantes: Descongestionantes tópicos por um curto período de tempo (no máximo 3 dias) → efeito rebote e desenvolvimento de rinite medicamentosa com o uso crônico. Descongestionantes orais (cloridrato de fenilefrina), sendo geralmente disponíveis em apresentações que associam anti-histamínicos orais, pois estes ajudam a diminuir a tosse associada ao quadro gripal. Sprays nasais com corticosteróides; Mucolíticos como a N-acetilcisteína (fluimucil) geralmente não são indicados, mas podem ser usados para diminuir a viscosidade da secreção, favorecendo o clearance mucociliar. Estabilizadores de membrana de mastócitos: pode ser usado em rinites alérgicas e irritativas. Antibioticoterapia: Aguda Crônica Amoxicilina (1ª opção) Amoxicilina com clavulanato, Cefuroxima, Cefprozil (2ª opção) Claritromicina, Clindamicina (alérgicos a penicilina e/ou cefalosporina) Amoxicilina com clavulanato, Cefuroxima, Cefprozil, Clindamicina. FARINGOAMIGDALITE Epidemiologia: etiologia viral mais comum em menores de 3 anos. Estreptococo mais comum acima de 5 anos. Transmissão através de gotículas ou transferência física de secreções respiratórias contendo a bactéria. VIRAL BACTERIANA Epstein BAAR. Adenovírus. VSR (Vírus Sincicial Respiratório). Influenza A e B. Parainfluenza. Herpes simples. Coksackie. Estreptococo β hemolítico. Haemophilus Influenzae. Streptococcus Pneumoniae. Moraxella Catarralis.Anaeróbios. Tosse, coriza, rouquidão Febre Odinofagia Hiperemia de OF com ou sem exsudato Presença de vesículas ou úlceras Febre alta Odinofagia Hiperemia de OF com exsudato purulento Adenomegalia submandibular Petéquias em palato ou exantema FARINGITE NÃO ESTREPTOCÓCICA Adenovírus, + comum, febre, falta de resposta à penicilina, exsudato sobre as amígdalas, congestão nasal e ocular, rinorreia, tosse. - Herpes simples (Gengivoestomatite aguda): febre, faringe dolorida, úlceras brancas em palato com halo avermelhado na orofaringe anterior, adenomegalia. - Coxsackie do grupo A (herpangina): vesículas faríngeas ou úlceras com halo avermelhado sem estomatite. - Mononucleose infecciosa: febre, exsudato tonsilar, linfadenopatia, esplenomegalia, alterações de provas hepáticas,linfócitos atípicos. - Difteria: placas branco acinzentadas aderentes na orofaringe ,invasão eventual da úvula,comprometimento laríngeo. DIAGNÓSTICO Cultura do material de superfície tonsilar: padrão ouro (sensibilidade 90-95%). Teste rápido para detecção do streptococcus β hemolítico do grupo A (especificidade de 95% - sensibilidade de 75%). Teste específico na suspeita de bactérias e de outras bactérias atípicas como: Mononucleose, Mycoplasma. TRATAMENTO Bacteriana: Penicilina V ou Amoxicilina 10 dias ou Penicilina Benzatina dose única. Alergia à penicilina: Claritromicina, Azitromicina, Eritromicina. Na falha terapêutica: Amoxicilina + Clavulanato ou Cefalosporinas de 2ª geração (Cefuroxima, Cefprozil). Antitérmicos, Analgésicos. Recorrentes: 5 ou + episódios em um ano, 4 episódios/ano em dois anos, 3 episódios/ano por três anos. Amoxicilina + clavulanato ou cefalosporina de 2ª geração. Procurar na família uma fonte de infecção que deve ser adequadamente tratada. RINOFARINGITE OU RESFRIADO COMUM Infecção leve das vias aéreas superiores: nariz e garganta. A doença afeta, principalmente, as mucosas do nariz e da garganta. ETIOLOGIA Rinovírus humanos (>200 tipos), influenza, enterovírus não-pólio e coronavírus. Em crianças pequenas: vírus sincicial respiratório, parainfluenza, adenovírus e metapneumovírus humano. QUADRO CLÍNICO Aparecimento de sintomas de 1 a 3 dias após a infecção viral. Geralmente a sintomatologia é mais discreta, com sintomas iniciais de cefaléia, espirros, calafrios e dor de garganta e sintomas tardios de coriza, obstrução nasal, tosse e mal-estar. Tosse pode persistir por 1 ou 2 semanas adicionais após a resolução dos outros sintomas. A severidade dos sintomas aumenta rapidamente em 2-3 dias após a infecção, com uma duração média de 7-10 dias. Alguns sintomas, no entanto, podem persistir por mais de 3 semanas. Resfriados Gripes Início gradual Severidade discreta Cefaléia, espirros, calafrios, dor de garganta, coriza. Início súbito Severidade intensa Febre alta, tosse, cefaléia intensa, dor de garganta, mialgia, congestão nasal, cansaço, fraqueza, falta de apetite. FISIOPATOLOGIA Enquanto o rinovírus e o coronavírus não causam lesão epitelial nas células nasossinusais, a influenza e o adenovírus geram uma lesão significativa no epitélio nasal. Lesão celular, destruição da camada basal → aumento de bradicinina e citocinas → rinossinusite PREVENÇÃO: vacina da gripe (cepas de vírus influenza inativados) COMPLICAÇÕES DA GRIPE Pneumonia bacteriana e por outros vírus, sinusite, otite, desidratação, piora de doenças crônicas como insuficiência cardíaca, asma ou diabetes. RINITE ALÉRGICA É uma doença inflamatória da mucosa nasal mediada por IgE (hipersensibilidade tipo I). FISIOPATOLOGIA Reação de hipersensibilidade tipo I de Gell e Coombs. Exposição ao alérgeno → célula apresentadora de antígeno ou macrófago incorpora o alérgeno e se liga ao linfócito Th2 → ativa o linfócito → liberação de diversas citocinas (IL-1, IL-6 e IL-13) → promovem a diferenciação do linfócito B em plasmócito, responsável pela síntese de IgE (anticorpo) → ligação do IgE na superfície do mastócito = tornando-o sensibilizado. Fase precoce: 10 a 30 min após contato novo com o alérgeno → degranulação do mastócito com a liberação de mediadores e o aparecimento de prurido nasal, rinorreia, espirros e obstrução nasal. Fase tardia: 2 a 4 horas após a fase precoce → resultado de quimiotaxia e migração de neutrófilos, basófilos, eosinófilos, linfócitos T e macrófagos. A obstrução nasal é predominante nessa fase. CLASSIFICAÇÃO Intermitente: sintomas estão presentes < 4 dias/semana ou < 4 semanas (20% dos casos). Persistente: sintomas presentes >4 dias/ semana ou > 4 semanas (80% dos casos). Leve: sintomas não interferem no sono, trabalho, escola, esporte, lazer e atividades diárias e quando não incomodam (30% dos casos). Moderada/severa: sintomas sejam perturbadores ou atrapalhem as atividades ou o sono, classifica-se como rinite alérgica moderada/severa. 70% dos casos. QUADRO CLÍNICO Obstrução nasal, rinorreia, espirros e prurido. Também incluem tosse, cefaléia e hiposmia. A rinoscopia anterior, observa-se uma mucosa nasal pálida ou azulada, podendo haver hipertrofia das conchas nasais inferiores e presença de secreção hialina. DIAGNÓSTICO Anamnese, exame físico e testes cutâneos (presença de IgE) ou no sangue. A endoscopia nasal apenas para avaliar anatomia e presença de outra causa de obstrução. Testes Laboratoriais: RAST: clinicamente o mais usado. Sangue periférico: eosinofilia com elevação do IgE Testes cutâneos: teste prick, intradérmico, epicutâneo Teste citológico: citologia nasal: eosinofilia TRATAMENTO Higiene ambiental, farmacoterapia e imunoterapia. Há também cirurgia das conchas nasais inferiores para melhorar a obstrução nasal. - Anti-histamínicos orais, descongestionantes nasais e corticosteroides nasais. Menores de 2 anos: anti-histamínicos de segunda geração (não sedantes) é a primeira escolha. Não utilizar descongestionantes tópicos por mais de 5 a 7 dias para evitar o desenvolvimento da rinite medicamentosa. Orientações sobre higiene do local. ETIOLOGIA GERAL IVAS VÍRUS: Picornavírus: rinovírus e enterovírus (Coxsackie, Echovírus, poliovírus). Adenovírus Paramixovírus: parainfluenza, sincicial respiratório, sarampo e caxumba. Ortomixovírus: influenza BACTÉRIAS: Faringite: Streptococcus pyogenes (beta-hemolítico do grupo A). Otite média aguda: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae não tipável, Moraxella catarrhalis e S. pyogenes. Sinusite: S. pneumoniae, H. influenzae, M. catarrhalis (crônicas: S. aureus e anaeróbios). Epiglotite: H. influenzae tipo B, S. pyogenes, S pneumoniae, S. aureus. Em pediatria, nas infecções respiratórias agudas bacterianas, os agentes predominantes são o Streptococcus pneumoniae, o Haemophilus influenzae e, menos frequente, a Moraxella catarrhalis. O predomínio de uma ou de outra bactéria está relacionado à faixa etária: o Haemophilus influenzae tem mais prevalência em crianças de seis meses a 2 anos, enquanto o Streptococcus pneumoniae é mais comum em crianças acima dessa faixa etária. Oseltamivir Inibidor potente e seletivo das enzimas neuraminidase do vírus da gripe, que são glicoproteínas encontradas na superfície do vírion. A atividade da enzima viral neuraminidase é importante principalmente para a liberação de partículas virais recém-formadas nas células infectadas e para a posterior disseminação do vírus infeccioso no organismo. Sugere-se também que a neuraminidase pode desempenhar um papel importante na entrada do vírus nas células não infectadas. Inibe a neuraminidase dos dois tipos de vírus da gripe: influenza A e B. Também inibe a infecção e a replicação in vitro do vírus da gripe e inibe a replicação e a patogenicidade in vivo do mesmo. Reduz a proliferação dos dois vírus (influenza A e B) pela inibição da liberação de vírus infecciosos das células infectadas. Doenças Exantemáticas Doenças infecciosas nas quais a erupção cutânea é a característica dominante, mas geralmente também apresentam manifestações sistêmicas. Na maioria das vezes o diagnóstico é apenas clínico. A análise do tipo de lesão, dos sinais e sintomas concomitantes e a epidemiologiapermite inferir o diagnóstico etiológico sem a necessidade de exames laboratoriais. As principais doenças exantemáticas são: sarampo, rubéola, escarlatina, exantema súbito, eritema infeccioso, varicela e doença de Kawasaki. Hiv Retrovírus (duas fitas idênticas de RNA). Transcriptase reversa (enzima que traduz o material genético em DNA dupla-fita). Capsídeo viral (composto pelo antígeno p24) e envoltório lipoprotéico. AIDS: causada pelo vírus HIV, resultando numa queda progressiva da contagem de linfócitos T CD4+ e, com isso, começam a aparecer diversas infecções oportunistas e neoplasias, com um estado grave de imunodeficiência (Linfócitos T CD4+ abaixo de 350 células/mm3 ). Transmissão: relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas, materiais perfurocortantes contaminados e não esterilizados e transmissão vertical durante a gravidez, parto e/ou amamentação, quando não tomadas as devidas medidas de prevenção. FISIOPATOLOGIA O vírus HIV compromete os linfócitos T CD4+, podendo destruir diretamente pela replicação viral ou indiretamente pela resposta imunológica do hospedeiro, que reconhece e agride as células infectadas, quando essa resposta é muito intensa, pode haver disfunção celular ou apoptose. Estruturas virais: - P24: componente capsídeo - P17: presente no capsídeo - GP120 e GP41: localizadas no envelope (ligam-se aos receptores) - Possuem transcriptase reversa e integrase, além do RNA viral. Entrada do vírus no hospedeiro: Via sexual: - O vírus atravessa o epitélio da mucosa e submucosa. - São fagocitadas e seguem para os linfonodos, onde a replicação ocorre de forma intensa. Na fase inicial o GALT (tecido linfóide associado ao intestino) é um dos principais alvos, pela alta concentração de CD4 + ativados. - Do linfonodo segue para os demais tecidos e órgãos. Via sanguínea direta: - Os vírions podem ser, inicialmente, removidos pelo baço, órgão importante para o sistema imune, rico em linfócitos TCD4+ e os passos seguintes se assemelham aos da transmissão sexual. Ação viral: - Ligação de glicoproteínas virais (gp120) ao receptor específico da superfície celular - Células dendríticas - Macrófagos - Linfócitos, T-CD4 principalmente; - Fusão do envelope do vírus com a membrana da célula hospedeira; - Liberação do "core" do vírus para o citoplasma da célula hospedeira; - Transcrição do RNA viral em DNA complementar, dependente da enzima transcriptase reversa; - Transporte do DNA complementar para o núcleo da célula, onde pode haver integração no genoma celular (provírus), dependente da enzima integrase, ou a permanência em forma circular, isoladamente; - O provírus é reativado, e produz RNA mensageiro viral, indo para o citoplasma da célula; - Proteínas virais são produzidas e quebradas em subunidades, por intermédio da enzima protease; - As proteínas virais produzidas regulam a síntese de novos genomas virais, e formam a estrutura externa de outros vírus que serão liberados pela célula hospedeira; - O vírion recém-formado é liberado para o meio circundante da célula hospedeira, podendo permanecer no fluído extracelular, ou infectar novas células. QUADRO CLÍNICO Três fases clínicas: infecção primária ou aguda, fase crônica assintomática/latência clínica e AIDS. Infecção primária ou aguda: Síndrome Retroviral Aguda (SRA) → febre, mialgia, cefaléia, faringite, dor ocular, rash cutâneo, astenia, linfadenopatia, náuseas, vômitos, letargia, refletindo a resposta imune contra a viremia inicial, porém essa fase também pode ser assintomática. Nesse momento, bilhões de cópias do vírus circulam pelo hospedeiro, e assim, o poder transmissivo é muito alto. Esse quadro dura de 3 a 4 semanas e é autolimitado. A sorologia anti-HIV nesse momento costuma ser negativa, sendo importante a pesquisar por RNA viral circulante. Ocorre aumento na contagem de células TCD4+ e resposta imune celular e humoral contra o HIV. - Soroconversão: tempo entre o contágio e o aparecimento de anticorpos anti-HIV. Fase de latência clínica: dura cerca de 10 anos quando não é realizada a terapia. O exame físico pode ser normal, podendo também ser percebida linfadenopatia, Linfadenopatia Generalizada Progressiva (LGP), plaquetopenia isolada ou anemia normocrômica e normocítica e/ou discreta leucopenia. Nesse momento, os linfócitos TCD4+ continuam a aumentar, enquanto ocorre redução da carga viral plasmática. Mesmo com ausência de sintomatologia, os vírus continuam a se replicar, principalmente nos CD4 de memória. A imunodeficiência começa então a progredir, com redução na contagem de CD4 e manifestações típicas nos indivíduos imunocompetentes começam a aparecer com maior gravidade e frequência. CD4 < 350: começam a aparecer infecções bacterianas e micobacterianas do trato respiratório (sinusite, pneumonia, tuberculose pulmonar); CD4 entre 200 e 300: as mesmas manifestações supracitadas começam a se manifestar de forma atípica. A Candidíase Orofaríngea é um indicativo de que a AIDS se aproxima, assim como febre persistente, diarréia crônica e leucoplasia pilosa oral. Outras manifestações sistêmicas são: respiratórias (tuberculose, infecção pelo P. jirovecii, pneumonia bacteriana recorrente, sinusite, traqueobronquite, rodococose, pneumocistose pulmonar), dermatológicas (dermatite seborreica, foliculite, psoríase, herpes zoster, Herpes simplex). AIDS: intensa supressão no sistema imunológico do indivíduo, com o surgimento de infecções oportunistas e neoplasias. A progressão da infecção é marcada por febre baixa, sudorese noturna e diarreia crônica. As infecções oportunistas mais comuns pneumocistose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, neurotoxoplasmose, retinite por citomegalovírus, meningite criptocócica; já as neoplasias mais comuns são Sarcoma de Kaposi e, nas mulheres jovens, câncer de colo uterino. 500 cels/mm² Síndrome retroviral aguda - Meningite asséptica - Guillain-Barré - Candidíase vaginal - Linfoadenopatia generalizada 200-500 cels/mm² Tuberculose pulmonar cavitária - Pneumonias frequentes - Herpes Zoster - Candida orofaríngea - Linfoma de célula B - Linfoma de Hodgkin - Pneumonia intersticial linfocítica 100-200 cels/mm² Pneumocistose (P. jiroveci) - Histoplasmose disseminada - Tuberculose miliar - Miocardiopatia - Demência - Encefalopatia 50-100 cels/mm² Herpes simples disseminada - Neurotoxoplasmose - Criptococose - Microsporidiose - Esofagite por cândida <50 cels/mm² Citomegalovirose - Micobacteriose (complexo avium) - Linfoma SNC DIAGNÓSTICO Elisa Primeira geração - Detectam apenas IgG - Menos sensíveis do que os ensaios de gerações posteriores. - Janela de soroconversão: 6 a 8 semanas - Formato indireto. Segunda geração - Formato indireto (porém, utiliza antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados de proteínas do HIV). - Janela de soroconversão: 28 a 30 dias. Terceira geração - Formato “sanduíche” (ou imunométrico). A característica deste ensaio é utilizar antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos tanto na fase sólida quanto sob a forma de conjugado. - Detecção simultânea de anticorpos anti-HIV IgM e IgG. - Janela de soroconversão: 22 a 25 dias. Quarta geração - Detecta simultaneamente o antígeno p24 e anticorpos específicos anti-HIV. - Formato de “sanduíche”: detecta todas as classes de imunoglobulinas contra proteínas recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados das glicoproteínas gp41 e gp120/160. - p24: latente e crônica - Janela diagnóstica: 15 dias, dependendo do ensaio utilizado. Testes rápidos (TR) - Imunoensaios (IE) simples, resultados em até 30 minutos, em ambiente não laboratorial com amostra de sangue total obtida por punção digital ou amostra de fluido oral. - Vários formatos de TR, e os mais frequentemente utilizados são: dispositivos (ou tiras) de imunocromatografia de fluxo lateral, imunocromatografia de duplo percurso (DPP) e imunoconcentração. Testes complementares Estão incluídos nessa categoria: western blot (WB), imunoblot (IB) ou imunoensaios em linha (LIA, do inglês line immunoassay), incluindoo imunoblot rápido (IBR) e imunofluorescência indireta (IFI) e testes moleculares (TM). Carga viral: Mais adequado para monitoramento da resposta terapêutica aos antirretrovirais. Recomendações para o diagnóstico de infecção aguda pelo HIV-1 TRATAMENTO Terapia antirretroviral (TARV): diminuir a morbidade e mortalidade, melhorando a qualidade e a expectativa de vida das pessoas que vivem com HIV/ AIDS. O início precoce da TARV eleva as chances de se alcançar níveis elevados de LT-CD4 + , além de promover redução significativa da morbimortalidade e da transmissão do HIV. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos (PCDT) traz novas recomendações de esquemas antirretrovirais (ARV) considerando princípios básicos como eficácia, toxicidade e comodidade posológica. Situações de priorização de atendimento pelos serviços da rede de assistência à PVHIV, para início da TARV Iniciar TARV com celeridade: - PVHIV sintomática. - LT-CD4+ < 350 céls/mm3. - Gestante. - Tuberculose ativa. - Coinfecção HBV ou HCV. - Risco cardiovascular elevado (> 20%). Importante: na impossibilidade de obter contagem de LT-CD4+, não se deve adiar o início do tratamento. Sintomáticos: - TB ativa: para LT-CD4 + < 200, iniciar TARV na segunda semana após o início do tratamento de TB. Para LT-CD4 + > 200, iniciar TARV ao final da oitava semana. Manifestações clínicas atribuídas diretamente ao HIV: - Nefropatia associada ao HIV. - Alterações neurológicas. - Cardiomiopatia associada ao HIV. Imunodeficiência avançada (doença definidora de AIDS) ou moderada. Classes de antirretrovirais: Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos e nucleotídeos (ITRN/ITRNt): - AZT = Zidovudina. - ABC = Abacavir. - TDF = Tenofovir. - 3TC = Lamivudina. Inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos (ITRNN): - EFZ = Efavirenz. - ETR = Etravirina. - NVP = Nevirapina. Inibidores da protease reforçados com ritonavir (IP/r): - ATV/r = Atazanavir/ritonavir. - DRV/r = Darunavir/ritonavir. - LPV/r = Lopinavir/ritonavir. Inibidores da integrase: - DTG = Dolutegravir. - RAL = Raltegravir. Inibidores de entrada: - Inibidores de Fusão: T20 (Enfuvirtida). - Inibidores do co-receptor CCR5: MVQ (Maraviroque). O esquema terapêutico recomendado atualmente pelo PCDT para terapia inicial consiste na associação de ITRN/ITRNt + Inibidor da Integrase. PrEP Medicamentos para prevenção do HIV OMS: uso de quimioprofilaxia através de uma combinação de antirretrovirais para tentar diminuir a transmissão do HIV entre os homens que fazem sexo com homens (HSH), transgêneros femininos, usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo e pessoas que estejam em privação de liberdade no sistema prisional. A profilaxia seria feita com a combinação dos antirretrovirais Tenofovir e Emtricitabina, unidos em uma única pílula. Os pacientes submetidos a esse tratamento deveriam tomar diariamente um comprimido da medicação ao dia, por tempo indeterminado. Todos têm que ser avaliados periodicamente a fim de rastrear possíveis efeitos adversos da medicação. Ainda não se sabe a longo prazo todos os efeitos adversos que esse tratamento pode acarretar. Apesar de se mostrar eficaz na redução da contaminação pelo vírus HIV, outros métodos de profilaxia, como o uso de preservativo, devem ser sempre muito estimulados. PEP Profilaxia Pós-Exposição de Risco É uma medida de prevenção de urgência à infecção pelo HIV, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), que consiste no uso de medicamentos para reduzir o risco de adquirir essas infecções. Deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de contágio: - Violência sexual; - Relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha); - Acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico). Consiste no uso de medicamentos antirretrovirais para reduzir o risco de infecção em situações de exposição ao vírus. Trata-se de uma urgência médica, que deve ser iniciada o mais rápido possível (preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição e no máximo em até 72 horas). A duração da PEP é de 28 dias e a pessoa deve ser acompanhada pela equipe de saúde. Recomenda-se avaliar todo paciente com exposição sexual de risco ao HIV para um eventual episódio de infecção aguda pelos vírus das hepatites A, B e C. Infecções Oportunistas Infecções oportunistas são infecções causadas por microrganismos que comumente estão presentes no corpo sem causar problemas, mas que se aproveitam da debilidade ocasional das defesas do organismo para causar dano. - Infecções causadas por vírus Herpes simplex: uma infecção viral que pode causar lesões nos lábios, boca, face e órgãos genitais. Em pessoas saudáveis, essas infecções são bastante comuns e sem gravidade, mas se a pessoa estiver contaminada pelo HIV, podem ser muito mais frequentes e graves. - Infecções causadas por Salmonella: infecção bacteriana que afeta os intestinos e causa, entre outros sintomas, diarreia grave. - Infecções por Cândida albicans (candidíase): pode atingir a boca, a garganta, esôfago e órgãos genitais. - Infecções pelo Toxoplasma gondii (toxoplasmose): infecção protozoária que, no paciente imunodeprimido, pode ocorrer principalmente no cérebro e, menos frequentemente, na retina, miocárdio e pulmões. As lesões podem ser fatais. - Infecções pelo Citomegalovírus (CMV): infecção viral que causa doença ocular e pode levar à cegueira. - Infecção pelo Plasmodium (malária): sem complicações já é uma infecção grave, mas torna-se muito mais comum e mais grave em pessoas com infecção pelo HIV. - Infecções pelo Mycobacterium avium: infecção bacteriana que pode causar febres recorrentes, problemas intestinais, problemas com a digestão e grave perda de peso. - Infecção pelo Pneumocystis (pneumonia): é uma infecção fúngica que pode causar uma pneumonia fatal. - Infecção pelo Mycobacterium tuberculosis (tuberculose): infecção bacteriana que ataca os pulmões e pode causar meningite. Infecção do Trato Urinário A ITU pode ser assintomática (infecção subclínica) ou sintomática (doença). O termo infecção do trato urinário abrange uma variedade de condições clínicas, incluindo bacteriúria assintomática (BAS), cistite (infecção sintomática da bexiga), prostatite e pielonefrite (infecção sintomática dos rins). A ITU não complicada refere-se a cistite ou pielonefrite aguda em mulheres não grávidas em condições ambulatoriais, sem anormalidades anatômicas, nem instrumentação do trato urinário. O termo ITU complicada é um termo que abrange todos os outros tipos de ITU. A ITU recorrente não é necessariamente complicada; episódios individuais podem ser não complicados e tratados desse modo. EPIDEMIOLOGIA Mais frequentemente nas mulheres do que nos homens. Durante o período neonatal, a incidência de ITU é ligeiramente maior entre indivíduos do sexo masculino, em comparação com os do sexo feminino, visto que os lactentes do sexo masculino apresentam mais comumente anomalias congênitas do trato urinário. Depois dos 50 anos de idade, a obstrução por hipertrofia prostática torna-se comum nos homens, e a incidência de ITU torna-se quase tão alta nos homens quanto nas mulheres. FATORES DE RISCO - Atividade sexual - Novo parceiro sexual - DM - Incontinência urinária - ITU nos 12 meses precedentes - História materna de ITU - Fatores anatômicos ou funcionais (ITU recorrente) A recorrência precoce (dentro de 2 semanas) é habitualmente considerada como recidiva, e não como reinfecção, e pode indicar a necessidade de avaliar a paciente quanto a um foco sequestrado. Não é raro que a infecção inicial seja seguida de múltiplas recidivas, resultando em agrupamento de episódios. O agrupamento de episódios pode estar relacionado temporalmente à presença de um novo fator de risco ou à descamação da camada epitelial externa protetora da bexiga em resposta à fixação das bactérias durante a cistite aguda ou, possivelmente, à alteraçãoda flora normal relacionada aos antibióticos. A probabilidade de recorrência diminui com o passar do tempo desde a última infecção. ETIOLOGIA Bacilos Gram-negativos entéricos - E. coli, Staphylococcus saprophyticus, Klebsiella, Proteus, Enterococcus e Citrobacter. - Pielonefrite não complicada: semelhante, com predomínio da E. coli. - ITU complicada: predomínio de E. coli + outros bacilos Gram-negativos aeróbios (Pseudomonas aeruginosa e espécies de Klebsiella, Proteus, Citrobacter, Acinetobacter e Morganella) e bactérias Gram-positivas (enterococos e Staphylococcus aureus) e as leveduras. PATOGÊNESE As bactérias estabelecem uma infecção por meio de sua ascensão até a bexiga pela uretra. A ascensão contínua pelo ureter até o rim constitui o trajeto para a maioria das infecções do parênquima renal. Entretanto, a introdução de bactérias na bexiga não leva necessariamente a uma infecção duradoura e sintomática. A interação entre fatores do hospedeiro, do patógeno e ambientais determina se haverá invasão tecidual e infecção sintomática. Qualquer corpo estranho existente no trato urinário, como um cateter urinário ou cálculo, proporciona uma superfície inerte para a colonização de bactérias. A micção anormal e/ou um volume de urina residual significativo promovem a infecção. Qualquer coisa capaz de aumentar a probabilidade de entrada das bactérias na bexiga e a sua permanência aumenta o risco de ITU. As infecções hematogênicas podem produzir abscessos focais ou áreas de pielonefrite dentro de um rim e resultam em culturas de urina positivas. SÍNDROMES CLÍNICAS - BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA Diagnóstico de BAS: paciente não apresenta sintomas locais ou sistêmicos relacionados com o trato urinário. Clínica: bacteriúria detectada de forma incidental. - CISTITE Sintomas: disúria, polaciúria e urgência, noctúria, hesitação, desconforto suprapúbico e hematúria macroscópica. - PIELONEFRITE Pielonefrite leve: febre baixa, com ou sem dor lombar ou no ângulo costovertebral. Pielonefrite grave: febre alta, tremores, náuseas, vômitos e dor no flanco e/ou lombar. Febre com padrão em “estaca de cerca” de pico alto, porém sofre resolução dentro de 72 horas de terapia. Pode-se desenvolver bacteremia (20 a 30%). - Pielonefrite enfisematosa: forma grave da doença, associada à produção de gás nos tecidos renais e perinefréticos e que ocorre quase exclusivamente em pacientes diabéticos. - Pielonefrite xantogranulomatosa: ocorre quando a obstrução urinária crônica (frequentemente por cálculos coraliformes), juntamente com infecção crônica, leva à destruição supurativa do tecido renal. Ao exame patológico, o tecido renal residual frequentemente tem uma coloração amarela, com infiltração por macrófagos repletos de lipídios. A pielonefrite também pode ser complicada pela formação de abscesso intraparenquimatoso; deve-se suspeitar dessa situação quando o paciente apresenta febre contínua e/ou bacteremia, apesar da terapia antibacteriana. - PROSTATITE Prostatite bacteriana aguda: disúria, polaciúria e dor na área prostática, pélvica ou perineal. Em geral, há febre e calafrios, e os sintomas de obstrução do orifício vesical são comuns. Prostatite bacteriana crônica: forma mais insidiosa, como episódios recorrentes de cistite, algumas vezes com dor pélvica e perineal associada. Os homens que apresentam cistite recorrente devem ser avaliados quanto a um foco prostático, além de retenção urinária. - ITU COMPLICADA A ITU complicada manifesta-se na forma de episódio sintomático de cistite ou pielonefrite em um homem ou mulher com predisposição anatômica à infecção, presença de corpo estranho no trato urinário ou fatores que predisponham a uma resposta tardia ao tratamento. TRATAMENTO De acordo com as recomendações da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas (IDSA), o tratamento de bacteriúria assintomática deve ser guiado pelo teste de sensibilidade aos antimicrobianos (antibiograma) e realizado nas seguintes situações: - Na ressecção transuretral de próstata, o tratamento deve ser iniciado antes do procedimento, guiado por antibiograma, com duração a depender do uso ou não de cateter vesical no local. - Qualquer procedimento urológico que envolva risco de sangramento de mucosa urogenital. - Bacteriúria em mulheres adquirida por uso de cateter vesical que persiste após 48 h da remoção do dispositivo. - Gestantes (duração de 3 a 7 dias). Cerca de 20% das gestantes com bacteriúria não tratada desenvolvem pielonefrite aguda, em comparação com 1 a 2% daquelas que recebem terapia adequada. Não se recomenda o tratamento de bacteriúria assintomática nas seguintes situações a seguir, pois não se demonstrou redução do número de episódios sintomáticos, hospitalizações ou número de recidivas da bacteriúria: - Não gestantes e pré-menopausadas - Mulheres com diabetes melito - População geriátrica na comunidade ou institucionalizada - Pessoas com patologias em medula espinal - Pacientes com cateter vesical que permanecem com o dispositivo in situ - Pacientes submetidos a transplante de órgão sólido. Nas infecções do trato urinário complicadas, além do uso de terapia antimicrobiana, deve ser priorizada a correção da alteração estrutural ou funcional, com o intuito de se evitar a perpetuação do processo infeccioso. No tratamento empírico → usar antibióticos de amplo espectro, tais como quinolonas de segunda ou terceira geração: ofloxacino, norfloxacino, ciprofloxacino, levofloxacino, durante três dias. Uma opção secundária ao esquema empírico seria o uso de nitrofurantoína durante sete dias. Nas pielonefrites agudas, consideradas de maior gravidade em relação às cistites, recomenda-se como terapia empírica o uso de quinolonas durante 10 a 14 dias. Se o paciente apresentar sinais de gravidade (febre alta, leucocitose elevada, vômitos, desidratação ou sinais de sepse grave) ou ocorrer falha na terapia administrada por via oral, recomenda-se hospitalização com administração de terapia intravenosa e correção dos déficits hidroeletrolíticos. As opções da terapia intravenosa podem ser compostas por quinolona de segunda ou terceira geração, aminoglicosídeo associado com ou sem ampicilina, cefalosporina de amplo espectro (terceira ou quarta geração) com ou sem aminoglicosídeo. Se o agente etiológico for uma bactéria do tipo coco Gram-positivo, opta-se pela associação ampicilina/sulbactam com ou sem aminoglicosídeo. Após 48 a 72 h, reavaliar a mudança para terapia por via oral, de acordo com o antibiograma. Infecções graves Infecção Precoce, Resposta Imune Inata, Inflamação e o Endotélio Inicia pela infecção precoce, na qual o microorganismo é identificado e a resposta imunológica é ativada. Agentes etiológicos mais comuns na sepse são: - Bacilos gram-negativos: E. coli, Klebsiella spp e Pseudomonas aeruginosa. - Cocos gram-positivos: Staphylococcus. - Fungos, como a Candida albicans. A resposta imune pode ser iniciada por: - Ligação das moléculas de superfície aos TLR - Gram negativas: LPS, peptideoglicano, flagelina e DNA bacteriano - Gram positivas: ácido teicóico, ácido lipoteóico, peptideoglicano e DNA bacteriano. - Fungos: manana e betaglucana. Moléculas de superfície de bactérias gram positivas e negativas → Ligam-se aos TLR-2 e TLR-4 → Inicia cascata inflamatória (TNF-alfa, IL-1, IL-2 e IL-6) → Tempestade de citocinas → Hiper-regulação de moléculas de adesão, células endoteliais e ativação neutrófilos → A ativação acaba causando dano às células endoteliais do hospedeiro. Após a resposta inflamatória precoce, as células imunes liberam mediadores tardios (HMGB-1) → Ativação de neutrófilos, monócitos e endotélio. Ocorre lesão endotelial difusa na sepse → Ocorre destruição das junções celulares e dano direto às células → Aumento da permeabilidade endotelial. - IL-6: alteração hepática → anemia e menor produção de anticoagulantes. Imunidade Adaptativa Confere Especificidade e Amplifica a Resposta Imune Ocorre amplificação da resposta imune inata pela ativação da adaptativa (humoral e mediada por células) → Na sepse,as células T auxiliar diferenciam na via TH1 e secretam citocinas inflamatórias (TNF-alfa e IL-1beta). Resposta de coagulação - Choque Lesão endotelial amplificada + Hipercoagulação + Vasodilatação + Aumento da permeabilidade vascular Choque séptico → Ativação do sistema de coagulação → Formação de trombos microvasculares (conversão fibrinogênio para fibrina) → Liberação de mediadores + hipóxia tecidual → Amplifica lesão endotelial O choque séptico diminui os níveis de anticoagulantes naturais (PCR, proteína S, antitrombina e inibidor da via do fator tecidual) Aumenta a produção de NO e outros vasodilatadores pelas células endoteliais → Hipotensão persistente Disfunção microvascular pelo ciclo de inflamação e coagulação → Insuficiência cardiovascular e falência de múltiplos órgãos → Morte Imunossupressão Em muitos casos de sepse, o sistema imune falha em erradicar os patógenos infecciosos e começa uma fase prolongada de imunossupressão induzida pela sepse, caracterizada pela falha na erradicação da infecção primária e o desenvolvimento de infecções nosocomiais secundárias. Esta imunossupressão é mediada por múltiplos mecanismos, incluindo apoptose massiva de linfócitos. Resumo: As maiores mudanças fisiopatológicas nos pacientes com sepse grave e choque séptico incluem o choque vasoplégico (choque distributivo), disfunção miocárdica, alteração de fluxo microvascular, ativação da coagulação e dano endotelial difuso. A lesão endotelial difusa resulta em “vazamento” microvascular com edemas de órgãos e tecidos, hipotensão e choque. A permeabilidade capilar aumentada é causada pela perda do glicocálice endotelial e desenvolvimento de espaços entre as células endoteliais (vazamento para celular). O choque vasoplégico (choque distributivo), devido à falha da musculatura vascular lisa em se contrair, resulta em dilatação arterial e venosa. Vários sistemas podem ser acometidos, mas os mais comumente afetados são 2: o cardiovascular e o respiratório Sistema Respiratório O pulmão é um dos órgãos mais acometidos durante um quadro de Sepse e isso se deve ao fato de a reação inflamatório nos capilares alveolares levarem a uma lesão endotelial e consequente acúmulo de líquido nos espaços alveolares o que gera edema e atrapalha o processo de trocas gasosas. Sistema Cardiovascular Com a inflamação generalizada, o paciente também acaba apresentando uma importante vasodilatação periférica. Dessa forma, em uma primeira fase da doença, conhecida como “fase quente”, o coração tenta compensar o quadro aumentando seu débito cardíaco (DC), mas na maioria das vezes isso é insuficiente. Com toda essa sobrecarga, então, a doença costuma evoluir para a “fase fria”, na qual o corpo não consegue mais manter o DC aumentado e nem uma saturação periférica adequada (choque). É justamente para evitar essa evolução deletéria da Sepse que devemos saber diagnosticar precocemente os pacientes acometidos e é justamente isso que vamos aprender aqui. Para tal, é importante que a gente tenha em mente que existem dois consensos sobre Sepse que podem ser empregados: o Sepsis-2 e o Sepsis-3. Dentre eles, o Sepsis-3 é o consenso mais atualizado. Sirs Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica É um instrumento de triagem para a identificação de pacientes com infecção e, potencialmente, sob risco de apresentar sepse ou choque séptico. Anteriormente era utilizada como critério de sepse, porém, a partir de 2016, é usada para identificar infecção grave. Definida pela presença de no mínimo dois dos sinais abaixo: - Temperatura central >38,3º C ou <36ºC OU equivalente em termos de temperatura axilar; - FC >90 bpm; - FR >20 rpm, ou PaCO2 <32 mmHg; - Leucócitos totais >12.000/mm³ (leucocitose) ou < 4.000/mm³ (leucopenia) ou presença de >10% de formas jovens (desvio à esquerda). Sepse A evolução da sepse depende dos fatores patogênicos e fatores do hospedeiro (idade, sexo, raça, determinantes genéticos, hábitos de vida, medicamentos e comorbidade associadas). Possui duas definições: Sepsis 2: SIRS + infecção documentada ou presumida. Nesta condição, a infecção desencadearia uma resposta imunológica exacerbada com disfunções orgânicas longe do foco ou sítio infeccioso. Sepsis 3: - Disfunção orgânica com risco de vida, causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção. - O conceito de SIRS não é mais utilizado para diagnosticar sepse, porém seus componentes ainda podem ser utilizados na prática clínica para diagnóstico de infecção grave. - A definição de sepse grave foi retirada, tendo em vista que toda sepse é grave. - O diagnóstico é estabelecido pelo SOFA e q-SOFA [1] Infecção + SIRS >= 2 [2] Escore SOFA ≥2 pontos Sequential Sepsis-related Organ Failure Assessment (SOFA): - É um score que avalia a disfunção de 6 sistemas do corpo através de exames laboratoriais. - Quanto maior o SOFA, maior o risco de morte. ● qSOFA (quick-sofa) - Pela dependência de exames laboratoriais, o q-sofa foi desenvolvido para avaliação de pacientes graves com risco/suspeita de sepse. - Considera-se como alterado um qSOFA ≥ 2. - FR >= 22 ipm - PAS <= 100 mmHg - Alteração do nível de consciência ● Diagnóstico: - Pacientes com infecção devem ser averiguados os critérios do qsofa. - Se qSOFA >= 2, deve-se realizar os exames do SOFA. - Se SOFA >=2 → confirmação do quadro séptico. Fisiopatologia sepse e choque Inflamação ativa → estado pró-inflamatório e pró-coagulante → aumento da inflamação por feedback positivo Choque → hipóxia → aumento da coagulação e inflamação CONDUTA DA SEPSE - A sepse é considerada uma emergência médica. - É necessário instituir precocemente o tratamento: - Iniciar ressuscitação volêmica. - Controle do foco. - Solicitar exames necessários. - Controle minucioso do status hemodinâmico. Tempo 0: se dá quando o paciente é triado como séptico ou em choque séptico. Pacote de 1 hora: Medir nível de lactato. Medir novamente se lactato inicial maior que 2 mmol/L Obter hemoculturas antes de iniciar antibióticos Iniciar antibióticos de amplo espectro Ressucitação volêmica com 30 mL/Kg de cristalóide para hipotensão ou lactato > 4 mmol/L Iniciar vasopressores se paciente hipotenso durante ou após ressuscitação volêmica para manter PAM > 65 mmHg Lactato: - Aumento do lactato pode indicar aumento da hipóxia tecidual, aceleração da glicólise aeróbica pela estimulação beta-adrenérgica, entre outros desfechos negativos. - Lactato>2 mmol/L → deve ser medido novamente em 2-4 horas. - Objetivo: normalizar o lactato e usá-lo como marcador de hipoperfusão tecidual. Hemocultura: - Realizar antes de iniciar a antibioticoterapia. - Não atrasar a antibioticoterapia por conta da hemocultura. Antibioticoterapia de amplo espectro: - Iniciar EV assim que possível no caso de sepse ou choque séptico (1ª hora). - Utilizar antibióticos de amplo espectro, podendo ser único ou combinação. - Deve-se cobrir os prováveis patógenos. - Geralmente são iniciados com beta-lactâmicos pela facilidade de infusão rápida. - Quando possível realizar descalonamento. Considerações na escolha do antimicrobiano Sítio anatômico: considerar patógenos mais comuns e antibióticos que alcancem o local de ação. Patógenos mais comuns na comunidade e nosocomiais Padrões mais comuns de resistência bacteriana Presença de imunodepressão: neutropenia, aids, doença oncológica e etc Fatores de risco, como idade e comorbidades associadas Reposição volêmica: - Iniciar imediatamente → sepse e/ou hipotensão ou lactato elevado. - Mais utilizado - solução cristalóide. - 30 mL/kg; Vasopressores: - Se a ressuscitação volêmica não normalizar a pressão, iniciar vasopressores na primeira hora. - Objetiva atingir a pressão arterial média (PAM) de ≥ 65 mmHg. Choque séptico O choque séptico é um subconjunto da sepsis em que a circulação subjacente e as anomalias celulares/metabólicas são suficientemente profundas para aumentar substancialmente a mortalidade. Definida pela sepse associada à persistência de hipotensão, necessitando de vasopressores para manter PAM ≥65 mmHg e com um nível de lactato sérico >2 mmol/L apesar da reposição volêmica adequada. PAM = PAS + 2PAD/3 Critérios de Internação em UTI Fatores que devem ser considerados antes da admissão na UTI: diagnóstico e comorbidades; gravidade; idade e reserva fisiológica; prognóstico; qualidade do tratamento já instituído; resposta ao tratamento já instituído; qualidade de vida prévia ao evento atual; desejos do paciente. Pacientes definidos pela equipe assistente como fora de possibilidade terapêutica, não devem ser transferidos para UTI. Prioridade 1 (Máxima): inclui os doentes críticos que não podem ser conduzidos fora da UTI: doentes potencialmente recuperáveis, instáveis, com necessidade de monitoração e tratamento intensivos e intervenção. Não há limites para extensão da terapia para esses pacientes. Prioridade 2 (Alta): pacientes potencialmente recuperáveis que requerem monitoração intensiva e, talvez, intervenção. Não são estabelecidos limites terapêuticos. Pacientes já definidos como potenciais doadores de órgãos se enquadram nesse nível de prioridade. Prioridade 3 (Média): pacientes com baixa probabilidade de recuperação devido às doenças de base ou pela gravidade da doença atual, porém instáveis e críticos. Como exemplo: pacientes com importante limitação prévia, que desenvolvem um quadro agudo sobreposto. Prioridade 4 (Baixa): pacientes habitualmente sem indicação de UTI, devendo a admissão ser considerada em bases individuais, após discussão com o Coordenador Técnico ou Intensivista Diarista da UTI. Podem ser divididos em duas classes: A) Baixo risco: poderiam permanecer em outro setor do hospital, pois não necessitam intervenções ativas nem monitoração intensiva. B) Doença terminal ou irreversível: não se beneficiarão da UTI. Exemplos: cirróticos Child C fora da lista de transplante, doença neoplásica fora de possibilidade terapêutica, pacientes em morte iminente. Estes pacientes devem, sempre que possível, ser conduzidos em unidades para doentes crônicos ou de cuidados paliativos, junto aos seus familiares. Critérios de prioridade não dependente do quadro clínico do paciente: pacientes próprios do hospital onde há a vaga de UTI; complicações reversíveis de procedimentos médicos realizados. Infecções Fúngicas CRIPTOCOCOSE Infecção fúngica invasiva causada por Cryptococcus neoformans ou gattii Fisiopatologia: Infecção adquirida por inalação de partículas infecciosas aerossolizadas do fungo, atingindo tipicamente os pulmões A doença pode disseminar para outros órgãos e sistemas, dependendo do estado imunológico do paciente Algumas infecções acarretam em Estado de latência, em que os fungos ficam abrigados em granulomas Apresentação clínica: Varia de acordo com o sítio de infecção e estado imunológico do paciente - Imunocompetentes: subclínica ou assintomática - Imunocomprometidos: infecção pode disseminada e grave Acometimento pulmonar: tosse, expectoração, hemoptise, dispneia, dor torácica, febre, mal-estar- sudorese noturna e perda ponderal Criptococomas: massas pulmonares granulomatosas por C. Gattii Lesão cutânea: pápulas, placas, púrpuras, vesículas, lesões semelhantes a tumores e exantemas Acometimento SNC: rigidez de nuca, cefaléia, náuseas e vômitos, confusão mental, alterações visuais. Meningite criptocócica Abordagem diagnóstica: Clínico laboratorial Sorologia para criptococose - Polissacarídeo capsular; Detecção do antígeno criptocócico Cultura para fungos: lavado broncoalveolar, líquido pleural, urina, liquor, sangue Radiografia de tórax: criptococomas Evidência do fungo em exames com potassa com Tinta da China ou Solução de 0,1% de branco de calcoflúor Abordagem terapêutica: Depende da gravidade da infecção e estado imunológico do paciente Infecção leve a moderada: Fluconazol, Itraconazol, Voriconazol, Posaconazol Infecção grave ou Meningite em Paciente soronegativo HIV: - Terapia de indução: Anfotericina B lipossomal + Flucitosina (não disponível; Fluconazol). Duas a a 4 ou 6 semanas (acometimento SNC) - Terapia de manutenção: Fluconazol por 6-12 meses; 18 meses para criptococomas cerebrais Meningoencefalite em Paciente soropositivo HIV - Terapia de indução: Anfotericina B lipossomal 3-4mg/kg/dia EV + Flucitosina 25mg/kg VO 4xD(não disponível; Fluconazol 800-1200mg/dia EV/VO). 2 semanas - Terapia de consolidação: Fluconazol 400-800mg VO 1xD por 10 semanas - Terapia de manutenção: Fluconazol 200mg VO 2xD por 12 meses ASPERGILOSE Termo coletivo para descrever infecções por fungos das espécies Aspergillus fumigatus, niger, flavus e clavatus. Fisiopatologia: Transmissão se dá por inalação dos fungos, podendo causar variedade de doenças. Aspergilose broncopulmonar alérgica: reação de hipersensibilidade em reposta à colonização das vias aéreas pelo fungo. Aspergilose pulmonar invasiva: invasão das vias aéreas e/ou pulmões pelo fungo, ocorrendo predominantemente em imunocomprometidos Aspergilose pulmonar crônica: desenvolvimento de aspergiloma, nódulos, cavitações e/ou fibrose Aspergiloma: desenvolvimento de bola fúngica em cavidade pulmonar Apresentação clínica: Aspergilose broncopulmonar alérgica - Ocorre quase exclusivamente em pacientes com Asma ou Fibrose cística - Exacerbação das condições de base (Crise asmática) - Casos graves se manifestam com Obstrução brônquica, Febre, Mal-estar, Hemoptise Aspergilose pulmonar invasiva - Acomete pacientes com neutropenia prolongada ou imunosupressão - Imunocomprometidos: transplante de órgãos, DPOC, uso de corticoides prolongados - Tríade em neutropênicos: Febre, Dor pleurítica e Hemoptise - Febre, dor torácica, dispneia, tosse e hemoptise - Podem apresentar Taquipneia e apresentar hipoxemia Aspergilose pulmonar crônica - Ocorre em pacientes com comorbidades (DPOC, dependentes de corticoides, alcoolismo) - Pneumonia subaguda não responsiva à ATB, com progressão e cavitação por semanas ou meses - Perda ponderal, tosse crônica produtiva, hemoptise, fadiga e respiração curta Aspergiloma - Pacientes com doença cavitária pulmonar preexistente por Sarcoidose, Tuberculose ou outro processo necrosante - Assintomático; pode levar à hemoptise Abordagem diagnóstica Aspergilose broncopulmonar alérgica - Condição predisponente (Asma ou Fibrose cística) - Critérios obrigatórios: IgE ou teste cutâneo para Aspergillus fumigatus e Níveis séricos de IgE elevados - Outros critérios, pelo menos dois: Anticorpos contra o fungo IgE ou IgG, opacidades pulmonares compatíveis, eosinofilia Aspergilose pulmonar crônica - Clínica (sintomas por no mínimo 3 meses - Febre, perda ponderal, fadiga, tosse, secreção, hemoptise ou dispneia) - Achados radiológicos compatíveis (Cavidade ampla. Duas ou mais cavidades com/sem aspergiloma) - Sorologia positiva pra Aspergillus fumigatus com ou sem cultura Aspergiloma - Evidência radiológica da massa fúngica em cavidade pulmonar, associada com evidência microbiológica de Aspergillus Aspergilose pulmonar invasiva - Fatores de risco: asma, fibrose cística, DPOC, Imunocomprometimento - Clínica e achados radiológicos compatíveis - Curva de Galactomanana sérica positiva/Detecção de beta-D glucana sérica/PCR para Aspergillus - Cultura positiva para Aspergillus ou Evidência histopatológica do fungo Abordagem terapêutica Aspergilose broncopulmonar alérgica - Corticoterapia sistêmica: Prednisona 14d, com redução gradativa até suspensão após 3 meses; Prednisolona 6 semanas - Terapia antifúngica: Itraconazol 3xD 3d, seguida de 2xD 16 semanas; Voriconazol 400mg 2xD no primeiro dia, seguida de 200mg 2xD Aspergilose pulmonar crônica/Aspergiloma - Ressecção cirúrgica para tratamento de aspergiloma único - Terapia com Voriconazol pré e pós operatório Aspergilose pulmonar invasiva - Terapia antifúngica: Voriconazol; Anfotericina B lipossomal/complexo lipídico - Associar Equinocandina (Caspofungina, Micafungina, Anidulafungina) se não houver resposta TINEA CORPORIS E PEDIS Doença causada por fungos ou cogumelos chamados dermatófitos. Estes fungos alimentam-se de queratina e se localizamna pele, no pelo e nas unhas. Eles podem ser transmitidos diretamente (de homem para homem, de animal para homem e da terra para o homem) e também indiretamente, por meio de materiais contaminados com escamas de pele parasitadas pelos cogumelos. Essas escamas podem causar infecção por até 15 dias quando em um meio ambiente a 26ºC. Sendo assim, as fontes de infecção podem ser, consequentemente, o homem, determinados animais (cão, gato, porco, gado, aves, peixes etc) e o solo. - Tinea Corporis A lesão, que costuma ser pruriginosa, normalmente se inicia com uma placa eritematosa, com descamação e bordas mais elevadas. O crescimento da lesão é centrífugo com tendência ao clareamento central. Com o aumento do número das lesões e seu agrupamento, assume um padrão circinado. Tratamento da tinea corporis Na maioria dos casos o tratamento inicial é com antifúngico tópico que deve ser aplicado na lesão e 2 centímetros ao redor da mesma, sobre a pele sem infecção. Os antifúngicos tópicos (como miconazol, clotrimazol, itraconazol, terbinafina ou ciclopirox olamina) são utilizados 2 vezes ao dia por 1 a 3 semanas. O tempo de tratamento varia conforme a resposta clínica, mantendo-se até a resolução da infecção. Nistatina tópica não é efetiva para o tratamento de dermatofitoses e, portanto, não deve ser utilizada. Em lesões muito extensas ou na falha do tratamento tópico pode-se utilizar antifúngico sistêmico. Os antifúngicos orais de primeira escolha são a terbinafina e o itraconazol. Na impossibilidade de utilizá-los, o fluconazol e griseofulvina são opções de segunda escolha, porém devem ser usados por maior tempo e tem menor chance de resposta. O cetoconazol sistêmico deve ser evitado para tratamento de dermatofitoses, pois o perfil risco-benefício é desfavorável em comparação com as outras opções disponíveis. - Tinea pedis A tinea pedis apresenta-se clinicamente de três formas: Interdigital: lesão pruriginosa e eritematosa nas regiões interdigitais dos pés; Fissuras associadas podem causar dor. Hiperceratótica: placa hiperceratótica difusa envolvendo a planta e região medial e lateral dos pés, lembrando um padrão do tipo “mocassim”. Vesiculobolhosa: erupções vesiculobolhosas pruriginosas, com eritema; geralmente acomete a região medial do pé. Tratamento da tinea pedis O tratamento da tinea pedis e tinea mannum é semelhante, devendo-se iniciar, como primeira escolha, antifúngicos tópicos (como miconazol, clotrimazol, itraconazol, terbinafina ou ciclopirox olamina) 2 vezes ao dia por 1 a 4 semanas, conforme a resolução da infecção. Nistatina tópica não é efetiva para o tratamento de dermatofitoses e, portanto, não deve ser utilizada. Na falha do tratamento tópico, pode-se utilizar antifúngico sistêmico (quadro 4), preferencialmente com terbinafina, itraconazol e fluconazol. Griseofulvina costuma ser menos efetiva do que os demais antifúngicos orais. CANDIDÍASE Candidíase ou candidose é uma micose causada por leveduras do gênero Candida, em que a lesão pode ser branda, aguda ou crônica, superficial ou profunda, e de espectro clínico bem variável. O principal agente das candidíases é a C. albicans. A maioria dos estudos mostra que esta espécie constitui 60% dos isolados de amostras clínicas. Uma vez que esta levedura faz parte da microbiota humana, ela é considerada uma micose oportunista Manifestações clínicas: As formas clínicas podem ser divididas em cutâneo-mucosas, sistêmicas e alérgicas. Na candidíase mucosa, os tecidos mais atingidos são os do trato digestório e as genitálias; na cutânea, as áreas intertriginosas da pele como virilhas, axilas e dobras da pele em geral, interdigitais das mãos e dos pés e as unhas; na sistêmica, a infecção pode atingir diversos órgãos, causando candidíase pulmonar, candidemia, endocardite, nefrite e outros, já a alérgica (candidides) se caracteriza por diversos quadros, onde se observam lesões cutâneas do tipo vesiculosas a lesões eczematoides. Dependendo da localização, a candidíase pode-se manifestar de diferentes formas Candidíase oral Desde o nascimento, a cavidade oral é colonizada por leveduras do gênero Candida, principalmente C. albicans. Geralmente esses fungos habitam a mucosa bucal como leveduras saprófitas, constituindo parte da microbiota normal. Porém, sob determinadas condições, podem assumir a forma patogênica invasiva filamentosa, induzindo o aparecimento de lesões que são frequentes em crianças ou pacientes imunodeprimidos O tratamento da candidíase oral é simples nos pacientes imunocompetentes ou com imunodepressão leve, em que geralmente os antifúngicos tópicos apresentam resultados eficazes. No entanto, nos casos de imunodepressão o problema maior está na alta taxa de recorrências ou recidivas, requerendo a combinação de uma terapia intensiva tanto sistêmica como local. Em alguns casos se inclui propor a possibilidade de instaurar um tratamento profilático com derivados azólicos, como nos pacientes com HIV. Apesar dos excelentes resultados com antifúngicos azólicos orais, encontramos formas clínicas de candidíases orais crônicas rebeldes ao tratamento. A retirada dos fatores predisponentes, combinada com derivados azólicos ou poliênicos (nistatina), é o principal tratamento Candidíase vulvovaginal As micoses vulvovaginais foram descritas pela primeira vez por J. S. Wilkinson, em 1949, ao estabelecer uma relação entre a existência de fungos na vagina com a aparição de vaginites. A partir desse relato, os conhecimentos foram evoluindo progressivamente. Atualmente, designamos como vulvovaginites micóticas aquelas provocadas por fungos leveduriformes, já que não são todas as vaginites causadas por espécies pertencentes ao gênero Candida, condição que resulta em intensa coceira, odor, prurido, corrimento, ardor ao urinar, eritemas, dispareunia e desconforto vaginal A candidíase vulvovaginal é usualmente tratada com derivados imidazólicos tópicos ou sistêmicos, entretanto, é indispensável a remoção dos fatores predisponentes, e que o tratamento seja estendido ao seu parceiro Balanite A balanite (ou balanopostite, inflamação aguda ou crônica da glande do pênis) pode ser assintomática, com apenas uma leve coceira, ou sintomática, iniciando-se com vesículas no pênis que evoluem nos casos intensos, gerando placas pseudomembranosas, eritema generalizado, intensa coceira, dor, fissuras, erosões, pústulas superficiais na glande e no sulco balanoprepucial. As lesões podem-se estender ao escroto e às pregas da pele, com presença de prurido, e em alguns casos, causar uma uretrite transitória. C. albinas é a espécie isolada com maior frequência. Existem diversos fatores que predispõem os pacientes a desenvolver a balanite, como relações sexuais com parceiro infectado, recente terapia antibiótica, descontrole no diabetes mellitus, sendo comum em homens não circuncidados117,118. O tratamento convencional da balanite consiste em aplicações tópicas (derivados azólicos e poliênicos) num período de 1 a 2 semanas. Agentes tópicos são complicados pelo contato com a roupa, o que pode levar ao não cumprimento do tratamento pelo paciente. Uma alternativa à terapia tópica seria por via oral, pois terapias orais tendem a ter bons resultados, e o completo cumprimento da mesma é mais acessível ao paciente do que por agentes tópicos Candidíase cutânea Espécies do gênero Candida são frequentemente encontradas como sapróbios, colonizando superfícies de certas membranas e mucosas no homem. Uma variedade de fatores locais e sistêmicos predispõe a infecções fúngicas superficiais. A candidíase cutânea frequentemente ocorre quando há condições de umidade e temperatura, como as dobras da pele, embaixo das fraldas de recém-nascidos, e em climas tropicais ou durante meses de verão. Diabetes mellitus e HIV também estão associados a candidíases cutâneas. A candidíase cutânea aguda pode-se apresentar de diferentes formas: intertrigo (localizado nas dobras da pele como axilas, virilha, sulco interglúteo, prega submamária, e em pessoas obesas na prega suprapúbica) produzindo intenso eritema,edema, exsudato purulento e pústulas; erosão interdigital; foliculite (infecção do folículo piloso, principalmente em pacientes com HIV); Nos pacientes com candidíase cutâneo mucosa, várias medidas em conjunto são aventadas para controle da infecção, dessa forma, deve-se utilizar antifúngicos tópicos e sistêmicos, associados a medidas que visam a melhorar a imunidade celular. Cada caso deve ser analisado individualmente, para que se possa ter boa conduta terapêutica. Geralmente, tratamento por 28 dias. Antifúngicos Antifúngicos naturais O principal agente antifúngico poliênico que ocorre na natureza é a anfotericina, também conhecida como anfotericina B. Composta por uma mistura de substâncias antifúngicas extraídas de culturas de Streptomyces – bactérias muito encontradas no solo, as quais agem diretamente na membrana celular fúngica, formando poros. Assim, altera-se a permeabilidade e funções de transporte da membrana, ocorrendo também grande perda de potássio. São altamente seletivas às células dos fungos, devido a sua grande avidez ao ergosterol. Desta maneira se mostra como padrão-ouro para infecções fúngicas sistêmicas. Normalmente administrada topicamente ou então via endovenosa, inclusive com preparações dotadas de micelas contendo a anfotericina, as quais reduzem os efeitos adversos. A inflamação parece auxiliar o transporte da anfotericina aos tecidos. Deste modo, a anfotericina é utilizada inclusive em casos de meningite criptocócica. Com eliminação lenta através dos rins, podem ser encontrados traços seus na urina em até dois meses após a sua administração. Durante sua infusão aparecem os efeitos adversos mais comuns: calafrios, febre, tremores e cefaléia. O efeito adverso mais grave é a toxicidade renal, comprometendo a filtração glomerular. Durante a administração endovenosa, é comum o aparecimento de tromboflebite local (formação de trombo venoso) devido à irritação provocada ao endotélio, da mesma maneira que preparações tópicas podem provocar erupções cutâneas. Além da anfotericina, a nistatina, também chamada de fungicidina, é outro antibiótico poliênico utilizado em infecções fúngicas. Possui o mesmo mecanismo de ação e é muito similar estruturalmente a anfotericina. Sua utilização é limitada, sendo muito útil em casos de infecções de Candida albicans na pele, mucosas e no trato gastrointestinal. Além disso, os compostos compartilham muitas características farmacocinéticas e efeitos adversos. Outro grupo dos antibióticos fúngicos naturais é o das equinocandinas. São substâncias isoladas dos Aspergillus nidulans, sendo fungicidas para a Candida e fungistáticas para o Aspergillus. Inibem a síntese de glicanas necessárias à manutenção da parede celular, o que induz a ruptura celular. Dentro deste grupo se encontram a caspofungina, efetiva contra a candidíase e infecções por Aspergillus refratárias ao tratamento com anfotericina. Ainda, a anidulafungina e micafungina são utilizadas sobretudo no tratamento de candidíase. Antifúngicos artificiais Azóis Formado por compostos fungistáticos de amplo espectro, como clotrimazol, econazol, cetoconazol, miconazol, itraconazol e fluconazol. Os azóis inibem a enzima CYP3A do citocromo P450 (lanosina 14α-desmetilase), responsável pela conversão do lanosterol em ergosterol. A atividade de enzimas anexas a membrana é inibida justamente pela alteração da fluidez da membrana a medida que a produção do ergosterol é diminuída. Como efeito final obtém-se a inibição da replicação celular. São capazes de inibir a formação de hifas de Candida, diminuindo sua patogenicidade. Normalmente são administrados via oral ou endovenosa, porém, existem também preparações tópicas voltadas para as infecções superficiais, principalmente dos compostos miconazol, econazol e clotrimazol. De maneira geral apresentam como efeitos adversos reações mais brandas, como náusea, cefaleia e alterações gastrointestinais, em casos raros, hepatotoxicidade. Algumas interações medicamentosas entre outros antibióticos podem induzir o aumento de sua concentração plasmática, como no caso da ciclosporina. Ou então, a diminuição dos níveis plasmáticos, no caso da rifampicina e alguns antagonistas H2 da histamina, por diminuírem a absorção dos azóis. Outros Antifúngicos Flucitosina Normalmente administrada via endovenosa, a flucitosina é um agente antifúngico sintético muito efetivo a um estreito espectro de fungos, principalmente leveduras em infecções sistêmicas. Pode ser administrada junto a anfotericina em casos de infecções muito graves, como a candidíase ou meningite criptocócica. Seu mecanismo de ação envolve a inibição da síntese de DNA dos fungos. É convertida somente pelo metabolismo dos fungos a 5-fluorouracila, a qual inibe o funcionamento da timidilato sintetase, envolvida na síntese e reparo do DNA. Terbinafina Mais utilizadas para infecções superficiais, a terbinafina e a naftifina são muito ativas contra vários tipos de fungos. Normalmente administradas via oral, são rapidamente absorvidas pela pele e mucosas. O mecanismo de ação de ambas está baseado na inibição da síntese do ergosterol a partir do bloqueio da atividade da enzima esqualeno epoxidase, a qual utiliza o esqualeno, substrato lipídico, para a produção do ergosterol. O acúmulo do esqualeno é tóxico aos fungos. Um outro tipo de composto, representado pela butenafina, possui mecanismo de ação e espectro de atividade semelhante a terbinafina. Todos estes compostos são mais efetivos para infecções cutâneas, sobretudo quando acometem os pés. Hipersensibilidade Classificação das reações de hipersensibilidade As reações de hipersensibilidade são divididas em 4 tipos, de acordo com a classificação de Gell e Coombs. Doenças de hipersensibilidade geralmente envolvem mais de 1 tipo. - Tipo I As reações do tipo I (hipersensibilidade imediata) são mediadas pela IgE. O antígeno liga-se à IgE (que está ligada aos mastócitos nos tecidos e aos basófilos no sangue), desencadeando a liberação de mediadores pré-formados (p. ex., histamina, proteases, fatores quimiotáticos) e a síntese de outros mediadores (p. ex., prostaglandinas, leucotrienos, fator ativador de plaquetas, citocinas). Esses mediadores provocam vasodilatação, aumento da permeabilidade capilar, hipersecreção de muco, contração da musculatura lisa e infiltração tecidual de eosinófilos, linfócitos T auxiliares do tipo 2 (Th2) —-imediata—- e outras células inflamatórias. th1 tardia Reações de tipo I se desenvolvem < 1 hora após a exposição ao antígeno. Reações de hipersensibilidade tipo I são a base de todas as doenças atópicas (p. ex., dermatite atópica, asma alérgica, rinite, conjuntivite) e de várias doenças alérgicas (p. ex., anafilaxia, alguns casos de angioedema, urticária e algumas alergias alimentares e ao látex). Os termos atopia e alergia são frequentemente usados alternadamente, mas eles são diferentes: ● Atopia é uma resposta imunitária exagerada mediada pela IgE; todas as doenças atópicas são distúrbios de hipersensibilidade tipo I. —-th2—- mais propensos a ter alergias a outras situações ● Alergia é qualquer resposta imunitária exagerada a um antígeno estranho, independentemente do mecanismo. Assim, todas as doenças atópicas são consideradas alérgicas, mas várias doenças alérgicas (p. ex., pneumonite de hipersensibilidade) não são atópicas. Doenças alérgicas são os distúrbios mais comuns entre as pessoas. Doenças atópicas afetam mais comumente o nariz, olhos, pele e pulmões. Essas doenças incluem conjuntivite, dermatite atópica extrínseca (o eczema mais comum), urticária imunomediada, angioedema imunomediado, alergia aguda ao látex, algumas doenças pulmonares alérgicas (p. ex., asma alérgica, componentes mediados pela IgE da aspergilose broncopulmonar alérgica), rinite alérgica e reações alérgicas a picadas venenosas. - Tipo II IgG IgM As reações do tipo II (hipersensibilidade citotóxica dependente de anticorpo) ocorrem quando um anticorpo se liga à superfície celular dos antígenos ou a uma molécula acoplada a uma superfície celular. O complexo
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