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Questão 1.1 O planejamento da perícia é a etapa do trabalho pericial que antecede as diligências, pesquisas, cálculos e respostas aos quesitos. Nessa etapa, o perito do juízo estabelece a metodologia dos procedimentos periciais a serem aplicados, elaborando-a a partir do conhecimento do objeto da perícia. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TP 01. Perícia contábil. Brasília, 2015. Entre os objetivos do planejamento da perícia, inclui-se I. conhecer o objeto e a finalidade da perícia, a fim de permitir a adoção de procedimentos que conduzam à revelação da verdade; II. definir a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos a serem aplicados, em consonância com o objeto da perícia; III. identificar fatos importantes para a solução da demanda, de forma que não passem despercebidos ou não recebam a atenção necessária. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. II, apenas. C. I e II, apenas. D. II e III, apenas E. I, II, III 1. Introdução teórica 1.1. Conceitos e objeto da perícia contábil Entende-se por perícia o trabalho de notória especialização feita com o objetivo de obter prova ou opinião para orientar uma autoridade formal no julgamento de um fato ou para desfazer um conflito de interesses de pessoas (MAGALHÃES, 2017). A perícia contábil é um instrumento que consiste em produzir provas técnicas sobre determinadas questões contábeis duvidosas ou controvertidas com o objetivo de esclarecer, por meio de laudo pericial, a veracidade sobre os fatos contestados, fornecendo ao juiz informações técnicas que o ajudem a sustentar sua decisão no julgamento e a solucionar o litígio. A perícia judicial pode ser solicitada para efeito de prova ou opinião que exija conhecimento dessa área profissional, com o objetivo de auxiliar o juiz de direito no julgamento de uma lide, conforme prevê o Art. 156 do Código de Processo Civil: “quando a prova do fato depender de conhecimento técnico e científico, o juiz será assistido por perito...”. A perícia contábil está contida em um dos gêneros de prova pericial. Trata- se de uma das provas técnicas à disposição das pessoas naturais e jurídicas, com o objetivo de reunir provas sobre determinados fatos ou sobre questões patrimoniais controvertidas (ORNELAS, 2011). O Conselho Federal de Contabilidade, com o objetivo de dar suporte às questões relacionadas à perícia contábil, editou a Norma Brasileira de Contabilidade - NBC TP 01, em 27/02/2015. Essa norma, em seu item 2, conceitua perícia contábil conforme segue. 2. A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer técnico-contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no que for pertinente. Os juízes nem sempre são conhecedores de todos os assuntos técnicos nos diferentes ramos do saber. Para subsidiar o juiz com informações, cálculos numéricos e esclarecimentos sobre os pontos controvertidos, essa autoridade, à sua livre escolha, pode nomear um perito, de sua total confiança, que apresente capacidade técnica e reconhecidos conhecimentos sobre a matéria da perícia, que o habilitem a executar a prova pericial. É no momento da nomeação que o juiz designa o prazo para que o perito entregue o laudo pericial, e é, portanto, nesse momento, que se inicia o envolvimento desse profissional com o processo. O objeto da perícia contábil é o patrimônio das entidades físicas ou jurídicas. É na contabilidade que o perito contábil encontra os meios disponíveis para buscar esclarecimentos e provas sobre a matéria examinada. A perícia contábil tem por objeto central os fatos contábeis relacionados à causa (aspecto patrimonial), os quais devem ser verificados. Por isso, são submetidos à apreciação técnica do perito certos limites essenciais, ou “características essenciais”, independentemente dos procedimentos a serem adotados (MARCELO, 2013). 1.2. Planejamento do trabalho pericial O planejamento do trabalho judicial inicia-se com a leitura atenta dos autos do processo, ocasião em que o perito deve, também, identificar a época dos fatos alegados e relatados pelas partes. É fundamental que o perito junte todos os documentos que servirão de suporte para elaboração do laudo pericial. Em decorrência da própria leitura dos autos, o perito deve recorrer à pesquisa bibliográfica, incluindo a leitura de livros, artigos técnicos, leis e normas contábeis, a fim de consolidar o conhecimento necessário para a completa finalização do trabalho judicial. Costa (2017) esclarece que, à medida que o perito desenvolve a leitura dos autos, ele deve transcrever os elementos mais importantes nos papéis de trabalho, de forma a evidenciar as etapas da perícia e o tempo necessário para cada atividade. O Item 30 da Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TP 01 – define planejamento da forma abaixo. 30. O planejamento da perícia é a etapa do trabalho pericial que antecede as diligências, pesquisas, cálculos e respostas aos quesitos, na qual o perito do juiz estabelece a metodologia dos procedimentos periciais a serem aplicados, elaborando-o a partir do conhecimento do objeto da pesquisa. A referida norma também trata, no item 31, dos objetivos do planejamento da perícia. 31. Os objetivos do planejamento da perícia são: (a) Conhecer o objeto e a finalidade da perícia, a fim de permitir a adoção de procedimentos que conduzam à revelação da verdade, a qual subsidiará o juízo, o árbitro ou o interessado a tomar a decisão a respeito da lide. (b) Definir a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos a serem aplicados, em consonância com o objeto da perícia. (c) Estabelecer condições para que o trabalho seja cumprido no prazo estabelecido. (d) Identificar potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer no andamento da perícia. (e) Identificar fatos importantes para a solução da demanda, de forma que não passem despercebidos ou não recebam a atenção necessária. (f) Identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia. (g) Estabelecer como ocorrerá a divisão das tarefas entre os membros da equipe de trabalho, sempre que o perito necessitar de auxiliares. (h) Facilitar a execução e a revisão dos trabalhos. 2. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a NBC TP 01, item 31 (a), é fundamental que o perito contábil, na execução de suas funções, conheça o objeto e a finalidade da perícia contábil, a fim de melhor subsidiar o juiz na tomada de decisões. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a NBC TP 01, item 31 (b), a partir do objeto da perícia, o perito contábil deve definir a natureza, a oportunidade e, sobretudo, a extensão dos procedimentos que deve adotar para melhor fundamentar o laudo pericial. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a NBC TP 01, item 31 (e), o perito contábil deve identificar fatos importantes pertinentes à demanda, de forma que a obtenção de provas não seja prejudicada pela falta de atenção ou pela ausência de identificação de algum fato relevante, especialmente para que, em consequência, isso não venha a prejudicar a fundamentação do laudo pericial. Cabe, desse modo, destacar que os documentos dos autos servem de suporte para a obtenção das informações necessárias à elaboração do planejamento da perícia. Alternativa correta: E. 3. Indicações bibliográficas CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC. Norma Brasileira de Contabilidade - NBC TP 01, de 27 de fevereiro de 2015. Disponível em <http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2015/NBCTP 01>. Acesso em 11 mai. 2017. Código de Processo Civil. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 04 jun. 2017. COSTA, J. C. D. Perícia contábil: aplicação prática. São Paulo, Atlas, 2017. MARCELO, C. Objeto e finalidade da perícia contábil (2013). Disponível em <http://blogdoprofessorclaudiomarcelo.blogspot.com.br/2013/07/objeto-e- finalidade-da-pericia-contabil.html>. Acesso em 13 mai. 2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm http://blogdoprofessorclaudiomarcelo.blogspot.com.br/2013/07/objeto-e-finalidade-da-pericia-contabil.html http://blogdoprofessorclaudiomarcelo.blogspot.com.br/2013/07/objeto-e-finalidade-da-pericia-contabil.html MAGALHÃES, A. de D. F. Perícia Contábil. São Paulo: Atlas, 2017. ORNELAS, M. M. G. Perícia Contábil. 5. ed. São Paulo, Atlas, 2011. ZANNA, R. D. Prática de perícia contábil. 4. ed. São Paulo, IOB. Folhamatic, 2013. Questão 2 No Brasil, as normas internacionais de contabilidade tiveram como marco regulatório as publicações da Lei N° 11.638/2007 e da Lei N° 11.941/2009, que determinaram a adoção inicial aos padrões internacionais de contabilidade nas empresas brasileiras. Nesse sentido, a legislação societária determina que, no Balanço Patrimonial, os ativos e os passivos decorrentes de operações de longo prazo devem ser ajustados a valor presente, e, os demais, ajustados, quando houver A. efeito relevante. B. provisões de perdas. C. reversão de reservas. D. ajuste de avaliação patrimonial. E. teste de recuperabilidade de ativos. 1. Introdução teórica Até o advento da Lei N° 11.638/07, não existia, na legislação societária, cuja base é a Lei N° 6.404/76, a obrigatoriedade de registro, a valor presente, dos direitos e das obrigações da entidade. A Lei N° 11.638/2007 introduziu, como critério de avaliação de ativos e passivos, a obrigatoriedade de ajustar os ativos e os passivos decorrentes de operações de longo prazo a valor presente. O Art. 183 da Lei N° 6.404/76, que trata dos critérios de avaliação do ativo, inciso VIII, determina que os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. (Incluído pela Lei N° 11.638, de 2007 e vide Lei N° 12.973, de 2014). Já, o Art. 184 da mesma lei, que trata dos critérios de avaliação do passivo, em seu inciso III, determina que as obrigações, os encargos e os riscos classificados no passivo não circulante serão ajustados ao seu valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. (Redação dada pela Lei Nº 11.941, de 2009 e vide Lei Nº 12.973, de 2014). Conclui-se, portanto, que todos os itens classificados no ativo realizável a longo prazo e no passivo não circulante devem ser ajustados a valor presente e os demais ativos e passivos de curto prazo somente devem ser ajustados a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art5 valor presente caso esse ajuste tenha efeito relevante nas demonstrações contábeis. O termo relevante é definido pelo CPC 00 – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro – como a capacidade de a informação fazer diferença em uma decisão tomada pelos usuários da contabilidade. A informação contábil-financeira só será capaz de fazer diferença nas decisões se estiver revestida de valor preditivo, de valor confirmatório ou de ambos. A informação contábil tem valor preditivo se puder ajudar os usuários a aumentar a probabilidade de predizer futuros resultados e tem valor confirmatório se retroalimentar, servir de feedback para confirmar ou alterar as avaliações prévias. Os requisitos básicos a serem observados quando da apuração do Ajuste a Valor Presente (AVP) são estabelecidos pelo CPC 12 – Ajuste a Valor Presente. De acordo com esse Pronunciamento Técnico, o Ajuste a Valor Presente tem como objetivo demonstrar o valor presente de um fluxo de caixa futuro. Para determinar o valor presente de um fluxo de caixa, são exigidas três informações: o valor do fluxo futuro (considerando todos os termos e as condições contratados), a data do referido fluxo financeiro e a taxa de desconto aplicável à transação. O conceito de valor presente está associado ao valor do dinheiro no tempo. Para Martins et al (2013), a aplicação do ajuste a valor presente corrige o aspecto de tratar transações a prazo e à vista da mesma forma. O objetivo é determinar as parcelas de ativo e de passivo que não correspondem ao preço efetivo da transação, mas ao ajuste por conta do valor do dinheiro no tempo. O item 9 do Pronunciamento Técnico CPC 12 determina que: ativos e passivos monetários com juros implícitos ou explícitos embutidos devem ser mensurados pelo seu valor presente quando do seu reconhecimento inicial, por ser este o valor de custo original dentro da filosofia de valor justo (fair value). Por isso, quando aplicável, o custo de ativos não monetários deve ser ajustado em contrapartida; ou então a conta de receita, despesa ou outra conforme a situação. Com a aplicação do Ajuste a Valor Presente (AVP), ao se expurgarem os juros embutidos nos valores das operações a prazo, esperam-se eliminar as distorções nas demonstrações contábeis provocadas pela falta do reconhecimento das despesas e receitas financeiras incluídas nas operações apurando resultados distorcidos. Esse posicionamento é confirmado pelo item 2 do Pronunciamento Técnico CPC 12: a utilização de informações com base no valor presente concorre para o incremento do valor preditivo da Contabilidade; permite a correção de julgamentos acerca de eventos passados já registrados; e traz melhoria na forma pela qual eventos presentes são reconhecidos. Se ditas informações são registradas de modo oportuno, à luz do que prescreve a Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, Pronunciamento Conceitual Básico deste CPC, em seus itens 26 e 28, obtêm-se demonstrações contábeis com maior grau de relevância - característica qualitativa imprescindível. 3. Análise das alternativas A – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a nova redação do inciso VIII do Art. 183 e do inciso III do Art. 184 da Lei N° 6.404/76, os ativos e os passivos decorrentes de operações de longo prazo deverão ser ajustados a valor presente, sendo os demais valores ajustados quando houver efeito relevante. B – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O termo provisão, de acordo com o pronunciamento técnico CPC 25, é um passivo de prazo ou de valor incertos, não existindo qualquer ponto de contato com o tema Ajuste a Valor Presente de ativos e passivos decorrentes de operações de longo prazo, conforme consta no enunciado da questão. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Reversão de reservas corresponde às alterações ocorridas nas contas que registram as reservas em virtude de os valores nelas constantes não serem mais utilizados. É o caso, por exemplo, da reversão da reserva para contingência. Se a contingência para a qual se reteve parte do lucro de um período não ocorrer, o valor constante na conta reserva para contingência deve ser revertido com contrapartida em lucros acumulados. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Conforme nova redação dada ao § 3° do Art. 182 da Lei N° 6.404/76 pela Lei N° 11.941/09, serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou de diminuições de valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo em decorrência da sua avaliação a valor justo. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O teste de recuperabilidade é aplicado aos ativos para evitar que o valor contábil seja superior ao valor recuperável, ou seja, valor que seria obtido pela sua venda ou pelo seu uso. Alternativa correta. A. 3. Indicação bibliográfica BRASIL. Lei N° 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm>. Acesso em 17 fev. 2017. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Conceitual Básico (R1), CPC 00. Disponível em <http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/ 147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em 17 fev. 2017. ________________________. Pronunciamento técnico CPC 12 – Ajuste a valor presente. Disponível em <http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/219_CPC_12.pdf>. Acesso em 17 fev. 2016. ________________________. Pronunciamento técnico CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. Disponível em <http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/304_CPC_25_rev%2006. pdf>. Acesso em 17 fev. 2016. MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade Societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. SANTOS, J. L. et al. Manual de práticas contábeis: aspectos societários e tributários. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Texto para as questões 3 e 4. O Código de Ética Profissional do Contador, aprovado em 1970, representou o alcance de uma importante meta. Com a consolidação e o amadurecimento da profissão, a atualização de conceitos éticos na área e o diálogo intenso com os diversos segmentos da comunidade contábil, após 26 anos, a Resolução CFC N° 290/1970 foi revogada pela Resolução CFC N° 803/1996, que aprova o Código de Ética Profissional do Contador vigente até os dias atuais. Questão 3 Considerando o Código de Ética vigente, avalie as afirmativas a seguir. I. Não é permitido ao profissional da Contabilidade oferecer serviços profissionais mediante aviltamento de honorários. II. É permitido ao profissional da Contabilidade transferir, parcialmente, a outro profissional, a execução dos serviços a seu cargo, mantendo como sua a responsabilidade técnica dos serviços. III. É permitido ao profissional da Contabilidade publicar, em seu nome, trabalho científico ou técnico do qual tenha participado. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. II, apenas. C. I e III, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. Questão 4 Considerando nas determinações previstas nesse código, avalie as condutas descritas a seguir. I. Um profissional contador que atua como perito foi indicado para emitir laudo de apuração de haveres. No entanto, por não se considerar capacitado para a tarefa, decidiu recusar o convite. II. Um profissional contador que atua como consultor recomendou a seus clientes, proprietários de microempresas ou de grandes empresas, que mantivessem escrituração contábil regular. III. Um profissional contador que atua como auditor decidiu não participar de eventos relacionados à educação continuada, cursos, congressos, nem de quaisquer ouros eventos relacionados à atualização profissional. O código de ética está em consonância com a(s) conduta(s) profissional(is) descrita(s) em A. I, apenas. B. III, apenas. C. I e II, apenas. D. II e III, apenas. E. I, II e III. 1. Introdução teórica 1.1. A ética na profissão contábil A ética está relacionada a valores morais. Para Sena (2015), trata-se de um conjunto de valores morais e de princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. Destina-se ao equilíbrio e ao bom relacionamento social, a fim de possibilitar que “ninguém saia prejudicado”. Ser ético é ter um comportamento exemplar, baseado em valores morais. O estudo da ética estende-se à conduta profissional. A ética profissional é um conjunto de valores morais, normas e regras que conduzem o indivíduo a comportamentos adequados para uma boa convivência em um ambiente corporativo. Uma conduta profissional ética contribui para o bom funcionamento das rotinas de trabalho e para a formação de uma imagem positiva da instituição perante os órgãos públicos, os acionistas, os clientes e a sociedade em geral. A ética profissional é a aplicação da ética geral no campo das atividades profissionais. O profissional de contabilidade, no desempenho de suas atividades, deve buscar não só o aprendizado técnico, mas também assimilar conceitos éticos e empenhar-se em vivenciá-los durante toda a sua carreira profissional. Os padrões de conduta ética a serem seguidos pelo profissional de contabilidade, segundo a visão do Institute of Certified Management Accountants e do Institute of Management Accountants, estão relacionados à responsabilidade de desenvolvimento de suas atividades de acordo com o grau de competência, confidencialidade, integridade e objetividade, como mostra o quadro 1. Quadro 1. Responsabilidade dos contadores no desenvolvimento suas atividades profissionais. Competência Manter um nível adequado de competência profissional por meio do desenvolvimento contínuo de seus conhecimentos e habilidades. Realizar suas obrigações profissionais em consonância com leis, regulamentações e padrões técnicos. Elaborar demonstrativos completos e transparentes e, após as devidas análises, fazer recomendações. Confidencialidade Privar-se de evidenciar informações confidenciais obtidas ao longo de seus trabalhos, exceto quando autorizados ou quando forem legalmente obrigados a tal. Informar os subordinados, com os devidos cuidados, a respeito da confidencialidade da informação obtida na execução dos trabalhos e monitorar suas atividades a fim de assegurar o sigilo da informação. Privar-se de utilizar informações confidenciais para obter vantagens ilicitamente, sejam elas de interesse pessoal ou de terceiros. Integridade Evitar conflitos de interesses e aconselhar as devidas partes quanto a qualquer possível conflito. Privar-se de ingressar em qualquer atividade que prejudique o cumprimento de suas obrigações éticas. Recusar qualquer presente, favor ou hospitalidade que influencie ou venha a influenciar suas decisões. Privar-se de corromper os verdadeiros objetivos da organização e da ética. Reconhecer e comunicar as limitações profissionais. Comunicar informações favoráveis, bem como as desfavoráveis, e suas opiniões como profissional. Objetividade Comunicar a informação de forma clara e objetiva. Evidenciar aos usuários toda informação relevante que, provavelmente, interfira na compreensão de demonstrativos, notas explicativas e recomendações apresentadas. Abordagens éticas para o profissional contábil. CFC, 2003. Segundo o CFC (2003), o profissional de contabilidade é o responsável por fornecer aos usuários informações sobre a situação econômico-financeira da empresa. Caso essas informações não sejam fornecidas com base no conhecimento técnico e na ética, poderão trazer sérios problemas a) ao empresário contratante dos trabalhos, pois informações que poderão levá-lo a tomar decisões prejudiciais à empresa; b) aos sócios, acionistas ou proprietários, com prejuízos na avaliação de seus patrimônios; c) aos credores ou fornecedores de créditos, com prejuízos pelo eventual não-recebimento de seus direitos; d) ao país, pelo não-recebimento de impostos, o que causará danos a todos de maneira geral. Cada profissão tem o seu próprio código de ética. O código de ética profissional é o conjunto de normas técnicas que devem nortear os profissionais no exercício de suas profissões. Na profissão contábil, o Código de Ética Profissional do Contador (CEPC) é elaborado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), criado com o objetivo de orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil, por meio dos Conselhos Regionais de Contabilidade. 1.2. O Código de Ética Profissional do Contador (CEPC) O Código de Ética Profissional do Contador (CEPC) surgiu com os estudos e os debates iniciados no V Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado na cidade de Belo Horizonte - MG, em 1950. Na ocasião, surgiu a primeira codificação de normas a orientar a conduta ética dos contadores e dos técnicos em contabilidade no Brasil. Foram necessários 20 anos de estudos e amadurecimento até a efetiva aprovação do código pelo Conselho Federal de Contabilidade. Somente em 1970, por meio da Resolução CFC N° 290/70, foi aprovado o Código de Ética Profissional do Contabilista, assim chamado inicialmente. Durante 26 anos, o Código de Ética Profissional do Contabilista orientou a conduta dos profissionais de contabilidade no exercício de suas atividades. Entretanto, nos últimos anos, a intensificação do relacionamento do profissional de contabilidade com a sociedade e com o próprio grupo profissional exigiu uma atualização dos conceitos éticos na área da atividade contábil. Essa atualização do código de ética aconteceu em 1996, por meio da Resolução CFC N° 803/96, que revogou a Resolução CFC N° 290/70. Em 2010, a Resolução CFC N° 1.307/10 trouxe expressivas alterações ao código de ética, que passou, então, a chamar-se Código de Ética Profissional do Contador (CEPC). Cabe lembrar que, até o fechamento desse trabalho, encontra-se aberta, em audiência pública, até 24 de fevereiro de 2018, a minuta do novo Código de Ética Profissional do Contador (CEPC) que revoga a Resolução CFC N° 803/1996 e alterações posteriores, e transforma o Código na Norma Brasileira de Contabilidade Profissional Geral (NBC PG) 01. A minuta da Norma, que tem por objetivo fixar a conduta do contador, quando no exercício da sua atividade e nos assuntos relacionados à profissão e à classe, está de acordo com os padrões internacionais de ética da profissão contábil. O Código de Ética Profissional do Contador então vigente tem 15 artigos distribuídos em 6 capítulos: capítulo I – do objetivo; capítulo II - dos deveres e das proibições; capítulo III – do valor dos serviços profissionais; capítulo IV – dos deveres em relação aos colegas e à classe; capítulo V – das penalidades; capítulo VI – das disposições gerais. Dentre os diversos artigos, é importante destacar o Art. 1º que trata do objetivo. Art. 1º Este Código de Ética Profissional tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os Profissionais da Contabilidade, quando no exercício profissional e nos assuntos relacionados à profissão e à classe. (Redação alterada pela Resolução CFC N° 1.307/10, de 09/12/2010) Para os demais artigos, recomenda-se a leitura atenta e completa do Código de Ética Profissional do Contador. Cabe lembrar que o Código de Ética pode ser obtido gratuitamente nos Conselhos Regionais de Contabilidade ou no site do CFC, no endereço <http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1996/000803&ar quivo=Res_803.doc>. Acesso em 21 mai. 2018. O Código de Ética Profissional do Contador é de extrema importância para os profissionais de contabilidade e deve ser de profundo conhecimento de todos. 2. Análise das afirmativas Questão 3. I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o Código de Ética Profissional do Contador, Capítulo III, Art. 8º, é vedado ao profissional de contabilidade oferecer ou disputar serviços profissionais mediante aviltamento de honorários ou em concorrência desleal (redação alterada pela Resolução CFC Nº 1.307/10, de 09/12/2010). II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o Código de Ética Profissional do Contador, Capítulo III, Art. 7º, § único, o profissional da contabilidade poderá transferir parcialmente a execução dos serviços a seu cargo a outro profissional, mantendo sempre como sua a responsabilidade técnica (redação alterada da Resolução CFC Nº 1.307/10, de 09/12/2010). III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o Código de Ética Profissional do Contador, Capítulo II, Art. 3º, no desempenho de suas funções, é vedado ao profissional da contabilidade publicar ou distribuir, em seu nome, trabalho científico ou técnico do qual não tenha participado. Presume-se que seja permitido publicar, em seu nome, trabalho científico ou técnico do qual tenha participado. Resposta correta. E. Questão 4. I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o Código de Ética Profissional do Contador, Capítulo II, Art. 5º, o contador, quando perito, assistente técnico, auditor ou árbitro, deverá recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado em face da especialização requerida. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o Código de Ética Profissional do Contador, Art. 3º, no desempenho de suas funções, é vedado ao profissional da contabilidade aconselhar o cliente ou o empregador contra disposições expressas em lei ou contra os Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (redação alterada pela Resolução CFC N° 1.307/10 de 09/12/2010). Portanto, é conduta correta recomendar a seus clientes que mantenham escrituração contábil regular, conforme recomenda a lei, os princípios de contabilidade e as normas brasileiras de contabilidade. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o Código de Ética Profissional do Contador, Art. 2º, é dever do profissional de contabilidade cumprir os Programas Obrigatórios de Educação Continuada estabelecidos pelo CFC (Criado pelo Art. 5º da Resolução CFC 1.307/10 de 09/12/2010). Portanto, não é conduta correta a decisão de não participar de eventos relacionados à educação continuada. Resposta correta: C. 3. Indicações bibliográficas CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Abordagens éticas para o profissional contábil. Brasília: CFC 2003. Disponível em <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp- content/uploads/2013/01/livro_abord_etica-pdf.pdf>. Acesso em 15 jan. 2018. http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/livro_abord_etica-pdf.pdf http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/livro_abord_etica-pdf.pdf ___________. Resolução CFC Nº 290 de 04 de setembro de 1970. Brasília. Disponível em <http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1970/000290 & arquivo=RES_290.DOC>. Acesso em 16 jan.2018. ___________. Resolução CFC Nº 803 de 10 de outubro de 1996. Brasília. Disponível em <http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1996/000803 &arquivo=Res_803.doc>. Acesso em 16 jan.2018. ___________. Resolução CFC Nº 1.307 de 09 de dezembro de 2010. Brasília. Disponível em <http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2010/001307 & arquivo=Res_1307.doc>. Acesso em 16 jan. 2018. SENA, A. O que é ser ético na sociedade. Disponível em <http://www.noticialivre.com.br/index.php/2014-03-09-16-39-32/43191-o- que-e-ser-etico-na-sociedade>. Acesso em 15 jan.2018. http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1996/000803&arquivo=Res_803.doc http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1996/000803&arquivo=Res_803.doc Questão 5 De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP), as Demonstrações Contábeis devem ser elaboradas e publicadas pelos entes da federação, de modo a permitir e evidenciar a condição das contas públicas em âmbito nacional. A partir dessas informações, avalie as afirmativas a seguir. I. O Balanço Orçamentário deve demonstrar as receitas e despesas previstas, em confronto com as realizadas. II. O Balanço Financeiro deve evidenciar as receitas e despesas orçamentárias bem como os ingressos e dispêndios extraorçamentários, conjugados com os saldos de caixa do exercício anterior e os que se transferem para o início do exercício seguinte. III. A Demonstração das Variações Patrimoniais deve evidenciar as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicar o resultado patrimonial do exercício. IV. A Demonstração dos Fluxos de Caixa permite a análise da capacidade da entidade de gerar caixa e equivalentes de caixa, e a análise da utilização de recursos próprios e de terceiros em suas atividades. É correto o que se afirma em A. I, apenas. B. I e II, apenas. C. III e IV, apenas. D. II, III e IV, apenas. E. I, II, III e IV. 1. Introdução teórica 1.1. Evolução da contabilidade aplicada ao setor público A contabilidade pública ou governamental é o ramo da ciência contábil que determina os procedimentos, as práticas e as funções relativas ao registro e ao controle de fatos que afetam o patrimônio das entidades públicas. Para Araújo e Arruda (2006), a contabilidade pública é o sistema de informações que visa a selecionar, a registrar, a resumir, a interpretar e a divulgar os fatos mensuráveis em moeda que afetam as situações orçamentárias, financeiras e patrimoniais de órgãos e entidades públicas. A contabilidade pública tem passado por significativas transformações impostas, principalmente, pela necessidade de convergência aos padrões estabelecidos pelas Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas aos Setor Público. Entretanto, esse processo de convergência deve ser analisado de forma histórica, considerando-se a própria evolução das finanças públicas. O primeiro acontecimento histórico foi a publicação da Lei N° 4.320/64, que estabeleceu importantes normas de direito financeiro para a elaboração e o controle dos orçamentos e balanços das entidades públicas nos âmbitos federal, estadual e municipal, tendo como principal instrumento o orçamento público. Andrade (2017) observa que, a partir da vigência da Lei N° 4.320/64, o orçamento público ganhou significativa importância no Brasil. Como consequência, as normas relativas a registros e a demonstrações contábeis acabaram por privilegiar os conceitos orçamentários em detrimento da evidenciação dos aspectos patrimoniais. 1.1.1. Lei N° 4.320, de 17 de março de 1964 Institui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. A Lei N° 4.320, de 17 de março de 1964, denominada Lei do Orçamento, trata de aspectos fundamentais para o estudo da contabilidade aplicada ao setor público. Apesar de ter sido publicada há mais de 50 anos, representou um passo significativo ao implementar, já na década de 1960, o regime de competência nas despesas públicas, o que muitos países desenvolvidos só fizeram na década de 1980. Correia Neto (2016), ao analisar os 50 anos dessa lei, aponta que, desde a sua edição, houve passos significativos na direção do aperfeiçoamento do processo orçamentário da contabilidade pública e, de modo geral, das finanças públicas no Brasil. A Lei contribuiu decisivamente para introduzir e consolidar marcos importantes que até hoje vigoram nas finanças públicas, como é o caso, por exemplo, dos princípios orçamentários da universalidade, da anualidade e da exclusividade; das etapas de realização dos gastos públicos; da definição do regime jurídico dos créditos adicionais; e da disciplina dos fundos especiais. 1.1.2. Lei Complementar N° 101, de 04 de maio de 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal Estabelece normas de finanças púbicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. A aprovação da Lei Complementar N° 101, de 04 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal, foi provocada, sobretudo, pelo forte desequilíbrio fiscal que ocorria no início da década de 1990, agravado em 1999 devido a medidas insuficientes para a contenção dos gastos públicos. Essa lei regulamentou o Art. 163 da Constituição Federal de 1998 ao estabelecer normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição. Art. 163. Lei complementar disporá sobre: I. finanças públicas; II. dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo poder público; III. concessão de garantias pelas entidades públicas; IV. emissão e resgate de títulos da dívida pública; V. fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003) VI. operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII. compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. Essa lei trata, ainda, de outros aspectos importantes ao ampliar o atendimento da Lei de Diretrizes Orçamentárias compatíveis com o Plano Plurianual e, principalmente, ao estabelecer a exigência da realização da consolidação nacional das contas públicas, conforme Seção II – Da Escrituração e Consolidação das Contas. A competência é exercida pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), por meio da publicação anual do Balanço do Setor Público Nacional (BSPN), congregando contas da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios. Assim como a Lei Nº 4.320/64, essa lei tem grande relevância na evolução da contabilidade aplicada ao setor público. 1.1.3. Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público A revisão e a ampliação das Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público surgem da necessidade de adaptar as práticas de contabilidade aos padrões estabelecidos pelas Normas Internacionais de Contabilidade aplicadas ao Setor Público, editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). A convergência da contabilidade das empresas privadas aos padrões internacionais teve avanço relativamente rápido. A contabilidade aplicada ao setor público, por sua vez, iniciava de forma lenta a busca por padrões internacionais e, principalmente, por uma Estrutura Conceitual que pudesse ampliar as orientações específicas a serem observadas pelos órgãos e pelas entidades públicas. As primeiras Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público (NBC TSP) foram as mostradas no quadro 1. Quadro 1. Normas de Contabilidade aplicadas ao setor público Numeração CFC - Resolução Norma NBC T 16.1 1.128/08 Conceituação, Objeto e Campo de Aplicação. NBC T 16.2 1.129/08 Patrimônio e Sistemas contábeis. NBC T 16.3 1.130/08 Planejamento e seus instrumentos sob o Enfoque Contábil. NBC T 16.4 1.131/08 Transações no Setor Público. NBC T 16.5 1.132/08 Registro Contábil. NBC T 16.6 1.133/08 Demonstrações Contábeis. NBC T 16.7 1.134/08 Consolidação das Demonstrações Contábeis. NBC T 16.8 1.135/08 Controle Interno. NBC T 16.9 1.136/08 Depreciação, Amortização e Exaustão. NBC T 16.10 1.137/08 Avaliação e Mensuração de Ativos, Passivos em Entidades do Setor Público. NBC T 16.11 1.366/11 Sistema de Informação de Custos do Setor Público. CFC – Conselho Federal de Contabilidade. As NBC T 16.1, 16.2, 16.3, 16.4 e 16.5 e os itens 12(a), 12(b), 12(c), 12(d), 27 e 28 da NBC T 16.6 foram revogados pela Norma Brasileira de Contabilidade NBC TSP Estrutura Conceitual, de 23 de setembro de 2016. 1.1.4. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TSP Estrutura Conceitual de 23 de setembro de 2016 A IFAC (International Federation of Accountants), mediante acordo, autorizou, no Brasil, o CFC (Conselho Federal de Contabilidade) como um dos tradutores de suas normas e publicações, com direitos de realizar tradução, publicação e distribuição das normas internacionais e demais pronunciamentos em formato eletrônico. Considerando o processo de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade aos padrões internacionais, o CFC emitiu, em 23 de setembro de 2016, a NBC TSP Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público, tendo seus efeitos aplicados a partir de 1° de janeiro de 2017. Essa norma é a primeira da área convergida às normas internacionais e norteia toda a contabilidade pública. Estabelece os conceitos que devem ser aplicados no desenvolvimento das demais normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público (NBCs TSP). Esses conceitos devem ser aplicáveis à elaboração e à divulgação dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs). Um dos principais pontos da norma é a definição da sociedade como a principal usuária da informação contábil. No item 2 da Introdução, a norma estabelece que o objetivo principal da maioria das entidades do setor público é prestar serviços à sociedade, em vez de obter lucros e gerar retorno financeiro aos investidores. Consequentemente, o desempenho de tais entidades pode ser apenas parcialmente avaliado por meio da análise da situação patrimonial, do desempenho e dos fluxos de caixa. Outro ponto a se destacar é que essa norma, além de revogar as resoluções do CFC que aprovaram as normas aplicáveis ao setor público NBC T 16.1 a 16.5 e os itens 12(a), 12(b), 12(c), 12(d), 27 e 28 da NBC T 16.6, também revogou a Resolução N° 750/1993, que dispõe sobre os princípios de contabilidade, e a Resolução CFC N° 1.111/2007, que dispõe sobre o conteúdo e abrangência dos Princípios de Contabilidade sob a perspectiva do Setor público. 1.2. Conceituação, objeto e campo de aplicação da Contabilidade aplicada ao setor público. Com a revogação da NBC T 16.1, o assunto nela abordado passou a ser tratado na Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TSP Estrutura Conceitual, editada pelo CFC em 23 de setembro de 2016, com seus efeitos aplicados a partir de 1° de janeiro de 2017. A NBC TSP Estrutura Conceitual trata, no capítulo 2 – Objetivos e Usuários da Informação Contábil de Propósito Geral das Entidades do setor Público, dos seguintes assuntos: objetivos da elaboração e da divulgação da informação contábil; usuários dos RCPGs (Relatórios Contábeis de Propósito Geral); prestação de contas e responsabilidades (accountabilitty) e tomada de decisão; necessidade de informação dos usuários dos serviços e dos provedores de recursos e informação fornecida pelos RCPGs. Entretanto, alguns assuntos não foram reproduzidos na íntegra, o que nos leva à necessidade de retomar a NBC T 16.1, cujos principais conceitos são os mostrados abaixo. 3. Patrimônio Público: o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações. 4. Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador de informações, os Princípios de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público. 5. O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social. 6. O objeto da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o patrimônio público. 7. O campo de aplicação da Contabilidade Aplicada ao Setor Público abrange todas as entidades do setor público. 8. As entidades abrangidas pelo campo de aplicação devem observar as normas e as técnicas próprias da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, considerando- se o seguinte escopo: a. integralmente, as entidades governamentais, os serviços sociais e os conselhos profissionais; b. parcialmente, as demais entidades do setor público, para garantir procedimentos suficientes de prestação de contas e instrumentalização do controle social. 1.3. Demonstrações contábeis aplicadas ao setor público As demonstrações contábeis das entidades públicas estão incluídas nos RCPGs, relatórios que englobam os componentes da informação contábil dos governos e outras entidades do setor público. O objetivo é o de fornecerem informações úteis aos seus usuários de acordo com as suas necessidades para prestação de contas, responsabilização e tomada de decisões. Dentre as informações fornecidas pelos RCPGs, incluem-se as demonstrações contábeis citadas abaixo. Balanço Patrimonial (BP). Balanço Orçamentário (BO). Balanço Financeiro (BF). Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP). Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). Notas Explicativas (NE). 1.3.1. Balanço Patrimonial (BP) O Balanço Patrimonial (BP), estruturado em ativo, passivo e patrimônio líquido, é a demonstração contábil que evidencia qualitativa e quantitativamente a situação patrimonial da entidade pública a partir das contas do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) e dos atos potenciais que são registrados em contas de compensação. As contas de compensação compreendem as compensações do ativo e do passivo e estão relacionadas a situações não compreendidas no patrimônio, mas que, de alguma forma, possam vir a afetá-lo. Permitem diversas análises sobre a situação patrimonial da entidade, dentre elas, sua liquidez e seu endividamento. De acordo com a NBC T 16.6 – Demonstrações Contábeis –, itens 15 e 17, não revogados, a classificação do ativo e passivo obedece aos critérios a seguir. 15. Os ativos devem ser classificados como circulantes e não circulantes. Para serem classificados como circulantes devem satisfazer a um dos seguintes critérios: a) estarem disponíveis para realização imediata; b) tiverem a expectativa de realização até doze meses da data das demonstrações contábeis. 17. Os passivos também devem ser classificados em circulantes e não circulantes. Serão classificados como circulantes quando satisfazerem os seguintes critérios: a) corresponderem a valores exigíveis até doze meses da data das demonstrações contábeis; b) corresponderem a valores de terceiros ou retenções em nome deles, quando a entidade for a fiel depositária, independentemente do prazo de exigibilidades. As contas do ativo devem ser apresentadas em ordem decrescente de grau de liquidez. As contas do passivo devem ser apresentadas, em ordem de grau de exigibilidades. No patrimônio líquido, o resultado do período e os resultados acumulados devem ser segregados. O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), de 2017, destaca que, a partir da convergência aos novos padrões da Contabilidade aplicada ao Setor Público, o BP passa a ter a visão patrimonial como base para análise e registro dos fatos contábeis e é composto por: quadro principal; quadro dos ativos e passivos financeiros e permanentes; quadro de contas de compensação (controle); quadro do superávit/déficit financeiro. 1.3.2. Balanço Orçamentário (BO) O Balanço Orçamentário (BO) demonstra o confronto das receitas e despesas previstas com as realizadas. As receitas são demonstradas de forma detalhada por categoria econômica e origem, especificando a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada e o saldo, que corresponde ao excesso ou à insuficiência de arrecadação. As despesas também são detalhadas por categoria econômica e por grupo de natureza, com discriminação da dotação inicial, da dotação atualizada para o exercício, das despesas empenhadas, das despesas líquidas, das despesas pagas e do saldo da dotação. De acordo com o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), de 2017, o BO é composto por: quadro principal; quadro da execução dos restos a pagar não processados; quadro da execução dos restos a pagar processados. 1.3.3. Balanço Financeiro (BF) De acordo com o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), de 2017, o Balanço Financeiro (BF) evidencia as receitas e as despesas orçamentárias e os ingressos e os dispêndios extraorçamentários, conjugados aos saldos de caixa do exercício anterior e aos que se transferem para o início do exercício seguinte. O BF é composto por um único quadro, que tem por objetivo evidenciar a movimentação financeira das entidades do setor público e possibilitar a apuração do resultado financeiro do exercício. Esse único quadro deve demonstrar: a receita orçamentária realizada e a despesa orçamentária executada, por fonte/destinação de recurso, discriminando as ordinárias e as vinculadas; os recebimentos e os pagamentos extraorçamentários; as transferências financeiras recebidas e concedidas, decorrentes ou independentes da execução orçamentária, destacando os aportes de recursos para o RPPS (Regime Próprio de Previdência Social); o saldo em espécie do exercício anterior e para o exercício seguinte. 1.3.4. Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), de 2017, aponta que a Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) evidencia as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indica o resultado patrimonial do exercício. A elaboração da DVP tem por base as contas contábeis apresentadas no modelo do Plano de Contas aplicadas ao Setor Público (PCASP), utilizando-se as classes 3 (variações patrimoniais diminutivas – VPD) e 4 (variações patrimoniais aumentativas – VPA). As contas intraorçamentárias, caso existam, devem ser excluídas para fins de consolidação das demonstrações contábeis no âmbito de cada ente. Entretanto, se as demonstrações contábeis se referirem apenas às contas de um órgão, uma entidade ou uma empresa pública, a exclusão das contas intraorçamentárias não deve ser efetuada. A apresentação da DVP pode ser elaborada de acordo com um dos dois modelos apresentados a seguir. Modelo sintético: esse modelo facilita a visualização dos grandes grupos de variações patrimoniais que compõem o resultado patrimonial. Ele especifica apenas os grupos (2º nível de detalhamento do PCASP), acompanhado de quadros anexos que detalham sua composição. Modelo analítico: esse modelo detalha os subgrupos (3º nível de detalhamento do PCASP) das variações patrimoniais em um único quadro. Ele auxilia o recebimento das contas anuais por meio do Siconfi (Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do setor Público Brasileiro) para fins de consolidação. A DVP permite a análise de como as políticas adotadas provocaram alterações no patrimônio público, considerando-se a finalidade de atender às demandas da sociedade. 1.3.5. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) apresenta as entradas e as saídas de caixa e classifica-as em fluxos operacional, de investimento e de financiamento. Segundo o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), de 2017, a DFC deve evidenciar: as fontes de geração dos fluxos de entrada de caixa; os itens de consumo de caixa durante o período das demonstrações contábeis; o saldo do caixa na data das demonstrações contábeis. A DFC permite a análise da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa e de utilizar recursos próprios e de terceiros em sua atividade. Também podem ser feitas análises pela comparação dos fluxos de caixa, gerados ou consumidos com o resultado do período e com o total do passivo, o que permite a identificação, por exemplo, da parcela dos recursos utilizada para pagamento da dívida e para investimentos e da parcela da geração líquida de caixa atribuída às atividades operacionais. A DFC é elaborada pelo método direto e é composta por 5 quadros: quadro principal; quadro de receitas derivadas e originárias; quadro de transferências recebidas e concedidas; quadro de desembolso de pessoal e demais despesas por função; quadro de juros e encargos da dívida. 1.3.6. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) evidencia a evolução do patrimônio líquido da entidade. Segundo o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), de 2017, devem ser apresentados os seguintes itens: os ajustes de exercícios anteriores; as transações de capital com os sócios, por exemplo, o aumento de capital, a aquisição ou a venda de ações em tesouraria e os juros sobre capital próprio; o superávit ou déficit patrimonial; a destinação do resultado, por exemplo, transferências para reservas e a distribuição de dividendos; outras mutações do patrimônio líquido. A DMPL é obrigatória para as empresas estatais dependentes, desde que constituídas sob a forma de sociedades anônimas, e facultativa para os demais órgãos e as entidades dos entes da Federação. 1.3.7. Notas Explicativas (NE) As Notas Explicativas (NE) são informações complementares às apresentadas nos quadros das demonstrações financeiras e são consideradas parte integrante dessas demonstrações. Seu objetivo é facilitar o entendimento das demonstrações contábeis aos seus diversos usuários. Portanto, as NE devem ser claras, sintéticas e objetivas. Englobam informações de quaisquer naturezas exigidas pela lei e pelas normas contábeis e informações relevantes não suficientemente evidenciadas ou que não constam nas demonstrações. 1.4. Execução orçamentária e execução financeira A execução orçamentária e a execução financeira ocorrem simultaneamente, uma está vinculada à outra. Havendo orçamento e não existindo o financeiro, não poderá ocorrer a despesa. Pode haver recurso financeiro, mas ele não poderá ser gasto se não houver a disponibilidade orçamentária. Vejamos as explicações abaixo. Execução orçamentária: é a utilização dos créditos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA), ou seja, é o comprometimento de parte ou de toda a previsão (dotação) de recursos de determinado projeto ou de determinada atividade que está no orçamento anual. Entende-se como créditos previstos o valor autorizado para ser gasto em determinado projeto ou em determinada atividade. É o quanto está previsto no orçamento, ou, ainda, é a dotação orçamentária. Execução financeira: é a utilização de recursos financeiros e do dinheiro existente em caixa, visando a atender a realização das ações, de acordo com as dotações orçamentárias. Entende-se como recursos financeiros o dinheiro ou saldo disponível em conta bancária. Quando dizemos que a execução orçamentária é a utilização dos créditos previstos na LOA, parece que tudo o que lá está previsto terá de ser executado, pois, se é lei, teria de ser cumprida. Mas não é bem assim: a LOA é uma previsão e, portanto, os recursos para as ações são estimados conforme o ingresso esperado, ou seja, se a receita (entrada de recursos) for menor do que a esperada - o que quase sempre acontece - a despesa terá de ser reduzida. Significa dizer que algumas ações terão seus créditos executados parcialmente ou sem execução nenhuma. 1.4.1. Receitas e despesas correntes e de capital As receitas e as despesas, segundo a categoria econômica, classificam- se em correntes e de capital e estão previstas no Art. 11 (receitas) e Art. 12 (despesas) da Lei Nº 4.320/64. Vejamos as explicações abaixo. Receitas correntes: são destinadas a cobrir as despesas orçamentárias com o objetivo de que as atividades governamentais sejam mantidas. Receitas de Capital: são destinadas ao financiamento dos programas e das ações orçamentários com o objetivo de que as finalidades públicas sejam atingidas. Segundo o Art. 11 § 1º e § 2º da Lei Nº 4.320/64, as receitas correntes e de capital são as indicadas no quadro 2. Quadro 2. Receitas Correntes e Receitas de Capital. Receitas Correntes Receitas de Capital Receita Tributária. Receita de Contribuições. Receita Patrimonial. Receita Agropecuária. Receita Industrial. Receita de Serviços. Transferências Correntes. Outras Receitas Correntes. Operações de Crédito. Alienação de Bens. Amortização de Empréstimos. Transferências de Capital. Outras Receitas de Capital. Lei Nº 4.320/64. Vejamos as explicações abaixo. Despesas correntes: são despesas que expressam a participação do setor público no consumo de recursos para a manutenção e o funcionamento dos serviços público. São dispêndios que não contribuem, diretamente, para a formação ou a aquisição de um bem de capital. Despesas de capital: são despesas que contribuem para a formação ou a aquisição de bem de capital. Segundo o Art. 12 § 1º e § 2º da Lei Nº 4.320/64, despesas correntes e de capital são as indicadas no quadro 3. Quadro 3. Despesas Correntes e Despesas de Capital. Despesas correntes Despesas de capital Despesas de Custeio Pessoal Civil Pessoal Militar Serviços de Terceiros Encargos Diversos Investimentos Obras públicas Serviços em regime de programação especial Equipamentos e instalações Material permanente Participação em constituição ou aumento de capital de empresas ou entidades industriais ou agrícolas Transferências correntes Subvenções sociais Subvenções econômicas Inativos Pensionistas Salário família e abono familiar Juros de dívida pública Contribuições de previdência social Diversas transferências correntes Inversões Financeiras Aquisição de imóveis Participações em constituição ou aumento de capital de empresas ou entidades comerciais ou financeiras Aquisição de títulos representativos de capital de empresas ou funcionamento. Constituição de fundos rotativos Concessão de empréstimos Diversas inversões financeiras Transferências de capital Amortização da dívida pública Auxílios de obras públicas Auxílios para equipamentos e instalações Auxílios para inversões financeiras Outras contribuições Lei Nº 4.320/64. Segundo o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), de 2017, o grupo de natureza da despesa é um agregador de elementos de despesa orçamentária com as mesmas características quanto ao objeto de gasto, conforme discriminado no quadro 4. Quadro 4. Grupo de Natureza da Despesas Grupo de Natureza da Despesa 1. Pessoal e Encargos Sociais. 2. Juros e Encargos da Dívida. 3. Outras Despesas Correntes. 4. Investimentos. 5. Inversões Financeiras. 6. Amortização da Dívida. MCASP 2017. No quadro, os grupos de n° 1 ao n° 3 referem-se às despesas correntes, e os grupos de n° 4 ao n° 6 referem-se às despesas de capital. 2. Análise das afirmativas e resolução da questão I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A afirmativa está correta, de acordo com o Art. 102 da Lei Nº 4.320/1964 (Parte V – Demonstrações Contábeis aplicadas ao setor público –, item 2, Balanço Orçamentário do Manual de contabilidade aplicado ao setor público –, exercício 2017, 7ª edição). Art. 102. O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas. 3 Constituição Federal de 1988, art. 167, §2º. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A afirmativa está correta, de acordo com o Art. 103 da Lei Nº 4.320/1964 (Parte V – Demonstrações Contábeis aplicadas ao setor público, item 3 – Balanço Financeiro do Manual de contabilidade aplicado ao setor público, exercício 2017, 7a edição). O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a despesa orçamentárias bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza extraorçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem para o exercício seguinte. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A afirmativa está correta, de acordo com o Art. 104 da Lei Nº 4.320/1964 (Parte V – Demonstrações Contábeis aplicadas ao setor público, item 5 – Demonstração das Variações Patrimoniais do Manual de contabilidade aplicado ao setor público, exercício 2017, 7a edição). A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício. IV – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A afirmativa está correta, de acordo com a Parte V – Demonstrações Contábeis aplicadas ao setor público, item 6 – Demonstração dos Fluxos de Caixa do Manual de contabilidade aplicado ao setor público, exercício 2017, 7a edição. Essa demonstração permite a análise da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa e da utilização de recursos próprios e de terceiros em suas atividades. Alternativa correta: E. 2. Resolução da Questão: RECEITAS CORRENTES R$21.300,00 Receita Agropecuária R$3.000,00 Receita Industrial R$3.500,00 Receita Patrimonial R$2.800,00 Receitas de Impostos R$5.000,00 Receitas de Contribuições de Melhorias R$2.000,00 Transferências Correntes R$5.000,00 RECEITAS DE CAPITAL R$16.000,00 Alienação de Bens R$5.000,00 Operações de Crédito R$3.000,00 Transferência de Capital R$2.000,00 Amortização de Empréstimos R$6.000,00 DESPESAS CORRENTES R$19.500,00 Pessoal e Encargos Sociais R$8.000,00 Juros e Encargos da Dívida R$5.000,00 Outras Despesas Correntes R$6.500,00 DESPESAS DE CAPITAL R$17.800,00 Inversões Financeiras R$5.000,00 Investimentos R$9.000,00 Amortização da Dívida R$3.800,00 Alternativa correta: D. 3. Indicações bibliográficas ANDRADE, E. A. Contabilidade governamental I - Material Didático. Disponível em <http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/17476 /material/MATERIAL%20DID%C3%81TICO%20-%20UNIDADE%20I%20- %20PROCESSO%20 CONVERG%C3%8ANCIA%20NBCASP.pdf>. Acesso em 31 ago. 2017. ARAÚJO, I; ARRUDA, D. Contabilidade pública – da teoria à prática. São Paulo: Saraiva, 2006. BRASIL. Lei N° 4.320, de 17 de março de 1964. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm>. Acesso em 30 set. 2107. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Norma Brasileira de Contabilidade-NBC-TSP Estrutura Conceitual. Disponível em <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-tsp-do- setor-publico/>. Acesso em 14 set. 2017. _____________. Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público – NBC T 16.6 - Demonstrações Contábeis. Disponível em <http://www1.cfc.org.br/sisweb/ sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2014/NBCT16.6(R1)>. Acesso em 30 set.2017. _____________. Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público – NBC T 16.1 – Conceituação, objeto e campo de aplicação. Disponível em <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp- content/uploads/2013/01/Setor_P%C3%BAblico .pdf>. Acesso em 30 set.2017. CORREIA NETO, C. B. Os 50 anos da lei geral de orçamentos (Lei N° 4.320/64: o esquecimento da lei orçamentária e do direito financeiro no Brasil. Disponível em <https://seer.imed.edu.br/index.php/revistadedireito/article/view/1226>. Acesso em 31 ago. 2017. MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Manual de contabilidade aplicada ao setor público (MCASP). Exercício 2017, 7. ed. Disponível em <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/456785/MCASP+ 7%C2%AA%20edi%C3%A7%C3%A3o+Vers%C3%A3o+Final.pdf/6e874ad b-44d7-490c-8967-b0acd3923f6d>. Acesso em 30 set. 2017. TESOURO NACIONAL – SIAFI. Execução orçamentária. Disponível em <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/execucao-orcamentaria>. Acesso em 02 out. 2017. http://www.tesouro.fazenda.gov.br/execucao-orcamentaria Questão 6 Um dos objetivos da Teoria Geral dos Sistemas é a formulação de princípios válidos para os sistemas em geral, independentemente dos elementos que os compõem e das relações ou forças existentes entre eles. Considerando o exposto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. Um sistema é constituído por um complexo de elementos em interação. PORQUE II. Na teoria geral dos sistemas, a ênfase é dada à inter-relação e interdependência entre os componentes que formam um sistema, que é visto como uma totalidade integrada, sendo impossível estudar seus elementos isoladamente. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e II é uma justificativa correta da I. B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa correta da I. C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E. As asserções I e II são proposições falsas. 1. Introdução teórica Sistemas Ao se falar em sistemas, é comum associá-los à tecnologia da informação, cujo objetivo é automatizar as tarefas diárias e fornecer dados organizados para ajudar quem toma as decisões nas empresas. Entretanto, o conceito de sistemas é muito mais amplo. Os sistemas estão presentes em todos os campos da ciência, de forma que todas as áreas possam interligar e compartilhar conhecimentos e descobertas em busca do alcance de novos objetivos. O avanço tecnológico e as mudanças sociais despertaram, na sociedade, a necessidade de novos meios para a realização das tarefas com maior eficiência e com menor custo. A grande meta da sociedade é reunir as fontes de dados e as informações existentes e organizá-las de modo a diminuir o tempo entre a obtenção das informações e a tomada de decisões. A finalidade dos sistemas de informações é, portanto, coletar os dados, processá-los e transformá-los em informações. Batista (2006) define sistema como um conjunto de elementos interdependentes, ou um todo organizado, ou partes que interagem formando um todo unitário e complexo. Para O´Brien (2010), sistema pode ser definido como um grupo de elementos inter-relacionados ou em interação que formam um todo unificado. Um sistema apresenta, basicamente, três componentes ou atividades de interação: entrada, processamento e saída. Vejamos as explicações abaixo. Entrada: envolve a atividade de captar e reunir os elementos para serem processados. Processamento: é a atividade que organiza, analisa e manipula os elementos transformando-os em informações. Saída: corresponde aos resultados produzidos e transmitidos para os usuários finais. O conceito de sistemas torna-se ainda mais útil ao incluirmos mais dois componentes: feedback e controle. Vejamos as explicações abaixo. Feedback: refere-se a dados sobre o desempenho de um sistema. É a realimentação do sistema, pois, ao fornecer respostas para o usuário final, permite que se façam ajustes ou modificações nas atividades de entrada e de processamento. Controle: envolve a avaliação e o monitoramento do feedback para estabelecer as medidas de rendimento do sistema e para verificar se os objetivos propostos estão sendo atendidos. As empresas e os órgãos governamentais são bons exemplos de sistemas organizacionais. Os recursos econômicos (entradas) são transformados, pelo envolvimento de vários processos organizacionais (processamento), em bens e serviços oferecidos pelas empresas aos usuários finais (saída). Os sistemas de informações fornecem, para a administração, informações (feedback) sobre as operações do sistema, permitindo a avaliação da qualidade dessas informações e, caso seja necessário, a realização de alterações para melhor atender aos objetivos traçados pela direção. 2. Análise das asserções I – Asserção verdadeira. JUSTIFICATIVA. A asserção está ligada ao próprio conceito de sistemas. Segundo Batista (2006), sistema é um conjunto de elementos interdependentes que interagem para formar um todo unitário e complexo. II – Asserção verdadeira. JUSTIFICATIVA. A asserção complementa o conceito de sistemas ao acrescentar a inter-relação e interdependência dos componentes de um sistema. Segundo O´Brien (2010), sistema pode ser definido como um grupo de elementos inter-relacionados ou em interação que formam um todo unificado. Se formam um todo unificado, seus elementos não podem ser estudados isoladamente. Relação entre as asserções. A asserção II justifica a asserção I. Alternativa correta: A. 3. Indicações Bibliográficas BATISTA, E. O. Sistemas de informação: o uso consciente da tecnologia para o gerenciamento. São Paulo: Saraiva, 2006. O´BRIEN, J. A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da Internet. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.