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Sistema cardiovascular Alterações cardiovasculares no envelhecimento: O coração é um órgão autorregenerativo. Coração normal: morrem por apoptose diariamente, cerca de 3 milhões de miócitos, sendo repostos pelas células-tronco cardíacas. Ao longo da vida essa população de miócitos é reposta 18 vezes, independente de doenças cardíacas. No coração idoso> → ocorre perda progressiva dos miócitos, devido a um declínio progressivo da habilidade de duplicação das células-tronco cardíacas. Entretanto, observa-se aumento de seu volume celular. A diminuição da capacidade contrátil causa = aumento do coração que esconde a atrofia das células contráteis. (as câmaras cardíacas dilatadas e o coração senil, embora atrófico em número celular, morfologicamente é hipertrófico). Há também redução progressiva do número de células do nó sinusal. Comparada com uma pessoa de 20 anos, aos 75 permanecem somente 10% delas. Há perda de fibras na bifurcação do feixe de His -> maior chance de arritmias cardíacas. O envelhecimento compromete algumas partes do sistema cardiovascular enquanto outras são mantidas sem alterações. Estrutura cardíaca: • Hipertrofia do ventrículo esquerdo -> provocando aumento da pressão arterial dependente da idade. (o aumento médio é de 1g/ano nos homens e de 1,5 g/ano nas mulheres) • O volume diastólico final diminui somente nas mulheres (não está correlacionado com a idade) • Aumento no número e na espessura das fibras colágenas presentes no miocárdio. • Nos muito velhos, a massa ventricular esquerda pode diminui, provavelmente devido ao sedentarismo. Alteradas com o envelhecimento • Contração prolongada • Diminuição da resposta beta- adrenérgica • Aumento da rigidez miocárdica e vascular • Controle do SNA • Diminuição dos barorreflexos arteriais • Aumento do fluxo simpático • Diminuição do fluxo vagal • Diminuição do VO2 Mantidas com o envelhecimento • Contratilidade miocárdica • Fluxo sanguíneo coronariano • Vasoconstrição alfa-adrenérgica mediada • Controle do SNA • Barorreflexos cardiopulmonares Nathalia Guida • O acúmulo de proteína amiloide é encontrado em aproximadamente 50% dos pacientes acima de 70 anos. Estrutura arterial: O aumento da rigidez da parede arterial é um fenômeno universal e contribui para muitas alterações do sistema cardiovascular. A diferença se dá na camada média, diferentemente do que ocorre na aterosclerose, em que o comprometimento está na camada íntima. Com o aumento da rigidez das paredes, as artérias aumentam de diâmetro e de espessura. Após os 60 anos a elasticidade está diminuída, aumentando a impedância do fluxo sanguíneo durante a sístole. Alterações arteriais com o envelhecimento: O aumento da velocidade da onda de pulso aórtico e a diminuição da pressão diastólica são outras consequências da rigidez aórtica. Parâmetros funcionais: A frequência cardíaca de repouso = é modulada pelo equilíbrio entre a inervação simpática e a parassimpática, sendo esta última dominante. A frequência cardíaca máxima durante o exercício vai diminuindo com o avanço da idade e tem sido definida pela fórmula: 220 – idade. A sensibilidade ao sistema nervoso autônomo não é uniforme no organismo podendo estar preservada em um local e comprometida em outro. Existe marcante diminuição na resposta do sistema cardiovascular a estimulação beta- adrenérgica com consequentemente diminuição da frequência cardíaca máxima. Para compensar essa baixa resposta há aumento das catecolaminas plasmáticas, especialmente durante os exercícios físicos. Entretanto a resposta, é tímida, havendo aumento do volume diastólico final. A fração de ejeção ventricular esquerda em repouso não está alterada no idoso saudável, porém em resposta ao exercício ela está diminuída em relação ao adulto jovem. Há piora do enchimento ventricular esquerdo com maior compensação da sístole atrial. -> essa modificação explica em parte, por que a fibrilação atrial pode precipitar a insuficiência cardíaca em idoso e a presença da quarta bulha, um achado normal no exame físico de pessoas acima de 75 anos, em ritmo sinusal. Nathalia Guida Teorias do envelhecimento cardiovascular Teorias fisiológicas: Parecem ser as mais esclarecedoras para explicar as alterações cardiovasculares ligadas à teoria do cruzamento, mostrando a importância das alterações da matriz proteica extracelular relacionadas com o tempo. Principalmente do colágeno e da substância fundamental; Essas alterações são a base para a explicação do aumento da rigidez pericárdica, valvular e talvez miocárdica e dos tecidos vasculares em relação à idade. Teorias orgânicas: deste grupo, duas as mais importantes: imunológica e neuroendócrina. A teoria imunológica oferece pouca explicação para as alterações de seleção específica no sistema cardiovascular, explicando as características de duração da sobrevivência da espécie em termos de disfunção imunológica programada. A teoria neuroendócrina, em combinação com a teoria ligada ao cruzamento, forneceria explicações para as muitas alterações cardíacas próprias do envelhecimento: O sistema cardiovascular sofre significativa redução de sua capacidade funcional com o envelhecimento. Em repouso, o idoso não apresenta redução importante do débito cardíaco, mas em situações de maior demanda, tanto fisiológicas (esforço físico) como patologias (doença arterial coronariana), os mecanismos para a sua manutenção podem falhar, resultando em processos isquêmicos. Alterações morfológicas -> • Pericárdio Alterações discretas, em geral, decorrentes do desgaste progressivo, sob a forma de espessamento difuso, nas cavidades esquerdas do coração, sendo comum o aumento da taxa de gordura epicárdica. • Endocárdio Espessamento e a opacidade, no coração esquerdo, com proliferação das fibras colágenas e elásticas. • Miocárdio As mudanças na matriz extracelular do miocárdio são comparáveis áquelas na vasculatura, com colágeno aumentado, diâmetro fibroso aumentado e cruzamento de ligações de colágeno, com aumento na proporção de colágeno dos tipos I e III, diminuição da elastina e fibronectina aumentada, podendo ocorrer aumento na produção de matriz extracelular. Há acúmulo de gordura principalmente nos átrios e no septo interventricular, mas pode também ocupar a parede dos ventrículos. Moderada degeneração muscular com substituição das células miocárdicas por tecido fibroso, sem correlação com lesões de artérias coronárias. Depósitos intracelulares de lipofuscina, pigmento senil, têm sido admitidos como real manifestação biológica do envelhecimento, sendo encontrados na velhice precoce. O aumento da resistência vascular periférica pode ocasionar moderada hipertrofia miocárdica concêntrica, principalmente de câmara ventricular esquerda. Nathalia Guida A massa do ventrículo esquerdo (VE) está associada a múltiplos fatores de risco cardiovasculares, idade, sexo, massa corpórea, história de tabagismo, atividade física e hipertensão. Alterações das valvas • Alterações da valva mitral Calcificação e degeneração mucoide são frequentes, acometendo as valvas mitral e aórtica. A calcificação da valva mitral é uma das alterações + importantes e mais comuns do envelhecimento cardíaco. Espessamento, depósito de lipídios, calcificação e degeneração mucoide. • Alterações da valva aórtica Calcificação, com alterações pouco significativas sob a forma de acúmulo de lipídios, de fibrose, e de degeneração colágena, que podem-se estender ao feixe de His, com a presença de áreas fibróticas nas bordas das cúspides. • Alterações da aorta a modificação principal que ocorre, sem considerar a arteriosclerose, seria a alteração na textura do tecido elástico e o aumento docolágeno. Os processos ocorrem na camada média, sob a forma de atrofia, descontinuidade e de desorganização das fibras elásticas, aumento de fibras colágenas não distensíveis predomina, redução da elasticidade = maior rigidez da parede e aumento do calibre. Alterações arteriais do envelhecimento Distúrbios com a idade, estruturais e funcionais progressivos que reduzem a distensibilidade e aumentam a rigidez da parede arterial. O aumento da rigidez arterial provoca aumento pós-carga diretamente pela diminuição da complacência arterial e, indiretamente, acelera a velocidade de propagação da onda de pulso pelo sistema vascular, promovendo um retorno precoce ainda no período sistólico na parede da raiz da aorta, ocorrendo, como consequência, um pico tardio da pressão sistólica com aumento desta, bem como aumento da pressão de pulso e aumento da pós-carga. Como resultado do envelhecimento, além do aumento da pressão sistólica e da pressão de pulso, há diminuição da pressão diastólica. A elevação crônica da pressão de pulso transmitida ao cérebro e ao rim causa dano ao fluxo arterial destes órgãos, levando a encefalopatia vascular e insuficiência renal crônica. Caracteristicamente, há fragmentação e calcificação das fibras elásticas, aumento da deposição de colágeno, deposição amiloide na camada média e migração e proliferação de células vasculares do músculo liso. ➔ Aumento do calibre, do volume e da extensão ➔ Maior espessura e rigidez da parede ➔ Alterações da túnica elástica: desorganização e perda de fibras ➔ Hiperplasia subendotelial: redução e modificações químicas da elastina Alterações estruturais da aorta senil Nathalia Guida Os processos que conduzem as mudanças estruturais e funcionais da matriz celular, associadas à idade na parede arterial, são movidos por um microambiente pró- inflamatório, mediado por fatores mecânicos e humorais. A resposta inicial de nosso organismo ao estresse é moderada por aumento na sinalização adrenérgica. O receptor de sinalização em cascata a jusante resulta em maior ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e sinalização da endotelina, mecanismos para responder ao estresse crônico. É importante ressaltar que as células vasculares endoteliais e células vasculares do músculo liso mudam seus fenótipos para produzir citocinas inflamatórias. Alterações das artérias coronárias não são, em geral, expressivas quando não é considerada a arteriosclerose vascular, podendo ser encontradas, como condição habitual de envelhecimento, perdas de tecidos elásticos e aumento do colágeno acumulando-se em trechos proximais das artérias. Ocorre depósito de lipídios com espessamento da túnica média. É comum a presença de vasos epicárdicos tortuosos, ocorrendo mesmo quando não há diminuição dos ventrículos. No coração, a coronária esquerda altera antes da direita. Alterações diferentes da ateriosclerose; A calcificação da artéria coronária (CAC) resulta em redução na complacência vascular, respostas vasomotoras anormais e perfusão miocárdica diminuída. A extensão da CAC correlaciona-se fortemente ao grau de aterosclerose e a taxa de futuros eventos cardíacos. Sistema nervoso autônomo Há uma grande influencia do SNA sobre o desempenho cardiovascular. Acredita-se que haja uma falha nos receptores beta-adrenérgicos, ocasionada pelo aumento das catecolaminas, principalmente a norepinefrina, que está frequentemente aumentada nos idosos. A magnitude da deficiência beta-adrenérgica associada ao envelhecimento pode ser tão intensa quanto na insuficiência cardíaca. As consequências funcionais da diminuição da influência simpática sobre o coração e vasos do idoso são observadas principalmente durante o exercício; A medida que o idoso envelhece, o aumento do débito cardíaco durante o esforço se obtém com dilatação cardíaca, aumentando o volume sistólico para compensar a resposta atenuada na frequência cardíaca. O efeito vasodilatador dos agonistas beta- adrenérgicos sobre a aorta e os grandes vasos também diminui com a idade, bem como a resposta inotrópica do miocárdio às catecolaminas e a capacidade de resposta dos barorreceptores às mudanças de posição. Função cardiovascular O envelhecimento determina modificações estruturais que levam à diminuição da reserva funcional, limitando o desempenho durante a atividade física, bem como reduzindo a capacidade de tolerância em várias situações de demanda, principalmente nas doenças cardiovasculares. O débito cardíaco pode diminuir em repouso, principalmente durante o esforço, tendo influência importante no envelhecimento pelos determinantes: Nathalia Guida ➔ Diminuição da resposta de elevação da frequência cardíaca ao esforço ou outro estímulo ➔ Diminuição da complacência do ventrículo esquerdo mesmo na ausência de hipertrofia miocárdica, com retardo no relaxamento do ventrículo, com elevação da pressão diastólica dessa cavidade, levando à disfunção diastólica no idoso, que se deve principalmente à dependência da contração atrial para manter o enchimento ventricular e o débito cardíaco. ➔ Diminuição da complacência arterial, com aumento da resistência periférica e consequentemente aumento da pressão sistólica, com aumento da pós-carga dificultando a ejeção ventricular devido ás alterações estruturais na vasculatura. ➔ Diminuição da resposta cronotrópica e inotrópica às catecolaminas. ➔ Diminuição do consumo máximo de oxigênio (VO2 max) pela redução da massa ventricular encontrada no envelhecimento ➔ Diminuição da resposta vascular ao reflexo barorreceptor, com maior suscetibilidade do idoso à hipotensão ➔ Diminuição da atividade de renina plasmática, sendo que nos hipertensos poderemos encontrar níveis de aldosterona plasmática normais, com diminuição da resposta ao peptídeo natriurético atrial, embora a sua concentração plasmática seja aumentada ➔ No idoso teremos a maior prevalência de hipertensão sistólica isolada, mais frequentemente do que a sistodiastólica acima dos 70 anos, maior risco de doenças cardio e cerebrovasculares. Com o envelhecimento o débito cardíaco poderá estar normal ou diminuído, sendo que o coração idoso é competente em repouso, com resposta ao esforço alterada, podendo facilmente entrar em falência quando submetido a maior demanda, como na presença de doenças cardíacas ou sistêmicas. Nathalia Guida
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