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Heterosídeos cardioativos

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Heterosídeos cardioativos 
. Alguns esteroides naturais apresentam 
alta especificidade e potente ação sobre 
o músculo cardíaco. Esses esteroides 
ocorrem na forma de heterosídeos e, 
devido à sua ação farmacológica, são 
chamados de heterosídeos cardioativos 
ou cardiotônicos. 
. Na Antiguidade, vários povos 
utilizavam preparações de diversas 
plantas contendo tais substâncias como 
diurético, emético e tônico cardíaco. 
. Mais de 400 glicosídeos cardioativos 
são conhecidos. No reino vegetal, esses 
metabólitos secundários são restritos às 
angiospermas. A maioria dos gêneros 
concentra-se nas famílias 
Scrophulariaceae (Digitalis), 
Asclepiadaceae (Asclepias) , 
Apocynaceae (Nerium, Strophanthus, 
Thevetia), Liliaceae (=Asphodelaceae) 
(Urginea e Convallaria), Ranunculacae 
(Helleborus e Adonis) e, ainda, em 
Brassicaceae, Celastraceae, Fabaceae, 
Moraceae e Tiliaceae. 
 
. Heterosídeos cardiotônicos com anel 
lactônico de seis membros 
(bufadienolídeos) ocorrem em Liliaceae e 
Ranunculaceae.2 Todos os órgãos dessas 
plantas podem conter heterosídeos 
cardioativos, sendo que, salvo raras 
exceções, os teores totais são inferiores a 
1%. 
BIOSSÍNTESE 
. O precursor da genina esteroidal é o 
esqualeno. Os cardenolídeos são 
resultantes da condensação de um 
derivado da série do pregnano (20-
cetopregnano) funcionalizado (5 β-
pregnan-3,14,21triol-20-ona) e uma 
unidade dicarbonada (acetato, no caso 
dos cardenolídeos) ou tricarbonada 
(propionato, no caso dos 
bufadienolídeos).1%. 
. A estrutura dos heterosídeos 
cardioativos é constituída por moléculas 
de açúcar ligadas à aglicona esteroidal 
por meio da hidroxila β-posicionada em 
C-3. A maioria dos cardenolídeos 
naturais apresenta de 1 a 4 resíduos de 
hexoses, unidos por meio de ligações 
1,4β-glicosídicas, mas também existem 
derivados com cinco moléculas de 
açúcares. 
Quando a glicose está presente, 
encontra-se sempre na porção terminal 
da cadeia. 
. Podem ser classificados em primários 
e secundários. 
Os primários costumam encontrar-se nas 
plantas frescas e apresentam uma 
molécula terminal de glicose, que pode 
ser facilmente eliminada por hidrólise 
durante o procedimento de secagem, 
formando os heterosídeos secundários. 
PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS 
. Os heterosídeos são preferencialmente 
solúveis em água e ligeiramente solúveis 
em etanol e clorofórmio. A polaridade 
da molécula depende da presença ou 
ausência de hidroxilas suplementares, 
que determinam o grau de lipofilia e 
definem a farmacocinética dos 
heterosídeos cardioativos. O anel 
lactônico presente nesses compostos é 
instável, podendo ocorrer sua abertura 
em meio alcalino. 
FARMACOLOGIA 
. Os heterosídeos cardioativos, em 
particular digoxina e lanatosídeo C, são 
utilizados na clínica para o tratamento 
da insuficiência cardíaca (IC) e controle 
da taxa de resposta ventricular em 
pacientes com fibrilação arterial crônica. 
. O lanatosídeo C é usado unicamente 
por via intravenosa. O tratamento com 
digoxina costuma ser associado ao uso 
de diuréticos, inibidores da enzima 
conversora da angiotensina, β-
bloqueadores ou antagonistas de canais 
de cálcio. Os glicosídeos cardioativos 
não são os fármacos de primeira escolha 
para o tratamento dessas condições, e 
sabe-se que eles não alteram a taxa de 
mortalidade. 
. Seu uso clínico vem decaindo em função 
de seu baixo índice terapêutico, 
dificuldade de estabelecimento dos 
níveis plasmáticos e da dose ideal, bem 
como ocorrência de inúmeras interações 
medicamentosas. 
. Porém, esses fármacos ainda são 
reconhecidos por melhorarem a 
qualidade de vida e reduzirem a taxa 
de hospitalização de pacientes com IC. 
São contraindicados nos casos de 
fibrilação ventricular, bloqueio 
atrioventricular e na idiossincrasia aos 
digitálicos 
MECANISMO DE AÇÃO 
. Os heterosídeos cardioativos aumentam 
o débito cardíaco, melhoram o retorno 
venoso e diminuem a resistência à ejeção. 
O débito renal e a diurese aumentam, o 
consumo de oxigênio diminui, e a 
frequência cardíaca é retardada. Esses 
compostos exercem ação inotrópica 
positiva sobre o músculo cardíaco, 
aumentando sua força contrátil. 
. A ação inotrópica deriva de uma 
ligação específica e com alta afinidade 
à subunidade α da enzima Na+ /K+ 
ATPase, que, uma vez ocupada, provoca 
a paralisação da bomba Na+/K+. Tal 
inibição causa aumento dos níveis 
intracelulares de Na+, o que, por sua 
vez, modula a atividade de um 
carreador de membrana envolvido nas 
trocas de íons Ca+2 por íons Na+, 
promovendo uma elevação considerável 
dos níveis intracelulares de Ca+2, por 
influxo ou pela mobilização dos 
reservatórios sarcoplasmáticos. O Ca+2 
nas proximidades das miofibrilas 
interage com a troponina, a qual 
provoca uma alteração conformacional 
na tropomiosina, possibilitando formação 
do complexo actina-miosina, e induzindo 
a contração miocárdica ATP-
dependente. 
FARMACOCINÉTICA 
. A farmacocinética dos cardenolídeos é 
dependente da polaridade das 
moléculas, ou seja, do grau de 
hidroxilação das geninas, e da presença 
e extensão da cadeia lateral de 
açúcares. Em geral, quanto mais 
grupamentos hidroxila houver, mais 
rapidamente se iniciam a ação e a 
subsequente eliminação dos heterosídeos 
pelo organismo. 
. Alguns, como a digitoxina, possuem 
elevada lipossolubilidade, sofrem 
degradação hepática, apresentam 
eliminação lenta e têm duração de efeito 
de até sete dias. Outros, como a 
ouabaína, são hidrossolúveis (a genina 
possui seis hidroxilas), apresentam 
eliminação rápida e a duração do efeito 
é de 12 horas. Os heterosídeos 
cardioativos são eliminados 
majoritariamente pela via renal, 50 a 
70% sob a forma não modificada. 
TOXICIDADE 
. Os heterosídeos cardíacos apresentam 
baixo índice terapêutico, sendo a 
concentração plasmática tóxica apenas 
duas vezes superior à concentração 
terapêutica. As reações adversas podem 
ser cardíacas ou não, mas sempre dose-
relacionadas. Por isso, a dose deve ser 
avaliada para cada paciente. 
apresentam baixo índice terapêutico, 
sendo a concentração plasmática tóxica 
apenas duas vezes superior à 
concentração terapêutica. As reações 
adversas podem ser cardíacas ou não, 
mas sempre dose-relacionadas. Por isso, 
a dose deve ser avaliada para cada 
paciente. 
. A toxicidade também pode ser 
decorrente das inúmeras interações 
medicamentosas que os glicosídeos 
cardíacos apresentam. Entre as mais 
importantes estão aquelas com β-
bloqueadores, pelo fato de causarem 
bradicardia excessiva, e com fármacos 
que alteram o equilíbrio hidreletrolítico, 
como os diuréticos tiazídicos 
. Hypericum perforatum L. (erva-de-são-
joão) reduz as concentrações plasmáticas 
da digoxina. A hiperforina, que é o 
constituinte majoritário dessa planta, 
diminui a absorção intestinal da digoxina 
devido ao aumento da atividade da 
glicoproteína P, que atua como 
transportador desse fármaco. 
PLANTAS 
. Nome científico: Digitalis purpurea L. . 
Sinonímia vulgar: dedaleira 
. Nome científico: Digitalis lanata Ehrh. 
Sinonímia vulgar: digital-de-flor-
amarela 
. Família botânica: Scrophulariaceae 
. Parte utilizada: folhas rapidamente 
dessecadas 
. Composição química de Digitalis 
purpurea L.: as folhas secas contêm, no 
mínimo, 0,3% de heterosídeos 
cardiotônicos. O pó padronizado das 
folhas contém de 0,36 a 0,44% de 
cardenolídeos calculados como 
digitoxina. Entre os numerosos 
heterosídeos encontrados estão 
digitoxina, gitoxina e gitaloxina. 
Composição química de Digitalis lanata 
Ehrh.: as folhas secas podem conter um 
teor superior a 1% de heterosídeos 
cardiotônicos.

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