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BIOQUÍMICA MÉDICA II - PROF. DARLENE CABRAL - 15/02/2017 – TEÓRICA 03 PROTEÍNAS PLASMÁTICAS – PROTEINÚRIA Luiz Fernando Vieira Faria – Medicina XXXIV - Quando se fala em proteínas do sangue, falamos de: Albumina: mais abundante na composição do plasma; proteína globular; regulação do controle osmorregulador do sangue; manutenção da pressão sanguínea. Globulinas: anticorpos; transferrina; ceruloplasmina; lipoproteína Fibrinogênio: coagulação Observação: A albumina também é uma globulina, uma vez que apresenta também forma globular. - No soro sanguíneo, não há proteínas de coagulação. Logo, não tem fibrinogênio. Albumina reduz com doenças hepáticas, doenças renais, processos inflamatórios, problemas genéticos. - A maioria das proteínas do plasma é produzida pelo fígado (logo, podem ser empregados como marcadores hepáticos), exceto imunoglobulinas e hormônios protéicos: Pré-albumina, albumina Fibrinogênio – insuficiência hepática: ↓ fibrinogênio: problemas de coagulação 50% das globulinas Essa síntese é proporcional a degradação do organismo, sendo necessário manter o equilíbrio. As provas de coagulação, tempo de coagulação, atividade de protombina e dosagem de fibrinogênio são alguns exemplos de como avaliar a função hepática. - Há várias proteínas no plasma, sendo que grande parte delas ainda apresentam funções desconhecidas. - A maior parte das proteínas plasmáticas é catalisada no fígado. Síntese ~ catabolismo - Tempo de meia-vida variado: Albumina: 15 a 20 dias – teste chamado frutosamina, na qual é albumina e outras proteínas que irão glicar. Então, dá para verificar a média da glicemia em um período de tempo menor. Hb: 120 dias – o conhecimento desse tempo de meia-vida auxilia o laboratório em uma avaliação de hemoglobina glicada. Dentre as hemoglobinas, podemos citar a HbA1c, que tem muita afinidade por glicose. Todos nós, mesmo que não sejamos diabéticos, temos uma porcentagem de hemoglobina glicada, que é proporcional à média de glicemia. Se a média glicêmica for alta, vai glicar a hemoglobina e ela vai ficar, em média, 120 dias no sangue aumentada. - Funções das proteínas: Homeostasia: Equilíbrio hídrico, oncótico Transporte Defesa contra infecções Coagulação Catalizadores: enzimas Nutrição Armazenamento: Ex: ferritina Estruturais: queratina, colágeno, elastina Proteínas contráteis – actina, miosina Proteínas cromossômicas – histonas básicas, etc Receptores celulares: sistema endócrino, metabolismo de glicídios (insulina) 1. Utilidade clínica das dosagens protéicas: - Hiperproteinemia: aumento de proteínas no sangue Desidratação – apenas por questão de diluição, uma vez que, quando um indivíduo está desidratando, ele perde proteínas, mas perde muito mais líquido do que as moléculas. Então, é uma questão de concentração, já que, caso ocorra hidratação, o indivíduo pode sofrer uma baixa dessas proteínas. o Albumina: situação característica na desidratação, uma vez que há aumento de sua concentração. Do contrário, a albumina está sempre diminuída em qualquer processo inflamatório, doença hepática ou doença perdedora de proteínas. É dito que a albumina é uma proteína de resposta inflamatória negativa, já que reduz seus níveis em qualquer doença inflamatória (até porque ela é uma fonte nutricional). Algumas neoplasias: mieloma múltiplo – albumina diminui, mas se tem aumento das imunoglobulinas e esse saldo total será de aumento das proteínas totais. Macroglobulinemia – tem algumas alterações características de proteínas grandes que aumentam. Doenças autoimunes: artrite reumatóide e LES – terá aumento das globulinas de defesa (anticorpos), as imunoglobulinas, principalmente IgG. Doenças granulamotosas: sarcoidose, leishmaniose visceral – aumento das imunoglobulinas. Quando aumenta as proteínas, geralmente esse aumento é ocasionado pelas imunoglobulinas. A única exceção é macroglobulina, que é uma proteína que está na faixa α2 da eletroforese, e que ela está aumentada devido a doença renal. - Hipoproteinemia: redução de proteínas no sangue o Na gravidez – devido se ter um consumo maior, sendo necessário maior reposição nutricional. o Hiper hidratação – pois irá diluir o Desnutrição grave o Doenças hepáticas o Imobilização prolongada – inanição o Doença renal – perde proteínas na urina o Hipertireodismo – pois os hormônios da tireóide agem no metabolismo. Assim, por ter mais hormônios, acelerará o metabolismo, queimando muito mais carboidratos, lipídeos, proteínas (inclusive as proteínas do sangue) o Síndrome de má absorção. 2. Fracionamento protéico por eletroforese: - Todas proteínas têm carga, porque são formadas por aminoácidos, os quais têm cargas negativa e positiva. - A eletroforese não é teste de rotina de laboratório. Se você quiser solicitar eletroforese, o laboratório irá recolher a amostra e enviará a um laboratório de apoio. - As proteínas têm diferentes cargas, tamanhos e peso (que vai conferir a ela determinada velocidade de separação). - Fundamento: proteínas são anfóteras, formam cátions (+) em solução ácida e ânions (-) em solução alcalina, permanecendo sem movimento num valor intermediário de pH, característico de cada proteína denominado: ponto isoelétrico (PI). - Na eletroforese em pH alcalino, o anfólito fica negativamente ionizado e migra em direção ao anodo (eletrodo positivo) – As partículas caminham na mesma direção e se repelem mutuamente. A imagem acima mostra um aparelho que fica na vertical (há aparelhos que também ficam na horizontal). Então, ele vai ter um polo positivo e um polo negativo. Quanto mais você coloca a amostra nestes compartimentos e vai ligar esse aparelho na corrente elétrica, essa proteína caminhará no meio tem carga elétrica. Supondo que a amostra seja albumina, ela terá cargas negativas e positivas, tendo muito mais cargas negativas que positivas. Logo, ela é uma proteína negativa. Quando ela está no meio, que é um tampão alcalino (pH=8,6). Então, teremos no meio hidroxilas (meio estará negativo). Proteínas em soluções alcalinas vão ficar apenas negativas, uma vez que as cargas positivas serão neutralizadas pelas cargas do meio. Assim, a proteína ficará polarizada apenas negativamente. Ao aplicar a amostra na fita mais próxima do lado negativo, as proteínas serão neutralizadas e ficarão negativas. Como estão no polo negativo e com cargas negativas, elas irão se repelir e irão migrar para o polo positivo. Só que como as proteínas têm cargas diferentes e tamanhos diferentes, elas vão caminhando até atingir um ponto de estabilidade (ponto isoelétrico), onde não haverá atração pelo outro polo, porque já se estabilizou. Nesse ponto, ela para e conseguimos separar as bandas. Posteriormente, coloca-se a fita em um corante, corando-as. - Eletroforese das proteínas séricas: Padrão normal com cinco frações: albumina, alfa-1, alfa-2, beta e gama. Albumina é a proteína mais eletronegativa de todas proteínas do sangue, por isso se aproxima do polo positivo. - Na eletroforese, utiliza-se soro, por isso não se vê fibrinogênio. Caso ele aparecesse, seria visto próximo à faixa gama. - Não utiliza-se o plasma por causa que apareceria uma banda do fibrinogênio e poderia se confundir como aumento de uma das imunoglobulinas, podendo relacionar com uma neoplasia ou doença granulomatosa. a. Pré-albumina (ou transtiretina): - Transportadora de hormônios da tireóide (T4) - Tempo de meia-vida curto – as vezes não aparece sua banda na eletroforese. → difícil dosagem - Origem exclusivamente hepática – seria um excelente marcador hepático, porque, se o fígado melhorou ou piorou, reflete imediatamente na síntese de pré-albumina. b. Albumina: - Peso molecular: 66 kDa (muito pequena)- Vida média: 17 dias - Valor de referência: 3,5 a 5,5 g/dL - Proteinúria como marcador de função renal: Microalbuminúria ( PM albumina ~ 66 KDa) – 30 a 300 mg/24 h ou 20 a 200 ug/minuto Proteinúria Albuminúria (> 300 mg/24h) A albumina também é um marcador de função renal: no glomérulo dos néfrons , ocorre a filtração do plasma. Tem uma arteríola aferente, que se enovela toda, e depois sai. Isso vai gerar uma pressão que vai obrigar a filtrar. O glomérulo é como uma "peneira", tendo pequenos orifícios que deixa passar moléculas de baixo peso molecular (retém substâncias de 60 a 70 kDa, retendo albumina). Logo, pessoas com funções renais adequadas não perdem albumina na urina. Mas quando fazemos muita atividade física ou estressamos, aumenta os batimentos cardíacos e a pressão, levando a perder um pouco de albumina. Isso é chamado de proteinúria fisiológica. Contudo, as membranas das arteríolas que permitem a passagem do plasma para ser filtrado têm proteínas com cargas negativas, assim como a albumina. Então, ao passar por ali, a albumina, que tem baixo peso molecular, tenta sair, mas por causa da carga, ela é repelida. Quando se tem qualquer doença renal, a primeira coisa que acontece é deformar essas proteínas, as quais perdem a propriedade negativa e levam à perda de albumina. Diabéticos: albuminúria – microalbuminúria: exame que detecta uma quantidade acima do normal de albumina sendo perdida pela urina. Início de insuficiência renal. Esse exame é monitor de função renal para diabéticos. - Funções: Manutenção da volemia – por isso, quando o indivíduo tem hipovolemia, aplica-se albumina na veia. 80% da pressão oncótica Transporte Nutrição - Utilidade clínica: Estado nutricional Monitor da função renal glomerular e barreira hematoencefálica Monitor da doença hepática Marcador inflamatório – está diminuída em qualquer processo inflamatório Proteína de reação aguda negativa: ↓ 12 – 36 h Monitor diabético: Frutosamina o Não diabéticos: 1,87 a 2,87 mmol/ - Hiper-albuminúria: desidratação - Hipo-albuminúria: desnutrição, processo inflamatório, doenças hepáticas, doenças renais (perda), doenças crônicas (diabetes, hipertensão), perda gastrointestinal, edema (palpebral), ascite. - Analbuminemia congênita: defeito congênito na síntese de albumina - Bisalbuminemia: albumina com carga um pouco diferente, o que a leva a percorrer duas faixas diferentes. Origem congênita Adquirida o Pancreatite, pseudo-cisto pancreático, antibioticoterapia, intoxicação. → solucionou os problemas, volta ao normal. Indivíduo normal perde, aproximadamente, 10 a 30 mg/24h de albumina c. Globulinas: i. Alfa-1 globulinas: - α-1 antitripsina: Proteínas de resposta inflamatória aguda positiva – assim que há manifestação de um processo inflamatório agudo, elas têm uma resposta de aumento, justamente para proteger o organismo. Função: inibidora de elastase leucocitária (enzima de leucócitos nos tecidos) → protege os tecidos o Por que ela aumenta tanto nas respostas inflamatórias? Porque os leucócitos não têm especificidade quando vão agir, eles vão aumentar sua síntese e irão infaltrar e vão para o local onde está acontecendo a inflamação. Por exemplo, uma pneumonia. Os leucócitos vão para lá, onde, ao chegarem, os leucócitos atacarão os microorganismos que infectaram o pulmão. Ao atacarem, atacam também os tecidos pulmonares, que é muito sensível, vascularizado, mole, afetando o pulmão. Para tanto, a α-1 antitripsina estará misturada junto dos leucócitos no sangue, impedindo que a enzima dos leucócitos não destrua os tecidos. Neoplasias: aumento da α-1 antitripsina Detectada somente em eletroforese de soro fresco → tempo de meia vida curto Deficiência hereditária: o Colestase neonatal; hepatopatia crônica ou cirrose (adultos e crianças). o Doença pulmonar sob a forma de enfisema, bronquite crônica ou bronquectasia (geralmente em adulto). → pesquisa de α-1 antitripsina. Indivíduos que tem deficiência de α-1 antitripsina tendem a desenvolver tais problemas. - α-1 glicoproteína ácida (ou orosomucóide): Existe nas secreções mucosas (pulmão, pâncreas, próstata, fígado, intestino) → aparência viscosa ao muco Função: transporte de hormônios (progesterona) e de droga Aumento: o Processos inflamatórios agudos e crônicos (engrossa as secreções); o Aumenta em artrite reumatóide, LES, neoplasias malígnas; o Inflamações gastointestinais; o Destruição de tecidos; o Diabetes; o Gravidez Utilidade clínica: o Proteína de fase aguda positiva – aparecimento precoce /diminui em 4 dias Observação: Substitui mucoproteínas colorimétrico Metodologia imunométrica: Turbidimetria, Nefelometria - α- fetoproteína: Proteína fetal, mas que também está presente em adultos em quantidades pequenas. Marcador hepático e tumoral: o Hepatite crônica: aumenta até 500 ng/mL o Aumento >500 ng/mL em adultos (sg) CHC – Carcinoma Hepatocelular; Tumores de células germinativas (testículos e ovários); Tumores com metástases para o fígado. Marcador de saúde fetal: o Soro de RN: ↑ fisiologicamente o Gestante (soro materno ou líquido amniótico): ↑defeitos do tubo neural (Espinha bífida), gastrosquisis, anencefalia ↓ Síndrome de Down ii. Alfa-2 globulinas: - α-2 haptoglobina: marcadora de doenças hemolíticas (estarão reduzidas) Função: captação da Hb – não deixa perder Hb na urina Aumento: proteína de reação inflamatória aguda positiva, necrose tecidual Redução: deficiência congênita; doença hepática; síndromes hemolíticas (hemólise intravascular, anemia hemolítica, reações transfusionais, etc); doença hepática; doença renal - α-2 macroglobulina: proteína grande: 725 kDa Função: inibidor de proteinases plasmáticas Aumento: síndrome nefrótica (10x o valor de referência), nefropatia diabética (elevações discretas) → não é perdida devido ao seu grande tamanho.// hipertensão, ácido úrico elevado, índices lipídicos aumentados (fígado aumenta síntese de proteínas que transportam lipídeos), proteinúria maciça (perde aproximadamente 4 g/dL em síndrome nefrótica) Redução: hepatopatia crônica - α-2 ceruloplasmina: origem hepática Principal proteína transportadora de cobre (cofator enzimático de enzimas) Função: o Transporta 95% do Cu sérico (Oxidase cúprica); o Ação oxidase liberação do Ferro da ferritina; neutralizadora de ânions hidroperóxidos Aumento: proteína de fase aguda positiva tardia; processos inflamatórios malígnos; focos de necrose; fisiologicamente na gravidez e uso de anticoncepcional Redução: Doença de Wilson (deposição de Cu nos tecidos); anemias; desnutrição; insuficiência hepática; síndrome nefrótica; enteropatia perdedora de proteínas o Doença de Wilson: Triagem: Redução da Ceruloplasmina Dosar Cobre urinário e sérico (↑) ↑ enzimas hepáticas - AST e ALT< 5 x Limite sérico de referência Anéis de Kayser-Fleischer Diagnóstico molecular é inespecífico – grande número de mutações α-2 ceruloplasmina é uma enzima que libera o ferro que está armazenado na ferritina do músculo. Aí, o ferro liberado será transportado pela transferrina. Então, ela libera o ferro da ferritina, que é levado para medula para ser usado na síntese de grupo heme. iii. Beta-globulinas: - β-1 transferrina (ou siderofilina): segunda proteína a ser pedida na urina → marcador de função renal Função: transporte de íons férricos da ferritina para medula óssea Aumento: deficiência de ferro (anemia ferropríva: para não perder mais ferro, o fígado aumenta a síntese de β-1 transferrina); terceiro trimestre da gravidez Redução: processos inflamatórios agudos e crônicos, malignidade, doença hepática crônica; desnutrição; perdas de proteínas, SN Utilidade clínica: marcador de reaçãoinflamatória negativo; diagnóstico diferencial de anemias e monitoração do tratamento, marcador de função renal. - β lipoproteína: Temos outras lipoproteínas (VLDL, QM, HDL), as quais não são detectadas por esses corantes que usamos. Para detectar elas, seria necessário o uso de outros corantes que tenham afinidade por substâncias polares. Função: transporte de lipídios, lipoproteína de baixa densidade (LDL). Aumento: hipercolesterolemia Observação: Eletroforese de lipoproteínas: Utiliza corante oil red ou Sudan III QM; VLDL; HDL – outras posições eletroforéticas - Complementos – C3 – C4: Está na faixa β São proteínas pequenas que têm ação na resposta imunitárias Aumento: C3 – Beta 2 / C4 – Beta 1: processos inflamatórios agudos; artrite reumatoide Redução: deficiências genéticas e adquiridas; doenças infecciosas; doenças crônicas (hepáticas, LES); doenças glomerulares; síndrome nefrótica; pancreatite. - Fibrinogênio: Proteína de coagulação, tendo que recolher plasma do filtrado para fazer sua dosagem É fator de risco para obstrução: formador de trombos Amostra: – Plasma colhido em citrato trissódico anidro. Síntese hepática. Atua como substrato para a ação de enzima trombina (fator I). Banda situada entre as globulinas beta e gama. É uma das proteínas de fase aguda Utilização na Prática Médica: o Identificar desfibrinogenias (↓ ou ↑) Hipofibrinogenemia, afibrinogenemia e disfibrinogenemia. o Nas doenças hepáticas apresenta níveis reduzidos. o Fator de risco para DAC (Doença Arteriocoronariana) Aumento da viscosidade plasmática e da agregação plaquetária Foan cells - céls espumosas (aterogênese) BIOQUÍMICA MÉDICA II - PROF. DARLENE CABRAL - 22/02/2017 – TEÓRICA 04 PROTEÍNAS PLASMÁTICAS – PROTEINÚRIA - CONTINUAÇÃO Luiz Fernando Vieira Faria – Medicina XXXIV iv. Gama-globulinas: - Valor de referência: 22,8 – 20,2% / 0,7 – 1,5 g/dL - Imunoglobulinas: não são sintetizadas pelo fígado IgG (85%) IgA (12%) IgM (<5%) IgD IgE 3. Padrões de anormalidades protéicas: a. Reação inflamatória aguda: - Proteínas de fase aguda: proteínas que se alteram frente ao início de um processo inflamatório, mas seus níveis voltam ao normal logo após a recuperação → monitoração de patologias. - Resultado do aumento da síntese hepática em decorrência de “agressores” ao organismo. - Aparecem em concentrações elevadas no plasma e/ou no local da lesão tecidual. - São independentes do agente causal: traumas, infecções, queimaduras, infarto. - Algumas estão elevadas em neoplasias e na gravidez → proteínas de resposta inflamatória positiva (fase aguda positiva). - Proteínas de fase aguda negativa: pré-albumina, albumina e transferrina → reduzem nas respostas inflamatórias. A albumina diminui na resposta inflamatória devido, além de ser transportadora, é uma reserva nutricional. Então, existe uma maior demanda dela para determinadas respostas inflamatórias (a febre, por exemplo), diminuindo seus níveis. Aliás, a albumina diminui em qualquer patologia, exceto na desidratação, na qual ela também vai diminuir, mas se perde mais líquido do que proteínas (logo, ela ficará proporcionalmente mais concentrada no sangue, não aumentando!). - É uma resposta inespecífica, pois se essas alterações ocorrerem não se pode dizer se é uma infecção viral, bacteriana, uma cirurgia, um trauma ou qualquer outro processo inflamatório. → marcador laboratorial inespecífico: não tem relação direta e única com aquela patologia. Quando um marcador laboratorial estiver alterado e se alterar única e exclusivamente por causa de uma patologia, dizemos que ele é específico. Por exemplo, um antígeno prostático específico. O próprio nome fala: ele é específico para próstata. Contudo, atualmente ele não é mais considerado específico, pois ele tem sido encontrado aumentando em metástases em mulheres de câncer de mama. No entanto, ele apresenta grande especificidade em hipertrofias e neoplasias da próstata. Há algumas proteínas que são específicas de alguma patologia, podendo dosar apenas ela, não sendo necessário dosar um grupo de proteínas. Observação: Na eletroforese, as proteínas caminham do polo negativo para o polo positivo. Elas ficam negativas em pH alcalino. Então, elas se deslocam e tem uma faixa com as bandas. O aparelho, além de ele dar a fita colorida, ele dará a concentração de cada banda e ele emite em seu laudo um gráfico, mostrando os picos para visualizarmos melhor se houve ou não alguma alteração (emite o padrão normal e o padrão alterado). - São várias as proteínas que se alteram em um processo de fase aguda: ↑ AAGP (alfa-1 glicoproteína ácida); AAT; haptoglobina; Fibrinogênio; Ceruloplasmina; PCR; C3; alfa-1 antitripsina ↓ Albumina e Transferrina → a pré-albumina não foi mencionada aqui devido ter tempo de meia-vida muito curto, já tendo sido degradada no momento da eletroforese. Nessa figura, na parte de baixo é representado o que seria normal. Então, ele mostra uma diminuição da albumina, aumento da faixa α1 e α2. Quando a gente se fala em resposta inflamatória aguda e iniciou o processo inflamatório, daí duas/três horas, as proteínas já estão alteradas. A albumina não será tão rápida assim, demorando um pouco mais, mas α1 e α2 aumentam rapidamente, porque têm proteínas que espeficam (α-1 antitripsina, que é aquela que protege os tecidos moles contra as agressões das enzimas das células de defesa que se infiltram em todos os locais, ocorrendo uma injúria – pneumonia). Fibrinogênio não está representado no gráfico, mas ele caminha entre as faixas β e γ (teria um pico ali), então isso aqui é soro, sendo ele medido separadamente. Acima está representado uma fita normal e outra representando um processo de resposta inflamatória aguda. Percebe-se o aumento das duas bandas, incluindo a β que também está um pouco mais aumentada. A albumina não está tão reduzida, uma vez que ela pode demorar um pouco para diminuir seus níveis, tendo resposta um pouco mais tardia. - Proteína C Reativa (PCR) – está bem no início da zona γ: não é uma gama globulina, mas caminha naquele espaço. Sintetizada no fígado após injúria tecidual em processos inflamatórios e infecciosos. Não tem especificidade para diagnóstico Baixa concentração quando não se tem processo inflamatório Eleva sua concentração no soro em até 100 X seu valor normal o Aumenta em infarto do miocárdio, estresse, trauma e infecções. o Proteína de fase aguda mais sensível que existe entre todas essas. Monitor cirúrgico e reumatológico: o Realizado antes e depois de uma cirurgia → confirmar se não há processo inflamatório → monitor cirúrgico para infecções hospitalares Marcador de risco cardíaco (infarto do miocárdio): o Doenças cardiovasculares são processos inflamatórios da camada íntima das artérias PCR ultrassensível: detecta pequenas variações, acusando aumento do processo inflamatório. → é incerto, uma vez que qualquer resfriado o faz subir Proteína C-reativa (PC-R) e a reação de fase aguda pós-cirúrgica: a concentração da PCR aumenta como parte da resposta de fase aguda ao traumatismo cirúrgico, e o posterior aumento deve ser observado quando a recuperação é complicada por uma infecção. A linha tracejada representa resposta à cirurgia sem complicação. b. Quadro inflamatório crônico: - Ele nada mais é do que aquela resposta aguda que, com o passar do tempo, também vai aumentando a faixa γ. A faixa γ é característica de quadros crônicos → imunoglobulinas, porque aí vai aumentar leucócitos. Paralelamente, terá hemogramas alterados. - Aumento das imunoglobulinas. Para tanto, pede-se exames dealbumina e proteínas totais. A albumina estará ligeiramente diminuída. Neste gráfico, percebemos o aumento da faixa γ, o que a difere do quadro agudo. Observação: Não se pede eletroforese para qualquer doença inflamatória. É um teste que será empregado para doenças características que iremos ver depois. c. Gamopatia policlonal – Cirrose hepática: - Na cirrose hepática, todas as proteínas sintetizadas pelo fígado sofrerão uma queda. Já que as proteínas γ não são sintetizadas pelo fígado, elas aumentam. - ↓↓↓ albumina: sua redução afeta a pressão oncótica e a manutenção da circulação dos líquidos no sangue. - ↓ proteínas da coagulação: o tempo de atividade de protombina estará alargado; o fibrinogênio estará diminuído. Por isso, pacientes com cirrose têm tendência a hemorragias. - ↑↑↑ Gama / Sobreposição da faixa β: não quer dizer que a faixa β aumentou, até porque temos a transferrina que tem carga elétrica negativa. Então, isso se dá por causa das imunoglobulinas terem aumentado tanto que emendaram com a β, a sobrepondo. Ponte Beta-Gama - As imunoglobulinas são sintetizadas pelo sistema retículo-endotelial (medula) e pelos linfócitos. Então, quando se tem resposta infamatória crônica, há o aumento dos linfócitos e da produção dessas proteínas. Aumenta tanto que não há chaperonas e outros elementos de controle de qualidade para liberar essas proteínas de forma adequada. As imunoglobulinas têm as cadeias pesadas e as cadeias leves. Quando elas são produzidas em grande quantidade, elas saem com um "defeito de fábrica", pois não dá tempo de passar pelo controle e surge o que chamamos de clones ("cópias mal feitas"). Assim, elas já saem com algum defeito (de carga, estrutura) que não lhes permitem exercer sua função adequadamente. O organismo entenderá que elas não existem, aumentando mais a produção delas e elas não conseguirão defender o organismo por estarem defeituosas (cargas diferentes e não conseguem ligar no sítio de ativação). Quando se tem o aumento de todas imunoglobulinas, dizemos que é policlonal. - O fato de o paciente estar com cirrose vai obstruir canais hepáticos, havendo regurgitação do líquido, terá extravasamento, alterações no sistema porta-sistêmico. Isso causa uma pressão que pode levar a uma esplenomegalia e o extravasamento do líquido causa ascite. Com a redução de albumina, terá extravasamento de líquido dos vasos para o interstício e gera edema (pode ser generalizado ou não). d. Perdas protéicas: - Possui diversas causas: diabetes, sangramentos etc. - Nestes casos, existe uma diminuição em todas as proteínas, mas a maior alteração se dá na albumina, a qual tem sua diminuição bastante pronunciada. - O mesmo traçado pode ser observado em casos de queimaduras graves. e. Síndrome nefrótica (SN): - Na verdade, não é preciso fazer eletroforese. Pode-se medir as outras proteínas, que lá vai ter a macroglobulina, tendo outras formas de fazer em laboratório. - Principais causas: Infecção, Exposição à drogas, Doença malígna, Diabetes mellitus (a causa mais comum em adultos), Distúrbios hereditários ou doenças que afetam os múltiplos sistemas do corpo incluindo-se lúpus eritematoso, mieloma múltiplo e amiloidose. - Síndrome nefrótica: conjunto de alterações causadas por insuficiência renal. - Então, o rim tem a função de filtrar o plasma, permitindo a passagem de proteínas de baixo molecular, aminoácidos, água, bicarbonato (tampão do sistema sanguíneo), eletrólitos, glicose, uréia, creatinina e outras substâncias solúveis que estão no sangue, frutos do catabolismo, que não servem mais serão filtradas. As substâncias insolúveis passarão por processos de secreção. 80% de tudo aquilo que foi filtrado volta para o sangue (reabsorvido). - A albumina tem peso molecular de, aproximadamente, 66 kDa. A retenção de proteínas na filtração são proteínas entre 60 e 70 kDa. Isso significa que a albumina está nesse intervalo (as pessoas deveriam perder mais albumina). Então, quando se tem alguma doença renal, começamos a perder albumina. A albumina tem carga negativa e as proteínas de membrana do glomérulo também têm carga negativa. Então, existe uma repelência. Quando há doença nefrótica, isso fica comprometido, pois a carga fica comprometida, levando à perda de albumina. Por isso, a albumina é o principal marcador de filtração glomerular (primeira proteína que aparece na urina e que qualquer laboratório pode detectar). - Microalbuminúria: quantidade proteína acima do normal, mas que a tira reativa não detecta. Há a dosagem de albumina em uma urina de tempo marcado para ver se o indivíduo já evoluiu. - Na síndrome nefrótica, começa a perder albumina. Normalmente, perdemos 15 mg/24h de albumina no sangue. Já de proteínas totais, perdemos ± 150 mg/24h na urina. Na síndrome nefrótica, perde-se de proteínas totais mais de 4g/24h Além disso, perde IgG, glicoproteínas, lipídeos. - Características da SN: Hipoproteinemia – quantidade de proteínas no sangue estará reduzida Hipoalbuminemia Edema – está atrelado à perda de albumina, o que gera um problema na pressão oncótica Lipidúria – perda de lipídeos na urina Hiperlipemia Proteinúria maciça: albumina, transferrina, α-1-antitripsina e outras proteínas de baixo PM Explicação da lipidúria e da hiperlipemia: Na SN, perde-se tanta proteína, sendo que a maioria é de origem hepática. O fígado é um "valente", porque toda vez que tem algo que precise dele, ele começa a produzir o que precisa em alta velocidade. Como está perdendo proteínas, ele tenta repor, sintetizando cada vez mais proteínas para a circulação. Só que o rim virou um "ralo", não está retendo mais nada e, então, não adianta o fígado trabalhar tanto para produzir se vai continuar perdendo. Só que a via de síntese de albumina é acoplada à via da síntese de proteínas que transportam lipídeos (lipoproteínas, especialmente VLDL). Aumentando a síntese de albumina (não adianta nada, porque está perdendo muita albumina), aumenta a síntese de lipoproteínas. Com isso, aumenta VLDL, que origina LDL. Apesar de estar perdendo no rim, elas não são perdidas como as demais. Então, a síntese hepática que está acelerada não é específica. Só que as proteínas que são grandes (como é o caso as lipoproteínas) não passarão no rim (passa só um pouco de lipídeo), ficando retidas. Assim, com o aumento das lipoproteínas, haverá aumento de lipídeos na corrente sanguínea. Daí, consequentemente, aumenta outra proteína, a α-2 macroglobulina. Ela aumenta devido não passar no rim, pois seu tamanho é muito grande (10 vezes maior que a albumina). Observação: Normalmente, não sai proteínas na urina. Pode-se perder proteínas na urina caso tenha praticado atividades físicas ou seja hipertenso. Quando orienta-se o paciente antes de colher a urina para testes laboratoriais, pede-se para não fazer exercício físico no dia anterior e colher a urina da manhã, mantendo repouso a noite. 10% da população perde proteínas na urina (proteinúria ortostática), que é comportamental e fisiológica, sendo mais comum em homens. Observação: Há indivíduos com síndrome metabólica que têm que fazerem uso de albumina. Redução acentuada da fração albumina, α-1, β e γ. Aumento da α-2-macroglobulina e de outras proteínas de grande peso molecular (IgM e lipoproteínas) f. Gamopatias: - Redução: hipogamaglobulinemia e agamaglobulinemia Hipogamaglobulinemia: o Fisiológica no recém-nato. o Primárias: Imunodeficiência isolada ou total (G, M, A), em crianças e adultos → "bebê-bolha" o Secundárias: Devido à utilização de corticóides (baixa imunidade), terapia imunossupressora, quimioterapia (geralmente, leva aplasia medular, reduzindo imunidade) ou radioterapia. Leucemia linfocítica crônica, linfomas AIDS, infecções, SN Mielomamúltiplo de cadeias leves: proteinúria de Bence-Jones → vai aparecer na urina uma proteína pequenina que foi descrita pelos pesquisadores Bence e Jones. Essa proteína foi identificada como uma fração das imunoglobulinas. Geralmente, a capa, pois a lambda é mais fácil de ser acoplada à molécula e a capa, que é mais frágil, a imunoglobulina é lançada na circulação incompleta. Quando tem uma produção muito grande de imunoglobulina, as vezes elas não têm tempo de passar em um controle de qualidade e saíram com defeitos, não defendendo o organismo, não agindo como proteína de defesa. O organismo entende que não tem essas imunoglobulinas, o que leva neurotransmissores ativarem a síntese de mais imunoglobulinas, saindo ainda mais com defeitos. Essa proteína é tão pequena que, quando o sangue passa no rim, ela é eliminada na urina. No sangue, ela não é encontrada. Sua triagem na urina é feita a partir do aquecimento da urina até desnaturar, ficando esbranquiçada e, depois de passada a temperatura de desnaturação, ela se dissolve novamente. Se a triagem der positiva, faz-se a eletroforese da urina, identificando a presença aumentada das imunoglonulinas. A proteína de Bence-Jones é anormal, não é reabsorvida devido não apresentar receptores que a reconheça. É uma paraproteína. Agamaglobinemia ou ausência de gama desequilibra a relação albumina/globulinas e evidencia a supremacia quantitativa de albumina. Hipergamaglobulinemia: o Gamapatia policlonal (aumento difuso) Observado principalmente em doenças hepáticas, AIDS ou doenças auto- imunes o Gamopatia oligoclonal o Gamopatia monoclonal (pico monoclonal homogêneo): Paraproteinas ou Proteínas M - classificadas pela imunofixação Doenças neoplásicas Mielona em conjunto com leucemia linfática crônica ou linfoma 70% IgG, Bence Jones, Macroglobulina Doenças não neoplásicas: Amiloidose, D. Waldenströn, doenças reumatóides do colágeno autoimune, crioglobulinemia, sarcoidose, cirrose, tuberculose, LES,