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173Empreendedorismo UNIDADE DE ESTUDO 11 BUSINESS MODEL CANVAS: ESTRUTURA DE CUSTO, PROTOTIPAÇÃO E CENÁRIOS INTRODUÇÃO O último bloco do Canvas a ser construído é a estrutura de custos. A prototipação e os cenários são técnicas que podem ser utilizadas para visualizar de forma mais clara o modelo de negócios e, assim, modificá-lo, avaliá-lo, testá-lo etc. 1 ESTRUTURA DE CUSTOS O último bloco do Business Model Canvas descreve todos os custos do modelo de negócio que são derivados da sua operacionalização. Os custos em um modelo de negócio são oriundos, na sua grande maioria, de todos os itens inseridos como descrição dos blocos de: recursos, atividades e parcerias. Porém, alguns custos podem vir de outros blocos, como o de canais, considerando, por exemplo, a comissão dos vendedores (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). A estrutura de custo deve também, como em todo o restante do modelo de negócio, criar e entregar valor, manter relacionamento com os clientes e gerar receitas, pois praticamente tudo em uma empresa gera custos. Os custos podem e devem ser reduzidos em todas as áreas de uma empresa e, em um modelo de negócio, essa regra não é exceção. O que deve ser levado em consideração na modelagem é o posicionamento-base da empresa, que pode ser orientado em dois extremos: orientação a custos ou orientação a valor. FIGURA 1 – Classes de estrutura de custo FONTE: Osterwalder e Pigneur (2011, adaptado) VALOR Focado na criação de valor. CUSTOS Estrutura de custos enxuta, proposta de valor de baixo preço, máximo de automatização e extensiva terceirização. 174 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte Os custos podem ser calculados de maneira simples, principalmente após a definição dos recursos principais, das atividades-chave e das parcerias principais. Essa estrutura de custo, para a modelagem de negócios, pode ser analisada de acordo com as suas principais características. FIGURA 2 – Características da estrutura de custo ▪ Quais são os principais custos inerentes ao modelo de negócio? ▪ Quais recursos principais são mais caros? ▪ Quais atividades-chave são mais caras? ▪ Quais são os principais custos fixos e variáveis? ▪ É possível diminuir os custos fazendo parcerias? Em um processo de criação do modelo de negócios, um dos blocos mais importantes é o da estrutura de custo, pois, para que o modelo seja plenamente desenvolvido, os custos devem influenciar de forma significativa o direcionamento dos outros blocos. CUSTOS FIXOS Custos que permanecem os mesmos apesar do volume de artigos ou serviços produzidos. Exemplos incluem salários, aluguéis e fábricas. Alguns negócios, como a manufatura, são caracterizados por uma grande proporção de custos fixos. CUSTOS VARIÁVEIS Custos que variam proporcionalmente com o volume de artigos ou serviços produzidos. Alguns negócios, como os festivais de música, são caracterizados por uma grande proporção de custos variáveis. ECONOMIAS DE ESCALA Vantagens de custo da qual um negócio tira proveito na medida em que a demanda aumenta. Grandes empresas, por exemplo, beneficiam-se de taxas menores na compra por atacado. Este e outros fatores fazem o custo médio por unidade se reduzir, na medida em que a demanda aumenta. ECONOMIAS DE ESCOPO Vantagens de custo da qual um negócio tira proveito devido a um maior escopo de operações. Em uma grande empresa, por exemplo, as mesmas atividades de marketing ou canais de distribuição podem dar apoio a múltiplos produtos. CARACTERÍSTICAS DESCRIÇÃO FONTE: Osterwalder e Pigneur (2011, adaptado) Os questionamentos a serem realizados, de acordo com Osterwalder e Pigneur (2011), para a estrutura de custo do modelo de negócio são: 175Empreendedorismo A Importância dos Custos na Modelagem de Negócios Até aqui já pudemos compreender que a escolha em atender uma determinada necessidade de um cliente pode ser encaminhada de diferentes formas, por diferentes modelos de negócios. Essa escolha será pautada na proposta de valor. Assim, para formar uma base para o modelo de negócios e proposta de valor definidos, a estrutura de custo torna-se um componente essencial neste processo. Para entender a questão dos custos como influenciadores na gestão dos modelos de negócios, recorremos à literatura sobre a estratégia e a abordagem de monitoramento de concorrentes. Este modelo trazido e discutido por Thompson Junior e Strickland III (2000) apresenta uma análise dos grupos estratégicos, ou seja, grupos com modelos de negócios similares que competem de forma mais direta, e ainda competem com outros modelos de negócios. Essa análise é realizada por meio de um Mapa de Grupo Estratégico. Para exemplificar o Mapa, usaremos o mercado de fast food. Para fazer este exercício, vamos imaginar marcas de restaurantes ou lanchonetes fictícias desse mercado. Cada marca representa um modelo de negócios. Ainda, exercitando a simulação, vamos considerar que este mercado está situado em uma cidade brasileira que tem uma população heterogênea e que, de forma geral, configura-se em uma população consumidora ativa e que gosta de experimentar novidades em relação ao consumo. Desta forma, vamos considerar uma cidade com o porte da capital paranaense: Curitiba. Os seguintes estabelecimentos que oferecem opções de fast food, cada um à sua maneira, estão descritos a seguir. Importante identificar na descrição quais clientes estes restaurantes atendem, assim fica mais fácil evidenciar a proposta de valor. A) Dog Quente: A Dog Quente, há mais de uma década, oferece aos curitibanos deliciosos lanches. A casa que iniciou seus serviços por meio de carrinhos de lanches tem como especialidade em seu cardápio 8 opções de saborosos cachorros quentes. Atualmente, a Dog Quente está localizada principalmente próximo aos terminais de ônibus, centros comerciais, e em redes de supermercados em bairros periféricos. Com preços acessíveis, é possível saborear um delicioso lanche ao custo de R$ 9,99 com direito a soda limonada. B) Mister M; Gold Burguer e Jake’s: estas são as famosas redes de fast food mundialmente conhecidas. Com alto poder de mídia e marketing, cada uma ao seu estilo, oferecem aos clientes diferentes combinações de lanches, bebidas, promoções, sobremesas e acessórios e brinquedos para crianças. Presenças obrigatórias nos grandes shoppings e centros comerciais da capital. Os serviços são limitados em relação à personalização, visto que a premissa é entregar um lanche em um menor tempo possível. Na realidade, quanto mais os clientes souberem o que vão comer antes de fazer o pedido, melhor é. Afinal, a fila anda, amigo! 176 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte C) Hamburgasso: Esta sim conseguiu revolucionar a forma de saborear um hambúrguer. Com ingredientes selecionados, o Hamburgasso tem uma fazenda onde cultiva seus próprios alimentos orgânicos, os quais são usados em suas próprias cozinhas. O Hamburgasso tem acelerado seu projeto de expansão no Brasil, e já possui pelo menos uma loja em cada estado brasileiro. Somente nas capitais brasileiras, o total de restaurantes chega a 23 unidades. É uma opção com qualidade. A premissa aqui não é o tempo de servir uma refeição, mas sim o prazer em saborear ocasiões especiais. Há rumores de que, em 3 anos, a empresa abrirá capital. Os garçons são educados e treinados. O ambiente é impecavelmente limpo. D) The West: restaurante original da Austrália, ganhou o mundo há três décadas, mas no Brasil seu projeto de expansão iniciou logo após a realização da Copa do Mundo de 2014, sediada aqui no Brasil. Com um mix de produtos elaborados, consegue cruzar paladares de diferentes nacionalidades. Aqui, o serviço é altamente especializado e personalizado. Os clientes são chamados pelos nomes, assim como a identificação dos garçons. Ainda, o The West possui parcerias estabelecidas com as grandes marcas de condimentos como ketchups, mostardas, maioneses,pimentas e outros temperos, as quais constantemente promovem eventos de lançamentos de receitas. Para os amantes de cerveja, o The West tem parcerias com grandes marcas nacionais e internacionais. Também, tem ampliado o portfólio de cervejas artesanais, fazendo parcerias com produtores regionais. E) Salad Express: aqui o cliente consegue montar seu próprio lanche de forma super-rápida. No Salad Express, o estabelecimento não conta com garçons. Na realidade, a estrutura é superenxuta. O autoatendimento prevalece. O restaurante conta, em seu mix, com produtos industrializados. O cliente entra nos estabelecimentos, escolhe suas refeições e bebidas, e tem a opção de embalar para viagem ou comer ali mesmo, em pé, nas mesas disponíveis ao ar-livre. Localizado próximo a regiões com alta concentração de escritórios, universidades e startups. F) Porão do Hamburguer: sabe aquele lugar que você se sente bem? O garçom é daqueles gente boa e o proprietário sempre vem na mesa, bate um papo e entrega uma lembrança aos clientes. Este é o Porão do Hamburguer, extremamente familiar. Está no mercado há 4 gerações e sempre se atualizando. Não é adepto de expansões, por isso, sua única loja tem o que há de melhor nos esforços dos proprietários. Ganhou vários prêmios com o seu hambúrguer chefe, ao longo destas décadas. Aos finais de semana, é aconselhável fazer reservas, pois o local tem capacidade limitada. O preço é justo. O portfólio de bebidas é limitado a marcas nacionais. G) Sheiks: uma grande rede de fast food a preços acessíveis. Voltado ao público C e D, é direcionado a promoções. Conseguem uma grande variedade de lanches, salgados, pratos quentes e frios. A ideia é no volume. Não há grande personalização, mas é uma boa opção para curtir com a família. Comparando com marcas como The West e Hamburgasso, observa-se a desvantagem em relação à qualidade, mas aqui a estratégia é entregar mais produtos por menos custo. Após a descrição dos estabelecimentos, vamos aplicá-los na análise de Grupo Estratégico. O objetivo é refletir sobre quais concorrentes afetam uns aos outros de forma mais direta. Na realidade, todos competem entre si, mas há uma relação direta quando os clientes competem pelo mesmo perfil ou segmento de clientes. Confira as relações identificadas no Mapa do grupo estratégico a seguir. 177Empreendedorismo Preço Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Os eixos são definidos pelas variáveis qualidade e preço e é possível analisar como as marcas de fast food estão dispostas. Podemos perceber que a estrutura de custos do Grupo 1 são totalmente diferentes do Grupo 3. São exemplos de itens definidores da estrutura de custos e que poderão diferir entre esses grupos: treinamento de funcionários, compra de insumos de qualidade, investimentos em marketing e outros. Alguns destes custos pesam mais para um grupo e menos para outros e variam de acordo com as propostas de valores assumidas pelos modelos. GRÁFICO – Mapa do Grupo estratégico da indústria de fast food – Curitiba FONTE: Os autores (2019) Identificadas as diferenças entre os restaurantes fast food evidenciadas no Mapa de Grupo Estratégico, é possível concluir que elas impactam na definição da estrutura de custo de cada estabelecimento. Para exemplificar melhor, vamos tomar como exemplo os restaurantes fictícios como o Salad Express e Hamburgasso. São estratégias diferentes para interagir com os clientes. Como consequência, os custos também são diferentes. O primeiro tem uma estrutura enxuta de pessoal, enquanto o segundo, além de mais profissionais, também investem em treinamento para garantir a qualidade no atendimento. Percebem a diferença quanto ao custo? É neste contexto que pensar na estrutura de custo dentro do quadro Canvas é reflexo do que foi definido como modelo de negócios aliado ao segmento de clientes e proposta de valor. 178 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte 2 OS BENEFÍCIOS EM USAR O CANVAS Existem vários benefícios em utilizar um Canvas, segundo Osterwalder e Pigneur (2011), dos quais se destacam: FONTE: Osterwalder e Pigneur (2011) SE O MODELO DE NEGÓCIO É REPRESENTADO A PARTIR DE UMA LINGUAGEM COMUM, COM O CANVAS É MAIS FÁCIL TRAZER OUTRAS PESSOAS PARA AS DISCUSSÕES E SESSÕES DE BRAINSTORMING. Utilizar uma ferramenta gráfica permite gerar mais iniciativas inovadoras nos modelos de negócio, possibilitando o aumento da criatividade. As metodologias de modelo de design thinking, por si só, já facilitam a criação de soluções inovadoras baseadas nas necessidades e nos desejos dos clientes. A ferramenta Canvas incorpora essa metodologia e, portanto, favorece as mentes criativas dos empreendedores. O EMPREENDEDOR DEVERÁ PENSAR EM TODOS OS DETALHES DO SEU MODELO DE NEGÓCIO, DURANTE TODO O TEMPO. Empreendedores frequentemente tendem a considerar mais uma parte do seu negócio, como marketing ou fonte de receitas, ignorando outros componentes fundamentais, como a estrutura de custos do negócio. Com a ferramenta Canvas, o negócio é sempre representado por inteiro, porque a realidade acontece dessa forma. Apesar de não se tratar de uma regra, todos os componentes devem ser analisados e descritos um por um, participando de todas as etapas de aprendizado da empresa. NECESSIDADE DE COMUNICAR E DESCREVER O MODELO DE NEGÓCIO Tanto os clientes quanto os funcionários, executivos e até mesmo empreendedores concorrentes precisam ter conhecimento de seu modelo de negócio. A ferramenta facilita a comunicação com os demais stakeholders sobre como é a articulação dos diferentes componentes do empreendimento, para gerar discussões criativas sobre novas oportunidades de negócio. 179Empreendedorismo 3 PARTE EXTERNA E INTERNA DO MODELO DE NEGÓCIOS Vamos relembrar as categorias do Business Model Generation e suas respectivas descrições no QUADRO 1, a seguir: QUADRO 1 – Categorias do Business Model Generation CATEGORIAS DESCRIÇÃO Infraestrutura Atividades-chave: as atividades necessárias para se executar um modelo de negócio da empresa. Recursos principais: os recursos necessários para se criar valor ao cliente. Parcerias principais: as alianças de negócios que complementam os outros aspectos do modelo de negócio. Oferta Proposta de valor: os produtos e serviços oferecidos pelo negócio. Citando Osterwalder e Pigneur (2011), uma proposição de valor é uma visão geral dos produtos e serviços que, juntos, representam valor para um segmento de clientes específicos. Descreve a forma como a empresa se diferencia dos seus concorrentes e é a razão pela qual os clientes compram de uma certa empresa e não de outra. Clientes Segmento de cliente: o público-alvo para os produtos e serviços aos clientes. Isso inclui a estratégia de marketing e de distribuição de uma empresa. Canais: o meio pelo qual uma empresa fornece produtos e serviços aos clientes. Isso inclui a estratégia de marketing e de distribuição de uma empresa. Relacionamento com clientes: a empresa estabelece ligações entre si e os seus diferentes segmentos de clientes. O processo de gestão de relacionamento com o cliente é chamado de Customer Relationship Management (CRM). Finanças Estrutura de custos: as consequências monetárias dos meios utilizados no modelo de negócio. Fontes de receita: a forma como a empresa ganha dinheiro através de uma variedade de fluxos de receitas. Rendimentos de uma empresa. FONTE: Osterwalder e Pigneur (2011) Analisando o Canvas do modelo de negócios, de acordo com as quatro categorias propostas por Osterwalder e Pigneur (2011), pode-se olhar o modelo de negócios de duas maneiras diferentes: ▪ Interna: proposta de valor, segmentos de clientes, canais, relacionamento com clientes e fontes de receita. ▪ Externa: proposta de valor, recursos principais, atividades-chave, parcerias principais e estrutura de custo. 180 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte De acordo com Osterwalder e Pigneur (2011), algumas questões devem ser respondidas, quase automaticamente, a partirdo momento em que o Canvas já estiver estruturado, entre elas: Vou fazer o quê? A resposta a essa pergunta atende o preenchimento do bloco: proposta de valor. Para quem vou fazer? A resposta a essa pergunta atende o preenchimento de três blocos: segmentos de clientes, canais e relaciona- mento com clientes. Como vou fazer? A resposta a essa pergunta atende o preenchimento dos blocos recursos, atividades e parceiros principais. Quanto? A resposta a essa pergunta atende o preenchimento do bloco estrutura de custos. FIGURA 3 – Questões para serem respondidas FONTE: Osterwalder e Pigneur (2011, adaptado) O QUÊ? O que vou fazer? Qual é o valor que ofereço? PARA QUEM? Para quem estou fazendo? QUANTO? Quanto vou ganhar? Quanto vou gastar? COMO? Como vou fazer? 181Empreendedorismo Osterwalder e Pigneur (2011) nos dão um novo panorama do Canvas do modelo de negócio, associando essas quatro questões simples ao quadro, complementando finalmente sua visão. COMO? O QUÊ? PARA QUEM? QUANTO? FONTE: https://hostelcwb.wordpress.com Anunciante s Leitores Espaço para anún cio em jornal com grande circulação Gratuidade do jornal Equipe de ven das de anúncios Jornal Metro Avaliação pós-venda Entrega nas ruas/ônibus Atendimento pessoal Distribuição para usuários Anúncios Gratuito Rede de distribuição Marca Produção do jornal Distribuição Parcerias com ônibus para distribuição Fornecedores Mão de obra Matéria-prima Impressão diária Logística Vejamos o exemplo de um Canvas do Jornal Metro: 182 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte Para que o Jornal Metro funcione perfeitamente, ele precisa de parceiros muito importantes. Analise a relação que existe entre a proposta de valor e o tipo de relacionamento com cada segmento de cliente. Na estrutura de custo, o detalhe mais relevante se relaciona diretamente com os materiais e custos da impressão diária. A impressão tem uma relação direta com as fontes de receitas, porque atende aos anunciantes. 4 DESENHANDO O MODELO DE NEGÓCIOS Osterwalder e Pigneur (2011) dão algumas dicas que devem ser levadas em consideração antes do preenchimento do Canvas do modelo de negócio: 5 PROTOTIPAÇÃO A prototipação é uma técnica que pode ser usada nos modelos de negócios e tem como objetivo auxiliar a validação das ideias geradas. O protótipo é a tangibilização de uma ideia, é sair do abstrato para o físico de forma a representar a realidade – mesmo que simplificada – para então fazer validações. Protótipos reduzem as incertezas, pois são uma forma ágil de abandonar alternativas que não são bem recebidas e, portanto, auxiliam na identificação de uma solução final mais adequada. ▪ Mantenha as ideias mutáveis: use papéis coláveis para cada um dos blocos do modelo de negócio, pois as ideias precisarão ser mutáveis. ▪ Desenhe: use palavras e imagens para descrever os blocos de construção do modelo de negócio para melhorar a compreensão do modelo como um todo. ▪ Use cores: aumente a clareza do seu modelo de negócio indicando, por codificação de cores, todos os elementos relacionados a um segmento de cliente específico. ▪ Crie alternativas: não se apaixone por sua primeira ideia; tente esboçar modelos de negócios alternativos para o mesmo produto ou serviço. ▪ Conte uma história: inicie a explicação do modelo de negócio com base em um Canvas em branco, montando a história do modelo de negócios por meio de um papel colável de cada vez. ▪ Aprenda com os mais experientes: mapeie todos os modelos de negócios novos e inovadores que você encontrar, tentando compreender o exemplo, para depois aplicar ao seu modelo. ▪ Faça protótipos: essa prática torna tangível a ideia para questionar, avaliar, modificar e depois decidir. 183Empreendedorismo O processo de prototipação começa com a formulação de questões que necessitam ser respondidas sobre as soluções idealizadas. Depois disso, são criados modelos que viabilizem o teste. Os resultados são analisados e o ciclo pode se repetir várias vezes até se chegar a uma solução final que seja interessante e atenda às necessidades do usuário e do negócio da empresa. Quanto mais testes forem realizados e mais cedo se iniciar o processo, maiores serão o aprendizado e as chances de sucesso. Prototipações, portanto, são simulações que antecipam problemas, testam hipóteses e exemplificam ideias de modo a trazê-las à realidade para abrir discussões. Os protótipos variam muito em função do segmento de atuação da empresa e do tipo de solução que deve ser avaliada. Segundo Osterwalder e Pigneur (2011), a prototipagem é útil para o desenvolvimento de modelos de negócios inovadores, pois torna tangíveis conceitos abstratos e facilita novas ideias. É uma ferramenta que auxilia a explorar diferentes direções nas quais se possa levar o modelo de negócios. Pode ser usada para fazer questionamentos, por exemplo: O protótipo pode ser tanto de interface gráfica, como, por exemplo, telas de aplicativos para celular, de um produto, de um caixa eletrônico de banco ou de um serviço simulando a experiência de compra de passagem aérea de um cliente classe C/D (VIANNA et al., 2012). É possível adicionar outro segmento de clientes? Quais as consequências de reduzir um recurso caro? E se for concedido algo grátis para o cliente, como deve ser reestruturada a fonte de receita? 184 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte O questionamento deve ser uma busca para novas soluções. Depois de um intenso questionamento, pode-se pegar um protótipo, refinar e executar. De acordo com Vianna et al. (2012), existem vários tipos de protótipos, entre eles: PROTÓTIPOS DE PAPEL São representações de interfaces gráficas com diferentes níveis de fidelidade, que podem ser desenhadas à mão em pequenos pedaços de papel, para representar esquematicamente, por exemplo, desde telas de um aplicativo de celular, até a embalagem de um produto com detalhes de texto e cores. PROTÓTIPOS MODELO DE VOLUME São representações de um produto que pode variar aos níveis de fidelidade. Desde baixa, com poucos detalhes, até alta, com a aparência do produto final, que pode apresentar textura e detalhes (como botões deslizantes), mas ainda não funcional. ENCENAÇÕES São simulações, feitas de improviso, de uma situação, que pode representar desde a interação de uma pessoa com uma máquina até um simples diálogo entre pessoas para encenar aspectos de um serviço. STORYBOARDS São representações visuais de uma história por meio de quadros estáticos, com desenhos, colagens, fotos etc. PROTÓTIPOS DE SERVIÇOS São simulações de artefatos materiais, ambientes ou relações interpessoais que representem os aspectos de um serviço, de maneira a envolver o usuário e simular a solução de um problema. É possível também fazer diferentes protótipos de modelos de negócios para discussão e posterior escolha. Assim como os protótipos, os cenários também são ferramentas usadas para tornar o abstrato em concreto. 185Empreendedorismo CONCLUSÃO 6 CENÁRIOS Os cenários podem ser úteis para conduzir o design de um modelo de negócios ou também inovar modelos já existentes. Segundo Osterwalder e Pigneur (2011), existem dois tipos de cenários que podem ser usados: QUADRO 2 – Tipos de cenários para conduzir o design DESCREVE DIFERENTES TIPOS DE CLIENTES E SE BASEIAM NOS INSIGHTS DESTES: DESCREVE AMBIENTES FUTUROS ONDE OS MODELOS DE NEGÓCIOS PODEM COMPETIR: ▪ Como os produtos ou serviços são utilizados? ▪ Quem os utiliza? ▪ Quais são suas preocupações? ▪ Quais são seus objetivos? ▪ Quais são seus desejos? ▪ É possível imaginar ambientes futuros. FONTE: Osterwalder e Pigneur (2011) Aplicar estas técnicas na inovação de modelos auxilia empreendedores a fazer reflexões sobre os modelos de negócios mais apropriados para cada ambiente futuro. As mudanças ambientais que ocorrem são na grande maioria das vezes imprevisíveis, mas existem algumastécnicas que podem ser utilizadas para visões consistentes futuras, momento em que se destaca o estudo de cenários. Os cenários devem ser baseados em um conjunto de suposições (não de previsões) possíveis a respeito das incertezas importantes que podem influenciar uma organização. Um conjunto de cenários (não o mais provável) deve ser escolhido para a reflexão e para projetar estratégias competitivas (PORTER, 1989). Segundo Osterwalder e Pigneur (2011), para desenvolver os cenários futuros de novos modelos de negócios, deve-se: ▪ desenvolver um conjunto de cenários futuros com base em dois ou mais critérios principais; ▪ descrever cada cenário com uma história que aponte os elementos principais do cenário; ▪ desenvolver um ou mais modelos de negócios apropriados para cada cenário. Os cenários são ferramentas importantes para ajudar uma organização a se preparar para o futuro. Nesta Unidade, vimos o último bloco da modelagem de negócio: a estrutura de custo, que deve ser escolhida já no início das análises, ou seja, deve-se decidir nesse momento se a empresa será orientada pelos custos ou pautada por valores. Vimos também as técnicas de prototipação e cenários que podem ser usadas no modelo de negócios. 186 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte REFERÊNCIAS BENITO, Ana Katia; CARVALHO, Marcelo. Business Model Canvas: novos olhares para uma empresa inovadora. FaSCi-Tech, São Caetano do Sul, v. 1, n. 11, p. 42-54, out. 2016. Disponível em: <https://www.fatecsaocaetano. edu.br/fascitech/index.php/fascitech/article/download/105/104+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 10 abr. 2018. DORNELAS, José C.; TIMMONS, Jeffry A.; SPINELLI, Stephen. Criação de novos negócios: empreendedorismo para o século 21. São Paulo: Elsevier, 2010. JACOSKI, Claudio Alcides et al. Estruturação do Modelo de Negócios Canvas para Setores da Construção de Edifícios. Revista de Engenharia Civil IMED, Passo Fundo, v. 2, n. 1, p. 17-28, jan./abr. 2015. Disponível em: <https://seer.imed.edu.br/index.php/revistaec/article/view/779/582>. Acesso em: 10 abr. 2018. OSTERWALDER, Alexander; PIGNEUR, Yves. Business model generation: inovação em modelos de negócios. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011. PORTER, Michael E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Elsevier, 1989. SEBRAE. O quadro de modelo de negócios: um caminho para criar, recriar e inovar em modelos de negócios. Disponível em: <https://www.sebraecanvas.com.br/downloads/cartilha_canvas.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2018. THOMPSON Jr, Arthur A; Strickland III, A. J; Planejamento Estratégico: Elaboração, Implementação e Execução. Editora Thomson/Pioneira, 2000. VIANNA, Maurício et al. Design thinking: inovação em negócios. Rio de Janeiro: MJV Press, 2012.
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