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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – DOM ALBERTO INOVAÇÃO EM MODELOS DE NEGÓCIO RIO GRANDE DO SUL 2 SUMÁRIO 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA INOVAÇÃO EM MODELOS DE NEGÓCIOS ........................................................................................................ 3 1.1. Evolução do conceito de modelo de negócios ............................................. 3 1.1 Definição de negócios............................................................................... 5 1.2 Definição de modelo de negócios .............................................................. 6 1.3 Diferença entre Modelo de Negócios e Plano de Negócios ........................ 11 2 CRIAÇÃO DO MODELO DE NEGÓCIOS ..................................... 15 2.1 Segmentos de Clientes ........................................................................... 18 2.2 Proposta de Valor ................................................................................. 20 2.3 Canais .................................................................................................. 23 2.4 Relacionamento com Clientes ................................................................ 25 2.5 Fontes de Receita .................................................................................. 27 2.6 Recursos principais ............................................................................... 31 2.7 Atividades-chave ................................................................................... 33 2.8 Parcerias Principais .............................................................................. 35 2.9 Estrutura de Custos .............................................................................. 37 3 DESIGN DE MODELO DE NEGÓCIOS ......................................... 40 3.1 Técnicas de criação do design de modelos de negócios ............................. 41 3.2 Processo de Design do Modelo de Negócios ............................................. 50 4 REINTERPRETAÇÃO DA ESTRATÉGIAS DE MODELOS DE NEGÓCIOS ...................................................................................................... 51 4.1 Análise do Ambiente de Modelo de Negócios .......................................... 51 4.2 Avaliação dos Modelos de Negócio ......................................................... 53 4.3 Gerenciamento dos Modelos de Negócio ................................................. 54 BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 57 3 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA INOVAÇÃO EM MODELOS DE NEGÓCIOS 1.1. Evolução do conceito de modelo de negócios A administração foi impulsionada a partir do início do século XX, com a Revolução Industrial, que passou a ser vista e tratada de forma científica, ou seja, Administração como Ciência. A Revolução industrial causou inúmeras mudanças no que concerne ao modelo de produção seguido à época, consequentemente, impactou a maneira de administrar e gerir os recursos das organizações, quanto aos aspectos de otimização, utilização e alcance de resultados, que direcionou ao novo pensar quanto ao desempenho das empresas, com a aplicação de métodos científicos com foco na melhoria contínua. No princípio do século XX, os engenheiros Frederick Winslow Taylor e Henry Fayol desenvolveram, de forma individual, os primeiros trabalhos a respeito da ciência da administração. O americano Frederick Winslow Taylor, em seus estudos contemporâneos, destacou a adoção de métodos racionais, padronizados e máxima divisão de tarefas no trabalho, que ocasionou um aumento na produção por meio da adoção de racionalização do trabalho operário, considerando das partes para o todo, baseado na aplicação dos métodos científicos aos problemas da administração, que teve como principais ensaios a observação e mensuração, gerando assim, a Escola da Administração Científica. Taylor, por sua vez desenvolveu o “Sistema de Administração Científica”, que tinha como princípio provocar uma certa revolução mental por parte dos empregados e empregadores, que consistia na prática, o abandono da luta pela repartição do produto do trabalho para a coordenação de esforços, que proporcionasse a ampliação nos lucros, que ficou conhecido como o estudo dos “tempos e movimentos”. Quanto ao europeu Henry Fayol, este impulsionou o desenvolvimento da Teoria Clássica da Administração, que destacava como as arquiteturas organizacionais deveriam ter para ser eficientes, de cima para baixo. Fayol 4 conferiu aos subordinados uma capacidade técnica, utilizando-se do que ele denominou de cinco princípios básicos da administração: planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar (POCCC), que posteriormente sofreram alterações e foram condensadas. Na Teoria Neoclássica da Administração, um dos maiores autores dessa vertente teórica, o autor Peter Drucker, com os estudos e abordagens que se fizeram presentes na década de 50. As teorias, estudos, ideias e pensamentos desta abordagem, pode ser resumida nos seguintes pontos: foco na prática da administração; reafirmação das proposições clássicas; foco nos princípios gerais de gestão; e foco nos objetivos e resultados. Peter Drucker, seguindo o modelo Toyotista, defendia que o foco das organizações é o cliente, não o produto. Atualmente estas definições são as que habitam nos padrões do mercado, todavia, para o contexto da sua época, essa ideia era revolucionária. O cliente deve ser o objetivo da organização, o foco de todas as suas atenções. Na era da globalização, transformação digital, do foco do cliente, dentre outros princípios de gestão e governança, torna-se relevante que administração como ciência incorpore novos conceitos, diretrizes, princípios e disciplinas para atuar em meio as expressivas mudanças no mundo corporativo, considerando a velocidade das transformações em todas as áreas do conhecimento: ciência, educação, arte, inovação, tecnologia etc., vêm impactando substancialmente o mundo e os modelos de negócios. O termo “modelo de negócios” foi usado sem um consenso na sua definição, por muitos anos e autores que mencionavam sem explicitar o que exatamente expressava. Os visionários, inovadores e revolucionários Alexander Osterwalder e Yves Pigneur (2010), a partir de seus estudos e pesquisas, identificaram a necessidade de criar algo que incentivasse a inovação, a prototipação e a cocriação (criação colaborativa), pois perceberam que definir o termo “modelo de negócios”, não seria suficiente. 5 Em 2010, Alexander Osterwalder e Yves Pigneur, editaram o livro “Business Model Generation”, que na publicação em português no Brasil, foi mantida o título em inglês, com o subtítulo “Inovação em Modelos de Negócios”, com a cocriação de um incrível grupo de 470 profissionais de 45 países. Com esta publicação, Osterwalder e Yves Pigneur, utilizando-se de conceitos de “design thinking”, emplacaram a iniciativa visionária, inovadora e revolucionária, bem recebida pelos empreendedores, que trata da síntese de funções de empresa em um único quadro, na qual estimulou uma nova geração de empreendedores e empresas com pensamentos de novos negócios ou novos produtos e serviços. 1.1 Definição de negócios O termo negócio provém do latim “negotĭum”, que é um vocábulo formado por nec e otium (aquilo que não é lazer). Literalmente trata-se da ocupação, da atividade ou do trabalho que se realiza com fins lucrativos, ou seja, uma transação comercial. Segundo Maximiano (2005), negócio de uma organização é a definição de quais produtos e serviços a organização pretende fornecer, para quais mercados e quais clientes. Afirma, ainda, que o moderno pensamento estratégico trabalha com a ideia que a missão de uma organização que define o papel que esta desempenha para seusclientes e partes interessadas. Segundo o Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio Corpo Comum de Conhecimento (CBOK, 2013), entende-se por negócio: O termo "negócio", conforme utilizado no BPM CBOK, refere-se a pessoas que interagem para executar um conjunto de atividades de entrega de valor para os clientes e gerar retorno às partes interessadas. Negócio abrange todos os tipos de organizações com ou sem fins lucrativos, públicas ou privadas, de qualquer porte e segmento de negócio. (CBOK, 2013) Afirma Bateman (1998), que o primeiro passo no planejamento estratégico é a determinação da visão, que ele chama da razão básica da existência de uma organização. A finalidade de um negócio, a partir da teoria econômica vigente, quanto a missão de uma empresa, o comportamento empresarial e a http://www.dicionarioinformal.com.br/transa%C3%A7%C3%A3o%20comercial/ 6 maximização dos lucros, tratam da forma complicada de formular a velha máxima de comprar barato e vender caro, expressam como os negócios se faziam no passado. Sob esta análise de definição de negócio, diz muito pouco a respeito de como é que os negócios funcionam ou deveriam funcionar, ou ainda, como de definem. Pode-se afirmar que qualquer negócio é um sistema, que combina vários elementos, interconectados, de forma a constituir um todo organizado, considerando que o negócio é constituído por várias partes ou funções e necessita de todas elas para ser bem-sucedido. 1.2 Definição de modelo de negócios Um modelo de negócio é o planejamento (planificação) realizado pelas empresas, quanto aos rendimentos e benefícios que esta tenta obter. É preciso estabelecer no modelo de negócio as regras para: atrair clientes; definir as ofertas de produto e serviços; implementar estratégias publicitarias; dentre muitas outras questões associadas à configuração dos recursos da empresa. Um modelo é uma descrição de um sistema (negócio), que pode ser feita de forma linear, com textos e número, ou de forma visual, como um desenho, um boneco, um gráfico. Para Alexander Osterwalder (2010): “Um Modelo de Negócios descreve a lógica de criação, entrega e captura de valor por parte de uma organização”. Nesse contexto, o modelo de negócios é a possibilidade de visualizar a descrição do negócio, das partes que o compõem, de forma que a ideia sobre o negócio seja compreendida por quem lê da forma como pretendia o dono do modelo. Um modelo de negócios deve permitir que todo o negócio da empresa seja visualizado em uma única página, sem precisar percorrer um documento página após página para compreender as diferentes estratégias de negócio 7 definidas, permitindo, ainda, que se visualize o “encaixe estratégico” que existe entre diferentes áreas organizacionais e que a prototipação de novos negócios seja analisada rapidamente e em várias versões diferentes. Alexander Osterwalder (2010) aproveitou a tendência de cocriação das redes sociais, criou engajamento ao redor de uma nova teoria de administração e envolveu consultores e empresários renomados do mercado, com objetivo de fazerem parte e serem donos da teoria, na construção do Business Model Canvas (Quadro do Modelo de Negócios). A “Inovação do Modelo de Negócios raramente acontece por coincidência”, Alexander Osterwalder (2010). Ressalta, ainda, que não é domínio exclusivo dos gênios criativos, inovadores, inventores etc., mas algo que pode ser gerenciado, estruturado em processos e utilizado para alavancar o potencial criativo de toda uma organização. O grande desafio na elaboração do Modelo de Negócios, reside na inovação desse modelo, para que não continue confuso e imprevisível, apesar de se tratar de um processo que precisa ser melhor estruturado e implementado. Inovar em modelos de negócio exige habilidade para lidar com ambiguidades e incertezas até que uma boa solução surja. É imprescindível o envolvimento dos participantes que devem estar dispostos a investir energia e tempo significativos para explorar as muitas possibilidades, contudo, com calma para identificar e adotar uma solução, que garantirá o crescimento futuro da empresa. 8 Fonte: Adaptado de Chesbrough, 2003 e Wikipédia, 2009. A distinção é especialmente aplicável à inovação de Modelos de Negócios, pode-se descrever: Você pode analisar o quanto quiser e, ainda assim, fracassar em desenvolver um modelo satisfatório. O mundo está tão cheio de ambiguidades e incertezas que a Atitude de Design, de explorar e prototipar múltiplas possibilidades, provavelmente levará a um poderoso novo Modelo de Negócios. Tal exploração envolve saltos confusos e oportunos, para frente e para trás, entre pesquisas de mercado, análises, prototipagem de Modelos de Negócios, e geração de ideias. A Atitude de Design é muito menos linear e incerta que a Atitude de Decisão, que se concentra na análise, na decisão e na otimização. Ainda assim, uma busca proposital por modelos de crescimento novos e competitivos exige um método de design. (Alexander Osterwalder, 2010) Damien Newman expressou de maneira eloquente, a Atitude de Design em uma imagem que ele chama de "O Emaranhado do Design", na qual incorpora as características do processo: incerteza na saída, bagunçado e oportunista, até se concentrar em um único ponto de clareza uma vez 9 amadurecido. Esta proposta ilustra as características do processo em que se deve embarcar as organizações, deixando claro para todos, que poderá ser incerto no início, mas, no final, concentraria em um único ponto de clareza. Fonte: Damien Newman Para Alexander Osterwalder (2010), “O Modelo de Negócios é um esquema para a estratégia ser implementada através das estruturas organizacionais dos processos e sistemas”. Considera, ainda, o autor Alexander, que há três tipos de negócio: O conceito de corporação "desagregada" declara que há três tipos fundamentalmente diferentes de negócios: negócios de relacionamento com os clientes, negócios de inovação de produto e negócios de infraestrutura. Cada tipo tem seus imperativos econômicos, competitivos e culturais. Os três podem coexistir dentro de uma única corporação, mas, idealmente, são "desagregados" em entidades separadas para evitar conflitos e compensações indesejadas. (Alexander Osterwalder, 2010) 10 Fonte: Alexander Osterwalder, 2010. O principal ponto de partida para qualquer discussão, deve valer-se de reuniões, oficinas ou workshop de inovação com foco no modelo de negócios que precisa ser compreendido e compartilhado, para alcançar o que realmente é um Modelo de Negócios. O conceito de Modelo de Negócios precisa ser compreendido por todos, de forma que seja, de fácil descrição e facilite a discussão, que seja conceitualmente simples, relevante e intuitivamente compreensível, ao mesmo tempo em que não simplifique demais a complexidade do funcionamento de uma empresa. 11 Fonte: Hagel e Singer, 1999 O Modelo de Negócios pode ser uma única estratégia ou um conjunto de estratégias simples ou complexa. Neste contexto, o que realmente importa, desde que, seja uma estratégia permanente e com ciclos contínuos bem definidos e parte integrante do funcionamento das empresas. As estratégias temporárias, não diz respeito ao seu modelo de negócio. Portanto, as empresas podem adotar inúmeros modelos de negócios ao mesmo tempo e inovar ao organizar a melhor combinação de estratégias dentro do seu segmento, estabelecendo estratégias de negócios disruptivas, que nascem e dominam os mercados. 1.3 Diferença entre Modelo de Negócios e Plano de Negócios Um Plano de Negócio é um documento essencialmente textual, aparentemente composto entre 30 e 50 páginas, dependendo do negócio, que se baseia num modelo descritivo bastante formal. Nos últimos anos, o plano de 12 negócio dominou o mercado, enquanto isso, ferramentasmais robustas para criação de novas empresas e do desenho de estratégia empresarial, alcançaram rapidamente o contexto do plano de negócio. O Modelo de Negócios é a ferramenta visual, que evita excesso de informações textuais, pois foca em um quadro que pode ser visualizado em uma única folha de papel, com a ampla possibilidade de construir ideias ou estratégias, ainda em fase embrionária, sejam prototipadas e avaliadas mais facilmente por diferentes pessoas. Não é à toa que o Modelo de Negócio, mais especificamente o Business Model Canvas, tenha conquistado boa parte do mercado antes dominado pelo Plano de Negócios. Um estudo recente, levantou-se 193 posts dos principais motivos pelos quais startups morrem. Esses posts foram escritos pelas próprias empresas ou por seus fundadores listando o que levaram seu startup ao fracasso. O principal motivo de fracasso deu-se pelo fato de não haver estabelecido um modelo de negócio sustentável, ou seja, criou-se um modelo de negócio inviável. Fonte: Quartz, 2016 13 No livro The New New Thing (2000), o autor Michael Lewis define modelo de negócio como “um termo da arte”. E como expressa a arte em si, uma estruturação de imagens e coisas que muitas pessoas dizem saber do que se trata, mas não sabem definir muito bem o que está pintura que dizer. O autor do famoso artigo da Harvard Business Review conhecido como “Porque Modelos de Negócios são Importantes”, Joan Magretta, diz que um Modelo de Negócio trata de uma história que empresas e empreendedores contam. Tanto Michael Lewis e Joan Magretta, deixam claro que um modelo é fruto de inspiração, criatividade e inovação. Porém, neste contexto, como o lado direito do cérebro está sujeito a muita subjetividade e má interpretação, precisa- se ter cautela em sua construção colaborativa do modelo de negócio. Quanto ao Plano de Negócios (do inglês Business Plan), também conhecido como "Plano Empresarial", é um documento que especifica, em linguagem escrita, um negócio que se quer iniciar ou que já está iniciado, que reúne informações tabulares e escritas de como o negócio é ou deverá ser. Em regra, é escrito pelos empreendedores, quando há intenção de se iniciar um negócio ou melhorá-lo, que por sua vez, também é utilizado como ferramenta de marketing interno e de gestão, em outras palavras, pode ser uma representação do modelo de negócios a ser seguido. Em outras palavras, o plano de negócio é um documento vivo, que deve ser constantemente atualizado para que seja útil, um processo dinâmico, sistémico, participativo e contínuo para a determinação dos objetivos, estratégias e iniciativas da organização, na consecução dos objetivos dos empreendedores e de seus sócios. Com isso, torna-se um instrumento relevante para lidar com as mudanças do meio ambiente interno e externo e para contribuir para o sucesso das organizações. A elaboração do Modelo de Negócios precede a elaboração do Plano de Negócios. É por meio da análise e reflexão sobre o modelo de negócios que será possível perceber se a ideia original terá validade, se todas as partes se encaixam formando verdadeiramente um sistema. O diferencial dos Modelos de Negócios considera mecanismos essências como: pensamento visual; https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesa 14 visão sistêmica; cocriação; e simplicidade e aplicabilidade. Alexander Osterwalder (2010), explicita a importância do plano de negócio: O propósito de um Plano de Negócios é descrever e comunicar um projeto com ou sem fins lucrativos e como pode ser implementado, seja dentro ou fora de uma organização. A motivação de um plano de negócios pode ser "vender" um projeto, seja para potenciais investidores ou para investidores internos. Um plano de negócios também pode servir como guia de implementação. De fato, o trabalho que você teve projetando e pensando seu próprio Modelo de Negócios é a base perfeita para escrever um robusto Plano de Negócios. (Alexander Osterwalder, 2010) Sugere, ainda, Alexander Osterwalder (2010), uma estrutura com os seguintes itens para um Plano de Negócio: Sumário executivo; Equipe; Modelo de Negócios; Análise Financeira; Ambiente Externo; Plano de Implementação; Análise de Risco; (Conclusão); e Anexos. Nos contextos apresentados de Modelo de Negócios e Plano de Negócios, pode-se definir que, o modelo de negócios descreve a lógica de criação do negócio, quer dizer, mostra que o raciocínio e a interconexão das partes fazem sentido, com a exploração de questão que tratam da entrega e captura de valor. Já o Plano de Negócios, conceitualmente, descreve a forma como o negócio será construído, por meio de projetos, etapas, prazos, planilhas de custos, receitas etc. Todas as alterações dos Modelos de Negócios impactam 15 diretamente o Plano de Negócios, representando uma conexão entre as duas ferramentas que devem se manter vivas e interligadas. 2 CRIAÇÃO DO MODELO DE NEGÓCIOS Os nove componentes de um Modelo de Negócios formam a base para uma ferramenta útil, também conhecida como Business Model Canvas. À primeira vista o Business Model Canvas parece um simples diagrama. A facilidade de análise que ele traz só passa a ser realmente compreendida à medida que começarmos a visualizar exemplos e a utilizá-lo em nosso dia-a-dia. O Business Model Canvas, atualmente, é a ferramenta que auxilia e facilita a visualização do futuro negócio das empresas, bem como descreve, analisa e projeta os modelos de negócios. Compara-se a uma tela de pintura, mas pré-formatada com nove componentes, que permite criar imagens de Modelos de Negócios novos ou já existentes. Acreditamos que um Modelo de Negócios pode ser melhor descrito com nove componentes básicos, que mostram a lógica de como uma organização pretende gerar valores nove componentes cobrem as quatro áreas principais de um negócio: clientes, oferta, infraestrutura e viabilidade financeira. O Modelo de Negócios é um esquema para a estratégia ser implementada através das estruturas organizacionais dos processos e sistemas. (Alexander Osterwalder, 2010) O Quadro de Modelo de Negócios é um espaço livre para imaginar o futuro negócio, com criatividade e cocriação, permitindo-se pensar inovações que possam criar uma “Proposta de Valor” única. O Quadro de Modelo de Negócios é, ao mesmo tempo, simples para ser entendido por todos, e ao mesmo tempo completo, para permitir uma visualização geral do negócio, facilitando o entendimento das necessidades do futuro plano de negócios. Foi considerando estes motivos que o Business Model Canvas, criado por Alexander Osterwalder e Yves Pigneur (2010), se tornou a maior referência quando se trata de Modelo de Negócios. O próprio termo “canvas” que, em português, significa “tela ou quadro” faz uma excelente referência ao mencionado anteriormente. 16 Porém, ao adotar os nove componentes e organizar a tela, o Business Model Canvas trouxe para equação, as características do lado analítico do cérebro, mais científico e objetivo: lado esquerdo do quadro (eficiência) e o lado direito do quadro (valor). Fonte: arts-sciences.buffalo.edu O Business Model Canvas (Quadro de Modelo de Negócios) à primeira vista aparentemente assemelha-se a um simples diagrama, pois traz facilidades de análise que passa a ser verdadeiramente compreendida, quando se inicia com a visualização de exemplos e com a utilização no dia-a-dia nas empresas. Esta forma de criação do modelo de negócios permite que todo o negócio da empresa seja figurado em uma única página. 17 Fonte: Alexander Osterwalder, 2010. A representação detalhada do Business Model Canvas (Quadro de Modelo de Negócios) será discutida e orientada passo a passo, a partir da figura baixo. 18 2.1 Segmentos de Clientes A primeira etapa de preenchimentodo Business Model Canvas (Quadro de Modelo de Negócios) é o componente “Segmento de Clientes”. Toda organização serve a um ou diversos segmentos de clientes. Para Alexander Osterwalder: O componente Segmentos de Clientes define os diferentes grupos de pessoas ou organizações que uma empresa busca alcançar e servir. Os clientes são o âmago de qualquer Modelo de Negócios. Sem clientes, nenhuma empresa pode sobreviver por muito tempo. (Alexander Osterwalder, 2010) Precisa-se destacar dois aspectos importantes que justificam isso, segundo Daniel Pereira (2017): A palavra “segmento” possui implícita que se trata da escolha de uma fatia do mercado. Em outras palavras, é necessário que você defina um nicho de clientes. A famosa afirmativa “quem vende para todo mundo, não vende para ninguém” é levada a sério no Business Model Canvas. Um negócio deve ser desenvolvido a partir da perspectiva do cliente. Percebeu que o bonequinho olha para o canvas? Pois é, de 19 nada adianta ter uma boa ideia se você não enxerga por meio dos olhos de quem vai pagar pelo produto/serviço que você irá entregar. Para os segmentos de clientes, pode-se perguntar: Para quem estamos criando valor? Quem são nossos consumidores mais importantes? Eles têm um perfil específico? Como eles estão agrupados? Como estão localizados? Há uma necessidade comum? Fonte: Alexander Osterwalder, 2010 As empresas precisam agrupar os segmentos de clientes distintos, para melhor satisfazê-los, pois cada segmento tem necessidades e comportamentos comuns, dentre outros atributos comuns. Os grupos de clientes representam segmentos distintos se: suas necessidades exigem e justificam uma oferta diferente; são alcançados por canais de distribuição diferentes; exigem diferentes tipos de relacionamento; têm lucratividades substancialmente diferentes; e estão dispostos a pagar por aspectos diferentes da oferta. 20 2.2 Proposta de Valor A segunda etapa de preenchimento do Business Model Canvas (Quadro de Modelo de Negócios) é o componente “Proposta de Valor”, que defini a oferta de valor do negócio da organização. A Proposta de Valor é o motivo pelo qual os clientes escolhem uma empresa ou outra. Ela resolve um problema ou satisfaz uma necessidade do consumidor. Cada Proposta de Valor é um pacote específico que supre as exigências de um Segmento de Clientes específico. Nesse sentido, a Proposta de Valor é uma agregação ou conjunto de benefícios que uma empresa oferece aos clientes. Algumas Propostas de Valor podem representar uma oferta inovadora. Outras podem ser similares a outras já existentes no mercado, mas com características e atributos adicionais. (Alexander Osterwalder, 2010) O termo “valor” no componente “Proposta de Valor”, refere-se a “benefício”, portanto, é fundamental que a organização saiba explicitar quais são os principais e verdadeiros benefícios que seus produtos ou serviços entregam para os seus clientes. Neste contexto, a proposta de valor busca resolver os problemas do cliente e satisfazer suas necessidades e descreve o pacote de produtos e serviços que criam valor para um segmento de clientes específico. Neste momento de desenvolvimento do Quadro de Modelo de Negócios é que se define o valor do produto ou serviço para seus clientes. O “Valor” é a razão ou o motivo pelo qual pessoas adquirem seus produtos e serviços. Para a “Proposta de Valor”, pode-se perguntar: Que valor entregamos ao cliente? Qual problema estamos ajudando a resolver? Que necessidades estamos satisfazendo? Que conjunto de produtos e serviços estamos oferecendo para cada segmento de clientes? Por que os clientes comprarão de você e não dos seus concorrentes? 21 Fonte: Alexander Osterwalder, 2010. “Uma Proposta de Valor cria valor para um Segmento de Clientes com uma combinação de elementos direcionados especificamente para as necessidades daquele segmento”. (Alexander Osterwalder, 2010) Alguns elementos da lista a seguir, dos “Tipos de Proposta de Valor”, não são exaustivos, porém, podem contribuir para a criação de valor para o cliente. Tipos de Proposta de Valor Definição dos tipos Exemplos de negócios Novidade Busca satisfazer um conjunto totalmente novo de necessidades que os clientes anteriormente não percebiam porque não havia oferta similar. Ipod, Iphone, Ipad. Desempenho Melhoria de desempenho de um produto ou serviço Entrega de pizza em 30 minutos. Customização/ Personalização Adaptação de produtos e serviços para necessidades específicas de clientes 21 Diamonds (loja de joias). 22 individuais ou de um segmento de clientes exclusivas). Fazer o que deve ser feito Ajudar clientes a obter serviços que favoreçam seus negócios ou facilitem sua vida. Empresas de motoboys que resolvem problema de entregas para lojas. Design Diferenciação por desenho, moda, ergonomia, funcionalidades. Iphone. Marca/Status O cliente encontra valor no ato simples de usar/exibir determinado produto pela marca. Lojas multimarcas; Nespresso. Preço Valor semelhante a um preço inferior é uma maneira de satisfazer as necessidades dos clientes sensíveis ao preço. Lojas tipo 1,99. Redução de Custos Ajudar os clientes a reduzir os custos para suprir suas necessidades. Serviços de entregas grátis Localweb. Redução de Risco Redução do risco na compra de produtos ou serviços. Carros usados com garantia de um ano. Acessibilidade Tornar os produtos e serviços disponíveis para os clientes que anteriormente não tinham acesso a eles. Gol Linhas Aéreas. 23 Conveniência/usabilidade Facilitar o uso ou a aquisição de produtos e serviços. Lojas em postos de gasolina. Fonte: Cartilha o quadro de Modelo de Negócios, Sebrae (2013). Exemplifica-se a seguir, algumas propostas de valor para dois tipos de negócio. Fonte: Cartilha o quadro de Modelo de Negócios, Sebrae (2013). 2.3 Canais A terceira etapa de preenchimento do Business Model Canvas (Quadro de Modelo de Negócios) é o componente “Canais”, que descrevem quais os caminhos pelos quais a empresa comunica e entrega valor para o cliente. As propostas de valor são levadas aos clientes por “Canais” de comunicação, 24 distribuição e vendas de produtos ou serviços, ou seja, qualquer tipo de interface da empresa com o cliente: O componente Canais descreve como uma empresa se comunica e alcança seus Segmentos de Clientes para entregar uma Proposta de Valor. Canais de comunicação, distribuição e venda compõem a interface da empresa com os clientes. (Alexander Osterwalder 2010) Fonte: Alexander Osterwalder, 2010 Dentro do contexto do componente “Canais”, pode-se perguntar: Através de quais canais nossos segmentos de clientes querem ser contratados? Como os alcançamos agora? Como nossos canais se integram? Qual funcional melhor? Quais apresentam melhor custo-benefício? Como estão integrados à rotina dos cientes? Ressalta-se que os canais são o ponto de contato dos clientes e desempenham um importante papel na sua experiência geral e servem a diversas funções, que incluem: ampliar o conhecimento dos clientes sobre os produtos e/ou serviços; ajudar os clientes a avaliar a Proposta de Valor; permitir que os clientes adquiram produtos e serviços específicos; levar uma Proposta de Valor aos clientes; 25 fornecer suporte ao cliente após a compra. O truque é encontrar o equilíbrio entre os diferentes tipos de canais, a fim de integrá-los de modo a criar uma ótima experiência para o consumidor e maximizar os lucros. Fonte: Alexander Osterwalder, 2011. 2.4 Relacionamento com Clientes A quarta etapa de preenchimento do Business Model Canvas (Quadro de Modelo de Negócios) é o componente “Relacionamento com Clientes”.Esse componente descreve estratégias que evitam que seus clientes corram para o concorrente por questões como “preço mais baixo”. Para Alexander Osterwalder (2010), o relacionamento com clientes é estabelecido e mantido com cada segmento de clientes: O componente Relacionamento com Clientes descreve os tipos de relação que uma empresa estabelece com Segmentos de Clientes específicos. Uma empresa deve esclarecer o tipo de relação que quer estabelecer com cada Segmento de Cliente. As relações podem variar desde pessoais até automatizadas. (Alexander Osterwalder, 2010) Definir boas estratégias de relacionamento é difícil, porém fundamental para a retenção de clientes. No contexto do “Relacionamento com clientes”, pode-se perguntar: como farei para conquistar e manter uma boa relação com os clientes, para ampliar as vendas e para que eles não me troquem por outro? 26 Fonte: Alexander Osterwalder, 2010 No contexto do componente “Relacionamento com Clientes”, pode-se perguntar: Que tipo de relacionamento cada um dos nossos segmentos de clientes espera que estabeleçamos com eles? Quais já estabelecemos? Qual o custo de cada um? Como se integram ao restante do nosso Modelo de Negócios? O componente de “Relacionamento com Clientes” pode ser guiado pelas seguintes motivações: conquista do cliente; retenção do cliente; ampliação das vendas. Esse componente influencia profundamente a experiência geral de cada cliente. Pode-se distinguir entre diversas categorias de “Relacionamento com Clientes”, que estes coexistem em uma relação da companhia com o “Segmento de Clientes” em particular. Essas categorias estão apresentadas por Alexander Osterwalder (2010), conforme abaixo: Assistência pessoal: baseada na interação humana. O cliente pode se comunicar com um representante de verdade para obter auxílio durante o processo de venda ou depois que a compra esteja completa. Isso 27 pode acontecer no próprio ponto de venda, por call centers, e-mail, entre outros. Assistência pessoal dedicada: esta relação envolve dedicar um representante específico para um cliente individual. Ela é mais profunda e íntima, normalmente se desenvolvendo por um longo período de tempo. Self-serve: a empresa não mantém nenhum relacionamento direto com os clientes, mas fornece todos os meios necessários para que eles se sirvam. Serviços automatizados: este tipo de relação mistura uma forma mais sofisticada de self-service com processos automatizados. Os serviços automatizados podem reconhecer clientes individuais e suas características, e oferecer informações sobre pedidos e transações. Na melhor das hipóteses, serviços automatizados chegam a simular uma relação pessoal. Comunidades: cada vez mais, as empresas utilizam comunidades de usuários para se envolverem mais com clientes e prospects, e facilitar as conexões entre membros da comunidade. Muitas empresas mantêm comunidades online que permitem aos usuários trocar conhecimento e resolver problemas uns dos outros. As comunidades também podem ajudar as empresas a compreender melhor seus clientes. Cocriação: muitas empresas estão indo além da tradicional relação cliente-vendedor para cocriar valor com os clientes. 2.5 Fontes de Receita A quinta etapa de preenchimento do Business Model Canvas (Quadro de Modelo de Negócios) é o componente “Fontes de Receita”. O componente Fontes de Receita representa o dinheiro que uma empresa gera a partir de cada Segmento de Clientes (os custos devem ser subtraídos da renda para gerar o lucro). Se o cliente é o coração de um Modelo de Negócios, o componente Fontes de Receita é a rede de artérias. Uma empresa deve se perguntar: que valor cada Segmento de Clientes está realmente 28 disposto a pagar? Responder com sucesso a essa pergunta permite que a firma gere uma ou mais Fontes de Receita para cada segmento. Cada um pode ter mecanismos de precificação diferentes, como uma lista fixa, promoções, leilões, dependência de mercado, dependência de volume ou gerenciamento de produção. (Alexander Osterwalder, 2010) As fontes de receita é o componente que determina a maneira como o cliente pagará pelos benefícios recebidos. Há uma série de modelos de receita que podem ser adotados: venda de produtos, assinatura, aluguel, licença, leilão etc. Atualmente as fontes de receita é uma das grandes fontes de inovação. Podemos citar, por exemplo: as empresas que estão transformando seus mercados ao cobrar por assinatura ao invés de diária; alguns restaurantes passaram a cobrar por tempo de permanência ao invés de cobrar por prato ou por quilo; dentre outras. No contexto do componente “Fonte de Receita”, pode-se perguntar: Quais valores nossos clientes estão realmente dispostos a pagar? Pelo que eles pagam atualmente? Como pagam? Como prefeririam pagar? O quanto cada fonte de receita contribui para o total de receitas? O quanto e como os clientes pagarão pelo que ofereço? Fonte: Alexander Osterwalder, 2010 https://analistamodelosdenegocios.com.br/assinatura/ 29 Segundo Alexander Osterwalder (2010): “Se o cliente é o coração de um Modelo de Negócios, o componente Fontes de Receita é a rede de artérias.” Neste contexto é importante que a empresa deva perguntar: que valor cada Segmento de Clientes está realmente disposto a pagar? Responder primordialmente com sucesso a essa pergunta, admite-se que a empresa gere uma ou mais Fontes de Receita para cada segmento de cliente. Num Modelo de Negócios pode envolver dois tipos diferentes de Fontes de Receita: transações de renda resultantes de pagamento único; renda recorrente, resultante do pagamento constante, advindo da entrega de uma Proposta de Valor aos clientes ou do suporte pós- compra. Pode-se distinguir entre diversas maneiras de gerar Fontes de Receita, segundo Alexander Osterwalder (2010), conforme abaixo: Venda de recursos: fonte de receita mais amplamente conhecida é resultado da venda do direito de posse de um produto físico; Taxa de uso: esta fonte é gerada pelo uso de um determinado serviço. Quanto mais o serviço é utilizado, mais o cliente paga; Taxa de Assinatura: gerada pela venda do acesso contínuo a um serviço. Uma academia vende aos seus membros assinaturas mensais ou anuais em troca do acesso ao local de exercícios; Empréstimos, Aluguéis, Leasing: dá direito temporário exclusivo a um recurso em particular, por um período fixo, em troca de uma taxa. Para quem aluga, isto traz a vantagem de rendas recorrentes. Locatários, por outro lado, aproveitam o benefício de gastar por um tempo limitado, ao invés de arcar com os custos totais da posse; Licenciamento: dá aos clientes a permissão para utilizar propriedade intelectual protegida, em troca de taxas de licenciamento. O licenciamento permite ao portador dos direitos gerar renda a partir de sua propriedade, sem precisar de um produto nem comercializar um serviço. O licenciamento é comum na mídia, onde os proprietários do conteúdo mantêm o direito de 30 cópia, enquanto vendem as licenças de uso para terceiros. De maneira similar, no setor da tecnologia, os proprietários da patente garantem à outras empresas o direito de utilizar uma tecnologia patenteada em troca de uma licença; Taxa de Corretagem: esta fonte de receita tem origem em serviços de intermediação executados em prol de duas ou mais partes. Operadoras de cartão de crédito, por exemplo, obtêm renda tomando um percentual do valor de cada transação entre mercador e cliente; Anúncios: resulta de taxas para anunciar determinado produto, serviço ou marca. Tradicionalmente, a indústria da mídia e de organizadores de evento dependem demais das rendas com a publicidade. Em anos mais recentes, outros setores, incluindo os de software e serviços, começaram a depender mais delas, também.Além das diversas maneiras de gerar “Fontes de Receita”, pode-se ter diferentes mecanismos de precificação. Para Alexander Osterwalder (2010): “O tipo de mecanismo de preço escolhido pode fazer uma grande diferença em termos da receita gerada. Há dois tipos principais de mecanismos ele preço: preço fixo e dinâmico”. Fonte: Alexander Osterwalder, 2011. 31 2.6 Recursos principais A sexta etapa de preenchimento do Business Model Canvas (Quadro de Modelo de Negócios) é o componente “Recursos Principais”. Para Alexander Osterwalder (2010): O componente Recursos Principais descreve os recursos mais importantes exigidos para fazer um Modelo de Negócios funcionar. Cada Modelo de Negócios requer Recursos Principais. Eles permitem que uma empresa crie e ofereça sua Proposta de Valor, alcance mercados, mantenha relacionamentos com os Segmentos de Cliente e obtenha receita. Diferentes Recursos Principais são necessários dependendo do Modelo de Negócios. Um fabricante de microchip requer fábricas de capital intensivo, enquanto um projetista de microchip se concentra mais nos recursos humanos. (Alexander Osterwalder, 2010) Este é o primeiro componente do lado esquerdo do Quadro de Modelo de Negócios, que trata dos “Recursos Principais” e estão relacionados à parte operacional do negócio, ou seja, são os elementos ativos para oferecer e entregar os elementos previamente descritos. São os ativos fundamentais para fazer o negócio funcionar. Fonte: Alexander Osterwalder, 2010 Os Recursos Principais podem ser: ativos físicos, recursos intelectuais ou humanos, recursos financeiros, máquinas ou instalações, considerando que 32 podem ser possuídos ou alugados pela empresa ou adquiridos de parceiros- chave. Fonte: Cartilha o quadro de Modelo de Negócios, Sebrae (2013). Os Recursos Principais podem ser categorizados, segundo Alexander Osterwalder (2010), como: Físico: esta categoria inclui recursos físicos como fábricas, edifícios, veículos, máquinas, sistemas, pontos de venda e redes de distribuição; Intelectual: recursos intelectuais, como marcas, conhecimentos particulares, patentes e registros, parcerias e banco de dados são componentes cada vez mais importantes em um forte Modelo de Negócios. Recursos intelectuais são difíceis de desenvolver, mas quando criados com sucesso podem oferecer valor substancial; Humano: toda empresa exige recursos humanos, por isso as pessoas são particularmente importantes em certos modelos de negócio. Por exemplo, recursos humanos são cruciais em indústrias criativas e de conhecimento; Financeiro: Alguns modelos de negócio exigem recursos e/ou garantias financeiras, como dinheiro e linhas de crédito ou opção de ações para contratar funcionários cruciais. 33 2.7 Atividades-chave A sétima etapa de preenchimento do Business Model Canvas (Quadro de Modelo de Negócios) é o componente “Atividades-Chave”. De forma complementar ao recursos-chave, as atividades-chaves devem tratar das atividades mais importantes que a empresa deve fazer de forma constante para que o negócio funcione corretamente. O componente Atividades-Chave descreve as ações mais importantes que uma empresa deve realizar para fazer seu Modelo de Negócios funcionar. Todo Modelo de Negócios pede por um número de Atividades-Chave. São as ações mais importantes que uma empresa deve executar para operar com sucesso. Assim como os Recursos Principais, elas são necessárias para criar e oferecer a Proposta de Valor, alcançar mercados, manter Relacionamento com o Cliente e gerar renda. (Alexander Osterwalder, 2010) Fonte: Alexander Osterwalder, 2010 Assim como os Recursos Principais, as Atividades-Chave se diferenciam dependendo do tipo de Modelo de Negócios. 34 Fonte: Cartilha o quadro de Modelo de Negócios, Sebrae (2013). As Atividades-Chave podem ser categorizadas desta forma: Produção: estão relacionadas com desenvolvimento, fabricação e entrega de produtos em quantidades substanciais e/ou qualidade superior. A atividade de produção domina os modelos de negócio da manufatura. Resolução de Problemas: relacionam-se com novas soluções para problemas de clientes específicos. As operações de consultoria, hospitais e outras organizações de prestação de serviço estão tipicamente dominadas por atividades de resolução de problemas. Seus modelos de negócio pedem atividades como gerenciamento de conhecimento e treinamento contínuo. Plataforma/rede: os modelos de negócios projetados com uma plataforma como recurso principal são dominadas pelas Atividades-Chave de plataforma ou rede, que diz respeito relacionam com o gerenciamento de plataformas, fornecimento de serviços e a promoção das plataformas. 35 2.8 Parcerias Principais A oitava etapa de preenchimento do Business Model Canvas (Quadro de Modelo de Negócios) é o componente “Parceiros Principais”, que se refere, primordialmente, a terceirizações (fornecedores) e parceiros aliados para otimizar e reduzir riscos do negócio. O componente Parcerias Principais descreve a rede de fornecedores e os parceiros que põem o Modelo de Negócios para funcionar. As empresas formam parcerias por diversas razões, e as parcerias vêm se tornando uma peça fundamental em muitos Modelos de Negócios. Empresas criam alianças para otimizar seus modelos, reduzir riscos ou adquirir recursos. (Alexander Osterwalder, 2010) Os componentes do lado esquerdo do Quadro de Modelo de Negócios, tratam de quesitos operacionais, portanto o bloco parcerias lista outras empresas que ajudam seu negócio a entregar a oferta de valor. Fonte: Alexander Osterwalder, 2010 Qualquer tipo de tarefa ou matéria-prima essencial fornecida por outra empresa e que garante o funcionamento do negócio deve ser listada neste bloco. Segundo Alexander Osterwalder (2010), algumas atividades são terceirizadas e alguns recursos são adquiridos fora da empresa. Podemos distinguir quatro tipos diferentes de parcerias: alianças estratégicas entre não competidores; 36 competição: parcerias estratégicas entre concorrentes; Joint ventures para desenvolver novos negócios; e relação comprador-fornecedor para garantir suprimentos confiáveis. Fonte: Cartilha o quadro de Modelo de Negócios, Sebrae (2013). Três motivações para uma parceria, segundo Alexander Osterwalder (2010): Otimização e economia de escala: a forma mais básica de parceria ou relação comprador-fornecedor é designada para otimizar a alocação de recursos e atividades. É ilógico uma empresa possuir todos os recursos e executar todas as atividades sozinha. As parcerias de otimização e economia de escala geralmente são formadas para reduzir custos e, em geral, envolvem terceirização e uma infraestrutura compartilhada; Redução de riscos e incertezas: as parcerias podem ajudar a reduzir os riscos em um ambiente competitivo, caracterizado por 37 incertezas. Não é incomum que concorrentes formem alianças estratégicas em uma área, enquanto competem em outra; Aquisição de recursos e atividades particulares: poucas empresas possuem todos os recursos ou executam todas as atividades descritas em seus modelos de negócio. Elas estendem suas próprias capacidades, dependendo de outras firmas para produzir recursos particulares ou executar certas atividades. Tais parcerias podem ser motivadas pela necessidade de adquirir conhecimento, licenças, ou acesso aos clientes. 2.9 Estrutura de Custos A nona etapa de preenchimento do Business Model Canvas (Quadro de Modelo de Negócios) é o componente “Estrutura de Custos”, que descreve todos os principais custos que têm peso no financeiro e são derivados da operacionalização do negócio. Estrutura de Custo descreve todos os custos envolvidos na operação de um Modelo de Negócios. Este componente descreveos custos mais importantes envolvidos na operação de um Modelo de Negócios específico. Criar e oferecer valor, manter o Relacionamento com Clientes e gerar receita incorrem em custos. Tais custos podem ser calculados com relativa facilidade depois de definidos os recursos principais, atividades-chave e parcerias principais. (Alexander Osterwalder, 2010) O componente “Estrutura de Custos são oriundos dos blocos de recursos principais, atividades-chaves e parcerias-chave. Porém, também será possível que custos de canais sejam considerados como, por exemplo, comissão de vendedores. 38 Fonte: Alexander Osterwalder, 2010 Pode-se dizer que os elementos que compõem um Modelo de Negócios resultam na estrutura de custo. Entretanto, alguns Modelos de Negócios são mais direcionados pelos custos que outros. Segunda Alexander Osterwalder (2010), as estruturas de custos nos Modelos de Negócios são distintas entre duas grandes classes: as direcionadas pelo custo e as direcionadas pelo valor. As estruturas de custos estão direcionadas pelos custos e inteiramente baseados em estruturas de baixo custo, segundo Alexander Osterwalder (2010), pode-se citar: Direcionadas pelo Custo: os modelos de negócio direcionados pelo custo se concentram em minimizar o custo sempre que possível. Este método visa criar e manter a estrutura de custo o menor possível, utilizando Propostas de Valor de baixo preço, automação máxima e terceirizações extensivas. Direcionadas pelo Valor: algumas empresas estão menos preocupadas com os custos de um Modelo de Negócios, por isso se concentram na criação de valor. Propostas de valor de alto nível de personalização frequentemente caracterizam modelos de negócio direcionados pelo valor. Hotéis de luxo, com seus ambientes extravagantes e serviços exclusivos, estão nesta categoria. 39 Custos fixos: custos que permanecem os mesmos apesar do volume de artigos ou serviços produzidos. Exemplos incluem salários, aluguéis e fábricas. Alguns negócios, como a manufatura, são caracterizados por uma grande proporção de custos fixos. Custos variáveis: custos que variam proporcionalmente com o volume de artigos ou serviços produzidos. Alguns negócios, como os festivais de música, são caracterizados por uma grande proporção de custos variáveis. Economias de escala: vantagens de custo das quais um negócio tira proveito na medida em que a demanda aumenta. Grandes empresas, por exemplo, se beneficiam de taxas menores na compra por atacado. Este e outros fatores fazem com que o custo médio por unidade se reduza, na medida em que a demanda aumenta. Economias de escopo: vantagens de custo das quais um negócio tira proveito devido a um maior escopo de operações. Em uma grande empresa, por exemplo, as mesmas atividades de marketing ou Canais de Distribuição podem dar apoio a múltiplos produtos. Fonte: Cartilha o quadro de Modelo de Negócios, Sebrae (2013). 40 3 DESIGN DE MODELO DE NEGÓCIOS Segundo, Roger Martin (2010): “As pessoas de negócios não precisam só entender melhor os designers; elas precisam se tornar designers”. Com esta frase pode-se entender a importância das ferramentas e a atitude da profissão do design, tornando-se requisitos para o sucesso na geração de Modelos de Negócios. Com esta afirmação propositiva, da qual ressalta Alexander Osterwalder (2010): “O trabalho de um designer traz questionamentos intermináveis sobre a melhor forma possível de criar o novo, descobrir o inexplorado, obter o funcional”. Neste sentido, pode-se dizer que o trabalho de um designer é estender os limites do pensamento, propor novas opções que alcance a criação de valor para os clientes, exigindo do profissional de design a capacidade de imaginar amplamente e alcançar ideias e propostas da “aquilo que não existe". De certa forma, aplicamos sem perceber, design todos os dias de forma desestruturada, quando empenhamos a melhor formar de entregar produtos e serviços de qualidade, no desenvolvimento da própria organização, nas estratégias de criação do Modelo de Negócios, em todos os processos e projetos da organização. Para que o design de Modelo de Negócios aconteça de forma efetiva, deve-se levar em consideração fatores complexos, como: seus competidores, a tecnologia, aspectos regulatórios, dentre muito outros. Percebe-se que, os administradores necessitam de ferramentas de design que complementem auxiliem em suas habilidades de negócio. Alexander Osterwalder (2010), apresenta seis técnicas de design de Modelos de Negócios: insights dos clientes; ideação; pensamento visual; protótipos; contando histórias; e cenários. 41 3.1 Técnicas de criação do design de modelos de negócios Insights dos Clientes Nesta etapa de técnicas de design de modelo de negócios, não se deve cometer erros iniciais com grandes investimentos em pesquisas de mercado, quanto a perspectiva do cliente na projeção de produtos e serviços, bem como em Modelos de Negócios, pois não há espaço para erros ou negligencias, por parte da empresa. Os grande e bons designers evitam este erro, pois enxergam o Modelo de Negócios pelos olhos dos clientes, ou seja, com o “foco do cliente”, proporcionando a descoberta de oportunidades completamente novas, não conhecidas pela organização. A perspectiva do “foco do cliente” ou “pensamento do cliente”, não é a única verdade e nem representa o único ponto de partida para as iniciativas inovadoras, mas é de extrema importância a inclusão de sua perspectiva, quando da avaliação de um Modelo de Negócio. Um dos principais critérios das inovações bem-sucedidas, requer a melhor compreensão dos clientes, incluindo, ainda, as analise de seu ambiente, do seu dia a dia, de suas preocupações e de suas inspirações. O desafio é desenvolver uma boa compreensão dos clientes, que deve servir como base na hora de fazer escolhas na construção de Modelos de Negócios. No campo do design de produtos e serviços, diversas companhias líderes trabalham com cientistas sociais para alcançar essa compreensão. Na Intel, na Nokia e na Telenor, equipes de antropólogos e sociólogos trabalham para desenvolver produtos e serviços novos e melhores. O mesmo método pode levar a Modelos de Negócios novos e melhores. (Alexander Osterwalder, 2010) Além dos desafios explicitados, há outros que incluem a definição de quais clientes ouvir e quais clientes ignorar. Considerando estes aspectos, os inovadores devem evitar concentrar-se excessivamente nos “Segmentos de Clientes”, mas também direcionar-se para segmentos novos ou ainda não alcançados e atendidos. O “Mapa de Empatia” é uma das ferramentas que pode ajudar no desenvolvimento de novos produtos e serviços, que tem como base as necessidades e aspirações dos clientes. A partir dessa ferramenta fica mais fácil 42 entender: o que o cliente diz; faz, vê, pensa, sente e ouve a respeito de um produto ou serviço. Fonte: Adaptado de XPLANE Para Vianna (2012), o Mapa de Empatia: É uma ferramenta de síntese das informações sobre o cliente numa visualização do que ele diz, faz, pensa e sente. Assim, possibilita a organização dos dados da fase de imersão de forma a prover entendimento de situações de contexto, comportamentos, preocupações e até aspirações do usuário (ou outros atores estudados). Quando se tem muita informação de campo é preciso organizá-la para gerar um melhor entendimento do público-alvo, de forma a ganhar empatia. Deve-se criar um diagrama dividido em seis áreas cujo centro e a caracterização do cliente investigado (nome, características pessoais, renda etc.). A aplicação do diagrama “Mapa de Empatia” serve como base para a identificação de necessidades dos clientes, as oportunidades para o projeto e como insumo para a fase de “ideação”. Cada área do Mapa da Empatia pode ser preenchida,a parir das seguintes perguntas sobre o cliente. (Vianna, 2012): 43 O que o cliente enxerga? Descrição do que o cliente vê em seu ambiente; O que o cliente ouve? Descrição de como o ambiente influencia o cliente; O que o cliente realmente pensa e sente? Exercício visando entender como funciona a cabeça do cliente; O que o cliente diz e faz? Exercício visando entender de que forma o cliente se comporta em público e o que ele pensa; Quais são as dificuldades do cliente” Descrição dos empecilhos notados pelo cliente durante a experiência. Quais são as conquistas do cliente? Descrição dos aspectos positivos e promissores do ponto de vista do cliente. A aplicação do “Mapa da Empatia, por Alexander Osterwalder (2010), está representada na figura abaixo: Fonte: Alexander Osterwalder, 2010. Ideação Nesta etapa de técnicas de design de modelo de negócios, que trata da “ideação”, que tem por objetivo gerar ideias inovadoras, um processo criativo para suscitar um grande número de ideias e isolar as melhores. Dominar a arte da ideação é crucial para projetar novos Modelos de Negócios viáveis. Utilizar 44 ferramentas de síntese criadas na fase de análise para estimular a criatividade e gerar soluções que estejam de acordo com o contexto do assunto trabalhado. Atualmente, diferentes Modelos de Negócios competem nos mesmos mercados, e as fronteiras entre as indústrias se misturam ou desaparecem totalmente. Um desafio a ser enfrentado, ao tentar criar novas opções de Modelos de Negócios, é ignorar o “status quo” e colocar de lado preocupações com questões operacionais, de modo a promover a geração de ideias realmente novas. Além das ferramentas utilizadas, é importante que haja variedade de perfis de pessoas envolvidas no processo de geração de ideias, equipe multidisciplinar do projeto, outros membros como usuários e profissionais de áreas que sejam convenientes ao tema em estudo, normalmente através de Workshops de Cocriação. O processo de inovação em modelos de negócios, requer capacidades e habilidades fundamentais: Inovar com Modelos de Negócios significa não olhar para trás, pois o passado indica pouco do que é possível para os Modelos de Negócios futuros. A inovação em Modelos de Negócios não tem nada a ver com observar a concorrência, já que inovar não é copiar ou comparar, mas criar novos mecanismos de criação de valor e receitas. Ao contrário, inovação em Modelos de Negócios significa desafiar as ortodoxias para projetar modelos originais que atendam a clientes insatisfeitos, novos ou que nem haviam sido considerados. (Alexander Osterwalder, 2010) Um dos principais objetivos nessa etapa é reunir diferentes expertises e o de contribuir com diferentes perspectivas, o que, por consequência, torna o resultado final mais rico e assertivo. Segundo Vianna, (2012): A fase de ideação geralmente se inicia com a equipe de projeto realizando Brainstormings (uma das técnicas de geração de ideias mais conhecidas) ao redor do tema a ser explorado e com base nas ferramentas. Em seguida, monta-se uma ou mais sessões de cocriação com usuários ou equipe da empresa contratante, dependendo da necessidade do projeto. As ideias geradas ao longo desse processo são capturadas em Cardápios de Ideias que são constantemente validadas em reuniões com o cliente utilizando, por exemplo, uma Matriz de Posicionamento ou em Prototipações. 45 Como podemos perceber, para a geração de novas e melhores opções, é necessário sonhar com suas ideias, antes de estreitar a lista de opções concebíveis. A etapa de ideação possui duas fases principais e importantes: geração de ideias, onde a quantidade é o que importa; e a síntese, na qual as ideias são discutidas, combinadas e reduzidas a um número menor de opções viáveis. Neste contexto, podem ser inovações que expandam os limites do modelo de negócio atual, com propósito de melhorar a competitividade. Pensamento Visual O famoso filósofo chinês Confúcio, que viveu entre 552 e 479 a.C, já acreditava no poder da comunicação por meio das imagens, e foi dele a famosa expressão “uma imagem vale mais do que mil palavras”. O significado desse ditado já é um indicativo da facilidade de aprendizado a partir do uso de recursos visuais e de como pode ser mais fácil explicar algo utilizando imagens. Se há 2.500 anos já existia essa percepção, ela é ainda mais forte nos dias de hoje, pois o maior exemplo desse fenômeno está nas redes sociais. O pensamento visual (Visual Thinking) conhecido como o fenômeno comum de pensar através do processamento visual, usando a parte do cérebro que é emocional e criativa para organizar as informações de uma forma intuitiva e simultânea. Nesta etapa de técnicas de design de modelo de negócios, o “Pensamento visual” é indispensável para trabalhar com Modelos de Negócios. Entende-se por "pensamento visual'', a utilização de ferramentas visuais como figuras, rascunhos, diagramas e Postits, dentre outras, para elucidar, construir e discutir significados. Esta etapa facilita na construção de Modelos de Negócios, considerando eu estes são conceitos complexos, compostos de muitos componentes e da inter-relação entre eles, torna-se difícil compreender de fato um modelo sem fazer um desenho. A técnica visual dá "vida" ao Modelo de Negócios e facilita a cooperação. 46 Fonte: Code Like A Girl O pensamento visual é um de uma série de outras formas reconhecidas de pensamento ‘não-verbal’, como pensamento cenestésico, musical e matemático, por exemplo. Estas várias forma e estilos integram a metodologia de aprendizado de coaching e outras atividades criativas, como forma de driblar o pensamento cartesiano. O pensamento visual aprimora os questionamentos estratégicos, tornando o abstrato concreto, iluminando as relações entre os elementos e simplificando o que era complexo. Nesta seção, descrevemos como o pensamento visual pode ajudar você a cruzar o processo de definir, discutir e alterar Modelos de Negócios. (Alexander Osterwalder, 2010) As representações visuais de Modelos de Negócios demanda diferentes níveis de detalhe, dependendo do objetivo em curso. O mundo dos negócios sempre faz uso frequente de técnicas visuais, como diagramas, tabelas e quadros. Porém, as técnicas visuais são utilizadas com menor frequência para discutir, explorar e definir temas de negócio. https://code.likeagirl.io/facilita%C3%A7%C3%A3o-visual-10847fff2a3f 47 A própria utilização do Quadro de Modelo de Negócio torna-se possível desenhar um modelo e transformar em um objeto de âncora conceitual para a qual a discussão sempre pode retornar. Protótipos Nesta etapa de técnicas de design de modelo de negócios, a “prototipagem” é uma ferramenta útil para o desenvolvimento de Modelos de Negócios inovadores. Assim como o pensamento visual, a prototipagem torna tangíveis conceitos abstratos e facilita a exploração de novas ideias. Este conceito emergiu das disciplinas do design e da engenharia, onde é amplamente utilizada para o design de produtos. Esta ferramenta é aplicada nos processos de administração devido à natureza menos tangível do comportamento e da estratégia organizacionais. Em anos recentes a prototipagem ganhou impulso em áreas como o design de processos, de serviços e até mesmo no design de organização e estratégia. 48 O protótipo de um Modelo de Negócio é um raciocínio que chamamos, como já foi dito, de "atitude de design". É uma dedicação sem concessões a descobrir novos e melhores modelos, fazendo o rascunho de muitos protótipos – tanto brutos quanto mais detalhados - representando muitas opções estratégicas. Não se trata de contornar apenas ideias que você realmente planeja implementar. Trata-se de explorar ideias novas, talvez absurdas ou até mesmo impossíveis, adicionando ou removendoelementos de cada protótipo. (Alexander Osterwalder, 2010) Os designers de produtos, arquitetos e engenheiros têm compreensões distintas do que significa um "protótipo", embora utilizem o mesmo termo. Os protótipos devem ser vistos como representações de potenciais Modelos de Negócios: ferramentas que servem ao propósito da discussão, de questionamentos e provas de conceitos. Para Alexander Osterwalder, 2010: “Um protótipo de Modelo de Negócios pode tomar a forma de um desenho simples, um conceito completamente descrito com o Quadro ou uma planilha que simula os aspectos financeiros de um novo negócio”. Contando Histórias Esta etapa de técnicas de design de modelo de negócios, definida por “contar histórias”, tem como objetivo narrar uma história e apresentar um novo Modelo de Negócios de uma maneira atraente e tangível. Certifique-se que a história crie um percurso simples e se utilize, preferencialmente, apenas um protagonista. Pelo fato dos Modelos de Negócios inovadores serem difíceis de descrever e compreender, características de sua própria natureza, “contar histórias” desafiam o status quo, organizando coisas de maneira não familiar, forçando os ouvintes a abrirem as mentes para novas possibilidades. Segundo Osterwalder (2010): “A narração de uma história cativante pode ser feita de diversas maneiras. Cada técnica tem vantagens e desvantagens e está melhor adequada para certas situações e certos públicos”. A escolha de uma técnica adequada depois de entender qual será sua audiência e o contexto no qual você vai se apresentar. 49 Assim como o Quadro de Modelo de Negócios ajuda a empresa a desenhar e analisar um novo modelo, a narrativa (contar histórias) ajuda na comunicação com eficiência sobre o assunto de que ela trata. As boas histórias tendem atrair bons ouvintes, neste sentido, a história é uma ferramenta ideal para gerar a base de uma discussão profunda de um Modelo de Negócios. Cenários Esta etapa de técnicas de design de modelo de negócios, conhecida por “Cenários” podem ser úteis para guiar o design de novos Modelos de Negócios ou inovar modelos existentes. Para Osterwalder, 2010: Cenários são outra ferramenta que nos ajuda a refletir sobre Modelos de Negócios para o futuro. Cenários impulsionam nossa criatividade, nos fornecendo contextos futuros concretos para os quais podemos inventar Modelos de Negócios apropriados. Isso é geralmente mais fácil e produtivo que fazer brainstormings livres sobre possíveis modelos futuros. Exige, entretanto, o desenvolvimento de diversos cenários, o que pode custar dinheiro, dependendo da sua profundidade e do seu realismo. (Alexander Osterwalder, 2010) Assim como a técnica de pensamento visual, dos protótipos e as narrativas, os “cenários” tornam concreto o abstrato. A função principal das técnicas é guiar o processo de desenvolvimento do Modelo de Negócios, no contexto de um design específico e detalhado. Os cenários devem ser priorizados por sua viabilidade de execução considerando tecnologia e recursos, bem como a atratividade de mercado que ele pode ter. Caso um dos dois pilares seja baixo, o cenário deve ser descartado. Alexander Osterwalder (2010) apresenta dois tipos de cenários: primeiro tipo de cenário: descreve diferentes tipos de clientes: corno os produtos ou serviços são utilizados, quem os utiliza, preocupações, desejos e objetivos. Esses cenários têm como base os insights do cliente, mas vão além, incorporando conhecimento sobre ele em um conjunto de imagens. Descrevendo urna situação específica, um cenário de cliente visualiza seus insights; 50 segundo tipo de cenário: descreve ambientes futuros nos quais um Modelo de Negócios pode competir. O principal o objetivo não é prever o futuro, mas imaginar possíveis futuros. Este exercício ajuda inovadores a refletirem sobre os Modelos de Negócios mais apropriados para cada ambiente futuro. 3.2 Processo de Design do Modelo de Negócios O processo de Design do Modelo de Negócios é genérico e tem como propósito ajudar e apoiar as empresas a projetar modelos inovadores, utilizando- se de todos os conceitos, as técnicas e ferramentas necessárias, para a efetivação do modelo de negócios. De forma simplificada, apresenta-se as etapas do processo de Design do Modelo de Negócios: Mobilização: é a preparação para o projeto de construção de Modelos de Negócios bem-sucedido. Definir objetivos do projeto e entender escopo atual; Compreensão: trata-se das pesquisas e análises dos elementos necessários para o design do Modelo de Negócios. Entender o contexto do cliente e realizar benchmarking. Construir e priorizar cenários com base nos insights coletados; Design: o momento de adaptar e modificar o Modelo de Negócios em resposta a uma reação do mercado. Redesenhar a jornada do cliente, seus principais pontos de contato e canais utilizados; Implementação: consiste no campo do protótipo do Modelo de Negócios. Projetar processos, sistemas, recursos e processos, definir roadmap de implantação, realizar testes e validar hipóteses; Gerenciamento: é a maneira de adaptar e modificar o Modelo de Negócios em resposta ao mercado. Realizar testes e validar hipóteses do novo negócio. 51 4 REINTERPRETAÇÃO DA ESTRATÉGIAS DE MODELOS DE NEGÓCIOS Nos processos anteriormente apresentados, abordou-se uma linguagem para descrever, discutir e construir Modelos de Negócios, onde foram abordados padrões, técnicas e métodos que facilitam o design e a inovação de novos modelos. Uma frase que requer análise constante na organização: “Não há um Modelo de Negócios único… na verdade, o que há são muitas oportunidades e muitas opções, precisamos apenas descobrir todas elas”. (Tim O’Reilly, CEO, O’Reilly). A partir da definição do Modelos de Negócios, torna-se um momento fundamental para reanalisar as estratégias dos modelos, que estão projetados e executados em ambientes específicos e requer o desenvolvimento de uma boa compreensão do ambiente da organização, para conceber modelos mais sólidos e competitivos, com intuito de produzir nova interpretação do modelo. 4.1 Análise do Ambiente de Modelo de Negócios A avaliação ambiente de modelo de negócios vem colaborar para identificação do ambiente interno e externo que poderá contribuir ou prejudicar o empreendimento concebido no modelo de negócio. Com essas informações pode-se realizar devidas correções para que o empreendimento possa dar seu início de forma melhor possível. Toda empresa possui aspectos positivos e negativos que envolve o ambiente interno e externo. As questões internas poderão ser revertidas, uma vez que estão nas mãos do empreendedor a capacidade de corrigir. Entretanto, as questões externas, o empreendedor precisa de sua competência para visualizar alternativas com objetivo de minimizar os pontos negativos e saber otimizar os pontos positivos, uma vez que não possui o controle. Neste sentido, a análise constante do ambiente é agora mais importante que nunca, devido à crescente complexidade do panorama econômico (inovações tecnológicas) e à severas perturbações no mercado (ex.: turbulências 52 econômicas, novas Propostas de Valor inovadoras). Compreender as mudanças no ambiente ajuda você a adaptar seu modelo com mais eficiência para lidar com as inconstantes forças externas. Pode ser útil a você considerar o ambiente externo como uma espécie de "espaço de design: O que queremos dizer com isso? Pense no ambiente como um contexto no qual você concebe ou adapta seu Modelo de Negócios, levando em consideração urna variedade de direcionadores (novas necessidades dos clientes, novas tecnologias, etc.) e restrições (tendências regulatórias, concorrentes dominantes, etc.). Esse ambiente não deve, de modo algum, limitar sua criatividade ou definir seu Modelo de Negócios. Ele deve,entretanto, influenciar suas escolhas de design e ajudá-lo a tornar decisões melhor fundamentadas. Com um Modelo de Negócios inovador, você pode até mesmo se tornar um transformador do ambiente, e definir novos padrões para seu segmento de atuação. Para uma melhor compreensão do "espaço de design" de seu Modelo de Negócios, sugerimos mapear de modo simples quatro dimensões principais. Estas seriam: forças do mercado, forças da indústria, tendências principais e forças macroeconômicas. Se quiser aprofundar sua análise para além do mapeamento simples, cada uma dessas dimensões encontra suporte técnico em várias referências bibliográficas e ferramentas analíticas específicas. Recomenda-se mapear seu próprio ambiente de negócio e refletir sobre o que as tendências indicam para o futuro da sua empresa. Uma boa compreensão do ambiente permitirá avaliar melhor as diferentes direções nas quais seu Modelo de Negócios pode evoluir. Essa pode ser uma ferramenta valiosa para iniciar a inovação do Modelo de Negócios ou simplesmente preparar sua organização para o futuro. 53 Fonte: Osterwalder (2010) 4.2 Avaliação dos Modelos de Negócio Assim como visitar o médico para um exame anual, analisar regularmente um Modelo de Negócios é uma importante atividade de gestão, que permite que uma organização avalie a saúde de sua posição no mercado e a adapte de acordo. Este checkup pode ser a base para aprimoramentos, ou pode disparar uma séria intervenção, na forma de uma inovação do Modelo de Negócios. Como demonstraram as indústrias automotiva, jornalística e musical, deixar de conduzir checkups regulares pode impedir a detecção antecipada de problemas no Modelo de Negócios, e pode até mesmo levar ao fim de uma companhia. Analisar a consistência do seu Modelo de Negócios é crucial, mas observar seus componentes em detalhes também pode revelar interessantes caminhos para inovação e renovação. Uma maneira eficiente de se fazer isso é combinando a clássica análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças 54 (SWOT – na sigla em inglês) com o Quadro de Modelo de Negócios. A análise SWOT fornece quatro perspectivas a partir das quais analisar os elementos de um Modelo de Negócios, enquanto a Quadro de Modelo de Negócios fornece foco necessário para uma discussão estruturada. A análise SWOT é familiar no universo das empresas. Ela é utilizada para analisar as forças e fraquezas de uma organização, e identificar oportunidades e ameaças em potencial. É uma ferramenta atraente por sua simplicidade, mas seu uso pode levar a discussões muito vagas, pois sua própria natureza aberta oferece pouco direcionamento no que diz respeito a que aspectos analisar. Como resultado, podemos ter carência de respostas úteis, o que gerou um certo cansaço da SWOT entre gerentes. Entretanto, quando combinada com o Quadro de Modelo de Negócios, a SWOT permite uma análise e uma avaliação focadas no Modelo de Negócios de uma organização e seus componentes. 4.3 Gerenciamento dos Modelos de Negócio Visionários, pioneiros e desafiadores estão gerando Modelos de Negócios inovadores por todo o mundo - como empreendedores e como trabalhadores em organizações estabelecidas. O desafio de um empreendedor é projetar e implementar com sucesso um novo Modelo de Negócios. Organizações estabelecidas, entretanto, encaram uma tarefa igualmente desafiadora: como implementar e gerenciar novos modelos mantendo os já existentes? Pensadores da administração, como Constantinos Markides, Charles O'Reilly Ili, e Michael Tushman, têm uma expressão para descrever equipes que superaram esse desafio: organizações ambidestras. Implementar um novo Modelo de Negócios em uma empresa estabelecida pode ser extraordinariamente difícil, pois o novo modelo pode desafiar ou até mesmo competir com os já existentes. O novo modelo pode exigir mudanças na cultura organizacional, ou pode visar clientes desejados anteriormente ignorados. Isso gera uma pergunta: como implementamos modelos inovadores em organizações antigas? 55 Muitos sugerem iniciar novos Modelos de Negócios como entidades separadas. Outros propõem um método menos dramático e argumentam que modelos inovadores podem ter sucesso dentro de organizações estabelecidas, tanto como são ou em unidades separadas. Constantinos Markides, por exemplo, propõe uma estrutura de duas variáveis para decidir como gerenciar Modelos de Negócio novos e tradicionais simultaneamente. A primeira variável expressa a intensidade do conflito entre os modelos, enquanto a segunda expressa as similaridades estratégicas. Ainda assim, ele também mostra que o sucesso depende não apenas de uma escolha correta a implementação integrada versus a independente, mas também de como a opção é implementada. Sinergias, diz Markides, devem ser cuidadosamente exploradas mesmo quando o novo modelo é implementado como uma unidade independente. Fonte: Osterwalder (2010) 56 O risco é uma terceira variável a considerar quando se decide entre integrar ou separar um modelo emergente. O quão grande é o risco de que o novo modelo afete negativamente o estabelecido em termos de imagem de marca, lucros, viabilidade legal e assim por diante? Durante a crise financeira de 2008, o grupo financeiro alemão ING foi quase levado a falência por sua unidade Direct, que fornece serviços online e por telefone para mercados estrangeiros. De fato, a ING tratou a ING Direct, mais como uma iniciativa de marketing do que como um novo e separado Modelo de Negócios, que teria funcionado melhor como uma entidade separada. Finalmente, escolhas evoluem com o tempo. Markides enfatiza que as companhias podem querer considerar uma integração por etapas dos Modelos de Negócios e Schwab, o braço da Internet da Charles Schwab, corretora de seguros dos EUA foi inicialmente configurado como uma unidade separada, porém mais tarde integrada de volta ao negócio principal, com grande sucesso. A Tesco.com, o ramo online da Tesco, a gigantesca rede de mercados britânica, fez uma transição bem-sucedida de uma linha de negócios integrada para uma unidade independente. 57 BIBLIOGRAFIA ABPMP BPM CBOK™, V3.0 - Guide to the Business Process Management Common Body of Knowledge, 2013. ANTONUCCI, Y. L.; GOEKE, R. J. Identification of appropriate responsibilities ande positions for business process management success: Seeking a valid and and realiable framework. Buiness Process management Journal, 2011. BATEMAN, T. Snell, S. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. BOLAND, Richard Jr., e Callopy, Fred. Managing as Designing (Gerenciando como Designer). Stanford: Stanford Business Books. 2004. BURLTON, R. Business Process managent: Profiting Fron process. Ist ed. Indianapolis: Person Educatio, 2011 BUXTON, Bill. 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