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Auditoria, Laudos e Perícias Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Luiz Carlos Dias Revisão Textual: Prof.ª Me. Sandra Regina F. Moreira Auditoria Laudos e Perícias-Quesitos Iniciais, Quesitos Suplementares, Quesitos de Esclarecimentos • Introdução; • Quesitos Iniciais. · Elaborar os três tipos de quesitos durante as etapas da perícia, quesitos iniciais, quesitos suplementares e quesitos de esclarecimento. OBJETIVO DE APRENDIZADO Auditoria Laudos e Perícias-Quesitos Iniciais, Quesitos Suplementares, Quesitos de Esclarecimentos Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias-Quesitos Iniciais, Quesitos Suplementares, Quesitos de Esclarecimentos Introdução Com o desenvolvimento do país e o crescimento da população, se faz necessá- rio um maior número de Empresas que possam produzir bens e serviços de forma a atender à demanda crescente do consumo. De forma diretamente proporcional, a massa trabalhadora, ou seja, os obreiros que são necessários para desenvolver atividades fabris e administrativas, utilizando sua expertise, também vem aumen- tado. Com isso, a relação entre Empresa e Empregado, muitas vezes, pode gerar conflitos de interesse, fazendo-se necessária a intermediação da Justiça, para que ocorra mediação das partes de forma pacífica e justa. Nesta mediação surge a figura do Judiciário, mais especificamente da Justiça do Trabalho, representada pelo Juiz do Trabalho, o qual muitas vezes não detém todos dados e conhecimento específico para sentenciar uma Ação, desta forma são acio- nados os Auxiliares da Justiça, os Peritos. Existem duas categorias nas quais estes profissionais se enquadram, a primeira quando são indicados pela Justiça, e são denominados de Peritos Judiciais, já a segunda são os Peritos Assistentes Técnicos, que irão atuar sendo contratados pelas respectivas partes que demandam a Lide, em ambas, irão ajudar a elucidar os fatos para o Juiz. Da relação Empregado versus Empregador, surgem diversas demandas, pois existem conflitos de interesse, em que cada uma das partes acredita estar agin- do de forma correta, é exatamente neste ponto que o Juiz necessita da Prova Pericial. A Prova Pericial é um Laudo desenvolvido pela figura do Perito Judi- cial, o qual tem o dever de aplicar seus conhecimentos técnicos e científicos de forma clara e objetiva. Este redigirá um parecer que dê subsídios legais para que o Juiz possa sentenciar de forma imparcial, sem que nenhuma das partes seja prejudicada. Os problemas judiciais aumentam quando o país está em recessão, quando está enfrentando uma crise econômica, causando sérios problemas financeiros e econô- micos às Empresas. O consumo de bens e serviços diminui e, consequentemente, as Empresas demitem seus trabalhadores para cortar custos, estes por sua vez, na dificuldade de se recolocarem no mercado de trabalho, buscam a Justiça do Trabalho. Na tentativa de acionar judicialmente a Empresa onde laboravam, para, de alguma forma, conseguir algum recurso financeiro, tentam elencar problemas trabalhistas, tais como, ausência de recebimentos de adicionais de insalubridade e periculosidade, e, consequentemente, o número de Ações Trabalhistas nos Tribu- nais de todo o País se elevam, aumentando a carga de trabalho da Justiça e dos Auxiliares da Justiça, aqui representados pelos Peritos Judiciais. A forma de atuação dos Peritos Judiciais no Brasil estava prevista e regulamen- tada no CPC-73, Código de Processo Civil, onde todas as prerrogativas estavam determinadas e vinham sendo seguidas conforme a Lei. No ano de 2015, com a Lei 13105, foi criado o Novo Código de Processo Civil, que entrou em vigor oficialmente em 17 de março de 2016. Este Novo CPC trouxe modificações em 8 9 vários aspectos e, inclusive, no que tange a atuação dos Peritos Judiciais, como a questão dos honorários periciais que foram remodelados a partir do novo CPC. Figura 1 Fonte: iStock/Getty Images Os Peritos Judiciais podem atuar em diversas áreas, mas iremos nos restringir somente na área de Saúde e Segurança do Trabalho, que podem ser divididas em dois seguimentos: as Perícias Médicas e as Perícias Técnicas. a) As Perícias Médicas são solicitadas pelo juiz quando o Reclamante alega ter contraído uma Doença Ocupacional, em função das suas atividades laborais desenvolvidas durante o período no qual trabalhou na Recla- mada. Pode-se citar, como exemplo, um funcionário que trabalhava levantando peso durante toda a sua jornada e alega ter desenvolvido uma lesão na coluna vertebral. Como o Juiz não tem como avaliar se tal fato é verídico, determina que seja realizada uma Perícia Médica por um Perito Judicial que ele próprio pode determinar, ou que as partes em comum acordo possam escolher. A cada parte caberá o direito de indicar um Perito Médico Assistente Técnico, que irá acompanhar a Perícia desenvolvida pelo Perito indicado pelo Juiz. Após a realização da Perícia, cada Assistente Técnico e o Perito Judicial irão elaborar um Laudo que será protocolado na Justiça do Trabalho e enviado ao Juiz para que o mesmo tenha condições, através da Prova Pericial (Laudo), de determinar se realmente o trabalhador adquiriu a lesão na coluna vertebral, em função do seu labor. Desta forma, podendo arbitrar o valor que lhe deve ser atribuído pela Reclamada. b) Perícias Técnicas são realizadas pelo Engenheiro de Segurança do Tra- balho, toda vez que o Reclamante alega ter fi cado exposto a algum agente insalubre ou agente perigoso, e que o Juiz precise de compro- vação dos fatos através da Prova Pericial. Ela será determinada por um Perito indicado pelo Juiz, ou, em comum acordo, quando as partes assim desejarem, indicarão o Perito. As mesmas têm o direito de indicar seus respectivos assistentes técnicos. Exemplifi cando: 9 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias-Quesitos Iniciais, Quesitos Suplementares, Quesitos de Esclarecimentos “Um trabalhador que laborou por oito anos em uma Empresa onde desenvolvia suas atividades laborais exposto aos agentes físicos ruído e ao calor, além de ma- nusear produtos inflamáveis. Ele alega que não recebia os respectivos adicionais de insalubridade e de periculosidade,nem os equipamentos de proteção individual, e que a Reclamada não adotava nenhuma forma de proteção coletiva com objetivo de neutralizar a exposição”. Desta forma, o Perito Judicial irá comunicar à Reclamada, data e horário em que será realizada a Perícia, e os advogados das partes irão informar os seus respectivos Assistentes Técnicos, para que os mesmos possam também realizar suas avaliações no mesmo dia e horário. Eles avaliarão as condições onde o Reclamante laborava e emitirão seus pareceres técnicos que serão enviados ao Juiz para determinação da sentença. Nota 1 - No exemplo citado, o Reclamante alega que ficara exposto a dois agentes insalubres, ruído e calor. No Laudo Pericial, será informa- do se realmente ele ficara exposto a estes dois agentes, e qual o grau da insalubridade, máximo, médio ou mínimo. Nota 2 - No caso de exposição a mais de um agente insalubre, o Juiz determinará o pagamento somente sobre o maior grau de exposição. Nota 3 - O Reclamante alega que também ficava exposto a produtos inflamáveis e, caso seja constatado pelo Laudo Pericial, que ficou ca- racterizada a periculosidade por exposição a Líquidos Inflamáveis, o Juiz deverá determinar o pagamento do devido adicional, sempre o que for mais vantajoso para o Reclamante, mas não de forma acu- mulativa, ou seja, ele terá direito ao adicional de Insalubridade ou ao adicional de Periculosidade. Nota 4 - É importante lembrar que no texto acima, o Reclamante infor- ma que trabalhara há oito anos na empresa e que sempre desenvolveu a mesma atividade, ficando exposto aos agentes insalubres e perigosos. Entretanto, somente terá direito ao recebimento do devido adicional re- troativamente aos últimos cinco anos, a contar da data de protocolada a Ação na Justiça do Trabalho. Quando da determinação do Juiz da realização da Perícia pelo Perito da Justiça, cabe às partes a elaboração de quesitos previstos do Código de Processo Cível, de acordo com o artigo 465, parágrafo 1º inciso III. Os quesitos são questionamentos apresentados pelas partes, que devem obrigatoriamente ser respondidos pelo Perito em seu Laudo Pericial. Estes quesitos devem ser elaborados preferencialmente por pessoa técnica que tenha pleno conhecimento da Norma Regulamentadora NR-15 agentes insalubres, e da Norma Regulamentadora NR-16 agentes perigosos. De modo geral, são os Assistentes Técnicos que elaboram os quesitos e enviam aos advogados das partes, que peticionam no processo. A seguir, apresentamos um Modelo de Petição meramente didático, no qual o Advogado apresenta todos os pedidos à Justiça. 10 11 Excelentíssimo Senhor, Doutor Juiz Federal da ____________ Vara do Trabalho do Fórum Trabalhista /SP. José da Silva, brasileiro, solteiro, portador da Cédula de Identificação RG nº XXXX XX.XX.XXX-0 e inscrito no CPF/MF sob nº YYY.YYY.YYY-65, residente e domiciliado na Rua Marques de Sapucaí, 120 – Jardim São Luiz- São Paulo/SP, CEP 00000-000, nascido em 18/06/1961, filho de Josefa da Silva, CTPS n.º ZZZZZ, serie 00100 SP, PISXXX.YYYYY.ZZ.X, por seu advogado que esta subscreve, nos termos da procuração anexa, vem respeitosamente, propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA Em face de seu ex-empregador, Fundições Marvel do Brasil, pessoa jurídica, cadastrada no CNPJ sob o nº XX.ZZZ.ZZZ/0001-ZZ, estabelecida na Avenida Martino Basso, 997 – Santo André - São Paulo/SP, CEP 00000-000, pelos motivos a seguir expostos, requerendo-se ao final. Do Contrato de Trabalho O Reclamante ingressou no quadro funcional da Reclamada em 30/01/2000, para exercer as atribuições profissionais de operador de injetora de alumínio, mediante retribuição salarial última de R$ 2.595,00 (dois mil, quinhentos e noventa e cinco reais) por mês, sendo demitido sem justa causa em 01/03/2016, e, assim, por entender credor de direitos trabalhistas não pagos, vem interpor a presente ação. Da Estabilidade Após a Doença Profissional- Reintegração ou Indenização O Reclamante foi afastado de seu local de trabalho em 30/02/2014 por doença profissional, retornando em 25/05/2014. Em 01/03/2016 foi despedido sem justa causa. Da Jornada Extraordinária O Reclamante cumpriu a seguinte jornada: - De segunda a sábado das 05h50 às 14h15. O Reclamante não recebeu as horas extraordinárias, visto que sempre extrapolava o limite mensal de horas de trabalho determinado por lei, bem como seus devidos reflexos. Assim, requer-se o pagamento das horas extras pela Reclamada, devendo ser assim considerado o limite diário de oito horas e/ou semanal de quarenta e quatro horas. O divisor será de 220 horas e os adicionais convencionais de 50 a 100%. Por habitual o cumprimento da prestação extraordinária, deverá a média física das horas extras, projetar reflexos sobre os DSRs (Súmula 172, TST) e, com estes, sobre todos os 13º salários (Súmula 45, TST), férias mais 1/3 (artigo 142, § 5º CLT), depósitos do FGTS (Súmula 63, TST), aviso prévio (artigo 487, § 5º CLT). Do Intervalo Intrajornadas 11 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias-Quesitos Iniciais, Quesitos Suplementares, Quesitos de Esclarecimentos O Reclamante, em todo período que laborou, não gozou de seu horário de intervalo e descanso, fazendo toda sua jornada de trabalho quase que ininterrupta; A dicção do art. 71, § 4º da CTL, preconiza: Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. No entanto, tendo sido suprimido da Reclamante as horas de intervalo para refeição e descanso, em todo período em que trabalhou para a Reclamada, deve ser esta condenada ao pagamento das horas de intervalo como extraordinárias acrescidas com o adicional legal, bem como seus reflexos legais nos DSRs, e com estes, sobre todos os 13º salários (Súmula 45, TST), férias mais 1/3 (artigo 142, § 5º CLT), depósitos do FGTS (Súmula 63, TST) e Multa 40%, aviso prévio (artigo 487, § 5º CLT) e etc., em homenagem a mais sublime Justiça! Do Descanso Semanal Remunerado Verifica-se que em todo período laborado o Reclamante trabalhou em sobre jornada, além de não pagar as horas extras, a Reclamada deixou de computar tal consectário no Descanso Semanal Remunerado a que tem direito o Reclamante; Ao passo que a Reclamada deixou de realizar os pagamentos do DSR conforme determina a Lei Trabalhista, suprimindo as horas extraordinárias de tal consectário, tal conduta além de trazer visível prejuízo ao Reclamante, também vai de encontro ao que dispõe a Súmula 172 do TST. Do Intervalo Previsto no Artigo 384 da CLT É certo que a jurisprudência vem considerando a incidência do intervalo do artigo 384, aplicando-o também aos homens. Segundo o art. 384 da CLT, em caso de prorrogação do horário normal de trabalho da mulher, agora equiparado aos homens, será obrigatório um descanso de 15 (quinze) minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário do trabalho. A Reclamada jamais concedeu referido intervalo ao Reclamante. Isso faz o autor credor de, pelo menos, 15 minutos de intervalo por dia em que tenha ocorrido labor extraordinário, a serem pagos como horas extras, isto é, com os adicionais convencionais e repercutindo em todas as verbas contratuais e rescisórias. Com efeito, requer-se o pagamento de 15 minutos diários de intervalo não concedidos nos dias em houve labor extraordinário (art. 384, da CLT), com os adicionais convencionais, bem como, com reflexos, em DSRs, e, com estes, em 13º salários, férias mais 1/3, aviso prévio, depósitosfundiários e multa de 40%. 12 13 Do Adicional de Insalubridade O Reclamante laborava diariamente em contato com produtos químicos, tóxicos, alumínio, magnésio, cobre, poeira, sujeira, além do excesso de ruído, permanecendo assim exposto muito além daqueles permitidos e prejudiciais ao organismo, sem o uso dos EPIs. Assim sendo, laborava o Reclamante em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho. Contudo, a Reclamada jamais forneceu os equipamentos de proteção necessários para neutralização dos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho. Faz jus, portanto, à percepção do adicional de insalubridade, conforme art. 192 da CLT, devido ao grau máximo, ou em grau a ser apurado em devida perícia técnica, com os respectivos reflexos em DSRs, horas extras, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%, requerendo desde já que seja realizada perícia para apuração das condições laborais da Reclamante. Reconhecido o direito à percepção do adicional de insalubridade, sua base de cálculo deverá ser a REMUNERAÇÃO DO RECLAMANTE, uma vez que o Enunciado 17 do C.TST prevê a utilização do salário do obreiro para tal cálculo, foi restaurado através da Resolução 121/03. Ademais, o artigo 7º, XXIII da Constituição Federal não permite a utilização do salário mínimo para a indexação de qualquer título, conforme assentado na jurisprudência. Do Adicional de Periculosidade O Reclamante trabalhou durante todo o contrato de trabalho em atividade de RISCO, com exposição permanente, tendo em vista que laborava com fornos em altas temperaturas de 700º graus para a confecção de peças. Assim, conforme a legislação vigente, faz jus ao ADICIONAL DE PERICULOSIDADE de 30% (trinta por cento) calculado sobre seu salário. Consolidação das Leis do Trabalho Art. 193 - São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. Faz jus, portanto, à percepção do adicional de periculosidade, conforme art. 193, § 1º da CLT, com os respectivos reflexos em DSRs, horas extras, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%, requerendo desde já que seja realizada perícia para apuração das condições laborais do Reclamante. 13 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias-Quesitos Iniciais, Quesitos Suplementares, Quesitos de Esclarecimentos Do Recolhimento do FGTS A Reclamada deixou de depositar na conta vinculada do Reclamante os recolhimen- tos a título de FGTS em todos os meses de afastamento por doença ocupacional. Desta forma, requer o pagamento da diferença pelos não recolhimentos corretos do FGTS, requerendo, outrossim, que a Reclamada colacione os comprovantes de recolhimentos com a defesa, na forma do artigo 355 do CPC. Ainda quanto ao FGTS, em razão da ausência dos depósitos fundiários, requer-se que seja a reclamada responsável, pela condenação na multa estabelecida pela Lei 8036/90 em seu artigo 22 “caput”. Do Dano Moral – Doença Ocupacional O Reclamante laborou por 16 anos na função de operador de injetora de alumínio até 2010, quando as máquinas eram manuais, realizava movimentos de rotação para a direita e a esquerda em pé fazendo 1200 peças em média por dia. Desta maneira foi acometido de sérios problemas de saúde, caracterizado como “cervicobraquialgia” e “lombociatalgia”, apresentando dores na coluna cervical e trapézios, em decorrência das exaustivas atividades que exercia para a Reclamada. O Reclamante, em virtude das condições adversas de trabalho a que foi submetido pela Reclamada, adquiriu doença profissional, tendo sido afastado durante o contrato de trabalhos em várias ocasiões. Esta doença é, indiscutivelmente, provocada pelo trabalho que o Reclamante exercia, de forma ininterrupta e excessiva, bem como em condições não favoráveis. Saliente-se que o Reclamante começou a sentir sérias dores originadas de seu estado de saúde, provocado pela “cervicobraquialgia” e “lombociatalgia”, ainda assim a Reclamada, não obedecendo a ordens médicas, deixou que o Reclamante permanecesse trabalhando na mesma função e nas mesmas condições, o que só agravou a doença. O fato revoltante é que, a Reclamada ao saber que a doença do Reclamante, agravou- se, simplesmente demitiu-o, sumariamente, ainda no período de estabilidade. Não há como se afastar a conclusão de que as atividades exercidas pelo Reclamante no curso do pacto laboral em prol da Reclamada foram fator contributivo para o agravamento da patologia. Diante disso, pode-se concluir que o Reclamante executava atividades repetitivas e exaustivas e é viável concluir que as funções em posições antiergonômicas, em prol da Reclamada, foram determinantes para o agravamento da lesão. A Reclamada não cumpriu satisfatoriamente as normas de segurança do trabalho. De qualquer sorte, diga-se que o comprometimento com os preceitos no intuito de prevenir acidentes e doenças nesse ambiente, é imperativo legal e dever do empregador (arts. 7º, XXII, da CF e 157 da CLT) e, ainda assim, não afasta a responsabilidade pelos danos causados quando ocorrerem tais eventos, e constatada a culpa da empresa. 14 15 A responsabilidade civil do empregador por danos causados aos seus empregados encontra fundamento no inciso XXVIII do art. 7º da Constituição Federal, e também no novo Código Civil, artigos 186 e 187. O Reclamante desenvolvia trabalhos sem que a Reclamada observasse os meios necessários à proteção contra os riscos decorrentes da atividade exercida, sem zelar pela segurança da saúde do trabalhador (normas de saúde e segurança). Portanto, diante da culpa (omissão), deve a Reclamada arcar, por consequência, com a responsabilidade pela reparação. Restam presentes os requisitos essenciais para a condenação em reparação de danos, qual seja, ato ilícito (culpa) ou omissão do empregador, conjugado com o nexo causal de prejuízo ao autor. No que tange à indenização por danos morais, mantido o reconhecimento da natu- reza ocupacional da patologia do Reclamante, estão presentes todos os elementos da responsabilidade civil à reparação por ato ilícito (art. 7º inciso XXVIII da CF/88 e art. artigo 186 do CC/2002), quais sejam: ato comissivo ou omissivo; nexo causal; dano e culpa do empregador (em sentido amplo). Isso porque a Reclamada omitiu providências relacionadas à proteção e à saúde do trabalhador, impondo a execução das atividades em condições prejudiciais a sua integridade física e negligenciou as obrigações previstas no art. 157 da CLT, o que enseja a configuração da culpa. Assim, latente que a Reclamada agiu com culpa, houve a doença profissional e o Reclamante é portador de sequelas, pois teve reduzida sua capacidade laborativa. Nesse ponto, o dano moral é presumido pelo sofrimento experimentado pelo Reclamante, evidente por ter a doença ocupacional atingido sua integridade física, porquanto, é certo que a redução da capacidade laboral, ainda que parcial, repercute no equilíbrio psicológico e no bem-estar da vítima, não se tratando de meros aborrecimentos. Da Justiça Gratuita O Reclamante, por ser pobre na acepção legal do termo, requer os benefícios da assistência judiciária gratuita, nos termos do artigo 14, da Lei n. 5584/70, combinado com o artigo 2o da Lei 1060/50 conforme declaração anexa. Dos Honorários Advocatícios - Indenização Diante do quanto disposto no art. 404 do novo Código Civil Brasileiro, estabelecendo a necessidade do ressarcimento dos honorários advocatícios, como perdas e danos nas obrigações de pagamento em dinheiro, restou reformada a regra geral de sua não aplicabilidade em reclamação trabalhista. De fato, se o regramento geral é de aplicação de honorários, mesmo em outros casos de hipossuficiência (consumidor, pequeno pres- tador de serviço, seguradosdo INSS), não teria sentido que apenas nas Reclamações Trabalhistas tal instituto fosse desprezado. Tal situação salta ainda mais aos olhos com a edição da EC 45, ampliando o rol de competência da Justiça do Trabalho, onde algumas outras figuras bem similares ao trabalhador empregado trarão aos seus pro- cessos, mesmo em tramitação nesta Justiça especializada, o instituto dos honorários 15 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias-Quesitos Iniciais, Quesitos Suplementares, Quesitos de Esclarecimentos advocatícios (diarista, pequeno prestador de serviço autônomo etc.). Assim, o sistema jurídico – para ser compreendido como tal – deve ter padrão comum de aplicabilidade. Deste modo, nos termos do art. 20, § 3º do CPC cc. art. 404 do Código Civil, faz jus à condenação da Reclamada ao pagamento de honorários advocatícios decorrentes da sucumbência em favor do Reclamante, requerendo seja este fixado por este Juízo em 30% (trinta por cento) do valor da condenação. Dos Pedidos Isto posto e diante de tudo quanto aqui narrado e comprovado, alternativa não resta ao Reclamante, senão os suplementos desta JUSTIÇA especializada, a fim de vindicar títulos contratuais e rescisórios, cujo direito lhe é indiscutível e o pagamento sonegado pela Reclamada, primando, desde logo, pela TOTAL PROCEDÊNCIA da presente demanda, os pleitos: Seja notificada a Reclamada no endereço declinado na parte preambular deste petitório, para que, caso queira, conteste, sob pena de revelia e confesso da matéria de fato; Pagamento das horas extras, prestadas durante todo o contrato de trabalho excedente à 8ª diária e/ou 44ª semanal com os adicionais convencionais de 50% e 100%, conforme acima, utilizando a globalidade salarial; Pagamento das horas extras, em razão da violação do intervalo intrajornada, conforme acima, utilizando a globalidade salarial; Reflexos das horas extras por excedentes ao limite legal diário nos Descansos Semanais Remunerados (DSRs) de todo o período e, COM ESTES, para gerar reflexos nas demais verbas contratuais e rescisórias, conforme fundamentação; Pagamento do intervalo previsto no artigo 384 da CLT, conforme funda- mentação; Pagamento do adicional de insalubridade, conforme art. 192 da CLT, devido ao grau máximo, ou em grau a ser apurado em devida perícia técnica, com os respectivos reflexos em DSRs, horas extras, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%, requerendo desde já que seja realizada perícia para apuração das condições laborais do Reclamante, conforme acima fundamentado; Pagamento do adicional de periculosidade, conforme art. 193 da CLT, com os respectivos reflexos em DSRs, horas extras, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%, requerendo desde já seja realizada perícia para apuração das condições laborais do Reclamante, conforme acima fundamentado; Requer o recolhimento do FGTS de todo o período laborado; Requer a liberação das guias para o soerguimento do FGTS ou expedição de competente alvará, sob pena de indenização direta pela empregadora, conforme fundamentação; 16 17 Pagamento dos salários do período compreendido de janeiro a abril de 2014; Indenização por dano moral pela doença ocupacional; Requerem-se os benefícios da Justiça gratuita, ante o estado de miserabili- dade em que se encontra o Reclamante, conforme declaração assinada, nos termos da Lei 7115 de 29 de Agosto de 1983; Honorários advocatícios conforme o disposto no artigo 133 da atual Constituição Federal, combinado com o artigo 20 do Código de Processo Civil e Lei 8906/94, e sucessivamente, caso este não seja o entendimento de V. Exa., requer o autor seja a Reclamada compelida a efetuar pagamento de indenização a este título, em valor a ser arbitrado por este MM. Juízo, lembrando-se a utilização do percentual de 30%; Expedição de Ofícios aos órgãos fiscalizadores, a fim de que tomem as providências reputadas cabíveis, a critério das autoridades destinatária, conforme fundamentação. Deferimento de eventual pedido constante na fundamentação supra; Vem, pois, postular a condenação da Reclamada a lhe pagar as verbas retro e supra discriminadas, acrescidas de juros e correção monetária, na forma da lei. Pleiteia, outrossim, que as verbas reclamadas, que são de caráter alimentar, sejam qualificadas de natureza jurídica indenizatória, para todos os fins de Direito, uma vez que, não tendo sido pagas nas épocas próprias, perderam, de muito, sua imediata finalidade satisfativa. Requer que a Reclamada colacione os recibos de pagamento realizados ao autor, registro, fichas, etc., fulcrado no artigo 355, sob pena do artigo 359 do Digesto Processual Civil. Ante o exposto, é a presente Reclamação Trabalhista proposta com o fundamento no artigo 838 e 841 da CLT, para que se digne Vossa Excelência, determinar a notificação da Reclamada, na pessoa de seu representante legal, para que, querendo, manifeste-se sobre os termos da presente ação, ou venha conciliar-se com o Reclamante, em audiência de instrução e julgamento a ser designada, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato acompanhando-a até final decisão, que deverá julgá-la PROCEDENTE condenando a Reclamada ao pagamento das verbas pleiteadas, acrescidas de juros e correção monetária (época própria), bem como a satisfazer os honorários advocatícios, custas e demais cominações de estilo. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em especial pelo depoimento pessoal do representante legal da ré, sob pena de confesso, oitiva de testemunhas, perícias e outras que se fizerem necessárias à elucidação da causa. Todos os valores eventualmente deferidos na presente ação serão calculados em regular liquidação de sentença, independentemente do limite dos valores eventualmente apurados na exordial, deduzidos os valores comprovadamente pagos pela Reclamada. 17 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias-Quesitos Iniciais, Quesitos Suplementares, Quesitos de Esclarecimentos Por fim, requer que todas as publicações/intimações no Diário Oficial sejam remetidas em nome do subscritor da presente, ou no endereço constante no rodapé da presente. Dá-se à causa o valor provisório de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) exclusivamente para fins fiscais. Termos em que, Pede deferimento. São Paulo, 10 de dezembro de 2016. João da Silva OAB/SP XXX.XXX Neste estudo de caso, podemos notar que o Advogado do Reclamante elenca diversos pedidos, os quais fazem parte da petição inicial. Cabe esclarecer que ele pode apresentar o pedido, cabendo a outra parte, a Reclamada, provar que cumpriu suas obrigações com o Trabalhador. De qualquer forma, devemos ler todo o processo, para que possamos ter uma ideia geral de que trata a Ação em questão. Entretanto, para fins de Perícia Técnica de Insalubridade e Periculosidade, as informações mais importantes estão nos Pedidos de Insalubridade e Periculosidade que o Advogado faz, nos quais precisa ser comprovado “in loco”, se o Reclamante tem direito aos respectivos adicionais, bem como qual o Enquadramento Legal da NR-15 e da NR-16. Para tanto, é necessária a apresentação dos Quesitos, que serão respondidos pelo Perito Judicial no seu Laudo. A seguir, apresentamos um modelo de quesitos, que podem ser apresentados e peticionados para a Ação que foi descrita neste exemplo. 18 19 Quesitos Iniciais 1. Informe o Sr. Perito, minuciosamente: Quais eram as funções exercidas pelo reclamante durante o período em que laborou para a reclamada e descreva ainda, tão minuciosamente quanto possível, o local, ou locais de trabalho onde o reclamante exerceu suas atividades em caráter habitual e permanente? 2. Informe, qual a frequência, ou seja, qual o número de vezes em que o reclamante adentrava nos locais de trabalho aludidos no item anterior. Informe ainda qual o tempo que permanecia neles. Os locais eram abertos ou fechados? Existia permissão de trabalho, ou documento específi co paraa liberação das atividades e, antes do início das mesmas, era orientado quanto aos riscos existentes no local de trabalho? 3. À luz da NR-15, o reclamante, quando laborava para a reclamada, exercia suas funções em condições que possam ser enquadradas de forma qualitativa ou quantitativa? 4. Caso positiva a resposta ao item 4, pergunta-se: Quais são os agentes caracterizadores do possível enquadramento nos moldes da NR-15? Se forem agentes químicos, qual a composição e qual a concentração dos agentes no meio ambiente de trabalho? Se forem agentes físicos, qual a intensidade destes agentes? Eles ultrapassam os limites de tolerância da NR-15, e ou da ACGIH? Qual o enquadramento legal detalhado nos termos da NR-15? Indicar item e anexo respectivo. 5. Pode com base nas informações prestadas, informar se durante o exercício de suas funções, ainda estava o reclamante exposto a condições possíveis da caracterização da periculosidade? 6. Em positiva a resposta ao item anterior, qual o enquadramento na NR-16 e seus anexos? Com que frequência se expunha a agentes perigosos? 7. Não é certo afi rmar que a reclamada sempre forneceu EPIs, forneceu treinamento para utilização e fi scalizou e tornou obrigatório o uso de EPIs? 8. Informe quais eram os EPIs e quais tipos o reclamante fazia uso? 9. Tais equipamentos seriam sufi cientes para neutralizar qualquer agente insalubre que porventura pudesse existir no local de trabalho do recla- mante? Explique. 10. Informe qual a aparelhagem e técnica utilizadas, assim como o tempo despedido para o levantamento das informações prestadas. 19 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias-Quesitos Iniciais, Quesitos Suplementares, Quesitos de Esclarecimentos Quesitos Suplementares Durante a diligência realizada pelo Perito da Justiça juntamente com os Assistentes Técnicos, podem ter surgido novas dúvidas que necessitam ser esclarecidas e que podem auxiliar na elucidação dos fatos. Desta forma, os Assistentes Técnicos podem apresentar os quesitos Suplementares, que devem ser apresentados ao Perito Judicial, na forma de Petição. Quesitos de Esclarecimento Os Quesitos de esclarecimentos são questões que podem ser colocadas pelo Juiz para que o Perito da Justiça e os Assistentes Técnicos respondam, caso os seus respectivos Laudos, não sejam suficientemente claros e elucidativos. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Ministério do Trabalho – FUNDACENTRO https://goo.gl/F6ogaa Livros Novo PPP e LTCAT: comentado e ilustrado ARAUJO, Giovanni Moraes de. Novo PPP e LTCAT: comentado e ilustrado. Rio de Janeiro: GVC, 2011. 477p. Segurança e Medicina do Trabalho: Atividades e Operações Perigosas, NR-16 BRASIL. Manuais de Legislação Atlas. Segurança e Medicina do Trabalho: Atividades e Operações Perigosas, NR-16. Atlas, São Paulo, 2010. Curso de Introdução à Perícia Judicial VENDRAME, Antônio Carlos. Curso de Introdução à Perícia Judicial. 2ª ed. Rio de Janeiro: Vendrame, 2012. 465 p. 21 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias-Quesitos Iniciais, Quesitos Suplementares, Quesitos de Esclarecimentos Referências Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. Disponível em <http://www.trt4.jus. br/portal/portal/trt4/home>. Acesso em 12 de maio de 2017. CORRÊA, Márcia Angelim Chaves; SALIBA, Tuffi Messias. Insalubridade e Peri- culosidade. São Paulo: LTr 75, 10º ed., 2011. BRASIL - MTE. Portaria 3.214, de 08/06/1978. Normas Regulamentadoras - NR. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 08 jun 1978. Acesso em 13 de maio de 2017. BRASIL. Decreto lei 5.452 de 01 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decre- to-lei/Del5452.htm> Acesso em 05 de junho de 2017. BRASIL. Lei 13.105 de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Dis- ponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/ l13105.htm> Acesso em 19 de junho de 2017. 22
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