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Tema 3 - Exercício, identificação da empresa e obrigações do empresário

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DEFINIÇÃO
Apresentação dos elementos de identificação e exercício da empresa e das obrigações do
empresário.
PROPÓSITO
Compreender a natureza jurídica do estabelecimento empresarial, relacionando-o com os
elementos de identificação da empresa e com as obrigações do empresário.
PREPARAÇÃO
Tenha o Código Civil (Lei n. 10.406/2002) em mãos, principal fonte legislativa para
compreensão e estudo do conteúdo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a relação entre empresário, empresa e estabelecimento empresarial com os
elementos integrantes para o exercício da empresa
MÓDULO 2
Identificar as obrigações do empresário previstas no Código Civil e suas implicações jurídicas
MÓDULO 1
 Reconhecer a relação entre empresário, empresa e estabelecimento empresarial com
os elementos integrantes para o exercício da empresa
INTRODUÇÃO
 
Fonte: Alphaspirit/Shutterstock
Vamos começar pelo esclarecimento dos conceitos de empresário, empresa e
estabelecimento.
EMPRESÁRIO
De acordo com o artigo 966 do Código Civil, é aquele (pessoa física) que exerce de forma
profissional uma ou mais atividades econômicas organizadas para a produção ou
circulação (intermediação) de bens ou de serviços.
Destacamos algumas partes da noção legal propositalmente, pois são elementos
fundamentais.
PROFISSIONALISMO
O empresário deve exercer sua atividade de modo continuado, habitual, de maneira a extrair
seus rendimentos e sua manutenção desse trabalho. Portanto, não é empresário se a atividade
por ele exercida for esporádica, temporária, acessória. Tal elemento deve ser verificado na
prática como, por exemplo, se a única ou principal fonte dos rendimentos de uma pessoa
advém ou não de sua empresa. O termo profissional exige essa dedicação exclusiva ou
predominante à empresa.
EXERCÍCIO DA EMPRESA
Também é elemento de caracterização do empresário o exercício da empresa. Embora o
Código Civil não empregue o termo empresa, referindo-se apenas ao empresário, é possível
extrair o conceito de empresa do texto legal.
EMPRESA
É a atividade exercida profissionalmente pelo empresário.
 ATENÇÃO
Entretanto, não é empresa qualquer atividade, é preciso que seja uma atividade lucrativa
(econômica), que propicie rendimentos, recursos para seu titular, pois o empresário também é
um profissional e visa ao lucro quando atua.
A empresa, como atividade, é resultado da organização de elementos corpóreos
(materiais) ou incorpóreos (imateriais), como o capital investido, a mão de obra empregada,
os equipamentos, produtos ou serviços envolvidos, entre outros elementos que serão reunidos
pelo empresário para obtenção de lucro.
Com a organização da atividade econômica, o empresário se dedica à produção ou circulação
(intermediação) de bens ou de serviços, e o conjunto dos bens que ele utilizará para sua
empresa é denominado estabelecimento, que estudaremos a seguir.
ESTABELECIMENTO
Na introdução, verificamos que a empresa é exercida de modo profissional pelo empresário,
que precisa organizar elementos para viabilizar a produção ou intermediação de bens ou
serviços.
 EXEMPLO
Imagine que uma pessoa pretenda abrir um salão de barbeiro. Será necessário obter o local
apropriado, os equipamentos e materiais necessários e, talvez, contratar empregados.
O empresário precisa organizar os elementos de que necessita para atingir seu objetivo – o
exercício de empresa – e tais elementos são considerados em conjunto para efeitos legais
como estabelecimento.
 ATENÇÃO
O termo estabelecimento, que significa apenas a estrutura externa do negócio – a parte
visual, muitas vezes confundida com a loja, filial ou casa comercial –, não é pertinente em
nosso estudo, diante de um conceito técnico e específico contido no Código Civil.
CONCEITO E NATUREZA DO
ESTABELECIMENTO

ARTIGO 1.142. CONSIDERA-SE ESTABELECIMENTO
TODO COMPLEXO DE BENS ORGANIZADO PARA
EXERCÍCIO DA EMPRESA, POR EMPRESÁRIO, OU
POR SOCIEDADE EMPRESÁRIA.
(Lei n. 10.406, 2002)
Dessa definição, percebe-se que o estabelecimento é um elemento de empresa, não de
identificação, mas do seu exercício. É por meio da reunião dos bens que o empresário precisa
para exercer sua empresa que surge o estabelecimento. Tanto a pessoa física (empresário)
quanto a pessoa jurídica (sociedade empresária) podem ter um ou mais estabelecimentos.
 EXEMPLO
Tomando-se novamente o exemplo do salão de barbeiro, todos os elementos materiais,
corpóreos, bem como os imateriais, incorpóreos, que o empresário ou a sociedade utilizarem
para o exercício da empresa de barbearia (prestação de serviços) formam o estabelecimento,
por essa razão a lei se refere a ele como complexo de bens.
Embora o Código Civil vigente seja uma lei já promulgada no século XXI, em fase adiantada da
disseminação de utilização da internet, não há tratamento para o estabelecimento virtual ou
imaterial. Todavia, não há nenhum obstáculo legal para que a empresa seja exercida sem um
imóvel para onde a clientela se dirija.
A propagação de aplicativos e expressiva preferência pelo comércio eletrônico, além da
diminuição de custos, fez muitos empresários encerrarem seus estabelecimentos físicos e
criarem outros virtuais, ou diversificarem a modalidade de oferta de produtos e serviços.
 
Fonte: Billion Photos/Shutterstock
Após a análise do conceito de estabelecimento, também é importante identificar em qual
categoria jurídica o estabelecimento está enquadrado e, para tanto, examinaremos o artigo
1.143 do Código Civil.

ARTIGO 1.143. PODE O ESTABELECIMENTO SER
OBJETO UNITÁRIO DE DIREITOS E DE NEGÓCIOS
JURÍDICOS, TRANSLATIVOS OU CONSTITUTIVOS,
QUE SEJAM COMPATÍVEIS COM A SUA NATUREZA.
(Lei n. 10.406, 2002)
O estabelecimento é uma universalidade (objeto unitário), pois os elementos dele integrantes
são considerados de forma coletiva, agrupada, e não individual.
 COMENTÁRIO
Nota-se que é possível a transferência ou a constituição de direitos sobre todo o complexo, a
critério do empresário. Com isso, o empresário pode alienar ou dar em garantia alguns dos
bens do estabelecimento (imóvel, determinados equipamentos ou produtos) ou todos os
elementos reunidos.
Essa característica de unidade de direitos e negócios, porém, com possibilidade de
fragmentação, faz do estabelecimento uma universalidade de fato, categoria jurídica prevista
no art. 90 do Código Civil e definida como pluralidade de bens singulares que, pertinentes à
mesma pessoa, tenham destinação unitária.
O empresário pode ter vários estabelecimentos, no país ou no exterior, e os estabelecimentos
secundários são identificados pelos termos sucursais, filiais ou agências (artigo 1.172 do
Código Civil).
BENS INTEGRANTES DO ESTABELECIMENTO
A definição de estabelecimento se refere ao instituto como um complexo de bens e não há uma
enumeração legal deles, embora possam compreender bens imateriais, incorpóreos. Como
cada empresário organiza sua empresa e a exerce através do estabelecimento com os
recursos que possui ou pode adquirir, além das peculiaridades de cada atividade, é proposital
a ausência de uma relação legal de bens.
Bens corpóreos ou materiais
São todos os bens visíveis, tácteis ou com existência física, sejam móveis, semoventes
(animais) ou imóveis. Logo, integram o estabelecimento:
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
Entram no processo de produção ou circulação de bens ou serviços e variam de acordo com
múltiplos critérios, como porte da empresa, perfil de clientela, disponibilidade de recursos,
número de empregados, contratos de exploração etc.
INSUMOS
São a matéria-prima necessária para a empresa, podendo também englobar a contratação de
serviços de terceiros.
INSTALAÇÕES
Não se confundem com os imóveis ou o estabelecimento em sentido vulgar (loja), pois trata-se
dos bens móveis que guarnecerão os imóveis onde a empresa é exercida.
IMÓVEIS
São a base física da empresa, onde ela está assentada; contudo, pode o empresário alugá-los
ou arrendá-los de terceiros.
PRODUTOS
Produzidos ou distribuídos pelo empresário; sãoas mercadorias a serem destinadas a
terceiros, que constituem os estoques de que o empresário dispõe para atender sua clientela.
BENS INCORPÓREOS OU IMATERIAIS
A doutrina especializada aponta como bens imateriais:
NOME EMPRESARIAL
É um elemento de identificação da empresa e será estudado na segunda parte deste módulo.
Sua função é identificar o empresário perante os órgãos oficiais e nos negócios jurídicos que
ele realizar.
TÍTULO DE ESTABELECIMENTO
É a identificação adotada pelo empresário para seu estabelecimento. Por exemplo: o
empresário Ivo Dias pode nomear seu estabelecimento como Lojas Campeão e, nesse caso,
Ivo Dias é o seu nome empresarial na modalidade firma, e Lojas Campeão o título do
estabelecimento.
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Compreende os direitos que o empresário possui em relação às patentes de invenção ou de
modelos de utilidade, aos registros de desenho industrial ou de marcas. Todos esses direitos
são considerados por lei como bens móveis, passíveis, portanto, de cessão. A disciplina
específica dos direitos de propriedade industrial e sua proteção encontra-se na Lei n. 9.279, de
1996.
CONTRATOS
São os que o empresário celebra para a instalação, manutenção ou ampliação de seu
estabelecimento; eles integram o estabelecimento e podem ser objeto de cessão, exceto
aqueles de caráter pessoal, isto é, celebrados em razão de alguma qualidade pessoal do
contratante, cujas obrigações são afetas apenas a ele, sem transmissão a terceiros.
CRÉDITOS E DÍVIDAS
Integram o patrimônio do empresário e podem ser transmitidos com o estabelecimento.
Falaremos sobre eles no item referente aos efeitos obrigacionais da transferência do
estabelecimento.
PONTO EMPRESARIAL
É o local onde o empresário instala sua empresa e que serve de referência para seus clientes,
ou seja, é o imóvel utilizado, e pode ser próprio, cedido gratuitamente ou alugado.
 SAIBA MAIS
Existe norma jurídica protegendo o ponto empresarial para evitar que o empresário locatário
de um imóvel, após certo tempo nele desenvolvendo com regularidade sua empresa, seja
obrigado a deslocar seu ponto para outro local, com perda natural de sua clientela, porque o
locador não renovou o contrato. Contudo, a renovação compulsória da locação depende da
satisfação de três requisitos cumulativos, previstos no artigo 51 da Lei n. 8.245, de 1991:
o contrato de locação a renovar deve ser escrito e ter prazo determinado;
o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos
escritos seja de cinco anos; e
o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e
ininterrupto de três anos.
Ressaltamos que o parágrafo 5º do artigo 51 determina que perde o direito à renovação
aquele que não propuser a ação própria (ação renovatória) no período de um ano, no máximo,
até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor.
Assim, o locador não estará obrigado a renovar o contrato e também nos casos do artigo 52:
por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na
sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o
valor do negócio ou da propriedade;
o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de comércio
existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu
cônjuge, ascendente ou descendente.
É importante advertir que a clientela não é um elemento imaterial do estabelecimento, pela
simples razão de o empresário não poder dispor dela. Nenhuma pessoa é refém de certo
empresário, pois a livre concorrência é um princípio constitucional de ordem econômica (artigo
170, IV, da Constituição de 1988).
Quando há um negócio sobre o estabelecimento, o adquirente, arrendatário ou usufrutuário
tem uma expectativa de que a clientela manterá com ele o mesmo fluxo de negócios com seu
antecessor, mas isso não é certo nem se pode exigir dos clientes qualquer fidelização.
A clientela, no âmbito da teoria de empresa, é um atributo da empresa, isto é, uma qualidade
que surgirá naturalmente do exercício pelo empresário e que pode ser estimulada por ações
inovadoras ou atraentes na organização dos elementos do estabelecimento.
TRANSFERÊNCIA DO ESTABELECIMENTO
O estabelecimento, como universalidade de fato, pode ser transferido a terceiros a título
gratuito (sem remuneração ou contraprestação) ou oneroso, tanto de forma definitiva
(alienação ou trespasse), como de forma temporária, como é o caso do arrendamento ou do
usufruto.
Entretanto, essa transferência traz consequências jurídicas para as partes, que devem
observar as disposições do Código Civil em vários aspectos que serão apresentados nos
próximos tópicos.
Vejamos a seguir alguns efeitos obrigacionais da transferência do estabelecimento:
AVERBAÇÃO DO CONTRATO E SUA PUBLICAÇÃO
Se o empresário quiser alienar seu estabelecimento (compreendendo todos os bens que
compõem a universalidade), arrendá-lo ou dá-lo em usufruto, o contrato deverá ser escrito e,
além disso, só produzirá efeitos quanto a terceiros (pessoas que não tomaram parte no
negócio) depois de averbado à margem da inscrição do empresário ou da sociedade
empresária no Registro Público de Empresas Mercantis (a cargo das Juntas Comerciais) e de
publicado na imprensa oficial.
Portanto, não basta adotar as formalidades de assinatura do contrato e de presença de
testemunhas, como habitualmente se faz. Essas providências são importantes, mas a plena
eficácia do negócio jurídico depende das medidas citadas, ou seja, primeiro averbar o contrato
e, em seguida, publicar em jornal oficial do estado, conforme o local da sede do empresário ou
da sociedade, nos termos do art. 1.152, § 1º, do Código Civil.
Ressalta-se que, se o empresário estiver enquadrado como microempresa ou empresa
de pequeno porte, é dispensável a publicação do contrato, mas permanece obrigatória
sua averbação na Junta Comercial (artigos 3º e 71 da Lei Complementar n. 123, de 2006).
RESPONSABILIDADE DO ALIENANTE E DO
ADQUIRENTE
De acordo com o artigo 1.146 do Código Civil, o adquirente do estabelecimento, seja pessoa
física ou jurídica, responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que
regularmente contabilizados. Dessa maneira, todas as obrigações que o alienante contraiu até
a data da alienação, e que estejam devidamente escrituradas, deverão ser cumpridas pelo
adquirente.
O objetivo da lei é proteger os credores do alienante, impondo uma sucessão obrigacional
decorrente do negócio de transferência ou trespasse. Contudo, com o intuito de proteger o
adquirente de assumir obrigações que desconhecia na época da transferência, a lei somente
impõe a sucessão empresarial aos débitos contabilizados de forma regular, ou seja, inseridos
em livros do empresário revistos das formalidades legais (assunto para o próximo módulo).
É muito importante o exame prévio dos livros do empresário (antes da efetivação do
negócio e do exame de documentos) para que o adquirente tenha clareza completa do
passivo existente e que deverá ser assumido por ele.
Em relação ao alienante, a lei o mantém vinculado às obrigações contraídas antes do
trespasse pelo prazo de um ano, contado, quanto aos créditos vencidos, da data da publicação
do contrato e, quanto aos créditos vincendos, da data do vencimento de cada um deles. Nota-
se a presença de um vínculo legal de solidariedade temporário entre alienante e adquirente em
benefício do credor.
Em matéria de tributos existentes na data da transferência, não se aplica a regra do artigo
1.146 e sim disposição especial contida no artigo 133 do Código Tributário Nacional (Lei n.
5.172, de 1966). Por essa disposição, o adquirente de estabelecimento comercial, industrial ou
profissional, se continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou
sob firma ou nome individual, responde pelos tributos relativos ao estabelecimento
adquirido, devidosaté à data do ato: I - integralmente, se o alienante cessar a exploração
do comércio, indústria ou atividade; II - subsidiariamente com o alienante, se este
prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação
nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.
CESSÃO DOS CRÉDITOS
Os créditos do alienante do estabelecimento estão incluídos na relação de bens incorpóreos e
são transmitidos ao adquirente, tais quais os débitos.
A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação
aos devedores do alienante desde o momento da publicação do contrato de trespasse, mas, se
o devedor pagar ao credor primitivo de boa-fé, ficará exonerado da obrigação, como determina
o artigo 1.149 do Código Civil.
TRANSFERÊNCIA DOS CONTRATOS
As obrigações contidas nos contratos celebrados para exploração do estabelecimento, bens
incorpóreos, serão transferidas ao adquirente, como autoriza o artigo 1.148 do Código Civil,
mas é possível proibir essa cessão, pois é uma faculdade das partes, se assim for estipulado.
Se não houver qualquer previsão no contrato, a transferência importa a sub-rogação do
adquirente nos contratos, ou seja, ele é obrigado a cumprir as obrigações assumidas pelo
alienante. Todavia, os contratos que tiverem caráter pessoal são extintos com o trespasse.
Havendo justa causa, terceiros que tomarem conhecimento da transferência do
estabelecimento podem denunciar o contrato que tinham com o alienante em até noventa dias
da data da publicação.
PROIBIÇÃO DE CONCORRÊNCIA POR PARTE DO
ALIENANTE, ARRENDADOR OU NU-PROPRIETÁRIO
Outro importante efeito obrigacional, decorrente da transferência ou do trespasse do
estabelecimento, está previsto no artigo 1.147 do Código Civil. Trata-se da proibição ao
alienante de fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência,
também conhecida como proibição de restabelecimento.
Essa vedação precisa ser prevista no contrato, pois é decorrente de lei, mas pode ser afastada
por cláusula autorizativa. O objetivo da proibição é resguardar o adquirente de eventual
concorrência desleal que ele sofreria se o alienante pudesse, imediatamente ou pouco tempo
após a transferência, restabelecer-se em local próximo ao primitivo estabelecimento, com
potencial desvio de clientela.
A proibição de restabelecimento também se aplica ao arrendador ou nu-proprietário,
respectivamente, nos casos de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, mas persiste
durante todo o prazo do contrato ou duração do usufruto.
Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre a proibição de concorrência na alienação
do estabelecimento e suas modulações (tempo, espaço e atividade):
ELEMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO DA
EMPRESA
A empresa, atividade econômica organizada, não tem personalidade e, como tal, não tem
capacidade para exercer direitos e contrair obrigações. Quem tem personalidade é o
empresário (pessoa natural) ou a sociedade empresária (pessoa jurídica).
Mesmo sem personalidade, é possível identificar a empresa por várias formas, sendo a
principal delas o nome empresarial, que é a identificação oficial e obrigatória do seu titular.
Existem também outras formas de identificação da empresa, facultativas, conforme veremos a
seguir.
FORMAS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
O título de estabelecimento (identificação do estabelecimento).
A marca (identificação do produto ou serviço oriundo daquela empresa).
As expressões e os sinais de propaganda (identificação do produto ou serviço para efeito
de recomendá-los, realçar suas qualidades ou atrair a atenção dos consumidores ou
usuários).
NOME EMPRESARIAL
É definido pelo artigo 1.155 do Código Civil como a firma ou a denominação adotada para o
exercício de empresa. O empresário precisa ter um nome para exercer sua empresa e
identificá-la. Tal designação não se confunde com os demais elementos – título de
estabelecimento, marcas, expressões ou sinais de propaganda.
 SAIBA MAIS
Como o nome empresarial diz respeito à pessoa do empresário, é diverso do título, que se
refere ao estabelecimento, desprovido de personalidade. O nome empresarial não é usado
para distinguir produtos ou serviços (para isso é usada a marca), nem para recomendá-los aos
consumidores (para isso faz-se uso da expressão ou do sinal de propaganda).
A seguir alguns elementos que são fundamentais na escolha do nome empresarial:
ESPÉCIES DE NOME EMPRESARIAL
O nome empresarial pode ser uma firma ou denominação, com regras próprias para sua
formação e seu emprego; o uso de uma ou do outro não é livre e dependerá da forma da
empresa.
A empresa pode ser exercida de forma individual e sem criação de pessoa jurídica quando se
tem a figura do empresário, definido no artigo 966 do Código Civil. O empresário (individual)
somente poderá adotar firma como nome empresarial, que será a sua assinatura nos atos por
ele praticados no exercício de sua empresa.
 SAIBA MAIS
Nas sociedades, dependendo do tipo adotado, a firma é coletiva – também conhecida pela
expressão razão social porque pode contemplar na sua formação o nome de todos os sócios
ou de mais de um deles.
A formação da firma individual deve observar as regras do artigo 1.156 do Código Civil. Nesses
termos, a firma individual é constituída pelo nome completo (exemplo: Miguel de Sá Leitão) ou
abreviado do empresário (M. S. Leitão), aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da
sua pessoa ou do gênero de atividade. Nota-se que o empresário não poderá usar como firma
apenas o gênero de atividade ou o apelido ou codinome, eliminando o nome civil da formação.
O exercício da empresa também ocorre por meio da constituição de pessoa jurídica, seja da
espécie Sociedade (artigo 44, inciso II, do Código Civil), seja Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada – EIRELI (artigo 44, inciso VI, do Código Civil).
 ATENÇÃO
Quando a forma de sociedade for adotada, é preciso verificar qual o tipo será escolhido, pois
existem tipos que deverão usar apenas a espécie firma, tipos em que pode ser adotada
qualquer uma das duas espécies e, na sociedade anônima, o nome empresarial deve ser
denominação.
SÍNTESE DA UTILIZAÇÃO DO NOME EMPRESARIAL
POR CADA TIPO DE SOCIEDADE
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
TIPO DE SOCIEDADE ESPÉCIE DE NOME EMPRESARIAL
Nome coletivo Firma (artigo 1.141 do Código Civil)
Comandita simples Firma (artigo 1.147 do Código Civil)
Limitada Firma ou denominação (artigo 1.158 do Código Civil)
Anônima Denominação (artigo 1.160 do Código Civil)
Comandita por ações Firma ou denominação (artigo 1.161 do Código Civil)
 ATENÇÃO
A EIRELI tem a mesma regra quanto à adoção do nome empresarial que a sociedade limitada,
ou seja, poderá ser firma ou denominação, seguida sempre do aditivo EIRELI ao final, de
acordo com o artigo 980-A, § 1º, do Código Civil.
INALIENABILIDADE DO NOME EMPRESARIAL
(ARTIGO 1.164 DO CÓDIGO CIVIL)
Em razão de estar associado à pessoa do empresário ou da sociedade empresária, o nome
empresarial não pode ser objeto de alienação. O direito sobre o nome empresarial é
intransmissível como os demais direitos da personalidade (artigo 11 do Código Civil).
Independentemente da vedação à alienação do nome empresarial (firma ou denominação), por
integrar o estabelecimento e identificar a empresa, é possível que o adquirente, se o contrato
de trespasse permitir, utilize o nome do alienante em sua atividade, desde que precedido do
seu próprio, com a qualificação de sucessor (exemplo: Luiz de Freitas, sucessor Miguel Leão).
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO NOME EMPRESARIAL
De acordo com o artigo 34 da Lei n. 8.934, de 1994, o nome empresarial obedecerá aos
princípios da veracidade e da novidade.
PRINCÍPIO DA VERACIDADE
Aplicável na formação e manutenção do nome empresarial, de modo que não se pode usar de
informações falsas no nome empresarial tanto dos sócios quanto do objeto social.
Algunsexemplos de infração ao princípio da veracidade: a firma individual indicar nome fictício
do empresário ou uma atividade que ele não exerce; a firma social indicar nome de pessoa que
não é sócio; a denominação indicar que o objeto da sociedade é uma atividade que nunca foi
ou deixou de ser exercida por ela.
Em atendimento ao princípio da veracidade, o artigo 1.165 do Código Civil determina que o
nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar não pode ser conservado na firma
social, porque em todas essas situações o nome empresarial não estará sendo fiel à realidade
e deverá ser modificado.
PRINCÍPIO DA NOVIDADE
Seu enunciado é dado pelo artigo 1.163 do Código Civil: o nome de empresário deve
distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro.
A prioridade no uso do nome empresarial será daquele que tiver se registrado como
empresário primeiro e, no caso de sociedade, a anterioridade do arquivamento do ato de
constituição na Junta Comercial.
Nota-se, pela redação do artigo 1.163, que a novidade é relativa, ou seja, podem existir dois ou
mais empresários com nomes idênticos ou semelhantes, desde que em registros diferentes.
Ao se referir a registro, o Código Civil está empregando o termo no sentido de circunscrição de
uma Junta Comercial, que é o território de um Estado ou do Distrito Federal.
 EXEMPLO
Se o empresário está registrado na Junta Comercial do estado do Pará, poderá haver outro
empresário com o mesmo nome ou semelhante registrado na Junta Comercial de outro estado.
Entretanto, se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos na mesma
circunscrição, deverá acrescentar designação que o distinga. É nesse ponto que se aplica o
princípio da novidade.
PROTEÇÃO DO NOME EMPRESARIAL
Não existe um registro específico para o nome empresarial, mas há uma proteção a esse
elemento de identificação da empresa que decorre automaticamente do registro do
empresário individual ou do arquivamento dos atos de sociedades empresárias ou de suas
alterações.
 ATENÇÃO
O empresário deverá informar ao registro empresarial qual será sua firma, formada em
observância às regras legais e ao princípio da veracidade e, em se tratando de sociedade
empresária, constará do seu contrato o estatuto do nome empresarial a ser adotado, também
em conformidade com o tipo e a formação.
A proteção ao nome empresarial está inserida na relação de direitos fundamentais.

ART. 5º (...) 
XXIX – A LEI ASSEGURARÁ PROTEÇÃO (...) AOS
NOMES DE EMPRESAS E A OUTROS SIGNOS
DISTINTIVOS, TENDO EM VISTA O INTERESSE SOCIAL
E O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E
ECONÔMICO DO PAÍS.
(CFRB, 1988)
 
Fonte: R. Classen/Shutterstock
A lei a que se refere o inciso XXIX é a Lei n. 8934, de 1994, mas também encontramos
previsão no artigo 1.166 do Código Civil quanto à proteção do nome empresarial quanto à
extensão geográfica da proteção – o âmbito do estado em que o empresário ou a sociedade
empresária estiver registrada.
É possível a extensão da proteção do nome empresarial a todo o território nacional, mas não
se trata de ato decorrente apenas do arquivamento. É necessário requerimento do interessado,
observando-se o disposto em ato do Departamento Nacional de Registro Empresarial e
Integração (Instrução Normativa n. 81, de 2020, Capítulo I, Seção V).
Equipara-se ao nome empresarial, apenas para os efeitos da proteção da lei, a
denominação das sociedades simples, associações e fundações (artigo 1.155, parágrafo único,
do Código Civil). Por conseguinte, essas pessoas jurídicas estão livres para a formação de
seus nomes, mas as normas de proteção ao nome empresarial serão aplicáveis a elas com as
modificações necessárias.
TÍTULO DE ESTABELECIMENTO
É a designação dada pelo empresário ao seu estabelecimento; pode ser composto por parte do
nome empresarial ou completamente distinto.
 EXEMPLO
O nome empresarial de uma sociedade limitada é a firma Peixoto & Cia. Ltda. e o título de
estabelecimento é Padaria Confiança.
Ao contrário da formação do nome empresarial, que possui regras e princípio a serem
observados, há liberdade para o empresário escolher e formar o título de estabelecimento; este
não está sujeito à inalienabilidade e pode ser incluído nos negócios relativos ao
estabelecimento.
Não há registro específico para o título de estabelecimento, assim como para o nome
empresarial, mas sua proteção não segue a mesma regra deste porque o empresário não é
obrigado a informar à Junta Comercial qual título dará a seu estabelecimento.
A facultatividade do emprego do título como elemento de identificação da empresa não
significa a inexistência de proteção. Comete crime de concorrência desleal – de acordo com o
artigo 195, inciso V, da Lei n. 9.276, de 1996 – aquele que usa, indevidamente, título de
estabelecimento alheio ou vende, expõe ou oferece à venda ou tem em estoque produto com
essas referências. Com isso, o empresário poderá apresentar queixa em juízo contra os
autores do crime e, de forma autônoma, propor ações judiciais para obter reparação pelos
danos causados.
 ATENÇÃO
É considerado crime reproduzir ou imitar, no todo ou em parte, em título de estabelecimento,
armas, brasões ou distintivos oficiais nacionais, estrangeiros ou internacionais, sem a
necessária autorização, de modo que possa induzir em erro ou confusão, de acordo com o
artigo 191 da Lei n. 9.279, de 1996.
MARCA
A marca é um elemento de identificação da empresa que diz respeito aos produtos ou serviços
oriundos de empresário ou sociedade empresária. Ao contrário do nome empresarial e do título
de estabelecimento, há um registro específico para a marca, a cargo do Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI).
A regulamentação das marcas encontra-se disciplinada na Lei n. 9.279, de 1996. Embora a
marca não tenha utilização industrial, pois não serve para a fabricação de nenhum produto e
pode ser também associada à prestação de serviço, ela se insere no âmbito dos direitos de
propriedade industrial. Os direitos sobre a marca, bens móveis para efeitos legais, integram os
elementos incorpóreos do estabelecimento.
 ATENÇÃO
Qualquer sinal distintivo visualmente perceptível, figura ou nome, pode ser registrado como
marca, desde que não esteja compreendido na relação de sinais não registráveis.
É extensa a relação de sinais não registráveis (artigo 124 da Lei n. 9279, de 1996) e nela se
inclui o sinal que reproduzir ou imitar elemento característico ou diferenciador de título de
estabelecimento ou nome empresarial de terceiros, suscetível de causar confusão ou
associação com esses sinais distintivos.
ESPÉCIES DE MARCA
Para efeito de registro da marca, são identificadas três espécies conforme o artigo 123 da Lei
9.279/1996:
marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro
idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa;
marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou
serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à
qualidade, à natureza, ao material utilizado e à metodologia empregada; e
marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de
membros de determinada entidade.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE DA MARCA E
PROTEÇÃO CONFERIDA PELO REGISTRO
A propriedade da marca adquire-se pelo registro validamente expedido pelo INPI. É
assegurado ao proprietário seu uso exclusivo em todo o território nacional, ao contrário do
nome empresarial, que tem sua proteção limitada ao estado de circunscrição da Junta
Comercial, a princípio.
Na prerrogativa de proprietário, é possível exigir que terceiro se abstenha de utilizar a marca
sem autorização, imitá-la ou empregá-la em seus produtos ou serviços, fato que constitui crime
previsto nos artigos 189 e 190 da Lei n. 9.279, de 1996.
Também é assegurado ao proprietário da marca o direito de ceder o seu registro, o que
equivale à alienação da marca. Na transferência do estabelecimento,a cessão do registro pode
estar compreendida no contrato, de modo que o cessionário se torna o novo titular da marca.
Caso não seja intenção do proprietário da marca aliená-la, é possível o licenciamento de seu
uso a terceiro, seja a título gratuito ou oneroso.
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE
A proteção conferida pelo registro da marca não se estende a qualquer produto ou serviço,
sendo restrita à classe (ou às classes) de produtos ou serviços que o proprietário indicar ao
depositar o seu pedido no INPI.
Existe uma classificação de produtos e serviços adotada pelo INPI denominada Classificação
Internacional de Produtos e Serviços de Nice, que possui uma lista de 45 classes com
informações sobre os diversos tipos de produtos e serviços e o que pertence a cada classe. O
sistema de classificação é dividido entre produtos, listados nas classes de 1 a 34, e serviços,
listados nas classes de 35 a 45.
O princípio da especialidade tem como exceção a Marca de Alto Renome, isto é, a marca
registrada no Brasil que tem assegurada proteção especial em todos os ramos de atividade, de
acordo com o artigo 125 da Lei n. 9279, de 1996. O INPI considera como de alto renome:
A marca registrada cujo desempenho em distinguir os produtos ou serviços por ela
designados e cuja eficácia simbólica levam-na a extrapolar seu escopo primitivo,
exorbitando, assim, o chamado princípio da especialidade, em função de sua
distintividade, de seu reconhecimento por ampla parcela do público, da qualidade, da
reputação e do prestígio a ela associados e de sua flagrante capacidade de atrair os
consumidores em razão de sua simples presença.
O titular de marca registrada deverá requerer ao INPI o reconhecimento da alegada condição
de alto renome de sua marca por meio de petição específica, instruída com provas em idioma
português.
PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE
A proteção conferida por lei fica limitada ao território do país onde a marca é registrada, ou
seja, a abrangência geográfica é nacional. Um empresário que tenha sua marca registrada no
INPI não poderá fazer valer sua exclusividade fora do território nacional.
Esse princípio tem como exceção a marca notoriamente conhecida, prevista no artigo 126 da
Lei n. 9.279, de 1996. Trata-se de um registro especial a certas marcas, pelo fato de terem um
reconhecimento notório em seu ramo de atividade, gozando de proteção especial internacional,
independentemente de estarem previamente depositadas ou registradas em mais de um país.
Com isso, o titular da marca notoriamente conhecida poderá exercer as prerrogativas de seu
direito marcário em todos os países signatários ou que aderirem à Convenção da União de
Paris para Proteção da Propriedade Industrial.
VIGÊNCIA DO REGISTRO DA MARCA
A proteção às marcas, assim como ao nome empresarial, também tem fundamento no artigo
5º, inciso XXIX da Constituição de 1988, que prevê a garantia do privilégio temporário à
propriedade das marcas.
De acordo com o artigo 133 da Lei n. 9.279, de 1996, o registro da marca vigora pelo prazo de
dez anos, contados da data da concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e
sucessivos. Com isso, desde que haja pedido de prorrogação nas condições fixadas no artigo
133, o titular poderá exercer seus direitos sobre a marca por tempo indeterminado.
É possível ao titular, a qualquer momento durante a vigência do registro, renunciar aos direitos
sobre a marca, que poderá ser total ou parcial em relação aos produtos ou serviços
assinalados no certificado.
EXPRESSÕES E SINAIS DE PROPAGANDA
Outra forma de identificação da empresa é pelo uso de expressões e sinais de propaganda.
Embora não exista um conceito legal, podemos considerar que são legendas, anúncios,
reclames, palavras, combinação de palavras, desenhos, gravuras utilizados pelo empresário
para recomendar seus produtos ou serviços, realçar suas qualidades ou atrair a atenção dos
consumidores ou usuários.
 ATENÇÃO
Não há um registro de expressão ou sinal de propaganda para efeito de obtenção de
exclusividade de seu uso, ao contrário da marca. O empresário tem liberdade para sua criação
e utilização, lembrando que o artigo 191 da Lei n. 9.279, de 1996, criminaliza a utilização de
expressão ou sinal de propaganda como forma de imitar algum já existente, sem autorização,
de modo que possa induzir em erro ou confusão.
Mesmo sem a existência de um registro para as expressões e os sinais de propaganda, é
possível coibir o emprego fraudulento por terceiros. O artigo 195 da Lei n. 9.279, de 1996,
considera crime de concorrência desleal quem usa expressão ou sinal de propaganda alheios,
ou os imita, de modo a criar confusão entre os produtos ou estabelecimentos.
Qualquer empresário que se sentir prejudicado pela conduta desleal e dolosa (intencional) de
terceiro, empresário ou não, que se utiliza das expressões ou sinais de propaganda, ou as
imita, para desviar a clientela ou iludi-la pela confusão entre os produtos ou estabelecimentos,
poderá oferecer queixa-crime em face dos responsáveis. Independentemente da ação criminal,
o prejudicado poderá intentar as ações cíveis reparatórias dos prejuízos causados pelo ato de
concorrência desleal.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ALMIR E CARLOS INVESTIRAM SUAS ECONOMIAS PARA CONSTITUIR
UMA SOCIEDADE QUE EXPLORARÁ A ATIVIDADE ECONÔMICA DE
HOTELARIA. PARA QUE SEJA POSSÍVEL A REALIZAÇÃO DESSA
EMPRESA, OS SÓCIOS ADQUIRIRAM IMÓVEL PARA A INSTALAÇÃO DO
HOTEL, MOBILIÁRIO, MÁQUINAS, CELEBRARAM CONTRATOS E
ESCOLHERAM UMA DENOMINAÇÃO PARA A SOCIEDADE.
CONSIDERANDO O CENÁRIO APRESENTADO PELA NARRATIVA, BEM
COMO AS NOÇÕES QUE FORAM APRESENTADAS, É POSSÍVEL
AFIRMAR QUE O EMPREENDIMENTO HOTELEIRO QUE A SOCIEDADE
VAI EXPLORAR DENOMINA-SE:
A) Sociedade empresária
B) Empresa de pequeno porte
C) Estabelecimento
D) Ponto empresarial
2. A SOCIEDADE MARINA MODAS LTDA. ALIENOU UMA DE SUAS FILIAIS
PARA A SOCIEDADE SATURNO & DIAS LTDA. NO CONTRATO DE
ALIENAÇÃO, NÃO FICOU ESTABELECIDO QUALQUER PRERROGATIVA
DO ALIENANTE QUANTO A EVENTUAL RESTABELECIMENTO, SEJA NA
MESMA LOCALIDADE ONDE ESTÁ INSTALADA A FILIAL ALIENADA SEJA
EM OUTRA LOCALIDADE. DE ACORDO COM A DISPOSIÇÃO LEGAL QUE
REGE A ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO (OU DE SUAS FILIAIS), É
CORRETO AFIRMAR:
A) Salvo estipulação em contrário, o alienante não poderá fazer concorrência ao adquirente
nos cinco anos seguintes à transferência.
B) O alienante não poderá fazer concorrência ao adquirente apenas na localidade onde está
instalada a filial, mas poderá fazê-lo em outra localidade.
C) O alienante poderá fazer concorrência ao adquirente desde que o indenize dos prejuízos
causados pelos potenciais atos de desvio de clientela.
D) O alienante poderá livremente fazer concorrência ao adquirente, salvo estipulação em
contrário.
GABARITO
1. Almir e Carlos investiram suas economias para constituir uma sociedade que
explorará a atividade econômica de hotelaria. Para que seja possível a realização dessa
empresa, os sócios adquiriram imóvel para a instalação do hotel, mobiliário, máquinas,
celebraram contratos e escolheram uma denominação para a sociedade. Considerando o
cenário apresentado pela narrativa, bem como as noções que foram apresentadas, é
possível afirmar que o empreendimento hoteleiro que a sociedade vai explorar
denomina-se:
A alternativa "C " está correta.
 
A leitura do enunciado remete ao conceito de estabelecimento, pois trata-se de um complexo
de bens que é organizado pela sociedade empresária para o exercício de uma empresa, no
caso, a atividade econômica de hotelaria.
2. A sociedade Marina Modas Ltda. alienou uma de suas filiais para a sociedade Saturno
& Dias Ltda. No contrato de alienação, não ficou estabelecido qualquer prerrogativa do
alienante quanto a eventual restabelecimento, seja na mesma localidade onde está
instalada a filial alienada seja em outra localidade. De acordo com a disposição legal que
rege a alienação do estabelecimento (ou de suas filiais), é correto afirmar:
A alternativa "A" está correta.
 
A disposição legal (artigo 1.147, caput, do Código Civil) determina que há uma proibição
implícita de concorrência na alienação do estabelecimento pelo prazo de cinco anos seguintes
à transferência, exceto se houver estipulação contratual diversa.
MÓDULO 2
 Identificar as obrigações do empresário previstas no Código Civil e suas implicações
jurídicas
INTRODUÇÃO
 
Fonte: Sfio Cracho/Shutterstock
Além do exercício profissional da empresa, indicado como característica do empresário no
artigo 966 do Código Civil, são impostas a ele determinadas obrigações: a inscrição no
Registro Público de Empresas Mercantis, a escrituração de livros, o levantamento anual dos
balanços patrimonial e de resultado econômico, e a conservação de papéis e documentos.
Essas obrigações não são as únicas impostas aos empresários, existindo outras dependendo
do ponto de vista analisado.
CONTRIBUINTE

O empresário tem obrigações de cunho tributário perante a Fazenda Pública.
EMPREGADOR

O empresário tem obrigações perante seus empregados, os órgãos governamentais e a
seguridade social.
Essas e outras obrigações encontram-se distribuídas na legislação em códigos, leis, decretos,
portarias, resoluções, de acordo com a área do direito pertinente (Direito Tributário, Direito do
Trabalho, Direito Previdenciário, Direito Administrativo, entre outros).
 COMENTÁRIO
No entanto, nosso estudo será dirigido para as quatro obrigações já mencionadas, que são
aquelas previstas no Livro II da Parte Especial do Código Civil, dedicado ao Direito de
Empresa.
INSCRIÇÃO DO EMPRESÁRIO PERANTE A
JUNTA COMERCIAL
A inscrição na Junta Comercial não é um requisito para a caracterização do empresário, já que
tal providência não é exigida pelo artigo 966 do Código Civil. No entanto, ela é obrigatória, por
força do artigo 967, e deve ser requerida antes do início da atividade.
A interpretação dos dois artigos citados nos leva à conclusão de que, se o empresário não
realizar sua inscrição, ele estará irregular (empresário de fato), mas nem por isso deixará de
ser um empresário, pois reúne os requisitos do profissionalismo e exercício da empresa.
Contudo, o empresário que se inscrever na Junta Comercial estará regular na sua atividade
e, por isso, é denominado empresário de direito.
Para estimular a inscrição de todo empresário, são conferidas vantagens ou prerrogativas.
Assim, embora haja uma equiparação entre os dois empresários – regular e irregular – para
efeito de sujeição às normas de direito empresarial, apenas as consideradas protetivas ao
empresário serão aplicadas ao empresário inscrito, ou seja, regular.
 EXEMPLO
Exemplos de normas aplicáveis apenas aos empresários regulares:
O direito de pleitear sua recuperação, evitando a decretação da falência (caso a
regularidade seja de pelo menos dois anos).
O direito de autenticar seus instrumentos de escrituração.
A prerrogativa de utilizar seus instrumentos de escrituração a seu favor num processo
judicial entre empresários.
O direito de pleitear a renovação compulsória do contrato de locação, que lhe assegurará
a permanência no ponto empresarial.
A possibilidade de aderir ao simples nacional, com redução da carga tributária e
simplificação no recolhimento de tributos e contribuições, desde que sejam observados
os limites máximos de receita bruta anual fixados no artigo 3º da Lei Complementar n.
123, de 2006.
EMPRESÁRIO E SOCIEDADE RURAL
Há uma exceção ao regime da inscrição obrigatória de que trata o artigo 967. Trata-se do
empresário rural e da sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de
empresário rural.
De acordo com os artigos 971 e 984 do Código Civil, respectivamente, o empresário que tiver
por principal atividade a empresa rural e a sociedade empresária com essa mesma
característica poderá pleitear a inscrição ou o arquivamento do ato de constituição perante o
Registro Público de Empresas Mercantis, cuja execução caberá às Juntas Comerciais. Caso o
empresário faça sua inscrição na Junta Comercial, ele não será reputado empresário para
efeito legal, pois somente com a inscrição é que ocorrerá sua equiparação ao empresário
regular.
EMPRESÁRIO RURAL
Situação muito específica, pois a regra no Direito Empresarial brasileiro é a de que, sem
inscrição, todo empresário é irregular. Porém, no caso do empresário rural, como se trata de
opção pelo registro empresarial, ou ele é empresário porque está inscrito ou não é empresário,
sendo reputado um profissional liberal. Jamais poderá ser considerado empresário irregular por
não ter exercido a escolha pelo registro empresarial.
SOCIEDADE EMPRESÁRIA
A sociedade somente terá o tratamento de pessoa jurídica e poderá assumir obrigações e
exercer direitos em nome próprio caso seu ato de constituição (contrato ou estatuto) for
arquivado no registro próprio (registro empresarial ou registro civil de pessoas jurídicas), como
exige o artigo 985 do Código Civil. Assim, se a sociedade tiver por objeto uma empresa rural e
não realizar o arquivamento no registro empresarial por opção dos sócios, terá que fazê-lo no
registro civil de pessoas jurídicas, pois do contrário será uma sociedade irregular, sem
personalidade jurídica.
REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS
MERCANTIS
O Registro Público de Empresas Mercantis, também conhecido como Registro Empresarial, é
disciplinado pela Lei n. 8934, de 1994. Contudo, mesmo com a existência de lei especial que
trata do tema, o Código Civil a ele se refere nos artigos 967 e 1.150 para vinculá-lo ao
empresário e à sociedade empresária. Para as sociedades não empresárias, denominadas
sociedade simples, a vinculação é ao registro civil de pessoas jurídicas.
SOCIEDADE SIMPLES
Aquelas que não exercem empresa ou exercem empresa rural e não optaram pelo
registro empresarial.
 ATENÇÃO
Exceção à regra do artigo 1.150 do Código Civil para efeito de vinculação ao Registro Público
de Empresas Mercantis é a sociedade cooperativa. Tal sociedade não é empresária, qualquer
que seja seu objeto, pois a lei lhe impõe a natureza de sociedade simples (artigo 982,
parágrafo único, do Código Civil). Entretanto, como a sociedade cooperativa é regulada em lei
especial, aplicando-se apenas de maneira subsidiária as disposições do Código Civil, há
dispositivo expresso na lei de cooperativas indicando ser competente para elas as Juntas
Comerciais para efeito de arquivamento de seu estatuto (artigo 18 da Lei n. 5.764, de 1971).
O Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins é um registro público,
exercido em todo o território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais (DREI),
estaduais e distrital (Juntas Comerciais).
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DREI
Departamento de Registro Empresarial e Integração
Sua finalidade mais importante é dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia
aos atos praticados pelos empresários e pelas sociedades empresárias que devam ser
submetidos a registro na forma da lei. Como a execução dos serviços de registro está a cargo
das Juntas Comerciais, a ênfase será nesse órgão.
DREI
Atua no papel de supervisor, orientador, coordenador e normatizador, na área técnica, da
execução dos serviços das Juntas Comerciais e, cabe ao órgão, entre outras providências:

ARTIGO 4º (...) 
II - ESTABELECER E CONSOLIDAR, COM
EXCLUSIVIDADE, AS NORMAS E DIRETRIZES GERAIS
DO REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS E
ATIVIDADES AFINS; III - SOLUCIONAR DÚVIDAS
OCORRENTES NA INTERPRETAÇÃO DAS LEIS,
REGULAMENTOS E DEMAIS NORMAS
RELACIONADAS COM O REGISTRO DE EMPRESAS
MERCANTIS, BAIXANDO INSTRUÇÕES PARA ESSE
FIM; IV - PRESTAR ORIENTAÇÃO ÀS JUNTAS
COMERCIAIS, COM VISTAS À SOLUÇÃO DE
CONSULTAS E À OBSERVÂNCIA DAS NORMAS
LEGAIS E REGULAMENTARES DO REGISTRO
PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS E ATIVIDADES
AFINS; VI - ESTABELECER NORMAS
PROCEDIMENTAIS DE ARQUIVAMENTO DE ATOS DE
FIRMAS MERCANTIS INDIVIDUAIS E SOCIEDADES
MERCANTIS DE QUALQUER NATUREZA.
(Lei n. 8934, 1994)AS JUNTAS COMERCIAIS
As funções executora e administradora dos serviços de registro, como órgãos locais, são
reservadas às Juntas Comerciais. Em cada estado brasileiro e no Distrito Federal há uma
Junta Comercial, com sede na capital e jurisdição na área da circunscrição territorial respectiva.
As Juntas Comerciais subordinam-se, administrativamente, ao governo do estado respectivo
ou ao governo distrital, sendo entidades componentes da Administração. Tecnicamente, estão
subordinadas ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração. Assim, a
organização administrativa de cada Junta Comercial, como a definição de sua natureza
autárquica ou não, o quadro de pessoal, a tabela de custas dos serviços, a fixação do número
e escolha dos vogais, entre outras atribuições, compete ao governo de cada estado ou do
Distrito Federal.
 ATENÇÃO
A elaboração de normas complementares às leis e aos decretos pertinentes ao registro
empresarial e à coordenação técnica dos serviços é da alçada do DREI.
De acordo com o artigo 8º da lei 8.934/1994, a estrutura básica das juntas comerciais é
composta pelos seguintes órgãos:

ARTIGO 8º
a Presidência, como órgão diretivo e representativo;
o Plenário, como órgão deliberativo superior;
as Turmas, como órgãos deliberativos inferiores;
a Secretaria-Geral, como órgão administrativo;
a Procuradoria, como órgão de fiscalização e de consulta jurídica.
(Lei n. 8934, 1994)
O Plenário e as turmas são compostos pelos vogais e seus suplentes, nomeados pelo
governador do estado ou do Distrito Federal, seja por livre escolha ou mediante listas tríplices
enviadas pelos órgãos representados nas juntas. A exceção é o vogal que representa a União
Federal, nomeado pelo Ministro da Economia, ao qual o DREI se encontra vinculado (artigo 4º
da Lei n. 8.934, de 1994, com redação dada pela Lei n. 13.874, de 2019).
 SAIBA MAIS
O número de vogais e suplentes é fixado por lei estadual ou distrital, observados os limites
fixados no artigo 10 da Lei n. 8.934, de 1994, ou seja, mínimo de 11 e máximo de 23 vogais. O
mandato de vogal e respectivo suplente é de quatro anos, permitida apenas uma recondução.
COMPETÊNCIA DAS JUNTAS COMERCIAIS
Além dos serviços de registro do empresário ou arquivamento do documento de constituição,
alteração, dissolução e extinção de sociedade empresária ou cooperativa, as Juntas
Comerciais também são responsáveis por:
Matrícula e seu cancelamento dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais,
trapicheiros e administradores de armazéns gerais.
Arquivamento dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade; dos atos
concernentes a sociedades estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; das
declarações de microempresa; de atos ou documentos que, por determinação legal,
sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis ou daqueles que possam
interessar ao empresário e às sociedades empresárias.
Autenticação dos instrumentos de escrituração dos empresários registrados e dos
agentes auxiliares.

ARTIGO 8º (...)
elaborar a tabela de preços de seus serviços, observadas as normas legais
pertinentes;
processar a habilitação e a nomeação dos tradutores públicos e intérpretes
comerciais;
elaborar os respectivos Regimentos Internos e suas alterações, bem como as
resoluções de caráter administrativo necessárias ao fiel cumprimento das normas
legais, regulamentares e regimentais;
expedir carteiras de exercício profissional de pessoas legalmente inscritas no
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins;
o assentamento dos usos e práticas mercantis.
(Lei n. 8934, 1994)
Os atos decisórios são publicados em website da Junta Comercial do respectivo ente
federativo, como determina o artigo 29 da Lei n. 8.934, de 1994.
PRAZO PARA ARQUIVAMENTO DE ATOS NA JUNTA
COMERCIAL E SEUS EFEITOS

 
Fonte: wnprh collective/Shutterstock
Os documentos para arquivamento na Junta Comercial devem ser apresentados dentro de 30
dias contados de sua assinatura.
Se o interessado (empresário, administrador ou sócio da sociedade empresária) atender ao
prazo de 30 dias, após o deferimento do pedido, os efeitos do arquivamento retroagirão à data
do documento. No entanto, se o documento a ser arquivado for recebido no protocolo da Junta
Comercial fora desse prazo, o arquivamento só terá eficácia a partir do despacho que o
conceder. Nesse caso, as pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e
danos, diante da omissão ou demora.
 
Fonte: Editable line icons/Shutterstock


 
Fonte: Pranch/Shutterstock
A pessoa responsável pela análise do pedido (julgador singular ou Turma), antes do deferir e
efetivar o registro, deve verificar a autenticidade e a legitimidade do signatário do requerimento
(no caso de sociedade empresária ou cooperativa, a legitimidade é do administrador), bem
como fiscalizar a observância das prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos
apresentados.
Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre o panorama dos processos decisório e
revisional nas Juntas Comerciais:
 ATENÇÃO
Não cabe às Juntas Comerciais efetuarem um controle do conteúdo do documento, exceto se
houver uma proibição legal de arquivamento, prevista no artigo 35 da Lei n. 8.934, de 1994,
que ensejará o indeferimento do pedido. Entretanto, se forem encontradas irregularidades
sanáveis no documento, o requerente deverá ser notificado e obedecer às formalidades da lei.
EFEITOS DO ARQUIVAMENTO
PUBLICIDADE
O documento se torna de conhecimento público e qualquer pessoa, sem necessidade de
provar interesse, poderá consultar os assentamentos existentes nas Juntas Comerciais e obter
certidões, mediante pagamento do preço devido.
EFICÁCIA DO ATO
O arquivamento torna eficaz o ato praticado pelo empresário, pela sociedade empresária ou
cooperativa tanto entre as partes quanto em relação a terceiros (eficácia perante todos ou erga
omnes). Tal efeito tem previsão no artigo 1.154 do Código Civil.
 ATENÇÃO
Até o arquivamento, o ato sujeito a registro tem eficácia apenas entre as partes e não pode ser
oposto a terceiro, salvo prova de que este o conhecia. Uma vez realizado o arquivamento com
o cumprimento das formalidades legais, o terceiro não pode alegar ignorância, mesmo que não
conheça de fato o conteúdo do documento. O efeito do arquivamento pode retroagir ou não
dependendo do cumprimento do prazo de trinta dias para seu envio à Junta Comercial.
ESCRITURAÇÃO DE LIVROS
O Código Civil impõe aos empresários e às sociedades empresárias a escrituração das
operações por eles realizadas.

ARTIGO 1.179. O EMPRESÁRIO E A SOCIEDADE
EMPRESÁRIA SÃO OBRIGADOS A SEGUIR UM
SISTEMA DE CONTABILIDADE, MECANIZADO OU NÃO,
COM BASE NA ESCRITURAÇÃO UNIFORME DE SEUS
LIVROS, EM CORRESPONDÊNCIA COM A
DOCUMENTAÇÃO RESPECTIVA.
(Lei n. 10.406, 2002)
Embora o texto legal se refira a “livros”, apenas é obrigatório o livro Diário, do qual falaremos
mais à frente.
O empresário deve seguir as normas da ciência da contabilidade para a escrituração mercantil
e, por essa razão, a lei impõe que a escrituração fique sob a responsabilidade de contabilista
ou técnico em contabilidade habilitado. A escrituração pode ser manual ou mecanizada, isto é,
com auxílio de máquinas ou programas de computador, aí incluída a escrituração eletrônica em
livros digitais.
Em complemento ao Código Civil, a Instrução Normativa DREI n. 11, de 2013, dispõe sobre
procedimentos para a validade e eficácia dos instrumentos de escrituração dos empresários
individuais, das empresas individuais de responsabilidade Ltda – EIRELI, das sociedades
empresárias, das cooperativas, dos consórcios, dos grupos de sociedades, dos leiloeiros, dos
tradutores públicos e intérpretes comerciais.
ARTIGO 2º DA IN 11
O artigo 2º da IN 11 enumera os instrumentos de escrituração autorizados para os
empresários e as sociedades empresárias atualmente admitidos:
Livros em papel.
Conjunto de fichas avulsas em substituiçãoao livro diário, no caso de escrituração
mecanizada ou eletrônica.
Conjunto de fichas ou folhas contínuas, também em substituição ao livro diário.
Livros digitais.
DISPENSA DE ESCRITURAÇÃO
A exigência de escrituração de livros através da adoção de um sistema de contabilidade
manual ou mecanizado não se aplica ao pequeno empresário, diante do tratamento favorecido
e diferenciado a ele dispensado pelos artigos 970 e 1.179, parágrafo 2º, do Código Civil.
 ATENÇÃO
O conceito de pequeno empresário para efeito de aplicação dos artigos citados encontra-se no
artigo 68 da Lei Complementar n. 123, de 2006. Considera-se pequeno empresário o
empresário individual caracterizado como microempresa na forma dessa lei complementar que
aufira receita bruta anual até o limite de R$81.000,00 (oitenta e um mil reais). Portanto, o
empresário deve estar inscrito na Junta Comercial (empresário regular) e, cumulativamente,
estar enquadrado como microempresa, além de manter o limite anual de receita bruta previsto.
LIVRO DIÁRIO
O livro Diário é o único previsto no Código Civil comum aos empresários e às sociedades
empresárias, e sua adoção está prevista no artigo 1.180 do Código Civil.
No Diário são lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo,
dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da
empresa.
DIÁRIO
O nome vem da obrigatoriedade de os lançamentos serem feitos em ordem cronológica,
mesmo que não sejam realizados diariamente.
INDIVIDUAÇÃO
É a indicação expressa, no lançamento, das características principais dos documentos ou
papéis que derem origem à própria escrituração.
ESCRITURAÇÃO DO LIVRO DIÁRIO
Pode ser feita de forma resumida, com totais que não excedam o período de trinta dias,
relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do
estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro
individualizado, e conservados os documentos que permitam a sua perfeita verificação.
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ESCRITURAÇÃO MECANIZADA OU ELETRÔNICA DO
DIÁRIO
Pode ser feita por meio de fichas avulsas ou contínuas em substituição ao livro em si. Caso o
empresário adote o sistema de fichas, poderá substituir o Diário pelo livro Balancetes Diários e
Balanços, de modo que registre a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis,
pelo respectivo saldo, em forma de balancetes diários.
LIVROS OBRIGATÓRIOS ESPECIAIS E LIVROS
FACULTATIVOS
É possível que determinados empresários ou sociedades empresárias sejam obrigados a
escriturar certos livros além do Diário. Isso depende de lei especial que deve indicar os livros e
sua finalidade. Podemos citar como livros obrigatórios especiais os seguintes:
SOCIEDADES POR AÇÕES
Livro de Registro de Ações Nominativas; livro de Transferência de Ações Nominativas; livro de
Registro de Partes Beneficiárias Nominativas; livro de Transferência de Partes Beneficiárias
Nominativas; livro de Atas das Assembleias Gerais; livro de Presença dos Acionistas; livro de
Atas das Reuniões do Conselho de Administração, se houver, e de Atas das Reuniões de
Diretoria; livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal.
LEILOEIROS
Diário de Entrada, Diário de Saída, Contas Correntes, Protocolo, Diário de Leilões e Livro Talão
ARMAZÉNS GERAIS
Livro de entrada e saída de mercadorias.
EMITENTES DE DUPLICATAS
Livro de Registro de Duplicatas, exceto se a emissão da duplicata for escritural.
MICROEMPRESAS
Livro Caixa (exceto pequeno empresário, microempreendedor individual, e empresas de
pequeno porte).
Se o empresário não for enquadrado em nenhuma das situações que ensejam a utilização de
livros obrigatórios especiais, bastará o Diário. Isso não impede, porém, que sejam escriturados
outros livros, cujos número e espécie ficam a critério dos interessados. Esses livros são
denominados facultativos, sendo os mais conhecidos os seguintes:
LIVRO RAZÃO
Para escrituração das operações por conta contábil a que elas se referem.
LIVRO CAIXA
Para escrituração da movimentação financeira e bancária (quando não se tratar de
microempresa ou empresa de pequeno porte.)
LIVRO CONTAS CORRENTES
Para escrituração individualizada, permitindo verificar a posição do empresário perante certo
cliente ou fornecedor, se credor ou devedor.
LIVRO DE REGISTRO DE INVENTÁRIO OU DE
ESTOQUE
Para escrituração das mercadorias ou produtos que o empresário tem em seu estoque.
FORMALIDADES DOS LIVROS EMPRESARIAIS
De acordo com o artigo 226 do Código Civil, os livros e as fichas dos empresários e das
sociedades provam contra as pessoas a que pertencem e em seu favor, mas, nesse último
caso, apenas quando escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco e quando os lançamentos
forem confirmados por outros subsídios.
Em razão da importância de os livros estarem escriturados sem vício, deve-se observar as
formalidades exigidas em lei, divididas em extrínsecas e intrínsecas.
FORMALIDADES EXTRÍNSECAS
As formalidades extrínsecas referem-se ao livro e não à escrituração. Consistem (i) na
necessidade de autenticação do livro no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das
Juntas Comerciais, antes de posto em uso (artigo 1.181 do Código Civil) e (ii) em estar o livro
encadernado e com as folhas numeradas seguidamente (artigo 5º do Decreto-Lei n. 486, de
1969).
Com a finalidade de estimular a regularização dos empresários e a inscrição no Registro
Público de Empresas Mercantis, a autenticação não é feita sem que esteja inscrito o
empresário ou a sociedade empresária e, após essa providência, será possível a
autenticação dos livros obrigatórios e facultativos.
FORMALIDADES INTRÍNSECAS
As formalidades intrínsecas referem-se à escrituração dos livros, que deve ser feita em idioma
e moeda corrente nacionais e em forma contábil por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem
intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as
margens. É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas que constem de livro
próprio, regularmente autenticado.
De acordo com o artigo 6º do Decreto n. 64.567, de 1969, que regulamenta o Decreto-Lei n.
486, de 1969, os livros deverão conter, respectivamente na primeira e na última página,
tipograficamente numeradas, os termos de abertura e de encerramento. Esses termos serão
datados e assinados pelo comerciante ou por seu procurador e contabilista legalmente
habilitado.
ABERTURA
Constará a finalidade a que se destina o livro, o número de ordem, o número de folhas, a
firma individual ou o nome da sociedade a que pertence, o local da sede ou do
estabelecimento, o número e a data do arquivamento dos atos constitutivos na Junta
Comercial e o número do CNPJ.
ENCERRAMENTO
Indicará o fim a que se destinou o livro, o número de ordem, o número de folhas e a
respectiva firma individual ou o nome empresarial da sociedade.
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RESPONSABILIDADE PELA ESCRITURAÇÃO
A escrituração é uma obrigação imposta aos empresários e às sociedades empresárias, mas
deverá ficar sob a responsabilidade de contabilista ou técnico em contabilidade legalmente
habilitado, salvo se nenhum houver na localidade.
O artigo 1.177 do Código Civil dispõe que os assentos lançados nos livros ou nas fichas do
empresário, por quaisquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, no caso o
contabilista, produzem, salvo se este houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o
fossem por aquele.
Assim, há uma responsabilidade direta do empresário pelo conteúdo de seus livros, sendo sua
a culpa presumida por qualquer irregularidade detectada no conteúdo dos lançamentos.
Caberá ao empresário afastar essa presunção de culpa e demonstrar a má-fé do contabilista.
SIGILO E EXIBIÇÃO DOS LIVROS EMPRESARIAIS
O empresário e a sociedade empresária são resguardados quanto ao sigilo de seus
instrumentos de escrituração.
O artigo 1.190 do CódigoCivil determina que nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob
qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a
sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e suas fichas, as formalidades
prescritas em lei.
Embora o texto do dispositivo legal seja incisivo, existem situações previstas em lei em que o
sigilo não pode ser invocado. São as hipóteses de exibição de livros, que podem ser
determinadas no curso de uma ação (exibição judicial) ou perante autoridades de fiscalização
(exibição extrajudicial).
Qualquer uma das duas modalidades de exibição de livros por ser realizada por inteiro (exame
de todo o conteúdo do livro) ou parcial (exame apenas da parte que interessar ou for
solicitada).
A exibição judicial dos livros é feita no curso de um processo ou antes de sua propositura se
for em caráter de urgência. Todavia, o juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e
das fichas de escrituração se houver requerimento nesse sentido e quando for necessária para
resolver questões relativas à sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à
conta de outrem, ou em caso de falência.
Fora essas situações apresentadas, a exibição pode ser parcial, sendo possível ao juiz, de
ofício ou a requerimento, determinar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam
examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de
pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão.
 
Fonte: Sebra/Shutterstock
 ATENÇÃO
Se o empresário ou a sociedade empresária recusarem a apresentação dos livros, tanto na
exibição integral quanto parcial, eles serão apreendidos judicialmente. Sendo a exibição
parcial, além desse efeito, serão reputados verdadeiros os fatos alegados pela parte contrária
para se provar pelos livros; contudo, a confissão resultante da recusa pode ser afastada por
prova documental em contrário.
Sobre a exibição extrajudicial, o artigo 1.193 do Código Civil dispõe que as restrições
estabelecidas quanto ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às
autoridades fazendárias no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos
estritos das respectivas leis especiais.
ELABORAÇÃO ANUAL DO BALANÇO
PATRIMONIAL E DO RESULTADO
ECONÔMICO
 
Fonte: CrizzyStudio/Shutterstock
O artigo 1.179 do Código Civil impõe ao empresário e à sociedade empresária a obrigação
de levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
Quem executa essa obrigação é o técnico em Ciências Contábeis ou contabilista, que
também assina os balanços junto com o empresário ou a sociedade empresária.
PEQUENO EMPRESÁRIO
Da mesma forma que está dispensado da escrituração de livros, também está isento da
obrigação quanto ao levantamento dos balanços.
Após a elaboração desses documentos contábeis, ambos devem ser lançados no livro Diário.
Caso o empresário ou a sociedade empresária tenha substituído o livro Diário pelo livro
Balancetes Diários e Balanços, também deverá lançar nele o balanço patrimonial e o
resultado econômico no encerramento do exercício. A adoção de fichas em substituição ao
livro Diário não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e
do de resultado econômico.
O artigo 1.188 do Código Civil determina que o balanço patrimonial indique, distintamente, o
ativo e o passivo e exprima, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa ao final do
exercício social, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis
especiais.
 SAIBA MAIS
No tocante a requisitos adicionais para a elaboração do balanço, recomenda-se a leitura dos
artigos 178 a 180 e 182 a 184 da Lei n. 6.404, de 1976 (Lei das Sociedades por Ações),
que dispõem sobre a classificação das contas no ativo e no passivo, patrimônio líquido e
os critérios de avaliação do ativo e do passivo.
O balanço de resultado econômico, também denominado demonstração da conta de
lucros e perdas pelo artigo 1.189 do Código Civil, acompanhará o balanço patrimonial e dele
constarão crédito e débito.
CONSERVAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE
ESCRITURAÇÃO, 
CORRESPONDÊNCIA E MAIS PAPÉIS
Em conformidade com o artigo 1.194 do Código Civil, o empresário e a sociedade empresária
são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e os papéis
concernentes à sua atividade enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos
atos neles consignados.
A finalidade da determinação legal é permitir ao empresário e à sociedade empresária usar
tais documentos, inclusive eletrônicos, como prova em futuras demandas judiciais ou
administrativas que venham a propor ou ser proposta em face deles, tanto que estarão
liberados para inutilizar ou destruir os documentos após a ocorrência da prescrição ou da
decadência.
PRAZO
O prazo máximo de prescrição no Direito brasileiro é de dez anos; segundo o artigo 205 do
Código Civil, o empresário não precisa guardar por tempo indeterminado os documentos
relativos à sua atividade, ou até em tempo menor poderá descartá-los, caso o prazo
prescricional específico para o exercício de determinada pretensão seja inferior a dez anos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NESTE MÓDULO, FORAM ESTUDADAS AS OBRIGAÇÕES DO
EMPRESÁRIO, DENTRE ELAS O REGISTRO EMPRESARIAL, TANTO PARA
AS PESSOAS NATURAIS (EMPRESÁRIO INDIVIDUAL) QUANTO PARA AS
PESSOAS JURÍDICAS (SOCIEDADE EMPRESÁRIA). VOCÊ IDENTIFICOU
QUE COMPETE ÀS JUNTAS COMERCIAIS A EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS
DE REGISTRO EM ÂMBITO ESTADUAL OU DISTRITAL E OUTRAS
ATRIBUIÇÕES, ENTRE AS QUAIS NÃO SE INCLUI:
A) Autenticar os instrumentos de escrituração dos empresários.
B) Proceder ao assentamento dos usos e das práticas empresariais.
C) Conceder matrícula a leiloeiros e administradores de armazéns gerais.
D) Estabelecer normas procedimentais de arquivamento de atos de empresários e sociedades
empresárias.
2. ALCEU É VENDEDOR DE ARTIGOS ESPORTIVOS, MAS NÃO TEM
INSCRIÇÃO NA JUNTA COMERCIAL. PARA CONTROLE E REGISTRO DE
SEUS NEGÓCIOS, ALCEU TEM UM CONTADOR QUE REALIZA A
CONTABILIDADE DE EMPRESA E ESCRITURA OS LIVROS. COM BASE
NESSAS INFORMAÇÕES E CONSIDERANDO AS FORMALIDADES DOS
LIVROS EMPRESARIAIS, ANALISE AS AFIRMATIVAS E ASSINALE A
ÚNICA QUE SE ENCONTRA CORRETA.
A) Alceu poderá autenticar os livros empresariais na Junta Comercial, a qualquer momento, por
ser empresário.
B) Alceu não poderá autenticar os livros empresariais enquanto não realizar sua inscrição
como empresário individual na Junta Comercial.
C) Alceu não poderá autenticar os livros empresariais, mas estes farão prova plena em ações
judiciais tanto a favor quanto contra o empresário.
D) Alceu poderá autenticar os livros empresariais, independentemente de inscrição na Junta
Comercial, mas os livros não farão prova a favor dele em ações judiciais.
GABARITO
1. Neste módulo, foram estudadas as obrigações do empresário, dentre elas o registro
empresarial, tanto para as pessoas naturais (empresário individual) quanto para as
pessoas jurídicas (sociedade empresária). Você identificou que compete às Juntas
Comerciais a execução dos serviços de registro em âmbito estadual ou distrital e outras
atribuições, entre as quais não se inclui:
A alternativa "D " está correta.
 
Das alternativas apresentadas, apenas a última (letra D) é falsa, pois compete ao
Departamento de Registro Empresarial (DREI) editar normas quanto aos procedimentos para
arquivamento de atos de empresários e sociedades empresárias.
2. Alceu é vendedor de artigos esportivos, mas não tem inscrição na Junta Comercial.
Para controle e registro de seus negócios, Alceu tem um contador que realiza a
contabilidade de empresa e escritura os livros. Com base nessas informações e
considerando as formalidades dos livros empresariais, analise as afirmativas e assinale
a única que se encontra correta.
A alternativa "B " está correta.
 
Das alternativas apresentadas, apenas a letra B é correta.A autenticação dos livros é uma
formalidade obrigatória para os livros empresariais de cunho extrínseco e está a cargo das
Juntas Comerciais, porém ela não será feita sem que estejam inscritos o empresário ou a
sociedade empresária, de acordo com o art. 1.181, parágrafo único, do Código Civil.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No módulo 1, vimos que a empresa é uma atividade econômica organizada pelo empresário
que se utiliza de vários bens para essa finalidade; ao conjunto desses bens, corpóreos e
incorpóreos denomina-se estabelecimento, que é uma universalidade.
Analisamos que o estabelecimento pode ser objeto de vários negócios ou os bens que o
integram separadamente. Nessas transferências, definitivas ou temporárias, as partes ficam
sujeitas a vários efeitos obrigacionais, como o arquivamento e a publicação do contrato,
responsabilidade do adquirente pelos débitos contabilizados, manutenção dos contratos
celebrados para a exploração, cessão dos créditos e proibição temporária e implícita de
concorrência.
Verificamos que a empresa pode ser identificada de várias formas, mas a principal delas é pelo
nome empresarial, aliás a única forma obrigatória. Outros modos de identificação, todos
facultativos, são o título de estabelecimento, as marcas e as expressões ou os sinais de
propagandas, cada qual com a sua finalidade e regra própria de proteção, sendo que para as
marcas existe a necessidade de um registro especial.
No módulo 2, apresentamos as obrigações que o Código Civil impõe ao empresário e
compreendemos que outras podem ser aplicáveis em leis ou outros atos normativos especiais.
Além disso, reconhecemos a finalidade do registro empresarial, a competência do DREI e das
Juntas Comerciais e os efeitos do arquivamento.
Por fim, apresentamos as demais obrigações dos empresários, como a escrituração dos livros,
o levantamento dos balanços patrimonial e de resultado econômico e a conservação de
documentos. Destacamos a importância dos livros empresariais como instrumento
complementar para a prova de obrigações contraídas pelo empresário em um processo judicial
e a necessidade de observarem as formalidades legais em caso de exibição judicial.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BARBOSA, P. M. N. E-stabelecimento: Teoria do estabelecimento comercial na internet,
aplicativos, websites, segregação patrimonial, trade dress eletrônico, concorrência online,
ativos intangíveis cibernéticos e negócios jurídicos. São Paulo: Quartier Latin, 2017.
BERTOLDI, M. M.; RIBEIRO, M. C. P. Curso Avançado de Direito Comercial. 11. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
BRASIL. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988.
BRASIL. Casa Civil. Lei n. 8.934, de 18 de novembro de 1994. Dispõe sobre o Registro
Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências. Brasília, 1994.
BRASIL. Casa Civil. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília,
2002.
COELHO, F. U. Novo Manual de Direito Comercial. 31. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2020.
FÉRES, M. A. Estabelecimento Empresarial – Trespasse e Efeito Obrigacionais. São Paulo:
Saraiva, 2007.
MIGUEL, P. C. O estabelecimento comercial. Revista de Direito Mercantil, Industrial,
Econômico e Financeiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, n. 118, abr. 2000, p.7-61.
NEGRÃO, R. Curso de Direito Comercial e de Empresa. v. 1 – Teoria Geral da Empresa e
Direito Societário. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
REQUIÃO, R. Curso de Direito Comercial. v. 1, 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
TEIXEIRA, T. Direito empresarial sistematizado. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
TOMAZETTE, M. Curso de Direito Empresarial. v. 1 – Teoria Geral e Direito Societário. 11.
ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
TOKARS, F. Estabelecimento Empresarial. São Paulo: LTr, 2006.
EXPLORE+
Sobre elementos de identificação da empresa – nome empresarial e marca, leia o artigo
A utilização de nome empresarial e marca: os limites da concorrência desleal, no Portal
Âmbito Jurídico.
Quanto ao estabelecimento empresarial, leia o artigo O estabelecimento empresarial e
suas repercussões jurídicas, no Portal Âmbito Jurídico.
Para o estudo dos instrumentos de escrituração e dos livros digitais, leia o Decreto n.
6.022, de 22 de janeiro de 2007, que institui o Sistema Público de Escrituração Digital
(Sped).
Sobre o assunto das formalidades extrínsecas dos livros empresariais e da autenticação,
confira o Manual de Autenticação dos Livros Digitais SPED Contábil Escrituração Contábil
Digital – ECD, 2.ed. 2011.
Por se tratar de tema muito específico, com vários desdobramentos, leia o livro
Estabelecimento: Teoria do Estabelecimento Comercial na Internet, Aplicativos, Websites,
Segregação Patrimonial, Trade dress Eletrônico, Concorrência online, Ativos Intangíveis
Cibernéticos e Negócios Jurídicos, de Pedro Marcos Nunes Barbosa, 2017.
Para conhecer quais bens podem integrar o estabelecimento, é preciso recorrer à
doutrina empresarial. Pesquise pelo artigo O estabelecimento comercial, de Paula
Castello Miguel (2000). O objetivo desse material é apresentar esses bens e indicar sua
finalidade para o exercício da empresa.
Para conhecer melhor os requisitos e as condições para obtenção do reconhecimento de
alto renome de uma marca, consulte a Resolução INPI/PR n. 107/2013, alterada pela
172/2016. Na página do INPI é possível ter acesso às classes de produtos e marcas.
Para saber mais sobre os critérios para verificação de identidade ou semelhança entre
nomes empresariais, leia a Seção IV do Capítulo I da Instrução Normativa DREI n. 81, em
vigor desde 1° de julho de 2020.
Para saber mais sobre a composição da firma e da denominação conforme o tipo
societário, recomenda-se a leitura da Seção III do Capítulo I da Instrução Normativa DREI
n. 81, em vigor desde 1° de julho de 2020.
CONTEUDISTA
Alexandre Ferreira de Assumpção Alves
 CURRÍCULO LATTES
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