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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO COLEÇÃO TJ RJ 2020 ATUALIZADO EM 28/02/2020 APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 2 Agora que você já possui o material de estudo mais prático e efetivo para sua aprovação neste concurso, você está pronto(a) para se aprofundar ainda mais e descobrir todos os detalhes que farão total diferença na preparação! Descubra como aprimorar e personalizar seus estudos com o Aprovação Ágil - Guia Prático para Aprovação em Concursos. Com ele você terá acesso ao livro e ao novo Curso em Vídeo do Aprovação Ágil, com cerca de 8 horas de conteúdo exclusivo, mostrando na prática o passo a passo para sua aprovação no concurso dos seus sonhos. Adquirindo agora você terá ainda, além de vários bônus, acesso às planilhas automatizadas para: - Montagem de seu cronograma personalizado - Controle de estudos e simulados - Análise do exato perfil de sua próxima prova Você vai ter acesso também ao grupo secreto do Facebook. 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APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 3 NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 1 Breves considerações sobre a prova.................................................................................. 4 2 Noções de organização administrativa: Administração direta e indireta, centralizada e descentralizada............................................................................................................................ 5 3 Ato administrativo: Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies 7 4 Processo administrativo......................................................................................................... 12 5 Agentes públicos: Espécies e classificação; Cargo, emprego e função públicos 45 6 Poderes administrativos: Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia; Uso e abuso do poder.......................................................................................................................................... 48 7 Lei nº 8.666/1993 e suas alterações.................................................................................. 50 8 Controle e responsabilização da administração: Controles administrativo, judicial e legislativo; Responsabilidade civil do Estado................................................................. 108 APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 4 Breves considerações sobre a prova A disciplina de Direito Administrativo é reconhecida como uma matéria de maior aprofundamento quanto a pontos doutrinários. E, no caso do último concurso do TJ RJ, a realidade não foi diferente. Houve a cobrança de um raciocínio doutrinário em boa parte das questões, como você pode verificar na planilha sobre o perfil da prova, enviada conjuntamente com esse material de estudo. O material de estudos exposto neste PDF está totalmente voltado para o perfil da prova. Porém, para evitar surpresas com questões mais profundas e complexas, recomendo muito que o estudante também aprofunde seus estudos com uma boa doutrina nesta disciplina, principalmente em momento anterior à publicação do edital. Recomendo a leitura, ao menos uma vez, do Curso de Direito Administrativo, de Maria Sylvia Zanella di Pietro, talvez a maior referência atual nesta disciplina, apenas em relação aos tópicos exigidos no edital. E é extremamente recomendável fazer muitas questões da mesma banca nesta disciplina, para entender plenamente o que eles mais cobram dos candidatos e complementar seus estudos. Assim, com certeza você terá um maior embasamento para a prova em Direito Administrativo e terá ainda mais facilidade em compreender e memorizar plenamente o conteúdo deste resumo. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 5 Noções de organização administrativa: Administração direta e indireta, centralizada e descentralizada Poderes e organização A tripartição dos poderes estatais (também pode ser denominada como tripartição das funções estatais) foi concebida por Montesquieu em sua obra "Do Espírito das Leis" (1748) e está prevista expressamente no artigo 2º da Constituição Federal: Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Tratam-se, portanto, de poderes independentes e harmônicos entre si, com funções típicas e atípicas, nas quais não há exclusividade, mas sim preponderância nos exatos temos definidos pela Constituição Federal. Os poderes dividem-se em: - Poder Legislativo: Tem o papel primordial de fiscalização do Poder Executivo e elaboração de leis (funções típicas), bem como a administração de seus serviços internos e julgamento o Presidente da República nos crimes de responsabilidade (funções atípicas). - Poder Executivo: É responsável pela administração da coisa pública, e pela aplicação fática da legislação elaborada pelo Poder Legislativo (função típica). Elabora ainda normas de caráter geral, como decretos, e julga os seus servidores de forma administrativa (funções atípicas). - Poder Judiciário: Julga as demandas propostas pelos jurisdicionados e aplica coativamente a legislação (função típica), bem como elabora atos administrativos de sua competência e organiza os seus serviços públicos prestados (funções atípicas). A Administração Direta é aquela que compreende os órgãos das pessoas federativas: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A Administração Indireta é representada por entidades de personalidade jurídica própria, criadas pelo Estado para a realização de serviços de interesse público ou para agirem em atividade econômica, quando necessário. São integrantes da Administração Indireta: I - Autarquia – Trata-se de pessoa jurídica de direito público, criada para realizar determinado serviço de interesse público. Criada por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios. Tem como fim a execução de atividades típicas da Administração Pública que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. II - Fundação Pública - Entidade dotada de personalidade jurídica própria de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa para o desenvolvimento de atividades APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 6 que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público. Possui autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos do Estado e de outras fontes. Fundação Pública VS Autarquia - A principal diferença entre Fundação e Autarquia é que na primeira a lei autoriza sua criação. No caso da Autarquia, a própria lei a cria. III - Sociedade de Economia Mista - Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com a devida autorização para sua criação por lei específica, conforme inciso XIX do art. 37 da Constituição Federal, para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima. As ações com direito a voto necessitam pertencer em sua maioria ao Estado ou a outra entidade da Administração Indireta. IV - Empresa Pública - Trata-se de pessoa jurídica de direito privado,com patrimônio próprio e capital exclusivo, com a devida autorização para sua criação por lei específica, conforme inciso XIX do art. 37 da Constituição Federal, para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. Sujeita-se ao regime das empresas privadas. V - Agências - Foram importadas do sistema norte-americano e possuem função regulatória. Agencias executivas são autarquias ou fundações que celebram contrato de gestão com entes da Administração Direta, com os quais ficam vinculados. Agências reguladoras são autarquias em regime especial, com competência regulatória, com a finalidade de regular concessões, permissões e autorizações de serviços públicos. VI - Consórcios Públicos - Entidades criadas pela Lei nº 11.107/05, que integram a Administração Pública indireta, e se constituem como associações formadas por pessoas jurídicas políticas, e que podem adotar a natureza de pessoa jurídica de direito público ou privado, com criação mediante autorização legislativa. Recomendamos a leitura dessa lei para aprofundamento no tema. Atenção! Fique atento(a) ainda às diferenças conceituais entre desconcentração e descentralização administrativa, pois o tema é recorrente em provas de concursos: A desconcentração trata-se da distribuição dos serviços públicos dentro da mesma pessoa jurídica componente da Administração Pública, por meio de uma transferência com hierarquia, dividida entre seus órgãos. A descentralização consiste no deslocamento pela Administração Direta, com a distribuição, deslocamento ou transferência da prestação de serviços para entes da Administração a Indireta (Autarquia, Fundações, Sociedades de Economia mista e etc.) ou para particulares. Nesta situação não há subordinação destas à Administração Direta, pois não existe hierarquia, porém há fiscalização e controle destes serviços descentralizados. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 7 Ato administrativo: Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies Conceito do ato administrativo O ato administrativo pode ser conceituado como toda manifestação de vontade da Administração Pública, sob o regime de direito público, ordenada para a produção de efeitos jurídicos de interesse público. Na clássica definição de. Hely Lopes Meirelles, ato administrativo é: toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria. Muito embora não haja previsão em lei ou consenso entre os doutrinadores sobre o conceito de ato administrativo, é importante saber que qualquer definição abrangerá sempre 3 pressupostos: 1- Manifestação do Estado ou quem lhe esteja representando; 2- Incidência das regras de direito público. 3- Produção de efeitos jurídicos visando ao interesse público. Requisitos ou elementos de validade e eficácia ato administrativo Todo ato administrativo para ser válido e eficaz deve obedecer a cinco requisitos: competência, finalidade, forma, objeto e motivo. Para decorar os requisitos lembre-se da frase: Como Ficar Feliz? Ouvindo Música ou da outra frase: Como Ficar Fortão? Óbvio: Musculação! As iniciais de referidas frases são as mesmas dos requisitos do ato administrativo: C ompetência, F inalidade, F orma, O bjeto e M otivo Atenção! Fique atento que as bancas costumam confundir Objeto, um dos requisitos do ato administrativo, com Objetivo, pela proximidade entre a grafia e sonoridade das palavras. Não caia nesta pegadinha! 1- Competência: Para que o ato seja válido é necessário que seja proferido por alguém autorizado por lei a praticar tal conduta. A competência administrativa tem como características: a) Natureza de ordem pública, pois sua atribuição é feita somente por lei. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 8 b) Intransferível pela vontade dos interessados. No entanto, em caso de avocação ou delegação prevista em lei, a competência para determinado ato pode ser transferida temporariamente. c) Irrenunciável, porque a competência deriva do cargo e não da pessoa. e) Incaducável ou imprescritível, posto que a competência não se extingue pela falta de uso ou pelo decurso do tempo, somente por determinação legal. 2- Finalidade: Todo ato administrativo sempre deve visar ao interesse público. Se o agente praticar algum ato visando a interesse próprio ou alheio ao interesse público, o ato será nulo por desvio de finalidade, o que, inclusive, caracteriza o abuso de poder. 3- Forma: É o modo e procedimentos previstos em lei que são necessários para a exteriorização dos atos administrativos. Em regra todo ato administrativo deverá ser por escrito. Somente se admitirá atos não escritos em casos de urgência e transitoriedade da manifestação. Ex: O assobio do guarda de trânsito para desviar os carros de um acidente na rodovia. 4- Objeto: É o conteúdo do ato a fim de criar, modificar ou comprovar situações jurídicas, as quais sempre deverão ser lícitas e moralmente aceitas. 5- Motivo: É a situação fática ou o fundamento jurídico que autoriza a realização do ato administrativo. Ex: Ultrapassar o sinal vermelho é o motivo de uma multa de trânsito. Atributos ou características do ato administrativo: 1- Presunção de Legitimidade: Todo ato administrativo presume-se legal e verdadeiro até que alguém prove o contrário. Há a inversão do ônus da prova. 2- Autoexecutoriedade: Ao ato administrativo assim que emanado pode ser executado imediatamente pela Administração, independentemente de ordem judicial. Exceto as desapropriações e multas. 3- Imperatividade: O ato administrativo proferido em conformidade com a lei obriga todos aqueles que se encontrarem em seu círculo de incidência. Não pode o administrado se opor ao cumprimento. Para decorar os atributos ou características lembre-se da palavra: P A I P resunção de legitimidade, A utoexecutoriedade e I mperatividade. Atenção! Maria Silvia Di Pietro, renomada autora desta disciplina do Direito, afirma existir um quarto atributo: tipicidade. E algumas bancas costumam exigir esse conhecimento A tipicidade trata-se de uma consequência direta do princípio da legalidade. Maria Silvia Di Pietro define a tipicidade da seguinte forma: “Tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 9 resultados”. E podemos destacar que tal característica se trata de uma garantia para que a Administração não aja de forma arbitrária. Para decorar os atributos ou características, com a inclusão da tipicidade, lembre-se da palavra: P A T I P resunção de legitimidade, A utoexecutoriedade, T ipicidade e I mperatividade. Classificação: A doutrina, em regra, classifica os atos administrativos em 05 grandes grupos: 1- Quanto aos seus destinatários: a) Atos gerais ou regulamentares ou normativos: São comandos abstratos expedidos sem um destinatário determinado, alcançando a todos que se encontrem em uma determinada situação. Não podem ser impugnados enquanto seus efeitos não atingirem um caso em concreto. Exemplo: editais de concursos e instruções normativas. b) Atos individuais: São aqueles com um destinatário previamente determinado. Exemplo: Demissão e nomeação. 2- Quanto ao alcance de seus efeitos: a) Atos internos: São aqueles que produzem efeitos somente dentro da Administração Pública, vinculando órgãos e agentes públicos. Não precisam ser publicados na imprensa oficial porque não atingirão terceiros. Exemplo: Portaria. b) Atos externos: Atingema todos: órgãos, agentes públicos e particulares. Precisam ser publicados na imprensa oficial para que todos saibam o teor do ato. Exemplo: Decreto. 3- Quanto ao seu objeto: a) Atos de império: A Administração utiliza-se de sua supremacia para impor o seu cumprimento obrigatório ao administrado. Exemplo: Multa e interdição de estabelecimento. b) Atos de gestão: A Administração põe-se em posição de igualdade com o administrado. Não há o poder de coerção. Exemplo: Contrato de locação de imóveis. c) Atos de expediente: São atos proferidos na rotina administrativa, sem poder decisório, para andamento de processos administrativos. Exemplo: Juntada de documentos. 4- Quanto à liberdade de atuação ou regramento: a) Atos vinculados: A sua elaboração fica vinculada ao que a lei estabelece. Caso cumpridos os requisitos legais, o ato deve ser expedido. Não há margem alguma de liberdade para o APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 10 administrador. Exemplo: Licença para prática de determinada atividade, quando cumpridos os requisitos legais. b) Atos discricionários: São aqueles praticados conforme a conveniência e oportunidade do administrador quanto ao objeto e o motivo do ato. Os outros requisitos: competência, finalidade e forma não comportam liberdade na escolha, serão sempre vinculados ao que a lei determinar. Exemplo: Autorização. É importante ressaltar que atos discricionários não se confundem com atos arbitrários. Os atos discricionários são praticados dentro dos limites que a lei estabelece, já os arbitrários são praticados sem qualquer respaldo em lei. Atenção! A diferença entre atos vinculados e discricionários, bem como os seus exemplos costumam cair com frequência nos concursos. 5- Quanto à formação do ato: a) Atos simples: São aqueles derivados de um único órgão, seja singular ou colegiado. Não importa o número de pessoas envolvidas, mas sim que a vontade seja manifestada de forma única. Exemplo: Multa lavrada pelo Policial de Trânsito ou decisão de um conselho disciplinar. b) Atos compostos: De acordo com a lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro: Ato composto é o que resulta da manifestação de dois ou mais órgãos, em que a vontade de um é instrumental em relação a de outro, que edita o ato principal. Enquanto no ato complexo fundem-se vontades para praticar um ato só, no ato composto, praticam-se dois atos, um principal e outro acessório; este último pode ser pressuposto ou complementar daquele. Exemplo: a nomeação do Procurador-Geral da República depende da prévia aprovação pelo Senado (art. 128, § 1o, da Constituição); a nomeação é o ato principal, sendo a aprovação prévia o ato acessório, pressuposto do principal... (Di Pietro, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo (p. 282). Atlas. Edição do Kindle.) c) Atos complexos: Surgem da conjugação da vontade de órgãos administrativos diferentes. São vontades autônomas que juntas formam um ato único. Exemplo: Decreto que é assinado pelo Chefe do Executivo e referendado por Ministro de Estado; Espécies de atos administrativos: Segundo Hely Lopes Meirelles, podemos agrupar os atos administrativos em 5 cinco tipos: Atos normativos: possuem comando geral do Executivo com vistas ao cumprimento regular de uma lei. Podem ser exteriorizados de forma geral e abstrata (decreto que regulamenta uma determinada lei, por exemplo), ou individual e concreta (decreto de nomeação de um servidor em APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 11 decorrência de aprovação em concurso público). São exemplos o regulamento, decreto, regimento, resolução e etc. Atos ordinatórios: tem a finalidade de disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta de seus agentes no exercício de suas funções. Tem origem no poder hierárquico, ou seja, podem ser expedidos por chefes de serviços aos servidores subordinados, em hierarquia inferior. Logo, não obrigam aos particulares. São exemplos: instruções, avisos, portarias, ordens de serviço e memorandos. Atos negociais: possuem uma manifestação de vontade da Administração, com a finalidade de concretizar negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas condições impostas ou consentidas pelo Poder Público. São exemplos as licenças, autorizações e permissões. Atos enunciativos: Nestas atos a Administração Pública certifica ou a atesta a ocorrência um fato (são exemplos certidões e atestados), ou emite uma opinião sobre determinado assunto (é exemplo o parecer), e tais atos fazem parte de registros, processos e arquivos públicos, e por essa razão ficam vinculados quanto ao motivo e ao conteúdo. Atos punitivos: são sanções impostas pela legislação e aplicadas pela Administração Pública, para punição de infrações administrativas e condutas irregulares de servidores ou de particulares em face da Administração. São exemplos a multa administrativa, interdição administrativa, destruição de coisas e todas penalidades previstas em lei para punição administrativa de servidores. Vale a pena ficar atento(a) aos seguintes conceitos: Vinculação e Discricionaridade a) Atos vinculados: A sua elaboração fica vinculada ao que a lei estabelece. Caso cumpridos os requisitos legais, o ato deve ser expedido. Não há margem alguma de liberdade para o administrador no caso de atos administrativo vinculados. Exemplo: Licença para prática de determinada atividade, quando cumpridos os requisitos legais. b) Atos discricionários: São aqueles praticados conforme a conveniência e oportunidade do administrador quanto ao objeto e o motivo do ato. Os outros requisitos: competência, finalidade e forma não comportam liberdade na escolha, serão sempre vinculados ao que a lei determinar. Exemplo: Autorização. É importante ressaltar que atos discricionários não se confundem com atos arbitrários. Os atos discricionários são praticados dentro dos limites que a lei estabelece, já os arbitrários são praticados sem qualquer respaldo em lei. Atenção! A diferença entre atos vinculados e discricionários costuma cair com frequência nos concursos. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 12 Processo administrativo O processo administrativo pode ser conceituado uma sequência de atos ou atividades da Administração, que estão conectados entre si, com a finalidade de realizar um efeito previsto na lei. É a forma adotada pela Administração Pública para a realização dos atos administrativos. Segundo José dos Santos Carvalho Filho " “o processo administrativo se consubstancia numa sucessão encadeada de fatos, juridicamente ordenados, destinados à obtenção de um resultado final, no caso, a prática de um ato administrativo final” (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, p. 806) A Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. E a LEI Nº 5427, DE 01 DE ABRIL DE 2009 regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Estadual do Rio de Janeiro. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa. § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta; II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica; III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão. Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I - atuação conforme a lei e o Direito; II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 13 V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei; XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. CAPÍTULO II DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas; III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por força de lei. CAPÍTULO III DOS DEVERES DO ADMINISTRADO Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: I - expor os fatos conforme a verdade; II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; III - não agir de modo temerário; IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. CAPÍTULO IV DO INÍCIO DO PROCESSO Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 14 Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados: I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; II - identificação do interessado ou de quem o represente; III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações; IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos; V - data e assinatura do requerente ou de seu representante. Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas. Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem pretensões equivalentes. Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário. CAPÍTULO V DOS INTERESSADOS Art. 9o São legitimados como interessados no processo administrativo: I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de representação; II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses difusos. Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio. CAPÍTULO VI DA COMPETÊNCIA Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos. Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes. Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 15 Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial. § 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada. § 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante. § 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado. Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior. Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publicamente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente em matéria de interesse especial. Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir. CAPÍTULO VII DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que: I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar. Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. CAPÍTULO VIII DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO Art.22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável. § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 16 § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e rubricadas. Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o processo. Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração. Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior. Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação. Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede do órgão, cientificando- se o interessado se outro for o local de realização. CAPÍTULO IX DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências. § 1o A intimação deverá conter: I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa; II - finalidade da intimação; III - data, hora e local em que deve comparecer; IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar; V - informação da continuidade do processo independentemente do seu comparecimento; VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. § 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de comparecimento. § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado. § 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial. § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade. Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado. Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla defesa ao interessado. Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse. CAPÍTULO X APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 17 DA INSTRUÇÃO Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias. § 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à decisão do processo. § 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos. Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada. § 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de alegações escritas. § 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser comum a todas as alegações substancialmente iguais. Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pública para debates sobre a matéria do processo. Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de participação de administrados, diretamente ou por meio de organizações e associações legalmente reconhecidas. Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros meios de participação de administrados deverão ser apresentados com a indicação do procedimento adotado. Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiência de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 18 Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições de atendimento. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo. Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionando-se data, hora e local de realização. Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo. § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso. § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado,o órgão responsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes. Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado. Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a prévia manifestação do interessado. Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem. Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autoridade competente. CAPÍTULO XI DO DEVER DE DECIDIR Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência. Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada. CAPÍTULO XII DA MOTIVAÇÃO APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 19 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito. CAPÍTULO XIII DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis. § 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem a tenha formulado. § 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público assim o exige. Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. CAPÍTULO XIV DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 20 § 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. CAPÍTULO XV DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito. § 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução. § 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa. Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo: I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo; II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida; III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos. Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida. § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão competente. § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual período, ante justificativa explícita. Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes. Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo. Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso. Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações. Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto: I - fora do prazo; II - perante órgão incompetente; APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 21 III - por quem não seja legitimado; IV - após exaurida a esfera administrativa. § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso. § 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa. Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência. Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão. Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de enunciado dasúmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal. Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada. Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção. CAPÍTULO XVI DOS PRAZOS Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento. § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal. § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo. § 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês. Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos processuais não se suspendem. CAPÍTULO XVII DAS SANÇÕES Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa. CAPÍTULO XVIII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria, aplicando- se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 22 Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como parte ou interessado: I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; III – (VETADO) IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do processo. § 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administrativa competente, que determinará as providências a serem cumpridas. § 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria que evidencie o regime de tramitação prioritária. § 3o (VETADO) § 4o (VETADO) Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. LEI ESTADUAL Nº 5427, DE 01 DE ABRIL DE 2009 - ESTABELECE NORMAS SOBRE ATOS E PROCESSOS ADMINISTRATIVOS NO ÂMBITO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1º Esta Lei estabelece normas sobre atos e processos administrativos no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, tendo por objetivo, em especial, a proteção dos direitos dos administrados e o melhor cumprimento dos fins do Estado. §1º Para os fins desta Lei, considera-se: I - órgão: a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura de uma entidade da Administração indireta; II - entidade: unidade de atuação dotada de personalidade jurídica; III - autoridade: o servidor ou agente público dotado de poder de decisão. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 23 §2º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos poderes Legislativos, Judiciários, ao Ministério Público, Defensoria Pública e Tribunal de Contas do Estado, quando no desempenho de função administrativa. Art. 2º O processo administrativo obedecerá, dentre outros, aos princípios da transparência, legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, impessoalidade, eficiência, celeridade, oficialidade, publicidade, participação, proteção da confiança legítima e interesse público. §1º Nos processos administrativos serão observadas, entre outras, as seguintes normas: I - atuação conforme a lei e o direito; II - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; III - atendimento afins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes, salvo autorização em Lei; IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; V - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; VI - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VII - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição da República; VIII - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; IX - observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; X - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei; APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 24 XII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa de nova interpretação, desfavorável ao administrado, que se venha dar ao mesmo tema, ressalvada a hipótese de comprovada má-fé; XIII - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas; à interposição de recursos, nos processos que possam resultar sanções e nas situações de litígio. §2º Qualquer ato que implique dispêndio ou concessão de direitos deverá ter seu respectivo extrato publicado na imprensa oficial. CAPÍTULO II DOS DIREITOS DO ADMINISTRADO Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: I. ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; II. ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos nele contidos, permitida a cobrança pelos custos da reprodução, e conhecer as decisões proferidas, na forma dos respectivos regulamentos, ressalvadas as hipóteses de sigilo admitidas em direito; III. formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; IV. fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação. CAPÍTULO III DOS DEVERES DO ADMINISTRADO Art. 4º São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: I. expor os fatos conforme a verdade; APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 25 II. proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; III. não agir de modo temerário; IV. prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. CAPÍTULO IV DO INÍCIO DO PROCESSO Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de ofício, a Requerimento, Proposição ou Comunicação do administrado. Art. 6º A petição inicial, salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve ser formuladapor escrito e conter os seguintes elementos essenciais: I. entidade, órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; II. identificação do requerente ou de quem o represente; III. domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações; IV. formulação do pedido, da comunicação, ou da proposição, com exposição dos fatos e de seus fundamentos; V. data e assinatura do requerente ou de seu representante. §1º É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de petições, devendo o servidor orientar o requerente quanto ao suprimento de eventuais falhas. §2º Constatada a ausência de algum dos elementos essenciais do requerimento pela autoridade competente para o julgamento ou para a instrução, será determinado o suprimento da falta pelo requerente, concedendo-se, para tanto, prazo não inferior a 24 (vinte e quatro) horas úteis nem superior a 10 (dez) dias úteis, a contar da correspondente comunicação, sob pena de arquivamento, salvo se a continuação do feito for de interesse público. §3º A Proposição será apreciada conforme critérios de conveniência e oportunidade da Administração, segundo as prioridades definidas pelas autoridades competentes. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 26 §4º A renovação de pedidos já examinados, tendo como objeto decisão administrativa sobre a qual não caiba mais recurso, caracterizando abuso do direito de petição, será apenada com multa de 100 UFIR-RJ (cem unidades fiscais de referência do Rio de Janeiro) a 50.000 UFIR-RJ (cinqüenta mil unidades fiscais de referência do Rio de Janeiro), observando-se, na aplicação da sanção, de competência do Secretário de Estado ou da autoridade máxima da entidade vinculada, a capacidade econômica do infrator e as disposições desta Lei relativas ao processo administrativo sancionatório. Art. 7º Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou formulários padronizados, visando a atender hipóteses semelhantes. Art. 8º Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um único requerimento, salvo se houver preceito legal em contrário ou se a aglutinação puder prejudicar a celeridade do processamento. CAPÍTULO V DOS INTERESSADOS Art. 9º Poderão atuar no processo administrativo os interessados como tais designados: I. as pessoas físicas ou jurídicas que se apresentem como titulares de direitos ou interesses individuais, ou no exercício do direito de representação; II. aqueles que, sem haverem iniciado o processo, tenham direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; III. as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; IV. as pessoas físicas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses difusos. Parágrafo único. A atuação no processo administrativo, nos casos dos incisos III e IV deste artigo, dependerá de comprovação de pertinência temática por parte das pessoas neles indicadas. CAPÍTULO VI DA COMPETÊNCIA Art. 10. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que for atribuída como própria, ressalvadas as hipóteses de delegação e avocação previstas nesta Lei ou em Leis específicas. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 27 Parágrafo único. O disposto neste artigo não impede a celebração de convênios, consórcios ou instrumentos congêneres, nos termos de legislação própria. Art. 11. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte de sua competência a outros órgãos ou titulares, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de natureza técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. §1º O disposto neste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes. §2º Não podem ser objeto de delegação as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Art. 12. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial. §1º O ato de delegação especificará as matérias e os poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva do exercício da atribuição delegada. §2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante. §3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegante. §4º A delegação poderá ser admitida por meio de convênio ou outros atos multilaterais assemelhados. Art. 13. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior, observados os princípios previstos no art. 2o desta Lei. Art. 14. Os órgãos e entidades administrativas, bem como as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, divulgarão publicamente os locais das respectivas sedes e eventuais alterações, horários de atendimento e de prestação dos serviços e, quando conveniente, a unidade funcional competente em matéria de interesse especial, bem como meios de informação à distância e quaisquer outras informações de interesse geral. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 28 Parágrafo único. A administração disciplinará a divulgação das informações previstas no caput deste artigo por meio eletrônico. Art. 15. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo terá início perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir. CAPÍTULO VII DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO Art. 16. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou agente que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. Art. 17. Fica impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que: I. tenha interesse direto ou indireto na matéria ou na solução do processo; II. seja cônjuge, companheiro, parente ou afim até o terceiro grau de qualquer dos interessados; III. tenha dele participado ou dele venha a participar como perito, testemunha ou representante ou se tais situações ocorrerem quanto a qualquer das pessoas indicadas no artigo anterior; IV. esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou com qualquer das pessoas indicadas no artigo anterior. Art. 18. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento tem o dever de comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar. Parágrafo único. A omissão no dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. CAPÍTULO VIII DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO Art. 19 Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 29 §1º Os atos do processo deverão ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização, a identificação e a assinatura da autoridade responsável. §2º Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. §3º A autenticação de documentos produzidos em cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo. §4º O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e rubricadas. §5º A Administração Pública poderá disciplinar, mediante decreto, a prática e a comunicação oficial dos atos processuais por meios eletrônicos, atendidos os requisitos técnicos exigidos na legislação específica, em especial os de autenticidade, integridade e validade jurídica. Art. 20. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição pela qual tramitar, salvo nos casos de urgência e interessepúblico relevante. §1º Poderão ser concluídos após o horário normal de expediente os atos já iniciados, cuja eventual interrupção possa causar dano ao interessado ou à Administração. §2º Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for o local de realização. Art. 21. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de quinze dias úteis, salvo justo motivo. CAPÍTULO IX DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS Art. 22. O órgão competente para a condução do processo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou efetivação de diligências. §1º A intimação deverá conter: I. identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa; II. finalidade da intimação; APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 30 III. data, local e hora em que deva comparecer; IV. se o intimado deverá comparecer pessoalmente ou se poderá fazer-se representar; V. informação da continuidade do processo independentemente do seu comparecimento; VI. indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. §2º A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de comparecimento. §3º A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a ciência do interessado. §4º No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial. §5º As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade. Art. 23. O desatendimento da intimação não importa no reconhecimento da verdade dos fatos, nem na renúncia a direito material pelo administrado. Parágrafo único. O interessado poderá atuar no processo a qualquer tempo recebendo-o no estado em que se encontrar, observado o seguinte: I. nenhum ato será repetido em razão de sua inércia; II. no prosseguimento do processo será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. Art. 24. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 31 CAPÍTULO X DA INSTRUÇÃO Art. 25. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os elementos necessários à tomada de decisão realizam-se de ofício, sem prejuízo do direito dos interessados de requerer a produção de provas e a realização de diligências. Parágrafo único. Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem realizar-se do modo que lhes seja menos oneroso. Art. 26. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 33 desta Lei. Parágrafo único. São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos. Art. 27. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada. §1º A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam examinar os autos do processo, bem como a documentação posta à disposição pelo órgão competente, fixando-se prazo para o oferecimento de alegações escritas, que deverão ser consideradas pela Administração. §2º O comparecimento de terceiro à consulta pública não confere, por si só, a condição de interessado no processo, mas atribui-lhe o direito de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser comum para todas as alegações substancialmente iguais. Art. 28. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pública para debates sobre a matéria do processo. Art. 29. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevante, poderão valer-se de outros meios de participação singular ou coletiva de administrados, diretamente ou por meio de organizações e associações legalmente reconhecidas. Art. 30. Os resultados da consulta e audiência públicas e de outros instrumentos de participação de administrados serão divulgados, preferencialmente, por meio eletrônico, com indicação sucinta das suas conclusões e fundamentação. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 32 Art. 31. Quando necessária à instrução do processo, a audiência de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada ao processo. Art. 32. A administração pública não conhecerá requerimentos ou requisições de informações, documentos ou providências que: I. não contenham a devida especificação do objeto e finalidade do processo a que se destinam; II. não sejam da competência do órgão requisitado; III. acarretem ônus desproporcionais ao funcionamento do serviço, ressalvada a possibilidade de colaboração da entidade ou órgão requisitante. Art. 33. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes no próprio órgão responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, a autoridade competente para a instrução, verificada a procedência da declaração, proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias, ou justificará a eventual impossibilidade de fazê-lo. Art. 34. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada de decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. Parágrafo único. Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas ou manifestamente impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Art. 35. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições de atendimento. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. Art. 36. Quando os elementos ou atuações solicitados ao interessado forem imprescindíveis à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administração implicará o arquivamento do processo. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 33 Art. 37. O interessado já qualificado no processo será intimado de prova ou diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionando-se data, hora e local de realização. Art. 38. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de trinta dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de prorrogação. §1º Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso. §2º Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. §3º A divergência de opiniões na atividade consultiva não acarretará a responsabilidade pessoal do agente, ressalvada a hipótese de erro grosseiro ou má-fé. Art. 39. Quandopor disposição de ato normativo devam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes, sem prejuízo da apuração de responsabilidade de quem se omitiu na diligência. Art. 40. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado. Art. 41. O interessado tem direito à obtenção de vista dos autos e de certidões das peças que integram o processo ou cópias reprográficas dos autos, para fazer prova de fatos de seu interesse, ressalvados os casos de informações relativas a terceiros, protegidas por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem. Art. 42. Quando o órgão de instrução não for o competente para emitir a decisão final, elaborará relatório circunstanciado indicando a pretensão deduzida, o resumo das fases do procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autoridade com competência decisória. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 34 CAPÍTULO XI DAS PROVIDÊNCIAS ACAUTELADORAS Art. 43. Em caso de perigo ou risco iminente de lesão ao interesse público ou à segurança de bens, pessoas e serviços, a Administração Pública poderá, motivadamente, adotar providências acauteladoras. Parágrafo único. A implementação da medida acauteladora será precedida de intimação do interessado direto para se manifestar em prazo não inferior a 48 (quarenta e oito) horas, salvo quando: I. o interessado for desconhecido ou estiver em local incerto e não sabido; ou II. o decurso do prazo previsto neste parágrafo puder causar danos irreversíveis ou de difícil reparação. CAPÍTULO XII DO DEVER DE DECIDIR Art. 44. A Administração tem o dever de emitir decisão conclusiva nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência. Art. 45. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação, por igual período, expressamente motivada. Art. 46. No exercício de sua função decisória, poderá a Administração firmar acordos com os interessados, a fim de estabelecer o conteúdo discricionário do ato terminativo do processo, salvo impedimento legal ou decorrente da natureza e das circunstâncias da relação jurídica envolvida, observados os princípios previstos no art. 2o desta Lei, desde que a opção pela solução consensual, devidamente motivada, seja compatível com o interesse público. Art. 47. Quando a decisão proferida num determinado processo administrativo se caracterizar como extensível a outros casos similares, poderá o Governador, após manifestação da Procuradoria-Geral do Estado, mediante ato devidamente motivado, atribuir-lhe eficácia vinculante e normativa, com a devida publicação na imprensa oficial. Parágrafo único. O efeito vinculante previsto neste artigo poderá ser revisto, a qualquer tempo, de ofício ou por provocação, mediante edição de novo ato, mas dependerá de manifestação prévia da Procuradoria Geral do Estado. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 35 CAPÍTULO XIII DA MOTIVAÇÃO Art. 48. As decisões proferidas em processo administrativo deverão ser motivadas, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I. neguem, limitem, modifiquem ou extingam direitos; II. imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III. dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; IV. julguem recursos administrativos; V. decorram de reexame de ofício; VI. deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão, ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VII. importem em anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo; VIII. acatem ou recusem a produção de provas requeridas pelos interessados; IX. tenham conteúdo decisório relevante; X. extingam o processo. §1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato e deverão compor a instrução do processo. §2º Na solução de vários assuntos da mesma natureza, poderão ser utilizados recursos de tecnologia que reproduzam os fundamentos das decisões, desde que este procedimento não prejudique direito ou garantia dos interessados e individualize o caso que se está decidindo. §3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões, proferidas oralmente, constará da respectiva ata, de acórdão ou de termo escrito. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 36 CAPÍTULO XIV DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO Art. 49. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis. §1º Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem as tenha formulado. §2º A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público assim o exige. Art. 50. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. CAPÍTULO XV DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO Art. 51. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode, respeitados os direitos adquiridos, revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade. Parágrafo único. Ao beneficiário do ato deverá ser assegurada a oportunidade para se manifestar previamente à anulação ou revogação do ato. Art. 52. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. Parágrafo único. Admite-se convalidação voluntária, em especial, nas seguintes hipóteses: I. vícios de competência, mediante ratificação da autoridade competente; II. vício de objeto, quando plúrimo, mediante conversão ou reforma; III. quando, independentemente do vício apurado, se constatar que a invalidação do ato trará mais prejuízos ao interesse público do que a sua manutenção, conforme decisão plenamente motivada. APROVAÇÃO ÁGIL - NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TJ RJ) 37 Art. 53. A Administração tem o prazo de cinco anos, a contar da data da publicação da decisão final proferida no processo administrativo, para anular os atos administrativos dos quais decorram efeitos favoráveis para os administrados, ressalvado o caso de comprovada má-fé. §1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. §2º Sem prejuízo da ponderação de outros fatores, considera-se de má-fé o indivíduo que, analisadas as circunstâncias do caso, tinha ou devia ter consciência da ilegalidade do ato praticado. §3º Os Poderes do Estado e os demais órgãos dotados de autonomia constitucional poderão, no exercício de função administrativa, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, restringir os efeitos da declaração de nulidade de ato administrativo ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de determinado momento que venha a ser fixado. CAPÍTULO XVI DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO Art. 54. Das decisões proferidas em processos administrativos e das decisões que adotem providências acauteladoras cabe recurso. Parágrafo único. Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução.
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