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GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC ALERGIA À PROTEINA DO LEITE DE VACA - APLV ✦ As reações adversas a alimentos constituem uma resposta clínica anormal ao alimento ou a algum aditivo. Essas reações elas podem ser tóxicas ou não tóxicas, e a depender, a gente tem a subclassificação como mostra no fluxograma: ✦ Essas reações não tóxicas são as mais comuns nos ambulatórios. Na emergência a gente vai ter mais comumente os casos de reações tóxicas. ✦ OBS1: O APLV é basicamente a principal causa de alergia alimentar na pediatria. ✦ OBS2: Não confundir “intolerância a lactose” com alergia a proteína do leite de vaca (APLV). A alergia é imunomediada, enquanto a intolerância não. Outro ponto, o paciente com APLV ele tem alergia a proteína do leite de vaca, o intolerante ele não consegue digerir o açúcar que é encontrado no leite. O quadro clínico do paciente com intolerância geralmente varia com diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal, distensão... o paciente com APLV ele pode até apresentar esses sintomas quando há inflamação de mucosa do intestino delgado... nesses casos então, o paciente ele pode ter uma intolerância transitória secundária a uma APLV que causou ali uma inflamação na mucosa onde tem as dissacaridases. Além disso, os RN que apresentam predisposição genética para ter intolerância a lactose, eles não costumam abrir o quadro logo ali na fase de lactente, geralmente só apresentam manifestação lá para os 4 ou 5 anos de idade. Por que isso? Porque o bebê ele já nasce com essa capacidade de produzir a lactase por conta do leite e só depois ele desenvolve a intolerância... nos casos raros, bem raros, alguns lactentes podem apresentar uma intolerância congênita e abrir um quadro grave logo na primeira exposição ao leite. Enfim, o que a criancinha lactente pode ter relacionado ao leite logo cedo é a APLV. Já as crianças maiores, a gente vai pensar em intolerância mesmo. ALERGIA ALIMENTAR ✦ É uma reação adversa imunomediada a proteína alimentar (ou alguns carboidratos ligados/glicoproteína): por meio da ingestão ou contato. ✦ As características são: 1) reprodutível (isso quer dizer que toda vez que aquele indivíduo entrar em contato com aquela substância alérgica, ela vai ter uma reação); 2) especifica (específica a um determinado alérgeno); 3) resposta imunológica específica (IgE mediada, sendo a anafilaxia a forma mais grave – urticaria, edema de glote, angioedema, etc. | Não IgE mediada, isto é, ela é mediada por célula T... esta é mais comum nas doenças gastrointestinais | Mista, envolve tanto IgE + célula T – aqui entra dermatite atópica, esofagite eosinofilia, etc.). ✦ Nos adultos é mais comum a IgE mediada, enquanto na faixa etária pediátrica a IgE não mediada. EPIDEMIOLOGIA ✦ Prevalência de 6 – 8% em menores de 3 anos e 3,5% em adultos. ✦ Maior prevalência em indivíduos com dermatite atópica (ou seja, quem tem dermatite atópica, tem mais chances de ter alergia alimentar também associado). ✦ Aumento da prevalência (“nova” epidemia: 33% da população tem algum tipo de alergia -> asma – dermatite atópica – alergia alimentar). ✦ Incidência real de APLV é desconhecida! nos primeiros anos de vida, estima-se em 0,3% e 7,5%. Os autorrelatos de 5 e 15%. ✦ APLV geralmente desaparece na infância (alergia a ovo, trigo e soja são os principais alérgenos que costumam desaparecer logo antes da fase adulta... ao contrário da alergia a amendoim, nozes e frutos do mar que fica para o resto da vida na maioria das vezes, não desaparece). ✦ Com as novas mudanças ambientas, culturais, a epigenética, tem-se aumentado a prevalência, a gravidade, a persistência (crianças maiores persistindo com a alergia até a fase adulta) e “novas” formas de apresentação das alergias alimentares (antes a gente não falava de associação entre DRGE e alergia alimentar, mas hoje já se sabe que GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC pode ter relação... então assim, não é algo novo, já existia, mas que foi descoberto agora). ALÉRGENOS ✦ Os alérgenos são glicoproteínas capazes de estimular resposta de hipersensibilidade. ✦ O potencial de alergenicidade: 1) alguns são estáveis ao calor e outros não (então alguns alimentos alérgenos quando cozidos podem ter a sua alergenicidade diminuída por conta da quebra sequencial de aminoácidos), alguns mudam a depender da acidificação ou presença de enzimas digestivas. 2) o tipo de epítopo: linear > conformacional... então o alérgeno como é uma sequência de aminoácidos, pode ter tanto estrutura linear quanto conformacional, e aí por exemplo, algumas crianças toleram o leite fermentado ali no bolo e tal, mas não tolera o leite cru... isso pode ser explicado por alteração na estrutura do alérgeno quando é levado ao aquecimento (no caso do epítopo conformacional). ✦ Como são induzidas as reações pelo alérgeno? → Alimento ingerido ou em contato com a pele ou trato respiratório. → Reatividade cruzada com produção de IgE específica e sensibilização antes do contato com o alimento. → Reatividade cruzada entre alérgeno inalável (ex., poléns e látex) responsável pela sensibilização e produção de IgE, além da ingestão do alimento. → OBS: o que a gente sabe é que uma pessoa alérgica a uma determinada coisa, ela tem a princípio o primeiro contato com essa substância e só depois com o segundo contato que ela manifesta a alergia. Mas por que existem pessoas que nunca experimentou, sei lá, amendoim e logo na primeira degustação ela desenvolve reação alérgica? Não deveria ter de início o primeiro contato para depois ter a reação? O que acontece é o que chamamos de reação cruzada! a pessoa sei lá, experimentou nozes e o epítopo alergênico das nozes é parecido com o do amendoim e aí na primeira vez que ela experimentou o amendoim, ela desenvolveu de cara a alergia por conta dessa reação cruzada. ✦ 80% dos alérgenos constituem a lista abaixo: → Crianças em que o quadro é geralmente transitório (somente 10% persiste): - Leite (mais comum em criança, 1,9 – 4,9%). - Ovo. - Trigo. - Soja. → Adultos (alérgenos persistentes): - Amendoim/castanha. - Peixe. - Crustáceo. ✦ Os aditivos alimentares são raros em causar alergia e mais difíceis de serem diagnosticadas (< 1%): sulfitos, glutamato monossódico, tartazina e vermelho carmim – diagnóstico por TPO (teste de provocação oral). ✦ Aquela questão da reatividade cruzada... olha o leite de vaca e o leite de cabra... tem 92% de reação cruzada, então quem tem alergia a um, não pode consumir o outro porque pode dar no mesmo, ou seja, dar alergia. GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC APLV ✦ É um tipo de alergia alimentar com uma heterogeneidade clínica e imunológica. Os principais alérgenos do leite são: → Alfalactoalbumina. → Betalactoglobulina: não existe no leite humano, a sua origem é sempre na alimentação materna. É a que induz maior sensibilização. → Caseína (termoestável, persistência e gravidade da alergia é maior). VIAS DE SENSIBILIZAÇÃO DA ALERGIA ALIMENTAR ✦ Pelo contato do alérgeno com o TGI ou pele. ✦ Produção de IgE específica antes do contato com alimento – reatividade cruzada (leite → carne: 20% | carne → leite: 80%). ✦ Reatividade cruzada com alérgenos inaláveis (pólen/látex). FATORES DE RICOS PARA ALERGIA ALIMENTAR ✦ Riscos imutáveis: → Sexo: M > F. → Etnia: asiáticos e negros > risco. → Genética (principalmente para IgE mediada). ✦ Riscos mutáveis: → Higiene (crianças mais limpinhas acaba que não se expõe aos alérgenos do meio, então não adquire uma sensibilização/tolerância adequada). → Microbiota. → Vitamina D (deficiência de vitamina D provoca alteração na resposta imunomoduladora). → Alimentação: < ômega 3, antioxidantes. → Uso de antiácidos. → Obesidade (é uma questão inflamatória). → Dermatite atópica: sensibilização transcutânea ao alérgeno. → Idade na exposição (o ideal é introduzir a alimentação complementar entre os 6 –9 meses de idade, se você introduz antes ou depois, aumenta o risco para as alergias alimentares). → Presença de outras doenças alérgicas (ex., rinite). TOLERÂNCIA ORAL ✦ Nós somos expostos a diversos alérgenos o tempo todo e nem por isso adquirimos alergia a todos eles. Por que? Porque o existe o estado de tolerância... é um estado de não reatividade local e sistêmica do sistema imunológico que é induzida por um antígeno administrado pela via oral. ✦ Então essa capacidade de se tornar tolerável ou não a um antígeno envolve vários fatores como evidenciados. Tem a questão genética, a microbiota intestinal, a resposta imune local, a nutrição, o GALT, entre outros. Uma falha no mecanismo regulatório de tolerância, leva a um perfil de resposta imunológica Th2 que é compatível com as alergias. GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC QUADRO CLÍNICO ✦ A alergia mediada por IgE não entra no âmbito do gastropediatra, então a gente deve encaminhar para o alergologista. Para o gastropediatra, a sua alçada entra no mediado por células. → A ocorrência de reação alérgica tanto no TGI quanto na pele é bem comum (50 – 60%). Já rem relação ao trato respiratório, 20 – 30%. → A reação de hipersensibilidade celular ou tipo IV (não IgE mediada, isto é, a que é a mais vista no consultório do gastropediatra): a reação ela só corre horas a dias após a exposição. → A reação de hipersensibilidade IgE mediada ou tipo 1: tem uma resposta mais imediata, mais especifica e fáceis de serem diagnósticas – minutos a horas (< 2h) desde a exposição e a reação alérgica. Esse tipo de hipersensibilidade aumenta o risco para alergias múltiplas e doenças atópicas. MANIFESTAÇÕES RELACINADAS AO TGI ✦ Ocorre por inflamação, dismotilidade ou ambos. ✦ Sintomas variados ou inespecíficos (a gente não tem diagnóstico laboratorial para manifestação alérgica de TGI.. daí ficamos na dúvida, será que é funcional ou é uma alergia do TGI?). ✦ Muitas vezes difícil de diferenciar de uma doença funcional. INDUZIDAS POR PROTEÍNA ALIMENTAR ✦ FORMAS CLÁSSICAS: → Proctocolite. → Enteropatia. → Enterocolite (FPIES). ✦ OUTRAS DESORDENS GI (POR DISMOTILIDADE): → DRGE. → Constipação. → Cólica. → Comprometimento pondero estatural. PROCTOCOLITE ✦ É induzida por proteínas do leite de vaca diretamente quando a gente pensa no aleitamento artificial, ou por meio do aleitamento materno quando a mãe ingere o leite de vaca e passa por meio do leite materno as proteínas. ✦ A idade de apresentação ocorre mais nos RN e lactentes (principalmente < 3 meses): 80% antes dos 6 meses. ✦ Início dos sintomas 2 a 8 semanas (pode também na primeira semana). ✦ Aumento da incidência nas últimas décadas. ✦ Mais frequente em meninos do que em meninas (60% x 40% respectivamente). ✦ Metade dos casos: AME (proteínas ingeridas pela mãe que passam para o filho no aleitamento). ✦ Aleitamento misto ou artificial: proteínas do leite ou a soja no leite artificial causam a alergia. GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC ✦ Formulas com proteínas extensamente hidrolisadas: menos de 10% dos casos ocorrem alergia mesmo com essa formula extensamente hidrolisada. CLÍNICA ✦ Enterorragia (sangramento de pequena monta / pode provocar anemia ferropriva). ✦ 70% dos casos: sem redução da consistência fecal, isto é, não vai ter diarreia. Geralmente o ganho de peso é adequado, tem choro, irritabilidade e cólica porque aumenta a motilidade. DIAGNÓSTICO ✦ Ele é basicamente CLÍNICO! ✦ Retossigmoidoscopia: enatema, erosões, ulcerações de mucosa/ hiperplasia nodular linfoide – esse exame não é indicado de rotina, mas pode visualizar essas alterações diante de uma proctocolite. ✦ Histologia: pode apresentar um infiltrado eosinofilico. ✦ Pesquisa de IgE específica: (soro e teste cutâneo): não contribuem para o diagnóstico já que ela não é IgE mediada... só iria servir para afastar as alergias IgE mediadas. ✦ Pesquisa de sangue nas fezes: inadequada, pode permanecer positiva após controle clínico do paciente. E além disso, se o sangue é visível, para que eu vou pedir sangue oculto? Oxe! Então a gente não pede sangue oculto para monitorar melhora a partir da mudança de dieta não. ✦ OBS: eu tirei o agente causador (proteína do leite), a criança parou de sangrar, reintroduzi o leite com proteína de vaca de novo na dieta e voltou a sangrar? Fechou o diagnóstico então! TRATAMENTO ✦ Dieta de exclusão materna (a gente tira o leite da dieta da mãe caso essa criança esteja em aleitamento materno ainda). Se a criança estiver em formula, vamos substituir as formulas que possuem a proteína inteira para as que são extensamente hidrolisadas (90% dos pacientes respondem bem a essa formula) ... Ou podemos usar formula só de aminoácidos (o de aminoácidos só se não houver resposta ao hidrolisado.. lembrando que o paciente que fizer uso dessa formula de aminoácidos, ela tem que parar de sangrar... se continuar sangrando, então não é alergia a proteína). ✦ Evolução favorável (resolução em meses): desenvolvimento de tolerância oral até os 12 meses. ENTEROPATIA ✦ Acontece nos primeiros meses de vida após desmame e introdução de formula de leite de vaca ou soja. ✦ Reação tardia mediada por células – então o quadro clínico aparece após dias a semanas porque vai inflamando aos poucos. ✦ Tem um início insidioso (pega intestino delgado) - QUADRO: → Má absorção (esteatorreia, hipoalbuminemia). → Diarreia Crônica (fezes ácidas). → Eritema perianal. → Distensão. → Anemia. → Déficit pondero-estatural (desnutrição). → Enterorragia (se associado com colite... então seria a associação entre a parte do intestino delgado e colón). ✦ ACHADO HISTOLÓGICO: → Infiltrado linfoplasmocitário, eosinófilos e mastócitos. → Atrofia vilositaria. → Hiperplasia de cripta. → Diagnóstico diferencial: doença celíaca, muito parecido nessa histologia (se a criança já ingeriu glúten, a celíaca entra como diagnóstico diferencial). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL PARA ALERGIA ALIEMNTAR ✦ Intolerâncias alimentares. ✦ Alterações anatômicas do TGI. ✦ Doença celíaca. ✦ Fibrose cística. ✦ Erros inatos do metabolismo. ✦ DRGE. ✦ Insuficiência pancreática. ✦ Imunodeficiências. ✦ Linfagiectasia intestinal. ✦ Infecções. ✦ Reações psicológicas. DIAGNÓSTICO ✦ Esse diagnóstico é para proctocolite e enteropatia que o diagnóstico ele é clínico. ✦ Anamnese e exame físico + dieta de restrição (retiro da dieta da mãe por 2 a 4 semanas se for aleitamento materno, se já fizer uso de formula, eu troco para aquela extensamente hidrolisada ou de aminoácidos por 8 semanas) + dosagem de IgE especifica (as não IgE mediadas que são as que nos interessa, a dosagem de IgE não vai servir para nada já que não vai ter positividade pensando em alergia relacionada ao TGI) + TPO (teste de provocação oral... será realizado depois de 2-4 semanas da restrição alimentar da mãe ou 8 semanas após o uso da formula hidrolisada... consiste basicamente em reexpor a criança a proteína do leite). GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC ✦ Um critério inicial para diagnóstico de APLV deve ser a resposta a dieta de exclusão. O QUE PERGUNTAR NA ANAMNESE E O QUE FAZER NO EXAME FÍSICO ✦ Idade de início dos sintomas. ✦ Natureza, frequência e reprodutibilidade dos sintomas. ✦ Tempo entre ingestão e aparecimento das reações (IgE mediada: < 2 horas). ✦ Quantidade de leite necessária para deflagrar sintomas. ✦ Forma de preparação do alimento. ✦ Última reação. ✦ Influência de fatores externos. ✦ Recordatório alimentar (lembra do que comeu no dia que apresentou a crise?). ✦ Histórico da alimentação. ✦ Antropometria. ✦ Efeito de dietas de restrição. ✦ Intervenções terapêuticas. ✦ Sinais de reações alérgicas ou comorbidades (outros sinais de atopias, prejuízo nutricional). EXAMES DE LABORATÓRIO ✦ HEMOGRAMA: → Detecção de complicações: anemia (dosar ferritina...ferritina é um marcador de inflamação). ✦ Pode ser anemia por perdas fecais e má absorção (lesão do intestino delgado). ✦ Pode ser anemia por inflamação sistêmica: → Eosinofilia significativa: esofagite eosinofilica, gastroenterite eosinofilica, proctocolite eosinofilica. ✦ DOSAGEM DE IGE (TESTE CUTÂNEO OU SÉRICO): → Mostra sensibilização e não alergia (para confirmar que além da sensibilização ele tem alergia, ele precisa ter uma resposta compatível a uma reação alérgica quando consome o tal do alimento suspeito). → Teste cutâneo (prick teste): só crianças acima de 6 meses podem realizar. Para nós aqui da gastropediatria, não tem muita serventia. → Valor preditivo positivo < 50%/ Valor preditivo negativo > 95% → aplicabilidade para afastar alergia IgE mediada (para a gente da gastro, não serve para pensar nas alergias do TGI). → Testes podem ser positivos por tempo superior a reatividade clínica. → Uteis para determinar momento de TPO. → Não solicitar reações não IgE mediadas. → Útil em IgE mediada e mista. ✦ Dosagem de IgG: sem evidencia científica para o mecanismo fisiopatológico de alergia. DIETA DE RESTRIÇÃO ✦ Deve ser feita a exclusão completa das proteínas do leite de vaca da dieta para dar diagnostico quando não for possível excluir a suspeita de APLV. No mínimo por 2 semanas e no máximo de 4 semanas se a criança tiver em aleitamento materno (vamos tirar da mãe). Se eu tirei e melhorou, pode ser APLV! porque eu disse pode ser e não confirmei? porque o momento aí da restrição pode coincidir com uma vacina que a criança tomou e está tendo reação e tal, pode ter sido alguma outra coisa transitória que coincidiu com a retirada do leite de vaca e a melhora do quadro clínico... então o ideal é eu retirar, vi que melhorou, vou fazer o teste reintroduzindo para ver se os sintomas voltam. ✦ Se eu for usar formula extensamente hidrolisada eu tenho de opção Alfaré, Pregomin e Aptamil. O ideal é a gente usar o pregomin pepti que não tem lactose na sua formulação porque algumas crianças podem apresentar alguma intolerância transitória por conta da inflamação da mucosa (então melhor o pregomin pepti quando tiver manifestações gastrointestinais importantes). Algumas crianças ainda podem ter reação mesmo com a mudança para formula hidrolisada (10% das não IgE mediadas) ... nesse caso a gente parte para a de aminoácidos que é um pouco mais cara. FORMULAS DE AMINOACIDOS – NEOCATE E ALFAMINO ✦ Reservadas para os casos sem resposta ao hidrolisado proteico. ✦ Se a criança já abre com um caso grave (anafilaxia, esofagite eosinofilica, FPIES, enteropatia grave) para a gente não ter o risco de cair nos 10% que a resposta a formula hidrolisada não é satisfatória, a gente pode entrar logo com a formula de aminoácidos. ✦ Se não responder a formula de aminoácidos, se as manifestações persistirem: excluir APLV. ✦ OBS: as extensamente hidrolisadas são mais baratas que a de aminoácidos. TPO ✦ Padrão-ouro: teste duplo cego controlado por placebo (seria o ideal, nem a mãe e nem o médico saberia, mas na pratica não faz dessa maneira não). ✦ Realizar após 2 – 4 semanas de dieta isenta. ✦ Se positivo o teste = alergia alimentar = 6 meses em dieta isenta. ✦ Se negativo = não é alergia alimentar = libera dieta. INDICAÇÕES DE TPO ✦ Confirmar ou excluir uma alergia alimentar. GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC ✦ Avaliar aquisição de tolerância (leite de vaca, do ovo, do trigo ou da soja). ✦ Avaliar reatividade clínica em pacientes sensibilizados e nos com dieta restritiva a múltiplos alimentos. ✦ Determinar se alérgenos alimentares associados a doenças crônicas podem causar reações imediatas. ✦ Avaliar a tolerância a alimentos com possíveis reações cruzadas. ✦ Avaliar o efeito do processamento do alimento em sua tolerabilidade. ✦ É recomendável que TPO sejam iniciados sob supervisão médica (incluindo manifestações digestivas): pode haver mudança no padrão de reação clínica manifestada em relação as apresentadas quando suspeitamos de APLV. Então, a professora já pegou um caso de um paciente que ela retirou a proteína do leite de vaca da dieta, o paciente melhorou da diarreia, depois ela fez o TPO e a criança não voltou a apresentar diarreia, mas voltou a apresenta lesão de pele... então houve mudança no padrão. Outro ponto importante é que apesar da indicação ser sob vigilância médica, na prática, o TPO pode ser feito em casa mesmo com a mãe. TRATAMENTO ✦ Dieta isenta do alérgeno por no mínimo 6 meses (após confirmação pelo TPO). Se passou 6 meses, voltou a tomar leite com proteína e agora está de novo tendo reação, então a criança ainda não está tolerante, vamos isentar por mais 6 meses. De novo, passaram 6 meses e a criança continua não respondendo bem ao alérgeno, a gente isenta por mais 6 meses e assim segue. ✦ Aleitamento materno a dieta isenta tem que ser a materna. ✦ Podemos usar formula extensamente hidrolisada ou formula de aminoácidos caso a primeira não funcione. ✦ Formulas de soja (NAN e aptamil soja): → As formulas de soja só são indicadas para reações IgE mediadas e em > 6 meses. → Não usar em não mediados por IgE (sensibilização simultânea em 10% dos casos). ✦ NÃO UTILIZAR: leite de outro mamífero – proteínas homologas podem causar alergia | não usar leite de proteína vegetal, pois não são adequados nutricionalmente. PROGNÓSTICO ✦ A maioria dos pacientes apresentam um bom prognóstico, eles se tornam tolerantes... leite, ovo, trigo, soja: altas taxas de resolução da alergia (45 – 50%). ✦ Leite: tolerância alta (1 ano) em IgE negativas e 57% em IgE positivo. → APLV: 50% aquisição de tolerância até os 5 anos e 75% do início da adolescência. ✦ Imunoterapia para dessensibilização: falta de resposta sustentada (2 a 24 semanas). ✦ OBS: as IgE não mediadas se tornam toleráveis mais cedo que as imediadas). GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC
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