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Hematologia Turma XXX Acadêmica: Loren Montanha Costa Anemia falciforme É a principal anemia hemolítica crônica. É a doença hematológica hereditária mais comum no mundo, caracterizando-se pelo acometimento da cadeia beta da Hb, originando uma Hb anormal denomidada S (HbS). O termo “doença falciforme” define as hemoglobinopatias, nas quais pelo menos uma das cadeias globínicas anormais é do tipo S o SS o S-beta o Talassemia o SC o Além dos assintomáticos HbAS – Traço falcêmico. Estima-se que nasça no Brasil, por ano, cerca de 3.500 crianças com DF e 250.000 portadores de traço falcêmico, portanto, é um problema de saúde pública. A maior prevalência ocorre na África e entre negros de países que participaram do tráfico de escravos. O padrão de herança é autossomico-recesivo. É importante o aconselhamento genético para pessoas que tem o traço falcemico, para que seus descendentes não tenham a anemia. O diagnóstico precoce, por meio de triagem neonatal (teste do pezinho), e a inclusão das crianças em um programa de atenção integral multiprofissional representam papel fundamental na redução da morbimortalidade desses pacientes. A HbS é o resultado da alteração genética que substitui o ácido glutâmico pela valina na cadeia beta, gerando uma hemoglobina mutante. Apresenta uma característica química especial que leva à perda da solubilidade e sua polimeração na redução de oxigênio, alterando drasticamente a morfologia do eritrócito que adquire a forma de foice (drepanócitos ou hemácias em foice). Esses eritrócitos falciformes são rígidos e com menor capacidade de deformidade, dificultando a circulação sanguínea, provocando vaso-oclusão e infarto na área afetada (isquemia, dor, necrose e disfunções do órgão). Após a reoxigenação, o polímero se desfaz, e a célula volta ao normal, contudo, após vários processos de falcização, as hemácias tornam-se definitivamente lesadas. A taxa de falcização é influenciada por vários fatores: o Desoxigenação o Temperatura o Desidratação o Acidose o Infecção o Sendo o mais importante a concentração de HbS intraeritrocitária o HbF também pode influenciar de forma boa, ajudando a não modificar tanto o formado dos eritrócitos. Os drepanócitos também são responsáveis pela hemólise crônica, devido às alterações estruturais, ocorre a retirada da circulação pelo sistema macrofágico. O nosso corpo entende que aquelas alterações são defeitos e procura destruir as hemácias por causa disso, gerando uma hemólise. Hemoglobinas: Hematologia Turma XXX Acadêmica: Loren Montanha Costa Eletroforese de hemoglobina normal: Anemia falciforme X Traço falciforme Doenças falciformes: Crises de dor: As manifestações clínicas são variáveis, derivadas primariamente da oclusão vascular e, em menor grau, da anemia (Hb basal entre 7-10, ou seja, moderada). Anemia: Normo-normo Todos os órgãos podem ser afetados (fenômeno fisiopatológico intravascular). A doença inicia-se normalmente após os 6 meses de vida (decínio da HbF)* – antes podem apresentar dactilite (inflamação das mãos e pés). A HbF é uma hemoglobina protetora. Os episódios dolorosos agudos representam as manifestações mais comuns e características da AF. As crises álgicas são deflagradas por quadros infecciosos, desidratação, exercício excessivo, mudanças bruscas de temperatura, hipóxia, estresse emocional, menstruação e bebida alcóolica, mas muitas vezes é sem motivo. É sempre obrigatória a investigação do foco infecioso. A dor é causada pelo processo de vaso-oclusão. A oclusão microvascular, principalmente na MO, é o fator inicial do episódio doloroso. Esta oclusão, secundária à falcização das hemácias, causa isquemia dos tecidos e provoca uma resposta inflamatória aguda. As crises dolorosas típicas atingem principalmente ossos longos, articulações e região lombar. São auto-limitadas e, em geral, desaparecem após uma semana, embora possam ocorrer ataques recorrentes. Para o tratamento, devemos escalonar os analgésicos. Infecções: A infecção é a principal causa de morbimortalidade durante os primeiros anos de vida na DF, além de ser a principal causa de hospitalização. A esplenomegalia pode persistir entre pacientes com doenças mistas (HbSC, S-talassemia), porém na AF devido aos infartos esplemicos por obstrução dos capilares, leva-se à autoesplenectomia até os 5 anos de idade (asplenia funcional, o baço não funciona e nem precisou retira-lo). Devido a autoesplenectomia, o paciente perde o principal meio de combate de germes encapsulados (o baço tem essa função). Tornando essas crianças suscetíveis a infecção, por isso toma-se o antibiótico de forma profilática. Por isso crianças com AF fazem uso da terapia de antibiótico profilático até os 5 anos, para não causar a autoesplenectomia. Aumento da suscetibilidade a infecção por gemes capsulados (S. pneumoniae, Haemophillus e Salmonella). Hematologia Turma XXX Acadêmica: Loren Montanha Costa Crises de dor que não melhoram com o escalonamento de analgésicos pode indicar osteomielite, ou seja, infecção dentro do osso. Sequestro esplênico agudo Síndrome torácica aguda Complicação da pneumonia Priapismo Ereção involuntária peniada dolorosa e duradoura maior que 4h, isso ocorre pela vaso-oclusão. AVC Crise aplásica Colescistite Hematologia Turma XXX Acadêmica: Loren Montanha Costa Baseia-se em suplementação com ácido fólico. o Pq? A medula óssea está o tempo inteiro tentando compensar a anemia hemolítica, o ácido fólico é um nutriente muito importante na produção de hemácias e como tem seu estoque pequeno, devemos suplementar para que não haja agravamento do quadro do paciente, ou seja, além da anemia hemolítica falciforme ele não evolua para uma anemia megaloblástica. Uso de hidroxiureia em casos selecionados (>3 crises vaso-oclusivas, STA, priapismo, anemia grande sintomática). Aumenta a HbF, diminui morbidade e proporciona aumento da sobrevida. Profilaxia e diagnóstico precoce das complicações, além do tratamento das vaso-oclusões álgicas e demais crises agudas.
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