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- -1 CINESIOTERAPIA FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA, FUNÇÕES VITAIS, COORDENAÇÃO MOTORA E RELAXAMENTO Daniel Vicentini de Oliveira - -2 Olá! Você está na unidade Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, Funções Vitais, Coordenação Motora e . Conheça aqui o conceito, indicações, objetivos e princípios de algumas técnicas cinesioterápicas,Relaxamento como a facilitação neuromuscular proprioceptiva, técnicas respiratórias e de deglutição, terapia de coordenação motora e relaxamento. Bons estudos! - -3 1 Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva A Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, conhecida por sua sigla FNP, é um método cinesioterápico de movimentos em diagonais e espirais, objetivando facilitar, fortalecer e ganhar controle e coordenação dos movimentos corporais. A FNP ativa proprioceptores localizados nas articulações, nos tendões e nos músculos, melhorando, consequentemente, a função motora. Esse método também melhora o equilíbrio (Figura 1) e a funcionalidade de idosos, atletas e pessoas com lesões. Figura 1 - Exercício de equilíbrio para idoso Fonte: Jacob Lund, Shutterstock, 2020 #PraCegoVer: Na imagem, temos uma idosa em pé em cima de um disco de equilíbrio. À sua frente, temos a terapeuta, em pé, segurando e apoiando as mãos da idosa. Ambas estão em uma sala branca, com bolas e rolos de pilates ao fundo. A FNP permite aos terapeutas analisar e avaliar o movimento do paciente, enquanto, ao mesmo tempo, facilita estratégias de movimentos funcionais mais eficientes. A FNP tem como princípios a estimulação dos proprioceptores para aumentar a demanda feita ao mecanismo neuromuscular, integrando técnicas manuais de alongamento e fortalecimento com princípios neurofisiológicos de indução sucessiva, inervação e inibição recíproca, além do fenômeno de irradiação. Desde o seu início, a FNP integra vários conceitos de intervenções contemporâneas na reabilitação neurológica. Como demais objetivos da FNP, temos os listados no recurso abaixo. - -4 Retenção funcional e aprendizagem motora e de atividades aprendidas com a repetição de uma demanda específica. Uso da progressão de desenvolvimento do comportamento motor, permitindo aos pacientes criar e recriar estratégias de movimento funcional eficiente. Análise comportamental e biomecânica do controle motor. As atividades dentro da intervenção da FNP, em sua totalidade, direcionam-se à funcionalidade do paciente e estão relacionadas ao seu ambiente. Nas disfunções neurológicas, esse método pode ser aplicado em crianças e adultos. 1.1 História do método A FNP foi criada na década de 1940, inicialmente desenvolvida pelo Dr. Herman Kabat, e em sequência (1954) por Dorohy Voss. Esse método sempre partiu do princípio de que cada paciente possui um potencial não explorado e de um enfoque positivista, apresentando específicas técnicas com diversos objetivos, como por exemplo o ganho de flexibilidade, da coordenação motora, da força muscular e da estabilidade, quer seja do tronco ou dos membros. Desde sua criação, tem efeitos positivos na reabilitação neurológica, mesmo em sujeitos com hemiparesia, como no Acidente Vascular Cerebral (AVC). Inicialmente, Kabat começou com o termo “facilitação proprioceptiva”. Em 1954, Voss fez a adição da palavra “neuromuscular”, formando a expressão “Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva”. O Dr. Kabat era neurofisiologista e médico, e foram exatamente suas experiências nessas áreas que contribuíram para a criação da FNP. O objetivo de Kabat era desenvolver um método de tratamento que empregasse resistência manual, permitindo aos terapeutas analisar e avaliar os movimentos do paciente, e ao mesmo tempo facilitar estratégias mais eficientes de movimentos corporais funcionais. - -5 1.2 Procedimentos básicos e técnicas específicas Um dos princípios básicos da FNP é , como rolar,adquirir funções por meio dos movimentos tridimensionais sentar, elevar tronco superior, ajoelhar, engatinhar, semiajoelhar, assumir bipedestação e deambular. A FNP não é apenas um método de tratamento, mas sim uma ferramenta que permite ao mesmo tempo avaliação e tratamento de disfunções neuromusculares. A FNP também inclui aprendizado motor e retenção funcional de atividades recém-aprendidas por meio da repetição de uma demanda específica; a utilização do desenvolvimento do comportamento motor permite aos pacientes criar e recriar estratégias de movimentos funcionais eficientes e a análise biomecânica e comportamental do controle motor. Todas as atividades dentro das intervenções com FNP são orientadas para um objetivo funcional e são relativas ao ambiente no qual o objetivo a ser alcançado está inserido. As técnicas de FNP se propõem a auxiliar o indivíduo no processo de reabilitação ou na melhora de sua , exigindo do paciente maior aprendizagem motora e , flexibilidade e aumento dacondição física performance amplitude de movimento, fortalecimento muscular e coordenação motora. Com o uso da neurofisiologia aliado aos padrões de movimentos em massa que compõem o Método Kabat, de caráter espiral e diagonal, baseados num profundo estudo anatômico e biomecânico, que se assemelham muito aos movimentos empregados no esporte e atividades de vida diária e no trabalho, é possível resolver desde alterações neuromusculares até melhorar condição física para atividades desportivas. A FNP tem utilizado a realimentação sensorial como uma importante ferramenta para melhorar o desempenho motor de pacientes com disfunções neurológicas. As técnicas de FNP estimulam os receptores neurais, objetivando o aumento da amplitude de movimento e da estabilidade articular e corporal, além de melhor direcionamento e coordenação de movimentos ativos. Fique de olho Lembre-se que todos os movimentos do nosso corpo são controlados pelo Sistema Nervoso Central (SNC) e pelo Periférico (SNP). As diversas técnicas de FNP ativa aumentam o envio de . Isso ocorre por meio dosinformações de contração muscular para o sistema nervoso proprioceptores, executando o movimento em uma determinada amplitude do movimento, de maneira que o indivíduo possa reaprender os movimentos funcionais. - -6 Em todas as fases do tratamento de um paciente, são recomendadas as técnicas de FNP, desde que os exercícios isométricos sejam permitidos. É dada abrangência individual e global, sendo importante os aspectos físicos e emocionais. As técnicas de FNP trabalham com padrões nas diagonais e em espirais e com padrões de escápula e pelve. Os padrões nas diagonais podem ser usados tanto para os membros superiores quanto para os inferiores; podem ser realizados em um ou ambos os lados do corpo do paciente (KISNER; COLBY, 2015). A técnica de alongamento ativo ou facilitado tem o objetivo de manutenção do total relaxamento muscular. Nesse recurso terapêutico, são diversas as condutas: manter-relaxar; contrair-relaxar; contração do agonista e manter-relaxar; contração do agonista com inibição do órgão tendinoso de Golgi, entre outras. Antes de iniciar um protocolo de reabilitação com técnicas da FNP, necessita-se uma avaliação cinético- funcional. Entre diversas formas de avaliação, , que podeé essencial a avaliação da amplitude de movimento ser realizada por meio da goniometria, e irá determinar o grau de restrição de movimento e o tipo de tratamento a ser aplicado (KISNER; COLBY, 2015). Existem também técnicas da FNP para aumentar o estímulo dos músculos fracos e favorecer o aumento da amplitude de movimento. Uma dessas técnicas é a iniciação rítmica, as contrações repetidas, contrair relaxar e estabilização rítmica. Alguns procedimentos são necessários para obter resposta neuromuscular durante a execução dos movimentos. Clique abaixo para conhecê-los. Contato manual sempre realizado sobre os grupos de músculos agonistas ou inserções tendíneas. Resistência máxima ajustada ao paciente no decorrer da técnica. Alongamento sem restrições. Cadência de contrações musculares normais. Comandos verbaispara facilitar a resposta motora. Pista visual para aumentar a percepção neural. Irradiação e reforço para aumentar a facilitação. - -7 2 Funções Vitais e Afins A cinesioterapia irá auxiliar na manutenção de algumas funções vitais de sistemas orgânicos corporais, prevenindo e/ou tratando doenças circulatórias, cardiopulmonares e musculares, reduzindo a chance de possíveis complicações clínicas. - -8 2.1 Técnicas respiratórias Os exercícios e o treino de ventilação são intervenções fundamentais para a prevenção ou tratamento abrangente de comprometimentos ligados a distúrbios pulmonares agudos ou crônicos. Por exemplo, essas intervenções são defendidas com frequência na literatura para pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) (Figura 2) ou fibrose cística, pacientes com lesão medular alta, pacientes submetidos a cirurgia torácica ou abdominal e que correm risco de complicações pulmonares agudas, ou para pacientes que precisam permanecer no leito por um período extenso de tempo. Figura 2 - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) Fonte: Vector Mine, Shutterstock, 2020 #PraCegoVer: Na imagem, temos a ilustração de um homem e, em detalhe, seus pulmões e o músculo diafragma. Uma seta, saindo do pulmão, aponta para a esquerda, mostrando duas condições: um alvéolo e um brônquio saudável (acima), e um alvéolo e um brônquio com DPOC (abaixo). Os exercícios respiratórios e o treino de ventilação podem assumir muitas formas, incluindo respiração diafragmática, respiração segmentar, treino de resistência inspiratória, espirometria de incentivo (Figura 3) e técnicas respiratórias para o alívio da dispneia de esforço. - -9 Figura 3 - Espirometria Fonte: Koldunov, Shutterstock, 2020 #PraCegoVer: Na imagem, temos um homem sentado realizando espirometria com o espirômetro. Embora os exercícios respiratórios ou treino dos músculos respiratórios possam afetar e possivelmente alterar a frequência e profundidade da ventilação do paciente, essas intervenções podem não ter necessariamente qualquer impacto nas trocas gasosas no nível alveolar ou na oxigenação. Portanto, os exercícios respiratórios ou o treino ventilatório devem ser apenas um aspecto do tratamento para melhora do estado pulmonar e aumento da resistência geral e função do paciente durante as atividades diárias. Dependendo da patologia de base do paciente e de seus comprometimentos, os exercícios para melhorar a ventilação são, em geral, combinados com medicamentos, limpeza das vias aéreas, uso de dispositivos de terapia respiratória e um programa de exercícios graduados. Clique abaixo e veja algumas diretrizes para o ensino de exercícios respiratórios. 1 Se possível, escolher um local tranquilo para instrução, no qual você possa interagir com o paciente tendo o mínimo de distração. 2 Explicar ao paciente as metas e a base teórica dos exercícios respiratórios ou treinamento de ventilação de forma específica para seus comprometimentos e limitações funcionais particulares. 3 Fazer o paciente assumir uma posição confortável e relaxada com roupas que não restrinjam os movimentos. Inicialmente, é desejável uma posição semi-Flower com a cabeça e o tronco elevados a aproximadamente 45º. Apoiar a cabeça e o tronco, flexionar os quadris e joelhos e apoiar as pernas com um travesseiro para que os - -10 músculos abdominais permaneçam relaxados. Outras posições, como decúbito dorsal, sentado ou em pé, podem ser usadas inicialmente ou à medida que o paciente progredir durante o tratamento. 4 Observar e avaliar o padrão de respiração espontânea do paciente em repouso e, mais tarde, com a atividade. 5 Determinar se o treinamento ventilatório é indicado. 6 Estabelecer uma linha basal para avaliar as mudanças, progresso e resultados da intervenção. 7 Se necessário, ensinar ao paciente técnicas de relaxamento. Relaxar os músculos da parte superior do tórax, pescoço e ombros para minimizar o uso dos músculos acessórios da ventilação. Prestar atenção particular ao relaxamento dos músculos esternocleidomastóideo, trapézio superior e levantador da escápula. 8 Dependendo da patologia de base do paciente e seus comprometimentos, determinar se a ênfase deve ser na fase inspiratória ou expiratória da ventilação. 9 Demonstrar para o paciente o padrão ventilatório desejado. 10 Fazer o paciente praticar o padrão respiratório correto em diferentes posições, em repouso e em atividade. 2.2 Técnicas de Deglutição A cinesioterapia de deglutição envolve técnicas para tratamento de alterações de deglutição, as chamadas disfagias orofaríngeas. Essas técnicas envolvem manobras, exercícios e/ou treino utilizando diferentes alimentos e de diferentes consistências. Isso tem o objetivo de reabilitação ou adaptação das condições para manter a segura ingestão alimentar, ou da própria deglutição da saliva. A cinesioterapia de deglutição é indicada nos casos de disfagia orofaríngea, que pode ser de origem neurológica ou mecânica, como por exemplo AVC, tumores de cabeça e pescoço, traumatismos cranioencefálicos (TCE), neuropatias, pós intubação endotraqueal prolongada, em idoso, entre outros. Atendem-se pacientes com uso de sonda nasoenteral e/ou que possuem traqueostomia e não podem receber quaisquer alimentos por via oral; mas também aqueles com alterações iniciais ou menos graves, com quadros de engasgos esporádicos, e que correm o risco de broncoaspiração, que é a entrada do alimento ou da saliva nas vias aéreas inferiores, podendo chegar aos pulmões. Esse quadro pode causar infecções graves e o óbito. Vale lembrar que essas técnicas devem ser utilizadas e aplicadas em conjunto com o profissional da fonoaudiologia. - -11 - -12 3 Coordenação Motora Podemos considerar a coordenação motora como a capacidade que o corpo tem de desenvolver um movimento (KISNER; COLBY, 2015). Diversas atividades do dia a dia exigem coordenação motora, como correr, pular (Figura 4) andar, saltar, segurar um lápis, desenhar, bordar, recortar, etc. É a harmoniosa e econômica interação sensorial, neurológica e muscular, com objetivo de produzir movimentos precisos e equilibrados em reações rápidas e adaptadas à situação. Figura 4 - Pulo Fonte: Artur Didyk, Shutterstock, 2020 #PraCegoVer: Na imagem, temos uma mulher saltando. Na coordenação motora, há a participação de sistemas corporais, como o sistema nervoso, articular, muscular, esquelético e sensorial, interagindo em conjunto, obtendo assim reações e ações equilibradas. A velocidade e a agilidade com que a pessoa responde a certos estímulos medem a sua capacidade motora (NEUMANN, 2018). A coordenação motora é dividida em coordenação motora grossa e coordenação motora fina. Na coordenação , verifica-se o uso de grandes grupos musculares e o desenvolvimento de habilidades comomotora grossa correr, pular, chutar, subir e descer escadas. Essas e outras atividades são e podem ser desenvolvidas na prática de exercício e/ou esporte, por exemplo. Porém, quando se tem déficit nessas habilidades, principalmente por parte de crianças, podem ser causados distúrbios motores e psicológicos mais tardios. Já na , verifica-se o uso de músculos pequenos, como os intrínsecos e extrínsecos dascoordenação motora fina mãos e dos pés. Ao desenhar, pintar ou manusear objetos pequenos (Figura 5), a criança realizará movimentos mais delicados, precisos, desenvolvendo habilidades que a acompanharão por toda a vida. - -13 Figura 5 - Crianças desenhando Fonte: Dima Sidelnikov, Shutterstock, 2020 #PraCegoVer: Na imagem, duas crianças estão deitadas no chão, cercadas de lápis de cor, papéis, tintas e brinquedos. Desde a infância é possível observar a coordenação motora de um indivíduo. Porém, não é somente em crianças que se desenvolve a motricidade. Em pessoas idosas e/ou que tenham limitações físicas, é preciso trabalhar também a coordenação motora. Com auxílio profissional, a pessoa desenvolverá grupos musculares e exercitará o sistema nervoso central paraconseguir manter o equilíbrio e realizar atividades que requerem movimentos fortes, precisos e rápidos. O profissional deverá propor atividades que exijam precisão (recorte, desenho de linhas, trabalhos artesanais, brincar com massinha). Por mais infantis que pareçam, essas atividades promovem muitos resultados positivos. Fique de olho A fisioterapia motora é muito importante no processo de melhoria da coordenação motora. A cinesioterapia aplicará exercícios que exigem a utilização dos dois lados do corpo, o que favorece o equilíbrio, além de estímulos musculares. - -14 4 Relaxamento O treino de relaxamento, o qual usa métodos de relaxamento geral (relaxamento corporal total), vem sendo usado por muitos anos por diversos profissionais para ajudar os pacientes a aprenderem a aliviar ou reduzir a dor, a tensão muscular, a ansiedade ou o estresse e os comprometimentos físicos associados, como cefaleias por tensão, hipertensão arterial e dificuldades respiratórias. Muito tem sido descrito por profissionais de saúde de várias disciplinas sobre tópicos como tratamento da dor crônica, relaxamento progressivo, , tratamento do estresse e ansiedade e imagem mental.biofeedback - -15 4.1 Elementos comuns e abordagens do treino de relaxamento O envolve uma redução na tensão muscular no corpo inteiro ou na região que está treino de relaxamento dolorosa ou restrita por meio de esforço consciente e pensamento. O treino ocorre em um ambiente quieto, com iluminação fraca e música suave ou um elemento auditivo no qual o paciente pode concentrar-se. O paciente realiza exercícios de respiração profunda ou visualiza uma paisagem tranquila. Ao dar instruções, o fisioterapeuta usa um tom de voz suave. Figura 6 - Meditação Fonte: javi_indy, Shutterstock, 2020 #PraCegoVer: Na imagem, temos uma mulher sentada em uma mureta, na beira da praia, meditando, com as pernas cruzadas e olhos fechados. Veja abaixo alguns exemplos de abordagens para o treino de relaxamento: • Treinamento autógeno: essa abordagem envolve um relaxamento consciente por meio de autossugestão e progressão dos exercícios, assim como meditação (Figura 6). • Relaxamento progressivo: essa técnica usa a progressão sistemática, de distal para proximal, de contrações e relaxamentos voluntários dos músculos. Às vezes, é incorporada às orientações para o parto. • Conscientização pelo movimento: essa abordagem combina conscientização sensorial, movimentos dos membros e do tronco, respiração profunda, procedimentos de relaxamento consciente e automassagem para alterar desequilíbrios musculares e alinhamento postural anormal para aliviar a tensão muscular e a dor. • • • - -16 4.2 Sequência para as técnicas de relaxamento progressivo Acompanhe abaixo o passo a passo para a técnica de relaxamento progressivo: • Posicione o paciente em uma área quieta, em posição confortável e certifique-se de que roupas apertadas sejam afrouxadas. • Faça o paciente inspirar de maneira profunda e relaxada. • Peça a ele para contrair voluntariamente a musculatura distal das mãos ou dos pés durante vários segundos (5 a 7) e depois relaxar conscientemente esses músculos por 20 a 30 segundos. • Sugira que o paciente identifique uma sensação de peso nas mãos ou nos pés e uma sensação de aquecimento nos músculos que acabaram de relaxar. • Progrida para uma área mais proximal do corpo e faça o paciente contrair e relaxar ativamente a musculatura mais proximal. Por fim, faça o paciente contrair e relaxar isometricamente todo o membro. • Sugira que o paciente identifique uma sensação de relaxamento e calor por todo o membro e, por fim, por todo o corpo. 4.3 Indicadores do relaxamento Ocorrem várias respostas fisiológicas, comportamentais, cognitivas e emocionais durante o relaxamento corporal total. Veja esses indicadores de relaxamento clicando no recurso abaixo. 1 Tensão muscular diminuída. 2 Diminuição na frequência cardíaca, respiratória e pressão arterial. 3 Aumento da temperatura da pele nos membros, associada com vasodilatação. 4 Constrição das pupilas. 5 Pouco ou nenhum movimento do corpo. 6 Olhos fechados e expressão facial neutra. 7 Mandíbulas e mãos relaxadas com as palmas abertas. 8 Diminuição da distração. • • • • • • - -17 4.4 Calor O aquecimento pré-alongamento é uma prática comum na reabilitação e nos programas de preparo físico. Está bem documentado em estudos com seres humanos e animais que, conforme a temperatura intramuscular aumenta, a extensibilidade dos tecidos contráteis e dos tecidos moles não-contráteis também aumenta. Além disso, à medida que a temperatura do músculo aumenta, diminui a quantidade de força necessária e o tempo de aplicação da força de alongamento. Ocorre também uma diminuição na taxa de disparo dos eferentes do tipo II dos fusos musculares e um aumento na sensibilidade dos órgãos tendinosos de Golgi, o que aumenta sua possibilidade de disparar. Em consequência disso, acredita-se que, quando os tecidos relaxam e alongam-se mais facilmente, o alongamento está associado com menos defesa muscular e é mais confortável para o paciente. Também tem sido sugerido que o aquecimento antes do exercício reduz a dor muscular pós-exercício e o . Entretanto, nem todas essas pressuposições sobre a aplicação clínica de calorrisco de lesão dos tecidos moles são apoiadas pelas evidências. O calor superficial (compressas quentes, parafina) ou modalidades de calor profundo (ultrassom, diatermia por ondas curtas) proporcionam diferentes mecanismos para o aquecimento dos tecidos. Esses agentes térmicos são usados, a princípio, para aquecer pequenas áreas, como articulações individuais, grupos musculares ou tendões, e podem ser aplicados antes ou durante o procedimento de alongamento, embora não haja um consenso sobre isso. O calor terapêutico provoca alterações teciduais no organismo; esse conjunto complexo de alterações denomina- se . Consequentemente, o conjunto de efeitos fisiológicos promovidos pelo calor, quandoefeitos fisiológicos prescrito de maneira adequada, vão levar aos efeitos terapêuticos por meio de benefícios clínicos importantes. O aumento da taxa metabólica é promovido com a elevação da temperatura. O metabolismo pode ser definido de uma maneira bem simples como , e a mudançaum conjunto de reações químicas que ocorrem no organismo de temperatura por meio de recursos físicos promoverá alterações metabólicas. Com temperaturas acima de 45ºC, ocorre muito dano proteico e há destruição de células e tecidos e, com temperaturas baixas, o metabolismo é progressivamente reduzido e ocorre destruição de tecido caso o congelamento ocorra. O calor terapêutico promove os efeitos fisiológicos em uma temperatura entre 40-42°C. O primeiro efeito do calor que vem à tona pelos profissionais da área da saúde é a vasodilatação. O calor tem a capacidade física de expansibilidade dos materiais, além de promover a liberação de histamina, uma proteína de baixo peso molecular vasodilatadora. Clinicamente, o que importa é a consequência da vasodilatação e do aumento do fluxo sanguíneo: o aumento do aporte de oxigênio (O2) e do aporte de nutrientes. - -18 Dentre os recursos terapêuticos utilizados na termoterapia superficial, destaca-se a bolsa térmica, com mecanismos de transferência de calor por meio da irradiação e condução, respectivamente. O tempo de aplicação recomendado para os recursos da termoterapia superficial é de 20 a 30 minutos e, dessa forma, o recurso irá promover os efeitos fisiológicos desejados de relaxamento. - -19 4.5 Massagem A massagem se destaca por possuir uma grande variedade de técnicas, além de sua ampla aplicabilidade. A palavra data da antiguidade e pode ser derivada de diversas raízes de diferentes línguas, como o termomasage grego , que se traduz como amassar, o termo hebraico ou o termo árabe , com o significadomassein massech mass de palpar. Essa técnica terapêutica é definida como uma compressão metódica e rítmica do corpo,ou de parte dele, para que se obtenham efeitos terapêuticos. Pode ser definida também como o uso de diversas técnicas manuais com diversos benefícios, sendo um deles promover o alívio do estresse ocasionando relaxamento. O relaxamento muscular local pode ser aumentado por meio de massagem, sobretudo usando técnicas de relaxamento superficial ou profundo. Em algumas abordagens de tratamento de estresse e ansiedade ou dor, a automassagem, com o uso de técnicas de relaxamento leve ( ) é feita durante o processo deeffleurage relaxamento. Em esportes e programas de condicionamento, a massagem tem sido usada para promover o relaxamento geral ou para melhorar a recuperação após uma atividade física extenuante. A massagem aumenta a circulação para os músculos e diminui o espasmo muscular, promovendo o relaxamento. De acordo com Guirro e Guirro (2004), a realização da aplicação de massagem eficiente envolve diversas condições básicas, como as descritas abaixo. Clique para vê-las. Conhecimento de anatomia, histologia e fisiologia da pele. Conhecimento profundo das manobras a serem executadas, suas indicações e contraindicações, direção, pressão, velocidade, ritmo, frequência e duração da aplicação. Conhecimento da patologia ou lesão a ser tratada, possibilidade de utilização de lubrificantes. Posicionamento adequado do paciente e do terapeuta. A duração da aplicação deverá ser estipulada levando-se em conta o caso envolvido, a técnica a ser utilizada, o tamanho da área e a tolerância do indivíduo a ser manipulado. A frequência da aplicação variará de acordo com a técnica; entretanto, a redução desta deve ser considerada de acordo com a melhora do quadro. Diferentes manobras de massagem existem para serem aplicadas nos pacientes que necessitam de massagem. Para cada tipo de tratamento/aplicação, uma ou mais manobras são indicadas. - -20 Independentemente da técnica utilizada, a prescrição de massagem deve-se basear em seus efeitos na disfunção apresentada pelo paciente, ou seja, na presença de edema e hematoma; cicatrizes aderentes; tensão muscular; dor; diminuição da amplitude de movimento. Já em relação às contraindicações, apontam-se os tumores benignos ou malignos; distúrbios circulatórios; doenças da pele (eczema, acne, furúnculos, por exemplo), hiperestesia da pele; gravidez (nas massagens abdominais mais profundas); processos infecciosos; fragilidade capilar. A massagem promoverá analgesia e incremento na circulação sanguínea e linfática. Ela deve então ser executada de forma intermitente, suave e superficial, a princípio, com objetivo de dessensibilização. Uma categoria ampla da massagem é a mobilização dos tecidos moles. A mobilização dos tecidos moles e as técnicas de manipulação envolvem várias formas de massagem superficial e profunda; o propósito primário dessas técnicas é o relaxamento e o aumento da mobilidade de tecidos conjuntivos aderentes ou encurtados, como fáscias, tendões e ligamentos. Curioso(a)? Veja a seguir algumas técnicas de massagem que são utilizadas para relaxamento, além de outras indicações. Figura 7 - Deslizamento superficial Fonte: Sofia Zhuravetc, Shutterstock, 2020 #PraCegoVer: Na imagem, temos uma mulher deitada, de barriga para baixo, sorrindo, e com os olhos fechados. Atrás dela, uma terapeuta está com suas duas mãos na região do trapézio, realizando deslizamento superficial das mãos. Clique nas abas abaixo e conheça as técnicas de massagem. • Deslizamento superficial• - -21 De acordo com Guirro e Guirro (2004), o deslizamento superficial (Figura 7) consiste em movimentos deslizantes em grandes superfícies; os movimentos são leves, suaves e rítmicos. A pressão deve ser quase imperceptível e uniforme. A direção das manobras é indiferente, uma vez que a pressão exercida é insuficiente para afetar a circulação. O seu principal efeito se faz via reflexa, produzindo uma sedação neuromuscular. Na circulação periférica, há uma vasodilatação capilar por liberação de substâncias vasoativas. Provoca também uma diminuição na excitabilidade das terminações nervosas livres e auxilia na regeneração da pele. • Deslizamento profundo É o movimento exercido com pressão suficiente para causar efeitos mecânicos e reflexos. A pressão não deve ser excessiva para não criar um mecanismo reflexo de defesa. É indispensável que o grupo muscular a ser submetido ao deslizamento profundo esteja relaxado e que seja observado o sentido da drenagem venosa e linfática. Os seus efeitos devem-se mais à ação mecânica, favorecendo o esvaziamento venoso e linfático. A técnica atua fundamentalmente sobre a pele e o tecido celular subcutâneo, melhorando as condições de circulação, nutrição e drenagem dos líquidos tissulares. • Amassamento Considerada a mobilização do tecido muscular (Figura 8). O músculo sofre compressões alternadamente no sentido da disposição de suas fibras. A pressão exercida no amassamento é intermitente; deve-se evitar o pinçamento da pele e dos tecidos superficiais. O seu principal efeito é mecânico, melhorando as condições circulatórias da musculatura, liberando as aderências, eliminando os resíduos metabólicos e aumentando a sua nutrição. • Percussão É uma técnica de massagem na qual os tecidos são submetidos a golpes manuais com certa frequência, utilizando-se a borda ulnar, a mão espalmada ou fechada. Auxilia a drenagem postural por liberação de secreções (tapotagem) e, em menor grau, aumenta a circulação capilar superficial. • • • - -22 Figura 8 - Amassamento Fonte: Microgen, Shutterstock, 2020 #PraCegoVer: Na imagem, temos um homem deitado, de barriga para baixo, sem camiseta. Atrás dele, um terapeuta realiza a técnica de amassamento no trapézio do paciente. é isso Aí! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • aprender o conceito de cinesioterapia; • verificar quais as indicações para a realização das cinesioterapias; • compreender quais são os objetivos para a realização de tal atividade; • saber quais os princípios que regem essa terapia; • reconhecer outras técnicas cinesioterápicas, como a facilitação neuromuscular proprioceptiva, técnicas respiratórias e de deglutição, terapia de coordenação motora e relaxamento. Referências COMPLETO, A.; FONSECA, F. . Porto:Fundamento de biomecânica musculoesquelética e ortopédica Medicabooks, 2011. GAINO, M. R. C.; MOREIRA, R. T. : Terapia pelo movimento. Rio de Janeiro:Manual prático de cinesioterapia Roca, 2010. GUIRRO, E.; GUIRRO, R. : Fundamentos, Recursos, Patologias. São Paulo: Manole,Fisioterapia dermatofuncional 2004. • • • • • - -23 KENDALL, F. P. . : provas e funções com postura e dor. Rio de Janeiro: Manole, 2007.et al Músculos KISNER, C.; COLBY, L. A. : fundamentos e técnicas. Rio de Janeiro: Manole, 2015.Exercícios terapêuticos MIRANDA NETO, M. H. . aprendizagem dinâmica. 3. ed. Maringá: Gráfica Editoraet al Anatomia humana: Clichetec, 2008. NEUMANN, D. A. – fundamentos para a reabilitação. São Paulo:Cinesiologia do aparelho musculoesquelético Elsevier, 2018. O’SULLIVAN, S. B.; SCHMITZ, T. J.; FOLK, G. D. : avaliação e tratamento. Rio de Janeiro: Manole, 2010.Fisioterapia Olá! 1 Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva 1.1 História do método Assista aí 1.2 Procedimentos básicos e técnicas específicas 2 Funções Vitais e Afins 2.1 Técnicas respiratórias Assista aí Assista aí 2.2 Técnicas de Deglutição 3 Coordenação Motora 4 Relaxamento 4.1 Elementos comuns e abordagens do treino de relaxamento 4.2 Sequência para as técnicas de relaxamento progressivo 4.3 Indicadores do relaxamento 4.4 Calor 4.5 Massagem Deslizamento superficial Deslizamento profundo Amassamento Percussão é isso Aí! Referências
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