Prévia do material em texto
→ Consiste na quantidade de um nutriente ingerido que é absorvida e se torna disponível para as funções fisiológicas. Dependente da digestão, liberação a partir da matriz dos alimentos, absorção pelas células intestinais e transporte para as células do corpo. Além disso, pode depender do clima, solo etc. da região em que o alimento foi plantado. → Existem alguns fatores interferentes individuais: absorção de nutrientes, estado nutricional, idade, genótipo, estado fisiológico (gravidez, lactação, obesidade), estados agudos/crônicos de doenças e secreção de ácido clorídrico, ácido gástrico e fator intrínseco. → A fração de um nutriente ingerido que pode ser usado pelo organismo é influenciada pelo estado químico do nutriente, liberação da matriz do alimento, interações com outros componentes do alimento, presença de supressores e formação de compostos que são metabolizados mais lentamente. Bioconversão: Proporção do nutriente ingerido que estará disponível para a conversão em sua forma ativa. Bioeficácia: Eficácia com a qual os nutrientes ingeridos são absorvidos e convertidos à forma ativa do nutriente. Bioeficiência: Proporção da forma ativa convertida do nutriente absorvido que atingirá o tecido alvo. Importância da biodisponibilidade • Diferenciação entre ingestão x utilização; • Estabelecimento das recomendações; • Educação nutricional; • Avaliar adequação de dietas para indivíduos e grupos populacionais; • Preparar Guias Alimentares; • Interações nutrientes x nutrientes: os riscos potenciais de interações adversas entre nutrientes aumentam quando existe um desequilíbrio na ingestão destes. Obs.: A ingestão excessiva de um nutriente pode afetar um segundo no que tange: absorção, transporte, excreção, armazenamento, função e metabolismo. Obs.: Alguns minerais são menos rapidamente absorvidos quando fazem parte da dieta, o oposto é visto para as vitaminas lipossolúveis. Proteínas → Quanto menos complexa for a estrutura da proteína mais fácil será o acesso das enzimas digestivas, aumentando sua digestibilidade e biodisponibilidade de seus aminoácidos para o organismo. Isso pode ser alterado pela temperatura, irradiação, pressão, solventes e pH. → Temos também fatores antinutricionais, que são compostos presentes nos alimentos que interferem negativamente na atividade de algumas enzimas digestivas, diminuindo a digestibilidade e qualidade nutricional das proteínas. São eles: lecitinas, taninos e fitatos, inibidores de tripsina e quimiotripsina. - As lecitinas e os inibidores se complexam com as enzimas proteolíticas, diminuindo sua atividade biológica. Dessa forma, o pâncreas aumenta a produção e secreção para compensar a perda de atividade destas, resultando em hipertrofia pancreática. Já os taninos impedem a ação da tripsina. Carboidratos → A principal alteração está relacionada aos fatores que influenciam o índice glicêmico, sendo eles a natureza do amido, teor de monossacarídeos, presença de fibras, cocção ou processamento, etc. Vitamina A → A quantidade de vitamina ingerida varia num mesmo alimento. O tamanho do alimento não significa mais vitamina sendo ingerida. → A liberação da matriz constitui a primeira etapa da absorção. O rompimento da matriz pelo fatiamento e pela cocção quebra a parede celular, aumentando a biodisponibilidade. → A deficiência de proteínas e zinco diminui a produção de proteína transportadora de retinol e a conversão do β–caroteno em vitamina A, podendo provocar deficiência. → Álcool, tabaco, idade e doenças ou condições patológicas, reduz a biodisponibilidade. Vitamina E → Todas as formas podem ser absorvidas, no entanto, o α-tocoferol é seletivamente mais escolhido para a incorporação às VLDL, predominando no sangue e tecidos. A capacidade do plasma em aumentar α-tocoferol é limitada. → Nos alimentos fontes, como óleos vegetais, a biodisponibilidade da vitamina E é maior. → A absorção é aumentada por triglicerídeos de cadeia média e inibida por ácidos graxos poli-insaturados. O aumento de AGPI na dieta também aumenta a necessidade de vitamina E, pois, ele perde as insaturações e os radicais livres precisam ser combatidos. Vitamina C → Em baixas concentrações intestinais, sua absorção é rápida e eficiente, assim como em altas concentrações sua absorção é lenta e ineficiente. → Grande quantidade de vitamina C não absorvida pode causar desconforto abdominal e diarreia. A quantidade máxima absorvida é garantida com ingestão de doses espaçada. Vitamina B2 → A riboflavina pode sofrer fotólise liberando lumiflavina e lumicromo. Com essa quebra da B2 ocorre oxidação de vitamina C. Vitamina B6 → Sua absorção geralmente é alta, mas alimentos de origem vegetal contém B6 na forma glicosilada e ela tem metade da eficiência. → As perdas de B6 são altas no cozimento e no processamento de carnes e vegetais. Em uma dieta mista, estima-se que sua biodisponibilidade seja de 75%. → Na moagem e congelamento há perda de B6. Reações formadas com os aminoácidos, conteúdo de fibra dos alimentos e presença de glicosídeos ligados à vitamina B6 também alteram sua biodisponibilidade. Vitamina B9 → 80% da B9 está sob a forma de poliglutamatos conjugados. Os poliglutamatos são hidrolisados no intestino para liberarem folato livre. → No leite, o folato encontra-se ligado a uma proteína ligadora específica, e esse complexo é absorvido intacto. A enzima que desconjuga os poliglutamatos é dependente de zinco, portanto, a deficiência deste levaria baixa absorção da B9. → A biodisponibilidade de B9 dependente da desconjugação do poliglutamato no intestino, estabilidade antes da ingestão e durante a digestão, da presença de compostos que podem impactar na estabilidade e matriz alimentar. Sódio e potássio → Sais de potássio, bicarbonato e cloreto de potássio aumentam a excreção de sódio. Em animais, o potássio pode inibir a reabsorção renal de sódio por reduzir o volume extracelular e, por isso, tem efeito anti- hipertensivo. Sódio e cálcio → A ingestão de altas doses de sódio aumenta a excreção urinária de cálcio, sendo fator de risco para o desenvolvimento de osteoporose. → Para ser absorvido, o cálcio tem que ser solúvel no trato gastrointestinal. A exceção é feita aos alimentos ricos em ácido oxálico, como espinafre, feijão e batata doce. Ácido oxálico é o inibidor mais potente da absorção do cálcio. → Componentes de alimentos vegetais, como fitatos, podem formar complexos insolúveis com o cálcio, reduzindo sua biodisponibilidade. → A Reação de Maillard entre um grupamento amina e um carbonila, reduz o valor nutricional do alimento, podendo afetar a biodisponibilidade do cálcio. Fósforo → As fosfatases intestinais hidrolisam a forma orgânica do fósforo, assim sua maior parte absorvida está na forma inorgânica. → Há boa biodisponibilidade na maior parte dos alimentos, com exceção dos alimentos ricos em ácido fítico. → Em bebês, tanto a quantidade quanto a fonte alimentar interferem. Magnésio → Está amplamente distribuído na natureza, estando presente em vegetais verdes- escuros, legumes, nozes, cereais e derivados do leite. No refinamento dos cereais, pode ser perdido 80% da sua biodisponibilidade. → Fitatos, fibras, álcool ou excesso de fosfatos e cálcio podem reduzir sua biodisponibilidade. Já a lactose e outros carboidratos podem aumentar. Ferro → Alguns fatores dietéticos inibem a absorção de ferro, como os fitatos, gema de ovo, caseína e albumina. Ainda, o cálcio impede tanto a absorção do ferro não heme quanto do ferro heme. → A vitamina C aumenta a biodisponibilidade do ferro não heme, reduzindo-o do estado férrico para ferroso, e modula a síntesede ferritina. Zinco → Sua absorção é relativamente baixa e sujeita a fatores dietéticos e fisiológicos. Sua biodisponibilidade dependente da presença de outros nutrientes no lúmen intestinal. → Os fitatos e ácidos nucléicos diminuem a absorção. O cálcio também pode reduzir a absorção de zinco, mas apenas quando os fitatos também estão presentes nos alimentos. → O aumento das quantidades de cálcio pode aumentar o efeito inibitório dos fitatos por formar um complexo cálcio–zinco–fitato no intestino, menos solúvel que o complexo formado apenas com os fitatos. → Pode ocorrer redução mútua de cálcio e zinco. O ferro reduz a biodisponibilidade do zinco quando consumido na forma de suplementos. → A quantidade e o tipo de proteínas na dieta são fatores que afetam a absorção de zinco. Selênio → Formas inorgânicas, apesar de menos dispendiosas, são pouco absorvidas através da mucosa intestinal, levando a um relativo baixo efeito sistêmico. Cobre → Normalmente, aproximadamente 30% de cobre é absorvido. Como acontece com outros micronutrientes, a absorção deste metal é maior na sua deficiência. → O processamento dos alimentos, bem como a interação com outros nutrientes pode reduzir a absorção. O cálcio pode reduzir sua absorção por aumentar o pH do conteúdo intestinal, tornando o cobre menos disponível. → O zinco e o cobre competem pela mesma proteína ligadora na mucosa intestinal.