Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO FGEL – FACULDADE DE GEOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA TEMA 4: "SISTEMA DEPOSICIONAL EÓLICO." NOME: RAFAELA NEVES DE OLIVEIRA – MATRÍCULA: 201710131211 VITÓRIA DE AZEVEDO SILVA – MATRÍCULA: 201710132211 DISCIPLINA: SEDIMENTOLOGIA RIO DE JANEIRO – RJ 2019 1 Projeto de pesquisa: Sistema deposicional eólico. Projeto técnico apresentado como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina Sedimentologia no Curso de Geologia, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Prof. Loren 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................6 2. IMPORTANTE MECANISMO DE EROSÃO PELO VENTO............................ 7 2.1. Abrasão...............................................................................................................7 2.2. Deflação..............................................................................................................7 3. LITOLOGIA DAS DUNAS.....................................................................................7 4. SISTEMA DEPOSICIONAL EÓLICO...................................................................8 4.1.DUNA EÓLICA...................................................................................................8 4. 1.1. Dunas Migratórias.......................................................................................9 4.1.2. Dunas Estacionárias......................................................................................10 4.2 DEPÓSITO DE INTERDUNAS..........................................................................11 4.2.1. Geometria........................................................................................................11 4.2.2. Litologia..........................................................................................................11 4.2.3. Estrutura Sedimentar........................................................................................12 4.3. DEPÓSITO EÓLICO MANTIFORME..............................................................12 4.4. DEPÓSITO DE EXTRADUNAS........................................................................12 5. PROCESSO DE SEDIMENTAÇÃO EÓLICA......................................................13 5.1. Processos de Transporte.....................................................................................13 5.1.1 Saltação............................................................................................................13 5.1.2. Suspensão.......................................................................................................13 5.1.3. Arrasto............................................................................................................14 3 5.2. PROCESSOS DE DEPOSIÇÃO.......................................................................15 5.2.1. Queda livre de grãos (grain fall).....................................................................15 5.2.2. Deposição por Avalanche de Grãos................................................................15 5.2.2.1. Transporte por Fluxo de Grãos (grain flow)..............................................15 5.2.2.2. Transporte por Deslizamento Gravitacional (slide e slumping).................15 5.2.3. Deslizamento e Fluxo de Grãos (grain flow).................................................15 5.2.4 Deposição associada a migração e cavalgamento ............................................16 6.CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA ....................................................................16 6.1. Dunas Simples......................................................................................................16 6.1.1. Dunas Transversais..........................................................................................16 6.1.2. Dunas Barcanas................................................................................................16 6.1.3. Dunas Barcanóides...........................................................................................17 6.2. Dunas Longitudinais.............................................................................................17 6.3. Dunas Dômicas......................................................................................................17 6.4. Dunas Estreladas....................................................................................................17 6.5. Dunas de Retenção...................................................................................................17 6.6. Dunas Reversas.........................................................................................................18 6.7. Dunas de Deflação.....................................................................................................18 6.7.1. Depressão Circular (blow-out).............................................................................18 6.7.2. Dunas Parabólica.................................................................................................18 6.8. Dunas Compostas ou Complexas.......................................................................19 4 7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES DE DUNAS EÓLICAS.................................19 7.1. Estratificação Cruzada.........................................................................................19 7.1.1. A natureza dos Estratos Cruzados....................................................................19 7.1.2. Estratos de Fluxo de Grãos (Grain Flow Strata)..............................................19 7.1.3 Estratos de Queda Livre de Grãos (Grain Fall Strata)......................................19 8. OUTRAS ESTRUTURAS SEDIMENTARES DAS DUNAS...............................20 8.1. Marcas Onduladas...............................................................................................20 8.1.1 Cavalgamento crítico......................................................................................20 8.1.2. Cavalgamento supercrítico.............................................................................21 8.1.3. Cavalgamento subcrítico.................................................................................21 9.PADRÃO DE PALEOCORRENTE........................................................................21 10. ESTUDO DO CASO..............................................................................................22 10.1. Caracterização das Feições Eólicas.......................................................................23 10.1.1. Dunas Livres......................................................................................................23 10.1.1.2 Dunas Barcanas...............................................................................................23 10.1.1.3. Dunas Transversais de Crista Reta (2D)..........................................................23 10.1.1.4. Dunas Transversais de Crista Sinuosa (3D)...................................................24 10.1.1.5. Draa ou Duna Complexa de Rio Novo...........................................................24 101.1.6. Dunas Oblíquas...............................................................................................25 10.1.1.7. Dunas Parabólicas...........................................................................................25 10.2. Concluindo O Estudo do Caso.............................................................................2611. CONCLUSÃO......................................................................................................27 5 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................28 1. INTRODUÇÃO Um sistema deposicional é um conjunto de fácies geneticamente relacionada designado e definidos com base em diversos ambientes, como por exemplo: ambiente deposicional fluvial, eólico. Em linhas gerais, o trabalho aqui proposto busca analisar o sistema deposicional eólico e os demais tipos de depósitos eólicos e sedimentos relacionados. Sistema deposicionais eólicos são domínios fisiogeográfico de sedimentação onde o vento tende a ser o principal agente geológico. Este sistema envolve os seguintes tipos de depósitos e sedimentos associados: Depósitos Eólicos Mantiformes, Dunas Eólicas, Interdunas e Extradunas. Vale a pena ressaltar um aspecto fundamental deste sistema é que o nível de base de erosão tem a definição por conta da superfície freática, abaixo onde o vento não tem capacidade de remover partículas. 6 2. IMPORTANTE MECANISMO DE EROSÃO PELO VENTO 2.1. Abrasão É o desgaste mecânico de uma superfície através de sucessivos impactos de partículas (areia fina, média ou grossa) transportadas pelo vento, com materiais estacionados, que geralmente são maiores (seixo,bloco,etc), em que ocorre processo de desgaste e polimento de todos esses materiais. Principal exemplo são os ventifactos, que são seixos que apresentam duas ou mais faces planas desenvolvidas pela ação da abrasão. 2.2. Deflação É a remoção do sedimento solto da superfície pelo vento. Feições características em regiões áridas e semi-áridas são as depressões de deflação ou corredores de vento, depressões rasas de dimensões variadas resultantes da erosão diferencial dos materiais da superfície. 3. LITOLOGIA DAS DUNAS 3.1. Composição: variável desde areias finas principalmente quartzosas, grãos de quartzo foscos, feldspática, gipsífera, carbonática. 3.2. Cor: Depende da composição. 3.3. Textura de duna: areia fina, bem selecionada, com grãos bem arredondados, pouca consolidação, bimodalidade textural em que há variações no tamanho do grão de uma lâmina para outra, os grãos não cimentados são foscos, tamanho do grão fica entre 0,1 e 1,0 mm, raro a ocorrência de tamanhos superiores a 5mm. 3.4. Geometria: Dunas como corpo lenticulares, superfícies de truncamento onduladas a planas: barcanas, meia lua, longitudinais com grandes alturas e sobre grandes distâncias, dunas parabólicas com camadas frontais convexas. 7 4. SISTEMA DEPOSICIONAL EÓLICO O Sistema deposicional eólico envolve os seguintes de depósitos eólicos e sedimentos associados: 4.1. Dunas Eólicas 4.2. Depósito Eólico Mantiforme 4.3 Depósito de Interdunas 4.4. Depósito de Extradunas 4.1. Dunas Eólicas Dunas são morros ou cadeia de areias depositadas pelo vento. Se forma quando o vento sopra sobre um obstáculo, resultando na deposição de grãos de areia, que se acumula e forma depósitos de areia. Boa parte das dunas possui um perfil assimétrico com uma encosta suave a barlavento e uma declividade íngreme a sotavento, está voltada para a direção em que o vento é mais forte. Sua ocorrência e geometria depende da intensidade, direção e regularidade do vento, disponibilidade de sedimentos e presença ou ausência de vegetação. Figura 1: Processo de formação de dunas. Fonte: Mundo Educação. 8 São dois métodos para classificar as dunas: uma considera seu aspecto como parte do relevo (morfologia) em que as principais são barcana, transversal, parabólica,estrela e longitudinal, e a outra considera a forma em que os grãos de areia se projetam em seu interior (estrutura interna). A classificação da estrutura interna das dunas é feita através da dinâmica de formação, sendo dois tipos: as dunas migratórias e as estacionárias. 4.1.1. Dunas Migratórias O transporte das dunas migratório segue o ângulo de barlavento, e depois é depositado no sotavento, onde há forte turbulência. Assim os grãos da base do barlavento migram pelo perfil da duna até sotavento. Onde gera uma estrutura interna de leitos com mergulho próximo a inclinação de sotavento. Esse tipo de duna muda de local constantemente por causa da forte ação dos ventos e ausência de vegetação ou barreira natural. Em determinados locais a migração das dunas gera problemas de soterramento e assoreamento, a medida mais eficiente encontrada é o plantio de vegetação. Figura 2: Dunas de Cabo Frio. Fonte: Vitória Azevedo. 9 4.1.2. Dunas Estacionárias Nas dunas estacionárias a areia é depositada de forma em que as camadas acompanhem o perfil morfológico da duna, ou seja, as sucessivas camadas são depositadas sobre o terreno com o soprar do vento que carrega as partículas, partindo de barlavento para sotavento, onde cria uma estrutura interna estratificada. Mesmo com a forte turbulência gerada pelo vento, os grãos de areia permanecem de forma agregada aos estratos da formação, que pode impedir a movimentação da duna. Este tipo de duna pode ficar imóvel por diversos fatores como aumento de umidade, que faz os grãos permanecerem juntos pela tensão superficial da água, obstáculos internos (blocos de rocha, troncos, etc) ou a vegetação que se desenvolve sobre a duna controlando seus limites. Figura 3: Dunas de Cabo Frio. Fonte: Vitória Azevedo. 4.2. Depósito de Interdunas Depósito onde apresenta topografia irregular, com algumas ondulações e sem orientação definida. Sendo uma planície arenosa, conhecido também como depósito de interdunas. Nesse setor do campo eólico, é desenvolvido dunas vegetadas, que são nebka, que podem ser denominadas também de coppice dunes ou hummock dunes, sendo pequenas dunas 10 monticulares que são controlados por núcleos de vegetação de densidade e tipos distintos. O terreno interdunar possui uma espessura baixa, em que pode se aproximar do lençol freático. Formado por processos eólicos e nao eólicos. Figura 4: Depósito de Interdunas. Fonte: Mundo Educação. 4.2.1. Geometria Tabular mais ou menos horizontal de espessura fina, que varia de acordo com o tempo de exposição. 4.2.2. Litologia Composição: Sedimentos clásticos, químicos (evaporíticos) e biológicos. Textura: Granulometria varia de argila a seixo, tendo o pior tipo de seleção das dunas. 4.2.3. Estrutura Sedimentar Estratificação: Predomina estratificação de baixo ângulo (horizontal a sub-horizontal, ângulo menor que 10º.) 11 Ripples de adesão: pequenas ripples sopra areia sobre uma superfície úmida, em que a areia dere. é transversal a direção do vento e possui morfológica irregular. Bioturbação: comum devido a atividade vegetal e animal. Feições deformativas: comuns devido a areia saturada em água. Outras estruturas associadas a processos subaquosos: ripples, marcas de ravinamento, canais, etc. 4.3. Depósito Eólico Mantiforme Ocorre desenvolvimento de feições onde não é possível identificar a morfologia das dunas, como cristas ou faces de deslizamento, porém se apresentam alinhadas na direção do vento predominante, e evidencia uma migração rumo a esta direção, em um ambiente deposicional eólico transgressivo, sendo estas feições intituladas depósito eólico mantiforme, também chamados de depósito eólico de baixo ângulo, representando lençóis ou mantos arenosos que se desenvolve na margem vegetada, próximo a praia. 4.4. Depósito Extradunas Esse tipo de depósito corresponde aos sedimentos que estão situados à margem dos campos de dunas, e que sua origem não é relacionada à ação eólica, porém se relaciona no tempo e no espaço com depósitos de gênese eólica, sendo por exemplo, os depósitos lacustres e praias.5. PROCESSO DE SEDIMENTAÇÃO EÓLICA 5.1. Processos de transporte Saltação, suspensão e arrasto são três modalidades de transporte de partículas pelo vento. Tal diferenciação se dá por conta do tamanho do grão a ser transportado, e também pela energia do vento e pela existência ou não de obstáculos. 12 5.1.1 Saltação Processo de transporte eólico de partículas sedimentares que tendem a saltar de ponto a ponto, consecutivamente soerguidos e impulsionados pelo agente geológico transportador em correntes turbilhonadas ou com variação de fluxo e com energia entre à que permite a suspensão e à que alavanca o arrasto de determinadas partículas. O processo de saltação é ativado dependendo da intensidade do fluxo, da densidade e do tamanho e forma da partícula (tamanho compreendido entre areia fina e areia muito grossa). Gera estratos transladados cavalgantes. Figura 5: Transporte por saltação. Fonte: geografiaopinativa.com.br 5.1.2. Suspensão A suspensão é o tipo de movimentação que acontece com partículas de características pequenas, como por exemplo: areia muito fina, argila e silte. Tal transporte em termos de volume material é a principal modalidade de transporte. As partículas saem do seu local de origem e vão sendo carregadas pelo vento por longas distâncias, ou seja, sem voltar a superfície. Posteriormente, as partículas são depositadas quando o vento não suporta mais o transporte, por motivos de perda de energia, aporte crescente de grãos no ar. Gera estratos de queda livre de grãos. 13 Figura 6: Transporte por suspensão. Fonte: geografiaopinativa.com.br 5.1.3. Arrasto Este transporte é o mais restrito em relação a quantidade de material. Sucede apenas em grãos maiores, com areias grossas, muito grossas e seixos. Se as partículas forem movimentadas de outras maneiras (saltação ou suspensão), ao chegar em contato com a superfície, tendem a acabar empurrando estes grãos de maior diâmetro, com consequência provocando o arrasto. A velocidade do vento também pode gerar este deslocamento. Neste transporte, a partícula não perde o contato com a superfície e o seu deslocamento é travado pelo atrito com o solo. Gera estratos de avalanche. Figura 7: Transporte por arrasto. Fonte: geografiaopinativa.com.br 5.2. PROCESSOS DE DEPOSIÇÃO Segundo Hunter (1977) e Fryberger & Schenk (1981), a deposição pode ocorrer de três formas: deposição por queda livre de grãos, deposição por avalanche de grãos e deslizamento de grãos. 14 5.2.1. Queda livre de grãos (grain fall) Ocorre pela a deposição de grãos arenosos que se encontravam em suspensão que ao entrarem em zonas abrigadas onde o ar está sem movimento, perdem muita energia e experimentam uma queda livre. 5.2.2. Deposição por Avalanche de Grãos Essa deposição se processa ao longo das superfícies com elevada declividade, sempre que a acumulação de areia exceder ao ângulo crítico de repouso da areia seca (34°). O processo tende se manifestar sob duas formas: 5.2.2.1. Transporte por fluxo de grãos (grain flow) Ocorre quando os grãos são transportados como um fluxo não coesivo com interação grão a grão (areia seca) e vão formando uma geometria muito característica arenosa. 5.2.2.2. Transporte por deslizamento gravitacional (slide e slumping) Quando a areia apresenta um grau de coesão interna e o deslocamento se processa em declividade baixa, com os blocos arenosos coesos deslizando ao longo de uma superfície de cisalhamento bem definida. 5.2.3. Deslizamento e fluxo de grãos (grain flow) Deposição associada à migração e cavalgamento de marcas onduladas. 5.2.4 Deposição associada a migração e cavalgamento (climbing de marcas onduladas eólicas Segundo Tomazelli (1990), são desenvolvidos quando a carga transportada pelo vento é deslocada através de saltação e rastejo superficial. Nestas condições as ripples cavalgam uma sobre as outras, em que cada marca ondulada é preservada através de um estrato transladante cavalgante e se desenvolve sobre qualquer tipo de superfície arenosa sempre que o suprimento de areia for alto. 6. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA 6.1. Dunas simples 15 6.1.1. Dunas transversais (ventos unidirecionais) Dunas transversais tendem a formar cadeias perpendiculares, em função dessa assimetria pode determinar a direção do vento que a formou, onde há presença de areia e pouca ou nenhuma vegetação. Ao observar as dunas transversais, fica em evidência a aparência de ondas e por conta disso que podem ser chamadas de mares de areia em desertos. Essas dunas podem ter até 3 km de largura e as cristas podem atingir até 200m. Figura 8: Dunas transversais: Fonte: homepageufp.com 6.1.2. Dunas Barcanas Essas dunas se formam em áreas que costumam apresentar uma superfície plana, com pouca vegetação, seca, volumes que são limitados de areia em sentido quase constante do vento. A sua aparência tem o formato de meia lua ou lua crescente, de extremidades voltadas para o sentido do vento, uma característica predominante é que a maioria dessas dunas tendem a ser pequenas, com as maiores atingindo a altura cerca de 50m. Figura 9: Dunas Barcanas: Fonte: homepageufp.com 16 6.1.3. Dunas Barcanóides Vegetação que limita fornecimento de areia que tem a formação de cadeia similares as barcanas, ocorre unidas e no litoral. 6.2. Dunas Longitudinais São também conhecidas como dunas Saif, possuem cadeias paralelas de areia, ordenada em sentido ao vento. São dunas longas que se formam quando os ventos convergem de direções diferentes, tem variação de 3m para mais de 200m de altura e algumas tendem a se estender por mais de 100 km. Tais dunas são marcantes na Austrália central, onde cobrem aproximadamente 1/4 do continente. Figura 10: Dunas Longitudinais: Fonte: homepageufp.com 6.3. Dunas Dômicas As dunas dômicas correspondem a feições eólicas que são caracterizadas pela acumulação de pequenas de "montanhas de areia", que tendem a migrar sobre as superfícies de dunas de maiores dimensões. 6.4. Dunas Estreladas Formação relacionada a existência de areia em abundância, vento e velocidade intensa e constante, em que há frequente mudança de sentido, ao menos três sentidos, o efeito disso são dunas em que suas cristas lembram os raios de uma estrela. 17 6.5. Dunas de Retenção Dunas de retenção, são formadas por fortes ventos bidirecionais que seguem em sentido quase oposto. 6.6. Dunas Reversas Essas dunas têm sua gênese associada às modificações das formas transversais e cadeias barcanóides, que são ocasionadas em função de mudanças sazonais do sentido preferencial do vento que, consequentemente, forma dunas com alturas excepcionais. Ela apresenta duas faces de deslizamento, cuja principal diferença reside na variação do grau de estabilidade. 6.7. Dunas de Deflação São o reverso das barcanas, possuem face de avalanche com a convexidade que aponta para a direção do vento. 6.7.1. Depressão Circular (blow-out) Essas feições ocorrem nas extremidades laterais dos campos de dunas onde a vegetação foi temporariamente recoberta pela areia. Com o corte do suprimento, a erosão pelo processo de deflação dá origem às feições de "blow out" que podem ter dimensões variadas. Durante o período de estiagem, com o rebaixamento do lençol freático, a deflação forma depressões que, durante a estação de chuvas, darão origem a lagos e eventualmente córregos. 6.7.2. Dunas Parabólica Tais dunas possuem curvatura em suas extremidades, assemelhando a letra U, por conta da deflação, que gera uma depressão, onde o vento transporta areia para fora desta. Suas extremidades são voltadas para o sentido contrário do vento, sendo fortes e constantes. A vegetação costeira é importante na construção desse tipo de duna, pois é o que limita o fornecimento de areia. 18 Figura 11: Dunas Parabólicas: Fonte: homepageufp.com6.8. Dunas Compostas ou Complexas O termo "draa" foi adaptado de WILSON (1972) para denominar as dunas complexas e compostas, formadas pelo cavalgamento e empilhamento de outras dunas, sendo as maiores formas de leito da fusão de duas (formas de leito menores cavalgam sobre formas de leitos maiores). Essa feição eólica, de ocorrência relativamente restrita, costuma possuir sua gênese ligada à dinâmica dos processos fluviais deposicionais e erosivos atuantes na atual região que é encontrada. 7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES DAS DUNAS EÓLICAS 7.1. Estratificação Cruzada 7.1.1. A natureza dos estratos cruzados. A estratificação cruzada consiste em conjuntos de material estratificado, que são depositadas pelo vento ou pela água. Os estratos cruzados tendem a se formar quando os grãos são depositados sobre planos inclinados, na direção da corrente das dunas de areia. Tal estratificação em dunas arenosas depositadas pelo vento pode ser um pouco complexa, como resultado do sentido do vento. Os estratos cruzados que são originados por processos gravitacionais na face de deslizamento são: fluxo de grãos (grain flow strata) e queda livre de grãos (grain fall strata). 7.1.2. Estratos de Fluxo de Grãos (Grain Flow Strata) São gerados pela avalanche de areia não-coesiva ao longo da face de deslizamento (slip face), sempre que a acumulação de areia exceder ao ângulo crítico de repouso da areia 19 seca (cerca 34°). Esses tipos de depósitos correspondem a processo de ressedimentação atinge as areias já depositadas (normalmente por queda livre de grão) ao longo da face de deslizamento. A deposição ocorre através do assentamento de grãos arenosos quando penetram em zonas abrigadas onde o ar se encontra sem movimento da face frontal da duna, desenvolve- se zona de separação de fluxo de ar ao transporem a crista grãos em suspensão e saltação penetram nesta zona desprotegida e se depositam por queda livre e por fim acumulam-se ao longo da face frontal da duna moldando -se concordantemente com a topografia preexistente. 7.1.3 Estratos de Queda Livre de Grãos (Grain Fall Strata) Deposição ocorre através do assentamento de grãos arenosos, que penetram em zonas abrigadas onde o ar se encontra sem movimento que é na face frontal da duna, onde molda-se de acordo com a topografia pré-existente. É desenvolvido na zona de separação de fluxo do ar ao transporem de grãos em suspensão e saltação que entram nesta zona desprotegida, perdem momentum (massa x velocidade) e se deposita em queda livre. 8. OUTRAS ESTRUTURAS SEDIMENTARES DAS DUNAS 8.1. Marca Onduladas (Ripples) Formas de leito de escala centimétrica, desenvolvimento controlado pela natureza dos eventos dinâmicos de curta duração horas ou dias. São geradas pela movimentação dos grãos de areia (sand ripples), desenvolve-se em lençóis de areia, regiões de interdunas, dorsos e na face frontal das dunas e draas. As marcas onduladas cavalgam uma sobre as outras, sendo assim ficando preservadas sob a forma de estratos transladantes cavalgantes. Esses estratos variam conforme o ângulo de cavalgamento e o volume de sedimento e taxa de migração de marca ondulada. Possuindo três tipos de marcas onduladas, que são: 8.1.1 Cavalgamento crítico Ângulo de cavalgamento (α) = ângulo de inclinação do dorso da marca ondulada (β), não ocorre erosão do dorso precedente, conjunto de estratos cruzados representa a forma de leito inteira. 20 8.1.2. Cavalgamento supercrítico É o ângulo de cavalgamento, ângulo de inclinação do dorso da marca ondulada precedente, possibilitando deposição na face frontal e no dorso, as lâminas podem ser traçadas ininterruptamente entre os sets de estratos cruzados 8.1.3. Cavalgamento subcrítico É o ângulo de cavalgamento mais com, sendo o ângulo de inclinação do dorso da marca ondulada precedente e ocorre erosão das partes superiores da forma de leito preservando pequena fração da altura original. 9.PADRÃO DE PALEOCORRENTE Os dados de paleodireção do vento de um determinado local analisado, geralmente são interpretados usando o método das exposições tridimensionais dos limbos descrito por DeCelles et al. (1983), em que consiste em medir os flancos dos estratos da duna para encontrar o eixo que representaria a direção do paleovento. 10. ESTUDO DO CASO Classificação das feições eólicas do setor leste da planície costeira do Estado do Maranhão, onde está inserido o maior registro de sedimentação eólica do Quaternário da América do Sul, correspondendo a campos de dunas livres e fixas, que juntos alcançam larguras de até 50 km, que são os Lençóis Maranhenses.Este estudo analisa estas feições eólicas, nas 21 regiões de Barreirinhas e Rio Novo, através de fotografias aéreas, imagens de satélite e trabalhos de campo e, em áreas circunvizinhas, por aerofotointerpretação. Figura 12: Localização da área de estudo, setor leste da Planície Costeira do Estado do Maranhão. Fonte: Classificação das feições eólicas dos lençóis maranhenses. 9.1. Caracterização das feições eólicas 9.1.1. Dunas Livres Os campos de dunas livres ocupam a maior da área do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Foram definidas as seguintes feições a partir dessas dunas: 9.1.1.2 Dunas Barcanas As dunas barcanas formam-se sobre a superfície praial (pós-praia) e, aos poucos vão sendo deslocadas para o interior dos campos de dunas pela ação de ventos, que aumenta suas dimensões devido ao acúmulo de areia proveniente da forma em lençol. Observações feitas em campo mostrou que o número de dunas barcanas é maior nos meses de julho a novembro, que é o período de estiagem com maior incidência de ventos, obedecendo ao controle climático. 22 Figura 13: Duna barcana na superfície praial próximo ao rio Novo, de 15m de largura, 3m de comprimento e 0,6m de altura. Observam-se estruturas de fluxo de grãos próximos a escala. Fonte: Classificação das feições eólicas dos lençóis maranhenses. 9.1.1.3. Dunas Transversais de Crista Reta (2D) Presentes nas laterais e nos limites interiores do maior campo de dunas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, são às dunas de maior altura de crista e menor taxa de deslocamento anual. O contato frontal e lateral com a vegetação e pequenas drenagens retarda seus avanços. Figura 14: Dunas 2D e 3D com centenas de metros de largura presentes na região de Buriti Amarelo vistas em fotografia aérea. Fonte: Classificação das feições eólicas dos lençóis maranhenses. 23 9.1.1.4. Dunas Transversais de Crista Sinuosa (3D) Possuem feições dominantes, distribuindo-se desde o pós-praia até os limites interiores dos campos de dunas (figura 3). Possui sentido dos ventos nordeste e de dimensões variadas. As dunas 3D formam-se pela ligação lateral de barcanas, à medida de suas migrações pela planície costeira adentro. 9.1.1.5. Draa ou Duna Complexa de Rio Novo Essa feição eólica, de ocorrência restrita à proximidade da desembocadura do rio Cangatá, em Rio Novo (figura 4a, b), sua gênese é ligada à dinâmica dos processos fluviais deposicionais e erosivos atuantes na região. Apresenta altura de 20 a 35 metros, largura da ordem de 2,5 km e taxa de migração média de 10 metros/ano. Figura 15: Draa ou duna complexa vista em planta (imagem de satélite LANDSAT-TM 5). Fonte: Classificação das feições eólicas dos lençóis maranhenses. 24 Figura 16: Detalhe do complexo cavalgamento na feição denominada de draa. Fonte: Classificação das feições eólicas dos lençóis maranhenses. 9.1.1.6. Dunas Oblíquas Formas distribuídas obliquamente em relação ao sentido dos ventos dominantes. De gênese controlada pela ação de processos erosivos, devido a fluxos aquosos durante o período de chuvas. Tais fluxos migram para o oceano, onde gera transformações morfológicas nas dunas barcanas, transversaise qualquer outro tipo de duna presente no seu caminho. Dobrando de tamanho após essas transformações, sendo chamadas de feições eólicas mutantes, chega a alcançar dimensões de até 2500 metros de comprimento. 25 Figura 17: Dunas oblíquas geradas por transformações de dunas transversais e barcanas. Fonte: Classificação das feições eólicas dos lençóis maranhenses. Figura 18: Esquema apresentando a transformação de dunas transversais em oblíquas. Fonte: Classificação das feições eólicas dos lençóis maranhenses. 9.1.1.7. Dunas Parabólicas As dunas parabólicas localizadas próximo à sede municipal de Barreirinhas possuem larguras da ordem de 250 metros, altura média das cristas em torno de 10 metros e comprimento médio de 90 metros (figura 10). Essas dunas sugerem o registro das mudanças paleoclimáticas ocorridas no Quaternário, haja vista sua muito inexpressiva e efêmera ocorrência nos campos de dunas livres.. 26 Figura 19: Campo de dunas parabólicas fixas visto em fotografia aérea. Fonte: Classificação das feições eólicas dos lençóis maranhenses. 9.2. Concluindo O Estudo do Caso A cobertura sedimentar do setor leste da planície costeira do Estado do Maranhão apresenta grande variedade de feições eólicas, tanto fixas quanto móveis. As particularidades geológicas, climáticas e geomorfológicas da área são constatadas como responsáveis pelas diferentes formas de depósitos eólicos descritos neste trabalho, em que foi possível definir um conjunto de feições de ambiente eólico, as formas livres apresentam caráter dinâmico, evoluindo para outras morfologias sob controle nitidamente sazonal. 27 11. CONCLUSÃO: O trabalho aqui proposto tem como foco apresentar o sistema deposicional eólico que são domínios fisiogeográfico de sedimentação onde o vento é o principal agente geológico. Sendo assim suas características principais são o mecanismo de erosão, diversos tipos de dunas eólicas com suas litologias, processos de deposição, depósitos de interdunas e extradunas, estruturas das dunas eólicas e por fim o estudo do caso mais aprofundado. A maneira como as propriedades sedimentológicas (mineralogia textura, estruturas, geometria) de um depósito sedimentar pode relacionar entre si constitui um dos assuntos mais debatidos na geologia sedimentar. Os produtos sedimentares são classificados em termos de fácies e a compreensão dos processos sedimentares e as propriedades sedimentológicas dos depósitos eólicos gerados por esse processo é de grande importância para o entendimento da história da terra. 28 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HAHN, Ana Rita. 2016. Evolução do campo de dunas transgressivo da margem leste da Lagoa do Peixe, Litoral Médio do Rio Grande Do Sul, de 1948 a 2010. Dissertação de Mestrado em Geociências. Porto Alegre: UFRGS. GONÇALVES, R.A., LEHUGEUR, L.G.O., CASTRO, J.W.A., PEDROTO, A.E.S. 2003. Classificação das feições eólicas dos lençóis maranhenses – Maranhão – Brasil. Mercator, 02(03): 99-112. PRESS, F., Siever, R., Grotzinger, J. & Jordan, T.H. 2006. Para entender a Terra. Porto Alegre, Brookman, 656 p. TEIXEIRA, Wilson, TOLEDO, Maria Cristina M. de, FAIRCHILD, Thomas Rich (organizadores). Decifrando a Terra. São Paulo. Oficina de Textos. 2000. TOMAZELLI, L. J. 1990. Contribuição ao Estudo de Sistemas Deposicionais Holocênicos do Nordeste da Província Costeira do Rio Grande do Sul - com ênfase no sistema eólico. Tese de Doutorado em Geociências. Porto Alegre: UFRGS. WICANDER, Reed; MONROE, James S. Fundamentos de Geologia. Editora Nacional. 2009. 508p.
Compartilhar