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Semiologia da Genitália Ambígua - Faixa Etária Pediátrica 1 Semiologia da Genitália Ambígua - Faixa Etária Pediátrica Bárbara Aguiar dos Santos Medicina UFMG 158 Referência: Semiologia da Criança e do Adolescente Genitália Ambígua Criança com genitália ambígua, especialmente o RN, deve ter o diagnóstico etiológico e a conduta estabelecidos o mais rapidamente possível, uma que esta questão traz profundos problemas emocionais para família. Além disso, a criança pode ter diagnóstico de hiperplasia adrenal congênita na forma perdedora de sal, quadro grave que requer diagnóstico precoce; O aspecto clínico da genitália externa não é suficiente para promover um diagnóstico etiológico, de modo que são necessários exames laboratoriais e de imagem para auxílio no diagnóstico; De acordo com os critérios de Danish, a definição de genitália ambígua ocorre quando a criança apresenta qualquer uma das manifestações listadas abaixo: Genitália de aspecto masculino Gônadas não palpáveis; Gônadas com diâmetro máximo < 8 mm; Tamanho peniano inferior a -2,5 DP da média para a idade; Hipospádia; Presença de massa inguinal (pode corresponder ao útero e trompas rudimentares). Genitália de aspecto feminino Diâmetro clitoriano > 6 mm; Gônada palpável em bolsa labioescrotal ou no canal inguinal; Fusão labial posterior; Massa inguinal que possa corresponder aos testículos. Hiperplasia Adrenal Congênita Apresenta incidência de 1 para 14.500 nascidos vivos; Caracteriza-se por deficiência enzimática que causa diminuição na síntese de cortisol, elevação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e, em seguida, hiperplasia das glândulas adrenais; Como consequência, ocorre elevação dos hormônios precursores do cortisol (progesterona e 17-OH-progesterona), que são desviados para a produção dos androgênios; No sexo feminino, as formas graves cursam com virilização da genitália, enquanto raramente se observam alterações genitais no sexo masculino; Classifica-se, segundo Prader, as genitálias de crianças com este quadro de acordo com grau de virilização sofrida: Semiologia da Genitália Ambígua - Faixa Etária Pediátrica 2 ❗ Esta escala era inicialmente aplicada apenas à hiperplasia adrenal congênita, no entanto, tem sido amplamente utilizada em crianças com outros distúrbios que cursam com genitália ambígua. Anamnese A história gestacional deve incluir informações como: Uso de medicamentos pela gestante, especialmente aqueles potencialmente virilizantes ou feminizantes, principalmente no período entre oito e 12 semanas de gestação; Processos virilizantes da mãe durante a gestação, como hirsutismo e acne, mesmo sem uso de nenhuma medicação, já que pode sugerir tumores ou deficiência de aromatase placentária; Pesquisa de consanguinidade; Histórico familiar para transtorno de diferenciação sexual; Pesquisa de morte inexplicável nas primeiras semanas de vida, ou causada por desidratação, principalmente no sexo masculino (sugere hiperplasia adrenal congênita); Exame Físico Deve-se observar o estado de hidratação da criança, já que em casos de hiperplasia adrenal congênita, sobretudo na forma clássica perdedora de sal, nota-se: Emagrecimento; Baixo ganho ponderal; Hipotonia; Vômitos frequentes; Prostração; Semiologia da Genitália Ambígua - Faixa Etária Pediátrica 3 Hipoglicemia; Desidratação; Fontanelas deprimidas; Enoftalmia; Mucosas secas; Pele seca e áspera; Diminuição do turgor e da elasticidade da pele. É importante investigar a possibilidade de malformações associadas, como as de coluna lombossacra, anorretais e urinárias; A genitália ambígua pode ser mais uma manifestação de um quadro clínico associado a síndromes genéticas, sem causa hormonal; Durante o exame físico, deve-se observar os seguintes aspectos: Pigmentação; Presença e localização das gônadas; Comprimento e calibre do falo; Posição do meato uretral; Escroto (com fusão completa ou parcial da rafe mediana); Grandes e pequenos lábios; Presença de abertura himeal - verificar se a abertura vaginal está separada do meato uretral em uma genitália com aparência predominantemente feminina. A solicitação de exames laboratoriais e de imagem deve ser guiada pela presença ou pela ausência de gônadas. Caso estejam presentes, devem ser localizadas e medidas utilizando o orquidômetro de Prader; Caso palpáveis, sugere quadro de pseudo-hermafroditismo masculino, o que não exclui a possibilidade de hermafroditismo verdadeiro ou disgenesia gonadal mistal; A palpação de um polo mais macio e um mais rígido na gônada indica presença de tecidos ovariano e testicular. Portanto, hermafroditismo verdadeiro; ❗ Quanto à definição do sexo de criação, é imprescindível a participação da família e da equipe multiprofissional. Quando o diagnóstico é realizado precocemente, o prognóstico costuma ser melhor. A decisão deve ser tomada considerando o sexo genético e o gênero predominante da genitália externa, com seu potencial desenvolvimento anatômico posterior. A correção cirúrgica pode ser uma possibilidade em determinados casos e também deve ser levado em consideração.
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