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economia_e_mercado_2019

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Economia
e Mercado
Otto Nogami
Econom
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Otto Nogam
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 Quando o assunto é economia, é comum as pessoas 
reagirem como se o tema fosse algo complexo e de difícil 
compreensão; logo imaginam um estudo carregado de 
modelos, equações algébricas, estatísticas e gráficos difíceis 
de serem assimilados. Porém, conforme a economia apura, 
analisa e retrata o dia a dia, percebem que ela é uma ciência 
lógica, pois carrega uma relação de ação e reação. Tudo o que 
as pessoas fazem, até mesmo dormir, traz consequências de 
natureza econômica – uma necessidade biológica que afeta 
a produtividade no trabalho, por exemplo.
 Assim, esta obra procura apresentar a economia 
integrada à vida de todos, de modo compreensível. 
Assuntos que parecem distantes, como a macroeconomia 
e as políticas econômicas governamentais, influenciam 
diretamente o dia a dia das pessoas e de seus negócios. 
Portanto, entender como a economia e o mercado 
funcionam e a estreita relação entre eles é fundamental 
não apenas para estudantes da área de finanças, mas 
para todos aqueles que queiram saber como o mercado 
financeiro funciona e aplicar esses conhecimentos para o 
crescimento econômico pessoal e coletivo.Código Logístico
58799
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6518-9
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 1 8 9
Economia e Mercado
IESDE
2019
Otto Nogami
© 2019 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos 
direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: Sittipong Phokawattana/ImageFlow/THICHA SATAPITANON/Shutterstock
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
N696e
Nogami, Otto
Economia e mercado / Otto Nogami. - 1. ed. - Curitiba [PR]: IESDE, 2019.
144 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6518-9
1. Economia. 2. Macroeconomia. 3. Mercado financeiro. I. Título.
19-59476 CDD: 330
CDU: 330
Otto Nogami
Doutor em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São 
Paulo (USP). Mestre em Economia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. MBA em 
Finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais. Bacharel em Ciências Econômicas, 
pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. É administrador de 
carteiras de valores mobiliários, credenciado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), 
além de palestrante e conferencista. Atua como professor em programas de pós-graduação 
lato sensu e educação executiva do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e da Fundace da 
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. É autor e coautor de livros 
acadêmicos e artigos científicos.
Sumário
1 A importância dos fundamentos econômicos 9
1.1 Noções gerais de economia e mercados 10
1.2 Necessidades e desejos das pessoas 16
1.3 Fluxo circular da atividade econômica 18
1.4 Fronteira de possibilidade de produção 20
2 A percepção estratégica da economia de empresas 25
2.1 Teoria do consumidor 25
2.2 Teoria da produção 37
2.3 Teoria de custos 42
3 A macroeconomia e a conjuntura econômica 51
3.1 Rápido crescimento econômico 51
3.2 Pleno emprego 53
3.3 Inflação sob controle 55
4 Mensuração e estrutura das contas nacionais 63
4.1 A Contabilidade Nacional 63
4.2 Produto Interno Bruto (PIB) 67
4.3 Quantificando o PIB 73
5 Modelo de três economias 77
5.1 Economia simples 77
5.2 Economia fechada 81
5.3 Economia aberta 84
6 A moeda e sua importância 89
6.1 Moeda: definição e origem 89
6.2 Funções da moeda 91
6.3 Características da moeda 94
6.4 Formas de moeda e as quase moedas 95
6.5 Demanda, oferta e equilíbrio monetário 95
6.6 Política monetária 101
7 Política econômica e o tripé macroeconômico 105
7.1 Política econômica 105
7.2 Tripé macroeconômico 110
8 Sistema financeiro e acumulação de riqueza 123
8.1 Sistemas monetário e financeiro 123
8.2 Instituições financeiras 124
8.3 Instrumentos financeiros 125
8.4 Segmentação do mercado financeiro 126
8.5 Sistema financeiro nacional 129
8.6 Acumulação de riqueza 136
Gabarito 141
Apresentação
Quando falamos de economia, é comum as pessoas reagirem como se o tema fosse algo 
complexo e de difícil compreensão; logo imagina-se um estudo carregado de modelos, equações 
algébricas, estatísticas e gráficos difíceis de serem assimilados. Sim, isso é verdade na medida em 
que essas ferramentas são necessárias para analisar tanto o passado, como também para entender 
o nosso presente e, em especial, ter uma ideia do que possa acontecer no futuro.
Porém, conforme a economia apura, analisa e retrata o nosso dia a dia, percebe-se que ela 
é uma ciência lógica, pois carrega uma relação de ação e reação. Tudo o que fazemos, até mesmo 
dormir, traz consequências de natureza econômica – uma necessidade biológica que afeta a 
produtividade das pessoas no trabalho, por exemplo.
Assim, esta obra procura apresentar essa lógica, que faz parte da vida de todos nós, de forma 
compreensível. Para tanto, este livro foi organizado em oito capítulos, cada um deles abordando os 
aspectos econômicos que mais comumente ouvimos e comentamos.
No primeiro capítulo temos a abordagem dos princípios econômicos, explicando o 
significado de alguns termos e do nosso papel na sociedade, mostrando como as famílias interagem 
com as empresas e, ainda, as preocupações que os governantes têm em relação às necessidades e 
desejos das pessoas.
No segundo capítulo são exploradas as preocupações estratégicas que reinam dentro das 
empresas, como a leitura do mercado e a análise do comportamento dos consumidores etc.; 
essas fundamentam os critérios estratégicos de produção, especialmente no que diz respeito à 
produtividade e, por decorrência, aos seus custos de produção. Desse modo, entender como as 
empresas analisam as condições de custos, para que possam operar em condições de equilíbrio, ou 
seja, igualar custos e receita, é um aspecto muito importante.
Os aspectos macroeconômicos, que envolvem temas como o crescimento econômico, 
o pleno emprego e a inflação, são apresentados no terceiro capítulo. Nele temos, também, uma 
retrospectiva histórica a fim de entendermos como esses aspectos conjunturais se comportaram 
nas últimas décadas.
Para que possamos entender melhor esses aspectos conjunturais, no quarto capítulo 
abordamos a mensuração e estrutura das contas nacionais. A decomposição das principais contas, 
como a da produção, famílias, governo, investimentos e setor externo, mostra a estrutura básica da 
contabilidade nacional e a forma lógica para a apuração do produto interno bruto (PIB).
No quinto capítulo procuramos mostrar a lógica existente na relação entre o setor privado, 
setor externo e o setor público através de identidades que apresentem as reações econômicas, visto 
que há um desequilíbrio nesses setores, especialmente no público em que o gasto é maior do que 
a arrecadação.
Economia e Mercado8
Outro assunto tão importante, e que inclusive serve de instrumento para o governo controlar 
a atividade econômica, é explorado no sexto capítulo; estamos falando da moeda, sua origem, suas 
funções e características. 
Além disso, o governo controla a atividade econômica por meio da Política Econômica e de 
seus instrumentos. Este assunto está presente no sétimo capítulo, no qual também falamos do tripé 
macroeconômico, isto é, de três indicadores importantes para o monitoramento de como anda a 
economia.
Por fim, no oitavo capítulo, trazemos um tema que, para muitos, causa fascínio pelo fato 
de estar relacionado à perspectiva de ganhar dinheiro no mercado financeiro. Desta forma, são 
trabalhados o sistema financeiro, seus instrumentos e instituições, e os mercados que permitem 
esse sistema funcionar. Também falamos de um assunto muito relevante para todos nós, que é o 
processode acumulação de riqueza.
Essa é a jornada que propomos a você. Uma viagem enveredando pelos misteriosos e 
tortuosos caminhos da Economia e Mercado.
1
A importância dos fundamentos econômicos
Uma célebre frase consegue definir, de maneira ampla, o real significado da economia: 
“não existe almoço de graça”. Essa frase acabou sendo imortalizada no meio econômico pelo 
prêmio Nobel de Economia Milton Friedman, que a utilizou como título de um de seus livros, 
There’s no such thing as a free lunch, no qual refuta a ideia de que um governo pode gastar à 
vontade sem que alguém tenha que pagar por isso. É o fundamento que rege o chamado custo de 
oportunidade, que significa abrir mão de alguma coisa para poder obter outra. Essa é a essência da 
ciência econômica, cuja importância está no princípio da escassez.
Mas o que isso tem a ver com o nosso dia a dia? Tudo. Todas as relações e decisões 
tomadas pelos agentes econômicos – famílias, governo e setor externo – afetam a sociedade 
como um todo. Indicadores como inflação, taxa de câmbio, taxa de juros, Produto Interno 
Bruto, desemprego, entre outros, são sinalizadores de como anda a atividade econômica. Daí a 
importância do entendimento dos princípios que regem a economia, especialmente pelo fato de 
ela impactar tudo o que fazemos. A simples ida a uma padaria para comprar um pão, o ato de 
ligar a televisão ou de fazer uma anotação em uma folha de papel envolve centenas de atividades, 
incluindo milhares de pessoas que fazem uma economia funcionar.
Friedman contextualizou de maneira brilhante essa questão, utilizando como exemplo um 
simples lápis com um apagador em uma das pontas – aqui, vamos adaptar para uma situação no 
Brasil. A madeira desse lápis veio de uma árvore derrubada em alguma área de reflorestamento no 
país. Para derrubar essa árvore, foi necessário usar uma motosserra, cuja confecção demandou a 
utilização de aço, que, por sua vez, precisou de minério de ferro. O grafite veio de alguma mina no 
Estado de Minas Gerais ou da Bahia. A borracha do apagador veio de uma seringueira da região de 
Xapuri no Estado do Acre, ou da Malásia, importada da Amazônia por alguns homens de negócios 
no início do século XX, com a ajuda do governo inglês. O envoltório de latão da borracha pode ter 
vindo de qualquer lugar, muito provavelmente de uma pequena ou microempresa. A tinta utilizada 
para revestir o lápis e para a impressão da marca foi produzida por alguma grande produtora de 
tintas e solventes.
Percebe-se, portanto, que milhares de pessoas contribuíram para a fabricação de um simples 
lápis, de valor unitário bastante baixo. Essas pessoas podem, inclusive, não falar a mesma língua, 
praticar religiões diferentes e talvez se odiassem caso se encontrassem. Isso sem falar das inúmeras 
empresas envolvidas – micros, pequenas, médias e grandes –, localizadas nas mais diferentes 
regiões do planeta, o que demanda diversas operações de logística, envolvendo modais diversos. 
Assim, quando vamos a uma loja comprar um simples lápis, estamos trocando alguns minutos do 
nosso tempo por alguns segundos de todas aquelas milhares de pessoas envolvidas no processo de 
produção desse produto.
Essa é a magia da economia que procuraremos mostrar neste capítulo. Nossa intenção aqui 
é desvendar os mistérios da economia.
Economia e Mercado10
1.1 Noções gerais de economia e mercados
O problema central de todas as economias é o princípio da escassez e, como vários autores 
costumam dizer, se não fosse ela, não haveria a necessidade de se estudar economia.
A existência da escassez decorre do fato de que nossas necessidades e nossos desejos são 
infinitos e ilimitados, sendo satisfeitos por meio do consumo dos mais diferentes bens (alimentos, 
bebidas, vestuários etc.) e serviços (transportes, educação, comunicação etc.). Por outro lado, os 
recursos produtivos (capital físico, capital financeiro, matérias-primas, mão de obra etc.) utilizados 
nos mais diferentes processos de produção são finitos e limitados, ou seja, não são suficientes para 
produzir o necessário para atender ao consumo de toda a sociedade.
Desse desequilíbrio entre necessidades e recursos e do conceito de escassez é que surgem 
as três questões econômicas fundamentais: o que produzir, como produzir e para quem produzir.
Já que uma sociedade não tem condições de produzir toda a quantidade desejada de bens e 
serviços, é preciso estabelecer quais deles serão produzidos e em que quantidade em determinado 
período. Deve-se produzir mais alimentos ou automóveis? Mais bens de consumo ou mais bens de 
capital? Quantos serviços de educação e quantos de saúde devem ser disponibilizados?
Uma vez definido o que e quanto produzir, a sociedade tem, então, que decidir a forma como 
ela vai produzir esses diferentes bens e serviços. Nesse sentido, deve-se perguntar: qual a melhor 
combinação de recursos produtivos a serem utilizados? Qual o melhor método de produção para 
oferecer a melhor eficiência técnica (produtividade) e econômica (lucro)? Respondidas essas duas 
perguntas, a sociedade deverá estabelecer quem irá receber esses bens e serviços e como será 
distribuída essa produção entre os integrantes dessa sociedade.
1.1.1 Sistema econômico
Um sistema econômico, de acordo com Nogami e Passos (2016), pode ser definido como a 
forma pela qual uma sociedade está organizada, em termos políticos, econômicos e sociais, para 
desenvolver as mais diferentes atividades de produção, troca e consumo de bens e serviços.
Cada sociedade funciona de acordo com sua cultura, suas regras e sua legislação. Não se 
pode descartar também o pensamento econômico predominante, o qual define a forma como são 
conduzidas as três questões fundamentais da economia. É especialmente porque cada sociedade se 
organiza de maneira diferente que devemos ter muito cuidado ao comparar uma economia à outra.
1.1.2 Necessidades humanas, bens e serviços
Desde o nascimento, somos carregados de necessidades e desejos, os quais são paulatinamente 
satisfeitos ao longo da vida. E, à medida que amadurecemos e temos contato com o mundo em que 
vivemos, mais essas necessidades e esses desejos se ampliam – em verdade, podemos afirmar que 
tudo o que fazemos em vida é para satisfazê-los. Podemos classificar essas necessidades em duas 
categorias: econômicas e não econômicas.
As necessidades econômicas são satisfeitas por bens e serviços, relativamente escassos, 
que precisam ser produzidos e que são denominados bens econômicos, visto que possuem preço. 
11A importância dos fundamentos econômicos
Quanto à sua natureza, esses bens podem ser classificados em dois grupos: bens materiais e bens 
imateriais ou serviços.
Os bens materiais são tangíveis, ou seja, podem ser medidos, pesados, mensurados e são 
classificados em bens de consumo e bens de capital. Os bens de consumo são aqueles consumidos 
por nós para satisfazer nossas necessidades; em outras palavras, são aqueles que estão prontos para 
o consumo das pessoas. Como exemplos desse tipo de bem podemos citar alimentos, bebidas, 
vestuário e veículos. Por outro lado, bens de capital são aqueles que serão utilizados para a 
produção de outros bens, como máquinas, equipamentos, ferramentas, edifícios etc.
Tanto os bens de consumo como os bens de capital são denominados bens finais, visto que 
são produtos prontos para serem utilizados. E temos ainda os chamados bens intermediários, 
representados por produtos que não estão finalizados e, portanto, ainda precisam sofrer 
transformações.
Os bens imateriais ou serviços são intangíveis, ou seja, não podem ser tocados. Um detalhe 
importante é que eles também não podem ser estocados. Como exemplos, temos os serviços de 
transporte, advocatícios, médicos, entre outros.
Já as necessidades não econômicas são satisfeitas por bens que não podem ou não precisam 
ser produzidos, geralmente por serem abundantes, como é o caso do ar que respiramos.
1.1.3 Fatores de produção ou recursos produtivos
Aqueles produtos que precisamser produzidos para satisfazer necessidades e desejos das 
pessoas, tanto bens intermediários como bens finais, demandam um conjunto de elementos 
denominados fatores de produção ou recursos produtivos. Esses fatores podem ser classificados em 
quatro grandes grupos: capacidade empresarial, capital, trabalho e terra.
A capacidade empresarial ou capacidade empreendedora é fundamental na economia, pois 
dela depende o surgimento e a existência das empresas, atuando nos mais diferentes ramos da 
atividade econômica, identificando ou criando desejos nas pessoas. É sob a coordenação dessa 
capacidade que as empresas buscam sua competitividade e sua produtividade, procurando operar 
com eficiência técnica e econômica, a fim de maximizar seus lucros.
Para colocar em operação uma atividade produtiva, é necessário investir, ou seja, injetar 
capital, que vai se transformar em capital físico e de giro. O capital físico é direcionado para a 
aquisição de instalações, máquinas, equipamentos, ferramentas, entre outros. O capital de giro, por 
sua vez, é composto pelos recursos financeiros necessários para se produzir.
O trabalho é representado pela mão de obra necessária – braçal ou intelectual – para fazer 
a empresa funcionar. Um aspecto importante a ser considerado é a quantidade e a qualidade da 
mão de obra disponível em uma economia, especialmente para se definir a forma de produção. Em 
países onde a mão de obra apresenta baixa qualificação, os processos de produção tendem para a 
manufatura; por outro lado, em países que são intensivos utilizadores de capital, a mão de obra 
tende a apresentar uma qualificação maior.
Economia e Mercado12
O elemento terra é responsável pela disponibilização dos recursos naturais ou das matérias-
-primas. Não podemos esquecer que toda matéria-prima é produzida sobre a terra ou é extraída 
dela. Assim, seu uso depende das condições de solo e de clima que cada país apresenta, o que 
determina também o tipo de matéria-prima que ele vai produzir.
A extensão territorial do Brasil faz com que o país tenha áreas cultiváveis tanto na região 
tropical como na temperada, o que permite uma diversidade de produção como poucos países 
no mundo possuem. E as condições climáticas possibilitam ainda, em algumas regiões, a 
colheita de duas safras ao ano de determinadas culturas, fato impensável em países localizados 
predominantemente em regiões mais frias.
1.1.4 Agentes econômicos
Os agentes econômicos são pessoas de natureza física ou jurídica que fazem o sistema 
econômico funcionar. Eles são agrupados em: famílias, empresas e governo.
As famílias são formadas por todos os indivíduos e unidades familiares da economia que, 
no papel de consumidores, adquirem os mais diferentes tipos de bens e serviços para atender às 
suas necessidades de consumo. As famílias são também as proprietárias dos fatores de produção 
(capacidade empresarial, capital, trabalho e terra).
Já as empresas são as unidades responsáveis pela fabricação e comercialização de bens 
e serviços. A produção é feita com o uso dos fatores de produção de propriedade das famílias 
e, uma vez processados, transformam-se em bens e serviços. Todo esse processo envolve a 
preocupação de obter, sempre, o maior lucro possível.
Formado por um conjunto de indivíduos e instituições que têm a função de administrar 
uma unidade política e conduzir os rumos de uma sociedade, o governo, por sua vez, é constituído 
por todas as instituições que, direta ou indiretamente, estão sob o controle do Estado nas esferas 
federais, estaduais ou municipais. Ele é o segundo maior consumidor da economia, contratando 
serviços, adquirindo bens de consumo duráveis e não duráveis e bens de capital. O governo 
também intervém na atividade econômica por meio de regulamentos e controles, com a finalidade 
de disciplinar a conduta dos outros agentes econômicos.
1.1.5 Mercados
As relações entre os agentes econômicos realizam-se em um ambiente denominado mercado, 
no qual vendedores (compõem o lado da oferta) e compradores (compõem o lado da demanda) 
estabelecem contato e realizam suas transações.
O lado dos vendedores é representado pelas empresas, que vendem bens e serviços para 
os consumidores (famílias e governo), e pelos proprietários dos fatores de produção (capacidade 
empresarial, capital, mão de obra e terra) que os vendem ou arrendam às empresas produtoras em 
troca de receita (lucros, juros, salários e aluguéis).
O lado dos compradores, por sua vez, é constituído tanto pelas famílias, que são compradoras 
de bens e serviços, quanto pelas empresas produtoras, que são compradoras de fatores de produção 
13A importância dos fundamentos econômicos
(capacidade empresarial, capital, mão de obra e terra) utilizados na produção de bens e serviços. 
Segundo Nogami e Passos (2016, p. 17),
é importante notar que, para fins de análise econômica, o conceito de mercado 
não implica, necessariamente, a existência de um lugar geográfico em que as 
transações se realizam. Na realidade, as mercadorias são vendidas segundo 
os mais diferentes dispositivos institucionais, tais como feiras, lojas, bolsas de 
valores etc., podendo o termo mercado aplicar-se a qualquer um deles. Basta, 
para isso, que compradores e vendedores de qualquer bem (ou serviço, ou 
recurso) interajam, resultando daí a possibilidade de comercializar esse bem. 
Devemos observar que os mercados estão no centro da atividade econômica. 
Essa é a razão pela qual muitos temas importantes em economia estão 
relacionados com a maneira de funcionar desses mercados.
Assim, todas as relações entre famílias e empresas se realizarão em mercados, sejam eles de 
bens e serviços, sejam de fatores de produção.
1.1.5.1 Mercado de bens finais e serviços
Os mercados são caracterizados com base em alguns fatores importantes, como o número 
de empresas produtoras atuando no mercado e a homogeneidade ou diferenciação dos produtos 
de cada empresa.
Com base nessas características, podemos classificar os mercados nas seguintes formas de 
estruturas:
• Concorrência perfeita: um tipo de mercado em que há grande número de vendedores 
(empresas) e compradores e no qual nenhum vendedor ou comprador é grande o suficiente 
para afetar o preço de comercialização. Ou seja, a ação individual de um vendedor ou 
comprador não afeta o mercado. Portanto, é um mercado atomizado, no qual produtos 
ofertados são homogêneos perfeitos (princípio da indiferença) e há igualdade de custos 
e transportes e livre mobilidade (entrada e saída). Por essas características, as empresas 
são tomadoras de preços. Exemplos: mercados de café, soja, açúcar e petróleo (NOGAMI; 
PASSOS, 2016).
• Concorrência monopolística: também conhecida como concorrência imperfeita, é uma 
situação de mercado em que existem muitos produtores vendendo produtos diferenciados 
(intimamente relacionados, mas não idênticos), porém que são substitutos próximos entre 
si, e muitos compradores. Permite a livre entrada e saída de empresas. A diferenciação 
pode ser de tecnologia, qualidade, forma, desenho, apresentação etc. “Isso faz com que 
os produtores sejam praticamente os únicos a produzir tal bem, o que lhes confere, ainda 
que temporariamente, um certo poder monopolístico” (NOGAMI; PASSOS, 2016, p. 17). 
Exemplos: creme dental, detergente, televisores etc.
• Oligopólio: é uma situação de mercado em que poucas e grandes empresas vendedoras 
controlam a oferta de um produto, que pode ser homogêneo (oligopólio puro) ou 
diferenciado (oligopólio diferenciado). A ação de uma empresa pode afetar as demais, 
e o produtor tem certo grau de controle sobre o preço que cobra. No oligopólio puro, 
os produtos são homogêneos, tais como o aço, o alumínio, o cimento etc. Por sua vez, 
Economia e Mercado14
no oligopólio diferenciado, como o próprio nome indica, os produtos são diferenciados. 
Como exemplos temos a indústria automobilística e a indústria de utilidades domésticas.
• Duopólio: de acordo com Sandroni (1999, p. 187), o duopólio é umacondição de 
mercado semelhante ao oligopólio, na qual apenas dois produtores de um determinado 
bem ou serviço têm o controle dominante e exclusivo. Em função dessa característica, 
elas agem de maneira bastante similar, de tal forma que a mudança de comportamento de 
uma leva à mudança da outra. As empresas que atuam nesse tipo de estrutura de mercado 
analisam cenários táticos complexos de ações e reações uma contra a outra. Exemplos: 
em certo momento da economia brasileira, o duopólio da aviação entre Tam e Gol, 
sistemas operacionais Android e iOS, e Boeing e Airbus, que podem ser consideradas 
completamente dominantes dentro do setor de fabricação de aviões de grande porte para 
transporte de passageiros.
• Monopólio: situação de mercado em que uma única empresa vende um produto para o 
qual não há substituto próximo, e o produtor exerce grande influência na determinação 
do preço a ser cobrado por seu produto.
É uma situação totalmente oposta à da concorrência perfeita, uma vez que 
ao lado da oferta não há concorrência e nem produto concorrente. Nessas 
condições, ou os consumidores aceitam as condições estipuladas pelo 
monopolista, ou então abandonam o mercado, deixando de consumir o 
produto. Essa situação é encontrada, por exemplo, em indústrias nas quais 
o único produtor tenha patente ou controle sobre uma fonte de recursos 
essencial para a elaboração do produto. (NOGAMI; PASSOS, 2016, p. 17)
Exemplos: monopólio estatal dos Correios e Telégrafos, mercado de fornecimento de 
energia elétrica, saneamento básico, entre outros.
É importante observar que o entendimento do que são essas estruturas é fundamental para 
a análise de custos, pois as características do mercado em que a empresa atua irão determinar a 
condição de obtenção do maior lucro.
1.1.5.2 Mercado de fatores de produção
No mercado de fatores de produção, as famílias é que se constituem como vendedores ou 
prestadores de serviços dos recursos produtivos, enquanto as empresas são as demandantes desses 
itens. Os preços nesse mercado (lucros, juros, salários e aluguéis) também são estabelecidos de 
modo livre, na relação entre vendedores e compradores. Os pagamentos pela aquisição dos fatores 
de produção serão efetuados pelas empresas aos indivíduos quando da aquisição ou contratação 
desses recursos.
Portanto, os fatores de produção tornam-se objeto de transações em um determinado tipo de 
estrutura de mercado, o qual se diferencia pela quantidade de agentes vendedores e compradores e 
pela homogeneidade ou não do fator de produção (NOGAMI; PASSOS, 2016).
15A importância dos fundamentos econômicos
Nesse sentido, as estruturas mercadológicas podem ser classificadas da seguinte forma:
• Concorrência perfeita: tem como condições de existência, entre outras, a oferta 
abundante do fator de produção, o preço constante do fator, o grande número de 
ofertantes e de demandantes, a homogeneidade dos fatores de produção (do ponto de 
vista tanto dos vendedores quanto dos compradores), a total transparência de mercado 
e a inexistência de condições de os ofertantes fixarem preços (são tomadores de preços). 
Exemplo: mercado de trabalho, mercado de recursos naturais.
• Concorrência monopsonística: é uma estrutura do mercado de fatores de produção 
caracterizada por grande número de pequenas empresas compradoras, que compram 
insumos semelhantes, mas não idênticos. Essas companhias têm liberdade para entrar e 
sair da indústria e possuem amplo (mas não perfeito) conhecimento de preços e tecnologia. 
Quatro são as principais características dessa estrutura de mercado, que em muito se 
assemelha à concorrência monopolística: grande número de pequenos compradores; 
produtos semelhantes, mas não idênticos; relativa mobilidade dos recursos; e relativo 
conhecimento, mas não completo, dos preços e da tecnologia.
• Oligopsônio: essa estrutura ocorre quando a compra de fatores de produção está nas 
mãos de três ou mais compradores. Nesse caso, eles têm o poder de determinar os preços 
da compra dos recursos produtivos, que podem ser homogêneos (apresentam substitutos 
perfeitos) ou diferenciados (não apresentam substitutos perfeitos), como apontam Nogami 
e Passos (2016). Como exemplo, podemos citar o que se verifica em cidades interioranas 
produtoras de leite, onde existem duas ou três empresas de laticínios que adquirem a 
maior parte do leite de diversos produtores locais. No setor de fabricação de aeronaves, 
por sua vez, temos apenas quatro grandes companhias dominando o mercado – Boeing, 
Airbus, Embraer e Bombardier. No mercado de cacau, observamos três empresas (Cargill, 
Archer Daniels Midland e Callebaut) adquirindo toda a produção de pequenos países 
produtores de cacau.
• Duopsônio: inversamente ao duopólio, o duopsônio é uma estrutura de mercado em 
que existem apenas dois compradores de um fator de produção e diversos ofertantes. 
A produção dos mais de 17 mil produtores de folhas de tabaco da cidade de Santa Cruz 
do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, é adquirida por apenas duas 
empresas: a Alliance One Brasil Exportadora de Tabacos e a Universal Leaf Tabacos.
• Monopólio bilateral: interessante situação de mercado em que um monopolista se vê 
diante de um monopsonista. Isso significa que existe um único comprador de determinado 
fator de produção, o qual é comercializado por um único vendedor. A Embraer, por 
exemplo, fabrica os aviões de guerra Super Tucano, e o governo brasileiro compra esses 
aviões; a empresa aparece como monopolista na fabricação, enquanto o governo (Força 
Aérea Brasileira) é o monopsonista na aquisição.
Economia e Mercado16
• Monopsônio: de acordo com Nogami e Passos (2016, p. 18), “é o regime ou estrutura 
de mercado em que um único comprador concentra em suas mãos a totalidade de 
compra dos fatores de produção, não obstante ele se defronte com grande número de 
vendedores ou ofertantes de tais fatores”. Nesse caso, os preços não são determinados 
pelos vendedores, mas pelo único comprador. É comum dizer-se que o monopsônio, 
frequentemente, deriva de um monopólio instalado. De fato, o monopólio na venda de um 
produto pode determinar o monopsônio na compra dos fatores de produção do referido 
produto. Uma situação típica desse regime é a de um produtor de automóveis que depende 
de determinado número de fornecedores de algumas peças que não são utilizadas por 
outros fabricantes. Por essa razão, os pequenos fabricantes produzem apenas para essa 
marca de automóveis. O produtor de automóveis desse exemplo pode ser entendido como 
um monopsonista.
Agora que já estão mais claros os conceitos de concorrências perfeita e monopsonística, além 
de oligopsônio, duopsônio, monopólio bilateral e monopsônio, vejamos a relação de todos eles com 
a renda e a riqueza de uma nação.
1.1.6 Renda e riqueza
Existe uma grande distinção entre renda e riqueza. Segundo Nogami e Passos (2016), renda 
é o que se ganha sob a forma de remuneração em determinado período. Riqueza, por outro lado, é a 
soma de todas as coisas que se tem (dinheiro em espécie, dinheiro em contas bancárias, aplicações 
financeiras, ações, conjunto de bens que constituem o patrimônio, propriedades, joias etc.), 
subtraído tudo o que se deve (hipotecas de residências, débitos em cartões de crédito, empréstimos 
pessoais, parcelamentos de compra, entre outros).
Esses são, portanto, alguns dos conceitos básicos da economia. Entender, de maneira clara, 
o significado e a importância deles é fundamental para o estudo dessa ciência.
1.2 Necessidades e desejos das pessoas
Segundo Nogami (2004), quando observamos atentamente o movimento da atividade 
econômica, percebemos que, na sua essência, tudo gravita em torno dos indivíduos que, no dia 
a dia, procuram satisfazer suas necessidades e desejos por meio do consumo. Portanto, podemos 
afirmar que o consumo é a variável mais importante dentro da economia, pois é ele que faz as 
coisas acontecerem. Entretanto, para que as pessoas possam consumir, é necessário queelas tenham 
capacidade e condições de fazer isso, ou seja, precisam ter uma renda.
É possível afirmar que o centro dos problemas sociais de todo o mundo está no indivíduo. 
Mas por quê? De acordo com Nogami (2012), porque carregamos sobre os ombros, todos nós e a 
todo tempo, uma caixa, à qual denomina caixa de desejos. Segundo o autor, “tudo o que fazemos 
ao longo da vida visa obter recursos para simplesmente suprir nossas necessidades e desejos que 
estão dentro dessa caixa” (NOGAMI, 2012, p. 13). A Figura 1 mostra a essência da caixa de desejos 
aplicada ao dia a dia das pessoas na economia.
Figura 1 – Caixa de desejos e a atividade econômica
17A importância dos fundamentos econômicos
Renda Capacidade de 
gastar
Capacidade de 
poupar
Estrutura de 
consumo
Preços
Bens e serviços
ConsumoCaixa de desejos
Indivíduo Empresa
Fonte: Elaborada pelo autor.
Como podemos atender, hoje em dia, às necessidades presentes nessa caixa de desejos? 
“Utilizando-se da linguagem econômica podemos dizer que é pelo consumo de bens e serviços” 
(NOGAMI, 2012, p. 14). Porém, os bens e serviços que consumimos não são gratuitos, eles possuem 
um preço.
Dessa forma, é em função dos preços dos bens e serviços que consumimos para satisfazer 
nossas necessidades e desejos que cada um de nós tem uma estrutura de consumo. Em outras 
palavras, cada um de nós tem uma estrutura de gastos mensais em alimentos, educação, vestuário, 
transportes, saúde, diversão e assim por diante, os quais irão satisfazer nossa caixa de desejos.
E podemos gastar o quanto quisermos? Claro que não, pois, em tese, temos um elemento 
limitador para o consumo, denominado renda. Assim, fica fácil entender toda relação econômica: 
quanto maior a renda, maior o consumo; por outro lado, quanto menor a renda, menor o consumo.
Não podemos esquecer que parte da renda também deverá ser utilizada para a formação de 
nossas economias ou de nossa riqueza (poupança). No campo econômico, essas nossas economias 
são importantes devido a dois aspectos: (1) para que possamos formar nossa riqueza e então 
utilizá-la em nossas aposentadorias e, enquanto isso, desde que adequadamente aplicados, (2)
auxiliar na formação da poupança nacional, que é a base para os investimentos no setor produtivo 
da economia.
Compreendendo essa ideia, entendemos também por que os candidatos a cargos eletivos 
sempre defendem a ideia de aumentar a renda mínima e, consequentemente, a qualidade de 
vida da população. 
Essa é a razão que faz os governantes sempre estarem preocupados com o crescimento e 
o desenvolvimento de suas economias. O crescimento se dá com o aumento no uso dos fatores 
de produção, que irão gerar mais renda para as famílias, visto que passarão a ter mais recursos 
Economia e Mercado18
para poderem consumir. Esse aumento de recursos é o que levará as empresas a produzirem mais, 
utilizando mais fatores de produção, e assim sucessivamente. Como decorrência de todo esse ciclo, 
haverá uma melhoria na qualidade de vida, que é o aspecto mais importante do desenvolvimento.
1.3 Fluxo circular da atividade econômica
Conforme vimos na seção anterior, para que as pessoas possam consumir mais, há a 
necessidade de se ter mais renda – mais lucros, juros, salários e aluguéis sendo gerados na economia. 
E como isso é possível?
Imaginemos, de maneira simplificada, que de um lado estão as famílias e, de outro, as 
empresas. Para que estas possam existir e funcionar, elas dependem, como já foi visto, dos fatores 
de produção fornecidos pelas famílias. Nesse grupo, portanto, incluem-se a capacidade empresarial 
(ou capacidade empreendedora), o capital, a mão de obra e os recursos naturais, todos eles essenciais 
para que uma empresa possa produzir bens e serviços.
Entretanto, as famílias, ao fornecerem esses fatores de produção, não o fazem de modo 
gratuito; esperam, indiscutivelmente, uma remuneração (a nossa maneira de produzir dinheiro para 
poder consumir), a qual virá sob a forma de lucros, juros, salários e aluguéis, que respectivamente 
representam a remuneração da capacidade empresarial, do capital, da mão de obra e dos recursos 
naturais. Esses quatro tipos de remuneração, de modo agregado, formam o que denominamos 
renda.
E as famílias, quando de posse da renda, irão fazer o quê? Naturalmente, irão satisfazer 
suas necessidades e seus desejos por meio do consumo de bens e serviços, que são produzidos 
pelas empresas. Esses bens e serviços, de maneira conjunta, chamamos de produto. Assim, 
esquematicamente, temos o que é demonstrado na Figura 2, a seguir.
Figura 2 – Fluxo circular da atividade econômica (em equilíbrio)
Consumo ($1.000)
Produto
Fatores de 
produção
Renda ($1.000) 
Famílias Empresas
Fonte: Elaborada pelo autor.
A esse esquema damos o nome de fluxo circular da atividade econômica, que nos mostra a 
relação básica de funcionamento de toda a economia (observe que não estamos colocando aqui o 
governo, nem mesmo o setor externo da economia), para que possamos entender seu princípio. 
19A importância dos fundamentos econômicos
Essa relação entre famílias e empresas deve estar permanentemente em equilíbrio, ou seja, toda a 
renda deverá ser utilizada no consumo de bens e serviços (produtos) produzidos pelas empresas.
Numericamente, vamos supor que as empresas paguem R$ 1.000,00 de renda às famílias. 
Para que o fluxo esteja em equilíbrio, é necessário que as famílias consumam R$ 1.000,00. Dessa 
forma, as empresas faturarão R$ 1.000,00 e terão os R$ 1.000,00 para pagarem de renda no mês 
subsequente, e assim sucessivamente.
Agora, vamos imaginar que as famílias deixem de gastar R$ 100,00 para formar sua 
poupança. Essa atitude refletirá no faturamento das empresas, que faturarão R$ 900,00, em vez 
de R$ 1.000,00. As companhias, entretanto, produziram e esperavam vender R$ 1.000,00, fazendo 
surgir um excedente de produção, ao qual podemos chamar de estoque involuntário, no montante 
de R$ 100,00. Diante de uma situação dessa, as empresas costumam reduzir ou dispensar fatores 
de produção, o que implica em uma redução na renda paga às famílias, levando, por fim, a um 
esfriamento da atividade econômica.
Para se evitar isso, partindo do pressuposto de que as famílias aplicaram recursos no valor 
de R$ 100,00 em uma instituição financeira, a empresa poderá recorrer a esses recursos (em forma 
de empréstimo de capital de giro), adicionar esse valor ao faturamento e ter o montante necessário 
para pagar a renda de R$ 1.000,00, permitindo a retomada do equilíbrio. Essa medida pode ser 
observada na Figura 3.
Figura 3 – Fluxo circular da atividade econômica (instituição financeira e a retomada do equilíbrio)
Produto
Renda ($1.000)
Consumo ($900)
Fatores de 
produção
Poupança
$100
Empréstimo
$100
Instituição 
financeira
Empresas
(estoque $100)Famílias
Fonte: Elaborada pelo autor.
Por meio da descrição apresentada na Figura 3, fica fácil entender a importância das 
instituições financeiras em uma sociedade. Elas são intermediadoras de recursos, recebendo de 
quem os tem sobrando e emprestando a quem deles necessita (como as empresas). Isso permite a 
retomada do equilíbrio do modelo econômico, sem que haja contração da atividade econômica.
Dessa forma, podemos entender que o mercado financeiro é um conjunto de instituições 
e instrumentos que possibilitam esse processo de transferência de recursos entre os ofertadores 
(famílias) e os tomadores (empresas).
Economia e Mercado20
Um aspecto importante a salientar é que a poupança das famílias, como já apontamos, é 
responsável pela formação da poupança nacional. Nesse sentido, em vez de esses recursos serem 
canalizados às empresas como empréstimo de capital de giro, poderão ser direcionados sob a forma 
de investimentos – construções, máquinas, equipamentos e ferramentas – para adequar ou ampliar 
a capacidade de produção do país, o que permitirá o aumento de renda da sociedade como um 
todo e, consequentemente, o crescimento do país.
1.4 Fronteira de possibilidadede produção
O grande problema da economia, que é também a razão de seu estudo, é que as necessidades 
e os desejos das pessoas são ilimitados, enquanto a disponibilidade de recursos é escassa. Por isso 
é que os autores costumam definir a economia como uma ciência ligada a problemas de escolha.
Para exemplificar, suponhamos uma economia que tem condições de produzir apenas dois 
tipos de bens: de capital e de consumo. Para um melhor entendimento, vamos considerar alguns 
pressupostos básicos: i) existe uma quantidade fixa de recursos produtivos; ii) todos os recursos 
estão sendo plenamente utilizados; iii) a tecnologia permanece sempre constante. Partindo disso, a 
Tabela 1, a seguir, apresenta as alternativas que essa economia tem na produção de bens de capital 
e de bens de consumo.
Tabela 1 – Possibilidades de produção de uma economia
Opção Bens de consumo (milhões de toneladas)
Bens de capital 
(milhares de toneladas)
Custo de oportunidade
(milhares de toneladas)
A 0 900
B 10 750 150
C 20 550 200
D 30 300 250
E 40 0 300
Fonte: Elaborada pelo autor.
21A importância dos fundamentos econômicos
Ao colocarmos os dados da Tabela 1 em um gráfico, temos o que é apresentado no Gráfico 1.
Gráfico 1 – Curva de possibilidades de produção de uma economia
Bens de consumo
(milhões de toneladas)
Bens de capital
(milhares de 
toneladas)
0
0
100
300
500
700
900
200
400
600
800
1000
10
A
B
C
D HF
3020 40 50
E
Fonte: Elaborado pelo autor.
Pelo Gráfico 1, podemos observar que, se empregássemos todos os recursos disponíveis na 
produção de bens de capital, obteríamos, no máximo, 900 mil toneladas desse bem. Se todos os 
recursos estivessem sendo utilizados na produção de bens de capital, não poderia haver produção 
de bens de consumo e, portanto, ela seria igual a zero (opção A).
No entanto, poderíamos direcionar todos os recursos para a produção de alimentos, obtendo 
assim 40 milhões de toneladas desses produtos. Nesse caso, conforme gráfico 1, a produção de bens de 
capital seria zero, uma vez que não existiriam recursos disponíveis para esse fim (opção E). As opções 
restantes no gráfico e na tabela apresentados, dadas por B, C e D, são de produção combinada entre 
bens de consumo e bens de capital.
Nesse exemplo, todos os pontos sobre a curva de possibilidades de produção indicam que a 
economia está funcionando com eficiência produtiva, que podemos denominar como uma situação 
de pleno emprego, pois está utilizando todos os recursos de produção disponíveis.
Suponhamos que a economia esteja operando no ponto C da curva. Nesse ponto, estão 
sendo produzidas 20 milhões de toneladas de bens de consumo e 550 mil toneladas de bens de 
capital. Se a economia optar por um aumento da produção de bens de consumo, passando a operar, 
por exemplo, no ponto D, ela passará a produzir 30 milhões de toneladas de bens de consumo. 
Entretanto, esse aumento de produção (de 20 para 30 milhões de toneladas) só será possível se 
parte dos recursos utilizados na produção de bens de capital for destinada à produção de bens de 
consumo. Consequentemente, haverá uma redução na produção de bens de capital, de 550 para 
300 mil toneladas. Em outras palavras, podemos dizer que a decisão de produzir mais bens de 
consumo terá um custo de oportunidade de 250 mil toneladas de bens de capital.
Economia e Mercado22
Pode acontecer, muitas vezes, de a economia estar produzindo abaixo de suas possibilidades. 
Isso pode ocorrer porque os recursos produtivos estão ociosos (desemprego, estoques elevados, 
baixa utilização da capacidade instalada, entre outros fatores). Essa situação é representada por 
qualquer ponto no interior da curva de possibilidades de produção (Gráfico 1), a exemplo do 
ponto F.
Em contrapartida, pontos situados além da curva, como o ponto H (no Gráfico 1), são 
inatingíveis. Isso porque envolvem uma combinação de produção de bens de capital e de consumo 
que, em virtude dos recursos e das tecnologias disponíveis, não pode ser realizada. Para perceber 
isso ainda melhor, veja o Gráfico 2 a seguir:
Gráfico 2 – Deslocamento da curva de possibilidades de produção
0 10
200
600
1000
400
800
1200
30 5020 40 60
0
Fonte: Elaborado pelo autor.
Segundo Nogami (2012, p. 71), é possível concluir que “pontos situados além da fronteira só 
poderão ser alcançados mediante aumentos na disponibilidade de fatores de produção […] e/ou 
mediante evolução tecnológica […] que permita o aumento nas possibilidades de produção com os 
mesmos recursos”, o que possibilitaria também a melhoria da competitividade e da produtividade. 
Isso significa que, para alcançar pontos como o H (no Gráfico 1), seriam necessários investimentos 
que permitissem o deslocamento da curva de possibilidades de produção para a direita, como 
mostra o Gráfico 2.
Considerações finais
Ao longo deste capítulo, abordamos os principais fundamentos econômicos, os quais irão 
permitir um melhor entendimento do que será desenvolvido ao longo desta obra. Começamos 
analisando, de maneira geral, o que é a economia, ressaltando as questões econômicas fundamentais, 
abordando os sistemas econômicos, as necessidades humanas, os fatores de produção e a forma 
como os agentes econômicos interagem nas mais diferentes estruturas de mercado.
Apresentamos também a maneira como as famílias e as empresas interagem e destacamos 
o papel de cada uma no funcionamento da economia. Levamos em consideração, para isso, o 
potencial que cada sociedade apresenta, visto por meio da fronteira de possibilidades de produção.
23A importância dos fundamentos econômicos
Ampliando seus conhecimentos
• MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
Entender o mundo em que vive, ser um participante mais perspicaz da economia 
e compreender melhor as potencialidades e os limites da política econômica, essas 
são as três principais razões para se estudar os fundamentos da economia segundo 
Gregory N. Mankiw. Esse livro se mostra como um bom manual de consulta ao 
tratar de temas complexos da economia com bastante clareza e objetividade, além de 
trazer estudos de caso, definições de conceitos-chave, testes, questões para revisão, 
problemas, aplicações etc.
• NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos R. Martins. Princípios de economia. 7. ed. São Paulo: 
Cengage Learning, 2016.
Escrito em linguagem acessível, esse livro apresenta uma abordagem atual e com 
estatísticas relevantes sobre a economia brasileira, o que permite que se estabeleça contato 
entre os fundamentos e os conceitos discutidos neste capítulo e que abordam a realidade 
que nos cerca.
Atividades
1. Considerando o que foi abordado neste capítulo, como você definiria ciência econômica?
2. Explique detalhadamente a diferença entre bens, serviços e recursos produtivos. Exemplifique 
cada conceito.
3. O que são agentes econômicos? Como se classificam?
4. Qual a utilidade da curva de possibilidades de produção?
Referências
GOVERNO. In: MEUS DICIONÁRIOS. Significado de Governo. Disponível em: https://www.meusdicionarios.
com.br/governo. Acesso em: 29 jul. 2019.
MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
NOGAMI, Otto. Não seja o pato do mercado financeiro: as aventuras do Pato Rico. São Paulo: 
Avercamp, 2004.
NOGAMI, Otto. Economia. Curitiba: IESDE, 2012.
NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos R. M. Princípios de economia. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
SANDRONI, Paulo (Org.). Novíssimo dicionário de economia. 2. ed. São Paulo: Best Seller, 1999.
2
A percepção estratégica da economia de empresas
No primeiro capítulo, falamos de dois agentes econômicos que fazem a economia 
funcionar – as famílias, constituídas de indivíduos, e as empresas. As relações entre esses 
elementos foram retratadas no fluxo circular da atividade econômica. Assim, torna-se 
importante entender também como eles interagem nos processos de produção, venda (oferta) 
e compra (demanda) de bens e serviços.
Essas relações de venda e compra, bemcomo a produção e os custos envolvidos nesses 
processos, são tratados pela microeconomia1, que tem como maior preocupação entender o 
comportamento dos indivíduos, das empresas e dos proprietários dos fatores de produção, nos 
mercados de bens e serviços e nos de fatores de produção.
Conforme Nogami e Passos (2016, p. 75), os objetivos básicos da Teoria Microeconômica é 
responder a questões como:
• O que determina o preço dos mais diferentes tipos de bens e serviços?
• O que determina a remuneração de um trabalhador?
• O que determina quanto de cada mercadoria será produzida?
• O que determina a maneira como um indivíduo gasta a sua renda entre os mais diferentes 
bens e serviços?
Assim, inicialmente, vamos entender como funcionam os mercados e a maneira como 
preços e quantidades são determinados, bem como entender como eles reagem à medida que há 
uma interferência do governo nessas relações. Em seguida, vamos esclarecer o que é o consumidor; 
como ele reage à sua renda; à propaganda e ao preço dos produtos, tanto dos substitutos (produtos 
de natureza diferente, mas substitutos um do outro), dos concorrentes (produtos de mesma 
natureza e com as mesmas características) e dos complementares (produtos de demanda conjunta). 
Posteriormente, abordaremos as teorias da produção e de custos, cujos conceitos são básicos para 
o entendimento da precificação de bens e serviços.
2.1 Teoria do consumidor
Como visto anteriormente, as famílias, para adquirirem bens e serviços, interagem com as 
empresas em um ambiente chamado mercado. Nesse ambiente, os consumidores se apresentam 
sempre querendo pagar o menor preço, enquanto as empresas estão sempre dispostas a cobrar o 
maior preço. Outro detalhe importante, é que as pessoas têm a predisposição de adquirir maiores 
quantidades de um bem ou serviço quanto menores forem seus preços, e menores quantidades à 
medida que o preço aumenta.
1 A Microeconomia é o ramo da economia que estuda o comportamento dos indivíduos em relação às suas decisões 
de consumir e o comportamento das empresas no que diz respeito à produção e aos custos de bens e serviços.
Economia e Mercado26
Analisaremos, então, o comportamento das famílias e das empresas e observaremos como 
conseguem chegar a um preço que satisfaça ambas as partes para uma determinada quantidade.
2.1.1 A demanda
A demanda representa o lado do demandante ou do comprador de um determinado bem 
ou serviço e se refere à quantidade que ele está disposto e capacitado a comprar em uma unidade 
de tempo.
Este consumidor, na decisão de adquirir um bem ou serviço, é influenciado por um ou mais 
fatores, tais como:
• o preço do bem ou serviço;
• o salário ou a renda do consumidor;
• os gostos e as preferências do consumidor;
• o preço dos produtos substitutos;
• o preço dos produtos concorrentes;
• a propaganda.
Se pegarmos uma relação de preços e quantidades que o mercado está disposto a demandar 
de um determinado produto, por exemplo, um energético, temos condições de elaborar uma tabela 
como a apresentada a seguir.
Tabela 1 – Escala de demanda de energéticos
Preço (R$/garrafa)
Quantidade 
(garrafas/mês)
12,00 0
10,00 5
8,00 10
6,00 15
4,00 20
Fonte: Elaborada pelo autor.
Com base nessa escala, podemos montar um gráfico como o que se encontra a seguir.
Gráfico 1 – Demanda de mercado por energéticos
14
12
20 30
Quantidade
Preço 
(R$)
10
10
8
6
4
2
0
0
Fonte: Elaborado pelo autor.
27A percepção estratégica da economia de empresas
O desenho formado no Gráfico 1 é chamado de curva de demanda (ainda que, nesse caso, 
tenha se formado uma reta), que nos mostra as quantidades que o mercado está predisposto a 
consumir a cada nível de preço. Observe que ao preço de R$ 12,00 o consumidor não está disposto 
a adquirir nenhuma quantidade, mas vai desejando comprar mais à medida que o preço cai. Nesse 
caso, então, podemos dizer que a reta tem declividade negativa.
É importante lembrar que cada produto ou serviço tem sua própria curva de demanda, a 
qual retrata o comportamento do consumidor com relação às quantidades que ele deseja consumir 
em função dos mais diferentes níveis de preço por unidade de tempo.
2.1.2 A oferta
A oferta representa o lado dos ofertantes ou dos vendedores de determinado bem ou serviço, 
e nos mostra as quantidades que eles estão dispostos a oferecer ao mercado a cada nível de preço 
em uma unidade de tempo.
Essa disposição, à exemplo da demanda, também depende de um conjunto de fatores, dentre 
os quais podemos destacar:
• o preço do bem ou serviço;
• os preços de outros bens ou serviços;
• os preços dos fatores de produção;
• os métodos de produção disponíveis (tecnologia);
• as expectativas;
• as condições climáticas.
A Tabela 2, a seguir, apresenta as quantidades que os produtores de um bem (energético, 
conforme o exemplo anterior) estão dispostos a produzir e vender a cada nível de preço.
Tabela 2 – Escala de oferta de energéticos
Preço (R$/garrafa)
Quantidade 
(garrafas/mês)
14,00 25
12,00 20
10,00 15
8,00 10
6,00 5
4,00 0
Fonte: Elaborada pelo autor.
Ao contrário do que acontece com a demanda, podemos observar que o produtor está 
disposto a vender maiores quantidades quanto maior for o preço do produto, e que, ao preço de R$ 
4,00, ele não deseja vender nenhuma unidade.
Economia e Mercado28
Os dados apresentados nos permitem elaborar um gráfico representativo da curva da oferta 
(Gráfico 2), que compila essas características do produtor. Observe que este, ao contrário da curva 
da demanda, tem uma declividade positiva.
Gráfico 2 – Oferta de mercado de energéticos
0
0
4
8
12
2
6
10
14
16
10 205 15 25 30
Fonte: Elaborado pelo autor.
De acordo com Nogami e Passos (2016, p. 92), “a oferta de um produto ou serviço qualquer, 
em determinado período de tempo, varia na razão direta da variação de preços desse produto ou 
serviço, a partir de um nível de preços tal que seja suficiente para fazer face ao custo de produção 
do mesmo”. Ou seja, a variação do preço do produto ou serviço está diretamente relacionada à 
oferta desse produto.
2.1.3 As condições de equilíbrio
Apresentadas as características dos demandantes e dos ofertantes, vamos colocá-los frente a 
frente, no ambiente denominado mercado – cada um deles com seu próprio comportamento. Isso 
se faz sobrepondo as linhas da demanda e da oferta em um único gráfico, apresentado no Gráfico 3.
Gráfico 3 – O equilíbrio de mercado de energéticos
0
0
4
8
12
2
6
10
14
16
10 205 15 25 30
E
OfertaPreço 
(R$)
Demanda
P0
Q0
Quantidade (unidades)
Fonte: Elaborado pelo autor.
29A percepção estratégica da economia de empresas
No Gráfico 3, podemos observar que, apesar dos comportamentos diferentes dos 
vendedores e dos compradores, suas curvas se cruzam no denominado ponto de equilíbrio 
(ponto E no gráfico). É esse ponto que determina um preço de equilíbrio (R$ 8,00), ou preço 
de mercado, que satisfaz simultaneamente produtores e consumidores, e uma determinada 
quantidade de equilíbrio (10 unidades).
Assim, quando não houver nenhum tipo de interferência nessa relação entre produtores e 
consumidores, o preço de comercialização converge a um ponto de equilíbrio que satisfaz ambas 
as partes a uma determinada quantidade.
Para melhor entender como isso ocorre, vamos imaginar que, por uma razão qualquer, o 
preço esteja acima do ponto de equilíbrio, conforme pode ser visto no Gráfico 4. Ao preço de 
R$ 10,00, os consumidores estarão dispostos a demandar 5 unidades do produto (ponto A), 
enquanto os vendedores irão ofertar 15 unidades (ponto B), acarretando um excesso de oferta ou 
escassez de demanda. Se nada for feito, os vendedores terão um acúmulo de estoques, o que não 
é interessante para eles. Para se desfazer desses estoques, os vendedores tendem a reduzir o preço, 
que naturalmente começa a caminhar em direção ao equilíbrio.
Gráfico 4 – Excesso de oferta e o ajuste de preço
0
0
4
8
12
2
6
10
14
16
10 205 15 25 30
E
A
C D
B
OfertaDemanda
P0
Q0
Preço
(R$)
Quantidade (unidades)
Excesso de oferta
Fonte: Elaborado pelo autor.
Por outro lado, se o preço estiver em R$ 6,00, os ofertantes estarão dispostos a ofertar 5 
unidades do produto (ponto C), enquanto muitas pessoas estarão dispostas a adquirir 15 unidades 
(ponto D). Essa situação ocorrerá porque, a preços mais baixos, poucos serão os produtores 
dispostos ou em condições de produzir. Dessa forma, com a quantidade a ser demandada maior 
que a quantidade ofertada, haverá escassez de oferta ou excesso de demanda. Nessa situação, muitos 
consumidores estarão dispostos a pagar mais pelo produto, fazendo com que o preço comece a 
caminhar em direção ao equilíbrio, conforme pode ser visto no Gráfico 5.
Economia e Mercado30
Gráfico 5 – Escassez de oferta e o ajuste de preço
0
0
4
8
12
2
6
10
14
16
10 205 15 25 30
E
C D
Oferta
P0
Preço
(R$)
Quantidade (unidades)
Escassez de oferta demanda
Fonte: Elaborado pelo autor.
Toda essa dinâmica de mercado foi pela primeira vez observada e analisada pelo economista 
britânico Adam Smith, em sua famosa obra A Riqueza das Nações, onde comentou que
cada pessoa [...] não está cuidando de promover o interesse público, nem sabe o 
quanto o está promovendo [...]. Busca apenas seu próprio ganho, e é neste, como 
em muitos outros casos, que é conduzido por uma mão invisível para promover 
um fim que não fazia parte da sua intenção. E nem isto é pior para a sociedade 
do que se não fizesse parte. Buscando seu próprio interesse, ele muitas vezes 
promove o interesse da sociedade melhor do que se estivesse buscando fazê-lo. 
(MANKIW, 2001)
Em resumo, segundo Mankiw (2001), Adam Smith defende que os participantes da economia 
estão motivados pelo autointeresse e que a mão invisível do mercado orienta esse autointeresse na 
busca do bem-estar econômico geral.
É importante salientar que essas curvas, tanto da demanda como da oferta, podem 
se movimentar tanto para direita como para esquerda, em função de fatores que alterem o 
comportamento do consumidor. Elas tendem a se movimentar para esquerda quando algum fator, 
que não o preço do produto, afeta negativamente o comportamento do consumidor ou produtor, e 
para direita quando o fator afeta positivamente, alterando preços e quantidades de comercialização.
Como exemplo, vamos considerar que a renda real da sociedade (renda depois de descontada 
a inflação) aumente ao longo do tempo, aumentando também o poder de compra do consumidor, 
o que o levará a consumir mais energéticos, tudo o mais mantido constante. Isso fará com que 
apenas a curva da demanda se desloque para a direita (fator que contribui positivamente para o 
aumento da demanda), como pode ser observado no Gráfico 6, a seguir.
31A percepção estratégica da economia de empresas
Gráfico 6 – Deslocamento da curva da demanda por aumento de renda
0
0
4
8
12
2
6
10
14
16
18
10 205 15 25 30
E
E’
Oferta
Preço 
(R$)
Demanda
P0
P1
Q0 Q1 Quantidade (unidades)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Esse deslocamento da curva, por sua vez, fará com que um novo ponto de equilíbrio 
surja (E’), que determinará um novo preço (R$ 10,00) e uma nova quantidade de equilíbrio 
(15 unidades). Ou seja: aumentam as quantidades demandadas e, consequentemente, os preços 
também aumentam, conforme demonstrado no Gráfico 6.
2.1.4 Intervenções do governo
Quando afirmamos que os preços se ajustam naturalmente em direção ao ponto de 
equilíbrio, frisamos um detalhe que é a de não haver nenhum tipo de interferência. Porém, uma das 
interferências mais importantes é a atuação do governo nessa dinâmica de mercado, controlando os 
preços de determinados produtos. O problema é a fixação de preços máximos ou preços mínimos 
com a intenção de beneficiar o consumidor ou o produtor.
Vejamos, a seguir, os movimentos da intervenção do governo na dinâmica do mercado.
2.1.4.1 Preços máximos
A fixação de preços máximos é uma política que pode ser adotada pelo governo quando lhe 
parecer que o preço de determinado produto ou serviço, estabelecido pelo mercado, encontra-se 
em um nível muito elevado. O preço estabelecido pelo governo, nesse caso, deve ser inferior ao 
preço de equilíbrio.
Nos anos em que nossa economia viveu momentos de inflação alta, o controle de preços foi 
um instrumento de política econômica muito utilizado pelo governo em defesa do consumidor. 
Isso porque o estabelecimento de preços máximos permite aos ofertantes venderem seus produtos 
a qualquer nível de preço, desde que não ultrapasse o teto estabelecido pelo governo. No Gráfico 7, 
a seguir, temos a representação gráfica desse tipo de medida.
Economia e Mercado32
Gráfico 7 – Preço máximo no mercado de gasolina
Oferta
E
A B
Demanda
Excesso de demanda
0
2
2,5
3
3,5
3,80
4
4,5
5
5,5
40 60 8020
Quantidade 
(bilhões de litros)
Preço
(R$)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Na condição de equilíbrio, o preço do combustível está em R$ 3,80 para uma demanda de 
40 bilhões de litros/ano. Se o governo fixar um preço máximo de R$ 3,00 para o litro de gasolina, o 
mercado terá a predisposição de demandar 60 bilhões de litros/ano, enquanto os ofertantes estarão 
dispostos a vender apenas 20 bilhões de litros/ano. Nessas condições, nem toda a quantidade 
desejada pelos consumidores estará disponível, acarretando uma escassez de oferta ou um excesso 
de demanda de 40 bilhões de litros/ano. No gráfico, a escassez de oferta pode ser visualizada pela 
distância entre os pontos A e B, e ela persistirá enquanto o preço se mantiver em R$ 3,00.
Essa condição de escassez pode fazer surgir filas nos postos de gasolina, vendas por 
“debaixo do pano”, ou mesmo um mercado ilegal.
2.1.4.2 Preços mínimos
A política de preços mínimos objetiva beneficiar o produtor, garantindo a ele preços 
superiores ao preço de equilíbrio de mercado. Um dos que mais se beneficiam desse tipo de prática 
do governo é o mercado de produtos agrícolas, especialmente quando há intenção de manter o 
produtor na atividade. Outro contexto em que essa prática é adotada, desde a década de 1930, é no 
mercado de trabalho, com a fixação do salário mínimo2.
Ainda no mesmo exemplo da seção anterior, analisando graficamente o preço mínimo no 
mercado de gasolina, temos o Gráfico 8, no qual nota-se que, ao preço de R$ 4,60, os consumidores 
desejam comprar 20 bilhões de litros/ano de gasolina, enquanto os vendedores estarão 
dispostos a oferecer 60 bilhões de litros/ano desse produto. Por consequência, há um excesso 
de oferta no mercado de 40 bilhões de litros/ano, dado pela diferença de 60-20 bilhões de 
2 No Brasil, o salário mínimo surgiu com a promulgação da Lei n. 185, de 14 de janeiro de 1936 e do Decreto-Lei n. 
399, de 30 de abril de 1938. Em 1º de maio de 1940, o então presidente Getúlio Vargas fixou 14 valores do salário mínimo 
para diferentes regiões do país. Por exemplo, fixou em 240 mil réis no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, e em 220 
mil réis para São Paulo. Essas diferenças eram determinadas pela característica da economia regional, algumas mais 
desenvolvidas que outras.
33A percepção estratégica da economia de empresas
litros/ano. Se não houvesse interferência governamental nesse mercado, esse excesso de oferta 
desapareceria com uma gradual redução de preço.
Gráfico 8 – Preço mínimo no mercado de gasolina
Oferta Demanda
Excesso de oferta
0
2
2,5
3
3,5
3,80
4
4,5
5
5,5
40 60 8020
Quantidade (bilhões de litros)
Preço
(R$)
E
A B
4,60
Fonte: Elaborado pelo autor.
Nessas condições, o governo pode adotar dois tipos de solução: adquirir o excedente de 
produção ou criar um programa de subsídio ao combustível.
No caso de compra do excedente de produção, o governo compraria os 40 bilhões de litros/
ano ao preço de R$ 4,60, dispendendo, para tanto, R$ 184 bilhões, representado pela área retangular 
FABG no Gráfico 9, a seguir. Essa aquisição do excedente pode constituir o chamado estoque 
regulador, mantido pelo governo e desovado no mercado de acordo coma sua conveniência no vai 
e vem dos preços.
Gráfico 9 – Preço mínimo e o programa de compras no mercado de gasolina
Excesso de oferta
0
2
2,5
3
3,5
3,80
4
4,60
5
5,5
40 60 8020
Quantidade (bilhões de litros)
Preço (R$)
A
G
DemandaOferta
F
B
E
Fonte: Elaborado pelo autor.
Economia e Mercado34
Já no caso de um programa de subsídio, o governo permite que o preço praticado seja 
menor que o preço mínimo – por exemplo, R$ 3,00, que corresponde, segundo a curva da 
demanda, à quantidade que os produtores estarão dispostos a ofertar e os consumidores a 
comprar. Porém, para manter a receita dos produtores, o governo paga a estes a diferença entre 
o preço pago pelo consumidor e o preço mínimo, que se constitui no subsídio.
Gráfico 10 – Preço mínimo e o programa de subsídio no mercado de gasolina
Excesso de oferta
0
2
2,5
3
3,5
3,80
4
4,60
4,5
5
5,5
40 60 8020
Quantidade 
(bilhões de litros)
Preço
(R$)
DemandaOferta
E
B
M
A
L
Fonte: Elaborado pelo autor.
Este subsídio pago é representado pelo retângulo LABM do Gráfico 10, que perfaz um 
montante de R$ 96 bilhões. O governo deve sempre optar pela política menos dispendiosa para 
ele – no caso do exemplo aqui citado é o programa de subsídio.
2.1.5 Elasticidade da demanda
De acordo com o que vimos até agora, podemos dizer que a demanda por um bem ou 
serviço depende do seu preço, da renda do consumidor e do preço dos produtos correlacionados 
(substitutos, concorrentes e complementares). Vimos que a oferta depende do preço, bem como 
de outras variáveis que fazem a curva da oferta se movimentar. Nesse sentido, se a renda do 
consumidor aumenta, a demanda também tende a aumentar.
No dia a dia de uma empresa, a grande pergunta que surge é: qual será o valor desse aumento? 
E é nesse sentido que se destaca o conceito de elasticidade, que nos permite mensurar o quanto a 
quantidade de um determinado bem ou serviço vai se alterar em função da variação do preço do 
produto, da renda ou dos produtos correlacionados.
2.1.5.1 Elasticidade-preço da demanda
O conceito de elasticidade-preço da demanda procura avaliar quanto a quantidade de um 
bem ou serviço irá variar à medida que seu preço varia, bem como analisar o grau de sensibilidade 
do consumidor com relação ao preço do produto. E é por meio do grau de sensibilidade que 
conseguimos saber se o produto é essencial ou supérfluo para o consumidor.
35A percepção estratégica da economia de empresas
Genericamente, calculamos a elasticidade-preço da demanda (Ed) por meio da 
seguinte fórmula:
Ed = ΔQ% / ΔP%
onde ∆Q% representa a variação da quantidade em termos percentuais e ∆P% a variação de 
preços em termos percentuais.
Como preço e quantidade são inversamente relacionados, o coeficiente elasticidade-preço 
da demanda é sempre um número negativo. O resultado obtido nos permite classificar o bem 
ou serviço. A demanda será elástica, característica dos produtos chamados supérfluos, quando o 
resultado for menor que -1, e inelásticos quando estiver entre -1 e zero.
Nos extremos, se a Ed for igual a zero, dizemos que o produto é totalmente inelástico a preço, 
ou seja, num determinado intervalo de variação de preço, a quantidade demandada não varia. No 
outro extremo, se a Ed tender a menos infinito, dizemos que o produto é perfeitamente elástico, o 
que quer dizer que, dado um preço, a quantidade demandada é infinita.
Suponhamos que um determinado cereal matinal apresente uma variação de preço de +2% e 
que, em função desse aumento, a demanda tenha caído 4%. Qual a elasticidade-preço da demanda 
desse cereal?
Ed = ∆Q% / ∆P%
Ed = -4 / +2
Ed = -2
O resultado encontrado permite afirmar que esse cereal matinal é elástico a preço, portanto, 
supérfluo. A cada 1% de aumento no preço, a quantidade demandada cairá 2%; se o preço cair 1%, 
a quantidade demandada aumentará 2%.
2.1.5.2 Elasticidade-renda da demanda
O coeficiente de elasticidade-renda da demanda (Er) mede a variação percentual da 
quantidade do produto comprado por unidade de tempo, resultando de uma variação percentual 
na renda do consumidor. Assim:
Er = ΔQ% / ΔR%
onde ∆Q% é a variação da quantidade demandada em termos percentuais e ∆R% é a variação 
percentual da renda do consumidor.
Quando Er é negativo, dizemos que o produto é um bem inferior, ou seja, um produto 
cuja demanda cai à medida que aumenta a renda da sociedade. Se Er for positivo, classificamos 
o produto como um bem normal. Um bem normal é usualmente um bem essencial se Er estiver 
entre zero e 1; de outra forma, se Er for maior que 1, dizemos que o produto é supérfluo ou de luxo.
Dependendo do nível de renda do consumidor, o conceito de Er pode variar de forma 
significativa. Dessa maneira, um bem pode ser de luxo para pessoas de baixo nível de renda e 
uma necessidade para os de nível de renda intermediário e ainda um bem inferior para pessoas 
de alto nível de renda.
Economia e Mercado36
Uma pesquisa sobre o mercado de cervejas no Brasil apontou que determinada marca 
apresenta um Er = -0,26. Considerando que as projeções indicam que a renda deve aumentar 2,5% 
nos próximos anos, que preocupação começa a surgir na fabricante desse produto?
Com base nessas informações, podemos calcular o que acontecerá com a demanda dessa 
cerveja. Vejamos, fazendo as devidas substituições pelos valores na fórmula:
Er = ∆Q% / ∆R%
-0,26 = ∆Q% / 2,50
∆Q% = -0,65
Pelo resultado obtido, temos que a quantidade demandada cairá 0,65%. Genericamente, 
podemos afirmar que, para cada 1% de aumento na renda do seu público consumidor, eles deixarão 
de consumir essa cerveja em 0,65%.
2.1.5.3 Elasticidade-cruzada da demanda
O coeficiente da elasticidade cruzada (Ec) de um produto X com relação a outro produto Y 
mede a variação percentual da quantidade de X adquirida em um determinado período, resultante 
da variação percentual no preço do produto Y. O cálculo é definido pela fórmula:
Ec = ΔQx% / ΔPy%
Se os produtos X e Y forem bens ou serviços substitutos ou concorrentes, Ec é positivo. 
Por outro lado, se X e Y são bens complementares, Ec é negativo. Quando as mercadorias não se 
relacionam (isto é, quando são independentes uma da outra), o Ec é igual a zero.
A título de exemplo, consideremos que a elasticidade-cruzada da demanda entre margarina 
e manteiga é de 1,53, o que nos permite afirmar que estes produtos são substitutos entre si. A cada 
1% de variação no preço da manteiga, a demanda por margarina variará 1,53%. Assim, se o preço 
da manteiga cair 5%, a demanda por margarina deverá cair 7,65%, conforme cálculo a seguir:
Ec = ΔQmargarina% / ΔPmanteiga%
1,53 = ΔQmargarina% / -5
ΔQmargarina% = -7,65
Podemos perceber, pelo exemplo, que a elasticidade-cruzada da demanda é uma importante 
ferramenta para se analisar como um produto se coloca no mercado com relação à sua concorrência, 
permitindo, inclusive, determinar o grau de relacionamento entre eles.
2.1.6 Elasticidade-preço da oferta
Outro importante instrumento para analisar mercados é a elasticidade-preço da oferta (Es), 
que mede a variação percentual da quantidade ofertada de um bem ou serviço por unidade de 
tempo, resultante de uma dada variação percentual no preço da mercadoria. Assim, esse coeficiente 
é calculado utilizando-se a seguinte fórmula:
Es = ΔQ% / ΔP%
37A percepção estratégica da economia de empresas
Quando a curva da oferta tem inclinação positiva (usual), preço e quantidade movem-se na 
mesma direção, portanto, o Es será sempre maior que zero. Para melhor compreensão das variações 
na elasticidade-preço da oferta, a curva da oferta diz-se:
• Inelástica, para Es menor que 1 e maior que 0 (0 < Es < 1)
• elasticidade unitária, se Es igual a 1 (Es = 1)
• elástica, quando Es for maior que 1 (Es > 1)
Duas situações extremas podem ocorrer: a de uma oferta perfeitamente inelástica ou rígida, 
e a de uma oferta infinitamente elástica ou perfeitamente elástica.
No caso da oferta perfeitamente inelástica, Es é igual a zero, isto é, as quantidades ofertadasde um produto permanecerão constantes, independentemente das variações que possam sofrer 
os preços desse bem ou serviço. O melhor exemplo para tipificar essa situação são os produtos 
agrícolas. Ao longo de uma safra, por mais que os preços variem, a quantidade a ser ofertada - em 
condições normais - será uma só, e o produtor não tem condições de aumentar ou reduzir a sua 
área plantada em função do preço.
Em outra situação, na qual as empresas apresentam altos níveis de estoque, diante da 
necessidade de zerá-lo de um dia para outro, a um determinado preço, estaremos diante de uma 
elasticidade da oferta infinitamente elástica.
2.2 Teoria da produção
Esse tema envolve as questões referentes não só ao produto ou serviço a ser produzido, 
mas também aos tipos e quantidades de insumos – como terra, mão de obra (braçal e intelectual), 
matérias-primas e materiais processados, máquinas, equipamentos, ferramentas, instalações e 
capacidade de gestão – que serão utilizados na produção de determinada quantidade do produto.
A título de exemplo, para a produção de um automóvel, são necessários vários fatores de 
produção: trabalho (que inclui o trabalho dos operários, dos engenheiros etc.), capital humano (que 
inclui o conhecimento e a experiência de cada trabalhador), capital físico (que inclui máquinas, 
equipamentos e ferramentas, assim como o prédio e suas instalações) e a terra (sobre a qual se 
construiu o prédio). Além disso, a montadora se utilizou também de muitos outros produtos 
produzidos por outras empresas, incluindo-se aí motores, vidros, estofamentos, pneus e matérias-
primas como cabos, tintas, rebites etc. Assim, utilizando-se de uma determinada tecnologia, que 
é o método pelo qual os recursos são combinados para produzir bens e serviços, a montadora 
consegue produzir o automóvel. Esquematicamente, conforme a Figura 1, temos:
Figura 1 – Processo de produção
Fatores de produção
Processos ou métodos 
de produção
Bens e serviços
Fonte: Elaborada pelo autor.
Economia e Mercado38
Todo esse processo de produção pode ser retratado por uma equação, uma tabela ou um 
gráfico, desde que mostre as quantidades máximas que se pode produzir de uma mercadoria ou 
serviço, em determinado período de tempo, utilizando-se de diferentes combinações de insumos e 
quando a melhor técnica de produção disponível é utilizada.
2.2.1 Função de produção
Para que possamos entender os fundamentos que norteiam a teoria da produção, vamos 
trabalhar com um exemplo bem simples: uma produção agrícola utiliza uma quantidade de mão de 
obra por unidade de tempo para cultivar uma quantidade fixa de terra. A Tabela 3, a seguir, mostra 
os volumes possíveis de produção à medida que se varia a quantidade de mão de obra no mesmo 
espaço de terra disponível.
Tabela 3 – Produção agrícola
Terra (hectares) Mão de obra (unidades) Produção (toneladas)
10 0 0
10 1 3
10 2 8
10 3 12
10 4 15
10 5 17
10 6 17
10 7 16
10 8 13
Fonte: Elaborada pelo autor.
Podemos representar o fator de produção Terra por K, a Mão de obra, por L, e a Produção por 
Q. Observando a Tabela 3, podemos dizer que a produção total depende da terra e da quantidade 
de mão de obra, ou seja:
Q = f (K, L)
Nessa fórmula, K não varia, portanto é um fator fixo de produção, e L varia, então é fator 
variável de produção. Em outras palavras, a quantidade a ser produzida depende do número de 
trabalhadores a serem utilizados em um mesmo espaço de terra.
Os dados da Tabela 3 estão representados graficamente no Gráfico 11, a seguir.
39A percepção estratégica da economia de empresas
Gráfico 11 – Curva da produção agrícola
0
0
3 6
6
1 4
4
72
2
5 8
8
10
12
14
16
18
9
Produção total
Número de trabalhadores (L)
Produção
total (Q)
(toneladas)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Observando o Gráfico 11, constatamos que, à medida que se empregam mais unidades 
de mão de obra, a produção cresce, até atingir a produção total máxima (17 toneladas) com 5 
trabalhadores – a inclusão do sexto trabalhador nada acrescenta à produção total. A partir desse 
ponto, o resultado do emprego de unidades adicionais de trabalho é a diminuição da produção total. 
Este fenômeno ocorre pela existência de pelo menos um fator fixo de produção, ou seja, a limitação 
de área ou de equipamentos impede o aumento da produção por um excesso de trabalhadores.
2.2.2 O produto médio e o produto marginal
A partir dessas características da produção total, podemos extrair dois conceitos importantes: 
produto médio (PMe) e produto marginal (PMg).
O produto médio do trabalho é definido pela produção total (Q) dividida pelo número de 
unidades de mão de obra utilizado, como na seguinte fórmula:
PMe = Q / L
Já o produto marginal do trabalho é dado pela variação da produção total (∆Q) dividida 
pela variação de uma unidade na quantidade de trabalho utilizada (∆L), como na fórmula a seguir:
PMg = ∆Q / ∆L
Em outras palavras, por essa definição podemos ter a ideia de quanto cada trabalhador 
adicional contribui para o aumento da produção total.
Economia e Mercado40
Com base nesses conceitos, podemos elaborar a Tabela 4, a seguir, na qual temos os valores 
do produto médio por trabalhador para cada quantidade utilizada de mão de obra e os valores do 
produto marginal, que nos mostram quanto cada trabalhador adicional contribui para o aumento 
da produção total.
Tabela 4 – Produto médio e produto marginal na produção agrícola
Terra 
(hectares)
Mão de obra 
(unidades)
Produção 
(toneladas)
Produto médio 
PMe = Q/L
Produto marginal 
PMg = ∆Q / ∆L
10 0 0 - -
10 1 3 3,00 3
10 2 8 4,00 5
10 3 12 4,00 4
10 4 15 3,75 3
10 5 17 3,40 2
10 6 17 2,83 0
10 7 16 2,29 -1
10 8 13 1,63 -3
Fonte: Elaborada pelo autor.
Com base nos dados da Tabela 4, podemos elaborar o Gráfico 12, apresentado a seguir, 
no qual estão representados os produtos médio e marginal associados as várias quantidades de 
trabalho utilizadas e a produção total.
Gráfico 12 – Curvas da produção total, de produto médio e produto marginal
Número de trabalhadores (L)
PMg, Produto Marginal
PMe, Produto Médio
Q, Produção Total
0
0
2 4 6 81 3 5
5
-5
10
15
20
7 9
Pr
od
uç
ão
 T
ot
al
 (Q
) (
to
ne
la
da
s)
Fonte: Elaborado pelo autor.
Segundo Nogami e Passos (2016), considerando que o PMg foi definido como a variação 
na produção total decorrente da variação de uma unidade da mão de obra – um dentre outros 
exemplos de fator de produção variável –, cada valor do produto marginal deve ser representado no 
ponto médio do intervalo entre duas unidades. A forma da curva de produção total correspondente 
é o que determina as formas das curvas de PMe e PMg. Assim, verificamos que tanto o PMe quanto 
o PMg crescem, atingem um máximo e então decrescem. É possível perceber, também, que o PMg 
41A percepção estratégica da economia de empresas
está acima do PMe enquanto este aumenta, iguala-se ao PMe quando este atinge seu ponto de 
máximo e fica abaixo do PMe à medida que este diminui.
2.2.3 Rendimentos de escala
O comportamento do produto médio e do produto marginal está também relacionado ao 
que denominamos rendimentos de escala, que é a relação entre a produção e a utilização de fatores 
de produção. O rendimento de escala pode ser utilizado para as análises de eficiência técnica 
de produção, e é medido pela quantidade de produto obtido por unidade de fator de produção 
empregado, ou seja, pela produtividade.
O aumento da produção só pode chegar até certo volume, pois a produtividade começa a 
cair, fazendo decrescer a eficiência produtiva.
2.2.3.1 Rendimentos crescentes de escala
O fenômeno do rendimento crescente de escala ocorre pela especialização no uso do capital 
e do trabalho. Como exemplo, podemos citar as seguintes situações:
• A mão de obra se torna mais especializada à medida que o tempo passa, devido ao 
processo de aprendizagem que ocorre conforme o trabalhador permanece mais tempo no 
exercício de sua função.
• Um aumento no volume de produção, num primeiro

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