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ALDENCAR COÊLHO – 21.2 1 • Também denominada de torção do funículo espermático, é uma urgência urológica, faz parte do quadro ‘‘escroto agudo’’, sendo a mais frequente e importante causa de escroto agudo. • Se não for diagnosticada e tratada adequada e prontamente por procedimentos quase sempre cirúrgicos, pode implicar morbidade importante e até em retirada cirúrgica do testículo. • A torção do funículo espermático está relacionada à mobilidade do testículo e ao seu longo pedículo vasculonervoso, o cordão espermático ou funículo espermático. Uma rotação inadequada do testículo em torno de um de seus eixos provoca a torção do seu pedículo, causando prejuízo na irrigação sanguínea, que se inicia pela parte venosa, e comprometendo o testículo e outros tecidos dela dependentes. CLASSIFICAÇÃO • Em relação a túnica vaginal, a torção testicular pode ser: EXTRAVAGINAL: Mais frequente entre os recém-nascidos e crianças de menor idade, ocorre principalmente durante o descenso testicular. Pode ocorrer também no período pré-natal, levando a atrofia testicular total e sendo, por isso, uma das causas de ausência do testículo constatada já ao nascimento. Em outros casos, é responsável por um escroto aumentado de volume e endurecido observado em recém-nascidos INTRAVAGINAL: Tipo mais comum, ocorrendo principalmente nos adolescentes no período puberal. Em menor escala, pode ser encontrada em qualquer outra faixa etária, mesmo entre adultos. Deve-se principalmente ao aumento rápido do volume do testículo, na adolescência, antes que ele se fixe adequadamente ao escroto, favorecendo sua rotação em torno do eixo de seu pedículo. QUADRO CLÍNICO • Dor escrotal iniciada sem relação com qualquer outro evento, que se intensifica rapidamente e, em geral, é acompanhada de náuseas e vômitos, com ausência de febre • O exame físico demonstra o hemiescroto comprometido aumentado de volume, doloroso ao toque e com aumento da consistência das estruturas do seu interior, que se tornam mais fixas e difíceis de serem identificadas. Em sua fase inicial, quando a palpação ainda é possível, nota-se que o epidídimo deixa a sua posição posterolateral para ocupar uma posição mais medianizada. Habitualmente, o testículo muda para uma posição fixa e mais alta no escroto. O reflexo cremastérico costuma estar abolido. EXAMES COMPLEMENTARES • USG escrotal com doppler: nos casos em que há torção testitcular, demonstrará testículo e epidídimo com volumes aumentados, edemaciados e, principalmente, com redução ou ausência da sua circulação sanguínea. • Cintilografia escrotal com radioisótopo (Tc-99m): nos casos em que há torção testitcular, demonstrará ausência de captação do radiofármaco na topografia do testículo, decorrente da interrupção da perfusão sanguínea. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAS • Torção de apêndices testiculares • Orquite, epidídimite ou orquiepididimite • Abscesso testicular • Torção de cisto de túnica • Traumatismo escrotal • Hérnias inguinais • Hidroceles • Púrpuras de Henoch-Schonlein • Edema escrotal idiopático • Varicocele • Tumores TRATAMENTO • Ao se diagnosticar uma torção do funículo espermático, deve-se instituir o tratamento imediato. • Excepcionalmente, pode-se conseguir, por meio de palpação escrotal, o reposicionamento manual do testículo à sua situação normal. Caso isso seja possível, haverá pronta referência do paciente a nítido alívio de seu desconforto e da dor. Esse procedimento clínico, cujo sucesso deve ser cuidadosamente confirmado, resolve apenas a emergência cirúrgica. O paciente deve ser encaminhado para uma correção cirúrgica eletiva o mais breve possível porque, provavelmente, tem condições anatômicas locais que implicam grande chance de recorrência do quadro • Na quase totalidade dos casos, impõe-se um procedimento cirúrgico. Por meio de uma abordagem por via inguinal, expõe-se o funículo espermático e exterioriza-se o testículo, levando à abertura da túnica vaginal parietal. Após se localizar o ponto em que ocorreu, a torção deve ser desfeita para se observar a recuperação da viabilidade das estruturas comprometidas. EMERGENCIA CIRÚRGICA Torção testicular [Digite aqui] • O testículo deve ser envolto em soro morno e deixado em repouso por 5 a 10 min para reavaliação. Nesse período, realiza-se, por incisão escrotal, a fixação do testículo contralateral com cerca de 2 ou 3 pontos à túnica parietal - conduta obrigatória nos casos de torção do funículo espermático. Habitualmente, torções corrigidas dentro das primeiras 6 horas permitem recuperação plena do testículo. • Se o testículo readquirir perfusão sanguínea, deverá ser preservado e reposicionado no escroto com pontos para fixação. Caso não seja viável, realiza-se a orquiectomia, uma vez que um testículo enfartado produz efeitos deletérios sobre a fertilidade do contralateral.
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