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ESCROTO AGUDO Torção Testicular Jade Luiza Durães ● Definição: É uma síndrome definida por dor escrotal aguda, na maioria das vezes acompanhada de edema escrotal, aumento súbito de volume, hiperemia, febre e até náuseas e vômitos. O EA pode ser a apresentação inicial de diversas doenças que são elas: torção testicular, orquite, epididimite, hematoma escrotal, tumor entre outros. Tais doenças consequentes podem ter causa advinda de isquemia, infecção, inflamação, trauma, doenças cutâneas ou outros (varicocele, hidrocele, e espermatocele). ● Diagnóstico Dif e FisioPato: São vários os diagnósticos diferenciais e como supracitados, eles podem estar classificados em isquêmicos, que é o caso do P1 (Torção Testicular), infeccioso, inflamatório, traumático, relacionado a doenças cutâneas e outros. Estudos recentes classificam torção do testículo, do apêndice e orquiepididimite como as 3 principais causas de escroto agudo. 1- ISQUEMIA: 1.1 Torção de cordão espermático: Está relacionada à isquemia, é a causa mais comum de dor testicular na infância 20-30% e na adolescência 60%. Pode ser classificada em TORÇÃO EXTRAVAGINAL em que prevalece em RN e menor idade durante o descenso testicular, no pré-natal leva à atrofia total testicular, uma das causas de ausência do testículo no nascimento. A TORÇÃO INTRAVAGINAL é o tipo MAIS COMUM, ocorre no período puberal, mas acomete qualquer idade sua etiologia se deve à falta de aderências normais do testículo à túnica vaginal O QC é uma dor testicular súbita que pode estar associada ao aumento de volume, sem febre, náuseas e dor abdominal em foco ao longo do trajeto do cordão espermático. No EF tende a estar doloroso à palpação, horizontalizado, elevado e com perda do reflexo cremastérico (tração superior do testículo por suave toque na face interna da coxa, neste caso, costuma estar AUSENTE! Quando a base da coxa em repouso é estimulada em sua face medial, o CREMÁSTER, músculo do testículo, se contrai) na palpação do cordão espermático pode haver presença de nódulos que correspondem aos elementos torcidos Os exames de imagem preferenciais são USG com Doppler, é eficaz, rápido, fácil acesso, mostrará se há diminuição do fluxo; sensibilidade de 63-100% e altíssima especificidade. RNM e Cintilografia também podem ser usadas, mas não são viáveis. O tempo não poderáser desperdiçado. O tratamento deve ser iniciado imediatamente, pode-se tentar uma correção manual para alívio da dor imediato, mas mesmo com a torção corrigida, deve haver cirurgia de correção eletiva. Após a distorção do testículo comprometido envolve-se em compressa umedecida em soro fisiológico morno. Realiza-se então a fixação testículo contralateral com, no mínimo, 2 pontos de fio não absorvível envolvendo as túnicas albugínea, vaginal e dartos. Após a fixação do testículo sadio, já houve tempo suficiente para reavaliação do testículo isquêmico. Nesse momento, o cirurgião deve observar se o testículo doente assume coloração indicativa de boa perfusão tecidual ou se permanece com aspecto isquêmico/necrótico. Caso haja inclina- da equipe à preservação do órgão, a fixação deverá ser realizada. Caso contrário, proceder orquiectomia. 1.2 Torção de apêndice testicular: Os apêndice são formações polipóides que podem estar presentes no testículo ou no epidídimo como resquício do Ducto de Müller e de Wolff, respectivamente. Eles podem torcer causando isquemia tecidual com manifestação clínica muito parecida à torção testicular. A dor é menos intensa, é mais comum entre 7 e 12 anos. Ao EF, febre ausente, dor e alteração apenas nodular ao polo superior. Quanto aos exames de imagem, a USG com Doppler deve ser utilizada para apresentação de possíveis alterações no fluxo sanguíneo, e se feito com profissional experiente, é capaz de mostrar o local lesionado. Se não solucionado, evolui para atrofia do apêndice testicular. O tratamento com repouso e analgésicos geralmente é suficiente, mas em alguns casos há necessidade de excisão do apêndice torcido para evitar confusão na avaliação de possíveis quadros semelhantes futuros. A fixação testicular não se justifica. 2- TRAUMA: Não há dúvidas quanto à necessidade de cirurgia como intervenção principalmente como caráter reparador. O trauma penetrante geralmente precisa de exploração cirúrgica pelo risco de laceração testicular. Se houve violação da albugínea com laceração do parênquima, desbridamento e síntese da túnica. Nos casos de hematomas intratesticulares, ruptura e hematocele são necessários exames de imagens para orientar a conduta pela dificuldade de extrair informações do exame físico. A terapia consiste em anti-inflamatórios em traumas menores. Quanto a incisão, deve ser ampliada em direção ao anel inguinal para liberar a exposição e reparo dos envolvidos. 3- INFECÇÕES: 3.1 ORQUITE: Infecção isolada aos testículos, está atribuída a sua rica rede vascular que facilite o funcionamento dos mecanismos de defesa natural e geralmente está associada a epididimite secundária a inf. do trato uri. ou uropatia obst. baixa. Ocorre mais em crianças em quadros agudos de caxumba, pode estar relacionada a tuberculose - infec bacteriana. Há dor e aumento do volume testicular, aumento da irrigação devido à inflamação. Repouso e analgesia podem ser suficientes para quadros virais, medicamentos deverão ser direcionados ao agente causal e suspensório escrotal. 3.2 Epididimite/Orquiepididimite: Epididimite geralmente leva à orquiepididimite, ocorrendo mais em adolescentes e adultos. Pode ser infecciosa (Clamidia e Gonococos, gram+), transmitida sexualmente ou após casos de prostatite ou ainda ser congestiva após cirurgia do trato urogenital. Evolução gradual, piora progressiva e aumento de volume, comum haver prostração, febre com calafrios e anorexia. A USG costuma evidenciar o aumento de fluxo e pode direcionar para intervenção cirúrgica. O tratamento é empírico, antibioticoterapia dos agentes causais, elevação do testículo alivia a dor SINAL DE PREHN, cirurgias são indicadas em casos recidivantes ou quando há suspeita de tuberculose genital. JOVENS: - Ceftriaxona e Doxicilina ou - Ofloxacina IDOSOS: - Ciprofloxacina - Ofloxacina - Gentamicina - Amicacina. 3.3 Gangrena de Fournier: Costuma aparecer em pacientes imunocomprometidos, trata-se de um infecção multi bacteriana que evolui facilmente para sepse e óbito se não tratada. Costuma progredir muito rápido (2-3cm/h) e pode disseminar facilmente pela fáscia de Colles (camada laminar) para pênis, escroto e para as fáscias de Burk e Dartos. Os principais agentes são Clostridium, pseudomonas, estreptococos, estafilococos e enterobactérias. O tratamento é desbridamento cirúrgico extenso reposição hídrica e antibióticos venosos de grande espectro. 4- INFLAMAÇÃO: 4.1 Púrpura de Henoch-Schoenlein: É uma vasculite de vasos de pequeno calibre caracterizado como púrpura, artrite, dor abdominal e hematúria. Não é comum mas pode causar congestão vascular dolorosa de subcutâneo de bolsa testicular. O quadro pode se apresentar muito semelhante à torção de cordão espermático. USG de Doppler deve ser feita para excluir a possibilidade de torção, o fluxo pode estar alterado e confundir o radio, sendo necessária a exploração cirúrgica apesar de ser desnecessária na maioria dos casos. 5- TUMOR: Cresce de forma lenta e indolor; Paciente só procura médico quanto a estética incomoda; No entanto, pequenos infartos teciduais ou hemorragias no interior do tumor podem desencadear dor por isquemia. Em casos raros ocorre necrose e ulceração da pele da bolsa e infecção secundária associada. A USG pode evidenciar a massa intratesticular, mas o exame físico deve ser minucioso a fim de evitar prática cirúrgica para não violar a túnica e disseminar células tumorais. 6- OUTROS: 6.1 - VARICOCELE: dilatação das veias do plexo pampiniforme que pode causar dor testicular crônica, intensa e incapacitante. Acomete cerca de 15% dos meninos, maioria assintomática, mas há casos sintomáticos como supracitados. Quadro Clínico:volume escrotal aumentado com a sensação palpatória de varicosidades seguida de resolução do quadro após o decúbito dorsal. Pode complicar com infertilidade. Inversão do fluxo venoso no USG com Doppler. 6.2 - HIDROCELE: cistos; indolor, com palpação sugestiva de conteúdo cístico e é diagnosticado através da transiluminação escrotal e ecografia. Em <1 ano, conduta observadora por chances de resolução, mas associadas a condutas peritovaginais, cirurgia. 6.3 HÉRNIA INGUINAL: Deve ser corrigida precocemente para evitar encarceramento principalmente em crianças <1. Em vigência de encarceramento: redução manual com sedação. Impossível redução e suspeita de comprometimento dos tecidos: cirurgia de emergência. ● Semiologia do Escroto Agudo, suas variantes e o que muda no diagnóstico: O Sinal de Prehn é um elemento semiológico que pode auxiliar na diferenciação entre as principais etiologias em um quadro de escroto agudo. O examinador eleva de forma mecânica a bolsa escrotal, se o paciente refere alívio da dor, dizemos que o sinal é positivo. A positividade desse sinal é sugestiva de orquiepididimite e afasta a suspeita de torção testicular. No entanto, é preciso atenção! Este não é um sinal patognomônico e não deve ser considerado isoladamente. Torção de cordão espermático. Em inspeção e palpação, pode-se perceber endurecimento local; horizontalização testicular (Sinal de Angell); elevação testicular dentro da bolsa escrotal (Sinal de Brunzel); ausência de melhora ou mesmo, piora da dor à elevação manual da bolsa pelo examinador (Sinal de Prehn negativo) e ausência de reflexo cremastérico (Sinal de Rabinowitz). Torção de apêndice testicular Se o exame é feito precocemente, é possível, durante a palpação, localizar um nódulo endurecido e doloroso no polo superior do testículo, geralmente acompanhado de uma mancha escurecida (Sinal da Mancha Azul/”blue dot”) visível pela pele da bolsa testicular. O exame testicular para a pontuação de isquemia e torção suspeita (TWIST) inclui 5 variáveis, tais como: Edema testicular - 2 pontos Náuseas/vômitos - 1 ponto Testículos duros à palpação - 2 pontos Testículo de alta equitação - 1 ponto Reflexo cremastérico ausente - 1 ponto Uma pontuação 25 diagnostica a torção testicular com uma sensibilidade de 76%, especificidade e valor preditivo positivo de 100%. Uma pontuação $2 excluiu a torção testicular com uma sensibilidade de 100%. Uma especificidade de 82%, e um valor preditivo negativo de 100 por cento. ● Exames Laboratoriais Necessários: A maioria dos diagnósticos são feitos clinicamente com achados durante a história clínica juntamente com alguns exames de imagem. Os exames laboratoriais devem ser solicitados em casos de hematúria, a piúria deve-se solicitar UROCULTURA e busca de agentes infecciosos deve ser solicitado para identificação e classificação de bactérias para uso de fármacos direcionados. Em casos de tumor, deve coletar uma amostra do achado e solicitar biópsia para confirmação de células tumorais para exclusão de hipóteses. ● Exames de Imagem: Como já supracitado, a USG com Doppler é o exame padrão ouro para fechar diagnóstico de causas de Escroto Agudo. Este é fácil, acessível, prático e de pouco tempo de resultado e o principal: eficaz para detecção de anormalidades no fluxo sanguíneo, o qual é um dos pontos chave mais frequentes, como a TT. Entretanto, exames de imagem como Ressonância Nuclear Magnética, Cintilografia são de alto custo, mais demorados e menos acessíveis. ● Tratamento Clínico e Cirúrgico para cada subtipo: Acima. ● Criptorquidia: Criptorquidia, ou testículos não descidos, ou a ausência de um ou dos dois testículos na bolsa testicular (saco escrotal) é uma alteração genital muito comum. Ela pode ocorrer em até 4% das crianças nascidas a termo e em até 45% nos meninos nascidos prematuramente. Não conseguem completar seu caminho até a bolsa testicular. O que causa especificamente essa alteração ainda não é bem esclarecido. Entre as causas mais consistentemente associadas à criptorquidia podemos citar: prematuridade ao nascimento e baixo peso ao nascimento para idade gestacional. O criptorquidismo pode ser dividido em: a) congênito: quando, ao nascimento, não se diagnostica um ou os dois testículos na bolsa testicular. b) adquirido: quando, após o nascimento, com testículos adequadamente posicionados previamente, um ou os dois testículos são diagnosticados como criptorquídicos, não sendo mais observados no escroto. ● Tratamento para Testemunha de Jeová: Como regra geral, o uso de produtos sanguíneos xenogênicos não é aceito e o uso de alogênicos é feito com ressalvas. No que tange ao sangue total e aos hemocomponentes (leucócitos, eritrócitos, plasma ou plaquetas) armazenados e/ou heterólogos (de outro indivíduo), não há aceitação. Já em relação aos hemoderivados (diminutas frações) não há qualquer proibição, pois não são considerados sangue (alma) pela doutrina religiosa. Outras terapias com material autólogo e fresco (como a circulação extracorpórea, o cell saver, a hemodiálise e o plasma rico em plaquetas) são geralmente aceitas. ● Manobras manuais: Aa
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