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Autores: Prof. Cristiano Schiavinato Baldan Prof. Diego Galace de Freitas Prof. Ricardo Thiago Paniza Ambrosio Colaboradores: Profa. Roberta Pasqualucci Ronca Prof. José Carlos Morilla Termo e Fototerapia Professores conteudistas: Cristiano Schiavinato Baldan / Diego Galace de Freitas / Ricardo Thiago Paniza Ambrosio © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) B175t Baldan, Cristiano Schiavinato. Termo e Fototerapia / Cristiano Schiavinato Baldan, Diego Galace de Freitas, Ricardo Thiago Paniza Ambrosio. – São Paulo: Editora Sol, 2020. 176 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Termoterapia. 2. Magnetoterapia. 3. Ultrassom. I. Baldan, Cristiano Schiavinato. II. Freitas, Diego Galace de. III. Ambrosio, Ricardo Thiago Paniza. IV. Título. CDU 615.84 U508.29 – 20 Cristiano Schiavinato Baldan Natural de São Carlos (SP). Bacharel em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar-2001) e em Direito pela Universidade Paulista (UNIP-2018). Especialista em Fisioterapia Motora pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP-2002), mestre (2005) e doutor (2013) pela Universidade de São Paulo (USP) em Ciências (Fisiopatologia Experimental). Na UNIP, desempenha várias funções. É professor desde 2002, coordenador de curso e de clínica desde 2003, coordenador geral e diretor adjunto do Instituto de Ciências da Saúde desde 2012. É fisioterapeuta ortopédico-funcional e esportivo desde 2000. Atuou como preceptor de fisioterapia ortopédica e traumatológica no Hospital do Ipiranga por dez anos, assim como foi professor dos cursos de Fisioterapia e supervisor de estágios da Unicapital, Unisa, Unicid e Faculdade Mario Schenberg entre 2001 e 2012. Atualmente, é diretor do Instituto Imparare, diretor adjunto do Instituto de Ciências da Saúde, coordenador geral do curso de Fisioterapia da UNIP, coordenador do curso de Fisioterapia da UNIP (campus Alphaville), coordenador da Clínica de Fisioterapia da UNIP (campus Alphaville), membro do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP-UNIP), membro fundador do Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA-UNIP), professor dos cursos de pós-graduação lato sensu em Fisioterapia Ortopédica e Esportiva da UNIP e do Instituto Imparare, membro honorário da Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia (ANAFIQ) e membro do corpo editorial do Journal of the Health Sciences Institute e do International Journal of Sports Medicine. Diego Galace de Freitas Graduado em Fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas-2005), especialista em Acupuntura pelo Instituto Brasileiro de Acupuntura e Massoterapia de Ribeirão Preto (Ibram-2006), em Fisioterapia Quiropraxia pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp-2008), em Terapia Manipulativa pela Hands-On Seminar (2009) e em Fisioterapia Osteopática pela Faculdade de Ciências e Tecnologia Alberto Einstein (FACTAE-2018). Especialista e aprimorado em Fisioterapia Musculoesquelética pela ISCMSP (2006). Doutor em Ciências da Saúde pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP-2014). Atualmente, é fisioterapeuta da ISCMSP e do Centro de Integração Postural (CIP). É coordenador do MBA em Ortopedia, Traumatologia e Esporte no Cefai/Ibramed e da pós-graduação em Fisioterapia Ortopédica no Instituto Imparare. É coordenador auxiliar e professor titular da UNIP e professor instrutor da FCMSCSP. Possui experiência na área da fisioterapia, com ênfase em musculoesquelética. Ricardo Thiago Paniza Ambrosio Graduado em Fisioterapia pela Universidade Cidade de São Paulo (Unicid-2008), complemento em Ciências Biológicas e pós- graduação em Recursos Terapêuticos Manuais pela Unicid (2012) e Medicina Tradicional Chinesa pelo Centro de Estudos de Acupuntura e Terapias Alternativas (Ceata-2014). Atualmente, é docente e supervisor de estágio em ortopedia no curso de graduação em Fisioterapia do grupo Kroton e da UNIP e coordenador do curso de pós-graduação da Faculdade Unyleya. Conteudista pedagógico do Instituto Imparare e escritor para a editora Guanabara, grupo Somos, ETB, Universidade Brasil, grupo Kroton e UNIP. Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Bruna Baldez Vitor Andrade Sumário Termo e Fototerapia APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 REPARO TECIDUAL .............................................................................................................................................9 1.1 Processo de cicatrização .......................................................................................................................9 1.2 Fases da cicatrização ..............................................................................................................................9 1.3 Formas de cicatrização ....................................................................................................................... 11 2 CRIOTERAPIA ..................................................................................................................................................... 12 2.1 Efeitos fisiológicos, terapêuticos, neurológicos e neuromusculares da aplicação do frio ................................................................................................ 12 2.2 PRICE ou REGECEE ............................................................................................................................... 14 2.3 Técnicas e aplicações da crioterapia ............................................................................................. 18 3 EFEITOS FISIOLÓGICOS E TERAPÊUTICOS DO CALOR ........................................................................ 25 3.1 Resposta sistêmica frente à aplicação térmica ........................................................................ 30 3.1.1 Resposta celular frente às alterações térmicas .......................................................................... 30 3.1.2 Resposta muscular à aplicação térmica ........................................................................................ 33 3.1.3 Resposta neural à aplicação térmica .............................................................................................. 33 3.1.4 Resposta do fluxo sanguíneo à aplicação térmica.................................................................... 35 3.1.5 Resposta do colágeno à elevação térmica ................................................................................... 35 3.2 Técnicas e aplicações do calor ........................................................................................................36 3.2.1 Parafina ou cera....................................................................................................................................... 38 3.2.2 Bolsas ou compressas térmicas ......................................................................................................... 41 3.2.3 Turbilhão ..................................................................................................................................................... 43 4 ONDAS CURTAS ............................................................................................................................................... 52 4.1 O equipamento ...................................................................................................................................... 54 4.2 Atuação biofísica da diatermia por onda curta ....................................................................... 56 4.3 Modalidades de emissão de ondas curtas e regime de pulso ............................................ 59 Unidade II 5 MICRO-ONDAS E MAGNETOTERAPIA ...................................................................................................... 73 5.1 Micro-ondas ........................................................................................................................................... 73 5.1.1 Características físicas ............................................................................................................................ 74 5.1.2 Posicionamento do refletor ................................................................................................................ 76 5.2 Magnetoterapia – campo eletromagnético pulsado ou contínuo ................................... 84 5.2.1 Magnetismo .............................................................................................................................................. 86 5.2.2 A física na magnetoterapia ................................................................................................................ 89 5.2.3 Campos eletromagnéticos naturais ................................................................................................. 90 5.2.4 O que saber para realizar a magnetoterapia? ............................................................................. 90 5.2.5 Efeitos fisiológicos, terapêuticos e indicações ............................................................................ 91 5.2.6 Contraindicações .................................................................................................................................... 95 6 TERAPIA DE ONDAS DE CHOQUE (TOC) .................................................................................................. 96 6.1 O equipamento ...................................................................................................................................... 97 6.2 A física na TOC ....................................................................................................................................... 97 6.3 O que saber para realizar a TOC? .................................................................................................100 6.4 Efeitos fisiológicos e terapêuticos ...............................................................................................100 6.5 Indicações ..............................................................................................................................................101 6.6 Contraindicações ................................................................................................................................104 Unidade III 7 LASERTERAPIA DE BAIXA INTENSIDADE ..............................................................................................109 7.1 Histórico .................................................................................................................................................109 7.2 Produção de um laser .......................................................................................................................110 7.3 Características especiais do laser .................................................................................................112 7.3.1 Monocromaticidade ............................................................................................................................. 113 7.3.2 Colimação ................................................................................................................................................113 7.3.3 Coerência .................................................................................................................................................113 7.4 Interação do laser com os tecidos ...............................................................................................114 7.5 Capacidade de penetração do laser ............................................................................................115 7.6 Efeitos biológicos da radiação laser............................................................................................116 7.7 Principais indicações clínicas do laser de baixa energia ....................................................118 7.8 Aplicação prática do laser de baixa energia ............................................................................126 8 TERAPIA POR ULTRASSOM ........................................................................................................................136 8.1 Introdução .............................................................................................................................................136 8.2 Produção do ultrassom ....................................................................................................................137 8.3 Efeitos da terapia por ultrassom ..................................................................................................137 8.4 Fonoforese ou sonoforese ...............................................................................................................149 8.5 Contraindicações e precauções do uso do ultrassom .........................................................150 8.6 Precauções sobre o uso da terapia por ultrassom ................................................................152 7 APRESENTAÇÃO Esta disciplina propõe fornecer aos alunos os conhecimentos e recursos teórico-práticos para a terapêutica baseada na termoterapia e na fototerapia, capacitando-os para a escolha dos recursos indicados a cada necessidade terapêutica e para o manuseio dos diferentes dispositivos e aparelhos de crioterapia, diatermia, ultrassom terapêutico e laserterapia. Os objetivos desta disciplina são: • Rever conceitos da termofísica. • Identificar as alterações fisiológicas promovidas pela alteração da temperatura corporal. • Apresentar os equipamentos termofototerapêuticos utilizados pela fisioterapia. • Expor os processos de reparação dos tecidos, frente às mais diversas lesões. • Demonstrar casos clínicos e discuti-los, a fim de preparar o aluno para a prática clínica. • Conhecer os mecanismos de ação, os efeitos fisiológicos, terapêuticos e adversos nas variadas formas de utilização de termoterapia e fototerapia. • Proporcionar um aprendizado teórico-prático do uso dos recursos térmicos e fototerapêuticos. • Capacitar o aluno para a utilização da termoterapia e da fototerapia perante condições patológicas do paciente. • Facilitar a formação do profissional da área para o emprego da termofototerapia como um recurso promotor de saúde e bem-estar para o paciente. INTRODUÇÃO Neste livro-texto, aprenderemos sobre os recursos de crioterapia, diatermia, ultrassom e laserterapia, assim como as ondas de choque. Inicialmente, vamos compreender o que é reparação tecidual, crioterapia, termoterapia e ondas curtas – tipos de ondas curtas, características físicas, colocação de eletrodos, interferência do campo magnético,regimes de pulso, interações biológicas, ação principal, indicação e contraindicação. Em seguida, conheceremos as técnicas de magnetoterapia, micro-ondas e as terapias por ondas de choque. Por fim, estudaremos a laserterapia e o ultrassom terapêutico. Dessa forma, você poderá aprender sobre os principais recursos da termofototerapia, desde os aspectos teóricos até os práticos, analisando as principais e atuais evidências científicas, não deixando, no entanto, de rever as bases da literatura que fundamentam o conhecimento atual. Bom estudo! 9 TERMO E FOTOTERAPIA Unidade I Nesta unidade, estudaremos os principais aspectos da crioterapia e da termoterapia superficial e profunda por ondas curtas e micro-ondas, assim como os diferentes métodos de aplicação. Para que possamos compreender as indicações, as contraindicações, os cuidados e os efeitos terapêuticos, serão abordados aspectos quanto ao reparo tecidual, ao processo inflamatório e às alterações dos recursos nos diferentes sistemas, desde o vascular e nervoso até o metabólico e muscular. Vamos conhecer as bases conceituais e as aplicabilidades dos diferentes recursos, permitindo a indispensável comunicação e a ponte teórico-prática, útil tanto para o dia a dia clínico quanto para as possibilidades de pesquisas científicas. 1 REPARO TECIDUAL A pele é considerada o maior órgão do corpo humano, possuindo múltiplas funções, as quais podem ser prejudicadas pela ruptura desse tecido tegumentar. O processo de cicatrização, que ocorre no tecido epitelial, envolve fenômenos bioquímicos e fisiológicos, que interagem e desenvolvem uma cascata de eventos para que ocorra a reparação tecidual. A regulação fisiológica da cicatrização de feridas é dependente de muitos tipos de células, mediadores e fatores de crescimento, que ocorrem de forma dinâmica e regulada. Lembrete O processo inflamatório é uma resposta vascular e sanguínea que visa limpar toda e qualquer área lesada ou patogênica, a fim de preparar a região para o reparo tecidual. 1.1 Processo de cicatrização O processo de cicatrização de feridas pode ser dividido cinco fases, que se sobrepõem no tempo e espaço: fase de hemostasia e coagulação; fase inflamatória; fase de proliferação e reparo; fase de remodelação e fase de cicatrização final. 1.2 Fases da cicatrização Vamos conhecer melhor cada uma dessas fases a seguir. 10 Unidade I Fase de hemostasia e coagulação Após o trauma inicial, ocorre a formação de uma matriz celular provisória, e, devido à lesão de vasos sanguíneos e linfáticos, diferentes cascatas de coagulação são iniciadas. Diversos fatores extrínsecos ou intrínsecos de coagulação são acionados. Vasos sanguíneos realizam uma vasoconstrição, de 5 a 10 minutos, para reduzir a perda de sangue e preencher o tecido lesionado com compostos de citocinas e fatores de crescimento. Fase inflamatória Esta é a primeira fase do processo de reparo tecidual. Pode durar de 2 a 5 dias (fase aguda) ou estender-se por um período mais longo (fase subaguda e crônica), ocorrendo o recrutamento de neutrófilos, que realizam a fagocitose e servem como quimioatraentes para outras células envolvidas na fase inflamatória. Nessa fase, os neutrófilos liberam mediadores, como o fator de necrose tumoral (TNF), a interleucina-1 (IL-1) e a interleucina-6 (IL-6), que amplificam a resposta inflamatória e estimulam a liberação do fator de crescimento vascular endotelial (VEGF) e da interleucina-8 (IL-8) para uma resposta adequada ao reparo tecidual. Evidências relatam que a quantidade de inflamação determina a extensão das cicatrizes. Fase de proliferação e reparo Esta fase ocorre de 3 a 10 dias após a lesão inicial, com a formação do tecido de granulação, a restauração da rede vascular e a migração dos fibroblastos para favorecer a reepitelização e aproximação das margens da lesão. Aqui, há a presença de substâncias com importantes funções, como: • TGF-β (fator de crescimento tumoral-β): indução da síntese colagenosa. • IL-1: indução da síntese colagenosa. • TNF: indução da síntese colagenosa. • IFN (interferon): redução da síntese colagenosa. • TNF-α (fator de necrose tumoral-α): redução da síntese colagenosa. • PGE-2 (prostaglandina do tipo E2): redução da síntese colagenosa. Fase de remodelação É a última fase da cicatrização e ocorre aproximadamente do 21º dia até 1 ano após a lesão. Nessa fase de maturação, os componentes da matriz extracelular (MEC) sofrem alterações. Entre as principais, destaca-se a substituição gradual do colágeno do tipo III pelo colágeno do tipo I (paralelo e resistente). 11 TERMO E FOTOTERAPIA Observação As fases de remodelagem são dependentes das linhas de tensões geradas durante os movimentos, a partir de forças de tração e compressão. Fase de cicatrização final A formação das cicatrizes demarca o final da última fase da cicatrização da lesão, ou seja, a substituição do tecido original por uma cicatriz preferencialmente normotrófica. Vale ressaltar que o processo inflamatório se caracteriza por uma resposta vascular e sanguínea de migração leucocitária, com o objetivo de isolar o agente agressor, sitiá-lo ou degradá-lo, ou mesmo realizar a fagocitose de tecidos lesados, permitindo que ocorra um reparo tecidual como fase final. Durante o processo inflamatório, é possível identificar os clássicos sinais cardeais da inflamação, como pode ser visto na figura a seguir. A somatória destes elementos, principalmente em graus elevados, acaba por impedir muitas vezes que algumas funções sejam realizadas A tumefação, ou edema, ocorre devido à quantia de sangue que extravasa do vaso sanguíneo e se aloja em locais onde antes não estaria O aumento de temperatura que ocorre na região também acompanha o aumento do fluxo sanguíneo e o extravasamento de sangue tardio O rubor é a vermelhidão que ocorre durante o aumento do fluxo sanguíneo na região, causado principalmente pelo extravasamento de sangue tardio A dor é induzida pelos mediadores químicos que acompanham a inflamação • Perda funcional • Tumor • Calor • Rubor • Dor Figura 1 – Sinais cardeais do processo inflamatório 1.3 Formas de cicatrização Existem três formas de cicatrização, conhecidas como primeira intenção, segunda intenção e terceira intenção. Na primeira intenção, as margens da ferida estão próximas e a perda tecidual é pequena, permitindo a aproximação das margens teciduais por sutura. A segunda intenção pode estar associada a feridas infectadas e à considerável perda tecidual, impedindo a aproximação das margens da ferida por sutura. 12 Unidade I Na terceira intenção, realiza-se inicialmente o procedimento de sutura da ferida; porém, por algum motivo adverso, ocorre a perda da aproximação das margens. Após esse evento, a área é mantida sem intervenção, havendo a drenagem do líquido ou coleção purulenta para posterior sutura ou cicatrização por segunda intenção. 2 CRIOTERAPIA A crioterapia é uma modalidade terapêutica que atua com base no resfriamento dos tecidos superficiais e profundos. É comumente utilizada na prática esportiva e em lesões traumáticas musculoesqueléticas imediatas. Para resfriar um tecido humano, é necessário algum elemento ou substância com temperatura inferior à do corpo humano, possibilitando retirar o calor do corpo e diminuir, assim, a temperatura das estruturas teciduais. No entanto, outros fatores também estão relacionados à possibilidade de resfriamento do tecido, como: • Quantia de tecido. • Composição de cada tecido. • Condutividade do tecido. • Vascularização do tecido. • Tempo de exposição à temperatura reduzida. Tal modalidade vem sendo utilizada desde os gregos, que realizavam tratamentos com a utilização da neve. Relatos de 1850 descrevem a utilização terapêutica de compressas geladas para auxiliar em técnicas cirúrgicas, mas apenas na década de 1930 a crioterapia foi utilizada com tempo médio de 30 minutos para o tratamento de lesões agudas. 2.1Efeitos fisiológicos, terapêuticos, neurológicos e neuromusculares da aplicação do frio Com a redução da temperatura corporal, muitos efeitos fisiológicos ocorrem. É preciso, no entanto, entender que o corpo possui um limite de resfriamento para a resposta fisiológica saudável e terapêutica, uma vez que, quando resfriado além desse limite, o resultado é a lesão tecidual. Assim que o corpo toca o agente resfriador, os vasos sanguíneos respondem com uma constrição referente ao sistema nervoso autônomo, agindo tanto nas artérias e arteríolas quanto nas veias e vênulas. Tal efeito visa proteger a temperatura corporal central. Após a exposição por um dado período, o corpo tende a responder com uma vasodilatação, mas logo retorna ao estado de constrição, seguindo nesse ciclo por um período. Esse processo é chamado de vasodilatação induzida pelo frio. 13 TERMO E FOTOTERAPIA A redução da luz dos vasos sanguíneos altera o fluxo da região. O resfriamento poderá tornar o sangue mais viscoso, elevando a resistência da passagem do fluido contra a parede vascular. A vasoconstrição possui relação com a redução de substâncias como histamina e prostaglandina, assim como com a ativação do sistema adrenérgico simpático. Pensando em efeitos profundos, graças à barreira adiposa, existe uma demora de resposta muscular – por exemplo, pela proteção térmica. Esses eventos estão também associados indiretamente à redução da taxa metabólica, promovendo tempo de reparo tecidual e neoangiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) para correção das lesões e redução de aporte sanguíneo causado pelas lesões agudas. Pode-se dizer que a utilização da crioterapia evita, então, a lesão tecidual por hipóxia secundária. As estruturas colagenosas tornam-se menos maleáveis frente ao resfriamento, podendo, assim, gerar rigidez articular, principalmente em quadros patológicos de osteoartrose (OA). Ao analisar os impulsos elétricos, estes tendem a ser propagados de forma lentificada frente à redução térmica. Espera-se uma redução do tônus muscular. Esse efeito é notado inicialmente na análise do fuso neuromuscular, o qual apresenta resposta cada vez mais lentificada à medida que o resfriamento evolui. A redução da aferência de impulsos elétricos faz com que as infrações que serão interpretadas como dor, ao chegarem ao cérebro, tenham a sua condução reduzida; dessa forma, o paciente sentirá menos dor. As terminações nervosas livres, principalmente os nociceptores, aumentam seu limiar de disparo. Assim, são menos ativadas, contribuindo também para a redução de dor. Terapeuticamente, os efeitos do resfriamento dos tecidos são: • Controle do processo inflamatório agudo (o gelo auxilia na redução do edema e na redução do metabolismo, minimizando a lesão por hipóxia secundária). • Redução do metabolismo inflamatório. • Redução da síntese de prostaglandina. • Redução da permeabilidade vascular. • Redução dos extravasamentos de sangue tardio. • Redução dos espasmos musculares. • Resfriamento de tecidos imediatamente após queimaduras. • Edemas agudos. • Nevralgias. 14 Unidade I A crioterapia é contraindicada em casos específicos, que variam desde condições patológicas até o estado do paciente. São contraindicações: • Ferimentos abertos. • Insuficiência circulatória. • Diabetes descontrolada. • Fenômeno de Raynaud. • Alteração de sensibilidade. • Obesidade mórbida. Lembrete É preciso diferenciar a exposição climática ao frio da aplicação terapêutica de recursos que utilizam o meio frio (crioterapia), ou seja, a retirada de calor da região. 2.2 PRICE ou REGECEE O método PRICE é habitualmente utilizado na prática esportiva, mas pode ser utilizado no dia a dia de pacientes que não são atletas. O acrônimo deve ser entendido da forma como está apresentado na figura a seguir. • Protection (proteção)P • Rest (repouso)R • Ice (gelo)I • Compression (compressão)C • Elevation (elevação)E Figura 2 – Acrônimo com tradução do método PRICE 15 TERMO E FOTOTERAPIA O entendimento do acrônimo PRICE direciona a prática clínica dessa metodologia, uma vez que este descreve perfeitamente os passos do método crioterápico. Esse método possui vantagens por ser de fácil aplicação e grande efetividade quando realizado imediatamente após os processos de lesão aguda. Cada item do método PRICE possui uma função específica para auxiliar em casos de: • Entorses. • Estiramento. • Contusão. • Lesões musculoesqueléticas gerais. • Lesões articulares. Vamos, então, analisar cada elemento da metodologia PRICE. • Proteção: assim que ocorre algum tipo de lesão musculoesquelética, é preciso imediatamente proteger a região, evitando que uma segunda lesão ocorra na região ou periferia. • Repouso: o repouso é a primeira maneira de reduzir rapidamente o metabolismo da região e, assim, evitar o gasto energético desnecessário. • Gelo: a aplicação do gelo reduz o metabolismo, sendo capaz de manter seu efeito (caso o paciente permaneça em repouso) por até 60 a 90 minutos após a aplicação, evitando a lesão por hipóxia secundária. • Compressão: a presença de um processo inflamatório agudo promove a vasodilatação e o extravasamento de sangue tardio, responsável por edemas. Os edemas aumentam ainda mais o quadro álgico, uma vez que comprimem regiões específicas e ativam os nociceptores. A presença de edema prejudica também a função da região. A compressão visa, portanto, evitar o surgimento dos edemas. • Elevação: a elevação faz com que a ação da gravidade dificulte a formação de edemas e facilite a drenagem fisiológica. O método PRICE promove uma série de alterações fisiológicas e, por consequência, terapêuticas, conforme apresentado na figura a seguir. 16 Unidade I Redução metabólica PRICE Redução da condução neural Diminuição do quadro inflamatório Redução do fluxo sanguíneo Controle do quadro álgico Figura 3 – Efeitos fisiológicos e terapêuticos do método PRICE Alguns autores (GREGÓRIO et al., 2014), no entanto, acreditam que a redução da temperatura que ocorre frente ao método PRICE pode resfriar os tecidos a ponto de elevar a viscoelasticidade e reduzir a mobilidade pelo aumento da rigidez tecidual, o que pode promover um prejuízo à reabilitação. Eles afirmam também que o elevado período refratário neural após a aplicação da crioterapia impede, ou ao menos dificulta, a produção de força muscular. Porém, é necessário analisar que a aplicação da crioterapia reduz a condução do impulso elétrico, aumentando o limiar de disparo dos nociceptores e auxiliando no processo da reabilitação. Percebe-se, assim, que, como ocorre em quase toda modalidade terapêutica, há benefícios e prejuízos da técnica, sendo necessário entender o momento correto da sua utilização em relação à história natural da doença, respeitando as recomendações de segurança e avaliando a possível existência de contraindicações. Alguns cuidados prévios à aplicação do método PRICE são: • Verificar se o paciente possui hipersensibilidade ao frio (condições como o Fenômeno de Raynaud). • Mover o gelo a cada 5 minutos. • Triturar o gelo. • Evitar a utilização de gelo com álcool em casos de hipersensibilidade tecidual. • Evitar tempo de aplicação superior a 40 minutos. • Evitar contração excessiva. 17 TERMO E FOTOTERAPIA • Questionar constantemente o paciente quanto à sensibilidade. • Avaliar a região durante a aplicação. • Optar pela aplicação imediatamente após a lesão, ou seja, nos estágios inflamatórios agudos. • Atentar-se ainda mais quando a aplicação ocorrer sobre áreas distais de pequeno volume, como os dedos. Para realizar a aplicação do método PRICE, é importante que o terapeuta (sempre que possível) esteja preparado com materiais à disposição, como gelo e faixa elástica ou rígida. Para o atendimento emergencial na área esportiva, é fundamental que o fisioterapeuta, junto da equipe de saúde, encaminhe o atleta a um local seguro e inicie o protocolo, respeitando a fase agudada lesão. O paciente deve, preferencialmente, posicionar-se em decúbito, elevando o membro afetado para facilitar a drenagem postural do edema. O terapeuta deve fazer uso de gelo triturado a fim de melhorar o acoplamento à região corporal a ser tratada, envolvendo-a completamente. É essencial a utilização de uma bandagem que permita estabilizar a compressa fria, assim como comprimir a região, para que essa pressão externa favoreça a drenagem do edema. É recomendado que o paciente permaneça na posição por 20 a 30 minutos e mantenha o membro apoiado para que a elevação ocorra de forma passiva. Figura 4 – Aplicação do método PRICE em paciente que acabou de sofrer entorse do tornozelo esquerdo. Paciente em decúbito dorsal, com elevação do membro inferior esquerdo, mantido apoiado sobre a maleta do terapeuta (note que, para menor desconforto, houve o cuidado de usar uma manta sob o pé do atleta), para favorecer a drenagem do edema. Observa-se a presença de bandagem fixa sobre o agente resfriado, para manter a estabilidade da compressa gelada sobre o membro e aumentar a pressão externa na articulação 18 Unidade I 2.3 Técnicas e aplicações da crioterapia A aplicação da crioterapia tem sido cada vez mais explorada por diferentes profissionais da área da saúde e possui grande atuação, principalmente na parte esportiva. Assim, muitos dispositivos surgiram na busca por facilitar tal prática. Vejamos, a seguir, algumas dessas modalidades, seus benefícios e diferenciais. Compressa de gelo A compressa de gelo é a modalidade terapêutica de maior utilização, uma vez que pode ser aplicada facilmente apenas com gelo em um recipiente. Você já deve ter percebido que, quando alguém sofre uma lesão musculoesquelética, as pessoas próximas acabam por buscar gelo e logo aplicar sobre a lesão. Comumente, o gelo é armazenado num saco plástico ou envolvido por uma toalha e, então, pressionado sobre o local. Para que a técnica seja aplicada corretamente, sugere-se ao agente: • Triturar ou quebrar o gelo. • Envolver o gelo numa toalha (que não pode ser muito espessa) ou inseri-lo num saco plástico, evitando o contato direto com a pele. • Posicionar a compressa sobre o local. • Manter a compressa sobre a região a ser tratada por 20 ou 30 minutos. Para isso, é necessário, muitas vezes, realizar a troca do gelo durante a aplicação. Caso o recipiente seja de plástico, o acúmulo de água do derretimento do gelo pode prejudicar a troca de temperatura. Compressa de gel e química A compressa de gel é um método terapêutico de aplicação da crioterapia que utiliza um recipiente repleto de um gel clínico resfriável, capaz de manter a temperatura durante a sua aplicação. Entre as placas de gel disponíveis no mercado, é comum encontrarmos algumas que, quando resfriadas, tornam-se rígidas e, por isso, são incapazes de acoplarem-se totalmente à região, distribuindo de forma ineficaz a temperatura, diminuindo o potencial terapêutico e aumentando os riscos de gerar queimadura pelo frio, por concentrarem o resfriamento e a pressão sobre pequenas áreas da superfície corporal. 19 TERMO E FOTOTERAPIA A sensação térmica da aplicação terapêutica da crioterapia com compressa de gel tende a ser mais confortável do que a da compressa de gelo, mas, geralmente, o gel consegue manter-se resfriado por tempo menor. Para a aplicação da compressa de gel, é necessário mantê-la no refrigerador pelo tempo mínimo indicado pelo fabricante e retirá-la apenas no momento de aplicar sobre a região. Os melhores pacotes de gel resfriável disponíveis no mercado mantêm temperaturas baixas, sem enrijecerem-se, possibilitando ao terapeuta moldar o pacote à superfície da região tratada. Em situações em que a área da lesão for de grande extensão, poderá ser necessário mais de um pacote de gel para a execução correta do tratamento. O terapeuta deve fixar a compressa sobre a região lesionada, com bandagem elástica, e manter na região pelo tempo de 20 a 30 minutos. Em regiões corporais de grande porte e/ou em ambientes mais quentes, a bolsa de criogel poderá ganhar temperatura rapidamente, sendo necessária sua substituição por outra, em condições térmicas adequadas. Portanto, sugere-se que o profissional tenha sempre mais do que uma bolsa de criogel preparada. Quanto à compressa química, o resfriamento ocorre pela interação de dois ou mais princípios ativos dentro da bolsa vinílica, podendo gerar resfriamento superficial ou mesmo profundo. Esse método não é recomendado para pacientes com alergias e condições dérmicas sensíveis, uma vez que o vazamento do princípio ativo pode ocorrer, promovendo queimadura química. A) D) B) C) Figura 5 – A) Bolsas de gelo; B) bastões de gelo; C) bolsa de gel; D) bolsa de gelo instantânea Imersão em gelo ou crioimersão O método de crioimersão é muito utilizado no esporte e frequentemente demonstrado em reportagens quando atletas fazem a recuperação das atividades esportivas nas banheiras de gelo. 20 Unidade I A crioimersão pode ser realizada de corpo inteiro (até a região cervical) ou apenas imergindo o membro afetado, sendo considerada, em ambos os casos, um método de aplicação desconfortável. Para realizar o procedimento, são necessários: • Recipiente (balde ou banheira). • Água. • Gelo. Por meio da utilização dessa modalidade terapêutica, a temperatura da pele e dos tecidos superficiais é reduzida após 5 minutos de aplicação. Trata-se de um método que visa à redução rápida da temperatura global, promovendo a diminuição da atividade metabólica muscular e da velocidade da condução nervosa. Polar Care® e Cryo cuff O Polar Care® é um método de crioterapia usualmente indicado para o tratamento de pacientes em momentos pós-operatórios ou com lesões traumáticas. Trata-se de um recipiente com gelo e água, cujo líquido resfriado é movimentado por meio de dutos, de forma que o líquido frio preencha as cavidades de almofadas maleáveis no final do circuito de fluxo e que são posicionadas sobre a área da lesão, a fim de resfriar a região. Esse processo permite a circulação da água gelada, garantindo que as placas maleáveis mantenham temperaturas adequadas para o tratamento, uma vez que, por convecção forçada, sempre haverá a chegada de líquido resfriado em substituição àquele que, pelo contato com os tecidos em tratamento, ganharia calor do corpo e, por isso, teria menor efeito terapêutico. Figura 6 – Modelo de Polar Care 21 TERMO E FOTOTERAPIA Suas instruções de uso são indicadas pelo próprio fornecedor (U – POLAR CARE – reg. 10392060048 – rev.01 – 14/09/2015) e são apresentadas a seguir: • Aplicar a almofada Polar Care® de acordo com as instruções de aplicação. • Encher o resfriador com o gelo até o local indicado no dispositivo. • Adicionar água até 1 polegada do topo do resfriador e rosquear a tampa firmemente. • Inserir firmemente a haste do tubo no orifício da tampa do resfriador. • Conectar a almofada empurrando os acopladores juntos, até escutar um click (estalo). • Colocar o resfriador em uma mesa ou suporte ou acima da altura na qual o bulbo manual será usado. • Apertar o bulbo manual lentamente, até que uma bola vermelha indicadora de fluxo seja visível claramente no centro da janela (não apertar o bulbo mais do que o necessário para manter a bola centrada). É preciso dar, aproximadamente, dez apertos para encher a almofada completamente. • Uma vez que a almofada esteja cheia, parar o bombeamento e permitir que a água da almofada esfrie a área afetada durante 5-10 minutos. • Apertar o bulbo de 3 a 4 vezes a cada poucos minutos ou de acordo com o necessário para manter o efeito de resfriamento. Se a temperatura da pele estiver mais fria que a confortavelmente tolerada, apertar o bulbo menos frequentemente; se estiver mais quente que a desejada, apertar o bulbo mais frequentemente. • Reencher a água e o gelo antes de o gelo derreter completamente. • Para finalizar a sessão, parar o bombeamento e remover a almofada. •Drenar o máximo possível de água do sistema, elevando a almofada acima do resfriador e rolando-o lentamente acima da extremidade para retirar toda a água remanescente. • Esvaziar toda a água e o gelo e secar todos os componentes. Esse método é similar ao Cryo cuff, também um dispositivo de armazenamento de água e gelo que pode bombear o ar refrigerado, com os mesmos objetivos. 22 Unidade I Figura 7 – Início da aplicação com Cryo cuff Massagem com gelo ou criomassagem A massagem com gelo ou criomassagem é o método crioterapêutico realizado a partir da utilização de um meio de resfriamento, pressionado e friccionado contra o tecido, com terapêuticas similares à massagem. O método mais simples para realizar a criomassagem é a produção de “sorvetes” de gelo, que serão utilizados em regiões musculares para estímulos proprioceptivos antes da contração, ou mesmo em feridas abertas (borda) para favorecer o aumento do aporte sanguíneo após a cessação do procedimento. Durante a aplicação desse método, o resfriamento do tecido é baixo e sem muitos efeitos clínicos; por isso, esse estímulo acaba sendo mais usado pelos seus efeitos imediatos superficiais e sensório-motores. Não é indicada sua realização em emergências ou urgências esportivas ou traumáticas. Existe a possibilidade de utilizar a criomassagem para auxiliar na liberação do ponto-gatilho. Nesse caso, o procedimento deve seguir o passo a passo: • Identificar o ponto-gatilho. • Escolher a técnica de liberação. • Aplicar a criomassagem antes da realização da técnica, a fim de reduzir o quadro álgico. • Aplicar a técnica após a liberação para favorecer o reparo. 23 TERMO E FOTOTERAPIA Sprays refrigerantes Os sprays refrigerantes têm mostrado um método muito usado em práticas terapêuticas no esporte, por se tratar de aerossóis de fácil portabilidade, capazes de produzir efeito resfriador interessante no manejo de urgências traumáticas. São indicados para redução de espasmos musculares, contração protetora excessiva, controle da dor aguda e redução hemorrágica. Figura 8 – Modelo de Crio Spray Durante a aplicação, deve-se manter um movimento constante do bico ejetor do aerossol, evitando o acúmulo do produto sobre uma única região corporal. Também é fundamental evitar a exposição de regiões sensíveis, como as gônadas e os olhos, a esse tratamento. Outras precauções necessárias são: • Proteger a região dos olhos. • Não inalar o aerossol. • Manter uma distância de 45 cm da pele (ou outra indicada pelo fabricante). Assim como a criomassagem, os sprays são muito utilizados na liberação de pontos-gatilhos. Tal procedimento é bastante interessante, pois a crioterapia é uma forma eficaz de tratamento para essa afecção, e, além disso, quando comparado a outras técnicas, sem dúvida, o resfriamento apresenta a vantagem de ser menos desconfortável ao cliente. Lima, Duarte e Borges (2015) avaliaram a diferença dos resultados obtidos por métodos diferentes de crioterapia, conforme a tabela a seguir. 24 Unidade I Tabela 1 – Resultados clínicos da aplicação de diferentes métodos de crioterapia descritos em literatura nacional Autor/ano Amostra Método crioterápico Conclusão Abreu; Santos; Ventura, 2011 Seis participantes (50 a 60 anos) Bolsa de gelo moído, aplicação de 20 minutos durante 5 dias A terapia combinada não apresentou nenhuma melhora significativa na lombalgia crônica Carvalho et al., 2012 Vinte pessoas de ambos os sexos, com idade entre 20 e 27 anos Bolsa de gelo flexível, tamanho médio, contendo 0,6 kg; cada bolsa de gel permaneceu por, no mínimo, 8 horas no congelador antes de ser utilizada; aplicação: 25 minutos A associação da crioterapia com qualquer outra terapia que necessite da sensibilidade preservada é contraindicada Cassolato et al., 2012 Nove indivíduos de ambos os sexos, com idade de 21 anos Imersão dos tornozelos dominantes à altura de 3 cm acima do maléolo lateral, por 15 minutos, em mistura de água e gelo a 5 ºC; além disso, bacias com diâmetro de 80 cm e 25 cm de altura comportaram a mistura de água e gelo, para posterior imersão dos tornozelos por 15 minutos A crioterapia não influenciou no controle postural, em condição de postura ereta estática, de indivíduos saudáveis, pela avaliação do centro de pressão Correia et al., 2010 Sete voluntários de ambos os sexos, com idade média de 67 anos Aplicação de gelo na musculatura extensora do punho e dos dedos (crioestimulação) durante 1 minuto e 40 segundos A aplicação local, contínua e rápida da crioterapia, associada à cinesioterapia, parece ser eficiente Francisco et al., 2013 114 puérperas de 18 a 38 anos Três grupos usaram bolsa de gelo; a aplicação durou 10, 15 ou 20 minutos Dez minutos de aplicação foram suficientes para reduzir a temperatura perineal Adaptada de: Lima, Duarte e Borges (2015). Saiba mais Outra importante percepção atual sobre a crioterapia pode ser encontrada no estudo a seguir: POINT, M. et al. Cryotherapy induces an increase in muscle stiffness. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, v. 28, n. 1, p. 260-266, 2018. Grainger, Comfort e e Heffernan (2020) realizaram uma pesquisa importante, demonstrando que a crioterapia ainda é um tema atual. Os autores estudaram os efeitos da crioimersão parcial dos atletas de rúgbi durante a temporada, identificando que essa modalidade não alterou de forma significativa a dor dos atletas, a qualidade de sono ou mesmo o rendimento esportivo. De acordo com o National Institute of Sport, Expertise, and Performance (INSEP), a crioimersão é utilizada na recuperação de atletas com diferentes focos (ALOULOU et al., 2020). 25 TERMO E FOTOTERAPIA O estudo de Ihsan e colaboradores (2020) desvenda que a crioimersão pós-atividade física pode melhorar as respostas cardiovasculares e a função microvascular alterada em decorrência da atividade física de alto rendimento, influenciando, inclusive, no consumo de O2 máximo. No entanto, ainda são necessários mais estudos para o melhor entendimento. Santos (2018) afirma que atletas envolvidos em esportes de contato são habitualmente expostos a danos nos músculos esqueléticos em seus ambientes de treinamento e desempenho. Isso geralmente leva ao dano muscular induzido pelo exercício (DMIE), resultante de exercícios excêntricos e/ou de alta intensidade repetidos, e ao dano muscular induzido pelo impacto (DMII), resultante de colisões com oponentes e na superfície de jogo. Embora o DMIE tenha sido uma área de extensa investigação, conforme apontamos no estudo citado, o mesmo não ocorre com o DMII, de forma que a magnitude e o prazo das alterações após sua ocorrência ainda não são bem conhecidos. Acredita-se que o DMIE resulte de uma sobrecarga de estresse mecânico que causa danos ultraestruturais aos constituintes da membrana celular. O dano leva à capacidade comprometida de produzir força, que se manifesta imediatamente e persiste por até 14 dias após a exposição ao exercício. O DMII tem sido implicado no desempenho e na recuperação neuromuscular atenuados e nos processos inflamatórios, embora o curso subjacente ao longo do tempo permaneça incerto. A exposição ao DMIE leva a uma adaptação às exposições subsequentes, um fenômeno conhecido como efeito de repetição. Uma adaptação análoga foi sugerida para ocorrer após o DMII; no entanto, até o momento, não se pode afirmar que realmente haja tal adaptação nesse tipo de lesão. Embora um considerável corpo de pesquisa tenha explorado a eficácia das estratégias de recuperação após o DMIE, as estratégias que promovem a recuperação do DMII são limitadas a investigações que utilizam modelos de contusão animal. Estratégias como crioterapia e suplementação de antioxidantes que se concentram na atenuação da resposta inflamatória secundária podem fornecer benefícios adicionais na DMII. A crioterapia apresenta-se como uma modalidade muito utilizada na prática esportiva.Podemos concluir que sua indicação para DMIE é bastante estudada, e, por isso, seus efeitos são conhecidos. No que se refere ao DMII, os estudos são escassos, mas os resultados preliminares parecem encorajadores. 3 EFEITOS FISIOLÓGICOS E TERAPÊUTICOS DO CALOR Certamente você já percebeu que a temperatura do seu corpo se altera em alguns momentos específicos, como em condições patológicas ou quando realiza atividades físicas moderadas e intensas. Essa alteração é percebida frente a uma resposta de controle térmico. A sudorese torna-se mais elevada, e, dependendo da situação, é possível experimentar a piloereção. Ambas as regulações visam impedir alterações bruscas nas temperaturas corporais, tentando manter a chamada homeostase térmica. 26 Unidade I A homeostasia é o termo que define o equilíbrio entre os sistemas biológicos. Logo, a homeostasia térmica visa manter esse equilíbrio com uma temperatura adequada e compatível à vida humana, mesmo em condições patológicas. Você já notou que são raríssimas as experiências na nossa vida que, mesmo em condições de infecções (principalmente de origem bacteriana), nossa temperatura altera-se em, no máximo, 2 ºC? As diferentes condições térmicas apresentadas pelos seres humanos podem ser classificadas nos padrões a seguir: • Padrão de normalidade: 37 ºC. • Hipertermia: 39 ºC. • Hipotermia: 35 ºC. No repouso, em condições normais de saúde, a temperatura corporal central oscila bem menos, conforme pode-se verificar a seguir: • Padrão de normalidade: 37 ºC. • Elevação: 37,3 ºC. • Redução: 36,7 ºC. Acredita-se que a regulação térmica em indivíduos saudáveis pode acompanhar rotinas de alterações leves, de acordo com o estilo de vida do indivíduo, assim como pode estar relacionada a épocas cíclicas do ano, meses ou semanas. Saiba mais Muitos fatores, como a melatonina, podem influenciar a termorregulação, conforme afirma Mendes (2017) no estudo a seguir: MENDES, C. Melatonina e termorregulação. 2017. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42137/tde-31012018-170056/ publico/CarolineMendes_Doutorado_I.pdf. Acesso em: 2 jun. 2020. A temperatura do corpo humano é regulada por diferentes mecanismos, devendo ser dividida, para estudo, em superficial e central. 27 TERMO E FOTOTERAPIA A temperatura superficial sofre maiores variações, uma vez que está em contato direto com o meio ambiente, que altera rapidamente de temperatura e influencia os tecidos cutâneos. Alguns órgãos possuem maior atividade metabólica e, assim, podem alterar sua formação calórica. Entre eles, podemos citar o coração, o rim e o fígado. Durante o período matinal, a temperatura tende a ser inferior a períodos tardios. Tal fato pode estar alterado em alguns indivíduos. A camada de tecido adiposo auxilia na relação entre a temperatura superficial e a central. Cada região do corpo humano apresenta uma condição específica de temperatura – normalmente, o tronco apresenta maior temperatura. O membro superior apresentará temperatura mais elevada quanto mais próximo estiver do coração, mas nunca superior à temperatura do tronco. O mesmo ocorre com os membros inferiores, ou seja, quanto mais próximo à raiz do membro, maior a temperatura. No entanto, a temperatura das coxas, das pernas e dos pés nunca será maior que a temperatura dos membros superiores (respeitando-se a posição do membro, no que se refere à proximidade da porção radicular do membro). Vamos entender, neste momento, como realizar a mensuração das temperaturas do corpo humano. As medidas de temperatura do corpo humano no Brasil são dadas em graus Celsius, enquanto em alguns outros países, como os Estados Unidos, faz-se a menção da temperatura comumente em Fahrenheit. Conheça a definição das medidas de temperatura: Celsius Embora inicialmente definido como ponto de congelação da água (e depois como ponto de fusão do gelo), a escala Celsius é agora oficialmente uma escala derivada, definida em relação à escala de temperatura Kelvin. O zero na escala Celsius (0 °C) é agora definido como equivalente a 273,15 K, com uma diferença de temperatura de 1 °C equivalente a uma diferença de 1 K, ou seja, o tamanho da unidade em cada escala é a mesma. Isto significa que 100 °C, previamente definido como o ponto de ebulição da água, é agora definido como equivalente a 373,15 K. A escala Celsius é um sistema de intervalo, mas não um sistema de relação, ou seja, segue uma escala relativa, mas não uma escala absoluta. Isto pode ser observado porque o intervalo de temperatura entre 20 °C e 30 °C é o mesmo que entre 30 °C e 40 °C, mas 40 °C não tem o dobro da energia térmica de um ar de 20 °C. A diferença de temperatura de 1 °C é equivalente a uma difer (CONVERSÃO..., 2018b). 28 Unidade I Fahrenheit O Fahrenheit é uma escala de temperatura termodinâmica, onde o ponto de congelamento da água é de 32 graus Fahrenheit (°F) e o ponto de ebulição de 212 °F (com uma pressão atmosférica normal). Isso coloca os pontos de ebulição e de congelamento da água exatamente a 180 graus de separação. Por conseguinte, um grau na escala Fahrenheit é de 1/180 de intervalo entre o ponto de congelação e o ponto de ebulição da água. O zero absoluto é definido como igual a -459,67 °F. A diferença de temperatura de 1 °F é o equivalente a uma diferença de temperatura de 0,556 °C (CONVERSÃO..., 2018a). Saiba mais Veja as informações completas sobre as unidades de medida no texto seguir: CONVERSOR de temperatura. Metric Conversions, 2018. Disponível em: https://s11.metric-conversions.org/pt-br/temperatura/. Acesso em: 2 jun. 2020. As medidas para temperatura corporal podem ser feitas por meio de: • Termômetro retal. • Termômetro bucal. • Termômetro eletrônico autocorretivo. • Termômetro de vidro (mercúrio). • Termômetro eletrônico. Para que possa ser mantida a temperatura corporal, é necessária uma enorme produção energética, uma vez que se perde constantemente caloria para o ambiente. Nesse processo, estão envolvidos elementos como: • Alimentação. • Transpiração. • Contração muscular. • Contato com meio externo frio. 29 TERMO E FOTOTERAPIA • Contato com meio externo quente. • Consumo de oxigênio. • Vestimenta. A regulação térmica ocorre no corpo humano por meio de sistemas básicos, como: • Fisiológicos: regulação realizada prioritariamente por meio do hipotálamo. —― Controle vasomotor. —― Controle hídrico (retenção hídrica e aumento da diurese). —― Controle metabólico. • Comportamentais: —― Atividades físicas. —― Vestimentas. —― Ambientes frequentados. Percebemos, então, que o corpo humano realiza um grande esforço para manter a temperatura padrão. Dessa forma, todos os seus sistemas podem se manter em funcionamento harmonioso. Pensando de forma simples, caso nosso corpo respondesse totalmente às temperaturas externas, nosso sangue poderia congelar ou tornar-se tão quente, fluido e pouco espesso que inviabilizaria a vida. Com base em todo o exposto, ter a possibilidade de influenciar a temperatura corporal (central ou superficial) nos permite alterar o sistema de funcionamento de células, órgãos e sistemas e, consequentemente, modular (acelerar ou inibir) suas ações. A fisioterapia possui recursos para elevar ou reduzir a temperatura corporal, de forma tanto superficial quanto profunda: modular a produção do colágeno, a ativação dos macrófagos, a vasomotricidade etc. A temperatura interna é tão importante que, nos homens, o músculo cremáster mantém o saco escrotal próximo ou distante da região inguinal (considerada uma região mais quente, por ser a área em que há a artéria inguinal) a partir da movimentação organizada dos testículos. Tal organização biológica mantém uma diferença de temperatura entre o corpo e a região de armazenamento dos espermatozoides, os quais, sabidamente, precisam ser conservados em temperaturas um pouco menores do que a temperatura centraldo organismo para manter a viabilidade. 30 Unidade I Concluímos, então, que elevar ou reduzir a temperatura de uma região pode certamente influenciar o funcionamento geral do corpo e/ou específico de algumas células, órgãos ou tecidos. São muitos os fatores que influenciam as alterações fisiológicas decorrentes da modificação da temperatura, como os apresentados a seguir: • Quantidade de tecido que irá absorver ou perder a temperatura. • Características dos tecidos. • Vascularização do tecido. • Fluxo sanguíneo do tecido. • Alteração térmica sofrida. • Velocidade da alteração térmica. • Duração e persistência da alteração térmica. 3.1 Resposta sistêmica frente à aplicação térmica Aquecer uma região por alguns minutos é diferente de realizar esse aquecimento por um longo período. Quando a região do braço é aquecida por um curto período, as respostas são predominantemente locais; porém, após uma longa permanência, o calor aquecerá significativamente o sangue que flui pelo membro superior, levando a energia térmica da região periférica à central, alterando o fluxo sanguíneo global e exigindo uma resposta do hipotálamo. A elevação de temperatura prolongada promoverá a sudorese, com possibilidade de desidratação. Observação Assim como na crioterapia, a aplicação da termoterapia local é diferente da exposição climática a temperaturas elevadas. 3.1.1 Resposta celular frente às alterações térmicas Nosso corpo é um grande posto de unidades celulares com distintas funções de acordo com a região onde estão localizadas. 31 TERMO E FOTOTERAPIA Vesícula transportadora Aparelho de Golgi Citossol Retículo endoplasmático rugoso Membrana celular Face trans Face cis Figura 9 – Estruturas do citoplasma Basicamente, uma célula (figura anterior) possui as seguintes estruturas, que podem responder às alterações térmicas: • Membrana plasmática: fina e elástica película que realiza o envoltório celular. Reguladora de passagens entre o meio externo e interno, com permeabilidade seletiva. —― Passiva: sem gasto energético (oxigênio). —― Ativa: com gasto energético; são necessárias enzimas de transportes. • Citoplasma: material entre a membrana plasmática e a região nuclear. Constituído pelo hialoplasma, onde estão presentes as organelas. —― Mitocôndrias. —― Ribossomos. —― Retículo endoplasmático. —― Complexo de Golgi. —― Lisossomos. —― Centríolos. 32 Unidade I A função das mitocôndrias é realizar a chamada respiração celular, a qual utiliza elementos como a glicose (oriunda de fatores nutricionais) associada ao oxigênio para a ressíntese da adenosina trifosfato (ATP). Tal fator resulta na liberação de água e gás carbônico, ao produzir energia (figura a seguir). Glicose + O2 Gás carbônico + água + energia Figura 10 – Atuação metabólica resumida da mitocôndria Os ribossomos realizam a produção de substâncias proteicas, enquanto o retículo endoplasmático realiza a distribuição das substâncias para facilitar o transporte no interior celular. Quando elevada de forma controlada, a temperatura pode aumentar em até 15% o metabolismo celular, ou seja, é possível elevar a produção energética a partir da diatermia. Perceba que, para ser possível a elevação da produção energética, faz-se necessária a presença dos substratos energéticos e da integridade celular, sendo que a desnutrição, ou mesmo déficit ferroso, poderia claramente impedir a formação da ATP, ainda que com o aumento da temperatura. Assim, a elevação da temperatura promove: • Elevação da demanda de O2. • Elevação de consumo de nutrientes. • Elevação da produção de resíduos. Aqui, é possível que você realize algumas perguntas pertinentes, como: por que não elevar a temperatura rapidamente para produzir a energia necessária e após resfriar? Por que não manter as células específicas com temperatura elevada por um longo período? Ocorre que muitas enzimas acabam lesionadas frente à elevação térmica. Basicamente, as enzimas respondem à diatermia da forma exposta na figura seguir. 33 TERMO E FOTOTERAPIA Temperatura (°C) Ele va çã o da at ivi da de Declínio da atividade Pico 6040200 Ve lo ci da de d e re aç ão Figura 11 – Resposta da atividade enzimática à diatermia 3.1.2 Resposta muscular à aplicação térmica A ativação muscular é alterada mediante a aplicação de diatermia, mas a evidência científica ainda busca um melhor entendimento desses aspectos. O aumento do fluxo sanguíneo na região, associado ao aumento da velocidade da condução elétrica, tende a promover uma melhora na capacidade de produção de força, assim como uma redução da fadiga muscular. Porém, o seu tempo de permanência ainda é incerto. 3.1.3 Resposta neural à aplicação térmica O sistema neural é uma complexa rede de entradas e saídas de impulsos elétricos que comandam o corpo executando as ordens das regiões centrais. A condução dos impulsos elétricos ocorre na região de periferia com base nos tipos de fibras nervosas e pode variar de acordo com a característica da fibra. Os ramos neurais que possuem bainha de mielina permitem os impulsos elétricos de forma saltatória e, assim, aumentam a velocidade de condução de potenciais de ação. Já a ausência de bainha de mielina reduz a velocidade dos impulsos. Dessa forma, podemos organizar as informações da seguinte maneira: • A beta: —― Superior a 10 µm com bainha de mielina grossa. —― Velocidade de condução de 30 m/s a 100 m/s. 34 Unidade I • A delta: —― 2 µm a 6 µm com bainha de mielina fina. —― Velocidade de condução de 12 m/s a 30 m/s. • oC: —― 0,4 µm a 1,2 µm sem bainha de mielina. —― Velocidade de condução de 0,5-2 m/s. Observação Cada fibra nervosa possui uma estrutura e desempenha uma função específica, podendo ser responsável por respostas terapêuticas positivas ou mesmo pelo desenvolvimento de sinais e sintomas frente à determinada lesão. Fibra Aδ Velocidade: alta Bainha de mielina Calibre: grosso Fibra Aβ Velocidade: moderada Bainha de mielina presente Calibre: médio Fibra C Velocidade: lenta Amielinizada Calibre: fino Velocidade de condução Figura 12 – Fibras de condução nervosa relacionadas aos estímulos de dor Os impulsos elétricos são responsáveis por propagar potenciais de ação da região central para a periferia, para, por exemplo, promover a contração muscular. Porém, o inverso também é verdadeiro, ou seja, há o transporte de potenciais de ação da periferia para o centro, como ocorre com o transporte das informações que serão interpretadas como dor. 35 TERMO E FOTOTERAPIA Quando uma região é aquecida, muitas estruturas neurais alteram o seu funcionamento, assim como o fuso neuromuscular, devido a estruturas como as fibras Y, sendo capaz de diminuir a ativação do tônus muscular. Os motoneurônios podem também estar hiperativados em quadro de alterações em tônus, respondendo à ativação térmica. A elevação da temperatura também contribui para o manejo da dor, mas o mecanismo ainda é incerto, tendo prováveis relações com aspectos secundários, como o relaxamento muscular e a liberação de tensões específicas. A alteração na captação de opioides endógenos, como a morfina, a serotonina e a encefalina, também pode estar associada à redução da dor frente às terapêuticas de elevação da temperatura. 3.1.4 Resposta do fluxo sanguíneo à aplicação térmica Você já reparou que a pele tende a ficar vermelha quando aquecida? Esse processo é chamado de hiperemia. Quando um tecido é aquecido, os vasos sanguíneos da região acabam por sofrer o processo de dilatação, e, consequentemente, há o aumento do diâmetro do vaso e a permeabilidade das paredes, que levam à elevação do fluxo sanguíneo na região. O mesmo processo pode ocorrer por meio da presença de substâncias inflamatórias, como a histamina e a bradicinina. Além dessas substâncias, o próprio sistema nervoso pode promover a vasodilatação ou a vasoconstrição. A elevação do fluxo sanguíneo permite: • A passagem facilitada de leucócitos duranteo processo inflamatório. • A nutrição de tecidos. • O maior aporte de oxigênio à região acometida. • A retirada elevada de catabólicos das regiões específicas. 3.1.5 Resposta do colágeno à elevação térmica É comum que algumas propriedades elásticas sejam encontradas em tecidos do corpo humano, que atuam de forma importantíssima nos conceitos de biomecânica e cinesiologia. A elasticidade é definida pela capacidade que um corpo tem de deformar e retornar ao seu estado inicial sem que ocorra dano tecidual. O sistema musculoesquelético apresenta em suas estruturas tendíneas e musculares o colágeno, que contribui para essa característica, associado à elastina. Em dias frios, notamos que o nosso corpo parece mais rígido, e iniciar uma atividade física parece ser mais dificultoso, enquanto em dias quentes o corpo parece ter uma maior mobilidade, e iniciar a mesma atividade física acaba sendo mais fácil. 36 Unidade I Dessa forma, fica claro que existe uma influência da temperatura nos tecidos biológicos em relação à extensibilidade das estruturas do colágeno, facilitando, assim, a sua mobilidade. Esse fator influencia na(o): • Mobilidade articular. • Flexibilidade. • Prática de atividade física. • Acúmulo de tensão elástica. • Alongamento. A viscosidade dos fluidos se torna reduzida em resposta às alterações de temperatura (redução); pode responder também em relação ao tecido cicatricial, evitando, assim, restrição tecidual e aderência da cicatriz. Saiba mais Conheça o estudo de Dohnert, Oliveira e Hoffmann (2017), que pesquisam sobre os efeitos da diatermia sobre a flexibilidade dos isquiotibiais: DOHNERT, M. B.; OLIVEIRA, M. S.; HOFFMANN, R. F. Efeito agudo da crioterapia e diatermia na flexibilidade e força muscular de isquiotibiais. Ciência & Saúde, v. 10, n. 2, p. 89-95, 2017. 3.2 Técnicas e aplicações do calor A diatermia por calor superficial vem sendo utilizada cada vez menos nas atuações terapêuticas, pois os recursos tecnológicos permitem a utilização de calor profundo, muitas vezes com dispositivos portáteis e de baixo custo em relação ao passado. É importante notar que o calor superficial pode ser utilizado em momentos que o terapeuta julgar necessário, aliado às técnicas que ele já está realizando em sua terapêutica. Entretanto, não é recomendado que a sessão seja baseada no calor superficial como item primordial do tratamento. Os métodos de aplicação de calor superficial são realizados por meio de: • Compressas. • Banho de parafina. 37 TERMO E FOTOTERAPIA • Turbilhão. • Forno de bier. • Luz infravermelha. Florentino et al. (2014) citam a termoterapia de calor superficial para os cuidados paliativos: A termoterapia é uma modalidade que possibilita a vasodilatação, o relaxamento muscular, a melhora do metabolismo e circulação local, a extensibilidade dos tecidos moles, a alteração de propriedades viscoelásticas teciduais e a redução da inflamação. A termoterapia por calor superficial pode ser realizada através do uso de bolsas térmicas, banhos de contraste, banhos de parafina, infravermelho, forno de Bier, hidroterapia de turbilhão e por calor profundo; os mais utilizados são: o ultrassom, ondas curtas, laser e micro-ondas. A termoterapia superficial pode ser utilizada para aliviar a dor de pacientes em tratamento paliativo. O objetivo é o de promover o alívio do espasmo muscular, interferindo no ciclo dor-espasmo-dor, aumento da extensibilidade tecidual e relaxamento muscular em indivíduos portadores de tumores, os quais podem estar comprimindo estruturas neuromusculares e, dessa forma, causando dor. A utilização do frio (crioterapia) pode ser utilizada em disfunções musculoesqueléticas, traumáticas, inflamatórias, incluindo processos agudos. No entanto, não há estudos conclusivos sobre a diminuição de dor oncológica através de crioterapia, porém sua aplicação pode ser útil para dores músculoesquelética. Vale ressaltar que a termoterapia superficial com calor está contraindicada quando aplicada diretamente sobre áreas tumorais. A vasodilatação provocada pelo calor superficial pode oferecer riscos na disseminação de células tumorais por via linfática e hematogênica (FLORENTINO et al., 2014, p. 52). Saiba mais Antes de iniciar os estudos dos métodos de aplicação, sugerimos a leitura do artigo a seguir: FLORENTINO, D. et al. A fisioterapia no alívio da dor: uma visão reabilitadora em cuidados paliativos. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, [S.l.], v. 11, n. 2, p. 50-57, dez. 2014. Disponível em: https:// www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/8942/6835. Acesso em: 9 jan. 2020. 38 Unidade I 3.2.1 Parafina ou cera Antigamente, era comum a utilização da parafina ou cera na fisioterapia; porém, esse recurso encontra-se cada vez mais em desuso, uma vez que necessita de muitos cuidados diferenciais, além de apresentar riscos ao paciente. Figura 13 – Cera ou parafina terapêutica Normalmente, a parafina ou a cera é combinada com óleo mineral e derretida a uma temperatura aproximada de 50 ºC a 54 ºC. A aplicação da parafina é chamada de banho de parafina ou banho de cera, e sua temperatura deve ser controlada em uma faixa de 42 ºC a 50 º C. Nessa temperatura, o calor sentido pelo paciente é tolerável. É importante notar que o calor específico dessa terapêutica é inferior ao da água, como podemos ver a seguir: • Parafina ou cera: 2,72 Kj/Kg. • Água: 4,2 Kj/Kg. Há inúmeros dispositivos para derretimento da parafina, sendo necessário que o terapeuta, antes da compra, avalie: • A presença de termômetro. • A presença de termorregulador. • As laterais com isolamento térmico. • O peso (para transportar). • O tamanho (para alocação na clínica e para que o paciente consiga realizar a imersão total da área). • A facilidade para higienizar. 39 TERMO E FOTOTERAPIA Figura 14 – Dispositivo para derretimento de parafina A realização da terapêutica deve sempre respeitar o protocolo. O terapeuta deve orientar adequadamente o paciente sobre como ocorrerá a terapia, tendo seu consentimento e garantindo que ele conheça as seguintes informações sobre o procedimento, incluindo as questões relativas à biossegurança: • O paciente sentirá um calor tolerável, que logo reduzirá – caso esteja sentindo “queimar” a região, deve informar ao terapeuta. • O paciente deve manter a região tratada imóvel. • A região a ser tratada, normalmente a mão, deve ser adequadamente higienizada. • Não pode haver nessa região: feridas abertas; infecções; impurezas que possam ser retiradas durante a higiene; adesivos; eletrodos; processo inflamatório agudo ou subagudo. • O terapeuta mostra para o paciente, por meio do termômetro, qual é a temperatura que a parafina está derretida; assim, existe uma maior segurança e confiança do paciente na conduta. • O terapeuta mostra ao paciente que o recipiente com parafina está limpo de impurezas. • O terapeuta realiza o mergulho. • O terapeuta realiza a imersão. • O terapeuta repete o procedimento até formar uma luva de parafina. Alguns cuidados são de grande importância: • O terapeuta deve sempre medir a temperatura da parafina. • A parafina deve ser trocada constantemente. 40 Unidade I • O recipiente deve ser adequadamente higienizado. • O paciente nunca deve realizar a terapia sozinho; deve fazer o mergulho e a imersão com auxílio/ supervisão do terapeuta. • É preciso sinalizar que o dispositivo pode aquecer as suas bordas para evitar que os pacientes se queimem. • A base onde fica o dispositivo de derretimento deve ser firme para evitar acidentes e derramamento. • A manutenção periódica deve ser sempre realizada. Um diferencial normalmente utilizado na realização do banho de parafina é o acréscimo de essências ou óleos aromáticos para que a parafina fique com um odor diferente. Normalmente, são acrescentadas gotas de essência de eucalipto. É fundamental verificar se o paciente refere alergias. O banho de parafina é indicado em: • Lesõesem mão. • Pós-operatório de dedo e mão. • Longos períodos de imobilização de extremidade dos membros superiores ou inferiores. • Condições reumatológicas da mão. A técnica é contraindicada em casos de: • Processos infecciosos. • Feridas abertas. • Hipossensibilidade. • Obesidade mórbida. • Déficit de comunicação. • Sensibilidade térmica alterada. • Processo inflamatório agudo. • Linfedema. • Edemas agudos não diagnosticados. 41 TERMO E FOTOTERAPIA Observação É possível solicitar que o paciente mergulhe a mão na parafina diversas vezes, até criar uma camada íntegra e densa sobre a sua mão. Tenha cuidado para não criar uma camada fina ou grossa. 3.2.2 Bolsas ou compressas térmicas Entre as modalidades de calor superficial, as bolsas térmicas ou compressas térmicas são comumente utilizadas pelas pessoas, mesmo sem a indicação de um profissional de saúde, fato que destacamos aqui como não recomendado. Todo e qualquer recurso terapêutico, superficial ou profundo, térmico, elétrico, mecânico ou químico, por mais simples ou acessível que possa ser, deve sempre ser utilizado com as orientações de um profissional da área de saúde, uma vez que possui riscos, contraindicações absolutas e relativas. Os tipos de bolsas e compressas que existem são: • Bolsas elétricas: bolsas aquecidas eletricamente, controladas por um regulador de temperatura (termostato). Permitem o aquecimento prolongado, sem necessidade de troca. Figura 15 – Bolsa térmica • Bolsas hidrocoladas: bolsas em sílica que contêm gel hidrofílico. Devem ser aquecidas em água quente de - 65 ºC a - 75 ºC e aplicadas quando a temperatura atingir 40 ºC a 44 ºC. Essas bolsas mantêm o calor por um período prolongado em relação aos métodos similares. • Compressas úmidas: aquecidas em água quente entre 35 ºC e 42 ºC. Perdem a temperatura rapidamente. 42 Unidade I Método de aplicação Para realizar aplicação de compressas e bolsas térmicas, o profissional deve seguir os passos a seguir: • Explicar ao paciente sobre a necessidade de aplicação de diatermia por calor superficial. • Aguardar o consentimento do paciente. • Questionar sobre as contraindicações. • Higienizar a região. • Testar a sensibilidade térmica do paciente. • Preparar o material antes da aplicação. • Aplicar a bolsa ou compressa térmica na região. • Iniciar a contagem de tempo por um cronômetro. • Enfaixar a região para evitar que o método aplicado não se altere. • Questionar periodicamente quanto à sensibilidade do paciente e ao calor tolerável. • Realizar a troca frequente da compressa de acordo com cada tipo. • Avaliar a pele do paciente após a aplicação. O posicionamento do paciente durante a aplicação deve garantir o conforto, uma vez que a compressa poderá envolver totalmente a região. Indicação A diatermia superficial deve ser indicada nos seguintes casos: • Necessidades de hiperemia. • Relaxamento muscular. • Sensação de relaxamento. • Necessidade de vasodilatação superficial. • Rigidez articular na região das mãos. • Liberação cicatricial em que não existam processos inflamatórios agudos. 43 TERMO E FOTOTERAPIA Contraindicações Não se deve indicar a diatermia superficial se o paciente apresentar: • Déficit de sensibilidade. • Obesidade mórbida. • Linfedemas. • Quadros oncológicos não compreendidos. • Processos infecciosos. • Processos inflamatórios agudos. 3.2.3 Turbilhão O turbilhão é uma modalidade terapêutica de diatermia superficial que, como a parafina, vem sendo cada vez menos utilizada, por apresentar características, como tamanho do dispositivo, higienização e gastos, que dificultam sua utilização ou manutenção nos espaços dos consultórios e das clínicas. Os efeitos podem ser obtidos a partir de recursos similares, que apresentam menor tamanho e gastos inferiores. Figura 16 - Tipo específico de dispositivo do turbilhão O turbilhão é um recipiente que permite a imersão dos membros superiores ou inferiores. Alguns modelos podem permitir a imersão do corpo inteiro para tratamento de afecções na região do tronco. Acoplado a esse dispositivo, existe um motor capaz de realizar a ejeção de um fluxo constante de água, com a mesma temperatura ou com temperatura superior à da água do recipiente. Existem, ainda, os turbilhões que atuam como uma banheira de hidromassagem, com jatos fixos nas paredes, e, nesse caso, o posicionamento do paciente em relação ao jato deverá ser orientado. 44 Unidade I Figura 17 – Turbilhão similar à hidromassagem Saiba mais Em 2016, da Silva publicou o estudo a seguir, demonstrando a possibilidade de fazer uso do turbilhão como um dos recursos terapêuticos para o tratamento de cisto sinovial do punho. Confira: DA SILVA, M. B. Fisioterapia na reabilitação do cisto sinovial de punho: uma revisão narrativa. Revista da Mostra de Iniciação Científica, v. 2, n. 1, 2016. Disponível em: http://ulbracds.com.br/index.php/rmic/ article/view/564. Acesso em: 2 jun. 2020. É de grande importância relembrar as propriedades físicas da água, uma vez que essa modalidade terapêutica promove seu benefício a partir de tal meio. São elas: • Densidade. • Pressão hidrostática. • Temperatura. • Flutuação. • Viscosidade. 45 TERMO E FOTOTERAPIA • Turbulência. • Tensão superficial. • Refração. A seguir, conheceremos melhor cada uma dessas propriedades. Densidade A densidade é uma grandeza que demonstra a relação entre a massa e o volume ocupados pelos corpos. Dizemos “pelos corpos” porque não é só a água que pode ter sua densidade calculada, mas todos os corpos. A relação entre as densidades dos corpos denomina o que chamamos de densidade relativa, calculada da forma apresentada a seguir: Densidade relativa = massa do objeto / massa de volume da água Ao calcularmos a densidade relativa de um corpo em relação à água, saberemos se esse corpo flutua ou não na água. Assim, podemos afirmar que: • Quando um objeto tem a mesma densidade de um fluido, o objeto permanece em equilíbrio indiferente, isto é, o corpo permanece na posição em que ele for colocado no fluido. • Quando o corpo ou objeto imerso possuir uma densidade relativa inferior a 1, este irá flutuar. • Quando o corpo ou objeto imerso possuir uma densidade relativa superior a 1, este irá afundar. As implicações clínicas dessa condição podem ser vistas a seguir, com a apresentação do comportamento de diferentes tecidos e/ou condições clínicas imersos na água. • Massa magra: tendência a afundar. • Massa gorda: tendência a flutuar. • Pulmões desinflados: tendência a afundar. • Hipotonia: tendência a flutuar. • Hipertonia: tendência a afundar. Assim, um atleta responde de forma diferente quando comparado a um idoso com sarcopenia ou mesmo a uma criança com osteogênese imperfeita no ambiente líquido. 46 Unidade I Água Figura 18 – Demonstração da densidade relativa de diferentes objetos em relação à água Flutuação ou empuxo A força da gravidade atrai os corpos e objetos para o centro da Terra; influencia, portanto, no peso de todos os corpos que estão na Terra. O empuxo é uma força que atua sobre os corpos imersos, contrária à ação da gravidade, sendo gerada pelo volume deslocado da água. Esse é um dos principais motivos pelos quais, ao adentrar no meio líquido, nosso corpo flutua. Água Peso Empuxo Figura 19 – Demonstração do empuxo O empuxo pode influenciar das seguintes formas: favorecendo movimentos realizados no mesmo sentido e resistindo a movimentos realizados em sentido oposto. Exatamente por isso ele tão importante na fisioterapia. 47 TERMO E FOTOTERAPIA Independentemente das condições clínicas apresentadas pelos pacientes e suas respectivas fases da reabilitação, a imersão poderá ser utilizada, já que, em condições iniciais de tratamento de pacientes que apresentem fraqueza muscular, é possível utilizar o empuxo para facilitar a realização dos movimentos. Por outro lado, se o paciente estiver em um momento mais avançado da reabilitação, no qual seja interessante
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