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Linguagens e Códigos Wagner Luís Sobral no Enem EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS Expressões idiomáticas ou idiomatismo são expressões que se caracterizam por não identificar seu significado através de suas palavras individuais ou no sentido literal. Não é possível traduzi-las em outra língua e se originam de gírias e culturas de cada região. Nas diversas regiões do país, há várias expressões idiomáticas que integram os chamados dialetos. Disponível em: www.brasilescola.com. Acesso em: 24 abr. 2010. Adaptado. O texto esclarece o leitor sobre as expressões idiomáticas, utilizando-se de um recurso metalinguístico que se caracteriza por A) influenciar o leitor sobre atitudes a serem tomadas em relação ao preconceito contra os falantes que utilizam expressões idiomáticas. B) externar atitudes preconceituosas em relação às classes menos favorecidas que utilizam expressões idiomáticas. C) divulgar as várias expressões idiomáticas existentes e controlar a atenção do interlocutor, ativando o canal de comunicação entre ambos. D) definir o que são expressões idiomáticas e como elas fazem parte do cotidiano do falante pertencente a grupos regionais diferentes. E) preocupar-se em elaborar esteticamente os sentidos das expressões idiomáticas existentes em regiões distintas. (Enem) Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal — eu não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais. Alguns discorrem sobre oassunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem no colo — também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério... mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar. LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004. Os textos fazem uso constante de recursos que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento, o elemento A) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”. B) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”. C) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”. D) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”. E) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”. As palavras e as expressões são mediadoras dos sentidos produzidos nos textos. Na fala de Hagar, a expressão “é como se” ajuda a conduzir o conteúdo enunciado para o campo da A) conformidade, pois as condições meteorológicas evidenciam um acontecimento ruim. B) reflexibilidade, pois o personagem se refere aos tubarões usando um pronome reflexivo. C) condicionalidade, pois a atenção dos personagens é a condição necessária para a sua sobrevivência. D) possibilidade, pois a proximidade dos tubarões leva à suposição do perigo iminente para os homens. E) impessoalidade, pois o personagem usa a terceira pessoa para expressar o distanciamento dos fatos. Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a manifestação da função poética da linguagem, que é percebida na elaboração artística e criativa da mensagem, por meio de combinações sonoras e rítmicas. Pela análise do texto, entretanto, percebe- se, também, a presença marcante da função emotiva ou expressiva, por meio da qual o emissor A) imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal, seus sentimentos. B) transmite informações objetivas sobre o tema de que trata a canção. C) busca persuadir o receptor da canção a adotar um certo comportamento. D) procura explicar a própria linguagem que utiliza para construir a canção. E) objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensagem veiculada. Essa petição de Habeas corpus, ao transgredir o rigor da linguagem jurídica, A) permite que a narrativa seja objetiva e repleta de sentidos denotativos. B) mostra que o cordel explora termos próprios da esfera do direito. C) demonstra que o jogo de linguagem proposto atenua a gravidade do delito. D) exemplifica como o texto em forma de cordel compromete a solicitação pretendida. E) esclarece que os termos “crime” e “processo de contravenção” são sinônimos. Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois A) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código. B) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito. C) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem. D) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais. E) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação. O humor da tira decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma- padrão da língua, esse uso é inadequado, pois A) contraria o uso previsto para o registro oral da língua. B) contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito e objeto. C) gera inadequação na concordância com o verbo. D) gera ambiguidade na leitura do texto. E) apresenta dupla marcação de sujeito. A letra da canção de Antônio de Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma característica do falar popular regional é: A) “Isso é um desaforo”. B) “Diz que eu tou aqui com alegria”. C) “Vou mostrar pr’esses cabras”. D) “Vai, chama Maria, chama Luzia”. E) “Vem cá morena linda, vestida de chita”. Nos terceiro e oitavo versos da letra da canção, constata-se que o emprego das palavras cowboy e rock expressa a influência de outra realidade cultural na língua portuguesa. Essas palavras constituem evidências de A) regionalismo, ao expressar a realidade sociocultural de habitantes de uma determinada região. B) neologismo, que se caracteriza pelo aportuguesamento de uma palavra oriunda de outra língua. C) jargão profissional, ao evocar a linguagem de uma área específica do conhecimento humano. D) arcaísmo, ao representar termos usados em outros períodos da história da língua. E) estrangeirismo, que significa a inserção de termos de outras comunidades linguísticas no português. (Enem) CABELUDINHO Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvium vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve / que eu não sei a ler. Aquele “a” preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro. BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003. No texto, o autor desenvolve uma reflexão sobre diferentes possibilidades de uso da língua e sobre os sentidos que esses usos podem produzir, a exemplo das expressões “voltou de ateu”, “disilimina esse” e “eu não sei a ler”. Com essa reflexão, o autor destaca A) os desvios linguísticos cometidos pelos personagens do texto. B) a importância de certos fenômenos gramaticais para o conhecimento da língua portuguesa. C) a distinção clara entre a norma culta e as outras variedades linguísticas. D) o relato fiel de episódios vividos por Cabeludinho durante as suas férias. E) a valorização da dimensão lúdica e poética presente nos usos coloquiais da linguagem. (Enem) Prezada senhorita, Tenho a honra de comunicar a V. S. que resolvi, de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o tabelião juramentado Francisco Guedes, estabelecido à Rua da Praia, número 632, dar por encerrados nossos entendimentos de noivado. Como passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, conceituada firma desta praça, não me restará, em face dos novos e pesados encargos, tempo útil para os deveres conjugais. Outrossim, participo que vou continuar trabalhando no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade em 17 de maio de 1932, em solenidade presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras autoridades civis e militares, bem assim como representantes da Associação dos Varejistas e da Sociedade Cultural e Recreativa José de Alencar. Sem mais, creia-me de V. S. patrício e admirador, Sabugosa de Castro CARVALHO, J. C. Amor de contabilista. In: Porque Lulu Bergatim não atravessou o Rubicon. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971. A exploração da variação linguística é um elemento que pode provocar situações cômicas. Nesse texto, o tom de humor decorre da incompatibilidade entre A) o objetivo de informar e a escolha do gênero textual. B) a linguagem empregada e os papéis sociais dos interlocutores C) o emprego de expressões antigas e a temática desenvolvida no texto. D) as formas de tratamento utilizadas e as exigências estruturais da carta. E) o rigor quanto aos aspectos formais do texto e a profissão do remetente. O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor A) emprega sinais de pontuação em excesso. B) recorre a termos e expressões em desuso no português. C) apresenta-se na primeira pessoa do singular, para conotar intimidade com o destinatário. D) privilegia o uso de termos técnicos, para demonstrar conhecimento especializado. E) expressa-se em linguagem mais subjetiva, com forte carga emocional. Obrigado! Linguagens e Códigos Wagner Luis Sobral no Enem
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