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Recondicionamento físico de pneumopatas . As técnicas de fortalecimento muscular inspiratório devem auxiliar, dar uma funcionalidade ao paciente e não devem ser aplicadas por si só . Observou-se que a DPOC é uma doença não localizada apenas no pulmão, sendo uma doença inflamatória que atinge todos os músculos esqueléticos. Portanto, é importante fazermos um recondicionamento físico geral desses pacientes. Fatores que determinam a limitação a tolerância ao exercício em pneumopatas crônicos: • Descondicionamento cardiorrespiratório; • Limitação ventilatória e hiperinsuflação dinâmica (ocorre a cada respiração que o paciente fizer – paciente já está em um nível de hiperinsuflação em que muitas das vezes o volume residual está tão alto que ele não consegue manter volumes e capacidades dentro de um certo padrão); • Descondicionamento muscular esquelético; • Hipoxemia arterial. O que acontece com o pneumopata com DPOC é um ciclo vicioso: Dispneia → Abstenção de exercício → Descondicionamento físico → Dispneia. Nós precisamos quebrar esse ciclo e para isso temos que tentar fazer com que ele mantenha um condicionamento físico suficiente para realizar suas atividades de vida diária. Adaptações musculares secundárias ao descondicionamento em pacientes pneumopatas crônicos • Aumento das enzimas glicolíticas e redução de enzimas oxidativas; • Redução da quantidade de fibras oxidativas; • Menor quantidade de substratos energéticos: ATP, CP e glicogênio muscular; • Redução da densidade mitocondrial; • Redução da densidade capilar; • Atrofia e redução de força. Limitação ventilatória Um paciente normal consegue ir aumentando a ventilação normalmente sem ter um consumo de oxigênio muito elevado. No caso do DPOC, ele já sai de um consumo elevado de oxigênio e rapidamente assume seu limite. O paciente com DPOC que necessitar suporte de oxigênio vai fazer exercício com oxigênio, vai para a esteira com oxigênio, justamente por ele ter essa limitação ventilatória. Hipoxemia arterial: • Pode-se apresentar em repouso e/ou durante o exercício. • Quando a oxigenação tecidual é deficiente os músculos utilizam fontes anaeróbicas para produção de energia. Estas fontes esgotam-se rapidamente determinando a interrupção do exercício. Isso causa uma frustração muito grande no paciente, o que o leva a querer desistir do tratamento. Se temos um aumento da tolerância do exercício, aumentamos a capacidade funcional desse paciente, melhorando sua qualidade de vida. Trabalhamos essa melhora através do programa de recondicionamento físico. Avaliação inicial • Anamnese (incluindo as AVD’s – precisamos saber as que ele consegue fazer, as que não, as que ele tem mais dificuldades etc); • Identificação de fatores de risco para o exercício; • Identificação de fatores limitantes para o exercício; • Exame físico; • Grau de dispneia; • Avaliação da capacidade funcional. Grau de dispneia: A escala analógica visual (EAV) e a Escala de Borg são usadas para medir o grau de dispneia durante o exercício, enquanto a escala de dispneia do Medical Research Council modificada (mMRC), Oxygen Cost Diagram (OCD), Baseline Dysnpea Index (BDI) e Shortness of Breath Questionnaire (SOBQ) são usados para medir o grau de dispneia nas atividades cotidianas. Também podemos utilizar a escala de Borg para as atividades cotidianas, mas usamos a mMRC para resultados mais precisos. As atividades de vida diária (AVDs) são atividades submáximas que o sujeito desempenha habitualmente. Em virtude das manifestações da doença, os pacientes com DPOC costumam relatar dispneia e fadiga desproporcional ao realizarem essas tarefas e apresentam níveis de movimentação reduzida nas AVDs quando comparados com indivíduos saudáveis. Além dos questionários, usualmente são aplicados testes para avaliar a funcionalidade dos pacientes com DPOC, sendo os mais comuns o Teste de Caminhada de Seis Minutos (TC6min), Sentar e Levantar, AVD-Glittre (TGlittre). Teste de Caminhada de Seis Minutos Avaliação de tolerância ao exercício através de uma distância máxima percorrida. Avaliamos através do oxímetro de pulso se manteve uma saturação adequada durante todo o tempo. O paciente pode realizar paradas, mas deve caminhar durante seis minutos. Se ele só conseguir caminhar uma única vez, essa é a distância que ele percorreu. O cronômetro só deve parar ao realizar 6 minutos de teste. Modalidades de exercício Precisamos trabalhar membros superiores e inferiores, e de preferência conjugar esses membros superiores e inferiores. O trabalho que iremos definir para o paciente estará relacionado com o resultado dele do teste de caminhada de seis minutos. Monitorização durante o programa de exercícios • Sinais vitais (antes, durante e pós); • Oximetria de pulso; • Escala de Borg; • Sinais e sintomas clínicos (sudorese, cianose, dor torácica etc.). Não devemos trabalhar com valores muito baixos. Se for fácil para o paciente, devemos aumentar a carga, sendo que o ideal é que ele fique entre 4 e 7 na Escala de Borg. Fortalecimento Utilização de halteres, Theraband, Kabat, exercícios ativos livres, ergômetro de MMSS. Normalmente se faz 2 a 3 séries de 10 a 20 repetições com 50% da carga máxima. Exercícios com membros superiores São importantes, pois é comum os pacientes pneumopatas crônicos utilizarem a musculatura acessória mesmo em repouso. Durante atividades envolvendo os membros superiores os músculos da cintura escapular são recrutados (fixação, sinergia e realização do movimento propriamente dito). Nessa situação os pacientes apresentam baixa tolerância para atividades envolvendo os MMSS, pois estes deixam de auxiliar a ventilação e passam a ser utilizados no movimento. Além disso, os pacientes apresentam descondicionamento muscular esquelético e cardiorrespiratório, o que também prejudica ações envolvendo os MMSS. Programa de condicionamento físico do pneumopata • 5-8 minutos: aquecimento (se o paciente estiver muito cansado pode ser sentado, movimentos sem peso etc.) • 20-25 minutos: condicionamento aeróbico (esteira, cicloergômetro etc.); • 10-15 minutos: fortalecimento (thera band, caneleiras, halteres etc.); • 10-15 minutos: mobilização e alongamento (final do tratamento). Lembrando que se for necessário, o paciente pode realizar os exercícios acompanhado do auxílio de CPAP, oxigênio etc, desde que o paciente faça os exercícios, pois ele não pode deixar de realizar os exercícios.
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