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PROPEDÊUTICA NEUROLÓGICA

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Semiologia Neurológica 
A avaliação neurológica busca responder duas questões: 
 Existe lesão neurológica? 
 Qual a localização da lesão? 
O conhecimento da topografia funcional do sistema 
nervoso é essencial no exame neurológico pois dessa 
forma é possível detectar os aspectos de normalidade e de 
anormalidade. 
TOPOGRAFIA FUNCIONAL DO SNC 
 O SNC divide-se em encéfalo e medula espinal. 
 O encéfalo é subdivido em cérebro, tronco 
encefálico e cerebelo, e em geral, é a origem das 
respostas complexas (raciocínio matemático-
lógico, fala, movimentos complexos etc.) 
Porém, cada sub-região do encéfalo é responsável 
por uma função. 
O telencéfalo 
 Lobos frontais: processam as funções cognitivas 
superiores (raciocínio lógico e abstrato, memória, 
comportamento social etc.) 
 Giro pré-central: área motora primária 
 Giro pós-central: área sensitiva primária 
O cerebelo 
 Centro integrador da motricidade, com papel 
essencial no equilíbrio, coordenação e marcha 
Além disso... 
 O tronco encefálico (mesencéfalo, ponte e bulbo) 
e o cérebro (telencéfalo e diencéfalo) contêm a 
origem dos 12 pares de nervos cranianos e do SN 
autônomo 
 Área de Wernicke: responsável pelo 
entendimento da linguagem 
 Área de Broca: responsável pela expressão da 
linguagem 
A medula espinal 
É subdivida em regiões definidas: 
 Substância branca medular: presente na 
periferia, onde encontram-se os tratos neuronais 
descendentes (vias motoras) e vias ascendentes 
(vias sensitivas) 
 Centro medular: substância cinzenta (corpos 
neuronais), responsável por elaborar as respostas 
estereotipadas (reflexos e modulação das vias) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É importante saber as principais funções de cada trato 
medular, pois a lesão dos tratos causa falhas específicas. 
-//- 
ANAMNESE NEUROLÓGICA 
A anamnese neurológica segue a maior parte da anamnese 
geral, mas é importante o reconhecimento de sintomas de 
alerta neurológicos! 
IDENTIFICAÇÃO – além do básico, deve-se saber a 
escolaridade do paciente e a mão de preferência 
HPMA – pontos importantes: 
 Há quanto tempo o(s) sintoma(s) 
começou(aram)? 
 Como o(s) sintoma(s) começaram? 
 Como foi a evolução (ou a ordem de 
aparecimento) do(s) sintoma(s)? 
 Quanto tempo demorou para o quadro se instalar 
completamente? 
 Ainda está piorando? 
 Aconteceu alguma coisa ou fez algo (inclusive 
terapia) que mudou a evolução do quadro? 
QUEIXAS QUE MERECEM ANÁLISE MAIS APURADA: 
 Cefaléia 
 Perda ou rebaixamento do nível de consciência 
 Amnésia 
 Convulsões 
 Náusea e vômito 
 Disfagia 
 Dor (principalmente facial) 
 Distúrbios do sono 
 Distúrbios motores (plegia – perda total de 
motricidade; e paresia – perda parcial) 
 Distúrbios do movimento (movimentos 
involuntários - tremores, fasciculações e balismos 
–, dismetrias etc.); 
 distúrbios de equilíbrio; 
 distúrbios sensitivos (parestesia e anestesia); 
 distúrbios visuais (ambliopia, amaurose e 
diplopia); 
 distúrbios auditivos (hipoacusia, anacusia e 
zumbidos); 
 distúrbios da comunicação (disfasia e disartria); 
 distúrbios esfincterianos (urgência miccional, 
incontinência urinária, obstipação, incontinência 
fecal etc.) 
ANTECEDENTES PESSOAIS 
São importantes, pois diversos diagnósticos são sugeridos 
bom base no histórico adequado das condições de parto e 
gestação, do DNPM, do histórico vacinal e das enfermidade 
pregressas. 
Outros pontos importantes: 
 Etilismo 
• Predispõe doenças como neuropatia 
periférica; lesões hepáticas – 
encefalopatias hepáticas e degeneração 
cerebelar; hipovitaminose – déficit de 
B12 causando degeneração medular e 
déficit de tiamina (B1) causando 
encefalopatia de Wernicke-Korsakoff; 
crises convulsivas; traumatismos 
cranianos – hematomas subdurais; 
diminuição da imunidade – meningites 
 Tabagismo 
• Predispõe isquemias cerebrais e doenças 
arteriais sistêmicas podendo causar AVC 
 Uso de drogas 
• Podem causar alucinações, alterações 
sensoriais; convulsões, agitação 
psicomotora e coma 
• Ex: cocaína – causa lesão arterial e 
aumento da PA, podendo levar a 
hemorragias fatais 
• Ex²: alucinógenos – alguns fazem 
ligações irreversíveis com os receptores 
do SN causando um efeito de “flash 
back” 
 Doenças sistêmicas 
• Diabetes – predispõe neuropatias 
diabéticas (polineuropatias, 
mononeuropatias, radiculopatia, AVC 
etc.) 
• Hipertensão arterial sistêmica – 
predispõe o AVC e a demência vascular 
 Doenças do tecido conectivo 
• Lupus eritematosos sistêmico (LES) - 
predispõe neuropatias diabéticas, 
meningites, isquemia aguda focal – 
devido AC lúpico 
• Artrite reumatoide (AR) – Vasculite em 
SN 
 Doenças de via aérea superiores / renais / 
intestinais 
Podem predispor: 
• Sinusite de repetição + quadro do SNC 
(meningite) > granulomatose de 
Wegener 
• Rins policísticos > aneurismas congênitos 
cerebrais 
• Polipose intestinal > associação com 
glioblastomas 
 Doenças infecciosas atípicas / imunodepressão 
• Doenças oportunistas > aspergilose, 
toxoplasmose, criptococose etc. 
• Quimioterapia / Radioterapia > linfoma 
primária do SN 
 Medicamentos 
• Efeitos adversos podem alterar os SNC e 
SNP 
ANTECEDENTES FAMILIARES 
Predisposições genéticas 
 Fatores poligênicos 
• Enxaqueca 
• Epilepsia 
 Caráter hereditário 
• Doenças degenerativas 
• Miopatias 
 Fator de risco para doença vascular 
aterosclerótica 
• AVC 
• IAM 
SINTOMAS IMPORTANTES!!! 
CEFALÉIA 
 Conhecida como “dor de cabeça” 
 Pode ser episódica ou contínua, envolvendo ou 
não estruturas orgânicas na etiologia da dor – a 
dor pode envolver: 
▪ todas as estruturas da face, superficiais 
ou profundas; couro cabeludo; periósteo 
craniano; vasos sanguíneos 
extracranianos; artérias do círculo de 
Willis; seios venosos intracranianos e 
suas veias tributárias; parte basal da 
dura-máter; nervos sensitivos. 
▪ possíveis etiologias: deslocamento, 
tração, distensão, irritação ou 
inflamação das estruturas sensíveis à 
dor, vasodilatação 
 SINAIS DE ALERTA: sinais incomuns à cefaléia, 
instalação abrupta (doe que começa do ano), 
ocorrência após os 50 anos de idade, 
manifestações clínicas associadas (como febre, 
rigidez de nuca), papiledema e sinais neurológicos 
focais. 
Podem ser divididas em: 
 Primárias - envolve dores de cabeça sem 
substrato orgânico 
▪ Enxaqueca 
▪ Cefaleia tensional 
▪ Cefalgia 
▪ Cefaleia diária crônica 
 Secundárias – envolve dores relacionadas com 
doenças primárias de várias etiologias, e com 
doenças base 
▪ Condições estruturais 
▪ Sistêmicas 
▪ Infecciosas 
▪ Inflamatórias 
▪ Parasitárias 
▪ Traumáticas 
▪ Vasculares 
▪ Tumorais 
▪ Metabólicas 
Anamnese do paciente com cefaléia 
1. Início – quando começou? Já sentiu essa dor 
antes? 
2. Frequência – tem toda semana? Qual 
periodicidade? 
3. Duração – quanto tempo dura a dor? 
4. Local – periorbital? Unilateral? Irradia? 
5. Qualidade – característica da dor: pulsátil? 
Latejante? 
6. Intensidade – escala de 1 a 10 
7. Fatores de alívio, agravantes e que predispõe (ex: 
bebida alcóolica., queijo etc.) 
8. Fatores associados – existem fatores 
patognomônicos: 
→ ENXAQUECA – cefaléia que é precedida 
por um pródomo, ou seja, aparecerem 
sinais que a dor de cabeça vai aparecer 
(escotomas na vista etc.) 
→ Sinais que caracterizam a enxaqueca 
(mínimo 3): 
▪ Cefaléia pulsátil 
▪ Duração de 1 dia ou de 4/72h se 
não for tratada 
▪ Unilateral 
▪ Náuseas e vômitos 
▪ Dor incapacitante que 
compromete atividades diárias 
Cefaléia por tumor cerebral 
 Localização – varia com o local do tumor 
 Intensidade – contínua, persistente de 
intensidade variável 
 Início – variável 
 Duração – breve 
 Evolução – intermitente, mas progressiva (vai e 
volta) 
 Sintomas associados – náuseas e vômitos 
 Fatores agravantes – tosse forte ou movimentossúbitos da cabeça 
Cefaléia e Hipertensão 
 O uso de drogas exógenas podem elevar muito 
rapidamente os níveis pressóricos causando 
cefaléia 
 Associação com feocromocitomas e crises 
adrenérgicas 
 Hipertensão maligna (inclui encefalopatia 
hipertensiva e eclâmpsia) 
VERTIGEM 
Sensação errônea de movimento em relação ao ambiente 
(o mundo gira) ≠ tontura – sensação de que o paciente está 
rodando. 
 Síncope: perda abrupta de consciência e queda – 
período curto de inconsciência e recuperação 
rápida 
 Quase-síncope: tende a queda mas consegue se 
proteger e não cair 
 Desequilíbrio: sensação de que não está pisando 
firme 
Atenção: investigar causas centrais para vertigem caso o 
paciente relate diplopia, disartria (dificuldade na fala) ou 
ataxia > podem indicar AVC ou ataque isquêmico 
transitório vertebrobasilar, tumor em fosse posterior e 
enxaqueca hemicraniana ou vertebrobasilar 
-//- 
EXAME NEUROLÓGICO 
 Antes de iniciar o exame neurológico, deve-se 
fazer o exame físico completo. 
 Dividido didaticamente em: 
• exame do estado mental 
• exame da motricidade 
• exame da marcha e coordenação 
• exame da sensibilidade 
• exame dos nervos cranianos 
• exame da coluna 
• exame das funções anatômicas 
EXAME DO ESTADO MENTAL 
 É possível avaliar os níveis de consciência e de 
atenção, o humor, a iniciativa, as capacidades de 
julgamento e crítica, a coordenação de ideias, a 
memórias para fatos recentes e antigos, e a 
capacidade de comunicação verbal. 
 Para essa etapa, utilizam-se teste padrões: 
MiniMental e escala de Glasgow 
ANORMALIDADES COMUNS 
Distúrbios do estado mental 
 Demência – prejuízo lento e progressivo da 
função mental que afeta a memória, o 
pensamento, o juízo e o aprendizado; relaciona-se 
à doenças estruturais do cérebro 
 Alucinações 
 Delirium – síndrome (delírio – sintoma presente 
no delirium) que envolve alguns sintomas típicos 
como: início agudo e flutuação durante o dia, 
desatenção, pensamento desorganizado, 
alteração no nível de consciência, desorientação, 
agitação ou apatia e distúrbios do sono; comum 
em idosos internados. 
Transtornos psiquiátricos 
 De humor: mania, depressão, bipolar 
 De ansiedade: generalizada, obsessivo-
compulsivo 
 Esquizofrenia 
EXAME DO ESTADO MENTAL 
 Todos os testes de triagem cognitiva são 
influenciados pelo nível de instrução do paciente 
 O resultado do MEEM é altamente influenciado 
pela idade, pelo nível de escolaridade e nível 
socioeconômico do paciente, tendo alteração nas 
notas de corte segundo grau de escolaridade. 
No exame da cognição devem ser abordados: 
 Atitude e comportamento geral (aparência, 
mimica facial, modo de expressar-se e 
comportamento durante o exame) 
 Conhecimentos gerais (testes de avaliação da 
capacidade intelectual) 
 Estado emocional (depressivo, ansioso, apático) 
 Atenção (voluntária e espontânea) 
 Orientação (autopsíquica e alopsíquica) 
 Memória (imediata, recente e remota) 
 Sensopercepção 
 Pensamento (curso, forma e conteúdo) 
Deve-se detalhar: 
 Grau de alteração do nível de consciência 
 Confusão mental 
 Distúrbios de comunicação através de fala e 
linguagem 
 Agnosias e apraxias 
MINIEXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM) 
Avalia-se os seguintes domínios cognitivos: 
 Orientação – questionar a data atual, o local etc. 
Avalia memória recente, atenção e orientação no 
tempo e espaço 
 Retenção – teste-se a memória imediata ao pedir 
que o paciente repita 3 palavras que devem ser 
escolhidas antes, visando excluir correlações 
semânticas ou gramaticais 
 Atenção e cálculo – testa a capacidade de 
atenção, cálculo e as memórias imediatas e 
operacionais do paciente 
 Memória – avalia-se a memória recente do 
paciente pedindo que este repita as 3 palavras 
mencionadas na Retenção 
OBS: amnésia – pode ser retrógada (esquece 
eventos antes da causa) e anterógrada (incapaz 
de armazenar novas memórias após a causa) 
 Linguagem – avalia-se fala espontânea, 
compreensão oral, repetição, nomeação, leitura e 
escrita 
▪ Fala espontânea – observa-se a fluência, 
a articulação de fonemas, a dificuldade 
em encontrar palavras etc. 
▪ Compreensão oral – compreender frases 
▪ Repetição – distinguir a capacidade 
auditiva do paciente pedindo que ele 
repita palavras 
▪ Nomeação – pede que o paciente 
nomeie objetos comuns do dia a dia 
▪ Leitura – pede-se que o paciente realize 
ações apenas por ordem escrita 
▪ Escrita – o paciente deve escrever uma 
frase 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXAME DO NÍVEL DE 
CONSCIÊNCIA 
 Definição: completo e permanente conhecimento 
de si mesmo e do ambiente (tempo, pessoas, 
objetos, desejos, atitudes, espaço, fatos, emoção, 
abstração, cálculo, lógica e julgamento). 
 Avaliada em graus 
ESCALA DE GLASGOW – considera abertura ocular, 
resposta verbal e resposta motora. 
O score varia de 3 (rebaixamento total do nível de 
consciência) a 15 (indivíduo plenamente consciente) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estágios de consciência 
 Sonolência (obnubilação) - incapacidade de 
manter a vigília sem que um estímulo externo seja 
aplicado 
 Torpor – sono semelhante ao normal, mas o 
paciente não altera a posição no leito 
espontaneamente e só desperta com estímulos 
vigorosos 
 Coma superficial – não comunica com o meio mas 
apresenta reflexos motores do tronco encefálico 
 Coma profundo – não apresenta reação reflexa 
 Morte encefálica – falência total e irreversível das 
funções cefálicas 
ESCALA DE RAMSAY – escala subjetiva para avaliar o grau 
de sedação dos pacientes, utilizado na UTI para evitar 
sedação insuficiente (o paciente vai sentir dores) ou 
sedação excessiva (colocando-o em risco de morte). 
 
 
 
 
 
 
ESCALA DE RASS – avalia agitação de um paciente que 
precisa de cuidados críticos ou esteja sob agitação 
psicomotora. 
 
 
 
 
 
 
 
EXAME DA LINGUAGEM 
A exploração da linguagem avalia percepção, expressão 
oral e expressão escrita. 
Principais afecções: 
 Disfonia – distúrbio do timbre e da intensidade do 
som (comprometimento da inervação motora das 
cordas vocais) 
 Dislalia – distúrbio para articular palavras 
decorrente de múltiplas causas, excluindo 
perturbações neurológicas 
 Disartria – distúrbio da articular palavras 
decorrente de alterações neurológicas (periférico 
ou central) 
 Taquilalia – alteração do ritmo, aceleração da fala 
 Bradilalia – lentidão 
 Gagueira 
 Afasia – pode ser divida em sensorial (Wernicke) 
ou motora (Broca) e as totais (mista) 
▪ Afasia de Wernicke – incapacidade de 
entender a palavra escrita ou falada. O 
paciente fala muito, cometendo muitos 
erros verbais e gramaticais, e as frases 
tendem a não ter nexo. 
▪ Afasia de Broca – dificuldade ou 
incapacidade de expressão oral/gráfica. 
Os pacientes entendem a língua mas não 
conseguem se expressar – têm 
consciência do déficit e sofrem por isso. 
▪ As causas mais comuns das afasias são os 
AVC, TCE e neoplasias do SNC. 
AGNOSIA E APRAXIA 
 São distúrbios da cognição que refletem sobre o 
sistema motor ou distúrbio-sensorial e impedem 
a realização de tarefas simples que exijam 
coordenação. 
 Agnosia – dificuldade de reconhecer objetos ou 
sons por meio de estímulos sensitivos (táteis) ou 
sensoriais (visuais e sonoros). Geralmente por 
alterações cerebrais focais. 
OBS: estereognosia – incapacidade de reconhecer 
objetos pela palpação (perda de tato 
discriminativo e da propriocepção 
 Apraxia – alteração na atividade gestual na qual o 
paciente não consegue executar atos motores de 
maneira adequada mesmo com os órgãos de 
execução intactos – ex: criança com dificuldade 
para encontrar o movimento correto da face para 
iniciar a fala; não conseguir amarrar os sapatos 
etc. 
EXAME DE MOTRICIDADE 
A motricidade voluntária é exercida pela ação de dois 
sistemas: piramidale extrapiramidal 
Sistema extrapiramidal – mantem o tônus muscular 
Sistema piramidal – efetora do movimento, originando a 
resposta voluntária 
 Avalia-se a posição do corpo, movimentos 
involuntários, características do músculo e 
coordenação. 
MOTRICIDADE REFLEXA 
 Reflexos são respostas a um estímulo adequado, 
seja ele interno ou externo 
 Arco-reflexo simples – a partir do estímulo de 
receptores periféricos, um impulso nervoso é 
gerado e trafega pelas fibras nervosas sensitivas 
até atingir o centro reflexógeno onde é, então, 
retransmitido pelas fibras motoras. 
Reflexos superficiais 
Reflexo cutâneo-plantar (centro L5-S2) – excitação 
posteroanterior realizada na planta do pé causando flexão 
plantar do hálux e dos artelhos. 
Essa resposta é esperada em todos os indivíduos normais 
após o 1º ano de vida. 
Sinal de Babinski – condição patológica gerada por 
liberação piramidal que causa extensão do hálux e dos 
artelhos quando realizado o mesmo estímulo 
Reflexo tendinoso profundo: percutir o tendão de um 
músculo estirado. 
Reflexos profundos (miotáticos) 
Reflexo Aquileu – paciente sentado com as pernas 
pendentes; com uma de suas mãos o examinador deve 
apoiar suavemente a face plantar do pé do paciente. O 
examinador flete levemente o pé do paciente percutindo a 
região do tendão de Aquiles ou a região plantar, obtendo 
como resposta a flexão plantar 
Reflexo patelar – paciente sentado com as pernas 
pendentes; percutir o tendão do quadríceps femoral, e 
observa-se extensão da perna 
Reflexo estilorradial – paciente sentado ou em pé com o 
antebraço semifletido e o punho em ligeira pronação; o 
examinador apoia o seu antebraço sustentando seu 
polegar sobre o processo estiloide do rádio. Em seguida, 
percute seu próprio dedo > a resposta esperada é 
contração do músculo braquiorradial observada por 
discreta pronação do antebraço 
Reflexo bicipital – paciente sentado ou em pé com o 
antebraço semifletido e a mão em supinação; o 
examinador deve apoiar o antebraço do paciente e apoiar 
seu polegar sobre o tendão bicipital do paciente. A 
percussão do tendão do bíceps se faz no dedo do próprio 
examinador e causa uma contração bicipital levando a uma 
flexão e supinação do antebraço 
 
AVALIAÇÃO DO TÔNUS MUSCULAR 
 É importante avaliar o tônus antes de avaliar a 
motricidade propriamente dita, pois afeta 
diretamente no exame. 
 É realizado com o paciente deitado (para deixar o 
músculo super relaxado) e é feito inspeção, 
palpação, percussão, movimentação passiva das 
articulações e balanço passivo das articulações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sinal do Canivete (hipertonia) (indica lesão piramidal) – o 
movimento apresenta duas fases distintas. Na primeira, o 
movimento apresenta uma oposição constante à força do 
examinador, ao passo que, na segunda, o movimento é 
subitamente acelerado a favor da força exercida pelo 
examinador, como um canivete ao se abrir. 
Sinal do cano de chumbo (rigidez) (indica lesão 
extrapiramidal) – Ao realizar o movimento, o paciente 
imprime uma força regular, constante e contrária ao 
movimento que o examinador exerce durante todo o 
movimento, dando a impressão de se entortar um objeto 
muito duro como um cano de chumbo ou uma barra de 
ferro. 
 
Sinal da roda dentada (rigidez) (típico do parkinson) – ao 
tentar imprimir um movimento, como a extensão do 
cotovelo, o examinador encontra uma resistência variável 
a sua força que cursa com interrupções diminutas e 
sucessivas ao movimento, lembrando os dentes de uma 
roda de cremalheira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE 
 Paciente refere “agulhadas” ou “dormência” – 
parestesia, disestesia (alteração da sensibilidade) 
ou analgesia (ausência de sensibilidade) 
 Teste do diapazão – percepção vibratória 
 Toque leve 
 
TESTE DE FORÇA MUSCULAR – ESPASTICIDADE E RIGIDEZ 
 Para testar a força, solicite que o paciente resiste 
aos movimento que o examinador iniciar 
Flexão na altura do ombro – coloque uma mão sob o bíceps 
e outra no punho, forçando a flexão passiva do paciente 
(que deve resistir) 
Extensão na altura do cotovelo – coloque uma mão no 
punho e puxe forçando a extensão passiva 
Teste de preensão – peça que o paciente segure um dos 
dedos do examinador, enquanto este força a retirada do 
dedo 
Oposição do polegar – o paciente deve tentar encostar a 
ponta do dedo mínimo com o polegar, contra a resistência 
que o examinador impõe ao segurar o punho e o polegar 
Flexão na altura do quadril – coloque a mão sob a coxa do 
paciente e peça que levante o membro inferior contra a 
resistência imposta 
Extensão na altura do joelho - Segure o joelho do paciente 
em flexão e solicite que ele estique a perna contra a 
resistência que você impõe. O músculo quadríceps femoral 
é o músculo mais forte do corpo; portanto, deve-se esperar 
uma resposta vigorosa. 
 
 
 
 
 
 
Fraqueza muscular (miastenia) 
 Pode ser causada por diversos fatores 
 Envolve fadiga, apatia, tonteira ou perda 
verdadeira da força muscular (sd. De Guillain-
Barré) 
 A instalação crônica e gradativa da fraqueza 
muscular em membros inferiores pode ocorrer 
por lesões raquimedulares metastáticas e na 
doença discal lombar 
 Focal ou assimétrica tem diversas causas: 
▪ Centrais – lesões isquêmicas, 
trombóticas ou expansivas 
▪ Periféricas – variam desde lesão nervosa 
até transtornos da junção 
neuromuscular, passando por miopatias 
ou doenças musculares intrínsecas 
Miastenia Grave – fraqueza muscular proximal, 
assimétrica, que se exacerba aos esforço (fadiga), 
associada a manifestações bulbares como diplopia, ptose, 
disartria e envolver um nervo, a junção neuromuscular ou 
um músculo 
Avaliação da fraqueza muscular 
 Generalizada ou focal? 
 Ocorre em um membro ou nos dois? 
 Quais movimentos estão comprometidos? 
 
 Fraqueza proximal – o paciente sente dificuldade 
em movimentos como pentear o cabelo, alcançar 
uma prateleira alta etc. 
 Fraqueza distal – paciente tropeça ao caminhar? 
 Simétrico ou Assimétrico 
Movimentos involuntários 
 Tremores 
 Flapping (Asterix) – caracterizado por 
movimentos em segmentos distais, rápidos e de 
amplitude variável lembrando o bater de asas de 
um pássaro, sendo muitas vezes confundido com 
tremor 
 Coreia – movimentos de início abrupto e 
explosivo (espasmódico), arrítmicos, geralmente 
de curta duração, que se repetem em intensidade 
e topografias variadas. Se assemelha à uma 
dança. 
 Balismo – movimentos amplos, de início e final 
abruptos, com caráter violento de grandes massas 
musculares, que se assemelham a chutes e 
arremessos. 
 
EXAME DA MARCHA 
Inclui coordenação, marcha e equilíbrio 
 Pede-se que o paciente caminhe pelo aposento, 
ida e volta 
▪ Deve-se observar postura, equilíbrio, 
balanço de membros superiores e 
movimento dos membros inferiores. 
OBS: marcha de tandem pode relevar ataxia despercebida 
– pede-se que o paciente caminhe com um pé atras do 
outro em linha reta 
 Pede-se que o paciente saltite no mesmo lugar, 
com um dos membros inferiores de cada vez – 
esse movimento envolve músculos proximais e 
distais de membros inferiores, e exige 
propriocepção adequada e função cerebelar 
normal 
▪ A dificuldade de saltitar pode ser 
consequente de fraqueza muscular, 
perda de propriocepção e disfunção do 
cerebelo 
▪ A dificuldade em flexionar o joelho 
sugere fraqueza próximas (extensores do 
quadril e/ou fraqueza do quadríceps 
femoral) 
 Pede-se que o paciente caminhe nas pontas dos 
pés (teste sensível para flexão plantar e equilíbrio) 
e depois apoiado nos calcanhares (teste sensível 
para dorsiflexão dos calcanhares e equilíbrio) 
▪ Pode revelar fraqueza da musculatura 
distal dos membros inferiores, e a 
incapacidade de andar apoiado no 
calcanhar pode indicar lesão no trato 
corticoespinal 
COORDENAÇÃO 
Prova calcanhar joelho – o pacientedeve levar o calcanhar 
de uma perna a tocar o joelho do lado contralateral e, a 
seguir, deslizar o calcanhar sobre a tíbia, em linha reta, até 
o hálux. 
Prova index-nariz – o paciente deve tocar a ponta do nariz 
com a ponta do dedo indicador

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