Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Semiologia Neurológica A avaliação neurológica busca responder duas questões: Existe lesão neurológica? Qual a localização da lesão? O conhecimento da topografia funcional do sistema nervoso é essencial no exame neurológico pois dessa forma é possível detectar os aspectos de normalidade e de anormalidade. TOPOGRAFIA FUNCIONAL DO SNC O SNC divide-se em encéfalo e medula espinal. O encéfalo é subdivido em cérebro, tronco encefálico e cerebelo, e em geral, é a origem das respostas complexas (raciocínio matemático- lógico, fala, movimentos complexos etc.) Porém, cada sub-região do encéfalo é responsável por uma função. O telencéfalo Lobos frontais: processam as funções cognitivas superiores (raciocínio lógico e abstrato, memória, comportamento social etc.) Giro pré-central: área motora primária Giro pós-central: área sensitiva primária O cerebelo Centro integrador da motricidade, com papel essencial no equilíbrio, coordenação e marcha Além disso... O tronco encefálico (mesencéfalo, ponte e bulbo) e o cérebro (telencéfalo e diencéfalo) contêm a origem dos 12 pares de nervos cranianos e do SN autônomo Área de Wernicke: responsável pelo entendimento da linguagem Área de Broca: responsável pela expressão da linguagem A medula espinal É subdivida em regiões definidas: Substância branca medular: presente na periferia, onde encontram-se os tratos neuronais descendentes (vias motoras) e vias ascendentes (vias sensitivas) Centro medular: substância cinzenta (corpos neuronais), responsável por elaborar as respostas estereotipadas (reflexos e modulação das vias) É importante saber as principais funções de cada trato medular, pois a lesão dos tratos causa falhas específicas. -//- ANAMNESE NEUROLÓGICA A anamnese neurológica segue a maior parte da anamnese geral, mas é importante o reconhecimento de sintomas de alerta neurológicos! IDENTIFICAÇÃO – além do básico, deve-se saber a escolaridade do paciente e a mão de preferência HPMA – pontos importantes: Há quanto tempo o(s) sintoma(s) começou(aram)? Como o(s) sintoma(s) começaram? Como foi a evolução (ou a ordem de aparecimento) do(s) sintoma(s)? Quanto tempo demorou para o quadro se instalar completamente? Ainda está piorando? Aconteceu alguma coisa ou fez algo (inclusive terapia) que mudou a evolução do quadro? QUEIXAS QUE MERECEM ANÁLISE MAIS APURADA: Cefaléia Perda ou rebaixamento do nível de consciência Amnésia Convulsões Náusea e vômito Disfagia Dor (principalmente facial) Distúrbios do sono Distúrbios motores (plegia – perda total de motricidade; e paresia – perda parcial) Distúrbios do movimento (movimentos involuntários - tremores, fasciculações e balismos –, dismetrias etc.); distúrbios de equilíbrio; distúrbios sensitivos (parestesia e anestesia); distúrbios visuais (ambliopia, amaurose e diplopia); distúrbios auditivos (hipoacusia, anacusia e zumbidos); distúrbios da comunicação (disfasia e disartria); distúrbios esfincterianos (urgência miccional, incontinência urinária, obstipação, incontinência fecal etc.) ANTECEDENTES PESSOAIS São importantes, pois diversos diagnósticos são sugeridos bom base no histórico adequado das condições de parto e gestação, do DNPM, do histórico vacinal e das enfermidade pregressas. Outros pontos importantes: Etilismo • Predispõe doenças como neuropatia periférica; lesões hepáticas – encefalopatias hepáticas e degeneração cerebelar; hipovitaminose – déficit de B12 causando degeneração medular e déficit de tiamina (B1) causando encefalopatia de Wernicke-Korsakoff; crises convulsivas; traumatismos cranianos – hematomas subdurais; diminuição da imunidade – meningites Tabagismo • Predispõe isquemias cerebrais e doenças arteriais sistêmicas podendo causar AVC Uso de drogas • Podem causar alucinações, alterações sensoriais; convulsões, agitação psicomotora e coma • Ex: cocaína – causa lesão arterial e aumento da PA, podendo levar a hemorragias fatais • Ex²: alucinógenos – alguns fazem ligações irreversíveis com os receptores do SN causando um efeito de “flash back” Doenças sistêmicas • Diabetes – predispõe neuropatias diabéticas (polineuropatias, mononeuropatias, radiculopatia, AVC etc.) • Hipertensão arterial sistêmica – predispõe o AVC e a demência vascular Doenças do tecido conectivo • Lupus eritematosos sistêmico (LES) - predispõe neuropatias diabéticas, meningites, isquemia aguda focal – devido AC lúpico • Artrite reumatoide (AR) – Vasculite em SN Doenças de via aérea superiores / renais / intestinais Podem predispor: • Sinusite de repetição + quadro do SNC (meningite) > granulomatose de Wegener • Rins policísticos > aneurismas congênitos cerebrais • Polipose intestinal > associação com glioblastomas Doenças infecciosas atípicas / imunodepressão • Doenças oportunistas > aspergilose, toxoplasmose, criptococose etc. • Quimioterapia / Radioterapia > linfoma primária do SN Medicamentos • Efeitos adversos podem alterar os SNC e SNP ANTECEDENTES FAMILIARES Predisposições genéticas Fatores poligênicos • Enxaqueca • Epilepsia Caráter hereditário • Doenças degenerativas • Miopatias Fator de risco para doença vascular aterosclerótica • AVC • IAM SINTOMAS IMPORTANTES!!! CEFALÉIA Conhecida como “dor de cabeça” Pode ser episódica ou contínua, envolvendo ou não estruturas orgânicas na etiologia da dor – a dor pode envolver: ▪ todas as estruturas da face, superficiais ou profundas; couro cabeludo; periósteo craniano; vasos sanguíneos extracranianos; artérias do círculo de Willis; seios venosos intracranianos e suas veias tributárias; parte basal da dura-máter; nervos sensitivos. ▪ possíveis etiologias: deslocamento, tração, distensão, irritação ou inflamação das estruturas sensíveis à dor, vasodilatação SINAIS DE ALERTA: sinais incomuns à cefaléia, instalação abrupta (doe que começa do ano), ocorrência após os 50 anos de idade, manifestações clínicas associadas (como febre, rigidez de nuca), papiledema e sinais neurológicos focais. Podem ser divididas em: Primárias - envolve dores de cabeça sem substrato orgânico ▪ Enxaqueca ▪ Cefaleia tensional ▪ Cefalgia ▪ Cefaleia diária crônica Secundárias – envolve dores relacionadas com doenças primárias de várias etiologias, e com doenças base ▪ Condições estruturais ▪ Sistêmicas ▪ Infecciosas ▪ Inflamatórias ▪ Parasitárias ▪ Traumáticas ▪ Vasculares ▪ Tumorais ▪ Metabólicas Anamnese do paciente com cefaléia 1. Início – quando começou? Já sentiu essa dor antes? 2. Frequência – tem toda semana? Qual periodicidade? 3. Duração – quanto tempo dura a dor? 4. Local – periorbital? Unilateral? Irradia? 5. Qualidade – característica da dor: pulsátil? Latejante? 6. Intensidade – escala de 1 a 10 7. Fatores de alívio, agravantes e que predispõe (ex: bebida alcóolica., queijo etc.) 8. Fatores associados – existem fatores patognomônicos: → ENXAQUECA – cefaléia que é precedida por um pródomo, ou seja, aparecerem sinais que a dor de cabeça vai aparecer (escotomas na vista etc.) → Sinais que caracterizam a enxaqueca (mínimo 3): ▪ Cefaléia pulsátil ▪ Duração de 1 dia ou de 4/72h se não for tratada ▪ Unilateral ▪ Náuseas e vômitos ▪ Dor incapacitante que compromete atividades diárias Cefaléia por tumor cerebral Localização – varia com o local do tumor Intensidade – contínua, persistente de intensidade variável Início – variável Duração – breve Evolução – intermitente, mas progressiva (vai e volta) Sintomas associados – náuseas e vômitos Fatores agravantes – tosse forte ou movimentossúbitos da cabeça Cefaléia e Hipertensão O uso de drogas exógenas podem elevar muito rapidamente os níveis pressóricos causando cefaléia Associação com feocromocitomas e crises adrenérgicas Hipertensão maligna (inclui encefalopatia hipertensiva e eclâmpsia) VERTIGEM Sensação errônea de movimento em relação ao ambiente (o mundo gira) ≠ tontura – sensação de que o paciente está rodando. Síncope: perda abrupta de consciência e queda – período curto de inconsciência e recuperação rápida Quase-síncope: tende a queda mas consegue se proteger e não cair Desequilíbrio: sensação de que não está pisando firme Atenção: investigar causas centrais para vertigem caso o paciente relate diplopia, disartria (dificuldade na fala) ou ataxia > podem indicar AVC ou ataque isquêmico transitório vertebrobasilar, tumor em fosse posterior e enxaqueca hemicraniana ou vertebrobasilar -//- EXAME NEUROLÓGICO Antes de iniciar o exame neurológico, deve-se fazer o exame físico completo. Dividido didaticamente em: • exame do estado mental • exame da motricidade • exame da marcha e coordenação • exame da sensibilidade • exame dos nervos cranianos • exame da coluna • exame das funções anatômicas EXAME DO ESTADO MENTAL É possível avaliar os níveis de consciência e de atenção, o humor, a iniciativa, as capacidades de julgamento e crítica, a coordenação de ideias, a memórias para fatos recentes e antigos, e a capacidade de comunicação verbal. Para essa etapa, utilizam-se teste padrões: MiniMental e escala de Glasgow ANORMALIDADES COMUNS Distúrbios do estado mental Demência – prejuízo lento e progressivo da função mental que afeta a memória, o pensamento, o juízo e o aprendizado; relaciona-se à doenças estruturais do cérebro Alucinações Delirium – síndrome (delírio – sintoma presente no delirium) que envolve alguns sintomas típicos como: início agudo e flutuação durante o dia, desatenção, pensamento desorganizado, alteração no nível de consciência, desorientação, agitação ou apatia e distúrbios do sono; comum em idosos internados. Transtornos psiquiátricos De humor: mania, depressão, bipolar De ansiedade: generalizada, obsessivo- compulsivo Esquizofrenia EXAME DO ESTADO MENTAL Todos os testes de triagem cognitiva são influenciados pelo nível de instrução do paciente O resultado do MEEM é altamente influenciado pela idade, pelo nível de escolaridade e nível socioeconômico do paciente, tendo alteração nas notas de corte segundo grau de escolaridade. No exame da cognição devem ser abordados: Atitude e comportamento geral (aparência, mimica facial, modo de expressar-se e comportamento durante o exame) Conhecimentos gerais (testes de avaliação da capacidade intelectual) Estado emocional (depressivo, ansioso, apático) Atenção (voluntária e espontânea) Orientação (autopsíquica e alopsíquica) Memória (imediata, recente e remota) Sensopercepção Pensamento (curso, forma e conteúdo) Deve-se detalhar: Grau de alteração do nível de consciência Confusão mental Distúrbios de comunicação através de fala e linguagem Agnosias e apraxias MINIEXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM) Avalia-se os seguintes domínios cognitivos: Orientação – questionar a data atual, o local etc. Avalia memória recente, atenção e orientação no tempo e espaço Retenção – teste-se a memória imediata ao pedir que o paciente repita 3 palavras que devem ser escolhidas antes, visando excluir correlações semânticas ou gramaticais Atenção e cálculo – testa a capacidade de atenção, cálculo e as memórias imediatas e operacionais do paciente Memória – avalia-se a memória recente do paciente pedindo que este repita as 3 palavras mencionadas na Retenção OBS: amnésia – pode ser retrógada (esquece eventos antes da causa) e anterógrada (incapaz de armazenar novas memórias após a causa) Linguagem – avalia-se fala espontânea, compreensão oral, repetição, nomeação, leitura e escrita ▪ Fala espontânea – observa-se a fluência, a articulação de fonemas, a dificuldade em encontrar palavras etc. ▪ Compreensão oral – compreender frases ▪ Repetição – distinguir a capacidade auditiva do paciente pedindo que ele repita palavras ▪ Nomeação – pede que o paciente nomeie objetos comuns do dia a dia ▪ Leitura – pede-se que o paciente realize ações apenas por ordem escrita ▪ Escrita – o paciente deve escrever uma frase EXAME DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA Definição: completo e permanente conhecimento de si mesmo e do ambiente (tempo, pessoas, objetos, desejos, atitudes, espaço, fatos, emoção, abstração, cálculo, lógica e julgamento). Avaliada em graus ESCALA DE GLASGOW – considera abertura ocular, resposta verbal e resposta motora. O score varia de 3 (rebaixamento total do nível de consciência) a 15 (indivíduo plenamente consciente) Estágios de consciência Sonolência (obnubilação) - incapacidade de manter a vigília sem que um estímulo externo seja aplicado Torpor – sono semelhante ao normal, mas o paciente não altera a posição no leito espontaneamente e só desperta com estímulos vigorosos Coma superficial – não comunica com o meio mas apresenta reflexos motores do tronco encefálico Coma profundo – não apresenta reação reflexa Morte encefálica – falência total e irreversível das funções cefálicas ESCALA DE RAMSAY – escala subjetiva para avaliar o grau de sedação dos pacientes, utilizado na UTI para evitar sedação insuficiente (o paciente vai sentir dores) ou sedação excessiva (colocando-o em risco de morte). ESCALA DE RASS – avalia agitação de um paciente que precisa de cuidados críticos ou esteja sob agitação psicomotora. EXAME DA LINGUAGEM A exploração da linguagem avalia percepção, expressão oral e expressão escrita. Principais afecções: Disfonia – distúrbio do timbre e da intensidade do som (comprometimento da inervação motora das cordas vocais) Dislalia – distúrbio para articular palavras decorrente de múltiplas causas, excluindo perturbações neurológicas Disartria – distúrbio da articular palavras decorrente de alterações neurológicas (periférico ou central) Taquilalia – alteração do ritmo, aceleração da fala Bradilalia – lentidão Gagueira Afasia – pode ser divida em sensorial (Wernicke) ou motora (Broca) e as totais (mista) ▪ Afasia de Wernicke – incapacidade de entender a palavra escrita ou falada. O paciente fala muito, cometendo muitos erros verbais e gramaticais, e as frases tendem a não ter nexo. ▪ Afasia de Broca – dificuldade ou incapacidade de expressão oral/gráfica. Os pacientes entendem a língua mas não conseguem se expressar – têm consciência do déficit e sofrem por isso. ▪ As causas mais comuns das afasias são os AVC, TCE e neoplasias do SNC. AGNOSIA E APRAXIA São distúrbios da cognição que refletem sobre o sistema motor ou distúrbio-sensorial e impedem a realização de tarefas simples que exijam coordenação. Agnosia – dificuldade de reconhecer objetos ou sons por meio de estímulos sensitivos (táteis) ou sensoriais (visuais e sonoros). Geralmente por alterações cerebrais focais. OBS: estereognosia – incapacidade de reconhecer objetos pela palpação (perda de tato discriminativo e da propriocepção Apraxia – alteração na atividade gestual na qual o paciente não consegue executar atos motores de maneira adequada mesmo com os órgãos de execução intactos – ex: criança com dificuldade para encontrar o movimento correto da face para iniciar a fala; não conseguir amarrar os sapatos etc. EXAME DE MOTRICIDADE A motricidade voluntária é exercida pela ação de dois sistemas: piramidale extrapiramidal Sistema extrapiramidal – mantem o tônus muscular Sistema piramidal – efetora do movimento, originando a resposta voluntária Avalia-se a posição do corpo, movimentos involuntários, características do músculo e coordenação. MOTRICIDADE REFLEXA Reflexos são respostas a um estímulo adequado, seja ele interno ou externo Arco-reflexo simples – a partir do estímulo de receptores periféricos, um impulso nervoso é gerado e trafega pelas fibras nervosas sensitivas até atingir o centro reflexógeno onde é, então, retransmitido pelas fibras motoras. Reflexos superficiais Reflexo cutâneo-plantar (centro L5-S2) – excitação posteroanterior realizada na planta do pé causando flexão plantar do hálux e dos artelhos. Essa resposta é esperada em todos os indivíduos normais após o 1º ano de vida. Sinal de Babinski – condição patológica gerada por liberação piramidal que causa extensão do hálux e dos artelhos quando realizado o mesmo estímulo Reflexo tendinoso profundo: percutir o tendão de um músculo estirado. Reflexos profundos (miotáticos) Reflexo Aquileu – paciente sentado com as pernas pendentes; com uma de suas mãos o examinador deve apoiar suavemente a face plantar do pé do paciente. O examinador flete levemente o pé do paciente percutindo a região do tendão de Aquiles ou a região plantar, obtendo como resposta a flexão plantar Reflexo patelar – paciente sentado com as pernas pendentes; percutir o tendão do quadríceps femoral, e observa-se extensão da perna Reflexo estilorradial – paciente sentado ou em pé com o antebraço semifletido e o punho em ligeira pronação; o examinador apoia o seu antebraço sustentando seu polegar sobre o processo estiloide do rádio. Em seguida, percute seu próprio dedo > a resposta esperada é contração do músculo braquiorradial observada por discreta pronação do antebraço Reflexo bicipital – paciente sentado ou em pé com o antebraço semifletido e a mão em supinação; o examinador deve apoiar o antebraço do paciente e apoiar seu polegar sobre o tendão bicipital do paciente. A percussão do tendão do bíceps se faz no dedo do próprio examinador e causa uma contração bicipital levando a uma flexão e supinação do antebraço AVALIAÇÃO DO TÔNUS MUSCULAR É importante avaliar o tônus antes de avaliar a motricidade propriamente dita, pois afeta diretamente no exame. É realizado com o paciente deitado (para deixar o músculo super relaxado) e é feito inspeção, palpação, percussão, movimentação passiva das articulações e balanço passivo das articulações. Sinal do Canivete (hipertonia) (indica lesão piramidal) – o movimento apresenta duas fases distintas. Na primeira, o movimento apresenta uma oposição constante à força do examinador, ao passo que, na segunda, o movimento é subitamente acelerado a favor da força exercida pelo examinador, como um canivete ao se abrir. Sinal do cano de chumbo (rigidez) (indica lesão extrapiramidal) – Ao realizar o movimento, o paciente imprime uma força regular, constante e contrária ao movimento que o examinador exerce durante todo o movimento, dando a impressão de se entortar um objeto muito duro como um cano de chumbo ou uma barra de ferro. Sinal da roda dentada (rigidez) (típico do parkinson) – ao tentar imprimir um movimento, como a extensão do cotovelo, o examinador encontra uma resistência variável a sua força que cursa com interrupções diminutas e sucessivas ao movimento, lembrando os dentes de uma roda de cremalheira AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE Paciente refere “agulhadas” ou “dormência” – parestesia, disestesia (alteração da sensibilidade) ou analgesia (ausência de sensibilidade) Teste do diapazão – percepção vibratória Toque leve TESTE DE FORÇA MUSCULAR – ESPASTICIDADE E RIGIDEZ Para testar a força, solicite que o paciente resiste aos movimento que o examinador iniciar Flexão na altura do ombro – coloque uma mão sob o bíceps e outra no punho, forçando a flexão passiva do paciente (que deve resistir) Extensão na altura do cotovelo – coloque uma mão no punho e puxe forçando a extensão passiva Teste de preensão – peça que o paciente segure um dos dedos do examinador, enquanto este força a retirada do dedo Oposição do polegar – o paciente deve tentar encostar a ponta do dedo mínimo com o polegar, contra a resistência que o examinador impõe ao segurar o punho e o polegar Flexão na altura do quadril – coloque a mão sob a coxa do paciente e peça que levante o membro inferior contra a resistência imposta Extensão na altura do joelho - Segure o joelho do paciente em flexão e solicite que ele estique a perna contra a resistência que você impõe. O músculo quadríceps femoral é o músculo mais forte do corpo; portanto, deve-se esperar uma resposta vigorosa. Fraqueza muscular (miastenia) Pode ser causada por diversos fatores Envolve fadiga, apatia, tonteira ou perda verdadeira da força muscular (sd. De Guillain- Barré) A instalação crônica e gradativa da fraqueza muscular em membros inferiores pode ocorrer por lesões raquimedulares metastáticas e na doença discal lombar Focal ou assimétrica tem diversas causas: ▪ Centrais – lesões isquêmicas, trombóticas ou expansivas ▪ Periféricas – variam desde lesão nervosa até transtornos da junção neuromuscular, passando por miopatias ou doenças musculares intrínsecas Miastenia Grave – fraqueza muscular proximal, assimétrica, que se exacerba aos esforço (fadiga), associada a manifestações bulbares como diplopia, ptose, disartria e envolver um nervo, a junção neuromuscular ou um músculo Avaliação da fraqueza muscular Generalizada ou focal? Ocorre em um membro ou nos dois? Quais movimentos estão comprometidos? Fraqueza proximal – o paciente sente dificuldade em movimentos como pentear o cabelo, alcançar uma prateleira alta etc. Fraqueza distal – paciente tropeça ao caminhar? Simétrico ou Assimétrico Movimentos involuntários Tremores Flapping (Asterix) – caracterizado por movimentos em segmentos distais, rápidos e de amplitude variável lembrando o bater de asas de um pássaro, sendo muitas vezes confundido com tremor Coreia – movimentos de início abrupto e explosivo (espasmódico), arrítmicos, geralmente de curta duração, que se repetem em intensidade e topografias variadas. Se assemelha à uma dança. Balismo – movimentos amplos, de início e final abruptos, com caráter violento de grandes massas musculares, que se assemelham a chutes e arremessos. EXAME DA MARCHA Inclui coordenação, marcha e equilíbrio Pede-se que o paciente caminhe pelo aposento, ida e volta ▪ Deve-se observar postura, equilíbrio, balanço de membros superiores e movimento dos membros inferiores. OBS: marcha de tandem pode relevar ataxia despercebida – pede-se que o paciente caminhe com um pé atras do outro em linha reta Pede-se que o paciente saltite no mesmo lugar, com um dos membros inferiores de cada vez – esse movimento envolve músculos proximais e distais de membros inferiores, e exige propriocepção adequada e função cerebelar normal ▪ A dificuldade de saltitar pode ser consequente de fraqueza muscular, perda de propriocepção e disfunção do cerebelo ▪ A dificuldade em flexionar o joelho sugere fraqueza próximas (extensores do quadril e/ou fraqueza do quadríceps femoral) Pede-se que o paciente caminhe nas pontas dos pés (teste sensível para flexão plantar e equilíbrio) e depois apoiado nos calcanhares (teste sensível para dorsiflexão dos calcanhares e equilíbrio) ▪ Pode revelar fraqueza da musculatura distal dos membros inferiores, e a incapacidade de andar apoiado no calcanhar pode indicar lesão no trato corticoespinal COORDENAÇÃO Prova calcanhar joelho – o pacientedeve levar o calcanhar de uma perna a tocar o joelho do lado contralateral e, a seguir, deslizar o calcanhar sobre a tíbia, em linha reta, até o hálux. Prova index-nariz – o paciente deve tocar a ponta do nariz com a ponta do dedo indicador
Compartilhar