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Os partidos políticos - Fleischer David, Lúcia Avelar

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FLEISCHER, David. Os partidos políticos. In: AVELAR, Lúcia; CINTRA, Antônio Octávio.
Sistema Político Brasileiro: uma introdução. 2. ed. São Paulo: Ed. Unesp, 2007. p. 303-348.
A análise de David Fleischer acerca dos partidos políticos no Brasil busca entendê-los
desde o fim da Monarquia, quando, na Primeira República – ou República Café Com Leite, dois
partidos se revezavam no poder, o PRP em São Paulo e o PRM em Minas Gerais, consolidados
pelo sistema de coronelismo vigente. Após a Revolução Tenentista ocorrida em 1930 e durante o
período conhecido como Era Vargas, os partidos políticos passaram a ser as organizações
estaduais dominantes.
Com a redemocratização em 1945 e o retorno ao estado de direito institucionalizado pela
Constituição de 1946, partidos de abrangência nacional como PSD, UDN e PTB ganharam
notoriedade. As coligações passaram a existir, assim como a candidatura simultânea para cargos
majoritários e proporcionais. Os mandatos eram de 4 anos para cargos do legislativo e 5 para
governadores e presidentes, sendo que tal falta de coincidência passou a ser uma problemática
para os partidos.
Entre 1945 e 1965 três grandes partidos ganharam notoriedade. O PSD (Partido Social
Democrático) organizado por Vargas, fidelizou coronéis e caciques locais para dominar o
Congresso, assim elegeu para a presidência Erico Dutra e Juscelino Kubitschek. O PTB, máquina
varguista com base nos sindicatos e Ministério do Trabalho, colocou Vargas na presidência em
1951 e João Goulart em 1961. E, por fim, a UDN, herdeira da UDB que elegeu Café Filho após o
suicídio de Vargas e poco depois Jânio Quadros. Partidos médios como PSP (Partido Social
Progressista) com ênfase no populismo de direita e o PDC (Partido Democrata Cristão) e oito
pequenos partidos também fizeram parte do cenário da época.
No período descrito acima, houve um esfacelamento do sistema partidário, o que
contribuiu para facilitar as medidas implementadas no governo de Castelo Branco para reduzir o
número de candidatos e logo em seguida, em 1966, já sob o regime militar, a instituição do AI-2.
Tal Ato Institucional definiu o bipartidarismo como novo sistema a ser adotado pelo Brasil e os
partidos a serem constituídos foram o Arena (Aliança Renovadora Nacional), que se fez
dominante durante o período e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
Com a abertura gradual da política a partir de 1980, um pluripartidarismo moderado se fez
notório, com a presença de 5 partidos. O Arena passou a ser PDS, o MDB vira PMDB, enquanto
há o surgimento do PP através de uma união entre moderados do MDB e liberais do Arena, o PTB
focado no trabalhismo ressurge após o regime militar e o PT é fundado com bases sindicalistas.
Já entre 1985 e 1988 há uma ascensão do PMDB na esfera nacional e logo após a cisão do PCB,
PcdoB e PSB (todos de esquerda) há um declínio do mesmo. Novos partidos como PJ, PSC,
PTR, PSD e PMB surgem.
Nos anos que se seguem, o pluralismo exacerbado se evidencia e em 1994 todos os
mandatos passam a ser de 4 anos, todos os candidatos passam a ter que definir sua filiação
partidária e somente partidos com mais de 3% de representação na câmara podem lançar
candidaturas de governadores e presidentes. A partir de 1996 houve um enxugamento do sistema
partidário a nível federal, um crescimento do PSDB e PFL enquanto PMDB e PT recuaram suas
influências.
Já no período mais recente, fortes coligações foram as que uniram PPR e PP formando o
PPB e a junção entre PMDB e PSDB, assim como a que ocorreu entre o PT e o PL e colocou Lula
na presidência e José Alencar como vice. O congresso aprovou a reeleição e assim, embora os
movimentos e partidos de esquerda tenham crescido substancialmente no Brasil urbano, a
presença do sindicalismo e de programas como Bolsa Família, que atingem cerca de 40 milhões
de eleitores, fez com que o PT ganhasse força principalmente entre as camadas populares e
reelegesse Lula em 2006.

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