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Nesta aula, desenvolveremos alguns conceitos atribuídos a Ideologia, ressaltando suas diferenças. Em seguida, analisaremos o significado de Indústria Cultural, conceito atrelado ao de Ideologia pelos pensadores da Escola de Frankfurt. Debateremos também, acerca da relação entre Ideologia, Indústria Cultura e Sociedade de Consumo, e o início e a consolidação da Indústria Cultural no Brasil. Logo em seguida, discutiremos o conceito de identidade e como se constrói uma identidade nacional, estudaremos também a construção da identidade nacional a partir da concepção de dois pensadores brasileiros Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda. Estes dois autores têm estudos clássicos voltados a questão da sociedade brasileira a partir da formação colonial e da mistura das três raças (índios, negros e brancos). • Definir alguns conceitos de ideologia e suas diferenças. • Esclarecer o significado de Indústria Cultural. • Identificar a relação entre Ideologia, Indústria Cultural e sociedade de consumo. • Explicar a Indústria Cultural no Brasil. Para relacionar cultura com as sociedades ditas de classes, como são as sociedades modernas, faz-se necessário, primeiramente, algumas reflexões em torno do termo ideologia. A ideologia consiste na separação entre pensamento e ação, cultura e materialidade, sujeito e objeto, tanto em sua concepção: Base da ideologia: “ ” Karl Max afirmava que esta separação serve ao poder como forma de legitimação de uma determinada dominação. A classe que detém os meios de produção (a riqueza) possui também os meios de produção do pensamento e, assim, essa classe justifica sua dominação por meio da imposição de suas ideias como dominantes. Base da ideologia: “ Cultura Brasileira – ” A Escola de Frankfurt é o nome dado a um grupo de filósofos e de cientistas sociais de tendencias marxistas que surge na Alemanha, ao final da década de 1920 e início dos anos de 1930. O grupo de pensadores de Frankfurt não constituíram uma escola no sentido tradicional do termo. Representavam, na verdade, mais uma postura de análise crítica e uma perspectiva aberta para todos os problemas da cultura do século XX. Deve-se à Escola de Frankfurt a criação de conceitos como indústria, indústria cultural e cultura de massa. O objetivo do grupo era romper os grilhões de todos os sistemas fechados de pensamento e combater tradições que haviam bloqueado o desenvolvimento do projeto crítico. Em suas análises, esses teóricos fazem referência à separação, largamente difundida na Alemanha, entre cultura e civilização. “ ” “ ” “ ” “ ” O conceito marxista de ideologia sofre transformações importantes no século XX, provocadas pelo pensamento dos teóricos da Escola de Frankfurt (Adorno, Horkheimer e Marcuse), na Alemanha dos anos de 1930. Adorno e Horkheimer elaboraram o termo indústria cultural, com a finalidade de solucionar uma confusão a respeito da diferença entre cultura de massas e cultura popular. O conceito indústria cultural esclarece que não se trata de uma cultura produzida pela massa, mas uma cultura do capitalismo voltada para o consumo em massa. Ao ser transformada em bem de consumo que adapta os indivíduos à realidade existente e subjuga- o ao poder do sistema, a cultura resultará na indústria cultural. A potencialidade da cultura como esfera da formação do indivíduo, a qual pressupunha a autonomia do sujeito e de sua relação crítica e contestadora com a totalidade é transformada pela indústria cultural em esfera de alienação e adaptação acrítica do indivíduo à realidade. Fonte: Infoenem A indústria cultural adquire seu pleno desenvolvimento no Brasil e se consolida em decorrência da articulação de dois fatores que atuam desta forma interdependente: um de natureza política e do outro de natureza econômica. O processo de implantação das indústrias de bens simbólicos, no entanto, começa antes, nos anos 60, embora só se consolide na década de 70. Mesmo que nas décadas anteriores aos anos 1960 possam ser encontrados empreendimento empresariais no setor da cultura e da comunicação (jornais, emissoras de rádio, editoras, gravadoras etc.), assim como um insipiente mercado para esses bens, não se pode dizer que tivessem as características próprias daquele tipo de atividade que Adorno e Horkheimer, em 1947, denominaram de indústria cultural. Na década de 40, segundo o antropólogo Renato Ortiz, as empresas culturais existentes procuravam expandir suas bases materiais, mas encontravam grandes obstáculos que se interpunham ao desenvolvimento do capitalismo brasileira, o que colocava limites concretos para o crescimento de uma cultura popular de massa. Dessa forma, é possível dizer que os anos 40 e 50 marcam o momento de incipiência de uma sociedade de consumo de massa no Brasil, porque a sociedade ainda não estava estruturada de forma a atribuir significado e amplitude social aos meios culturais que possuía. Já as décadas de 60 e 70 se definem pela consolidação do mercado de bens culturais. “ ‘ ’ ” O antropólogo e sociólogo brasileiro Gilberto Freyre nasceu na cidade de Recife, Pernambuco, em 15 de março de 1900. Foi um dos mais importantes sociólogos do Brasil, tendo construído uma obra inteiramente dedicada à análise das relações sociais no período colonial brasileiro e como essas relações contribuíram para a formação do povo brasileiro no século XX. Seu destaque deu-se por defender uma teoria de que a miscigenação formaria uma população melhor e mais forte, ao contrário do que pensavam as teorias etnocêntricas, higienistas e eugênicas dos antropólogos e intelectuais do século XIX e XX. Nasceu de uma família tradicional e talvez por ele ter vindo dessa família tem uma perspectiva conservadora e uma análise mais positiva em relação a miscigenação em relação entre as situações que davam a composição da Casa Grande e Senzala. Em Casa Grande e Senzala, destaca a formação da sociedade brasileira, tendo em vista a miscigenação. O livro é histórico e enfatiza as características da colonização portuguesa da sociedade agrária, escravidão e mistura de raças. Propõe que a formação estrutural do Brasil não é mera reprodução da cultura portuguesa, mas uma junção de elementos específicos. A estrutura da Casa-Grande, segundo Freyre, expressava o modo de organização social e política – Patriarcalismo. Esta estrutura incorporava os vários elementos que compunham a propriedade do Brasil. O patriarca da terra era considerado o dono de tudo que nela se encontrasse, desde escravos, parentes, até filhos e esposa. Tal padrão se expressa na arquitetura da Casa-Grande. Ao estudar o patriarcalismo na Casa Grande e Senzala, Gilberto Freyre identifica os elementos patriarcais com a sociedade brasileira, então ao identificar esses elementos patriarcais, onde o senhor de engenho era dono de tudo e de todas as relações e com isto Gilberto identifica isso também na sociedade. Patriarcalismo: é uma forma de construção social baseada no patriarcado. O patriarcado é o domínio social ou uma estrutura de poder social centralizada no homem ou no masculino. É baseada na própria ideia de paters, figura do pai. E relaciona instâncias públicas e privadas da vida social. É uma estrutura bastante comum na sociedade humana, mas é contestada por diferentes grupos sociais em vários momentos da história, devido à pouca ou nenhuma ação que impõe às mulheres. No livro a Casa Grande e Senzala, o autor tenta também desmistificar a noção de determinação racial na formação de um povo, dando ênfase não apenas à adaptação da miscigenação à vida nos trópicos, mas também a formação de uma nova civilização original https://brasilescola.uol.com.br/historiab/brasil-colonia.htmhttps://brasilescola.uol.com.br/sociologia/etnocentrismo.htm e criativa. Com isso, refuta a ideia de que no Brasil se teria uma raça inferior dada à miscigenação que aqui se estabeleceu. Miscigenação Brasileira. Gilberto Freyre ao ter essa visão positiva em relação a mistura de raças ele coloca um equilíbrio de antagonismo, especialmente em relação ao escravo e o senhor de engenho. Porque ao trazer esse estudo ele vê como algo positivo a relação da Casa Grande e Senzala e não traz por exemplo os problemas existentes da época. O que torna um estudo importantíssimo para a análise antropológica da época. Com isto, Freyre diferencia raça e cultura, separa herança cultural e étnica e trabalha a concepção da cultura brasileira como o conjunto de costumes, hábitos e crenças de um povo. Ele muda a concepção das Ciências Sociais de até então, mostrando que existe um espaço de construção da ordem social com uma dinâmica própria circunscrita na casa grande e na senzala. Sérgio Buarque de Holanda nasceu em 11 de julho de 1902, na cidade de São Paulo. Filho de Heloísa Gonçalves Buarque de Holanda e do farmacêutico e professor universitário Cristóvão Buarque de Holanda, Sérgio seguiu o caminho do pai tornando- se também professor universitário. Sérgio Buarque de Holanda foi: • Historiador; • Escritor; • Sociólogo; • Jornalista; • Crítico Literário; Formado em Ciências Jurídicas e Sociais. É um importante intelectual brasileiro. O livro Raízes do Brasil aborda aspetos centrais da história da cultura brasileira, destacando o legado cultural da colonização. O livro Raízes do Brasil apresenta alguns dos obstáculos da modernização política e econômica brasileira sobre uma ótica madura e aprofundada das raízes sociais e políticas. Neste livro, Holanda não reconstrói a identidade nacional, visto que para ele é algo em construção e repleto de contradições. Como o próprio título do livro indica, “Raízes do Brasil”, publicado em 1936 pela editora José Olympio, é uma obra que tem por objetivo investigar o que fundamenta a história do Brasil, de seu povo e de suas instituições mais peculiares, como a família patriarcal, formada durante o período da Colônia. Vale dizer que esses temas também interessaram a outro grande intelectual brasileiro, contemporâneo de Sérgio, o pernambucano Gilberto Freyre, cujas obras “Casa Grande & Senzala” (1933) e “Sobrados e Mucambos” (1936) são fundamentais para se pensar a formação do Brasil. Desvela as forças que atuaram na formação de cada região do país e identifica a lenta adaptação ao meio do legado cultural dos colonos portugueses. Analisa a ideia de cordialidade que sintetiza o encadeamento de uma série de fatores típicos da colonização portuguesa. Para Holanda, entender os aspectos da cordialidade ajuda na compreensão das raízes, há uma série de fatores típicos da colonização portuguesa. Para Sérgio Buarque, o homem cordial não teria nada a ver com o homem gentil, seria o contrário, o homem cordial tem algumas características típicas da colonização que pode ser definida em três tópicos: O homem cordial, segundo Sérgio Buarque, precisa expandir o seu ser na vida social, precisa estender-se na coletividade – não suporta o peso da individualidade, precisa “viver nos outros”. Essa necessidade de apropriação afetiva do outro pode ser notada, a título de exemplo, até em expressões linguísticas. Sérgio Buarque cita o sufixo “inho”, colocado em palavras como “senhorzinho” (“sinhozinho”), que revela a vontade de aproximar o que é distante do nível do afeto. O “homem cordial” é, portanto, um artifício, um ardil psicológico e comportamental, que está encrustado em nossa formação enquanto povo. É por isso que Sérgio Buarque diz, também, que: “a contribuição brasileira para a civilização será o homem cordial”. Sergio Buarque de Holanda destaca que homem cordial sintetiza a vida cultural da sociedade brasileira e aponta as relações baseadas nesta perspectiva. Demonstra as relações baseadas no fundo emocional, extravasando o ambiente privado e estendendo-se a todas as relações da sociedade. Holanda nos oferece elementos para verificar que nossa história é marcada pelo predomínio das vontades individuais e pessoalidade invadindo espaços que deveriam ser impessoais e públicos. Para este pensador, nossa aptidão para o social, marcada pela cordialidade, não se apresenta como tendência útil para a construção da vida pública já que esta relação impede abstrair-se do particular em favor do coletivo e integrar-se como peça crítica e viva ao conjunto social. - Sociedade brasileira se faz por antagonismos. - Não há ruptura entre público e privado. - Harmonia entre os tipos sociais em um todo homogêneo de diversidades éticas e culturais. - Sociedade brasileira pode ser explicada pelo homem cordial – síntese do culto à personalidade. - A sociedade brasileira se caracteriza pela convivência entre o caudilhismo e liberalismo enquanto dialéticos. 1. Culto à personalidade: valorização do indivíduo e ausência de qualquer tipo de dependência; 2. Tibieza das estruturas hierárquicas; 3. Adaptabilidade, Plasticidade e Privatismo; Na obra de Gilberto Freyre, o Brasil passou a ser pensado pelos brasileiros como um país fundado pelo encontro harmônico entre indígenas, africanos e portugueses. Mesmo com a escravidão e a dizimação de povos indígenas, passou-se a estabelecer uma identidade na qual a harmonia e a mistura se sobrepunham aos conflitos. Ideia que passou a ser criticada por pesquisas que buscavam evidenciar as relações conflituosas entre brancos, indígenas e negros Toda identidade é uma construção simbólica; não existe uma identidade autêntica e original, mas uma pluralidade de identidades, construídas por diferentes grupos sociais, em momentos históricos diferentes. Questão 01 – A opção que não corresponde a definição de Ideologia é: a) Em sua origem o termo ideologia é o estudo das ideias. b) Conjunto de ideias de certos grupos, imposta como verdade. c) Desistência de uma sociedade livre, igualitária e harmônica. d) Filosoficamente, é a ideia que explica a realidade. e) Ciência que estudo a origem das ideias humanas. Questão 02 – Sobre o conceito de indústria cultura, podemos defini-lo como: a) Uma cultura produzida pelas universidades voltadas para o consumo massivo. b) Uma cultura produzida pela massa. c) Uma cultura do capitalismo voltada para o consumo das elites. d) Uma cultura do capitalismo voltada para o consumo em massa. e) Uma cultura dos meios de comunicação voltada para o consumo em massa. Questão 03 - Para o filósofo frankfurtiano, Theodor Adorno, um dos criadores do termo indústria cultural, é falso afirmar que: a) A publicidade, ao maquiar o mundo nos anúncios que divulga, acaba seduzindo as massas para o consumo das mercadorias culturais, a fim de que se esqueçam da exploração que sofrem nas relações de produção. b) Com o desenvolvimento do capitalismo e dos meios de comunicação de massa (a televisão à frente), o imperativo da lucratividade passou a permear o terreno da produção artística. c) A indústria cultural estimularia o imobilismo. d) Para os filósofos da Escola de Frankfurt, a despeito da massificação promovida pela indústria cultural, esta não comprometeu a cultura erudita, chamada por eles de arte séria. e) A indústria cultural, além do lucro, obviamente, tem como único objetivo a dependência e a alienação dos homens Questão 04 - De acordo com os teóricos da Escola de Frankfurt Theodor Adorno e Max Horkheimer, o que é "Indústria cultural"? a) Toda a produção artística de um país. b) Empresas que prezam pelo crescimento cultural de seus colaboradores. c) A capacidade de umpaís em produzir bens de consumo que podem ser adquiridos pela população em geral. d) Cultura como mercadoria de massa, patronizada e que produz ilusões através do entretenimento vazio. e) Um movimento que objetiva a inserção de itens culturais (peças teatrais, músicas, pinturas, etc.) nas fábricas. Questão 05 - O conceito de indústria cultural foi utilizado pela primeira vez por dois filósofos alemães, Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, em 1947, na obra Dialética do Esclarecimento. Adorno e Horkheimer eram dois professores judeus do Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade de Frankfurt, conhecida também como a Escola de Frankfurt. Segundo esses teóricos, NÃO se pode afirmar sobre o conceito de Indústria Cultural: a) Está relacionada com novas formas de comunicação, aperfeiçoadas no início do século XX. b) A indústria cultural democratizou as artes e aprofundou a reflexão e o debate, em torno delas, por parte das massas. c) Foi criada considerando o grande potencial de mobilização das massas através do cinema e do rádio. d) O objetivo principal desses teóricos foi criticar a transformação da cultura em mercadoria, sua massificação e padronização, destinando-se apenas ao entretenimento da chamada camada média da população, alvo da sociedade de consumo. e) É preciso interpretar o conceito de indústria cultural a partir do seu contexto histórico: de um lado, o nazismo, e, de outro, a sociedade americana vista pelos filósofos judeus como o sintoma da decadência cultural do Ocidente Questão 06 - Assim, a indústria cultural, os meios de comunicação, de massa e a cultura de massa surgem como funções do fenômeno da industrialização. É esta, através das alterações que produz no modo de produção e na forma do trabalho humano, que determina um tipo particular de indústria (a cultural) e de cultura (a de massa), implantando numa e noutra os mesmos princípios em vigor na produção econômica em geral: o uso crescente da máquina e a submissão do ritmo humano de trabalho ao ritmo da máquina; a exploração do trabalhador; a divisão do trabalho. Teixeira Coelho. O que é indústria cultural. São Paulo: Brasiliense, 1980. Para o autor, a indústria cultural e a cultura de massas estão diretamente ligadas ao modo de produção: a) Tecnicista. b) Cientificista. c) Capitalista. d) Socialista. e) Marxista. Questão 07 - É correto dizer que Gilberto Freyre procurou pensar a formação da sociedade patriarcal brasileira, a partir da publicação de Casa Grande & Senzala, influenciado: a) Pelas teorias raciais do nazismo. b) Pela antropologia de Franz Boas. c) Pelo marxismo britânico dos anos de 1920. d) Pela teoria crítica da Escola de Frankfurt. e) Pelo pensamento autoritário do fascismo italiano. Questão 08 Avalie as proposições a seguir: I. A política e a economia da maioria dos países do mundo são regidas pelo neoliberalismo; II. O mundo do trabalho passa pela reestruturação produtivas, surgindo com ela a terceirização e o trabalho informal; III. Reduz-se o setor terciário, em que desaparece o comércio, os serviços, o turismo e o lazer. Esta(ão) correta(s): a) I e III. b) II e III. c) I e II. d) I e) II
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