SENTENÇA 1009867-54 2020 8 26 0016 (5)

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS
1ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - VERGUEIRO
RUA VERGUEIRO Nº 835, São Paulo-SP - CEP 01504-001
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às18h00min
1009867-54.2020.8.26.0016 - lauda 1
SENTENÇA
Processo Digital nº: 1009867-54.2020.8.26.0016
Classe – Assunto: Procedimento do Juizado Especial Cível - Indenização por Dano Moral
Requerente: Elisabete Leni Moreira Trondoli
Requerido: Luciano Pedro Sobrinho
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Eliana Adorno de Toledo Tavares
Vistos.
Dispensado o relatório nos termos do artigo 38, da Lei nº 9.099/95.
Fundamento e decido.
Alega a autora, em suma, que, ao chegar no condomínio em que reside, se 
deparou com o réu e outra moradora conversando sem que observassem qualquer medida de 
proteção em virtude da pandemia de covid-19. Então, orientou-os sobre a necessidade de manter 
de distanciamento e de usar máscara. Em razão disso, o réu passou a proferir ofensas e ameaças 
contra a autora. Acrescenta que o réu contou a terceiros que a autora havia testado positivo para 
covid-19. Requereu reparação por danos morais.
Em contestação, o réu narrou que a autora o persegue há anos e que, no dia dos 
fatos, conversava com outra moradora à distância, quando a autora se aproximou e de maneira 
agressiva e aos gritos, passou a exigir o uso de máscara. Impugnou a ocorrência de danos morais. 
Formulou pedido contraposto, requerendo reparação por danos morais por perseguições que sofre 
da autora ao longo de anos. 
Passo à análise do mérito.
Em suma, trata a presente ação de pedidos de indenização por danos morais em 
virtude de agressões verbais que o réu teria lançado contra a autora, bem como pedido 
contraposto contra a autora em virtude de perseguições contra o réu.
Do conjunto probatório extrai-se que houve agressões recíprocas entre as partes, 
não havendo prova de excesso.
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COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS
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Com efeito, as testemunhas arroladas pelo réu afirmaram que a autora abordou o 
réu e a informantes aos gritos, de maneira grosseira e alterada.
É certo, ainda, que a testemunha Renato, arrolada pela autora, confirmou parte 
das expressões do réu destinadas à requerente, quais sejam, que ela deveria estar em casa e não 
arrumando confusão, que ela deveria cuidar da vida e ir lavar roupa, e que Deus a levasse logo.
Porém, a mesma testemunha narrou que os dois não se gostam e confirmou a 
maneira agressiva com que a autora abordou o réu e a outra moradora.
Se por um lado a autora poderia orientar o réu e a outra moradora sobre o 
distanciamento e uso de máscara, por outro, de forma alguma poderia fazê-lo da maneira como o 
fez, tendo agido com abuso de direito.
Ainda, embora sejam lamentáveis as expressões utilizadas pelo réu, não se pode 
ignorar que as proferiu quando fora surpreendido por abordagem agressiva por parte da autora.
O conjunto probatório, portanto, indica que houve agressões recíprocas a afastar a 
responsabilidade dos envolvidos por eventuais danos causados ao outro, por não ser possível 
afirmar que a conduta de um tenha excedido a de outro em gravidade.
Nesse sentido:
DANO MORAL Responsabilidade civil por ato ilícito - Agressões verbais - 
Animosidade entre as partes Ofensas recíprocas que se compensam - Diante da 
ausência de demonstração pelos autores, de maneira convincente, do fato 
constitutivo de seu direito, de rigor a rejeição do pedido inicial - Ação 
improcedente Recurso improvido. (TJSP, 1ª Câmara de Direito Privado, Ap. nº 
0010194-47.2010.8.26.0604 , Des. Rel. Paulo Eduardo Razuk, j. 15.04.2014)
“Apelação. Indenização por danos morais. Injúria. Ofensas proferidas no calor da 
discussão, por ambas as partes. Retorsão. Ofensa à honra não caracterizada, por 
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dolos que mutuamente se anulam. Agressão física mútua. Não restou nítido qual 
delas iniciou o embate. Indenização indevida. Improcedência bem decretada. 
Recurso improvido. (0025430-57.2013.8.26.0564; Apelação/Indenização por 
Dano Material; Relator(a): Pedro de Alcântara da Silva Leme Filho; Comarca: 
São Bernardo do Campo; Órgão julgador: 8ª Câmara de Direito Privado; Data do 
julgamento:14/12/2016). 
RESPONSABILIDADE CIVIL Indenização por dano moral Agressão verbal 
entre vizinhos Troca de ofensas recíprocas Contribuição de ambas as partes 
para a litigiosidade existente Dano moral que não se configurou Ausência de 
provas suficientes à comprovação do dano Depoimentos lacônicos 
Improcedência - Sentença mantida - Recurso não provido. (TJSP; Apelação Cível 
0001331-03.2015.8.26.0063; Relator (a): Mônica de Carvalho; Órgão Julgador: 8ª 
Câmara de Direito Privado; Foro de Barra Bonita - 2ª Vara; Data do Julgamento: 
21/01/2014; Data de Registro: 25/09/2019)
Assim, o que emerge dos autos é que houve desentendimento entre as partes com 
ofensas recíprocas, podendo haver retorsão imediata, não se traduzindo em dano moral passível 
de indenização. 
O relacionamento conturbado, que, segundo as testemunhas, perdura há tempos, 
ofusca eventual ato ilícito, sendo inviável a indenização por danos morais. 
Com relação às alegações de que o réu teria propalado a condição de saúde da 
autora, o fato não foi demonstrado, não sendo suficiente para tanto o documento de fl. 37, 
ressaltando-se que a autora da mensagem sequer foi arrolada como testemunha para depor sob o 
compromisso de dizer a verdade. Além disso, não se pode ignorar que as testemunhas 
confirmaram que a autora declarou sua condição de saúde aos gritos, o que afasta a alegação de 
que teria sofrido abalo a sua honra em virtude da notícia a pessoa mais próxima.
No mais, não houve prova das alegadas provocações e perseguições posteriores 
aos fatos que a autora teria sofrido. 
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Por tudo isso, ausentes os pressupostos da responsabilidade civil, o pedido inicial 
não colhe foros de prosperidade.
Pelos mesmos motivos, não é possível acolher o pedido contraposto, que, 
ademais, ultrapassa os fatos que constituem objeto da controvérsia (art. 31, lei nº 9.099/95), e 
abrange fatos ocorridos há mais de três anos, com relação aos quais, portanto, está prescrita a 
pretensão reparatória (art. 206, §3º, V, CC).
Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES o pedido inicial e contraposto. 
Assim, julgo o feito com fundamento no art. 487, inc. I, do Código de Processo Civil.
Sem custas ou honorários advocatícios, na forma do art. 55 da Lei nº 9.099/95.
Para fins de recurso inominado, o prazo para recurso é de 10 (dez) dias 
começando a fluir a partir da intimação da sentença, devendo ser interposto por advogado. 
Nos termos da Lei Estadual n.º 15.855/2015 e do artigo 54, parágrafo único, da 
Lei n.º 9.099/95 (o preparo do recurso compreenderá todas as despesas processuais, inclusive 
aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária 
gratuita), o valor do preparo deverá ser composto pela soma de duas parcelas: a primeira 
corresponde a 1% sobre o valor da causa; a segunda, a 4% sobre o valor da causa (regra geral) ou 
da condenação (regra específica, quando houver condenação) ou, ainda, do valor fixado pelo 
magistrado como base do preparo, se este assim o fizer. Para cada parcela, deve ser respeitado o 
valor mínimo de 5 UFESP's, caso a porcentagem prevista em lei resulte em valor inferior. Deve 
ser observado o determinado no Provimento da Corregedoria Geral de Justiça n.º 33/2013 quanto 
ao preenchimento dos dados da guia DARE, sob pena de não ser considerado válido tal 
recolhimento. O valor do preparo deve ser recolhido no prazo de até 48 horas após a interposição 
do recurso, independentemente de intimação. Não existe possibilidade de complementação, caso 
haja recolhimento de valor inferior ao devido, conforme restou pacificado pelo egrégio Superior 
Tribunal de Justiça (AgRg na Rcl 4.885/PE). 
São Paulo, 29 de abril de 2021.
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, 
CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA
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