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Quais aspectos são afetados quando não se realiza o controle de qualidade da matéria-prima vegetal utilizada na produção de um medicamento fitoterápico? A primeira etapa quando se pretende trabalhar com um material vegetal é a coleta da matéria-prima. Neste processo uma ou mais plantas, integras ou partes delas, são coletadas do seu habitat natural, mediante autorização. Quando se realiza a coleta do material vegetal, deve-se ter o cuidado de coletar juntamente com o órgão de interesse as estruturas reprodutivas que serão utilizadas na etapa de herborização, como flores e frutos. Alguns cuidados devem ser tomados antes da realização da coleta do material vegetal, sendo necessário observar se a planta desejada é o único exemplar da região e se existe uma quantidade suficiente, descartando a possibilidade desta espécie estar em risco de extinção. Quando o objetivo da coleta é identificar uma espécie, pouco material vegetal é necessário, porem quando se pretende obter extratos ou substâncias ativas, uma quantidade maior da planta se torna necessário, devendo-se aumentar os cuidados relacionados com a preservação da espécie. Além disso, outros cuidados devem ser tomados, como evitar a coleta de partes afetadas com doenças e/ou parasitas, como por exemplo fungos. Também é importante observar a presença de materiais estranhos, como partes de outras plantas ou até mesmo partes da mesma espécie que não sejam de interesse. Durante a coleta alguns dados devem ser registrados, incluindo o local (dados de latitude e longitude obtidos com a ajuda de um GPS, Global Position System), a hora e a data da coleta, pois a produção dos metabólitos vegetais sofrem influência dependendo do horário do dia ou da época do ano em que a coleta foi realizada, segundo Mentz e Bordignon (2004). A qualidade de um material vegetal está relacionada com um conjunto de parâmetros pré-definidos que caracterizam a matéria-prima, como o estado de conservação, teor de princípios ativos e a pureza. Alguns critérios são estabelecidos para verificar a pureza de uma amostra vegetal, tais como a pesquisa de materiais estranhos, teor de umidade, cinzas e extrativos e em alguns casos especiais, determina-se os índices de intumescimento, amargor e espuma (afrogenicidade). A pesquisa de matéria estranha engloba todos os aditivos que são considerados indesejáveis, como fungos, insetos, detritos animais e minerais, outras partes da mesma planta, mas que não faz parte do farmacógeno ou, ainda, partes de outras espécies vegetais. Está análise pode ser feita a olho nu ou com o auxílio de uma lupa, objetivando pesquisar, identificar e determinar o percentual de elementos estranhos na amostra. Quando o material estiver pulverizado, deve-se realizar uma pesquisa microscópica dos elementos estranhos, com a ajuda de um estereomicroscópico, cita Simões (2004). De acordo com a Farmacopeia Brasileira (2010), caso o teor de matéria estranha não esteja especificado em uma monografia, a porcentagem de matéria estranha não deve ultrapassar 2% (m/m). Para a realização desta análise, a amostra é obtida pelo processo de quarteamento. A Farmacopeia Brasileira (2010) classifica os elementos estranhos em três categorias: • Partes do organismo ou organismos dos quais a matéria-prima vegetal deriva, exceto aqueles incluídos na definição e descrição da planta, acima do limite de tolerância especificado na monografia; • Quaisquer organismos, porções ou produtos de organismos além daqueles especificados na descrição da planta em sua monografia; • Impurezas de natureza mineral não inerentes à planta, como pedras, areia ou terra. https://ambienteonline.uninga.br/course/view.php?id=7879 pag 47/ 62.