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IMPORTÂNCIA DO LIQUIDO AMNIÓTICO Ao falar de rotura, precisamos falar do liquido que está lá dentro. O âmnio nada mais é do que uma bolsa e dentro desse âmnio eu vou ter o liquido amniótico e o bebe ele fica boiando nesse liquido. E quem produz esse liquido? A produção do liquido é justamente realizada inicialmente por difusão simples. Então, passa-se o liquido que vem da placenta, que passa pelo bebe e pelo meio, até que chega um momento (em torno de 15 semanas) que o bebe começa a formar a queratinização da pele dele e ao formar a queratinização, cria uma barreira e esse liquido não consegue passar mais por difusão. E ai o rim que estava em processo de formação, ele já esta em torno de 16-17 semanas formado, ele começa a atuar na função dele. A partir de 16 semanas, a função maior do rim é a produção desse liquido. Seria mais ou menos como se o liquido fosse a urina do bebe. E esse liquido vai transitar entre: ser produzido pelo rim, ficar no meio, beber em “gole”(?), urina de novo. E a transição desse liquido ele vai ajudar a formar exofago, ajudar a formar pulmão, vai ajudar a desenvolver articulações porque esse bebe vai estar em movimento no liquido. • FACILITA MOVIMENTAÇÃO FETAL • DESENVOLVIMENTO MUSCULAR E DE CRESCIMENTO Durante esse movimento eu desenvolvo musculo, o bebe cresce, ganha espaço, desenvolve as articulações. • PERMITE O DESENVOLVIMENTO PULMONAR • PROTEÇÃO CONTRA TRAUMAS EXTERNOS Cria uma bolsa que evita traumas. A paciente balançou, caiu, recebeu uma freada no carro. Então esse bebe ele fica dentro da bolha d’água. • GERA UM AMBIENTE ESTÉRIL - e isolado • POSSUI FATORES IMUNOLÓGICOS - de proteção Qualquer dano no órgão que está produzindo esse liquido pode acabar comprometendo toda essa importância do liquido. Por exemplo, tem um feto que não conseguiu formar o rim dele por algum motivo ou ele formou o rim, mas criou muitos cistos nesse rim e o rim não se tornou funcional. Então, a partir de 16 semanas, que esse rim deveria está trabalhando, ele não vai estar. Porque ele não existe (agenesia renal bilateral – porque se tivesse apenas 1, esse 1 funciona para dois), e ai eu não produzo esse liquido. E ao não produzir esse liquido eu não desenvolvo pulmão, eu vou ter uma hipoplasia pulmonar. Eu não consigo desenvolver articulações e facilitar o movimento delas – é a artrogripose. E aí começam a ter vários achados e esses bebes quando nascem não conseguem viver porque eles não têm pulmão para respirar. Quando corta o cordão, eu preciso inflar pulmão e ter troca de oxigênio e eu não vou ter porque não vai ter parênquima pulmonar e aí em apenas horas pode levar ao óbito desse bebe. Por isso vemos a importância desse liquido!!! Naquelas pacientes em que o bebe cresceu, tem o rim, formou, produz o liquido e, de repente, a bolsa se rompe. E a bolsa pode se romper em qualquer momento da gestação. Quando ela é próxima dos 9 meses, ou seja, no termo, aí é tranquilo porque eu já tenho um bebe que provavelmente já está formado – então eu posso pensar no parto para esse bebe. Mas quando ele rompe a bolsa de forma prematura, ai vão ter determinadas condutas pra isso. DEFINIÇÃO RUPTURA ESPONTÂNEAS DAS MEMBRANAS FETAIS ANTES DE SE COMPLETAREM 37 SEMANAS E ANTES DO INÍCIO DO TRABALHO DE PARTO. Esse nome PREMATURO da ruptura prematura de membranas, se refere ao prematuro de estar ANTES do trabalho de parto. Porque a sequência seria a paciente chegar a 9 meses (a termo), evoluir pro trabalho de parto e lá no meio do trabalho de parto romper a bolsa ou durante a expulsão do bebe romper a bolsa. (isso seria o ideal) Mas em alguns casos isso não acontece, eles rompem a bolsa ANTES do trabalho de parto e esse antes pode ser: • RPM-RT – ruptura prematura de membrana pré termo – antes de 37 semanas • RPM-T – ruptura prematura de membrana no termo Quanto mais prematuro, mais a chance desse bebe não sobreviver. Pode não ter formados os órgãos ainda, não ter atingindo um peso bom, ter risco de pegar infecção porque não tem um sistema de defesa ainda bem formado. Dia 17 de novembro é o dia do prematuro. E esse dia é pra lembrar da importancia de ter os cuidados para não deixar o bebe nascer prematuro. E se caso venha a nascer, deve ter a melhor assistencia possivel, desde o ventre até o momento do parto e o pós parto. A cada 100 gestações, 2 vão romper bolsa ANTES de 37 semanas (no pre termo). Mas desses, de 30-40% vão evoluir para parto prematuro e se evoluir para parto prematuro por uma questao infecciosa ou outra questão, vai nascer um bebe prematuro. E se tem um bebe prematuro, aumenta o risco de infecção pra ele, de hemorragia inter-ventricular, risco de desconforto respiratório (porque o pulmão não consegue ainda produzir o surfactante para conseguir manter um bom padrão respiratório), o bebe vai vim com baixo peso, hipoglicemia, hipotermia. São muitas complicações. Então, mesmo que pareça ser uma porcentagem pequena de bolsa rota pré-termo, desses 20-40% vão desenvolver parto prematuro, além disso 20% desses bebes podem morrer – ou na barriga, ou na hora do parto ou nos primeiros 28 dias pós parto. (até 07 dias é precoce ou até 28 dias é tardia) OBS: RPM pode ser também chamado de RPMO – ruptura prematura de membranas ovulares. FATORES DE RISCO • TRABALHO DE PARTO PRÉ-TERMO OU RPM PRÉVIOS (A) Quem tem mais chance de romper e ter ruptura prematura de membrana? Pacientes que entram em trabalho de parto e rompem bolsa ou pacientes que romperam essa bolsa antes por algum outro motivo – sendo o principal deles a infecção (dentária, urinária, vaginal) A infecção ela vai degradando o colágeno e isso favorece. Na infecção urinária devemos fazer a pesquisa, pelo o menos 2 pesquisas com urocultura no 1º e 3º trimestre. Além disso, no pré natal, devemos encaminhar a paciente pro dentista pra pesquisar infecção e fazer uma avaliação de arcada dentaria e carie. Além de fazermos o exame especular no pre natal. • TABAGISMO (B) • INCOMPETÊNCIA CERVICAL (B) O colo abre antes do momento e invagina a bolsa e nessa pressão de invaginação da bolsa, ela rompe. • VAGINOSE BACTERIANA (A) • ÚTERO DISTENDIDO (POLIDRÂMNIO, GEMELARIDADE, MACROSSOMIA) (B) Úteros muito grandes e distendidos, como polidrâmnio – com muito liquido – e gravidez de gêmeos. - Vale lembrar que oligodrâmnio seria com pouco liquido e adrâmnio é sem liquido. • PROCEDIMENTOS INVASIVOS (BIOPSIA DE VILO CORIAL, AMNIOCENTESE, CORDOCENTESE) (B) As vezes na medicina fetal são necessários fazer alguns procedimentos e esses procedimentos podem RPM-PT: 2 a 3% das gestações RPM-T: 8% das gestações 30 a 40% responsáveis pelo TPP e 20% das mortes perinatais. aumentar o risco. Dentre esses procedimentos, temos a amniocentese – corte/punção de liquido (âmnio). A função da amniocentese: as vezes eu preciso colher o líquido pra colher cariótipo de um bebe com suspeita de alguma cromossomopatia, eu preciso colher esse liquido pra avaliar PCR de toxoplasmose – no caso de uma paciente que tenha suspeita de toxoplasmose aguda – retirar o sangue do cordão para vê se tem anemia fetal e avaliar a necessidade de fazer hemotransfusão para o feto (transfusão intrauterina). • DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS (VITAMINA C E COBRE) (D) Por exemplo, em pacientes que tem baixa ingesta de Vitamina C e vitamina C é importante no colágeno, na produção da elasticidade, porque a bolsa ela precisa ser elástica porque ela vai crescer e se eu tenho uma deficiência de vitamina C eu posso ter bolsa rígida e com mais predisposição a romper. • DOENÇAS MATERNAS COMO A DEFICIÊNCIA DE ALFA-1-ANTITRIPSINA, DREPANANOCITOSE, SÍNDROME DE EHLERS- DANLOS (B) Doenças do colágeno podem levar também a uma bolsa mais rígida e tendo uma maior facilidadede romper. NÃO HÁ EVIDÊNCIAS PARA RECOMENDAR A TRIAGEM NEM O TRATAMENTO SISTEMÁTICO DE VAGINOSE BACTERIANA (VG) A GESTANTES DE BAIXO RISCO ASSINTOMÁTICAS (nível A de evidência) OU GESTANTES DE ALTO RISCO PARA PREMATURIDADE (nível C de evidência), PORÉM SERIAM BENÉFICOS A PACIENTES COM ANTECEDENTES DE PARTO PREMATURO. Pacientes que vem com exame com microflora que consta Vaginose (sendo este um fator de risco), mas para as pacientes com baixo risco e não tem queixas e tem só 1 exame falando que tem a presença da Gardnerella, teoricamente não precisaria tratar – em PACIENTES ASSINTOMÁTICAS. Mas pacientes que chegam com sintomas, como está com fluxo amarelado, com mau cheiro, ai nesses casos tem que tratar. E para as pacientes que tem uma positividade do germe, mesmo SEM sintomas, alguns autores colocam que deve tratar. Ou seja, pacientes com uma suposta Vaginose e com passado de prematuridade, passado de ruptura de bolsa que não teve uma explicação, é melhor tratar. FISIOPATOLOGIA Por algum fator, seja ele infeccioso, seja de produção ou algum nutriente que não tem, o colágeno ele vai ser alterado em sua síntese. Com isso leva à morte celular, enfraquece o âmnio e ai acaba rompendo. GRÁFICO Aqui nesse gráfico temos bolsas que romperam e que quanto mais precoce foi, ou seja, antes do inicio DEGRADAÇÃO DO COLÁGENO ALTERAÇÃO DA SINTESE DO COLÁGENO MORTE CELULAR ENFRAQUECIMENTO DO AMNIO RPM de produção de pneumócitos tipo 1 e na sequencia do tipo 2, esses bebes eles não conseguiam ter uma boa resposta pulmonar. E ao passar alguns dias, esses bebes acabavam nascendo e não se conseguia manter vivos e ai simbolizou em triangulo (no gráfico) os bebes que morreram por hipoplasia pulmonar. Menos de 24 semanas, tem mais chance de ter triângulos e os bebes terem hipoplasia pulmonar e ser a causa de morte desses fetos. Já aqueles que romperam a bolsa mais tardiamente, a partir de 28 semanas mais ou menos, temos vários “quadradinhos” no gráfico, que foram os bebes que sobreviveram. Então, existem os prematuros precoces, que estão entre 22-28 semanas, os moderados que são de 28-34 semanas e de 34-37 semanas são os prematuros tardios. Os bebes que são prematuros mais moderados e tardios, como eles já tem uma função pulmonar melhor, mais produção de pneumócitos tipo 1 e tipo 2 produzindo surfactante pra melhorar o alvéolo e conseguiam respirar melhor, mesmo com o peso baixo – então esses acabam sobrevivendo e com mais chance, apesar de todos os desafios da prematuridade. E tem os que mesmo tendo o pulmão formado, com um pouco de pneumócitos, bem próximo de 24 semanas, fazendo as medicações necessárias pra ajudar, ainda são muito pequenos, pesando menos de 1kg, ai nesses casos as complicações da prematuridade acabam causando o óbito desses bebes. Então esse gráfico quer nos dizer que: quanto maior a idade gestacional, maior a sobrevida pro bebe em relação aos danos da prematuridade. E que quanto menor a idade gestacional, quanto mais precoce rompe a bolsa (16-17-20 semanas), o bebe não vai conseguir formar os órgãos necessários, e com isso, vai ser difícil esse bebe sobreviver, porque apesar dos recursos, ele não tem, do ponto de vista anatômico, uma boa resposta à esses recursos; como por exemplo, a hipoplasia pulmonar, mesmo que seja dado o surfactante a esse bebe, ele não vai responder. Isso é diferente de um bebe que rompeu a bolsa, por exemplo com 28 – 30 semanas, que ai vai ter mais parênquima pulmonar, mais surfactante, mais pneumocito agindo e ai ajudamos dando surfactante externo e, nesses casos, mesmo com dificuldade de baixo peso, mais frágil e mais susceptível a hemorragias e infecções, ainda assim, eu consigo ter uma resposta. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A IDADE GESTACIONAL • RPMO A TERMO, SE >37 SEMANAS • RPMO PRE TERMO, SE < 37 SEMANAS, SUBDIVIDE-SE EM: - RPMO PRÉ VIAVEL (<24 SEMANAS): estando relacionada com os piores prognósticos fetais, diante da grande possibilidade de interferência no processo de maturação fetal e risco de infecção; o liquido não estava ali, o liquido não ajudou a formar os órgãos. Então, a conduta desses bebes, na maioria as vezes, vai ser expectante. Se eles conseguirem irem aumentando a idade gestacional e formar um pouco de pulmão, pode ser que tenha um desfecho diferente, mas a maioria não consegue e ao nascer, morre. - RPMO PRECOCE (24 A 34 SEMANAS): o bebe já tem mais parênquima pulmonar pela ajuda desse liquido. Então, eles podem ter uma resposta às medicações e a todos os recursos que venham a ter para ajudar esse bebe prematuro. - RPMO PROXIMA DO TERMO (34 A 37 SEMANAS): são os tardios e esses têm uma resposta bem melhor. EXAME FÍSICO E COMPLEMENTAR Agora precisamos confirmar que é mesmo rota, porque ao confirmar que vamos tomar uma conduta. Eu posso confirmar com: • EXAME ESPECULAR • TESTE DO FENOL VERMELHO • PRESENÇA DE CRISTALIZAÇÃO EM FOLHA DE SAMAMBAIA • PAPEL DE NITRAZINA • PESQUISA DE ELEMENTOS FETAIS • TESTE DE IGFBP-1 E PAMG-1 EXAME ESPECULAR Toda vez que chega uma paciente com perda de liquido, eu devo passar especulo. Porque as vezes não é liquido do bebe, é um Vaginose, é uma candidíase. Às vezes é da própria produção do muco, que envolve a região do colo que está cheio de glândulas e ai vai produzir muco e atrapalha a região com liquido. Aí deve passar o especulo, solicita a paciente pra tossir ou fazer manobra de Valsava, para vê se vai sair algum liquido do orifício externo. Só que muitas vezes, a apresentação do bebe pode pressionar à região do orifício interno, tamponando, e ai não deixa sair nada e ai o médico vai pensar que não tem nada. Por isso precisa associar com manobra de fazer força, porque com a pressão intra-abdominal, o liquido escorre por essa região do orifício externo e ai deve ser feita TERCEIRA MANOBRA de Leopold (apresentação) e empurrar no sentido do fundo do útero para liberar o polo da apresentação de qualquer pressão na região do orifício interno. E ai, se a bolsa rompeu, o liquido vai escorrer e sair pelo canal. E ai o médico vai conseguir visualizar isso. Junto com isso, esse liquido que se apresentar ai, pode ser pego pra analisar. E aí vai ser analisado em busca de componentes fetais, como: um bebe próximo a 36 semanas pode perder o lanugo (que é o pelinho); pode solicitar corar células que tenham nesse liquido, porque as células fetais tem uma coloração alaranjada; Pode também colocar um “chumacinho” de gaze e pedir para a paciente andar e ver o liquido, deve analisar a cor. De preferência esse chumacinho deve ter uma mistura de fenol e o fenol quando toca líquidos alcalinos ele fica com uma coloração vermelha alaranjada – ou seja, é um teste considerado como positivo. PRESENÇA DE CRISTALIZAÇÃO EM FOLHA DE SAMAMBAIA Pode pegar o liquido colocar em uma lâmina e deixar secar espontaneamente ou aquecer com o isqueiro e olhar no microscópio a formação. É chamado de teste de cristalização. É um desenho parecido com a folha de samambaia – quanto tem esse desenho significa que a cristalização é positiva e o teste é considerado positivo. O liqudio na hora que coloca pra secar e que coloca no microscópio, visualiza parecendo folhas de samambaia (quando é liquido amniótico). E quando não é, forma umas imagens que não é essa imagem de folha. PAPEL DE NITRAZINA Pegar esse liquido e calcular o pH dele – colocar uma folha de pH ali. O pH na vagina é ácido e do liquido amniótico é levemente alcalino. Então no momento que se mistura o alcalino do liquido com o a vagina, tende a neutralizar esse pH ou ficar um pouco mais tendencioso a ser alcalino. Por isso que é feito o teste de pH coma fita de Nitrazina. Aqui nessa imagem temos o papel do teste da nitrazina, que as vezes quando não tem pega a fita do labstix do sumario de urina, ve onde estar a parte do pH, corta e pega o reagente dele, mergulha no liquido ali e vê se o pH modifica. TESTE DE IGFBP-1 E PAMBG-1 O melhor teste hoje que a gente tem, mas é caro e muitas vezes não se tem no SUS, é o AMNIUSURE – que é um kit onde vai vim um SWAB que vai colher o liquido que está ali, vai mergulhar neste liquido que já vem nesse tubo do proprio kit e tem um reagente que ao misturar o seu liquido com esse reagente vai cruzar as proteinas. Então, se tiver liquido, vai reagir com essas proteinas – IGFBP-1 e PAMG-1 – e ai na hora que insere o medidor, vai ver o controle e se vai estar positivo em relação ao controle. Então seria; colhi, coloquei o material no vidro, misturei, depois botei a fita e fui analisar a fita. Se a fita tiver 1 tracinho junto do controle – é POSITIVO. Então, eu tenho o controle e a reação da mistura que eu fiz – POSITIVO, ou seja, aquele liquido TEM proteinas que reagiram com a proteina que estava na solução do kit. Já na outra amostra ao lado, não tem – ou seja, o liquido que esta la não é liquido amniótico. Esse teste chega a ter quase 100% de sensibilidade e especificidade. RESUMO DOS TESTES Aqui nesses quadros temos explicando cada um dos testes. Na prova do FORRO – a paciente fica 30 minutos andando, em pé, sob um forro escuro para poder visualizar se muda a cor e o cheiro (se é de agua sanitária). TESTE DE AMNISURE – é o melhor teste, porém é mais caro. Nele vamos identificar proteínas da decídua. Então, no momento em que rompe a bolsa, a paciente perde proteínas da decídua, que é o que vai reagir com o o IGFBP-1 e o PAMG-1. Parece o teste de gravidez. TETSTE DA FIBRONECTINA – a fibronectina é uma glicoproteína que ajuda na aderência uteroplacentária. Então, qualquer coisa que modifique isso, como um trabalho de parto ou uma bolsa que rompe, pode aumentar o nível de fibronectina no soro. E aí essa é uma das formas que podemos utilizar. Hoje em dia, o que é mais feito é o EXAME ESPECULAR mesmo porque é o mais barato. Porém, em casos bem duvidosos, associa com o teste do AMNISURE. EXAMES COMPLEMENTARES Confirmei a bolsa rota com os testes já mencionados, agora vamos solicitar os exames complementares. Se rompeu bolsa, deixou de ter aquele ambiente estéril e começou a ter um contato com o meio, ou seja, vai ter um risco de infecção para o bebe, um risco de infecção para o útero e para a mãe. Então, o que nos cabe agora é vigiar infecção. Então, no momento que s tem uma paciente que adentra na emergência com bolsa rota, temos que pesquisar de onde foi que veio a bolsa rota, ouvindo a historia para saber se ela tem incompetência de colo, se ela fez uma cerclagem , se ela já teve ruptura prematura antes, verificar se ela está em trabalho de parto prematuro ou não. Com isso devemos pedir exames rotina para infecção. • HEMOGRAMA COMPLETO - Para podermos visualizar o grau da infecção. PCR também. • URINA ROTINA • UROCULTURA • PESQUISA PARA ESTREPTOCOCO DO GRUPO B EM SWAB ANAL E VAGINAL Estreptococco do grupo B não porque ele é uma bactéria que vai causar ruptura da bolsa, mas é porque ele pode estar presente na região perineal da mãe e se o bebe entrar em trabalho de parto ele pode causar um risco de morte precoce neonatal. Nos 7 primeiros dias, o que mais morte bebe por sepse neonatal é o Estreptococcos – por isso temos que ficar alerta a ele. Além disso, ele é importante para triar pra saber se a mãe tem e pensar no tratamento na hora do parto. • ULTRASSONOGRAFIA É feito para verificar a quantidade de liquido, como esse bebe estar e o peso. FLUXOGRAMA DE DECISÕES PARA O MANEJO DA ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS Primeira coisa, vou ouvir a historia da mãe, que vai me trazer relato de perda de liquido. Vou fazer o exame especular para ve e confirmar com os testes diagnósticos já mencionados. Após isso, faço exames complementares como hemograma, ultrassom, vitalidade (a depender da idade gestacional), ausculta, cardiotocografia. E devemos verificar se a mãe está ou não em trabalho de parto. Após isso, vamos dividir na idade gestacional. Se a paciente não tiver em trabalho de parto ou com qualquer outra complicação – como infecção, descolamento prematuro de membrana, morte fetal, dentre outros. Quando a paciente tem menos de 24 semanas, são bebes que tem menos condições de sobreviver devido a questão pulmonar, devemos então discutir com a mãe explicando que são bebes extremamente pequenos, que não tem pulmão, que não vai ter muita condição de dar uma assistência aqui fora. Então, vamos esperar o que a natureza vai nos dizer. Em alguns casos, a paciente pode ficar internado ou fazer um acompanhamento ambulatorial. Para fazer acompanhamento ambulatorial, essa paciente precisa ter alguns critérios eleição, como: não ter tido febre, não ter tido infecção, morar perto do hospital, ter facilidade de ir ao hospital se tiver qualquer intercorrência. E quais seriam essas intercorrências? Sangramentos, febre (por isso ela precisa medir a temperatura dela de 6/6 horas e anotar). A paciente precisa ir ao hospital para repetir os exames de sangue a cada 48 horas (hemograma e PCR) porque é necessário rastrear infecção. Então, se essa paciente consegue ir ao hospital, repetir os exames a cada 48 horas, vigiar em casa, ficar em repouso, não ter relação sexual, morar perto do hospital e ir correndo para o hospital caso tenha alguma intercorrência – então ela pode fazer UMA CONDUTA AMBULATORIAL. Caso ela não tenha esses itens, ela precisa ser internada. Se a paciente completar 24 semanas, ai entra o protocolo hospitalar. Se a paciente tem mais de 34 semanas, o bebe já tem uma maturidade pulmonar porque entre 24 e 34 semanas, houve uma produção dos pneumócitos tipo 1 e tipo 2, houve produção do parênquima, produção de surfactante. Então esse bebe, mesmo que ela nasça com desconforto, ele consegue evoluir porque ele não precisa tanto do surfactante. Diferente dos bebes entre 24-34 semanas. Então, a partir de 34 semanas, por ele já ter uma maturidade pulmonar, é orientado fazer o PARTO por causa do risco infeccioso. Então espera chegar em 34 semanas, a não ser que se tenha um risco maior de infecção para essa mãe ou risco de vida, ai nesses casos, deve -se concentrar em resolver essa gestação antes das 34 semanas. Além disso, deve-se ressaltar que na hora do parto deve ser feito profilaxia para estreptococcus. Entre 24 e 35 semanas não deve liberar paciente pra casa, deve fazer uma medicação que pode ajudar na produção do surfactante que é o CORTICOIDE e deve ser feito antibióticos. Por quê nos menores de 24 semanas não faz antibiótico? Porque esse bebe é inviável. Se eu fizer antibiótico pode mascarar a infecção e comprometer essa mãe, então só deve vigiar. Entre 24-34 semanas pode ter um bebe que seja viável e ter uma sobrevida. Foram feitos estudos que mostraram que os médicos também podem ajudar a aumentar o período de latencia. Período de latencia é do momento que rompe a bolsa até o trabalho de parto. Quanto menor a idade gestacional, maior o período de latencia, mais demora de entrar em trabalho de parto. Quanto maior a idade gestacional, menor o período de latencia, entra em trabalho de parto mais rapidamente. Isso é diferente de fase de latencia!!! Se eu tenho uma idade gestacional menor, eu posso estar utilizando de medicações que podem ajudar a aumentar o período de latencia. Em 2001 foi feito um estudo que avaliou os antibióticos que poderiam ajudar nesse aumento do período de latencia na bolsa rota e ganhar mais tempo para uma maturidade pulmonar eganho de peso. E quais seriam esses antibióticos? Foram testados Amoxicilina com Clavulanato, Ampicilina, Azitromicina... e perceberam que a MELHOR resposta foi com a Ampicilina e Azitromicina. Então, esse antibiotico ai (de 24 a 34 semanas) é o de PROFILAXIA – porque ele vai tentar aumentar o periodo de latencia, pra tentar ganhar mais tempo pra esse bebe. Junto a isso, vai ter que fazer: pesquisa de infecção, vigiar o trabalho de parto ou qualquer outra alteração, além do bem estar do bebe, se tem descolamento, tocolise (quebra do parto). Caso a paciente entre em trabalho de parto, não é recomendado fazer tocolise, exceto que não tenha condições de trabalhar nesse bebe, mas vai encaminhar para um hospital proximo que vai. Ai para a paciente não parir no meio do caminho, pode ir fazendo, para ganhar tempo, ate chegar no outro hospital. (mas isso é conduta de EXCEÇÃO) RESUMINDO: Em menos de 24 semanas nós vamos conversar com a familia e fazer conduta expectante. Se resolver fazer isso e o “juiz”(?) autorizar, pode induzir o parto desse bebe, que pode as vezes ter menos de 22 semanas e ser um aborto. Em 24-34 semanas nós vamos cuidar, evoluir e vigiar a mãe ate ela entrar em trabalho de parto espontaneamente, ou chegar a 34 semanas para induzir o parto. E depois de 34 semanas, deve realizar o parto. RESUMINHO Tudo que já foi dito escrito e resumido na tabela abaixo. Aqui também tem um resuminho de tudo que deve fazer com os bebes. Se caso o bebe era menos de 24 semanas e ele conseguir passar de 24, pode-se considerar fazer o antibiótico e o corticoide também; vai depender da evolução do bebe. Porque se tiver risco infeccioso, não deve fazer nada. RISCO INFECCIOSO Lembrar que vamos ter que pedir os exames complementares e esses exames tem que ser repetidos: curva térmica de 6/6horas, fazer uso do antibiótico para aumentar o período de latência e durante a cada 2 dias repetir os exames de infecção. Esses exames são feitos para procurar: aumenta da sensibilidade intra-uterina, taquicardia da mãe, taquicardia do feto, aumento dos leucócitos acima de 15.000 ou aumento de 5% de bastões, contrações e principalmente FEBRE (é o critério MAIOR). ANTIBIOTICOTERAPIA PARA CORIOAMNIONITE: tem por objetivo reduzir a chance de sepse e morte materna. Introduzir sempre que ocorrer a presença dos critérios de Gibbs e colaboradores: • FEBRE (TEMPERATURA AXILAR >= 38º C) +2 OU MAIS DOS SEGUINTES SINAIS: a) Sensibilidade uterina anormal b) Liquido amniótico purulento ou com odor c) Taquicardia materna > 100 bpm d) Taquicardia fetal >160 bpm e) Leucocitose >15.000/mm³ f) Aumento da contratilidade uterina g) Dor pélvica à movimentação O QUE PRECISAMOS SABER? O conceito de bolsa rota, o entendimento da bolsa rota em pre termo e termo, sendo a pre termo aquelas idades de <24, de 24-34 e >34. E com isso eu vou dividir as condutas porque as condutas são diferentes devido a viabilidade desse feto. Além dos exames, temos que saber os critérios de GIBBS – porque com esses critérios vamos estar buscando infecção maior e infecção maior pode ter risco de sepse e morte para essa mãe. ANTIBIOTICOTERAPIA No momento que eu não tenho infecção, que eu não tenho critérios de Gibbs positivo (que é 1 critério MAIOR ou 2 menores), eu posso conduzir observando a gestante com bolsa rota até ela completar 34 semanas; isso se ela não for menos de 24 semanas – que também não faz nada. No momento que ela esta entre 24-34 semanas eu vou fazer corticoide e antibiótico e o antibiótico é feito para aumentar o período de latência. PROFILAXIA AMPICILINA 1g, IV, 6/6 horas por 48h, passar para Amoxacilina 500mg, VO, 6/6h por 5 dias - Fazendo um total de 07 dias de antibiótico profilático. AZITROMICINA 1g, VO, dose única TEMOS QUE LEMBRAR DA PROFILAXIA PARA GBS – é a penicilina cristalina IV. TRATAMENTO PARA CORIOAMNIONITE Foi feita a profilaxia, mas a paciente evoluiu com período de latência curto e infecção. Ela entrou em trabalho de parto com infecção, teve febre, pus vagina. Aí vai fazer o tratamento de coriamnionite (placenta, bolsa e infecção). Ou seja, esta tendo a infecção, é preciso fazer algo porque essa mãe pode evoluir com uma complicação e para sepse. CLINDAMICINA: 600mg, IV, 6/6h GENTAMICINA 240mg, IV, dia - Elas devem ser feitas juntas porque a Clindamicina vai cobrir os anaeróbios e gram positivos. E a Gentamicina vai cobrir os gram negativos. E vai ser feito essas medicações enquanto estiver tendo infecção, até 07 dias. Se tem infecção, é parto. CORTICOTERAPIA Enquanto não tem infecção, esta no período de latência, está tentando ganhar tempo entre 24-34 semanas, que é quando o pulmão começa a ter parênquima e pneumócitos, eu posso ajudar fazendo corticoide. Toda vez que for prematuro, entre 24-34 semanas, tem que lembrar de fazer o corticoide devido a prematuridade pulmonar. Pode ser feito em pré- eclâmpsia, na bolsa rota, no trabalho de parto prematuro. • BETAMETASONA: 12mg, IM, dia, por 02 dias • DEXAMETASONA: 6mg, IM, 12/12, por 02 dias - Pode fazer um ou outro desses acima, porém se puder escolher a Betametasona é a primeira escolha porque a resposta dela é um pouco melhor que a Dexametasona. Ambas são IM, porém a Betametasona é feita em dose única, por 02 dias e a Dexametasona é dividido em 6/6horas. Paciente chegou com bolsa rota, confirmou, qual vai ser a prescrição? Antibiótico de latência: azitromicina dose de ataque por mais 02 dias e complementar com Amoxicilina. Lembrando que na primeira dose de ataque da Ampicilina, vai ser associado a Azitromicina. Segundo coisa que deve ser feito é a Betametosona. Terceira coisa é: se a paciente evoluir pra um trabalho de parto prematuro devido á bolsa rota, vai tentar mudar o antibiótico (profilaxia do estreptococos com a penicilina) e a depender se ele for um prematuro precoce (entre 24-32 semanas), tem que pensar em fazer uma neuroproteção. SEPSE Infecção tem que ser vigiada e se atentar aos sinais de sepse. CRITÉRIOS CLINICOS DE SEPSE SEPSE: Suspeita ou certeza de infecção e um aumento agudo de >= 2 pontos no SOFA em resposta a uma infecção (representando disfunção orgânica). CHOQUE SÉPTICO: sepse + necessidade de vasopressor para elevar a pressão arterial média acima de 65mmHg e lactato >2 mmol/L (18mg/dl) após reanimação volêmica adequada. - Se tem 2 pontos do SOFA, está diante do quadro de SEPSE. E se a paciente altera com hipotensão, que tentou melhorar com hidratação e não conseguiu e vai ter que ir pro uso de drogas vasoativas para manter uma PAM acima de 65, essa paciente está em CHOQUE SEPTICO. E choque equivale a cerca de 50% de óbitos nas mulheres. SOFA QSOFA O QSOFA é um diagnóstico mais rápido a beira leito, que na gestante foi lançado um artigo, que fez adaptação desses valores abaixo para a gestante. Mas os valores do SOFA não mudam, que são as lesões de órgãos. Se eu tenho uma gestante com infecção, seja ela com pielonefrite ou corioamnionite, eu tenho que ficar alerta ao padrão respiratório, pressão e estado de consciência. CRITÉRIOS SEPSIS-3: • FREQUENCIA RESPIRATÓRIA >= 22/MINUTI • PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA <=100 MMHG • ALTERAÇÃO DO ESTADO DE CONSCIENCIA CHOQUE SEPTICO • HIPOTENSÃO ARTERIAL NECESSITANDO DE VASOPRESSORES PARA MANTER UMA PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA >=65MMHG E LACTACIDEMIA >18 MG/DL (2MMOL/L), APESAR DE ADEQUADO PREENCHIMENTO VASCULAR - Na gestante se a FR é maior que 26ipm, e a pressão sistólica é menor que 90mmHg e ela tem alteração do nível de consciência, eu estou dentro de uma sepse e dentro dessa sepse tenho que ficar atento à choque. CONDUTA No tratamento de choque geralmente trata sem hiper-hidratar essa paciente porque isso causa lesão.Lembrar que sempre que tem infecção, tem que solicitar cultura. Só que temos 45 minutos para colher essa cultura, se não colheu, já entra com 2 antibióticos. O antibiotico talvez não consiga se manter com a Clindamicina e com a Gentamicina, pode ser que precise mudar e isso vai depender da resposta clinica da paciente. Além disso, deve-se monitorizar diurese e monitorizar PAM.
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